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Cultivo tropical de fruteiras 17

Acerola

Rogério Ritzinger1
Cecília Helena Silvino Prata Ritzinger2

Resumo - A acerola é uma fruta tropical rica em vitamina C. Encontrou no Brasil condi-
ções edafoclimáticas favoráveis ao seu cultivo, com destaque para as Regiões Nordeste e
Sudeste. É uma cultura atraente sob o ponto de vista da crescente demanda do produto
nos mercados interno e externo, precocidade do início de produção, possibilidade da
ocorrência de várias safras ao longo do ano e sem problemas limitantes de pragas e
doenças até o momento. A produtividade e a qualidade dos frutos têm-se aprimorado
com a seleção e a recomendação de variedades melhoradas por instituições de pesquisa
e universidades. Da mesma forma, já existem informações suficientes relativas a pro-
pagação, tratos culturais e manuseio da colheita e pós-colheita, para que os produtores
de acerola estabeleçam seus pomares de forma adequada e organizada. As indústrias
de processamento absorvem a maior parte da produção brasileira, na forma de polpa
congelada e suco pasteurizado.

Palavras-chave: Malpighia sp. Fruta tropical. Variedade. Trato cultural. Doença. Praga.
Propagação vegetativa. Pomar. Vitamina C.

INTRODUÇÃO Regiões Norte e Sudeste, também vêm-se disso, a acerola é rica em antioxidantes,
destacando na produção de acerola. como a vitamina C e a antocianina (pig-
A aceroleira é uma frutífera nativa das
A maior parte da produção brasileira mento de coloração vermelha presente na
Ilhas do Caribe, América Central e Norte
de acerola é absorvida pelas indústrias de casca), e é um alimento de baixo valor ca-
daAmérica do Sul. O Brasil é um dos pou-
processamento e exportada para diversos lórico, características que têm valorizado o
cospaíses que cultivam comercialmente a
países da Europa, Japão, Estados Unidos e produto no mercado e provocado aumento
acerola,que foi, inicialmente, introduzida de consumo.
Antilhas, na forma de polpa ou frutos con-
noestadode Pernambuco, pela Universida-
gelados e suco integral (BLISKA; LEITE, No estado de São Paulo, na região da
deFederalRural de Pernambuco (UFRPE), Alta Paulista (Dracena e Junqueirópolis),
1995). Estima-se que, em 2003, tenham
em 1955, por meio de sementes oriundas sido processadas 10 mil toneladas de frutos a cultura da aceroleira tem prosperado
de Porto Rico, de onde se espalhou para de acerola pelas indústrias baianas, dentre graças à adoção da agregação de valor
o Nordeste e para outras regiões do País. as quais a Utiara, Brasfrut, Companhia de como saída para aumentar a produção e
Atualmente, é cultivada em todos os Esta- Cítricos do Brasil- Cajuba (CCB-Cajuba) os rendimentos dos produtores de acerola.
dos brasileiros, com limitações na Região e outras de menor porte. Assim, além dos produtos como sucos
Sul por suas temperaturas extremamente Atualmente, o aumento da demanda do e polpas tradicionais, são desenvolvidos
baixas no inverno. produto nos mercados interno e externo outros tipos de sucos (à base de soja, por
É cultivada comercialmente, no Brasil, vem estimulando a formação de novos exemplo) e pesquisados novos produtos,
desde meados dos anos 80, principalmente plantios, havendo condições para um cres- como xampus, cremes e gomas de mascar.
no Nordeste, com destaque para os estados cimento sustentável, considerando que os A conscientização dos produtores sobre a
de Pernambuco, Paraíba, Bahia e Ceará produtores mostram-se mais informados, necessidade de organizar a cadeia produtiva
(CODEVASF,2003). Outros Estados, como conscientes e capacitados para a condução da acerola, procurando adequar a produção
Pará,São Paulo e Minas Gerais, situados nas dos cultivos em bases comerciais. Além com a demanda das indústrias, também

1Engº Agr", Ph.D., Pesq. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas-BA. Correio
eletrônico: rogerio@cnpmjembrapa.br
2Engº Agr", Ph.D., Pesq. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas-BA. Correio
eletrônico: cecilia@cnpmjembrapa.br

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tem contribuído para a evolução da cultura. e cinco pétalas f:anjadas, cuja coloração As plantas selecionadas devem apre·
(AGÊNClAPAULISTADE TECNOLOGlA varia, entre genótipos, de branca a diferen- sentar elevada produção de frutos, sendo
DOS AGRONEGÓCIOS, 2007). tes tonalidades de rosa. Ainda, apresenta estes de tamanho médio a grande e com
dez estames, três estiletes, três carpelos alto conteúdo de suco, ricos em vitamina C
SISTEMÁTICA E DESCRiÇÃO unidos, formando um ovário globular, sú- (acima de mil mg de ácido ascórbico/IOOg
BOTÂNICA pero, triloculado, cada lóculo contendo um de polpa), de casca vermelha, grossa e polpa
óvulo. É característica do cálice a presença firme, visando resistir a danos mecânicos
A aceroleira pertence à família
de duas glândulas grandes em cada sépala, durante a colheita e o transporte. Além dis·
Malpighiaceae, gênero Malpighia. Esta
localizadas na parte basal externa (JOLY, so, os mercados europeu e japonês exigem
família possui cerca de 63 gêneros e 850
1983). Os grãos de pólen da aceroleira são acerola com teor de sólidos solúveis totais
espécies, das quais cerca de 30 espécies
amarelos, pegajosos, não dissemináveis mínimo equivalente a 7,0 °Brix (Europa) e
fazem parte do gênero Malpighia, com
pelo vento, sendo a polinização dependente 7,5 °Brix (Japão). Para consumo fresco, os
ocorrência principalmente nas regiões
de insetos polinizadores nativos como abe- frutos devem, preferencialmente, apresen·
tropicais do continente americano (JOLY,
lhas do gênero Centris spp. A viabilidade tar sabor agradável, com elevada relação
1983; NAKASONE; PAULL, 1998).
do pólen pode variar de 10% a 90%, a sólidos solúveis/acidez (superior a 10). O
A classificação botânica da aceroleira
depender do genótipo. hábito de crescimento da planta é variável
é ainda um assunto bastante controver-
Os frutos são drupas tricarpeladas, com entre genótipos, sendo que alguns produ·
tido. Os nomes Malpighia glabra L., M
epicarpo (casca) fino, mesocarpo (polpa) tores preferem o tipo globular e aberto. O
punieifolia L. e M emarginata D.e. são
carnoso e suculento, e endocarpo constitu- tipo ereto permite maior adensamento de
comum ente utilizados para designar a ace-
ído de três caroços triangulares, alongados, plantas, requerendo podas para diminuir a
roleira. Entretanto, estudos do Herbário de
com textura de pergaminho e superficie altura das plantas e forçar um maior desen-
Linnaeus e de outras fontes demonstraram
volvimento de ramos laterais.
reticulada, podendo ou não conter uma
que M glabra e M punieifolia referem-se a Nas últimas décadas, inúmeras varieda·
uma mesma espécie, distinta da aceroleira, semente cada. A forma do fruto pode ser
redonda, oval ou achatada, e o peso pode des de acerola têm sido recomendadas para
que produz frutos pequenos, insípidos e
variar de 3 a 16 g. A superficie do fruto pode plantio. No Vale do Rio São Francisco, nos
sem muito suco. A aceroleira, tal como estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambu-
ser lisa ou apresentar, entre os carpelos,
é conhecida atualmente, corresponde à
sulcos rasos ou profundos. A cor da casca co e Sergipe destacam-se as variedades Flor
espécie M emarginata D.C, conforme Branca, Okinawa e Sertaneja (Fig. 1). Esta
Alves e Menezes (1995), o que, é confir- do fruto imaturo normalmente apresenta-se
última foi lançada, em 1998, pela Embrapa
verde, podendo também ser alvacenta ou
mado pelo Intemational Board of Plant Semiárido, como resultado de um programa
verde-arroxeada. Em frutos maduros, a cor
Genetic Resources (IBPGR), que, a partir de seleção de genótipos superiores para
da casca pode variar de vermelho-amare-
de 1986, adotou essa denominação de áreas irrigadas do Nordeste. Em São Paulo,
lada, vermelho-alaranjada ou vermelha a
espécie (INTERNATIONALBOARD OF na região de Junqueirópolis, é cultivada a
vermelho-púrpura. A cor da polpa pode ser
PLANT GENETIC RESOURCES, 1986). variedade Olivier, selecionada em plantio
amarela, alaranjada ou vermelha. As semen-
De acordo com a descrição de Araújo e de produtor. Na coleção de germoplasma da
tes são pequenas, monoembriônicas, não
Minami (1994), a aceroleira é uma planta Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,\
albuminadas, apresentando, na extremidade
arbustiva de hábito de crescimento que em Cruz das Almas, esta variedade tem-se
mais estreita, uma pequena saliência, que é
varia de prostrado a ereto, com copa aberta mostrado muito suscetível à Corynespora
a radícula embrionária. A acerola apresenta
ou compacta, que pode chegar a 2,5 - 3,0 m sp., que causa grande desfolhamento nas
de altura, quando adulta. A casca do caule baixa produção de sementes viáveis, sendo
plantas e lesões nos frutos.
que, em geral, a quantidade de caroços com
e dos ramos é levemente rugosa, de cor Atualmente, no Brasil, há demanda
sementes varia de 20% a 50%.
marrom em ramos jovens e acinzentada por novas variedades com boas caracte-
no caule e ramos mais velhos. As folhas rísticas agronômicas para processamento e
VARIEDADES
são simples, inteiras, opostas, de pedolo consumo ao natural, o que tem estimulado
curto e forma que varia de oval a eIíptica. Para o desenvolvimento de variedades programas de melhoramento com a cultura
Folhas e ramos jovens apresentam ligeira tem sido utilizada a grande variabilida- em diversas instituições de pesquisa. Como
pilosidade, que causa irritação na pele. de genética, observada entre plantas de resultado, foram lançadas as variedades
As flores, dispostas em pequenos ca- acerola oriundas de semente, associada Cabocla e Rubra pela Embrapa Mandioca
chos pedunculados, surgem na axila das à clonagem, via propagação vegetativa, e Fruticultura Tropical, em 2002 e 2004,
folhas de ramos novos ou em esporões daqueles genótipos que reúnem maior nú- respectivamente, e as variedades Apodi,
laterais após surtos de crescimento vegeta- mero de características agronomicamente Cereja, Roxinha e Frutacor pela Embrapa
tivo. São hermafroditas, com cinco sépalas desejáveis. Agroindústria Tropical, em 2003.

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Figura1 - Variedades de frutos da acerola


NOTA: A - Okinawa; B - Sertaneja.

EmCruz das Almas, as variedades Apo- (acima de 80%), quando associada a altas
di, Cereja,Frutacor, Okinawa e Sertaneja temperaturas (acima de 25°C), pode fa-
foramas que apresentaram o maior teor de vorecer a ocorrência de doenças fúngicas,
vitaminaC, superior a 1.600 mg/l 00 g de a exemplo da antracnose (Colletotrichum
polpaem um estudo comparativo sobre a sp.) (Fig. 2) e da verrugose (Sphaceloma
qualidadedos frutos. sp.), conforme Couceiro (apud TEIXEIRA;
AZEVEDO, 1995).
CLIMA E SOLO Adequada disponibilidade de água
Por sua rusticidade, a aceroleira durante o ano é fundamental para que a
desenvolve-sebem, tanto em climas tropi- aceroleira cresça e produza bem. Preci-
caiscomo subtropicais. Nakasone e Pau 11 pitações que variam entre 1.200 e 2.000
(1998)mencionam que temperaturas entre mm, bem distribuídas ao longo do ano,
15°Ce 32°C favorecem o crescimento da são consideradas ideais, contribuindo
aceroleira,sendo que Teixeira e Azevedo para maior produção e melhor qualidade
(1995)recomendam seu cultivo comercial dos frutos (ARAÚJO; MINAMI, 1994;
para localidades com temperatura média NAKASONE; PAULL, 1998; TEIXEIRA;
anualacima de 20°C ou temperatura mé- AZEVEDO, 1995).
dia do mês mais frio acima de 14 oCoEm Em regiões com precipitações anuais
períodosfrios, com temperaturas noturnas inferiores a 1.200 mm, ou quando as
de 10°C a 15°C, ou secos, o desenvolvi- precipitações são sazonais, é comum a
mento da planta permanece estacionário ocorrência de déficit hídrico (TEIXEIRA;
(NAKASONE;PAULL, 1998). AZEVEDO, 1995), sendo necessária a
Por causa das temperaturas mais ele- complementação do suprimento natural
vadas, a vegetação, o fiorescimento e a de água com irrigação. Nestas condições,
frutificação da aceroleira normalmente apesar de a planta de acerola ser conside-
concentram-se na primavera e no verão, rada bastante resistente à seca, suportando
de modo quase contínuo, desde que haja períodos com acentuadas deficiências
disponibilidade de água. hídricas, conforme observado por Teixeira
Plantiosde acerola ocorrem em regiões e Azevedo (1995), verificam-se sintomas
comalta e baixa umidade relativa do ar, não de enrolamento das folhas, secamento dos Figura 2 - Sintomas de antracnose
sendoeste um fator limitante para a cultura. ponteiros ou ramos novos, crescimento NOTA: Figura 2A - Muda de aceroleira.
Noentanto,umidade relativa do ar elevada reduzido, ftoração comprometida (ausência, Figura 2B - Fruto.

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retardamento, menor intensidade e queda tividade e qualidade dos frutos. Por isso, de solo, e consequentemente proporciona
da floração), redução no tamanho dos frutos sua utilização é recomendável apenas na maior firmeza às plantas, tomando-as mai\
e, consequentemente, no rendimento da formação de porta-enxertos e híbridos em tolerantes a estresses hídricos. A enxertia
produção. programas de melhoramento. A produção deve ser realizada quando o porta-enxerto
A aceroleira é adaptada a regiões de de mudas das variedades comerciais deve atingir o diâmetro aproximado de um
baixas altitudes, especialmente aquelas ser feita por propagação vegetativa, com lápis (7 mm) a uma altura de 15 a 20 em
situadas ao nível do mar (NAKASONE; destaque para a enxertia e estaquia, que da superfície do solo. O método mais
PAULL, 1998), embora apresente bom possibilita a manutenção fiel das suas utilizado é o de garfagem em fenda-cheia.
desenvolvimento até altitudes em tomo de característi cas. Os garfos devem ser semilenhosos, com
800 m (ARAÚJO; MINAMl, 1994). Em A propagação por sementes é feita três a quatro gemas, isentos de pragas e
altitudes mais elevadas, a produtividade em caixas de madeira, plástico ou isopor doenças e coletados de plantas-matrizes
diminui em função da ocorrência de baixas contendo um substrato poroso, bem dre- das variedades selecionadas. Para que a
temperaturas. nado, geralmente constituído por areia enxertia seja bem-sucedida é importante
Os ramos da aceroleira, nos pontos de lavada e vermiculita na proporção de 1:1. que os garfos tenham o mesmo diâmetro
inserção nos caules, apresentam grande As sementes devem ser retiradas de frutos dos porta-enxertos na região da enxertia.
fragilidade. Ventos fortes e contínuos po- maduros, lavadas para a retirada da casca e Sob condições adequadas, espera-se pega·
dem causar a quebra de ramos primários polpa, e secas à sombra. Considerando que mento superior a 90%. A muda deve estar
e secundários e, em casos extremos, o a presença de sementes viáveis nos caroços apta para plantio no campo cerca de 60a
tombamento da planta, principalmente no é baixa, entre 20% e 50%, recomenda-se 90 dias após a enxertia.
caso de mudas obtidas por estaquia, em semear uma grande quantidade de caroços. Pelo método de estaquia, as mudas são
razão do menor desenvolvimento de seu A semeadura pode ser feita em linhas ou produzidas mediante o enraizamento de
sistema radicular (ARAÚJO; MINAMI, espalhando as sementes ao acaso sobre o estacas, que podem ser herbáceas, semile·
1994; NAKASONE; PAULL, 1998). Além substrato. Em seguida, estas devem ser nhosas ou miniestacas (estacas herbáceas
disso, nessas condições é comum a queda cobertas com uma camada de 1,0 cm de apicais de 2 a 4 cm de comprimento). A
de flores e frutos, implicando em redução substrato e colocadas em local sombreado. miniestaquia apresenta a vantagem de
na produtividade. O início da emergência das plântulas ocor- rápida obtenção de propágulos, em grande
A aceroleira é muito exigente quanto re duas a três semanas após a semeadura, quantidade, ocupando pouco espaço.
à insolação (ARAÚJO; MINAMI, 1994), sendo repicadas para sacos de polietileno As estacas devem ser coletadas durante
sendo que a radiação solar influencia bas- preto contendo o substrato de crescimento, o período de crescimento vegetativo, de
tante a produção de vitamina C pela planta. quando apresentarem de dois a três pares preferência no turno da manhã, e apresen·
Desenvolve-se bem em quase todos os tipos de folhas. Plantas com 25 a 40 cm de tarem-se túrgidas. Devem conter algumas
de solos, desde que sejam bem drenados. altura estão aptas à enxertia ou plantio no folhas e ser plantadas imediatamente, em
Devem-se evitar solos muito argilosos, que campo, após devidamente aclimatadas à caixas ou bandejas, contendo substrato
apresentem maior capacidade de enchar- luz solar direta. poroso, em geral areia lavada e vermiculita
camento e baixa capacidade de aeração, A enxertia apresenta como vantagem na proporção de 1: 1. A base das estacas
e solos muito arenosos, que apresentem em relação à estaquia a combinação de pode ser tratada com reguladores de cres-
baixa capacidade de retenção de água e dois genótipos com características distin- cimento como o ácido indolbutírico (AIE),
maior possibilidade de infestação de nem a- tas em uma única planta, buscando-se na visando acelerar a emissão de raÍzes, sendo
toides. É importante que os solos tenham variedade-copa caracteres relacionados que os melhores resultados foram obtidos
profundidade mínima efetiva de 1,00 a com a produção, qualidade de fruto e em concentrações de 2.000 a 2.800 ppm
1,20 m, livres de pedras, camadas pouco (ALVES et aI., 1991; GONTIJO et aI.,
conformação da planta, e na variedade
permeáveis e variações do lençol freático. porta-enxerto caracteres relacionados 2003). É importante que as estacas fiquem
com o vigor, a tolerância a nematoides em ambiente com luminosidade reduzida
PROPAGAÇÃO (telados com sombrite a 50% ou ripados),
do gênero Meio idogyn e, a resistência à
A aceroleira pode ser propagada por via antracnose e à cercosporiose, a elevada fresco e saturado de umidade, o que pode
sexual (sementes) e por via assexual (en- produção de frutos, a germinação das ser obtido mediante um sistema de irrigação
xertia e estaquia). Embora muitos plantios sementes e/ou enraizamento de estacas. por nebulização intermitente ou cobrindo
têm sido formados a partir de sementes no Além disso, porta-enxertos propagados completamente as caixas ou bandejas com
Brasil, este método de propagação pro- via semente apresentam sistema radicular sacos plásticos transparentes. O enraiza-
porciona grande desuniformidade entre mais vigoroso, pivotante, que penetra mais mento das estacas ocorre no período de 40
plantas, com reflexos negativos na produ- profundamente, explorando maior volume a 60 dias, sendo que a eficiência do enrai-

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zamentovaria conforme o genótipo. Após o colo da planta (região de transição entre o TRATOS CULTURAIS
enraizamento,as estacas são transplantadas sistema radicular e o caule) fique no mesmo
Nos plantios de acerola, o controle
paratubetes ou sacos plásticos contendo o nível ou um pouco acima da superfície
de plantas daninhas tem o objetivo prin-
substratode crescimento. do solo (GONZAGA NETO; SOARES,
cipal de evitar que estas prejudiquem o
1994). Outros cuidados incluem compactar
desenvolvimento da aceroleira. Além
IMPLANTAÇÃO DO POMAR o solo em torno da muda para não deixar
disso, contribui para o controle preven-
vácuos ou ocos, fazer uma bacia em volta
As mudas devem ser adquiridas de tivo de pragas e doenças (considerando
viveiristascredenciados, idôneos, que pro- da muda e colocar cobertura morta. Logo
que plantas daninhas podem-se constituir
duzammudas de boa qualidade, livres de após o plantio, a muda deve ser regada
hospedeiros), e facilita a circulação na área
pragase doenças e confiáveis com relação abundantemente com 10 a 20 L de água.
para realização das atividades de colheita,
à procedênciado material botânico utilizado
Se não chover nos dias subsequentes ao
manejo da irrigação, fertilização e podas
na propagação. As mudas encontram-se plantio, deve-se continuar com as regas.
(GONZAGA NETO; SOARES, 1994).
prontaspara o plantio, quando estiverem O espaçamento do pomar é escolhido
O controle de plantas daninhas pode ser
com altura de 25 a 40 cm (GONZAGA em função do manejo a ser adotado (meca-
manual, químico ou mecânico.
NETO; SOARES, 1994). Nesta ocasião, nizado ou não), do porte da variedade (ereto
Segundo Musser (1995), o plantio de
é fundamental que estejam devidamente ou globular) e da maior ou menor fertilidade
culturas intercalares como mamão, mara-
aclimatadas, para evitar danos causados do solo. Os espaçamentos mais utilizados
cujá, feijão, batata-doce, milho e mandioca
pela insolação. Esta prática é efetuada variam de 4,0 x 3,0 m a 6,0 x 4,0 m, com
é uma alternativa para reduzir os custos
aindano viveiro, consistindo na remoção densidades de 833 a 416 plantas/hectare,
com o controle de plantas daninhas, obter
gradualdo sombreamento, que, durante o respecti vamente. Podem ser uti Iizados
renda suplementar, além de proteger o
períodode formação da muda, deve ser da espaçamentos mais adensados na linha de
solo contra a erosão, nos primeiros anos
ordemde 50%, a depender da intensidade plantio, de forma que se obtenha uma maior
do pomar de acerola. O plantio, nas entre-
localda insolação. Por ocasião da aclimata- produtividade nos primeiros anos do pomar.
linhas, de espécies que servem de adubo
ção,três a quatro semanas antes do plantio Entretanto, pode haver necessidade da eli-
verde, especialmente leguminosas como
definitivo no campo, o sombreamento minação posterior de plantas alternadas na
o feijão-de-porco, é uma alternativa a ser
deveser reduzido gradativamente até sua fileira, para reduzir a concorrência entre elas
considerada. O uso de cobertura morta nas
eliminaçãototal. (ARAÚJO; MINAMI, 1994; GONZAGA
NETO; SOARES, 1994). linhas de plantio é recomendado por Naka-
O plantio deve ser feito preferen-
É aconselhável proceder à irrigação, sone e Pau li (1998), especialmente em
cialmente no início ou durante a estação
quando as condições climáticas locais solos arenosos, onde nematoides são um
chuvosa, para facilitar o pegamento e o
apresentarem limitações relacionadas problema frequente. Dentre as vantagens
desenvolvimento da muda (ARAÚJO;
com baixos índices pluviométricos (infe- que a cobertura morta proporciona, mere-
MINAM1, 1994). Porém, com a possibi-
riores a 1.200 mm). A irrigação pode ser cem destaque a conservação da umidade
lidadede irrigação, pode-se realizá-Io em
realizada por aspersão ou sulcos. Araújo e no solo, a diminuição de danos causados
qualquerépoca do ano, exceto no inverno,
Minami (1994) recomendam o emprego por nematoides, o controle de plantas
em locais com temperaturas inferiores a
15°C. Gonzaga Neto e Soares (1994) re- de um sistema eficiente de drenagem em daninhas, a regulação da temperatura do
comendamque as mudas sejam plantadas, terrenos sujeitos a encharcamento. Tam- solo e a incorporação de matéria orgânica.
sempre que possível, em dias nublados bém, para áreas com declividade superior A poda da aceroleira está associada ao
ou nas horas mais frescas do dia, a fim a 5%, recomendam a adoção de práticas sistema de condução adotado para a cultura
de aumentar o pegamento. O plantio das conservacionistas, como plantio em curvas e visa formar uma planta com arquitetura
mudas pode ser feito em sulcos ou covas. de nível e construção de terraços. Além que facilite capinas, adubações e, princi-
No caso de sulcos, estes devem ter uma disso, cabe mencionar que a aceroleira é palmente, a colheita dos frutos. É também
profundidade de 0,40 a 0,60 m. Se forem muito exigente quanto à insolação, sendo uma ferramenta auxiliar no controle de
abertas covas, estas devem ter as dimen- contraindicados locais sombreados, frios pragas e doenças.
sões de no mínimo 0,40 x 0,40 x 0,40 m e pouco arejados. A poda de formação objetiva originar
e, dependendo do tipo de solo, podem O plantio intercalado de variedades de uma planta com copa baixa, em forma de
chegar a 0,60 x 0,60 x 0,60 m (ARAÚJO; acerola compatíveis é recomendado por vaso aberto, com três a quatro ramos prin-
MINAMI,1994). Knight e Campbell (1993), com o obje- cipais (pernadas), dispostos simetricamen-
O plantio é feito removendo o vasilha- tivo de aumentar o vingamento de frutos, te e em diferentes alturas da haste principal,
me (tubetes, sacos plásticos) e colocando por favorecer a polinização cruzada entre entre 30 e 50 cm de altura, segundo Musser
a muda no centro da cova de forma que o genótipos diferentes. (1995), e de 60 a 90 cm de altura, segundo

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Nakasone e Paul! (1998). As pemadas, por mencionam que a adubação nitrogenada e onde há limitação de água, a irrigação lo-
sua vez, devem ser podadas a 50 ou 60 cm a fosfatada são essenciais para o desenvol- calizada (gotejamento ou microaspersão
do tronco principal (GONZAGA NETO; vimento das plantas e produção de frutos. é a mais adequada, por ser mais eficiente
SOARES, 1994), visando proporcionar O potássio (K) é o elemento extraído em Em solos de textura arenosa, com baixa
um desenvolvimento uniforme e estimular maior quantidade pelos frutos, seguido do retenção de água, a irrigação localizadae
a brotação de gemas laterais. nitrogênio (N), cálcio (Ca) e P,evidenciando a mais adequada, sendo que o sistema de
Para plantas adultas em produção, Gon- a importância desses elementos na nutrição microaspersão é o mais indicado por cobrir
zaga Neto e Soares (1994) recomendam da aceroleira. Como o uso de calagem e uma maior área de solo.
podas corretivas, que consistem na elimi- adubação, ainda são pouco estudados, as
nação ou redução do tamanho de ramos recomendações devem ser feitas com base PRAGAS, DOENÇAS E
NEMATOIDES
muito vigorosos e mal localizados, que nas análises químicas de solo para suprir os
causam assimetria na arquitetura da copa, nutrientes em deficiência. O calcário deve V árias espécies de insetos são rela·
bem como a eliminação das brotações que ser aplicado antes da aração ou, em pomares tadas por Ooi, Winotal e Pena (2002:
surgem ao longo do tronco principal e nas já estabelecidos, a lanço entre as linhas de como pragas da aceroleira, destacando-se
pemadas ou ramos principais, em locais plantio. Os adubos devem ser distribuídos o bicudo-do-botão- floral (Anthonomw
próximos ao tronco, a fim de manter a ao redor das plantas na projeção da copa. acerolae) (Fig. 3A), cigarrinha (Bolbonata
copa aberta no centro, permitindo maior A irrigação é necessária em regiões tuberculata), percevejo-vermelho (Crinocem
arejamento e penetração de raios solares. tropicais, onde ocorre déficit hídrico nos sanctus) (Fig. 3B), cochonilha-parda
Também são recomendadas podas de lim- meses mais quentes do ano, para assegurar (Coccus hespiridium) (Fig. 4), formigas·
peza, que consistem na remoção de ramos a produção de frutos. Podem ser utilizados cortadeiras (Atta spp.), mosca-das-frutas
velhos, secos e debi litados, ramos danifica- métodos de irrigação pressurizados (asper- (Ceratitis capitata), ortézia (Orthezia
dos mecanicamente e ramos atacados por são e localizada) e por gravidade (sulcos). praelonga), e pulgão (Aphis spp.) (Fig. 51
pragas ou doenças, feitas preferencialmen- A escolha do método e do sistema de irriga- Destas espécies, a cochonilha-parda, il!
te fora das épocas de brotação, floração e ção depende, principalmente, dos recursos formigas-cortadeiras, a ortézia, o perceve·
frutificação (MUSSER, 1995). hídricos disponíveis, da topografia do terre- jo-vermelho e os pulgões são os que cau·
Em regiões sujeitas a ventos fortes no, do clima, do solo e da disponibilidade sam os maiores prejuízos, necessitando de
e contínuos, é comum o tombamento de recursos financeiros do produtor. Locais controle sistemático e inspeção quinzenal
de plantas, principalmente no caso de regulares (planos), onde as fontes de água nos pomares nas épocas de maior ocorrên-
mudas obtidas por estaquia, pelo fato de não constituem limitação, com solos de cia. Em viveiros de mudas de acerola da
apresentarem um sistema radicular mais textura argilosa, são propícios ao uso de Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
superficial em relação a plantas obtidas de irrigação por superficie (sulcos). Solos de em Cruz das Almas, BA, ácaros da família
sementes, que possuem raÍzes pivotantes, textura média a argilosa em terrenos irre- Tetranichidae, pulgões e o percevejo-de.
mais profundas (NAKASONE; PAULL, gulares podem ser irrigados por sistemas renda (Gargaphia torresi) (Fig. 6) são um
1998). Assim, nessas situações, como pressurizados. Em solos de textura média, problema constante.
medida de proteção, recomenda-se a im-
plantação de quebra-ventos com espécies
arbóreas e tutoramento das plantas jovens.
Ventos fortes também podem contribuir
para a quebra de ramos, cuja incidência
pode ser reduzida com a poda de formação
(ARAÚJO; MINAMI, 1994).
A correção e a fertilização do solo são
essenciais, uma vez que a aceroleira apre-
senta elevada demanda de nutrientes em
função das várias safras anuais. Além disso,
deve-se considerar que a maioria dos poma-
res de acerola no Brasil está implantada em
solos de baixa fertilidade natural, especial-
mente fósforo (P). Nakasone e Paul! (1998)
citam que o pH do solo ideal para a acero- Figura 3 - Pragas que atacam a aceroleira
leira situa-se na faixa de 5,0 a 6,5. Também NOTA: Figura 3A - Bicudo-do-botão-f1oral. Figura 3B - Percevejo-vermelho.

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Cultivo tropical de fruteiras 23

com registro para cultivos de acerola, o


uso inadequado de pesticidas pode causar
a morte dos insetos polinizadores e o risco
de resíduos em frutos, por causa do curto
período entre a floração e a colheita, em
torno de 21 dias. Também, é frequente a
ocorrência de flores e frutos em diferentes
estádios de maturação na mesma época.
Várias doenças atacam a aceroleira,
cuja severidade depende da região e das
condições climáticas (ALMEIDA et aI.,
2003). Dentre as doenças mais comuns
destacam-se a antracnose (Colletotrichum
gloeosporioides) (Fig. 2A), a cercosporiose
(Cercospora sp.), a seca descendente de
ramos (Lasiodiplodia theobromae) e a po-
dridão-de-frutos causada por Rhizopus sp.
Figura4 - Cochonilho-parda (Coccus hespiridium)
O controle das doenças da aceroleira
NOTA: A - Detalhe da cachonilha-parda; B - Planta atacada pela cochonilha.
deve seguir os mesmos princípios relatados
para o controle das pragas. A incidência e
a severidade das doenças podem ser re-
duzidas mediante podas de limpeza, para
a eliminação de ramos secos que podem
estar afetados por L. theobromae, e podas
de formação, para a obtenção de uma planta
com copa aberta no centro, que melhora o
arejamento, diminui o nível de umidade e
aumenta a luminosidade no seu interior.
Diante da necessidade de controle químico,
recomenda-se a utilização de produtos de
baixa toxicidade e curto período de carência.
As espécies de nematoides do gênero
Meloidogyne são as de maior importância
econômica na aceroleira, de ocorrência
comum em regiões tropicais e subtropi-
cais (MCSORLEY, 1981). Os sintomas
indicativos da presença desses nematoides
caracterizam-se pela formação de entu-
mescimentos nas raízes, denominados
"galhas". Quando a formação de galhas
Figura 6 - Fase adulta e jovens do perce- nas raÍzes é elevada, a aceroleira exibe
vejo de renda amarelecimento na parte aérea, redução
NOTA: A - Na face inferior da folha; B -
Figura5 - Pulgõoem aceroleira Muda atacada. no tamanho das folhas e nanismo, podendo
resultar em declínio e morte das plantas.
Dentre as alternativas de manejo, a produ-
Nocontroledessas pragas deve-se dar te e eficiente para cochonilhas, pulgões ção de mudas sadias em substrato isento de
à utilizaçãode práticas culturais
prioridade e mosca-das-frutas. O controle químico fitonematoides e o plantio em áreas livres
que reduzama sua incidência, como poda é uma alternativa que somente deve ser do nematoide, constituem as medidas mais
e queimade ramos infestados, coleta e utilizada quando estritamente necessária, eficazes. Quando o plantio é realizado sob
enlerriodefrutosatacados e caídos no solo. direcionada para mudas em viveiros e a presença de fitonematoides, recomenda-
A atuaçãode predadores e parasitoides plantas fora das épocas de floração e fru- se efetuar o monitoramento da população,
realizando
o controle biológico é frequen- tificação. Além da ausência de produtos bem como, o uso de cobertura morta, apli-

forme Agropecuário, Belo Horizonte, v.32, n.264, p.17-25, sel./ou!. 2011


24 Cultivo tropical de fruteiras

cação de resíduos orgânicos ou compostos filtrados, cápsulas e concentrados para Acerolas destinadas a mercados distantes.
sob a forma líquida ou sólida. A adubação enriquecimento de outros alimentos. sobretudo à exportação, devem ser arma·
e irrigação adequadas também favorecem a zenadas sob congelamento a temperaturas
tolerância da cultura e sustentabilidade no PÓS-COLHEITA iguais ou inferiores a -20°C, que é a única
agrosistema (RITZINGER; FANCELLI, forma de conservá-Ias por mais tempo sem
A acerola apresenta maturação e senes-
• 2006). Outra opção refere-se ao uso de
cência muito rápidas, o que dificulta o seu
perdas significativas de qualidade.
porta-enxertos tolerantes, ainda em estudo.
manuseio, armazenamento e conservação
APROVEITAMENTO DOS FRUTOS
pós-colheita (ALVES, 1996). Isto resuLta de
COLHEITA
uma atividade de respiração muito intensa do A acerola é considerada uma excelente
A partir do terceiro ou quarto ano do fruto, que é classificado como climatérico, fonte de vitamina C (ácido ascórbico), além
plantio, a aceroleira intensifica a produção, isto é, apresenta aumento acentuado da taxa de ser uma fonte razoável de pró-vitamina
chegando a produzir acima de 40 kg de de respiração na fase de amadurecimento, A. Também contém vitaminas do complexo
frutos/planta/ano, resultado de várias safras acompanhado por perda da firmeza (textura), B como tiamina (B I), riboflavina (m) e
concentradas principalmente na primavera mudança na coloração e o desenvolvimento niacina (B3), e minerais como Ca, ferro
e verão. A colheita desses frutos é manual, do sabor e do aroma. Na acerola ocorre (Fe) e P, embora os teores sejam baixos.
podendo ser realizada em intervalos de até geralmente um pico respiratório na fase de Apresenta alto rendimento de polpa e poso
três dias, desde que todos os frutos maduros mudança da pigmentação da casca, do ama- sui inúmeros usos, com elevado potenci~
e aqueles mudando de coloração sejam re- relo para o vermelho. O padrão climatérico para produtos processados e indústria faro
tirados (NAKASONE; PAULL, 1998). Os da respiração na acerola é acompanhado macêutica. A polpa pasteurizada congelada
frutos devem ser colhidos nas horas de tem- pelo aumento da síntese e ação do etileno, e o suco pasteurizado são os principai<
peraturas mais amenas e acondicionados acelerando a maturação e a deterioração dos produtos derivados da fruta exploradOl
em caixas plásticas de baixa profundidade frutos (WILLS et aI., 1989). comercialmente. As características e com
(20 a 30 cm), vazadas lateralmente e lisas Para aumentar a vida útil da aceroLa posição desses produtos no Brasil devem
no seu interior para evitar danos. deve-se manejar os fatores que possam seguir os padrões de identidade e qualidadt
Durante a colheita é preciso manusear diminuir as taxas respiratórias e de síntese para polpas e sucos de frutas, aprovadO!
os frutos com cuidado, porque sua casca é e atividade do etileno, especialmente a pela Instrução Normativa nº 12, de 13 de
delicada e fina, por isso sofrem lesões com redução da temperatura ambiente, além de setembro de 1999 (BRASIL, 1999).
facilidade, o que acelera a sua deterioração. evitar lesões nos frutos, que sempre resul- Em menor escala, a acerola é tambén
Além disso, recomenda-se que os colhe- tam em aumento da evolução de etileno, utilizada na fabricação de produtos come
dores usem roupas adequadas, visto que constituindo também portas de entrada de néctares, geleias, produtos liofilizados.
. .
a pilosidade presente nas brotações novas mlcrorgalllsmos. conservas, licores, vinhos, sorvetes, xaro-
pode causar irritações na pele. Segundo Logo que colhidos, os frutos devem ser pes, balas e adicionada a sucos de outra~
Alves, Menezes e Silva (1995), o ponto de mantidos à sombra, pois sua exposição à frutas (blends) para enriquecimento com
coLheita depende do destino que se pretende radiação solar diminui o teor de vitamina vitamina C.
dar aos frutos. Para venda como fruta fresca C e os deprecia por perda de umidade. Nonnalmente, a acerola não é uma frutl
em mercados locais e para congelamento ou São então transportados para a casa de muito atrativa para consumo ao natural
processamento na forma de suco ou polpa, beneficiamento, onde são normalmente uma vez que geralmente apresenta sabor
os frutos devem ser colhidos com coloração colocados sobre esteiras rolantes e sub- ácido e adstringente, é delicada e deteriora·
vermelho-intensa (maduros), mas ainda metidos à seleção rigorosa para eliminar se rapidamente. Entretanto, o consumo da
firmes para suportar o manuseio. Frutos os feridos, podres, moles, imaturos e de- acerola como fruta fresca pode ser estimu·
maduros são mais saborosos e suculentos, tritos. Em seguida, os frutos são lavados lado a partir da disponibilidade de frutos
porém exigem aproveitamento imediato, com água fria, se possível clorada, visando de variedades de polpa firme, mais doces e
pois deterioram em pouco tempo. Para mer- protegê-Los de contaminação por diversos menos ácidas, como as variedades Cabocla
cados um pouco mais distantes, as acerolas fungos que atuam na fase pós-colheita. Os e Rubra, desenvolvidas pela Embrapa Man·
para consumo fresco devem ser colhidas no frutos destinados ao consumo in natura são dioca e Fruticultura TropicaL, e a variedade
estádio "de vez", segundo Gonzaga Neto e acondicionados em embalagens plásticas, Florida Sweet, selecionada na Flórida.
Soares (1994) e Bliska e Leite (1995). Os pesados e conservados por refrigeração A utilização de frutos verdes de acerola
frutos devem ser colhidos ainda verdes ou à temperatura de 7 °C a 8 °C e umidade como matéria-prima é preferencialmente feio
imaturos, quando se destinam à fabricação relativa igualou superior a 90%, as quais ta pela indústria farmacêutica, pois apresen·
de produtos onde o teor de vitamina C éa permitem a sua conservação por um perío- tam teores mais elevados de vitamina C que
característica mais importante, a exemplo do de até 10 dias a partir da colheita, viável a fruta madura (Fig. 7). Mediante as técnicas
de produtos em pó ou liofilizados, ultra- apenas para mercados mais próximos. de atomização ou liofilização, a fruta verde

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Cultivo tropical de fruteiras 25

Figura 7 - Frutos para processamento


NOTA:A - Imaturos; B - Maduros.

é transfonnada em pó, que pode ser usado ___ o et aI. Contribuição ao estudo da musa. Rome, 1986. p.5Z-54.
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como ingrediente na indústria alimentícia,
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tica. O pó também pode ser colocado em KNIGHT, RJ.; CAMPBELL, c.w. Pollination
ARAÚJO, P. S. R de; MINAMI, K. Acerola. requirements for successful fruiting of tro-
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