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EFEITOS DA FALÊNCIA EM RELAÇAO AOS SÓCIOS

A partir da decretação de falência de uma sociedade empresarial, surgem


consequências que recaem sobre a pessoa dos sócios. Importante salientar que os efeitos
da sentença que decreta a falência de uma sociedade empresarial – dependendo do tipo de
sociedade - recaem somente sobre a pessoa jurídica, salvaguardando assim os direitos dos
membros. De acordo com Fábio Ulhoa (2012), para uma análise correta sobre os efeitos da
falência em relação à situação jurídica dos sócios devemos nos atentar a dois fatores, como
por exemplo, a função que é exercida pelo sócio dentro da sociedade empresarial e o tipo
societário que este sócio está inserido.

De acordo com a doutrina, de maneira análoga aos efeitos sofridos pelo empresário
individual em situação falencial, que é impedido de dispor e administrar o próprio patrimônio
a partir da sentença que decreta a falência, nas assembleias os sócios ficam impedidos de
decidirem sobre o futuro da atividade empresarial em relação ao patrimônio e administração
da empresa. Nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho (2012, p. 271):

“Os sócios são afetados pela falência de forma diversa, segundo


tenham ou não administrado a empresa. Os sócios administradores têm
obrigações processuais idênticas as do empresário individual falido.
Também interessa na delimitação da extensão dos efeitos da falência da
sociedade em relação aos seus membros, identificar o tipo societário da
falida (limitada, anônima ou de tipo menor) e a natureza da
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais (solidaria subsidiária
ou limitada). Finalmente quanto à responsabilidade penal, os sócios são
indistintamente equiparados ao empresário individual falido.”

É notório observar que as inovações trazidas pela lei que regula a Recuperação
Judicial, a Extrajudicial e a Falência tem por objetivo a preservação das empresas e coibir a
pratica de atos que violem os direitos dos credores. No artigo 116 da Lei 11.101 de 2005 lê-
se:

Art. 116. A decretação da falência suspende:

I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à


arrecadação, os quais deverão ser entregues ao administrador judicial;
II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do
valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida.

Através do direito de retirada, o sócio por ato de vontade unilateral e de forma


voluntária encerra o vínculo jurídico que possua com os outros sócios da sociedade. Desta
forma, o mesmo tem o direito de ser reembolsado do valor da sua quota parte na sociedade.
O sócio dissidente que tiver a deliberação majoritária dos votos em assembleia poderá
exercer o direito de retirada nos trinta dias subsequentes a deliberação. Porém, se nesse
interim for decretada a falência da sociedade empresarial, de acordo com o artigo 116 da lei
11.101 de 2005, o exercício desse direito fica suspenso e o sócio dissidente ocupará lugar
na ordem hierárquica de créditos.

Ressalta-se também que o legislador não deixou de observar a possibilidade de


atingir ex-sócios, que exerceram o direito de retirada a menos de dois anos de decretação
da falência, tais sócios serão responsabilizados pelas obrigações que existirem na data em
que houve o arquivamento da alteração contratual e que não foram solvidas.
Em relação aos sócios de uma sociedade ilimitada, nas palavras de Maria Celeste
Morais Guimarães (2007, p.50) “a extensão da falência aos sócios solidários e
ilimitadamente responsáveis explica-se com a consideração de que, tendo ingressado numa
sociedade a esse titulo, obrigam-se em relação àqueles que com ela tratam a responder
pelas dívidas sociais não pagas pelo devedor.”.

É importante salientar que este entendimento, parte do pressuposto de que se a


sociedade empresária chegou a um ponto de não conseguir honrar suas obrigações e ser
decretada sua falência. Seus sócios também se encontram na mesma situação crítica, tendo
em vista que neste tipo de sociedade o patrimônio dos sócios se confunde com o da pessoa
jurídica. O artigo 81 da Lei 11.101 de 2005 preceitua de forma clara:

Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios


ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam
sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade
falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se
assim o desejarem.

De acordo com o referido artigo os sócios ilimitadamente responsáveis,


independente da função que exerce na sociedade empresarial, deverão ser citados para
contestarem se assim quiserem. O que ocorre de forma diversa quando se trata de
sociedades limitadas, tendo em vista que este só será penalizado de acordo com o tipo
societário que estará inserido. Rubens Requião (1998, p.450) explica que os sócios de
responsabilidade ilimitada são solidários com os demais companheiros, respondendo
igualitariamente sobre as obrigações sociais, para o autor essa responsabilidade não é mais
discutível tendo em vista a subsidiariedade que se se efetiva tão somente quando o
patrimônio da massa falida não for suficiente para saldar as obrigações.

A doutrina nos remete ainda, aos casos em que se é utilizado o instituto da


desconsideração da pessoa jurídica, o qual atinge diretamente o patrimônio particular dos
sócios, para que sejam solvidas as obrigações perante os credores, antes mesmo de haver
a liquidação patrimonial da sociedade, tendo em vista que tal instituto visa coibir as
ilegalidades na forma de pagamento desses credores e proteger os direitos dos mesmos,
contra possíveis crimes falimentares.

Conclui-se que, embora o instrumento de desconsideração da personalidade jurídica


não esteja previsto de forma expressa na lei 11.101 de 2005, a sua aplicação tem sido
recorrente pela jurisprudência nos tribunais falimentares.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei nº 11.101 de, 09 de fevereiro de 2005, regula a Recuperação Judicial, a


Extrajudicial e a Falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm >. Acesso em:
16.05.2018.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 3 : direito de empresa / Fábio
Ulhoa Coelho. — 13. ed. — São Paulo : Saraiva, 2012. 1. Direito comercial I. Título. CDU-
347.7

GUIMARÃES, Maria Celeste Morais. Recuperação Judicial de Empresa e Falência.


Editora Del Rey, 2007.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Falimentar. 14. ed. Saraiva, 1995, v. 2.

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