Sie sind auf Seite 1von 45

Convergência

Módulo 1 - Princípios gerais da convergência

Os conceitos básicos da convergência, em especial a concepção de integração entre


voz, dados e imagens em numa infra-estrutura fixa ou móvel.

A revolução nas comunicações interpessoais propiciada pelo boom da Internet na


década de 90 trouxe uma série de conseqüências benéficas. A nova rede utilizava
uma infra-estrutura de telecomunicações já montada e sua popularização fez com
que tanto empresas quanto consumidores finais começassem a exigir mais de outros
meios de comunicação e dela própria. Este foi o motor que impulsionou a
convergência tecnológica, que reúne as capacidades de telecomunicações, agora
estendidas, aos recursos de TI (Tecnologia da Informação).

O conceito convergência surgiu como forma de abrigar a aproximação entre os dois


mundos, possibilitada também pela acelerada digitalização das operadoras de
telecomunicações, com uma premissa idêntica à filosofia digital que rege os
equipamentos e sistemas computacionais. Uma possível abordagem sobre a
convergência se resume na reunião dos ambientes de dados, voz e imagens em um
único dispositivo. Não é uma visão errada, mas redutora, assim como defini-la como
a integração entre as telefonias fixa e celular.

Certamente a idéia inicial de convergência data muito antes dos anos 90, se
contarmos as primeiras experiências de videotexto e posteriormente o uso da
plataforma Frame Relay, então limitada. Porém, somente com a maior capacidade
técnica dos equipamentos, a popularização da Internet e o conseqüente advento do
protocolo IP (Internet Protocol) é que podemos começar a falar dos primeiros passos
concretos do que chamamos atualmente de convergência.

O sonho da integração de vídeo, voz e dados em um mesmo meio e utilizando


apenas um ambiente de transporte já é realidade. Hoje em dia, manter uma infra-
estrutura de telecomunicações em paralelo a uma estrutura de dados pode ser
considerado um erro tático ou mesmo um pensamento retrógrado. Afinal, são
inúmeros os reflexos visíveis na economia de recursos, pessoal e tempo para
administrar e manter em operação uma rede convergente.

Não se pode ainda esquecer a tendência de os pulsos telefônicos deixarem de existir


ou de as novas redes transformarem uma ligação internacional ou interestadual em
pulsos locais. Isto sem falar na possibilidade de realizar videoconferências com
imagem e som perfeitos no mesmo meio em que trafegam dados e recursos de voz.
Ou ainda usar telefonia IP, ter acesso à Web em aparelhos de telefonia móvel ou
streaming vídeo em notebook com conexão sem fio, por exemplo. Ou seja, o número
de aplicações possíveis é quase ilimitado.
Radiografia da infra-estrutura
Tecnicamente pode ser complexo pensar na integração total pregada pela
convergência, em que as redes de telefonia fixa e celular se confundem com a infra-
estrutura das tevês por assinatura e o cabeamento de fibras ópticas opera em
sintonia total e de modo transparente para o consumidor. Ou, ainda, em que a
estrutura física de empresas de energia elétrica ou de satélites de comunicação
participe de forma transparente da malha, com todos os meios trabalhando como
uma rede única e convergente. A convergência é possível pelas novas características
técnicas dos equipamentos, em conformidade com a plataforma NGN (Next
Generation Network ou Redes de Próxima Geração), que podem ser interpretadas
como a integração das redes WAN (Wide Area Network), LAN (Local Area Network) e
MAN (Metropolitan Area Network), respectivamente, rede corporativa de longa
distância, rede local e infra-estrutura pública.

A união dos recursos e do tráfego permite o compartilhamento do gerenciamento da


rede, a manutenção mais acurada dos equipamentos e o desenvolvimento de
aplicações adequadas para o novo cenário. Como toda tecnologia nova, os padrões
ainda são recentes, entre eles o MPLS (Multiprotocol Label Switching) e o IPv6. Outra
questão complexa é a migração dos sistemas legados – aqueles que a empresa já
possui – para as novas plataformas NGN. Esse problema não afeta várias operadoras
de telecomunicações brasileiras que, por terem partido do zero na montagem de
suas redes, já são NGN ou estão bem próximas disso.

Já as operadoras que ainda possuem infra-estrutura pré-convergência estão com


seus circuitos congestionados. Suas redes foram criadas para transmissão de voz e
tomadas de assalto primeiro pelo mundo da Internet e agora pela nova filosofia de
conexão. A transição a ser feita por elas é transformar os circuitos baseados em
tempo de chamada para trafegarem sinais de dados em pacotes, o que pode ser feito
através de novos equipamentos e de sistemas baseados em IP.

A balança de consolidação da convergência pende para a transformação das


operadoras de telecomunicações em prestadoras de serviço e conteúdo, o que pode
ocasionar no futuro uma mudança na regulamentação do setor, de acordo com o
crescente peso dos clientes corporativos e sua demanda por novos serviços
integrados.

Mundo sem fio

Além de conjugar as aplicações de voz, dados e imagem, a convergência tem como


premissa a conjunção das redes, sejam elas sem fio ou cabeadas. Comentando as
perspectivas da convergência no mundo wireless, Bill Gates, fundador da Microsoft,
propôs a interligação sem fio de computadores com as tevês, como forma de
exemplificar a seamless computing (computação sem emendas), ou a capacidade
moderna de interligação entre dispositivos e equipamentos.
Como dispositivos wireless, podemos admitir de notebooks a telefones celulares e
handhelds – até o caminho de transformar objetos do dia-a-dia, como fogões,
geladeiras, etc., em aparelhos conectados e com recursos de voz, dados e imagem.

Esse cenário não é um exercício de ficção.

Assim como é cada vez mais rotineiro ver imagens e enviar fotos por meio de
celulares, em um futuro próximo as tevês e outros aparelhos domésticos também
terão essa capacidade.

E isto independe se o serviço é suportado por sistemas integralmente wireless, com


apoio de redes cabeadas em algum momento, ou ainda que façam uso de satélites.
O que serve não só para descongestionar as infra-estruturas atuais como barateia os
serviços devido à diminuição do investimento necessário para a implementação.

O cenário convergente

Segundo estimativas das operadoras, a implementação de redes convergentes pode


reduzir os custos de telecomunicações e TI em algo como 40% ou até mais, de
acordo com o projeto e sua extensão. A economia maior está na manutenção e na
equipe de gerenciamento, e estima-se acelerada redução de custos, se comparados
ao modelo tradicional, associado às redes antigas, e tendo em vista a perspectiva de
aumento de receitas e lucros com o lançamento de serviços diferenciados e mais
baratos.

Outros gastos podem acabar encolhendo e propiciando uma boa economia, como em
uma empresa com ampla cobertura geográfica que utiliza chamadas de longa
distância. Afinal, com a introdução de uma aplicação de VoIP (voz sobre IP) ou FoIP
(fax sobre IP), os preços dos interurbanos de voz e fax caem drasticamente pela
tarifação como uma ligação local. Estudos de mercado apontam que 70% dos custos
de envio de fax entre Estados Unidos e Ásia podem ser reduzidos com a adoção de
FoIP, ao usar a infra-estrutura da mesma forma que a Internet, localmente.

Em comum, os serviços terão uma interface padronizada para os diferentes meios de


recepção, sejam eles um telefone celular, uma tevê de plasma ou o computador.
Pelo menos essa é a promessa da indústria. Enquanto isso, surgem modalidades de
serviço que conjugam o melhor da oferta de serviços da convergência com a
terceirização.

É o caso da Telefônica, que empacotou algumas aplicações de dados e vídeo,


cuidando da segurança convergente do cliente e até mesmo sublocando PABX IP ou
emulando remotamente o serviço. A maior demanda, no entanto, é por VoIP, tanto
na plataforma Frame Relay quanto IP - com a definição técnica realizada por uma
equipe de consultores da operadora.
Evolução do mercado

Não é errado afirmar que a transmissão de dados e imagens ainda tem uma receita
marginal para as operadoras, em alguns casos de 10% do faturamento total. Porém,
alguns estudos internacionais apontam que os serviços convergentes serão 60% do
bolo até 2008. É um mercado que, segundo estudo da McKinsey, deve crescer
anualmente a taxas de 60%, até representar um total de US$ 1 trilhão em 2010 –
englobando a convergência como a conhecemos hoje e somando novos recursos
advindos da biotecnologia (chips orgânicos) e da nanotecnologia (miniaturização de
componentes).
Normalmente, a transição de ambientes rumo a um cenário convergente passa pela
substituição da banda estreita pela banda larga; da evolução da infra-estrutura
analógica pela digital; da substituição da comunicação fixa por móvel; da instalação
de um ambiente mais competitivo de serviços; e da utilização em larga escala do
protocolo IP, o que significa a mudança de comutação por circuitos para a
transferência de pacotes.

No Brasil, são boas previsões de crescimento econômico e a oferta de serviços


convergentes está em alta. As soluções convergência são uma forma de as
operadoras de telefonia fixa melhorarem seus balanços e fidelizar os clientes
corporativos, e um meio de as carriers celulares se diferenciarem uma das outras.
Convergência

Módulo 2 - Rede, dispositivos e sistemas operacionais convergentes

A integração de diferentes mídias em redes fixas ou móveis, que podem ser públicas
– tradicionalmente a telefonia móvel – ou privadas – WLAN ou Wi-Fi.

Como Bill Gates citou no livro A estrada do futuro, a construção de um caminho para
permitir a troca de dados será um trabalho imenso. Exigirá não só a instalação da
infra-estrutura física, como dos cabos de fibra óptica, de centrais telefônicas e
servidores de alta velocidade, além do desenvolvimento das plataformas de
software. Nessa estrada, os aplicativos também terão de ser construídos numa
plataforma – que se criará a partir do PC e da Internet. O software terá de oferecer
grande navegabilidade e segurança, capacidades de correio eletrônico e de
conferência eletrônica, conexões para componentes do mercado e serviços.

O cenário idealizado por Gates já passou pela primeira fase, quando a Internet
mudou a forma de comunicação. E depois de sofrer alterações significativas nos anos
90, com a adoção de tecnologias que permitiam a integração de voz, dados e
imagens em uma única infra-estrutura tecnológica, o modelo de redes convergentes
ganhou novos contornos promovidos pelo protocolo TCP/IP – o mesmo que rege a
Internet.

Como nomenclatura, a convergência define a integração de ambientes distintos,


como voz, dados e imagens. Ou representa a fusão da telefonia fixa com os
celulares. Um ambiente que, apesar da longa trajetória, só se tornou viável às
corporações, em termos de custos e acessibilidade, depois que especialistas
conseguiram fazer do TCP/IP um protocolo confiável do ponto de vista de segurança
e de velocidade de transmissão.

Esse novo ambiente de comunicação permite, por exemplo, que um executivo


programe o seu ramal do escritório e desvie as chamadas para o seu celular.
Também oferece a possibilidade de envio de mensagens instantâneas de texto e
facilita a vida dos usuários, que podem utilizar o celular não só para falar, mas para
acessar informações na Internet, enviar recados, fotografar eventos e armazenar
dados em agenda telefônica.

Várias tecnologias estão sendo aplicadas na convergência, mas é preciso destacar


que muitas delas povoam o ambiente das operadoras de telefonia – também
chamado de redes públicas – e deixam a desejar quando desembarcam no mercado
corporativo. É o que aconteceu com o ATM (Asyncronous Transfer Mode): grande
promessa tecnológica de integração de voz, dados e imagens, que projetava redução
de custo e aumento de velocidade e eficiência. Porém, o protocolo foi superado no
ambiente empresarial por uma tecnologia mais madura e, portanto, de menor custo
e de mais fácil manejo pelos usuários, a Ethernet.
Com as versões de 100 Mbps (megabits por segundo) – também chamada de Fast
Ethernet – e de 1 Gbps (com o nome de Gigabit Ethernet), as promessas do ATM no
backbone empresarial tornaram-se praticamente obsoletas, restando a ele o centro
das redes de longa distância das operadoras de serviços de telecomunicações, uma
vez que para as pontas da infra-estrutura (conhecida como "última milha") o custo e
o amadurecimento do Frame Relay, do próprio Gigabit Ethernet e também do
recente WiMax (rede sem fio) se mostram mais interessantes.

Até o final dos anos 90, a alternativa indicada pelas operadoras de serviços para
integrar principalmente voz e dados era o Frame Relay, apesar de a solução não ser
largamente divulgada pelas operadoras, pela simples razão de que o tráfego de voz
– ainda hoje o principal filão das telecomunicações – não pode ser desprezado. Além
disso, o Frame Relay tem limitações, sendo uma delas a velocidade máxima de 2
Mbps para suporte das interfaces, o que não restringe a sua utilização na conexão de
grande parte das redes corporativas com as redes públicas.

Essa tecnologia tem desempenho superior às anteriores, em função da comutação


estatística. Mas nas redes que fazem a ligação entre todos, ainda é muito cara e tem
baixa capacidade operacional por requerer infra-estrutura adicional para conexões
superiores a dois sites. Outro obstáculo é a limitação de largura de banda. E, a partir
do momento em que se ampliam as aplicações, o custo se torna mais elevado.
Enfim, para o cliente que precisa de performance garantida e rapidez de reparo, o
Frame Relay (FR) é o ideal, mas é uma tecnologia orientada à conexão – sempre de
A para B – e, caso exista o interesse de interligar outros pontos entre si, são
necessárias novas conexões.

Apesar de o FR ser a tecnologia mais difundida entre as redes corporativas no Brasil


e no mundo, o IP (Internet Protocol) vem saltando os muros empresariais e
ganhando forças nas redes de longa distância, mesmo caminho traçado pela
tecnologia Ethernet, após o desenvolvimento do padrão Gigabit Ethernet. As
operadoras adotaram o protocolo ao trocar as suas centrais de comutação
convencionais por novos equipamentos contemplados pela sigla NGN, abreviação do
termo em inglês Next Generation Network ou redes de próxima geração. Um
conceito de rede única para tráfego de voz e dados em IP.

Na verdade, é mais um reconhecimento de que o protocolo ganhou o mundo depois


do sucesso da Internet. As aplicações corporativas são, em sua maioria, baseadas
em IP e, por isso, possibilitam a redução de custos nas empresas que adotarem a
Internet como infra-estrutura para transmissão de dados. Neste caso, tem sido
propagado pelos quatro cantos do planeta o conceito das VPNs ou redes virtuais
privativas, uma espécie de túnel aberto na Web para a transmissão de dados
confidenciais.
Esta infra-estrutura permitiu também a criação de uma segunda facilidade, a
transmissão de voz pelo mesmo canal, tornando praticamente impossível barrar a
proliferação das soluções de VoIP (Voz sobre IP), pois para a sua construção as
corporações podem aproveitar estrutura de uma VPN, dedicada à transmissão de
dados, para enviar e receber outras mídias, principalmente voz.

Por outro lado, com a oferta de serviços VPN, as operadoras podem compartilhar a
infra-estrutura entre vários usuários empresariais e, com isso, reduzir o preço da
oferta.

O grupo Amil, dedicado à medicina de grupo, com unidades em Brasília, São Paulo,
Rio de Janeiro, Alphaville (Grande São Paulo) e Curitiba, depois de conviver por
vários anos com duas infra-estruturas – uma de dados e outra de voz, transferiu
todo o tráfego de voz, dados e vídeo para uma VPN IP com MPLS (Multiprotocol Label
Switching, um padrão de protocolo de comunicação).
Crescem as alternativas

Diferentemente do Frame Relay, que estabelece conexões ponto a ponto, a


característica da rede IP é multiponto, ou seja, quando o site A entra na rede, ele
descobre qual é o melhor caminho para aquele endereço. O IP pode ser transmitido
com os protocolos IP Sec ou MPLS . O IP SEC permite usar a Internet – IP aberto,
com firewalls (nos quais se criam redes lógicas sobre a Web). Este tipo de ambiente
tem a vantagem de não ser orientado à conexão, como é o Frame Relay, mas
apresenta controle de qualidade degradado, porque a Internet não pode ser
controlada.

Especialistas são categóricos ao afirmar: o usuário que precisa de disponibilidade,


não pode contar com o IP Sec. Essa solução é mais barata do que Frame Relay,
porque não tem garantia de qualidade de serviço e performance e também porque a
Internet não tem custo de longa distância. Em resumo, é possível construir uma rede
virtual ligando Brasil e Japão utilizando IP Sec, mas não se pode garantir a sua
eficiência.

No âmbito do MPLS a solução é diferente. Cria-se uma rede com todas as facilidades
do Frame Relay – missão crítica, disponibilidade e diversos parâmetros – porque ele
tem os mesmos recursos do FR, a exemplo da priorização de tráfegos da rede local,
no qual a programação define a aplicação que deve passar à frente das demais no
caso de congestionamentos. E também leva todos os princípios definidos na rede
local (corporativa) para a rede de longa distância (WAN – Wide Area Network), desde
que o cliente o tenha definido na rede local.

A primeira grande vantagem do MPLS sobre o FR é o tratamento de prioridades. No


caso da utilização de um sistema do tipo ERP que foi priorizado na rede local, ele
terá o mesmo tratamento na rede de longa distância. A outra grande vantagem é
que, depois que A entra na rede, ele pode escolher qualquer outro ponto para
comunicação.
Tomemos como exemplo um banco: se todas as agências só falam com a central, o
MPLS contribui pouco para a melhoria de desempenho porque, apesar de ser mais
flexível, como A só fala com B, o ganho de performance é pouco evidente. Se a rede
for flexível na troca e busca de informações, o MPLS torna-se vantajoso.
No mundo sem fio

Além da convergência de mídias (voz, dados e imagens), é interessante considerar a


integração das redes cabeadas (com fio) com a infra-estrutura wireless (sem fio) –
que incluem celulares e redes locais sem fio (WLANs ou Wi-Fi). Alguns estudiosos
visionários pregam que até 2020 tudo será wireless, inclusive por conta do alto custo
de instalação e manutenção das redes cabeadas. Essa tese defende que cada
dispositivo, desde o PC até os aparelhos eletroeletrônicos, de casa ou do escritório,
estará conectado por links sem fio.

Não serão apenas os telefones celulares, PDAs (Personal Digital Assistants) e


notebooks que funcionarão em redes móveis. Produtos como TVs, geladeiras,
microondas, impressoras e câmeras digitais terão conexão sem fio à disposição 24
horas. Cada residência terá uma conexão de 100 Mbps, algumas a partir de suas
linhas fixas, outras com links wireless também na última milha.

Assim, teremos a convergência total entre tecnologias, padrões, dispositivos e


aplicações. Os quatro pilares que darão sustentação a essa integração são as redes
de telefonia celular de terceira geração (3G), as redes locais sem fio (ou as WLANs,
sigla em inglês de wireless local area networks), as redes pessoais (ou PANs, de
personal area networks) e as redes corporativas de longo alcance (ou WANs).

No artigo intitulado "Os próximos 50 anos na área móvel e wireless", J. Gerry Purdy,
principal analista da Mobile Trax, empresa norte-americana de pesquisas na área de
tecnologia, afirma que será bastante comum nos próximos anos o uso maciço de
celulares com recursos Wi-Fi, que possibilitarão trafegar voz, dados e vídeo das
redes celulares diretamente para as WLANs internas das corporações, sem que o
usuário perceba.

Como no ambiente a cabo, o mundo wireless também se divide em redes públicas e


privadas. Na área pública ainda predominam as redes celulares – que também
caminham para a transmissão de dados e imagens em alta velocidade – e as WLANs
ou Wi-Fi, que se diferenciam pela cobertura limitada e concentração na transmissão
de dados. Numa corrida por fora, tem-se também o WiMAX, tecnologia patrocinada
pela Intel e pela Nokia.

O WiMax é um consórcio criado para promover produtos de rede sem fio, sob o
guarda-chuva do padrão 802.16a do IEEE (entidade padronizadora), na freqüência
de 2GHz a 11GHz. De acordo com estimativas, o mercado mundial para esses
produtos deve girar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,6 bilhão em 2008, ou 1% do
mercado global de banda larga. A grande vantagem das soluções WiMax é a
possibilidade de substituição da última milha a cabo por soluções sem fio.
Além disso, já está no IEEE o padrão 802.16e, na freqüência de 2GHz a 6GHz, para
dar condições de mobilidade ao usuário. "Wi-Fi é uma tecnologia da família WLL
(Wireless Local Loop), com cobertura de 100 a 300 metros. Já o WiMax atinge uma
cobertura de até 50 quilômetros, com a característica fundamental de não exigir
linha visada", define Eduardo Prado, consultor de Novos Negócios e Tecnologia A
tecnologia promete acabar com a dependência que operadoras entrantes têm com as
incumbents locais, democratizar o acesso em banda larga – já que deve reduzir os
custos de implementação – e dar maior flexibilidade a corporações que desejem
embrenhar pelo mundo wireless. A Iqara Telecom, por exemplo, vem sustentando
toda a sua estratégia de crescimento em redes de fibra óptica, sob a tecnologia
Gigabit Ethernet. Mas não descarta que em algum momento, principalmente quando
tiver que explorar mercados diferentes da região metropolitana de São Paulo, terá
que lançar mão de tecnologias alternativas, e a WiMax é uma delas. Também no lado
privado há a tecnologia Bluetooth, utilizada para estabelecer a comunicação entre
dispositivos em espaços com curta distância. Uma limitação entre Wi-Fi e Bluetooth é
a interferência que elas podem causar quando utilizadas pelo mesmo dispositivo –
handheld, notebook ou telefone celular. A Texas Instruments, fabricante de chips,
trabalha em uma solução que limite esta interferência, possibilitando a coexistência
pacífica entre as tecnologias, seja no padrão 802.11b ou 802.11g – que se
diferenciam pela velocidade de transmissão de dados. Tanto o Bluetooth quanto o
802.11b enviam sinais usando a freqüência de 2,4 GHz – também presentes em
produtos do dia-a-dia, como babás eletrônicas e controles remotos para garagens.

Para usar o Bluetooth e o 802.11b no mesmo equipamento, a Texas Instruments


desenvolveu ainda um sistema que monitora o tráfego sem fio na camada dos
pacotes de dados e faz o roteamento, evitando a colisão de pacotes. Usado
primariamente em periféricos, como teclados e impressoras ou em celulares, nos
aparelhos viva-voz a partir de um fone de ouvido com microfone embutido, o
Bluetooth tem curto alcance. Já o padrão 802.11b é usado em notebooks para
conexões à Internet ou redes corporativas.

Estimativas do Gartner Dataquest apontam que até 2008 estarão em operação em


todo o mundo 167 mil hotspots, sendo utilizados por 75 milhões de usuários.

No Brasil, o maior provedor de infra-estrutura Wi-Fi é a Vex, ex-Pointer Nertworks,


parceira de provedores de acesso e de operadoras de telefonia fixa e de celulares. A
empresa tem acordos , por exemplo, com os provedores AOL e Terra e as
operadoras Telemar (Velox) e Embratel para oferecer serviços de conexão à web.

As velocidades das redes WLAN são menores, de 11 megabits por segundo (Mbps)
nas que adotam o padrão 802.11b, e de 54 megabits para quem utiliza o 802.11a,
contra 100 Mbps em média nas redes fixas. Mesmo assim, em um estudo conduzido
pela Oi com cem executivos de grandes corporações do Rio de Janeiro e de São
Paulo, 65% deles afirmaram se interessar pelos serviços Wi-Fi, contra 10% dos que
não têm interesse nenhum. A mesma pesquisa apontou que 60% dos executivos
consideram a mobilidade uma vantagem, enquanto apenas 10% classificam a
velocidade como o quesito mais importante.
A segurança do ambiente não foi questionada junto aos entrevistados, mas 25%
afirmaram que têm interesse no uso do ambiente Wi-Fi com ressalvas.

O uso do Wi-Fi permite aos usuários trabalhar fora do ambiente tradicional de um


escritório, além de representar uma melhora na produtividade. De acordo com o
Gartner, o crescimento da utilização da tecnologia wireless eleva o custo total de
propriedade (TCO – Total Cost of Ownership), de 3% para 4% ao ano, o que
representa um aumento de US$ 197 para US$ 325. No entanto, os analistas do
instituto prevêem que em breve 80% de todos os notebooks vendidos no mundo
estarão livres dos cabos.

Wireless pública

Mundialmente conhecida sob o termo Fixed Mobile Convergence (FMC), a


convergência entre as telefonias fixa e móvel tem atraído grande número de
operadoras de telefonia fixa pelo fato de elas estarem assistindo a uma certa
saturação na demanda pela instalação de novas linhas. Como afirma o analista
sênior do instituto de pesquisas europeu Ovum, Angel Dobardziev, as aplicações
convergentes estão, decididamente, de volta ao mundo da moda.

São vários os exemplos de serviços lançados internacionalmente, como a solução


convergente Verizon iobi (eye-OH-bee), engrossando a fila de operadoras como a
Britsh Telecom, France Telecom, Telecom Itália e TDC. A Verizon iobi é uma rede que
não apenas integra telefones fixos e móveis como aceita diferentes dispositivos de
comunicação, entre eles PCs, laptops e PDAs. Além de voz, a rede permite o tráfego
de e-mail, mensagens e voice mails. O serviço inclui gerenciamento de chamadas em
tempo real e possibilita ao usuário decidir onde, como e se deseja receber chamadas
e mensagens, entre outras facilidades.

A redução dos gastos com telecomunicação é o grande atrativo para empresas que
estão adquirindo os serviços FMC. Usuária da rede celular da TIM, a Gol Transportes
Aéreos contratou um serviço que promove a convergência tecnológica entre a rede
VoIP da prestadora fixa – o VipNet (Voice VPN) – e os celulares da TIM Business. O
VipNet Móvel permite que os celulares da TIM se transformem em ramais móveis da
Embratel.

Uma das vantagens das aplicações convergentes, principalmente para as


corporações, é permitir o fácil acesso de seus profissionais a dados de clientes
independentemente da localização do profissional. Isso é facilitado, em especial, pela
adoção conjunta de computador e telefone utilizando aplicações IP. Antes
padronizada apenas no call center, a tela pode agora ser parte da informação
apresentada em qualquer telefone IP se a corporação optar pela integração.

No mundo exclusivamente sem fio, ou wireless, as variações também são muitas.


Primeiro porque é preciso separar as redes públicas, celulares, das redes privadas,
Wi-Fi. Também porque é necessário definir quais dispositivos e de que forma o
acesso será feito à base de dados.
Além disso, é importante avaliar criteriosamente a qualidade do serviço oferecido
pela operadora de celular, principalmente em se tratando de transmissão de dados,
para não cair na armadilha das "nuvens" – termo usado por técnicos para definir
regiões nas quais os dispositivos móveis não recebem sinal de transmissão.

Principalmente na Europa, o problema da velocidade de transmissão das redes


públicas sem fio – calcanhar de Aquiles para a troca de dados em rede de telefonia
móvel – foi solucionado após a instalação das redes de terceira geração ou 3G. No
Brasil, a Vivo já migrou, em algumas localidades, para uma solução deste tipo. Por
aqui, a batalha mundial se repete entre as duas principais tecnologias de
transmissão de dados nas redes de celulares – CDMA 1x e GSM/GPRS.

Versão do GSM (Global Service Móbile) para transmissão de dados, o General Packet
Radio Services (GPRS) promete taxas de transmissão de dados de 56 Kbps a 114
Kbps e conexão contínua à Internet para telefones móveis e usuários de
computadores. Já o CDMA2000, também conhecido como IMT-CDMA Multi-Carrier ou
1xRTT, é um padrão da terceira geração que pode suportar transmissão de dados a
velocidades de 144 Kbps a 2 Mbps. Versões do sistema foram desenvolvidas pela
Ericsson e pela Qualcomm.

A Apprimus – empresa do mercado de food service, controlada pelos grupos Sadia,


Martins e Grupo Accor – adotou o serviço de rede CDMA 1xRTT, da Vivo, para a
equipe de força de vendas em vez de construir uma WLAN (rede local sem fio), uma
decisão que levou em conta o seu modelo de negócios. Uma das necessidades era o
acesso às informações em tempo real numa região extensa, por isso a WLAN foi
excluída.

Criada para explorar o fornecimento e distribuição de alimentos no mercado de


pequenos e médios estabelecimentos, a empresa opera com um total de mais de mil
itens entre secos e congelados. Como a operação é denominada Next Day Delivery,
ou seja, a entrega é feita no dia seguinte ao pedido, as informações de estoque,
preços, promoções e descontos são fornecidas em tempo real pelos computadores de
mão iPAQ, da HP. E todos os equipamentos são dotados de placas PCMCIA para a
comunicação com a rede pública da Vivo, pelo sistema Pocket Gemco. A escolha da
Vivo se deu porque era a única operadora de telefonia celular, na época da definição
do parceiro, que trabalhava com transmissão de pacotes em São Paulo, a chamada
geração 2,5G.

Sistemas operacionais

A disputa pelo domínio tecnológico também ecoa nos sistemas operacionais que
compõem os handsets – os aparelhos móveis. Mais de 200 empresas, entre
operadores de redes, fabricantes de celulares e empresas de TI, se uniram ao Open
Mobile Alliance, grupo formado para direcionar e impulsionar o desenvolvimento de
padrões de telecomunicações móveis e garantir a interoperabilidade entre produtos e
serviços sem fio.
A aliança consolida as atividades de diversos organismos da indústria, como o WAP
Forum e Wireless Village, e tem como propósito promover o crescimento do mercado
de forma que todos os seus membros tenham condições de competir.

O cenário competitivo, pelo menos em termos de sistemas operacionais, destaca


uma dualidade – Microsoft e Symbian – com outros fornecedores gravitando em
torno deles. A Microsoft possui duas soluções, o SmartPhone e o Pocket PC Phone
Edition para redes CDMA (Code Division Multiple Access) e para redes GSM (Global
System for Mobile Communications) e GPRS (General Packet Radio Service). O
sistema Pocket PC inclui os software Outlook, Internet Explorer, Word e Excel, e no
geral se destina a usuários que procuram um PDA capaz de fazer chamadas
telefônicas. Já o SmartPhone é voltado a dispositivos de voz, mas permite o acesso à
Internet.

Com o avanço no segmento, a Microsoft concorre com a Nokia, dona do Symbian –


adotado pelos principais fabricantes de celulares do mercado – e com o sistema
operacional Palm OS, da Palm Inc. Mas um novo componente promete balançar o
mercado. A Red Hat e a inglesa 3G Lab anunciaram o desenvolvimento do Linux para
dispositivos móveis, incluindo telefones celulares com acesso Web.

Os finlandeses da Nokia adquiriram a participação da Psion no consórcio responsável


pelo desenvolvimento do Symbian para assumir o controle do ambiente, com 63%
de participação na iniciativa. A fabricante de celulares permitirá aos outros
participantes do grupo – Ericsson Panasonic, Psion, Samsung Electronics, Siemens e
Sony Ericsson – o uso do sistema apenas em produtos de nicho.
Convergência

Módulo 3 - Novas redes convergentes

A evolução das redes convergentes alternativas, como as redes móveis, por linhas de
transmissão elétrica e satélites e o uso de aplicações nesta infra-estrutura.

A formação das redes convergentes – que agregam voz, dados e imagens – tem se
apresentado como um processo contínuo e rico em avanços, em especial no que diz
respeito às aplicações possíveis nas soluções alternativas de infra-estrutura de
transmissão. Neste caso, pode-se citar as ainda incipientes transmissões de dados
pela rede elétrica, utilizando a tecnologia PLC (Powerline Communication) ou as
redes móveis e de satélites. Enquanto a PLC e outros meios buscam a consolidação
ou ajustam o perfil ao novo cenário, a convergência é levada ao extremo com o
conceito das mensagens unificadas – dispositivos que agrupam e-mails, chamadas
telefônicas fixas e móveis, voice mail etc., e que podem ser acessados tanto por
telefone quanto pelo browser ou mesmo por e-mail.

A oferta de dispositivos de UM (Unified Messages ou mensagens unificadas) cresceu


de forma significativa nos últimos anos, como resultado direto da adoção maciça de
correio de voz e do e-mail nas empresas. Com essas facilidades técnicas e o volume
explosivo de mensagens, o ferramental UM surge como o melhor gerenciador
possível.

Em tese, a comunicação unificada permite que o usuário tenha acesso constante e


independente de seu formato, ganhando produtividade. Estudos comprovam que em
ambiente no qual a unificação ainda não foi praticada, os funcionários gastam, em
média, duas horas de trabalho por dia para administrar todos os meios de
comunicação que têm. Esse tempo pode ser otimizado – chegando a meia hora/dia –
com os unificadores de mensagens, que podem ser manipulados tanto por desktop
quanto pelo telefone ou por handheld – independentemente de onde o usuário
esteja.

De acordo com pesquisa do Instituto Gartner, as aplicações UM ou UC (Unified


Communication) evoluem não só para o aumento da produtividade pessoal,mas
também para melhorar processos, em particular os que agreguem valor aos negócios
corporativos, e no controle mais bem planejado dos meios de comunicação. A
consolidação e a conseqüente unificação das mensagens em apenas um ambiente,
no entanto, não é algo tão fácil. O primeiro passo é reconhecer se o produto
preserva, ao máximo, os investimentos em comunicação feitos pela empresa.
Normalmente, trabalha-se com o conceito modular. Cada função ou meio
corresponde a um módulo ou subsistema da aplicação de UM. Juntos, eles permitem
que os diferentes ambientes e aparelhos possam ser administrados por uma
interface ou tela única.
Pode-se afirmar que esse desenvolvimento – como parte significativa da
convergência – está atrelado ao sucesso do protocolo IP (Internet Protocol), por ser
ele a plataforma mais indicada para que a aplicação UM seja desenvolvida e
distribuída, em especial por meio das facilidades oferecidas pela telefonia IP.
Entretanto, até mesmo uma infra-estrutura que ainda depende muito de um
aparelho de PABX pode colher frutos após a adoção de dispositivos UMs.

No cenário atual, cabe às empresas definir alguns parâmetros para escolher o


produto mais adequado e sintonizado com o que podemos chamar de UM verdadeiro.
Há farta oferta que nem sempre traduz o conceito de forma correta. É primordial,
por exemplo, que a solução de hardware e software garanta ao usuário a montagem
das suas prioridades por transmissão e por hierarquia de contatos.

Priorizar aqui é uma lei, ou seja, é essencial preferir dar um telefonema ou enviar e-
mail, em detrimento de outros meios de comunicação, pois isso pode representar até
mesmo o fechamento de um negócio. Uma demonstração disso , dos ganhos e da
escolha correta com a solução UM, pode ser dada pela Marítima Seguros. Seus
funcionários, em especial os corretores, definem e detectam por telefone ou e-mail
todas as fontes de contato e o conteúdo, para retornar ou buscar novas informações,
mesmo que distantes de sua base de operação.Para possibilitar esses avanços,
torna-se obrigatório que a convergência aconteça não apenas em casa – com a união
dos meios de comunicação disponíveis -, mas também nas tecnologias de infra-
estrutura das operadoras de telecomunicações. Uma das razões é que, para muitos
especialistas, as próprias contas de e-mail, Internet, telefones fixos e celulares
devem passar pela convergência. Afinal, o conceito UM preconiza que,
independentemente do meio, a administração de todas as formas de comunicação
seja facilitada. O usuário poderá recuperar mensagens de texto ou ditar uma carta
pelo celular que será enviada depois por e-mail, ou até mesmo redirecionar
chamadas fixas utilizando o handheld.

As operadoras, portanto, surgem como uma peça importante para quem deseja
obter o máximo das promessas das UMs. Seja pela customização dos serviços, seja
pela cobrança integrada ou na forma de terceirização de um investimento ainda alto
em soluções unificadas, uma saída para a aquisição de uma plataforma completa que
pode até chegar a US$ 1 milhão.

Porém, alguns fornecedores buscam o empacotamento mais barato de UMs, de


acordo com o perfil de empresas de médio porte. Esse é o caso da Hewlett-Packard e
da Ericsson que, por contrato global, desenvolveram uma solução unificada,
englobando voz e dados, como e-mail, que integra serviços oferecidos pelas
operadoras de telefonia móvel. Mesmo diante de tanto esforço para tornar as UMs
populares, ainda há quem se mostre cético. Marcelo Fernandes, consultor de
marketing da CMG, empresa britânica especializada em software de mobile message,
customer care e billing, acredita que, em especial no Brasil, a baixa integração entre
as redes de telefonia móvel e fixa pode dificultar os investimentos das operadoras,
no sentido de oferecer serviços unificados.
Novos usos, velhas redes

O avanço da filosofia convergente traz várias propostas de reconstrução da infra-


estrutura atual, de acordo com o seu ideário. Uma das mais populares migrações é a
das redes locais sem fio (WLAN), também conhecidas como Wi-Fi. Mais de 30 anos
depois da primeira rede que combinava comutação de pacotes e comunicação por
rádio, em 1971, no Havaí, sua evolução aponta para o uso corporativo remoto em
hotspots.

Foi muito importante essa mudança. E algo bem diferente da primeira rede com fins
comerciais, criada na década de 90, que teve seus resultados minimizados pela falta
de padrão. No entanto, o futuro é ilimitado, depois da sua padronização, com as
variantes do protocolo 802.11.

No artigo "Os próximos 50 anos na área móvel e wireless", J. Gerry Purdy, principal
analista da Mobile Trax, empresa norte-americana de pesquisas para a área de
tecnologia, afirma que será bastante comum nos próximos anos o uso de celulares
com recursos Wi-Fi, que possibilitarão trafegar voz – algo ainda muito caro -, dados
e vídeo das redes celulares, diretamente para as WLANs internas das empresas, sem
que o usuário perceba.

Líder mundial em semicondutores (incluindo microprocessadores), a Intel apostou


todas as fichas no mundo wireless com o Centrino. O lançamento do chip, em 2003,
englobou parceria com provedores de serviço, fornecedores de ponto de acesso,
soluções de segurança e acesso público (como hotéis, aeroportos, escolas e aviões),
permitindo que computadores móveis tenham acesso sem fio a redes públicas e
privadas, em qualquer local, de maneira simples e segura. Uma das iniciativas mais
importantes ligadas a esse lançamento foi a criação dos chamados hotspots – pontos
de acesso público a redes sem fio – identificados por uma sinalização visual, como o
logotipo Wi-Fi Zone, de preferência associada à tecnologia Centrino

No Brasil, o maior provedor de infra-estrutura Wi-Fi é a Vex, ex-Pointer Nertwork,


parceira de provedores de acesso, operadoras de telefonia fixa e de celulares. A
companhia tem acordos, por exemplo, com os provedores AOL e Terra e com as
operadoras Telemar (Velox) e Embratel para oferecer conexão à Internet.

Os pontos escolhidos para a implementação dos hotspots são comuns em todo o


mundo. Segundo o Instituto Gartner, estão em aeroportos, estações, portos, redes
de hotéis internacionais e até em redes varejistas. Em estudo conduzido pela Oi com
cem executivos de grandes empresas do Rio de Janeiro e de São Paulo, 65% deles
afirmaram que têm interesse em serviços Wi-Fi contra 10% que não têm.

A mesma pesquisa aponta que 60% dos executivos consideram a mobilidade como a
principal vantagem, enquanto apenas 10% classificam a velocidade como o quesito
mais importante. A segurança do ambiente não foi questionada junto aos
entrevistados, mas 25% afirmaram que lhes interessa usar o ambiente Wi-Fi com
ressalvas.
Outro estudo conduzido pelo Instituto Gartner mostra que, embora muitas empresas
ignorem ou adiem a implementação de redes de acesso sem fio (Wi-Fi), os
profissionais autônomos conseguem perceber os benefícios da tecnologia. O Wi-Fi
permite aos usuários trabalhar fora do ambiente tradicional de um escritório, além
de representar melhora na produtividade. De acordo com o Instituto Gartner, o
crescimento da utilização da tecnologia wireless eleva o custo total de propriedade
(TCO – Total Cost of Ownership), de 3% para 4% ao ano, o que representa um
aumento de US$ 197 para US$ 325. No entanto, os analistas do Instituto Gartner
prevêem que em breve, 80% de todos os notebooks vendidos no mundo não mais
terão cabos.

Dados em telefonia celular

Parente próximo das tecnologias WLAN, a telefonia móvel evoluiu nos últimos vinte
anos em ritmo acelerado e com reduções constantes de custo e miniaturização dos
equipamentos. Tecnicamente, a comunicação por rádio é semelhante ao mundo sem
fio. Porém, seu uso era restrito à voz, em especial pela banda na qual trafegava: 4,8
Kbps.

Agora, algumas operadoras conseguem dispor de bandas que chegam a 144 Kbps,
como a Vivo no Brasil, ou dentro do padrão GPRS (General Packet Radio Services)
que atinge 56 Kbps, todas seguindo os padrões 2,5G ou 3G (de terceira geração).
Mas a sua cobertura ainda depende do investimento em infra-estrutura para que não
ocorram problemas de transmissão ou zonas de turbulência – quando um celular fica
sem sinal, ao estar numa área não totalmente coberta entre as células ou antenas.

Além de constituir uma oportunidade interessante para um empresário, a


transmissão de dados por celulares pode ser a saída que todas as operadoras
mundiais buscam para melhorar a sua receita operacional. A começar pelo já
conhecido SMS (Short Message Services), também popularizado pelo nome de
guerra usado por uma operadora: torpedo. Ou ainda por meio de transmissões WAP
(Wireless Application Protocol), que conectam o usuário móvel à Internet.
Melhor tirar, este teste deve ser mais antigo.

E o que dizer de eletroeletrônicos do nosso dia-a-dia, como televisores ou geladeiras,


que podem se comunicar com celulares? Com a aplicação M2M (de máquina para
máquina), é possível não só enviar mensagens como procurar determinada
informação em uma base de dados remota, o que amplia a oferta de serviços das
operadoras. Segundo a Nokia, até o final de 2005 existirão em todo o mundo cerca
de 100 milhões de pontos de conexão M2M em operação, o que pode abarcar todas
as áreas, de máquinas de venda de refrigerantes a equipamentos de transporte, etc.
Se o mercado M2M pode ser amplo, os especialistas apontam que as operadoras
interessadas devem avaliar cuidadosamente a oferta de equipamentos. A Sony
Ericsson, por exemplo, informa que grande número de aplicações está em seus
módulos M2M, entre as quais os projetos para monitoramento e gerenciamento
remoto de áreas logísticas.
Eugene Signorini, analista que conduziu as pesquisas de um relatório sobre as
tecnologias GPRS/GSM e CDMA 1xRTT, do Yankee Group, afirma que as redes de
próxima geração da telefonia móvel, por trafegarem dados com taxas mais velozes,
vão estimular empresas de diversos segmentos a adotar aplicações baseadas em
comunicação sem fio.

Informações pela rede elétrica?

Não é de hoje que se fala na possibilidade de transmissão de dados pela rede


elétrica, também conhecida como powerline communication., A Copel (Companhia
Paranaense de Eletricidade) e suas parceiras (Cemig e Eletropaulo) já fizeram testes
da tecnologia. Porém, pouco ou nada tem evoluído nesse sentido. E alguns
problemas ainda travam o seu desenvolvimento.

Um deles é que os fios de eletricidade são encapados com plástico, o qual absorve
sinais de alta freqüência, impedindo seu uso em transmissões de dados de alta
velocidade a distância. Como os fios da rede funcionam como uma antena, os dados
sofrem interferências de rádios e televisores, por exemplo. Ou ainda, o uso de
transformadores, relógios de medição e da própria corrente elétrica pode corromper
os dados.

Sucesso no laboratório, na prática, a tecnologia demonstrou grande fragilidade.


Mesmo com o baixo investimento devido à cobertura da rede, os efeitos colaterais
descritos acima constituem um inibidor poderoso para a sua disseminação como rota
alternativa de dados. Na Europa, os testes mostraram a mesma inviabilidade. Em um
de seus artigos, o especialista em redes Peter Cochrane demonstra grande ceticismo
na resolução dos problemas.

Em resumo, a idéia de usar a maior rede instalada no mundo para envio de dados,
na qual cada tomada é um ponto de acesso, pode ser uma utopia. Em tese, seria
possível compartilhar desde o acesso à Internet até a criação de uma rede local e
ainda realizar videoconferência e aplicações de VoIP, bastando para isso um
adaptador.

Satélites como solução

Depois do fracasso de planos ousados, como a rede global de satélites Iridium que
levou seus sócios à bancarrota, o uso dos equipamentos geoestacionários em redes
convergentes sofre o preconceito decorrente de alguns problemas técnicos (delay em
aplicações de voz e vídeo) e o confronto com os demais formatos de infra-estrutura.
É certo, porém, que ainda é uma fonte alternativa para alguns projetos que se
debatem com fortes barreiras geográficas.

No Brasil, a Embratel segue como a principal operadora do gênero e manifestou o


desejo de disponibilizar VoIP por satélite para seus clientes, um processo que está
em vias de formatação. Mais que uma alternativa às redes convergentes, o uso de
satélite serve como um complemento a elas, segundo a Impsat.
Focada em clientes de grande porte, a Impsat dispõe de um pacote de serviços
convergentes IP por satélite como complemento ao serviço terrestre. A solução se
resume a um pacote que evolui da combinação fibra óptica/satélite até opções de
nível de serviço, compostas de processos de segurança e maior eficiência das redes.
A idéia da Impsat é promover a convergência de empresas que tenham sites
dispersos geograficamente com serviços de voz e dados, a preços atrelados aos
serviços contratados.

Outra empresa com forte atração no setor de satélites, a fabricante Nera se associou
à operadora Hispamar para oferecer banda larga via satélite para a América Latina.
Pioneira no uso da solução DVB-RCS (Digital Video Broadcasting – Return Channel
via Satellite) na região, o acordo prevê que a Nera será responsável pela instalação
das estações terrestres, enquanto a Hispasat – subsidiária brasileira da Hispamar –
se responsabilizará pelos links baseados no satélite Amazonas.
Convergência

Módulo 4 - O IP e todas as suas formas

Um dos protocolos tecnológicos mais populares do mundo, o TCP/IP saiu das redes
de pesquisa para ocupar espaço no ambiente corporativo.

A evolução tecnológica e o advento da Internet têm convencido técnicos,


especialistas e institutos de pesquisas de que a convergência de dados, voz e
imagens – por meio da tecnologia IP (Internet Protocol) – pode definitivamente
reduzir os gastos com telefonia de empresas e pessoas físicas. O protocolo da
"grande rede" é uma infra-estrutura importante para diminuir a parafernália
tecnológica construída para viabilizar a comunicação. A primeira razão é que os
equipamentos necessários a uma rede IP são mais compactos e modulares,
diferentes das antigas centrais telefônicas que exigiam mais espaço para a
comutação.

Vejamos algumas definições. No formato convencional, a comunicação ou comutação


de dados é feita por circuito: no serviço de transmissão de dados por comutação de
circuitos é necessário estabelecer uma conexão, antes que os dados sejam
transferidos da fonte ao destino. Trata-se, portanto, de um serviço destinado à
conexão. O modo de transmissão de dados por comutação de pacotes é o processo
de roteamento e transferência de dados, por pacotes endereçados de tal forma que
um canal seja ocupado somente durante a transmissão desse pacote. E os pacotes
consecutivos podem trafegar por caminhos diferentes na rede, de acordo com a rota
imposta a cada pacote.

Várias tecnologias permitem estabelecer a comunicação por pacote. Porém, as redes


IP vêm conquistando usuários pelo fato de esta infra-estrutura já ser utilizada em
aplicativos e sistemas internos, herdados da Internet. A sigla TCP/IP dá nome a toda
a família de protocolos utilizados pela Web, com padrões desenvolvidos pela DARPA
(Defense Advanced Research Project Agency) no DoD (Departamento de Defesa dos
Estados Unidos).

O conjunto de protocolos TCP/IP foi criado para permitir que os computadores


compartilhem recursos em uma rede. Juntos, formam um grupo de padrões que
especificam os detalhes de comunicação dos computadores, assim como também
convenções para interconectar redes e rotear o tráfego. Oficialmente, a família de
protocolos é chamada de Protocolo Internet TCP/IP, comumente referenciada só
como TCP/IP, devido a seus dois protocolos mais importantes: o TCP (Transport
Control Protocol) e o IP (Internet Protocol).

Na camada de rede TCP/IP, tem-se o protocolo IP (Internet Protocol) e na camada


de transporte estão dois protocolos, um que oferece serviços sem conexão – o UDP
(User Datagram Protocol) – e outro que oferece serviços de conexão, o TCP
(Transport Control Protocol).
Na camada de aplicações, o TCP/IP tem vários protocolos de aplicação, como SMTP
(Simple Mail Transfer Protocol), Telnet (meio de acesso dos computadores) e FTP
(File Transfer Protocol), entre outros.

Inicialmente, essa estrutura ocupou espaço dentro das empresas, permeando


aplicativos e redes de comunicação local (LANs). Mais recentemente, as facilidades
de comunicação do protocolo vêm dando vôos mais altos, chegando às redes de
longa distância das empresas (WANs) e iniciando uma espécie de namoro com a
infra-estrutura pública. São inúmeros os argumentos favoráveis ao TCP/IP em redes
corporativas e de longa distância.

A forte adesão empresarial ao protocolo TCP/IP desde o início dos anos 2000 tem
relação direta com a inserção do protocolo MPLS (Multiprotocol Label Switching) nas
redes IP, o que lhes concede funcionalidades ATM (Asyncronous Transfer Mode),
facilitando o provisionamento e a operação de uma rede multisserviço. O MPLS é um
padrão destinado a aumentar a velocidade de tráfego e facilitar o gerenciamento de
uma rede. Ele é chamado ainda de multiprotocolo porque é compatível com IP
(Internet Protocol), ATM (Asyncronous Transfer Mode) e Frame Relay.

Essas alterações tecnológicas atraíram também a Ford, que optou pelo IP de ponta a
ponta para ter, inclusive, maior flexibilidade nas negociações com as operadoras de
telefonia. O plano da Ford de migração para IP visa à simplificação da rede, a fim de
aumentar a disponibilidade e obter maior capacidade tecnológica para implementar
novos modelos dentro do conceito da indústria automotiva de "manufatura flexível".

Já adotado por duas montadoras japonesas, o conceito de "manufatura flexível"


caracteriza-se pela possibilidade de, em poucos minutos, mudar a programação dos
robôs das linhas de montagem, de modo que uma mesma linha possa produzir
automóveis de modelos diferentes. Hoje, cada linha de montagem é dedicada a
apenas um veículo, o que dificulta a adequação da produção à demanda dos
mercados, ela própria flexível ao sabor da preferência nem sempre previsível dos
consumidores.

Também com o IP, a mesma autonomia na produção de veículos automotivos foi


levada à infra-estrutura de comunicação da Ford. Gradativamente, novas soluções
ocupam o ambiente tecnológico da montadora para viabilizar o projeto de rede 100%
IP.

Várias empresas em todo o mundo já implementaram redes baseadas no protocolo


IP e estão buscando meios para aproveitar esses investimentos oferecendo, por
exemplo, serviços de fax e voz. Entretanto, para que isso seja viável, é necessário
montar mecanismos que viabilizem a "conversa" entre a rede telefônica pública
comutada e a Internet. E é aí que entra o Enum, um poderoso protocolo que atraiu o
interesse das operadoras de telecomunicações e provedores de Internet em todo o
mundo. O movimento atual rumo às plataformas de rede convergentes representa
uma excelente oportunidade para esse protocolo.
O Enum permite que o usuário faça um telefonema direto de seu navegador e acesse
uma URL que reúne todos os recursos de Internet a que tem direito, como endereço
de voz sobre IP, e-mail e site. Em resumo, o Enum promete ao usuário um único
ponto de contato para vários dispositivos de comunicação, de telefones a PCs e até
fax.

O IETF (Internet Engineering Task Force) finalizou as especificações do protocolo no


início de 2000, e os primeiros produtos e serviços baseados nessa tecnologia foram
lançados no final de 2001. Empresas que administram seus próprios sistemas de
telefonia podem mapear os números de telefone de seus funcionários por um serviço
privativo, que irá indicar os seus respectivos endereços IP, e-mail, números de fax e
de celulares. Pelo Enum, essas empresas também podem fazer ligações para
funcionários em trânsito.

À medida que as empresas utilizam o protocolo para direcionar chamadas internas


para suas redes IP, devem experimentar expressiva redução nos gastos com
chamadas internas e de longa distância entre as filiais. A União Internacional das
Telecomunicações (UIT), que administra a numeração telefônica em âmbito global,
tem discutido a estratégia para um serviço Enum público mundial.

Diversas companhias norte-americanas, principalmente as especializadas em


numeração telefônica, estão fazendo testes com o Enum, que atraíram centenas de
interessados , inclusive desenvolvedores de software e hardware e provedores de
serviços. Os primeiros produtos baseados no protocolo provavelmente serão
telefones, PABX e gerenciadores de chamadas capacitados para Internet, destinados
a grandes empresas.

A previsão é que o uso excessivo dessa tecnologia aconteça em conjunto com outra
solução emergente de telefonia IP, denominada Session Initiation Protocol (SIP). O
SIP é um protocolo de sinalização utilizado para chamadas telefônicas pela Internet,
conferências multimídia, chat e comunicação interativa. Há quem acredite que o
Enum irá apontar para um endereço SIP e, daí, para um endereço IP.

Um dos principais benefícios do Enum é que ele ajuda no período de migração dos
usuários de um sistema PABX tradicional para um ambiente IP. Ele pode ser usado
como um banco de dados central, que informa se uma pessoa tem ou não um
número no PABX tradicional, o que exigiria uma conversão, ou uma URL SIP, que
poderia ser utilizada para encaminhar a chamada para um telefone IP local ou
externo.

Há, entretanto, duas áreas consideradas nebulosas nos serviços Enum: segurança e
desempenho. Segundo os fabricantes, os serviços de telefonia IP ainda precisam se
tornar tão seguros e rápidos quanto os atuais serviços telefônicos que, com o
crescimento da importância da Internet em comunicação remota, passaria a ser
majoritariamente de dados.
A Internet também trouxe à rede pública mais um questionamento: não será melhor
que as redes sejam especializadas no tráfego de dados, em vez de chamadas
telefônicas? Hoje em dia é perfeitamente viável oferecer serviços de telefonia numa
rede de dados – a chamada telefonia IP, que converte a chamada telefônica em
apenas mais uma aplicação da rede de dados. Se a telefonia for um serviço oferecido
pela rede de dados, os custos caem, por prescindir dos equipamentos (caros) usados
para a tecnologia tradicional de telefonia. Este ponto é central na montagem das
novas redes públicas com infra-estrutura óptica. E como o uso principal das redes
não será a telefonia, não faz sentido investir em equipamentos especializados para
este serviço. Outros, mais baratos e apropriados para o tráfego de dados, podem ser
utilizados.

Nestas novas redes, a transmissão de pacotes é feita diretamente nos raios de luz,
sem a necessidade de uso intermediário das tecnologias tradicionais ATM e SDH
(Synchronous Digital Hierarchy), presentes na infra-estrutura das redes de
comunicação de todas as operadoras nacionais. A eliminação dessas tecnologias
intermediárias simplifica e barateia os equipamentos usados, tornando pouco
competitivo financeiramente o modelo tradicional.

Dois padrões principais disputam a hegemonia da telefonia IP: ITU-T H.323


(International Telecommunications Union), presente em muitos dos equipamentos e
softwares VoIP e o SIP (Session Initiation Protocol), proposto pela IETF (Internet
Engineering Task Force). O SIP é complementar ao Enum e, segundo alguns
especialistas, apesar do curto tempo do processo de padronização, mobilizou muitos
fabricantes da área da telefonia e dados, por conta da sua flexibilidade, aderência
com padrões genuinamente da Internet e arquitetura aberta.

Usuários do SIP demonstram verdadeira paixão pela tecnologia, e os primeiros casos


de sucesso foram identificados nos Estados Unidos. A DePaul University, instituição
de ensino de Chicago, nos Estados Unidos, por exemplo, fez uma implementação SIP
em projeto-piloto com 15 telefones IP baseados no sistema operacional Linux. No
projeto, VoIP e SIP são separados, e um não se apóia necessariamente no outro.
Porém, o SIP tem sido escolhido como a arquitetura preferível para implementar
projetos de voz sobre IP.

A simplicidade do protocolo, que opera nos moldes do TCP/IP, permite que ele seja
implementado sem a necessidade de grande remodelagem técnica dos equipamentos
de rede ou protocolos. Basicamente, se a infra-estrutura suporta tráfego Web, pode
receber SIP. Não por acaso, o protocolo também recebeu estímulo da Microsoft que o
incluiu como tecnologia básica de setup de chamadas para o Windows Messenger no
Windows XP.

A Computer Korner, varejista de PCs em Ottawa, com duas lojas na cidade, instalou
telefones e PABX IP. "O que tínhamos antes não era um sistema, apenas algumas
linhas da Bell Canada. Estávamos à procura de um sistema para melhor utilizar as
linhas", declarou o dono das lojas à época da escolha.
Em geral, os PABXs IP são integrados com firewall, servidor de arquivo e impressão e
roteadores. A área de telefonia se baseia em SIP, permitindo que os sistemas
implementados em uma área ampla encontrem uns aos outros facilmente e se
conectem com o mínimo de configuração. A Computer Korner usa o serviço de
Internet, via modem de banda larga, para conectar os PABX de cada escritório, que
ficam atrás do modem e possibilitam que os funcionários em telefones SIP - que
ligam a rede local (LAN) Ethernet instalada em cada loja – falem uns com os outros
pela Internet com um plano de discagem de quatro dígitos.

A conectividade simples que os dispositivos SIP proporcionam é um exemplo da


razão pela qual o protocolo foi criado. "A Internet funciona da mesma maneira na
China, na Escócia e nos Estados Unidos por causa de padrões como HTTP e IP20",
observa Henry Sinnreich, membro emérito do grupo de engenharia da WorldCom e
integrante da subcomissão SIP do IETF. "O SIP é um primo próximo do HTTP, o que
faz a voz parecer apenas mais uma aplicação Web."

A Menlo College usa SIP junto com seu sistema VoIP instalado no campus com 500
telefones IP implementados em toda a faculdade, inclusive no staff e nos dormitórios
dos alunos. Quando conectados em qualquer porta Ethernet, os telefones enviam,
automaticamente, mensagem ao servidor central sobre o novo endereço e local do
telefone.

Segundo Kristoff, da DePaul University, as novas aplicações – o uso de telefone IP


com um microcomputador ou aplicações avançadas de mensagem unificada e vídeo –
são as principais razões que o fazem acreditar que SIP vai vingar. Para ambientes
muito grandes, no entanto, a vantagem de VoIP provavelmente virá de novas
aplicações ou usos da tecnologia, e não da tentativa de cortar custos de
gerenciamento de telefone simplesmente trocando de sistema.

No Brasil, está em andamento um grande projeto-piloto para introduzir VoIP na


RNP2 (nova versão da Rede Nacional de Pesquisa), interligando todos os Estados
brasileiros e com pontos de presença em 12 instituições de ensino e pesquisas, entre
elas a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal
Fluminense (UFF), a própria rede nacional de ensino, o Instituto Militar de
Engenharia e o Ministério da Educação e Cultura (MEC), entre outras.

A implementação do serviço experimental de telefonia no backbone da RNP2


permitirá que instituições associadas a RNP e a suas redes coligadas possam
estabelecer comunicação de voz a partir de seus PBXs, telefones IP e/ou estações de
trabalho. Como objetivos complementares, pretende-se dar condições a profissionais
de operar serviços de VOIP de forma distribuída, permitindo que os novos serviços
sejam disponibilizados sobre IP.
A Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro, foi uma das primeiras a se
estruturar para fazer parte dessa grande iniciativa. O VoIP viabiliza também a
inauguração de novos serviços, como o sistema follow me (a ligação é encaminhada
ao celular do usuário automaticamente), o telefone virtual (é criada uma interface do
ramal na tela do computador, que permite discagem automática, memoriza as
ligações e anota recados) e a realizar conferências programadas utilizando PCs. O
projeto interno preparou a UFF para a primeira conexão de voz sobre IP na Rede
Nacional de Pesquisa, entre a UFF e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Enquanto esperam a oferta das operadoras de telefonia, as empresas apostam em


Voz sobre IP (VoIP), cuja expectativa é a redução imediata de gastos com telefonia.
O VoIP ou o tráfego de voz sobre a rede de dados é a grande revolução assistida na
história recente das telecomunicações. O modelo resultante do crescimento das
redes baseadas em pacotes, especialmente a Internet, unifica os mundos de dados e
telecomunicações em uma só rede, e pode ser implementado independente das
decisões das operadoras de telefonia, apesar de também essas oferecem VoIP como
opção de serviço.

A comunicação de voz em redes IP consiste no uso das redes de dados que utilizam
o conjunto de protocolos baseados na Internet (TCP/UDP/IP) para a transmissão de
sinais de voz, em tempo real, na forma de pacotes de dados. Nessas redes são
implementados protocolos adicionais de sinalização de chamadas e transporte de
voz, que permitem a comunicação com qualidade próxima àquela fornecida pelas
redes convencionais dos sistemas públicos de telefonia comutada ou de telefonia
móvel.

Nos sistemas tradicionais, o sinal de voz utiliza uma banda de 4 KHz, e é digitalizado
com uma taxa de amostragem de 8 KHz para ser recuperado adequadamente
(Princípio de Nyquist). Como cada amostra é representada por um byte (8 bits, com
até 256 valores distintos), cada canal de voz necessita de uma banda de 64 kbit/s
(8.000 amostras x 8 bits). Esta forma de digitalização do sinal de voz atende a
recomendação ITU-T G.711 – Pulse code modulation (PCM) of voice frequencies.

Mas quando falamos nos sistemas de transmissão de voz sobre IP, onde a demanda
por banda é crítica, é preciso utilizar também algoritmos de compressão do sinal de
voz. Esses algoritmos têm papel relevante pela economia de banda que
proporcionam. O seu uso tem sido possível, graças ao desenvolvimento dos
processadores de sinais digitais (DSP’s), cuja capacidade de processamento tem
crescido vertiginosamente.

O objetivo da telefonia em redes IP é prover uma forma alternativa aos sistemas


tradicionais, mantendo, no mínimo, as mesmas funcionalidades e a qualidade similar,
e aproveitando a sinergia da rede para o transporte de voz e dados.
Os principais requisitos para a telefonia sobre redes IP, de modo a permitir uma
comunicação inteligível, interativa e sem falhas são: transmissão de voz em tempo
real com tempo de latência (atraso) menor que 300 metros; sinalização para o
estabelecimento e controle de chamadas e para fornecer serviços adicionais
(conferência, chamada em espera, identificador de chamadas, etc.); e interfaces com
os sistemas públicos de telefonia comutada e móvel.

Nas redes IP, os pacotes de dados com informação de voz são enviados de forma
independente, procurando o melhor caminho para chegar ao seu destino, de modo a
utilizar com maior eficiência os recursos da rede. Os pacotes de dados associados a
uma única origem de comunicação de voz podem, portanto, seguir caminhos
diferentes até o seu destino, ocasionando atrasos, alteração de seqüência e mesmo
perda dos pacotes. A tecnologia desenvolvida para a comunicação VoIP assegura a
reordenação dos pacotes de dados e a reconstituição do sinal original, compensando
o eco decorrente do atraso de pacotes de dados e a perda de pacotes.

Telefonia móvel

O IP também se faz presente nas redes de telefonia celular de terceira geração ou


3G. O modo de transmissão por comutação de circuitos, predominante nas atuais
redes celulares, dará lugar ao modo de transmissão por comutação de pacotes,
compatível com a rede mundial e seu protocolo IP (Internet Protocol). Apenas
recordando, em um serviço de transmissão de dados por comutação de circuitos é
necessário estabelecer uma conexão antes que os dados sejam transferidos da fonte
ao destino. Trata-se, portanto, de um serviço destinado à conexão.

Já o modo de transmissão de dados por comutação de pacotes se refere ao processo


de roteamento e transferência de dados por pacotes endereçados de tal forma que
um canal seja ocupado somente durante a transmissão do pacote. Pacotes
consecutivos podem trafegar por caminhos diferentes na rede, de acordo com o
roteamento imposto a cada um deles.

Nos sistemas 3G, vamos ver também um deslocamento da forma de tarifação atual,
predominantemente baseada em tempo de conexão, para técnicas de tarifação,
baseadas no tipo de mídia transportado e/ou no volume de tráfego gerado pelo
usuário. Os protocolos de compatibilização do conteúdo da Internet com os terminais
móveis, como o WAP (Wireless Application Protocol); o transporte de voz sobre redes
IP, VoIP (Voice over IP); e o transporte de tráfego IP sobre redes ATM
(Asynchronous Transfer Mode), ou sobre redes WATM (Wireless ATM); são termos
que deverão se tornar comuns na terceira geração de sistemas de comunicações
móveis.
Outras técnicas serão responsáveis por interface de rádio capaz de suportar os
serviços projetados para os sistemas 3G e além da 3G e, conseqüentemente, as
elevadas taxas necessárias. Dentre elas podem ainda ser citadas:

a) Equalização no domínio do tempo e do espaço;


b) antenas adaptativas.
c) Potentes esquemas de codificação de canal;
d) alocação de banda por demanda.
e) Software para rádio.
f) Evolução da tecnologia de semicondutores.
Convergência

Módulo 5 - O mercado convergente

As projeções de crescimento do mercado convergente atual, sua evolução e como as


novas aplicações têm ganho espaço nas corporações mundiais e locais.

Os números impressionam. De acordo com previsões dos institutos de pesquisa, o


mercado convergente pode atingir a soma de US$ 1 trilhão em 2010, o que
representa uma taxa anual de crescimento de 60%, cálculo da consultoria McKinsey
para a Joint Venture: Silicon Valley Network, entidade sem fins lucrativos que reúne
os fabricantes do setor. O valor representa a interseção de três tecnologias distintas
dentro do guarda-chuva da convergência: biotecnologia (com chips orgânicos, por
exemplo), tecnologia da informação/telecom e nanotecnologia (miniaturização de
componentes).

A evolução da convergência representa um avanço significativo para um mercado


que começou tímido na década de 80, com as primeiras iniciativas de redes que
reuniam dados e voz, e que continuou na década seguinte com a incorporação do
conceito atual: voz, dados e vídeo em infra-estrutura única, sejam plataformas
dotadas de Frame Relay ou ATM (Asynchronous Tranfer Mode). E que foi
popularizado com a adoção do protocolo IP (Internet Protocol) como padrão e o
conceito NGN (Next Generation Network ou redes próxima geração) – no qual é
possível transportar todo tipo de informação em pacotes baseados em IP - como o
futuro da infra-estrutura de comunicação.

Estudos recentes de diferentes institutos de pesquisa evidenciam que o avanço na


oferta de equipamentos e soluções dentro da filosofia convergente é irreversível.
Entre as tecnologias em destaque estão o VPN IP (Virtual Private Network ou redes
privadas virtuais) e WLAN ou Wi-Fi (rede local sem fio). Sondagem de mercado
encomendada pela Nortel Networks, um dos protagonistas da revolução convergente,
ao Instituto de Pesquisa Mindwave Research, feita junto a 100 empresas do mundo,
indica que 30% dos seus clientes já adotaram dentro de casa o conceito de redes
que reúnem dados, voz e imagem e outros 61% pretendem fazê-lo em, no máximo,
cinco anos.

As empresas pesquisadas identificaram maior facilidade de integração de aplicações,


crescente habilidade para desenvolver funções de voz e ainda reduzir custos com
cabeamento. O maior desafio apontado é a segurança, com 60% das respostas, dos
quais 71% revelam que já investem recursos em soluções de segurança, em especial
nas redes sem fio.

Globalmente, muitas empresas estão rumando para a convergência. Um dos


exemplos é a Nestlé, gigante do setor alimentício, presente em 120 países, a qual
adotou a solução de VoIP para desafogar o tráfego de voz entre seus funcionários. O
objetivo final é reunir as aplicações de voz, imagens e dados em uma mesma rede.
Na nova onda, o setor de outsourcing de serviços ligado às operadoras e
integradores ganha espaço. Afinal, o investimento em uma infra-estrutura
convergente ainda demanda altas somas. E os fornecedores evoluem na oferta de
serviços.

Mercado brasileiro

A evolução do mercado convergente explode no Brasil. Segundo o instituto de


pesquisas IDC - International Data Corporation -, esse mercado deve crescer 27% ao
ano e as operadoras de telecomunicações devem aumentar a sua participação no
envio de dados. Não é por acaso, portanto, que empresas como a Telefônica
apostam em soluções convergentes, dentro do modelo de outsourcing, e que muitas
operadoras começam a planejar seus pacotes de serviços.

Uma das razões para conquistar cliente é a centralização de diferentes serviços com
apenas um parceiro, tese corroborada pelo Yankee Group. Para esse instituto, as
empresas estão buscando contratar parceria que forneça de modo unificado voz
(local e de longa distância, fixa e celular), dados, Internet, videoconferência etc., em
vez de comprar diferentes serviços de vários fornecedores.

Ou seja, as operadoras devem assumir o papel de principais parceiros das empresas,


mas ainda existe espaço para integradores que assumam a posição de líderes do
processo. Analistas da IDC prevêem boom de serviços convergentes nas operadoras
nacionais, a melhor saída para sobreviver ao decréscimo das receitas de voz. A
terceirização pode viabilizar a adoção da filosofia convergente em larga escala,
mesmo enfrentando barreiras no aspecto financeiro.

O movimento parece irreversível. Em pesquisa realizada pelo Yankee Group com 300
empresas brasileiras de médio e grande portes, 42% delas implementaram serviços
de integração de voz e dados, enquanto 14% vão fazê-lo nos próximos 12 meses;
21% pretendem implementar em 24 meses; e apenas 24% revelam não ter planos.
A maioria dos que já se optaram pelo mundo convergente (85%) visava à redução
de custos, com outros 58% interessados no melhor gerenciamento da infra-
estrutura, em múltiplas respostas.

Outro exemplo da evolução do mercado é a pesquisa Brazil Wireless LAN 2003, do


Instituto IDC, que detectou vendas de R$ 23 milhões em equipamentos de redes
locais sem fio em 2003 e que projeta, para 2007, um total de R$ 61 milhões. Uma
evolução constante, mas ainda longe da tecnologia protagonista do movimento
convergente, o VoIP, que segundo estudo do Instituto Gartner, deve movimentar
US$ 5 bilhões na América Latina, até 2007, sendo o Brasil responsável por metade
do total.
Iniciativas Wi-Fi

O mercado brasileiro assistiu a uma disparada da oferta de soluções e projetos Wi-Fi.


A Telemar implantou o serviço em vários hotéis das redes Blue Tree e Accor e, em
outros pontos de concentração de público, com os serviços de hotspots – que
disponibilizam acesso sem fio aos usuários – como o Estádio do Maracanã, no Rio de
Janeiro, para que fotógrafos possam mandar fotos pela Internet a seus veículos de
comunicação. Algumas projeções afirmam que no mundo existam 100 mil hotspots e
que no Brasil esse número chega a 2 mil.

A expansão local se deve a ações pioneiras como a boa receptividade ao projeto


Cidade Sem Fio, implantado no Centro Comercial Città América, no Rio de Janeiro,
realizado em 2003, a partir de uma parceria entre a Telemar, a Intel e outras
empresas. Nesse sentido, a Intel – fabricante de chips para a indústria de TI - surge
como o principal incentivador dos hotspots.

A fabricante de chips também fez uma aliança estratégica com a Alcatel para
definição, padronização, desenvolvimento, integração e comercialização de soluções
ponta a ponta baseadas na tecnologia WiMAX (worldwide interoperability for
microwave access), com um alcance de até 15 quilômetros nas redes de alta
velocidade, utilizando espectros de freqüências de 2GHz a 11 GHz. As primeiras
soluções desenvolvidas pela aliança devem chegar ao mercado no segundo semestre
de 2005.

Mas não é apenas a atividade dos hotspots que incentiva o modelo Wi-Fi. As
aplicações de voz também estão em alta. Não é estranho ver usuários de handhelds
adaptando seus aparelhos ou utilizando telefones sem fio, e muitos fornecedores de
celulares desenvolverem telefones híbridos que operam tanto em Wi-Fi quanto em
GSM. Isto é possível, segundo especialistas, pela queda acentuada nos valores dos
equipamentos. No entanto, mesmo com todo esse avanço, os valores ainda são
maiores do que os de uma rede a cabo.
Adesão ao VoIP e ao Telefone IP

O custo ainda é o vilão na ponta das empresas. Uma saída é a adoção de projetos
VoIP mais simples, reutilizando as placas de PABX já existentes para transportar voz
pela rede de dados da infra-estrutura WAN. Mas isto também só se justifica pela
distribuição geográfica dos escritórios e pela utilização em larga escala. Já a telefonia
IP, que permite aos usuários transportar o ramal para qualquer lugar, parte de um
investimento em equipamentos PABX IP e em aparelhos telefônicos específicos.

É certo que o preço dos aparelhos IP vem diminuindo significativamente, mas ainda
restringe o acesso indiscriminado. Uma alternativa é a implementação do sistema
Softphone, que faz com que o desktop funcione como um telefone, e cujo preço da
licença é cotado a US$ 15.
A evolução do mercado, no entanto, segue a passos largos e aplicações de VoIP se
tornaram comuns em empresas do mercado financeiro, em especial nas mesas de
operações.Como o trabalho do operador, o trader depende de múltiplas informações
– de agências de notícias, rádio, tevê, telefonia e videoconferência – e o IP surge
como o integrador de todas essas fontes de informação. A possibilidade de utilizar
equipamentos legados é uma razão forte para diminuir os custos da implementação
de um projeto, assim como a flexibilidade das soluções de VoIP.

A integração entre operadoras fixas e móveis é uma boa amostra de como a oferta
de serviços e a abrangência das aplicações são moto continuo. Embratel e TIM
oferecem o serviço VipNet Móvel, que une a rede privada de voz da Embratel com a
facilidade e a mobilidade dos celulares da outra operadora. Assim, eles se tornam
ramais da rede, fazendo ligações tanto locais quanto interurbanas, com tarifas
menores.
Convergência

Módulo 6 - Redes convergentes: implementação, operação e manutenção

A opção por uma rede convergente não depende apenas da vontade de redução dos
custos com telecomunicações de uma empresa.

O Instituto Gartner, especializado na sondagem de tendências e pesquisas na área


de tecnologia, se debruçou em um estudo para identificar as características de
consumo de telecomunicações das corporações em todo mundo e concluiu: do total
de tráfego de voz das empresas, 70% a 75% são intra-organizacionais. Ora, se as
empresas gastam, e muito, com telecomunicações apenas para viabilizar a
comunicação entre os seus profissionais, por que não transformar essas conexões
feitas pela rede pública de telefonia em ligações de ramal para ramal? E mais: qual é
a necessidade de se manter infra-estruturas distintas para diferentes mídias – dados,
voz e imagem?

Sim, as redes podem ser únicas, em benefício de custos menores, facilidade de


administração e da flexibilidade. Desde os anos 80 se discutem as tecnologias
convergentes, aquelas que se caracterizam por suportar o transporte de dados
tradicionais como registros de um banco de dados, arquivos ou mensagens, o
transporte de outras mídias como áudio (exemplo: voz, rádio, etc.), e imagem
(exemplo: TV, videoconferência, videovigilância, etc). Mas apesar da existência das
redes RDSI-FE (Rede Digital de Serviços Integrados – Faixa Estreita), o conceito de
tecnologias convergentes só começou a ser amplamente discutido e implementado
com o surgimento de redes banda larga e, particularmente, com o advento da
tecnologia ATM (Asyncronous Transfer Mode).

O ATM é baseado na técnica de comutação de células e foi desenvolvido com a


premissa básica de garantir a qualidade de serviço para transporte integrado de
dados, voz e vídeo. Hoje, o suporte e o emprego desta tecnologia são restritos.
Contudo, não se pode negar a sua importância e seus avanços, entre eles a
introdução de conceitos adaptados para redes IP (Internet Protocol) e empregados
no transporte de dados, voz e vídeo.

Um exemplo dessa nova realidade das redes é a tecnologia voz sobre IP (VoIP) que,
ao utilizar a infra-estrutura de dados, faz também o transporte de voz. Basicamente,
o que essa tecnologia faz é digitalizar a voz, que consiste na conversão dos sinais
analógicos (a voz) em sinais digitais ou “dados”, para que ela seja entendida pelos
computadores. Feito isso, os dados (o novo formato da voz) são empacotados dentro
do protocolo IP (Internet Protocol) – uma forma ordenada de comunicação entre
computadores. A partir deste ponto, a “voz” como conhecemos não existe mais,
sendo representada somente por zero e um na linguagem digital, podendo então ser
transportada pelas redes locais, de longa distância ou mesmo a Internet, apesar de
esta não ser a mais indicada por não possuir um tempo de resposta adequado.
Paralelamente a esta inovação tecnológica, não se pode esquecer da complexidade
histórica do ambiente de comunicação corporativa, com redes de dados e voz
separadas. Várias companhias montaram infra-estrutura de hubs, gateways,
roteadores, linhas privativas e conexões de satélite para o tráfego dos seus dados
em redes corporativas locais (LAN) e de longa distância (WAN), que interligam filiais.
Ao lado dessa rede, as organizações também criaram algo semelhante para o tráfego
da voz, dividindo os recursos e multiplicando a complexidade e os custos de
administração desse ambiente.

Vejamos um exemplo: uma empresa que tenha uma filial localizada em São Paulo
(SP) e matriz em Vitória (ES). Entre os escritórios existe um canal de dados de 64
Kbps (quilobits por segundo) e toda a comunicação telefônica é feita via rede
pública. Neste caso, além do custo fixo do link de dados, as ligações telefônicas
seriam tarifadas como interurbanas. Numa situação de integração de voz e dados, as
ligações não teriam custo adicional, ocupando parte da banda de dados do link
existente.

Um dos fatores determinantes para a popularização da tecnologia VoIP é a economia


gerada pela sua utilização. O TCO (total cost of ownership, ou custo total de
propriedade) de voz é muito mais alto do que o da rede de dados, principalmente se
avaliada a infra-estrutura de transmissão, constatou o Laboratório de Arquitetura e
Redes de Computadores, da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Além disso, a VoIP viabiliza a unificação de mensagens – voz, fax, e-mails –


permitindo que um profissional tenha acesso aos seus recados e possa respondê-los
de qualquer computador ou outro dispositivo com conexão à Internet, ou seja, sem a
necessidade de estar fisicamente dentro da empresa.
Mas, como nem tudo é perfeito, a qualidade da voz transmitida pela rede de dados
não é equivalente à identificada em uma ligação telefônica convencional, o que se
tornou um limitador à adoção dessa tecnologia.

Nos primeiros equipamentos projetados para a transmissão de voz via redes locais,
ou se gerava uma grande quantidade de tráfego de dados para conseguirmos uma
qualidade razoável de conversação ou nos contentávamos com aquela voz de “Pato
Donald”. Hoje isto não acontece mais, apesar de alguns técnicos afirmarem
categoricamente que a qualidade de rede VoIP nunca será igual à rede de voz, o que
exige maior controle e gerenciamento da rede IP.

Também entre as preocupações com o conceito VoIP estão a interoperabilidade e a


segurança, pois uma voz em rede de dados importa os problemas de dados, ou seja,
facilita a invasão de hackers, o que exige maior gerenciamento. Para resolver a
questão da interoperabilidade, os fabricantes de equipamentos começam a investir
na adoção dos padrões H.323 e SIP (Session Initiation Protocol), e o próprio Gartner
já considera a interoperabilidade uma página virada na história das tecnologias.
O padrão H.323 é o mais difundido e amplamente adotado pelos sistemas de
videoconferência atuais, definindo desde padrões de codificação de voz e vídeo até
componentes básicos para a criação de ambientes de redes locais como suporte à
comutação de voz com interconexão à rede telefônica tradicional. Já o SIP,
concorrente do H.323, é um protocolo de nova geração que viabiliza a ligação entre
redes públicas comutadas e a Internet e é utilizado para telefonia IP, conferências
multimídia e comunicação interativa, entre outros. Ele foi concebido na Universidade
de Columbia e depois submetido à aprovação do IETF (Internet Engineering Task
Force). Assim como outros protocolos dominantes na Internet (HTTP, FTP, SMTP), o
SIP é baseado em texto.

O padrão H.323 é parte da família de recomendações ITU-T (International


Telecommunication Union Telecommunication Standardization Sector) H.32x, que
pertence à série H da ITU-T, e que trata de “Sistemas Audiovisuais e Multimídia”.
Esta recomendação tem o objetivo de especificar sistemas de comunicação
multimídia em redes baseadas em pacotes e que não provêem uma qualidade de
serviço (QoS) garantida.

Além disso, estabelece padrões para codificação e decodificação de fluxos de dados


de áudio e vídeo, garantindo que produtos baseados no padrão H.323 de um
fabricante interopere com produtos H.323 dos demais.
Este padrão também especifica o uso de áudio, vídeo e dados em comunicações
multimídia, sendo que apenas o suporte à mídia de áudio é obrigatório. Mesmo
assim, cada mídia (áudio, vídeo e/ou dados), quando utilizada, deve seguir as
especificações do padrão. Pode-se ter uma variedade de formas de comunicação,
envolvendo áudio apenas (telefonia IP); áudio e vídeo (videoconferência); áudio e
dados ou, por fim, áudio, vídeo e dados.

A adoção do padrão H.323 para aplicações multimídia em redes traz uma série de
benefícios, entre os quais podemos citar:
Independência da rede – O padrão H.323 é projetado para utilização em redes
baseada em pacotes, como as redes IP. Atualmente, a maioria das redes possui uma
infra-estrutura com protocolo de transporte baseado em pacotes. Assim, a adoção do
padrão H.323 permite a utilização de aplicações multimídia sem requerer mudanças
na estrutura de redes.
Interoperabilidade de equipamentos e aplicações – Permissão de interoperabilidade
entre dispositivos e aplicações de diferentes fabricantes. Por isso, vários
fornecedores de porte como Intel, Microsoft, Cisco e IBM investem em linhas de
produtos H.323.
Independência de plataforma – Não-determinação do hardware ou sistema
operacional a ser usado. Desse modo, as aplicações H.323 podem ser de naturezas
diversas, voltadas para mercados específicos, que vão desde software de
videoconferência (executado em PCs), a telefones IP, adaptadores para TV a cabo,
sistemas dedicados, etc.
Representação padronizada de mídia – O H.323 estabelece codificadores para
compressão e descompressão de sinais de áudio e vídeo. E ele também prevê
mecanismos de negociação dos codificadores a serem utilizados numa conferência a
fim de que os seus participantes encontrem um subconjunto comum entre si.

Flexibilidade nas aplicações-clientes – Uma conferência H.323 pode envolver


aplicações-clientes com capacitações multimídia diferentes. É possível que um
terminal com suporte apenas para áudio participe de uma conferência com terminais
que tenham suporte adicional de vídeo e/ou dados.

Interoperabilidade entre redes – É possível estabelecer conferências entre


participantes localizados numa LAN e em outras redes completamente diferentes,
como a rede telefônica pública ou ISDN. O H.323 prevê ainda o uso de codificadores
comuns a vários tipos de redes, o que é possível por meio da utilização do
componente gateway.

Suporte a gerenciamento de largura de banda – O tráfego dos fluxos de vídeo e


áudio é caracteristicamente consumidor de largura de banda em uma rede. O padrão
provê mecanismos de gerenciamento que permitem delimitar a quantidade de
conferências simultâneas e a quantidade de largura de banda destinada às aplicações
H.323.

Suporte a conferências multiponto – O H.323 suporta conferências com três ou mais


participantes simultâneos.

Suporte a multicast – Ele suporta técnicas de multicasting nas conferências


multiponto. Uma mensagem multicast envia um único pacote a todo um subconjunto
de destinatários na rede sem replicação. Esse tipo de transmissão usa a largura de
banda de uma forma muito mais eficiente que as transmissões unicast.
Implementação

As redes baseadas em pacotes incluem as redes IP (Internet Protocol) como a


Internet, as IPX (Internet Packet Exchange), as redes metropolitanas, de longa
distância (WAN) e ainda conexões discadas usando PPP. O padrão H.323 é
completamente independente dos aspectos relacionados à rede. Dessa forma, podem
ser utilizadas quaisquer tecnologias de enlace, podendo-se escolher livremente entre
as que dominam o mercado atual como Ethernet, Fast Ethernet, FDDI, ou Token
Ring.

Também não há restrições quanto à topologia da rede, que pode consistir tanto de
uma única ligação ponto a ponto, de um único segmento de rede, ou ainda serem
complexas, incorporando vários segmentos de redes interconectados.

Não havendo impedimentos tecnológicos, a implementação de uma rede convergente


IP depende pura e exclusivamente de uma análise aprofundada do ambiente de rede
atual da empresa e de um projeto detalhado sobre onde se pretende chegar.
Inicialmente, o upgrade da rede Frame Relay não é necessário, sendo importante
realizar apenas a atualização do hardware (roteador e switches) para suporte ao
protocolo IP e aceitação de novos PABX e aparelhos telefônicos ou mesmo do
software IP Phone – que pode substituir os aparelhos de ramais, fazendo a ligação
pelo microcomputador.

As perguntas que se seguem são muito importantes para o avanço de um projeto de


VoIP. Vale a pena ter VoIP? E quanto tempo esse investimento levará para se pagar?
O LARC (Laboratório de Arquitetura de Redes de Computadores) da Escola
Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) definiu alguns parâmetros que
podem ajudar nesta empreitada e resume: se a nova rede tiver administração mais
cara do que a situação atual, não vale a pena migrar para VoIP.
Antes do início de um projeto, deve-se traçar e avaliar os seguintes pontos:

•Análise do atual ambiente de rede de dados

•Evolução do ambiente

•Tendência de crescimento do número de usuários

•Existência de sistemas e política de segurança na rede atual

•Existência de sistemas e política de gerenciamento de rede no ambiente atual

•TCO (Total Cost of Ownership) atual

•Existência de rede sem fio

•Suporte à convergência no ambiente atual

Feito o estudo, a melhor alternativa é sentar-se à mesa com fabricantes de


equipamentos – de rede, PABX e telefones IP - e solicitar-lhes um levantamento
detalhado sobre o TCO do empreendimento. Lembre-se que você já conhece
profundamente o ambiente atual e, com os novos estudos em mãos, poderá decidir
com maior acuidade se deve ou não levar o projeto de rede convergente adiante.
Outra idéia é que a composição de TCOs deve contemplar os custos com hardware e
software; serviços; e treinamento de pessoal.

No comparativo feito pelo LARC, uma rede de voz consome, isoladamente, 30% dos
custos com chamadas de voz (este é o maior custo). No caso da rede de dados, 30%
dos gastos vão para o enlace. Ao juntar os dois ambientes, constata-se que o custo
de transmissão se fixa na casa de 39% (enlace de dados, voz e equipamentos), o
que de imediato denota economia para o usuário. Na média, o custo de uma
configuração isolada para dados e outra para voz é maior do que o uma rede
convergente, independentemente da situação
Pesquisas elaboradas com clientes (CNA, Gazeta Mercantil, CBCC, Cosan e Fic
Petróleo), de três grandes fornecedores – 3Com, Avaya e Siemens – concluíram que
a existência de sites remotos é predominante na decisão de compra de VoIP.

Acompanhe os resultados gerais.

Empresa / Redução de Custos / ROI / Satisfação (de 0 a 10)

Gazeta Mercantil – 30% – 2 anos – 6


Cosan – 40% – não mediu – 9
Fic Petróleo – 15% – 1 ano – 8,5
CBCC - não tinha rede para comparar – não mediu – 8,5
Fonte: LARC.

Como chegar lá

Para proporcionar uma rede de convergência IP totalmente segura, robusta e que


permita escalabilidade, é necessário um certo número de componentes tecnológicos
para a formação da infra-estrutura básica. Dependendo do nível de evolução da
adoção de IP dentro de uma determinada organização, alguns desses elementos-
chave podem já estar sendo utilizados. Uma abordagem que vem ganhando apoio
tanto de operadoras quanto de fornecedores de equipamentos é a oferta de uma
estrutura modular que pode ser rapidamente integrada ao ambiente em uso.

A montadora de automóveis sueca Volvo, por exemplo, converteu 16 mil usuários


para IP e novas conexões de teleworking foram geradas para 9 mil usuários, o que
contribuiu substancialmente para o limite mínimo de despesas e garantir mais
satisfação aos funcionários ao oferecer mais flexibilidade. A necessidade de uma
nova tecnologia IP é determinada pelo grau de utilização dos serviços IP
convergentes decididos pela organização.
Porém, há três maneiras de avaliar esta demanda:

*1.* Explorar – O que abrange o roll out dos serviços IP convergentes de toda uma
rede IP para um segmento limitado dos negócios ou grupo de pessoas. Por exemplo,
a abertura de uma filial ou centro de contato. Isso pode servir a um grande número
de propósitos. Para o CEO (Chief Executive Officer) e o CFO (Chief Financial Officer),
ela pode oferecer uma linha de base precisa para o cálculo do provável ROI e
justificar maior implementação. Para o CIO (Chief Information Officer), ela pode
ajudar a diferenciar a agitação do mercado da realidade. Uma pequena
implementação em uma infra-estrutura existente pode mostrar claramente quais
fornecedores são hoje capazes de oferecer os serviços IP convergentes.

Uma implementação limitada pode oferecer também elementos valiosos de avaliação


por parte do usuário usuário. Por exemplo, os usuários têm sido complacentes com a
qualidade do serviço de telefones móveis.
Então, uma implementação limitada pode ser utilizada para determinar o que seria
mais aceitável para os usuários: se uma taxa menor de 99,99% de qualidade em
comunicação de voz ou telefone IP integrado ao PC.

*2.* Migrar – Abrange a migração de partes da organização para serviços IP


convergentes, enquanto outras partes são mantidas na infra-estrutura de
comunicação já existente. As duas redes podem ser integradas em graus variáveis
ao longo do tempo e os exemplos incluem a integração das filiais utilizando a rede
WAN existente, que conduz o tráfego de dados, para também conduzir o tráfego de
voz. Ou ainda implementar uma única aplicação, como a mensagem unificada ou um
novo sistema de correio de voz, que se adapte à infra-estrutura em operação. Ambas
funcionam de maneira mais efetiva em um ambiente convergente, mas podem
começar a ser utilizadas em um cenário no qual voz e dados ainda são tratados de
maneira separada.

A abordagem da migração permite uma gradação das despesas em uma


organização. A filosofia passo a passo também permite à empresa tirar vantagem de
qualquer decréscimo nos preços e melhorias na funcionalidade, à medida que os
serviços IP convergentes forem ficando mais comuns. Um problema na abordagem
de migração é que ela pode requisitar um investimento para garantir que as seções
apropriadas da rede de dados sejam robustas o suficiente para conduzir o tráfego de
voz. Como mencionamos, é provável que sejam necessários upgrades na infra-
estrutura IP já existente antes que ela se torne apropriada para a condução de
tráfego de voz ou mesmo atenda às demandas do usuário por qualidade.

*3.* Substituir – É o caminho que requer maior comprometimento e geralmente é o


mais oneroso. A organização efetivamente começa de novo e faz o upgrade de toda
a infra-estrutura existente para IP. A construção de uma infra-estrutura totalmente
convergente geralmente custa de 5% a 15% a mais do que uma tradicional, sendo
que a maioria dos custos adicionais é decorrente da criação de uma rede redundante
capaz de oferecer confiabilidade e qualidade de serviço desejáveis. Apesar do custo
mais alto, a redução de despesas de serviço de manutenção de uma rede pública irá
resultar em economia significativa.

A abordagem correta depende do estado da infra-estrutura existente e da vontade


de mudar da organização. A melhor época para tentar a adoção dos serviços IP
convergentes é quando os objetivos de negócios estão fazendo os executivos
avaliarem as potencialidades de suas organizações.
Convergência

Módulo 7 - Segurança em redes convergentes

O módulo trata da segurança em redes convergentes de voz e dados, consideradas


mais vulneráveis por envolver tecnologias e aplicativos sem fio.

A convergência de mídias (voz, dados e imagens) e a crescente integração de redes


fixas e sem fio trazem grandes desafios de segurança para o universo corporativo.
Embora a proteção e a diminuição de risco sejam as principais preocupações em
todas as redes, o desafio é maior em infra-estruturas que abrangem novas
tecnologias e formas de comunicação. Como fazem parte de um cenário tecnológico
pouco conhecido e exigem acesso a múltiplas fontes de informação, os novos
aplicativos convergentes – como sistemas de mensagem unificados, telefonia IP e
acesso a Web por aparelhos de telefonia móvel são mais suscetíveis a fraudes,
interrupções e ataques de hackers.

Um estudo divulgado em 2003 pela Associação de Controle de Fraudes em


Comunicações, com sede nos Estados Unidos, calcula que a quebra da segurança de
sistemas e redes de computadores empresariais representa um prejuízo mundial de
cerca de US$ 35 bilhões ao ano. No Brasil, os ataques de hackers causaram perdas
de R$ 2 bilhões para o segmento corporativo, só em 2002. E os números tendem a
aumentar.

Uma das razões é a crescente utilização de sistemas de PABX IP e da tecnologia de


voz sobre IP (VoIP) em empresas com ambientes convergentes, o que vem atraindo
novamente o interesse de hackers para as redes de telefonia. Até então preocupados
unicamente em derrubar sistemas de dados, os invasores passaram a promover
ataques de negação de serviço (DoS) com o objetivo de controlar, e até mesmo
desligar, sistemas corporativos de PABX e de mensagem de voz. Como os novos
sistemas de telefonia convergentes operam em servidores de plataformas abertas
tradicionais e protocolos de conectividade Internet, os riscos de segurança e fraude
crescem, facilitando a tarefa dos hackers.

Mas é a integração entre redes de telefonia fixa e a infra-estrutura wireless, incluindo


celulares e redes locais sem fio (WLANs ou Wi-Fi), que vem chamando maior atenção
dos invasores, já que as infra-estruturas móveis sem fio com padrão 802.11
(hotspots) ainda são consideradas extremamente vulneráveis.

Para garantir a confiabilidade de suas redes convergentes de voz e dados, as


empresas precisam estabelecer políticas de segurança, implementar um bom sistema
de defesa de infra-estrutura, adotar planos de contingência e, acima de tudo,
gerenciar seus recursos tecnológicos de maneira eficaz – assegurando a integridade
do sistema e o acesso seguro às aplicações.
Política de segurança

O primeiro passo para evitar a ação de invasores em redes convergentes de voz e de


dados é implementar uma política de segurança que contemple a proteção de
privacidade dos usuários, a garantia de confidencialidade das informações e,
principalmente, o controle do acesso aos recursos essenciais de infra-estrutura. Nas
empresas, as invasões por simulação criminosa de códigos e senhas feitas por
hackers, empregados descontentes e outros intrusos podem ser evitadas – ou pelo
menos minimizadas – se as medidas de segurança estipuladas forem obedecidas.

Entre elas está a introdução de rotinas constantes de troca de senhas e a restrição


do número de tentativas de acesso desautorizado – se na terceira tentativa o usuário
não conseguir se logar na rede, a entrada será bloqueada. Outras medidas de
proteção aconselhadas são a eliminação de caixas de correio de voz inativas, a
substituição de códigos de testes utilizados pela equipe que instalou o sistema por
novas senhas e a instalação de programas antivírus.

Para os consultores do Robert Frances Group, o mais importante em qualquer


programa de segurança é informar os funcionários sobre os custos e perigos das
fraudes, além de mostrar como eles podem trabalhar na prevenção. Todos os
membros da corporação devem conhecer os procedimentos operacionais básicos
para atenuar as fraudes e violações no sistema: empregados devem ser
conscientizados de que precisam se desconectar da rede ao final do dia,
administradores devem se assegurar que as políticas de segurança estão sendo
seguidas, e o acesso remoto de funcionários à rede deve ser realizado por meio de
códigos de identificação ou tecnologias de cartão inteligente (smart card). Em geral,
o simples conhecimento do plano de segurança é o maior aliado contra fraudes no
sistema de telefonia e uso indevido pelos funcionários.

Implementação de sistemas de defesa

A implementação de um eficiente sistema de defesa deve ser iniciado pela avaliação


dos riscos de segurança e dos custos que eventuais invasões venham a causar. Os
testes emulam a ameaça apresentada por hackers e tentam levantar os
comprometimentos dos serviços da rede convergente, a fim de destacar suas
vulnerabilidades. Em seguida, devem ser calculados os prejuízos em potencial que a
empresa pode sofrer. O segundo passo é o desenvolvimento de uma arquitetura de
segurança que minimize as perdas físicas e materiais apontadas. E, para a sua
implementação, será necessário um modelo de gerenciamento de segurança efetivo.

As empresas precisam determinar os aspectos de proteção que serão centralizados,


a implementação de aspectos regionais ou departamentais de segurança, os métodos
para obter o financiamento e a maneira como as unidades de negócios se
responsabilizarão pelo projeto. O desenvolvimento desta etapa envolve
gerenciamento de risco, questões regulatórias, proteção de propriedade intelectual e
confidencialidade e segurança das aplicações de negócios.
A infra-estrutura de segurança de uma empresa é constituída de ferramentas,
tecnologias e táticas que são utilizadas para proteger o perímetro da rede e seus
recursos internos. Infelizmente, para os administradores de segurança de rede, cada
onda de novas tecnologias faz com que a arquitetura de segurança atual se torne
obsoleta. Aplicações distribuídas em redes locais e a inclusão de redes externas na
topologia das empresas fizeram com que a segurança corporativa fosse refeita.
Aplicativos móveis e conexões sem fio contornaram os firewalls e permitiram que
informações importantes fossem acessadas por aparelhos pendurados na cintura dos
funcionários.

Infra-estruturas de segurança tradicionais tentaram proteger o perímetro, mas os


recursos internos agora estão cada vez mais expostos ao acesso externo pelas novas
aplicações. Neste cenário de mudanças rápidas, as empresas precisam de um
modelo de segurança modular que contemple um núcleo fixo com camadas variáveis
e de uma infra-estrutura que inclua firewalls, detecção de invasão e prevenção,
proteção antivírus e filtro de conteúdo, segurança móvel e sem fio, encriptação e
gerenciamento de segurança de TI.

As empresas não podem obter retornos satisfatórios de seus investimentos em


planejamento de segurança e desenvolvimento de políticas específicas, sem executar
e implementar efetivamente o projeto. Um gerenciamento de segurança eficaz se
concentra em tecnologias operacionais e melhores práticas que mantenham um
acesso seguro a aplicações e recursos, e que assegure a integridade da configuração
e definição do sistema. As preocupações do gerente de segurança incluem avaliação
de vulnerabilidade, gerenciamento de identidade e acesso, configuração de
segurança e gerenciamento de caminho (path), e infra-estrutura de serviços web.

Planos de contingência

Com os constantes ataques de hackers, um plano de contingência que defina os


procedimentos e as tecnologias que irão assegurar o funcionamento de todos os
processos de negócios durante situações críticas também é de extrema importância.
Entretanto, até o final de 2003, as empresas brasileiras não se mostravam dispostas
a arcar com essas despesas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Gartner mostrava
que apenas 28% das empresas consultadas possuíam uma política de continuidade
dos negócios para ataques físicos, o que ressalta a vulnerabilidade a que estava
sujeitas.

Para assegurar a integridade da infra-estrutura de comunicação, as empresas


precisam realizar investimentos significativos em segurança, desde a aquisição de
antivírus e firewalls, a proteção de equipamentos de rede (cabeamento, roteadores,
hubs, switches, etc.) até a metodologia dos planos de contingência. Esse
investimento inclui ainda uma avaliação que anteveja o risco que as redes podem
sofrer com ataques e o custo de criação de um plano de contingência.
De maneira geral, situações de risco exigem funcionários de suporte bem treinados
para executar tarefas de emergência, simulação de situações e investimento em
meios de comunicação alternativos no caso de queda de rede de telefonia. Mudanças
recentes no ambiente regulatório, corporativo e de TI estão impulsionando a busca
por planos de contingência que não apenas protejam o sistema de intrusões, mas
que previnam esses ataques.

O desafio da segurança em redes sem fio

A convergência de redes fixas e sem fio, além do crescente uso de dispositivos


wireless, vem se apresentando como um verdadeiro desafio de segurança para as
empresas. Isso porque a tecnologia sem fio sofre os mesmos tipos de ameaça que os
sistemas conectados por cabo, mas em maior quantidade. Além disso, as ameaças
aos domínios sem fio estão evoluindo quase na mesma velocidade com a qual novos
aplicativos e tecnologias wireless surgem no mercado. Devido a sua sofisticação,
capacidade e flexibilidade, as tecnologias sem fio vem sendo adotadas com mais
entusiasmo pelas empresas, principalmente as redes locais sem fio (WLANs ou Wi-
Fi). Entretanto, essa infra-estrutura utiliza o padrão de comunicação 802.11
(hotspots), considerado vulnerável.

Para proteger grupos de pontos de acesso das redes locais sem fio, as empresas vêm
adotando gateways de segurança wireless que fornecem firewall, suportam
autenticação e criptografia. Outras alternativas são produtos que gerenciam a
largura de banda sem fio, mas que impõem restrições de qualidade de serviço sobre
o uso de largura de banda ou dos tipos de aplicação. Os gateways complementam
recursos de segurança existentes, como as redes privativas virtuais (VPNs) e os
diretórios utilizados para autenticar usuários Ethernet LANs e aplicações
empresariais.

De acordo com consultores do Robert Frances Group, as redes locais sem fio (WLAN)
estão perto de oferecer segurança aceitável para muitas aplicações empresariais. No
entanto, os requisitos de proteção para essas aplicações devem ser identificados e
atendidos. Além disso, as empresas precisam ser capazes de monitorar
continuamente suas redes WLAN a fim de detectar brechas de segurança e opções de
configuração de segurança impróprias. Todas os requerimentos de segurança da
rede devem ser atendidos, incluindo gerenciamento, configuração e monitoração.
Convergência

Módulo 8 - O futuro das redes convergentes

Este módulo aborda os aspectos tecnológicos e de mercado que vão fazer parte da
evolução das novas redes convergentes.

A convergência completa entre as tecnologias, padrões, dispositivos e aplicações


para redes de comunicação está mais próxima do que se imagina. As plataformas de
próxima geração, as NGNs (Next Generation Network), já permitem a oferta de
serviços inteligentes de transmissão de dados em banda larga, PABX IP e telefonia
sobre VPN IP (Virtual Private Network IP ou redes privadas virtuais). E os
fornecedores estão continuamente disponibilizando aplicações corporativas mais
sofisticadas.

Entre essas ofertas estão videochamada, videoconferência sobre IP e uma nova


geração de equipamentos e sistemas de mensagens unificadas, recurso que integra
os diversos canais, como telefone, e-mail e fax, em uma única caixa postal com
capacidade de gerenciamento de contatos. Na prática, as soluções permitirão que os
usuários acessem, gerenciem e respondam a todas as suas mensagens a partir de
um desktop, de um telefone ou de um PDA, virtualmente, em qualquer parte do
mundo.

Em poucos anos, as redes de telefonia móvel de quarta geração (4G) prometem


acelerar ainda mais a transmissão de voz, dados e imagens a velocidades superiores
a 100 Mbps, garantindo qualidade na transferência de arquivos de e-mail, áudio
stream e transmissão de vídeo por celulares. E o que é melhor, comparadas às
plataformas independentes, as infra-estruturas convergentes representam um
enorme potencial de redução de custos e operação das redes, que são uma
preocupação constante em ambientes corporativos.

Integração e evolução

Para os estudiosos do setor, o novo cenário convergente só será possível com a


integração entre diversas redes, como as locais sem fio (WLANs) – também
conhecidas como redes Wi-Fi (wireless fidelity) -, as pessoais (PANs), as corporativas
de longa distância (WANs) e as de telefonia fixa e móvel. Essa fusão tecnológica
permitirá que celulares com recursos Wi-Fi trafeguem voz, dados e vídeo
diretamente entre as redes móveis públicas e as redes locais wireless das
corporações, de maneira imperceptível para o usuário.

A migração das redes convencionais de circuitos para as infra-estruturas de nova


geração passa pela implementação de softswitches, capazes de realizar o controle da
infra-estrutura, e de dispositivos media-gateways para a interligação das redes de
voz e dados existentes. Assim, pode ser possível eliminar a camada de trânsito nas
redes de telefonia e aumentar a oferta de diversas aplicações multimídia.
Nas redes convergentes, as tecnologias Ethernet, Fast Ethernet e Giga Ethernet
serão utilizadas como interfaces de acesso por meio da implementação de estruturas
SDH-NG, que servirão também para o tráfego legado (Frame Relay, ATM, TDM etc.).
O objetivo é atender ao crescente tráfego IP das corporações, proporcionando maior
flexibilidade e menores custos para os clientes.

No caso das WLANs, os pontos de acesso público a rede, os hotspots, muitos ainda
baseados no padrão 820.11b (com velocidade de até 11 Mbps), serão substituídos
por dispositivos no padrão 802.11g, capazes de trafegar dados a 54 Mbps na
freqüência de 2,4 GHz. Ao mesmo tempo, os links Wi-Fi de médio alcance (até 120
metros) vão permitir o acesso em banda larga aos sistemas corporativos e à Internet
por meio de telefones celulares, PDA’s e notebooks.

A Intel, que impulsionou o crescimento do segmento de WLAN´s com a


disponibilização da plataforma Centrino – que inclui processador, chipsets e recursos
de rede sem fio integrados -, participa ativamente da montagem de redes
metropolitanas WiMAX, um padrão complementar do Wi-Fi destinado a universalizar
a banda larga sem fio.

O próximo passo

No Brasil, as tecnologias em uso comercial mais avançadas na categoria WAN - links


de longo alcance que conectam usuários móveis a redes corporativas pelo aparelho
celular – são o CDMA 1xRTT e o GSM/GPRS, cujas taxas médias de transmissão
variam entre 30 Kbps e 40 Kbps. De forma mais incipiente, já são utilizados padrões
mais avançados, como CDMA 1xEV-DO, com transmissão de dados de 2,4 Mbps, e o
GSM/EDGE, que atinge 384 Kbps. Ambos devem avançar e disputar o posto de
plataforma-padrão para os próximos anos.

A utilização da tecnologia óptica de acesso remoto Metro Ethernet Networks em


WANs no ambiente corporativo pode representar um aumento na velocidade de
transmissão de dados de 50 Kbps para 10 Mbps, com alcance de cinco quilômetros.
No caso das redes sem fio, a utilização da tecnologia WiMax (Worldwide
interoperability for Microwave Access) poderá ampliar a distância de acesso para 15
quilômetros no espectro de freqüências de 2 GHz a 11 GHz.

No mercado residencial, a adoção do novo padrão conhecido como ZigBee (802.15.4)


possibilitará, em um futuro próximo, o gerenciamento a distância de geladeiras,
televisores e câmeras digitais, que estarão conectados à Internet. Os chips serão
encontrados ainda em controles de luz, detectores de fogo e incêndio, termostatos,
controles remotos de áudio e vídeo e sistemas de segurança.
Já a evolução de protocolos de comunicação entre dispositivos móveis de curto
alcance, como o Bluetooth, para tecnologias de baixo consumo como o UWB (banda
ultralarga – IEEE 802.15.3), capaz de trafegar dados a 500 Mbps entre
equipamentos distantes até 30 metros, pode ajudar na formatação de um novo
cenário. Tanto o ZigBee, como o UWB e o Bluetooth (o IEEE 802.15.1) constituem a
família dos PANs.

Voz e dados integrados

Para os especialistas, a tecnologia IP em WANs não vai derrotar outras aplicações já


consolidadas no mercado, mas sua crescente adoção pelas operadoras mostra que as
VPNs IP levarão o Frame Relay/ATM – ainda predominante – ao desuso. Com custos
reduzidos, as novas plataformas oferecem flexibilidade de configuração, a sonhada
transmissão de aplicações convergentes de dados, voz e imagens, e a garantia de
priorização de tráfego conquistada a partir de configurações feitas em MPLS
(Multiprotocol Label Switching).

Um estudo realizado pela Infonetics Research, no mercado norte-americano, mostrou


que o avanço do IP sobre as redes de longa distância nos últimos anos fez com que a
oferta de produtos convergentes de próxima geração para redes VPN IP crescesse
31%, só no quarto trimestre de 2003, totalizando US$ 338 milhões. A previsão é de
que o faturamento anual do segmento aumente 305% entre 2003 e 2007, chegando
a US$ 5 bilhões no final desse período, o que representa uma taxa de crescimento
anual composta de 42%. Ainda que as atenções estejam voltadas para as redes IP
multisserviços, que oferecem vídeo sob demanda, o carro-chefe dessa escalada são
as soluções de voz sobre IP (VoIP).

Outra pesquisa feita pelo IDC (International Data Corporation) aponta que o
crescimento da oferta soluções convergente com tecnologia IP no mercado brasileiro
vai saltar de 2% em 2002 para 10% em 2007, um incremento composto de 27% a
30% ao ano.

Evolução da mobilidade

No caso das redes de telefonia celular, os sistemas de quarta geração (4G) são a
grande promessa para os próximos anos. Utilizando tecnologias de transmissão em
banda larga, baseadas no protocolo IP e com suporte para sistemas de comunicação
convergentes, as redes 4G poderão transmitir dados com velocidade de até 100
Mbps, muito superior ao alcançado pelos serviços 3G, que variam de 384 Kbps a 2.4
Mbps. O grande problema, entretanto, ainda é a falta de especificação técnica da
União Internacional de Telecomunicações (ITU) sobre esse novo padrão.

Além disso, as prestadoras de serviços 3G ainda não possuem um modelo de


negócios que agrade ao mercado e consiga aumentar a utilização dos serviços de
dados móveis no curto prazo. O problema não está nas deficiências técnicas, mas
sim na falta de interesse dos usuários por serviços tão sofisticados.
Na Europa, um dos maiores mercados de telefonia móvel, a oferta de soluções de
transmissão de dados com alta velocidade e até mesmo de TV móvel é grande,
porém as aplicações 3G continuam representando uma pequena parcela no
faturamento das operadoras da região. Para se ter uma idéia, os serviços de
mensagem de texto (SMS), existentes há mais de dez anos, têm uma participação
total nas receitas do tráfego de dados das companhias de celular que varia entre
10% e 15%. Em casos de extremo sucesso, chega a 20%. Até no pioneiro Japão, a
adoção de serviços 3G está aquém do esperado. A rede FOMA, da operadora
japonesa NTT DoCoMo, baseada na tecnologia WCDMA, só alcançou o primeiro
milhão de assinantes um ano após a sua entrada em operação, em outubro de 2002.
No Brasil, a situação é ainda mais complicada. Os usuários de telefonia móvel só
conheceram ferramentas como o SMS há relativamente pouco tempo e os
investidores – que ainda não viram o retorno dos aportes feitos em 2G – não estão
dispostos a aplicar em serviços mais sofisticados, principalmente após as tentativas
de acesso à Internet via WAP. Além disso, a maioria das linhas móveis instaladas no
País são de pré-pagos, modalidade cuja receita média por assinante (ARPU) é
reduzida e não estimula novos investimentos, como aponta a consultoria Yankee
Group. Para abrir caminho para os serviços 4G, as operadoras de celular brasileiras
terão de colocar os pés no chão e encontrar formas de transformar os usuários pré-
pagos em clientes lucrativos.

Mudança nos serviços corporativos

Eficientes para a melhoria dos negócios das operadoras, reduzindo custos de


administração e ampliando a capacidade de oferta de serviços, as redes NGN são um
bom negócio também para as corporações. O Yankee Group realizou uma pesquisa
com 300 empresas brasileiras de médio e grande porte para saber se elas
planejavam integrar voz e dados. O resultado foi que 42% das corporações já
implementaram ou estão em processo de instalação; 14% afirmaram que vão adotar
a convergência em um ano; 21% pretendem implementar em 24 meses; e apenas
24% não têm planos.

A idéia por trás das Next Generation Networks (NGNs) é simplificar o complexo
ambiente das telecomunicações: transportar toda a informação – conversas
telefônicas, vídeo, arquivos, e-mails, entre outras – que corre pela rede em pacotes
digitais baseados em IP. Uma forma das operadoras não precisarem mais separar
cada parte de sua infra-estrutura física para prestar um determinado tipo de serviço,
como telefonia ou transmissão de dados.

No mercado convergente, os maiores desafios tecnológicos encontrados hoje ainda


são a inexistência de redes cabeadas totalmente ópticas até o usuário final (última
milha), o que impossibilita o aproveitamento de todas as vantagens oferecidas pela
fibra óptica, e a lentidão e falha de cobertura das infra-estruturas sem fio, que
causam oscilação no tráfego entre as redes e vulnerabilidade na troca de
informações. Assim que as deficiências forem solucionadas, o desenvolvimento das
novas tecnologias, já em ascensão, deverá experimentar um crescimento expressivo,
resultando na disponibilização de uma série de novos aplicativos.

Das könnte Ihnen auch gefallen