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Paz e bem,

Há muitos anos tenho o sonho de escrever um livro. Comecei a escrever o meu primeiro
ainda com quinze anos ou menos. Depois, já “adulto”, a timidez não me permitiu ir adiante
e terminei destruindo os manuscritos para que ninguém descobrisse o segredo do jovem
rico em sonhos e, segundo a minha rigidez, pobre em talento.

O tempo passou e, um pouco mais velho, me aventurei em uma nova empreitada literária,
mas a minha conversão ao Evangelho da Graça do meu Senhor Jesus abortou a ideia que
morreu junto com o velho homem.

Depois de nascido de novo, o Senhor me conduziu ao caminho de cura que tenho trilhado
até hoje e, por sua imensa graça e misericórdia, me levou ao ministério pastoral que
exerço com muita honra.

Neste processo de condução do Senhor, surgiu o site Fruto do Espírito


(www.frutodoespirito.com.br) onde finalmente dei vazão ao sonho de criança e, ao mesmo
tempo, pude compartilhar aquilo que recebi do meu Deus em nossa caminhada de
intimidade, amor e ensino que só Ele pode produzir em um coração quebrantado e
contrito.

Mas faltava algo, faltava o sonhado livro.

Depois destes anos, já menos imaturo na caminhada, sentia que chegara o momento de
produzir algo com mais fôlego e, finalmente, fiquei “grávido” de um livro. Recebi-o
praticamente todo em meu coração, mas não conseguia ainda reproduzi-lo com precisão.
Quase um ano depois, ele surge se impondo a outros projetos e me trazendo a alegria de
saber estar escrevendo segundo o Espírito do Senhor em mim.

O tema se impôs sobre minha vontade, embora eu pensasse em escrever sobre outras
coisas. Creio que o Espírito queria me levar a aprender algumas novas lições neste
processo e foi daí que surgiu o livro: “Batalha Espiritual – Verdades Bíblicas para uma Vida
Vitoriosa”. Este é o filho que Deus me deu e que apresento a você hoje.

Conheço minhas limitações, mas sei que, apesar delas, pude captar algo muito bom da
parte de Deus durante este processo e sinto no Senhor que o propósito Dele ao me
inspirar a escrever este livro foi alcançado.

É isto que desejo ardentemente: Que você também sinta esta bem-aventurança que
experimentei e que a leitura deste livro seja bênção em sua vida assim como foi uma
grande bênção poder escrevê-lo.

Que o Senhor lhe abençoe.

Receba minhas orações,

Pr. Denilson Torres


Índice

I. Bem Vindo ao Treinamento


II. A Realidade da Batalha Espiritual
III. Não é Contra Carne e Sangue
IV. Conhecendo o Inimigo
V. Fortalecei-vos no Senhor
VI. A Estratégia da Vitória
VII. A Armadura Espiritual
VIII. O Cinturão da Verdade
IX. A Couraça da Justiça
X. Não Ande Descalço!
XI. O Escudo da Fé
XII. O Capacete da Salvação
XIII. A Espada do Espírito
XIV. A Oração
XV. O Jejum
XVI. O Perdão
XVII. A Mais poderosa de Todas as Armas
XVIII. Mudando o Rumo da Batalha
Capítulo I
Bem vindo ao Treinamento

Batalha Espiritual. Esta é uma das expressões mais usadas no meio evangélico hoje. Mas,
por paradoxal que seja, é também uma das expressões mais mal compreendidas também.

Quando se fala em batalha espiritual normalmente se associa a participação em


campanhas, cultos de libertação, oração “forte” de líderes carismáticos, “tomar posse” das
bênçãos ou, pior ainda, fazer uso de amuletos, tais quais rosas, sal, medalhas, meias...

A dura realidade é que para a maioria das pessoas a ideia de Batalha Espiritual está ligada
a soluções rápidas, mágicas e, não raro, supersticiosas, feitas, no máximo, no período de
algumas semanas onde a única arma usada é a fé individual.

Não é de estranhar que muitos são os que ficam pulando de culto em culto, de ministério
em ministério, de líder em líder, buscando alcançar a vitória desejada que nunca chega,
gerando muitas vezes desânimo, dúvidas e decepção. Muitos têm enriquecido à custa da
fé de pessoas que, em sua luta e angústia, fazem o “sacrifício” ou dão “o seu tudo” para
obter a bênção.

Batalha espiritual também está associada ao medo. Muito medo. É o lugar das
possessões, visões, arrebatamentos para céu e inferno. Os livros escritos sobre o assunto
tratam muito mais de disseminar o poder do diabo para aprisionar do que o poder
libertador do evangelho da Graça. Livros onde o diabo é o senhor e os filhos de Deus
vivem o tempo todo à sombra do medo para não serem afligidos pelo inimigo.

Há ainda a teologia rasa, o estudo bíblico superficial feito com o único intuito de justificar
“revelações”, muitas vezes extrabíblicas ou frontalmente antibíblicas.

Batalha espiritual também é espaço para angustia e confusão; para “pirar” cabeças de
pessoas mais sensíveis; para desequilibrar mentes. Já vi pessoas afirmarem que, para se
ler determinado livro sobre batalha espiritual, era necessário que antes o candidato a leitor
iniciasse um período de jejum para que pudesse estar revestido espiritualmente, pois seria
gigantesco o ataque maligno para impedir que as pessoas o lessem. Ora, eu leio a Bíblia
que é o maior livro sobre batalha espiritual em qualquer lugar e nunca necessitei de
campanha de jejum para poder ler a Palavra de Deus. Será que algum best seller gospel é
mais poderoso e causa mais oposição de satanás do que a Bíblia? Ou será que na
verdade o que há é muito medo e superstição daqueles que não discernem as coisas
espirituais e se deixa levar por um simples livro de terror fantasiado de revelação de Deus?
Exatamente por não desejar estarem incluídas neste caldeirão de manipulações e
superstições, é que outras igrejas passam ao largo da questão da Batalha Espiritual. Agem
como se não houvesse uma realidade espiritual ao redor, como se estivéssemos em
campo neutro, ou como se a batalha só fosse acontecer no advento da segunda vinda de
Cristo, terminando por deixar simplesmente que cada um se vire sozinho em suas
batalhas.

Por essas razões muitos cristãos ficam sem saber como agir, enquanto seus líderes
parecem não perceber as terríveis lutas pelas quais seus membros estão passando. Esta
postura da igreja chamada “séria” faz com que muitos venham a buscar em outros
apriscos as bênçãos.

Deste modo, entre aproveitadores, supersticiosos e indiferentes a maioria do povo de Deus


corre atrás da vitória em suas batalhas, anulando a verdade bíblica que diz que os sinais
seguirão os que creem (Marcos 16:17). São muitos os que ficam de um lado a outro
buscando os sinais.

Ao invés de terem atrás de si um rastro de milagres e testemunhos muitos vivem correndo


atrás dos milagres e testemunhos de outros.

Batalha espiritual não tem nada a ver com superstições nem com soluções mágicas, não é
espaço para medo, nem transes, nem alterações de estado de consciência, não é lugar
para este circo de horrores que infelizmente tem se tornado o evangelho.

A batalha espiritual é uma verdade e você a está vivendo agora. A Bíblia nos afirma
categoricamente a existência desta batalha que se trava nas regiões celestiais e que
envolve diretamente a sua vida, e não só ela, mas a vida e o relacionamento das pessoas
que lhe cercam. O seu conhecimento sobre o que a Palavra verdadeiramente diz e como
deve agir serão fundamentais para obter a vitória.

Estou lhe convidando a fazer um estudo bíblico. Falaremos sobre o que verdadeiramente é
a Batalha Espiritual, como o crente deve encará-la, quais os recursos que temos à mão e
como usá-los. Juntos, veremos que a batalha espiritual entre o crente e as forças
espirituais da maldade é uma realidade palpável. Longe de desejar tecer uma teologia de
“causa e efeito”, o que serão expostos são os padrões e princípios bíblicos que dão base
ao crente para saber como agir nas cotidianas lutas espirituais.
A guerra já foi vencida em Cristo Jesus. Ele já nos deu a vitória definitiva na cruz do
Calvário. No entanto, ainda haverão batalhas que travaremos neste mundo caído antes
que a Glória bendita de nosso Deus se manifeste plenamente.

O inimigo da minha e da sua alma, mobiliza suas forças para impedir o progresso do
Reino, primeiramente em sua vida, depois na de todos aqueles que, de uma maneira ou de
outra, poderiam ser abençoados a partir de sua vida.

A vitória espiritual é, antes de tudo, a vitória de Deus na vida do crente. Este é o primeiro,
maior e mais importante território a ser conquistado nesta guerra.

Paulo nos alerta que nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, o
objetivo de um soldado em serviço é esforçar-se com toda a sua força para agradar e
satisfazer àquele que é o seu comandante (II Timóteo 2:4).

Você é um soldado a serviço de um comandante. Seu campo de batalha é espiritual e o


seu comandante é Jesus. Você é um soldado de Cristo! Para que você possa vencer as
batalhas espirituais é preciso que tenha plena consciência disso. Você é um tipo especial
de soldado, você não fica em serviço apenas por um período, como os soldados do mundo
físico, o inimigo de sua alma batalha contra você, sua família e contra a igreja do Senhor,
em todo o tempo. O seu serviço como soldado de Cristo dura vinte quatro horas por dia
nos sete dias da semana, durante toda sua vida terrena!

Este é um manual de treinamento e, como todo treinamento de um soldado, requer total


dedicação, firmeza, coragem, perseverança, compromisso, tenacidade e acima de tudo
disciplina para que os objetivos sejam alcançados e a vitória seja o resultado final.

A proposta é que, a partir da leitura deste livro, você tenha uma nova e profunda
perspectiva bíblica, espiritual e verdadeiramente transformadora. O meu desejo não é que
você apenas acumule conhecimento teórico, pois o Reino dos Céus consiste não em
palavras, mas em poder (2 Coríntios 5:17). Meu desejo é que você conheça o poder que
vem de Deus e que este poder mude sua vida, mude sua história.

Se você já conhece o meu trabalho no Senhor através do Ministério Fruto do Espírito


(www.frutodoespirito.com.br) sabe que este estudo será sincero, aberto, sem manipulações,
legalismos, desejo de domínio e sem máscaras.

Uma recomendação fundamental: seja como os bereanos! Leia este livro com a Bíblia a
seu lado, receba a Palavra com avidez, examine-a todos os dias e veja por você mesmo,
através do Espírito de Deus se as coisas são de fato assim (Atos 17:11).
Seja bem-vindo, o seu treinamento já começou!

Capítulo II
A Realidade da Batalha Espiritual

Algo importante a ser levado em conta quando estudamos a Palavra de Deus é entender e
discernir espiritualmente o Antigo Testamento, aplicando os seus ensinos para a realidade
espiritual revelada no Novo Testamento. Os acontecimentos no mundo físico eram
sombras das coisas vindouras e vislumbres da realidade espiritual que nos cerca. Deste
modo podemos, especialmente nos livros históricos, compreender e constatar que as
batalhas que foram travadas entre Israel e as demais nações inimigas eram e são
indicativos a apontar as batalhas espirituais que o Israel de Deus tem de travar contra seus
inimigos espirituais.

Davi foi considerado um homem segundo o coração de Deus, ou seja, um homem cujo
coração agradava ao Altíssimo e este título de “Homem segundo o coração de Deus” lhe
foi dado pelo próprio Deus que via nele o homem que Lhe faria toda a vontade (Atos
13:22). Ainda garoto, foi capaz de, na força do Senhor, derrubar o gigante Golias que
possuía quase três metros de altura!

Segundo a tradição bíblica, este mesmo Davi é também o autor de boa parte dos Salmos,
inclusive alguns dos mais lidos, como os belíssimos Salmos 91 e 23. Foi Davi quem teve a
inspiração de construir um templo para Deus na cidade de Jerusalém e, por amor a Davi, o
Senhor lhe fez a promessa de que o seu trono permaneceria para sempre, pois da sua
descendência viria o Messias prometido, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

É inquestionável o grau de intimidade que Davi tinha com o Senhor e o profundo amor que
Deus tinha por ele. Com Deus lutando a seu lado, Davi tornou-se rei sobre Israel e venceu
inúmeras batalhas.

1 - Um dia Davi Resolveu não ir à Guerra.

A Bíblia nos diz que certo ano, nos idos da primavera, quando os reis iam à guerra contra
os inimigos que se levantavam contra o seu povo, Davi enviou as tropas, mas resolveu
ficar em Jerusalém. Pouco antes deste momento Davi conquistara grandes vitórias! De
uma só vez havia vencido o exército siro e amonita. Talvez sentisse que a sua missão já
havia sido cumprida ou que era momento de relaxar um pouco; talvez desejasse tirar férias
da batalha ou estivesse animado por algum outro desejo; fato é que Davi resolveu ficar em
Jerusalém, ocioso. A história e as consequências deste ato estão descritos em 2 Samuel a
partir do capítulo 11.

No meio da tarde, após um período deitado em seu leito enquanto a guerra transcorria,
Davi resolveu levantar e dar uma volta no terraço da casa real. Apreciando a paisagem ele
se deparou com algo que lhe chamou a atenção: uma bela mulher que se banhava. A
cobiça tomou conta do coração ocioso do rei. Mulheres sempre representaram um ponto
fraco para Davi. Ali, à distância, vendo-a, desejou-a e, sendo o rei, considerou que nada
poderia ser-lhe vetado.

Procurou saber quem era aquela mulher e apurou que se tratava de Bate-Seba, filha de
Eliã e esposa de Urias. Aqui é importante destacar um detalhe fundamental que muitas
vezes escapa: a mulher que Davi vira a se banhar no terraço não era uma estranha. Davi
já conhecia Bate-Seba.

Tanto Eliã, o pai da moça, quanto Urias, o esposo, faziam parte do seleto grupo chamado
de “os valentes de Davi”; guerreiros que compunham aquilo que poderíamos chamar hoje
de “tropa de Elite” do rei. Como se isto não bastasse, o avô de Bate-Seba, um homem
chamado Aitofel, era o conselheiro político mais influente do reino e será figura importante
no sofrimento futuro do rei por causa do seu pecado.

Claro que nas inúmeras ocasiões sociais, festas, cultos, cerimônias, onde estes quatro
homens estiveram juntos, Bate-Seba também estivera, na qualidade de esposa, filha e
neta de homens tão próximos do rei. É provável que naquelas ocasiões sociais nada
despertasse o desejo de Davi por aquela mulher, talvez a seus olhos ela não passasse de
mais uma das esposas de seus comandados além filha e neta de amigos diletos. Mas
naquela tarde, ali, longe da guerra, ocioso ou talvez entediado, Davi a viu com outros
olhos.

A princípio, devido à distância, ele não percebeu de quem se tratava, por isso pediu mais
informações sobre a formosa mulher banhando-se. Seu servo diligentemente tentou avisá-
lo que se tratava da “filha de Eliã, esposa de Urias”, mas esta informação que deveria
arrefecer os seus ímpetos, ao contrário, funcionou como uma bomba no seu coração
vulnerável e aberto para as astutas ciladas do seu mais terrível inimigo.

Bate-Seba não resistiu ao convite real e deitou-se com o rei. Depois disso ambos tentaram
manter a aparência, tentaram manter o pecado em secreto. O esposo, o pai e o avô,
provavelmente envolvidos na guerra que o rei também deveria estar participando, não
tinham como desconfiar da traição tripla que se urdia pelas suas costas. Traição praticada
pelo “homem segundo o coração de Deus”.

O diabo estava executando o seu plano de destruição. A primeira etapa foi vencida com
facilidade: convencer Davi a não ir à guerra. Uma vez tendo conseguido tirar Davi do seu
foco nas batalhas de Deus, começou então a segunda etapa deste projeto que também
alcançou êxito: sincronizar com precisão os eventos e para que o rei acordasse e fosse
levado ao terraço no momento exato do banho e da nudez de Bate-Seba. A estratégia
satânica da astúcia e da cilada (Efésios 6:11) foi executada à perfeição. Davi caiu na cilada
como um passarinho em uma arapuca. Mas o plano ainda não havia alcançado
plenamente os seus objetivos. O pecado de Davi apenas abriu a brecha para o ataque
maciço que viria através das hostes espirituais da maldade.

2 – O Laço se Aperta

Note que no texto bíblico o autor sagrado faz questão de destacar que o dia em que Davi
viu Bate-Seba nua foi justamente aquele em que ela estava banhando-se para sua
purificação após o período menstrual. Ou seja, ela não estava grávida e, melhor ainda para
os planos de satanás: ela estava em seu período fértil!

Conforme o plano de satanás, Bate-Seba engravidou. Não demorou e a bomba explodiu


aos ouvidos do rei. E foi aí, exatamente aí, que começou uma das mais tristes sagas de
um homem de Deus que se deixou enredar pelo pecado. Ao invés de buscar reparação
diante de Deus Davi tentou de todas as maneiras esconder o seu erro.

Não importa qual o grau de santidade e intimidade com Deus que uma pessoa possa ter,
homens e mulheres de Deus quando perdem o foco, e caem nos planos de satanás,
podem fazer coisas abomináveis, e foi isto que aconteceu com Davi.

Ao saber da gravidez de Bate-Seba seu primeiro pensamento não foi o arrependimento


nem a reparação, mas em como acobertar o erro. Afinal, eram três amigos próximos que
estavam sendo traídos. Homens que lutavam por Davi, que davam sua vida por ele, que
confiavam cegamente nele. Para Davi, sua reputação, seu orgulho e o medo das
consequências falaram mais alto.

3 – Um Abismo Chamando Outro

Veio do coração de Davi, a esta altura prisioneiro de satanás, a primeira e mais simples
tentativa de golpe para se livrar da vergonha de ter o seu pecado descoberto:
Ele mandou chamar Urias, que estava no meio da guerra, alegando querer saber sobre
como as coisas iam. Ao chegar, Urias passou o relatório ao rei e Davi o dispensou para
que ele fosse dormir em sua casa com sua mulher. Pensando em proporcionar uma noite
agradável ao pobre soldado, Davi chegou ao requinte de mandar-lhe iguarias de presente
para serem desfrutadas por ele e sua esposa adúltera. Assim, pensava o rei, quando a
criança nascesse Urias acharia que o filho havia sido gerado nesta noite e assumiria como
seu o filho fruto do adultério.

Só que Davi não contava com um detalhe: Urias era um homem leal. Ao invés de passar a
noite em sua casa, Urias preferiu dormir à porta do palácio, junto com os serviçais. Ao ser
interrogado pelo rei Urias respondeu-lhe: “Não posso ficar em casa com minha esposa
sabendo que o povo de Deus está agora em luta habitando em tendas e a Arca da Aliança
está no campo de batalha”. (2 Samuel 11:11)

Cumpriu-se na vida de Davi aquilo que está escrito no Salmo 42:7, um abismo foi
chamando outro abismo. Perdido em sua primeira tentativa Davi não desistiu, o objetivo
continuava o mesmo: fazer Urias dormir com sua esposa afim de que ele assumisse o filho
ilegítimo como se fosse seu. Era necessário, no entanto, dobrar o coração forte e dedicado
daquele homem. E, quando se fala em dobrar corações para o pecado, poucas coisas são
tão sedutoras quanto o álcool.

Davi convidou Urias a passar outra noite com o rei, só que desta vez não mais para
relatórios, e sim para uma comemoração. Sem ter como recusar o gentil convite do seu
senhor, Urias bebeu junto com o rei até que Davi julgou que o valente já estava
suficientemente desnorteado e, sem saber direito o que estava fazendo, terminaria caindo
no leito da esposa.

Só que desnorteado nesta história estava o crente que não foi à guerra. Mesmo “trocando
as pernas” Urias não trocou as convicções. Continuou dormindo junto com os demais
conservos. Longe de sua cama, de sua esposa e, principalmente, longe de abrir mão de
seus princípios.

4 – Quando se Perde o Temor de Deus

Àquela altura dos acontecimentos, o temor de Deus já era menos que uma sombra no
coração de Davi. O seu medo era pelo reino que poderia perder, pela aparência de homem
digno que forjara e que iria para o lixo. O seu medo era perder a sua reputação, sua
liderança e o respeito do povo.
E Deus? Ora, com Deus depois se consertam as coisas. Afinal, Ele é cheio de
misericórdia! O importante é resolver primeiro este problema, depois restaura-se o altar...

Provavelmente era assim que Davi pensava e este tem sido um dos maiores equívocos no
meio do povo de Deus: Achar que há saída das arapucas do diabo sem que estas saídas
sejam conforme a Palavra, conforme a verdade e a reta justiça. Achar que dá para
esconder, camuflar, contornar, enganar, omitir. Mas, pelo contrário, este é o caminho mais
curto para a derrota espiritual.

5 – O Plano de Morte

O tempo urgia. Urias se mostrava incorruptível, breve já não se poderia mais esconder a
gravidez. Eram necessárias medidas drásticas para ocultar a vergonha real pelo seu
pecado. E estas medidas extremas foram tomadas de forma ainda mais desleal, fria,
egoísta e maldosa do que Davi havia se conduzido até então.

Ele escreveu uma carta e lacrou-a com o selo real. O selo real era colocado nos
documentos do mais alto valor e significava que aquele documento específico só poderia
ser aberto pelo destinatário nominado. Este símbolo é tão forte que Paulo nos ensina,
conforme Efésios 1:13, que eu e você quando cremos em Cristo e o aceitamos como
Senhor e Salvador fomos selados com o Espírito Santo. Em outras palavras, Paulo afirma
que é como se Jesus tivesse escrito uma carta para o Pai e selado esta carta com o
Espírito Santo para que ela seja aberta tão somente por Ele. Nós somos esta carta de
mais alto valor e ninguém pode ter acesso à nossa vida a não ser o Pai!

Mas no caso de Davi, o selo real tinha um propósito maligno. Esta carta era para ser
entregue a seu principal comandante, um homem sanguinário, mas leal, chamado Joabe.
Nesta carta a ordem era simples: ir ao campo de batalha atacar o inimigo onde este
estivesse mais forte e no meio da luta abandonar o bravo Urias sozinho para ser trucidado.

Para levar esta carta até Joabe, Davi escolheu um homem de sua total confiança, um
homem leal, incorruptível e que ele tinha certeza que jamais abriria a correspondência
antes de entregá-la ao seu destino. E que homem unia estas qualidades de maneira tão
extremada senão o Urias? Ele foi escolhido pelo rei para levar sua própria sentença de
morte.

Eu imagino o cuidado com que Urias guardou esta carta, deve tê-la colocada no local mais
seguro que possuía em sua bagagem, talvez tenha escondido junto ao próprio corpo para
que pudesse protegê-la com a própria vida se necessário fosse. Imagino-o indo com a
máxima urgência para o destino tendo o mesmo espírito leal e cheio de princípios que
nortearam sua conduta no palácio real, sem imaginar que estava carregando o plano que o
levaria à morte, escrito pelo homem a quem ele dedicou sua honra e sua lealdade.

Conforme o rei ordenou, assim aconteceu. Urias foi morto no campo de batalha, deixando
a esposa viúva que logo foi consolada pelo rei que a tomou como sua mulher. Já não havia
mais o risco da vergonha. A gravidez poderia parecer estranha para alguns, mas o tempo,
sempre ele, iria varrer tudo ao esquecimento.

6 – Mas o que Davi fez não agradou ao Senhor (2 Samuel 11:22).

Apesar de Davi ter conseguido esconder o seu pecado dos homens no mundo espiritual
estas coisas não passaram despercebidas. E é lá, na dimensão espiritual, que aquilo que
fazemos ecoa na eternidade.

A situação parecia estar sob controle quando Deus enviou o profeta Natã para falar ao rei.
Davi estava com a consciência tão cauterizada que nada mais parecia o incomodar.
Provavelmente sua preocupação estava mais voltada para cuidar da nova esposa grávida.
Apesar do abismo fundo e negro que ele cavou, talvez ele até achasse que já havia
restaurado seu relacionamento com Deus. Infelizmente há muito de autoengano nos cultos
que supostamente prestamos a Deus quando estamos escravizados pelo pecado.

Natã usou a própria hipocrisia de Davi como arma para tirar-lhe a máscara. Contou a
história de certo homem que possuía uma única ovelha a quem ele dedicava tal cuidado
que ela até mesmo comia junto com a família e dormia no colo do seu dono. Do outro lado
da história contada pelo profeta estava um fazendeiro milionário que tendo inúmeras
ovelhas preferiu roubar e matar a ovelha do outro para servi-la como refeição a um
hóspede convidado.

O profeta Natã pediu ao rei um veredicto sobre esta situação e Davi não titubeou.
Indignado e movido por um senso de justiça totalmente cego, pois só via o mal nos outros
e não enxergava o mal em si mesmo, Davi se propôs a fazer justiça: aquele perverso
fazendeiro merecia a morte! Iria restituir em quádruplo o mal que fizera. Ao ouvir a
sentença do rei, o profeta revelou a verdadeira identidade do perverso homem e que a
história que estava sendo julgada não tratava de ovelhas e fazendeiros, mas de um
homem poderoso tomado por desejos insanos que se apropriara de uma mulher casada
para seu deleite. Este homem maligno era o próprio Davi.

O rei viu que o mal que causara não passara despercebido ao Senhor. Uma sentença foi
realmente proferida, desta vez pelo Justo Juiz, não havia como impedir que Davi colhesse
em sua pele as consequências do seu pecado: a espada não se afastaria mais de sua
casa.

Começa a derrocada! A porta da legalidade para a destruição de sua família foi aberta, a
vergonha veio a público, o fluxo das bênçãos de Deus foi interrompido. Natã enumerou as
bênçãos que o Senhor já tinha dado a Davi e revelou que o projeto de Deus era dar-lhe no
mínimo o dobro de tudo que já havia conquistado. O seu pecado interrompeu os projetos
ainda mais grandiosos que Deus lhe tinha reservado (2 Samuel 12:7-12).

A vida de Davi entrou em queda livre. O filho, fruto do adultério morreu logo ao nascer, mas
este foi apenas o princípio das dores, o pior ainda estava por vir.

7 – A Família Destruída

Amnom, filho do rei, estuprou a própria irmã, Tamar, e a expulsou de sua casa deixando-a
vagando pela rua como louca. Revoltado com a omissão do pai, que já não tinha
autoridade espiritual sobre sua família, Absalão, outro irmão de Tamar, arquitetou a morte
de Amnom, usando um ardil que lembra muito a mesma malícia usada pelo pai para matar
o inocente Urias.

A ira de Absalão não se aplacou com o assassinato do irmão. Se algum dia houvera
respeito a seu pai, este dia já não existia mais. Ele queria derrubar o rei omisso e para isto
organizou uma rebelião. Perseguido pelo próprio filho Davi fugiu deixando as suas
concubinas no palácio.

Ao entrar no palácio real, Absalão recebeu um conselho de Aitofel. Lembra dele? O avô de
Bate-Seba!

Provavelmente revoltado pela traição e vergonha a que foi exposto pelo rei, Aitofel se aliou
a Absalão em sua revolta e aconselhou-o a estuprar as concubinas do pai, uma por uma, a
luz do dia, à frente de todos. O revoltoso filho seguiu o conselho, cumprindo o que havia
sido dito pela boca do profeta: “Assim diz o SENHOR: Eis que da tua própria casa
suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu
próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol. Porque tu o fizeste em oculto,
mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol” (2 Samuel 12:11-12).

A destruição e a maldição trazida por Davi continuou a fazer vítimas: pouco depois de
induzir o filho do rei à perversão, Aitofel suicidou-se amargurado. Absalão foi morto
covardemente pelo mesmo Joabe que participou do plano real para a morte de Urias. Davi
experimentou do próprio veneno: o mesmo homem que ele usou para ocultar o seu pecado
também foi instrumento maligno para lhe tirar o filho amado. Ele pranteou a morte de
Absalão, sentindo em si a angustia de todo pai que enterra um filho: “Quem dera que eu
morrera por ti, meu filho...” (2 Samuel 18:33).

Dois filhos mortos, sendo um assassinado pelo próprio irmão, uma filha estuprada de
forma incestuosa, uma tentativa de derrubá-lo planejada dentro de sua própria casa, pelo
seu próprio filho. Mas apesar de tantas tragédias, o fluxo de maldições ainda não havia
acabado.

A família estava irremediavelmente perdida e dividida e assim se manteve. Para


estabelecer o seu reino Salomão mandou matar Adonias, mais um assassinato entre
irmãos. Joabe, o homem escolhido por Davi para executar o plano que resultou na morte
de Urias e que matou também a Absalão, foi morto a mando de Salomão quando estava
no templo em busca de refúgio. Uma geração depois, o reino foi dividido e nunca mais
Israel voltou a se reunir por completo em torno da casa de Davi. Das doze tribos que Davi
recebeu como herança do Senhor restaram apenas duas.

8 – Não dê Trégua ao diabo

Esta triste história começou quando Davi não foi à guerra. Desatento das batalhas,
especialmente das batalhas espirituais, o rei foi presa fácil.

Na nossa luta contra as forças do mal, que tentam de todas as formas fazer perecer
aqueles a quem Deus ama, não há tréguas possíveis. No dicionário do diabo não existe a
palavra “misericórdia”. Em todo tempo ele estará lançando suas ciladas para lhe enlaçar.

De nada adianta se omitir, de nada adianta tentar levar as coisas no “banho Maria”, tentar
ser um crente que não incomoda o diabo ou fazer de sua igreja um clube social ao qual se
visita de vez em quando. De nada vale qualquer tentativa de se fazer despercebido pelo
diabo. Onde você estiver sempre estará brilhando a luz do Evangelho e esta luz, por mais
que tente escondê-la, sempre dissipará as trevas e incomodará o reino do mal que habita
nestas trevas. Por isso satanás sempre vai odiar você e sempre estará buscando formas
de lhe destruir. Omitir-se, tentar esconder-se, só irá servir para lhe tornar vulnerável.

Não fique fora da batalha. Nosso Deus é também chamado o Senhor dos Exércitos. Povo
de Deus é povo guerreiro.
Capítulo III
Não é Contra Carne e Sangue

Durante a invasão americana ao Iraque as televisões do mundo inteiro mostraram uma


cena incomum. Tratava-se das imagens de um avião de combate que abriu fogo contra um
comboio que seguia ao norte do país invadido. O inusitado veio depois, imaginando que
havia bombardeado um grupo iraquiano o piloto americano havia, na verdade, atacado um
comboio aliado, matando pelo menos dez pessoas.

Embora pouco comuns episódios semelhantes não são tão raros. Em uma batalha sempre
há o risco de soldados atacarem seus próprios aliados, seja por precipitação ou por não
discernir qual é o inimigo. Este tipo de acontecimento é chamado “Fogo amigo”. Conta-se
que durante a segunda guerra mundial, muitos pracinhas brasileiros foram abatidos pelo
fogo amigo por possuírem uniformes semelhantes aos usados pelos alemães.

1 – O “Fogo Amigo” nas Batalhas Espirituais

Embora relativamente incomuns nos meios militares deste mundo, o fogo amigo é
tristemente rotineiro em nossas batalhas espirituais. Normalmente o que vemos é marido
se levantando contra esposa, filhos contra seus pais, irmãos uns contra os outros, pastores
se digladiando, igrejas se trucidando. O fogo amigo é uma das principais causas de derrota
na nossa batalha espiritual. O aumento exponencial dos divórcios, divisões, mágoas e
ressentimentos em nosso meio é a evidência mais clara do quanto temos nos confundido
ao tentar identificar quem é o nosso verdadeiro inimigo.

O apóstolo Paulo sabia claramente quem são os inimigos contra os quais devemos lutar.
Em sua epístola aos efésios, ele nos alerta que nossa luta não é contra sangue e carne
(Efésios 6:12).

A realidade espiritual da batalha em que estamos envolvidos é subjacente à realidade


física, mas é tão concreta quanto. Para Paulo a vida do crente está sempre envolvida em
batalhas nas esferas celestiais e por isso em boa parte de suas epístolas ele evocava
analogias e simbologias retiradas das batalhas entre as nações do seu tempo. Referências
a armamentos e a rotinas militares são numerosas em suas cartas.
O apóstolo Pedro compara o assédio do nosso inimigo como o de um leão ao derredor
rugindo e buscando uma presa para devorar (I Pedro 5:8). No Salmo 34:7, temos a outra
face da moeda, pois esta passagem afirma que o anjo do Senhor acampa-se ao redor
daquele que o teme e o livra. Assim, podemos dizer que neste momento há uma batalha
sendo travada entre o diabo ao derredor e o anjo do Senhor acampado ao nosso redor.
Esta luta é pela minha e pela sua vida. Portanto, podemos afirmar que neste momento em
que você está me lendo há seres espirituais a postos para lutar e até mesmo esta leitura
pode estar sendo alvo desta batalha.

A sua batalha não é contra a sua esposa, nem contra seu filho, ou seu patrão, seu pastor,
sua família, nem contra seus irmãos em Cristo. Saber contra quem devemos lutar é lição
básica para a vitória. Quando não tomamos conhecimento desta verdade passamos a agir
como o soldado americano do início deste capítulo.

Em meu trabalho como conselheiro de casais fico extremamente triste ao ver o quanto que
o fogo amigo tem destruído lares. Quantas famílias desfeitas, quantos filhos sofrendo com
a separação dos pais, quantas pessoas esfriando em sua fé, quantas igrejas
enfraquecidas, quantos meninos e meninas que poderiam abençoar a Igreja do Senhor se
afastando decepcionados, magoados e feridos!

No casamento o “fogo amigo” se torna ainda mais mortal.

Creio que se fosse dado a satanás escolher somente uma área para atacar, ele não teria
dúvidas em atacar e destruir os casamentos. Um casamento desfeito abala a fé e o
testemunho dos cônjuges, além de quebrar a confiança dos filhos em seus pais e, por
consequência, abalar também a sua confiança em Deus.

Crianças vítimas de casamentos desfeitos têm mais possibilidade de se envolverem com


drogas, alcoolismo, violência e criminalidade; apresentam maior tendência a
desenvolverem problemas emocionais e se tornarem mais egoístas afetando também os
seus futuros relacionamentos que tendem a repetir os erros de seus pais.

Atacando e destruindo um casamento, especialmente um casamento entre cristãos, o


diabo consegue destruir muito mais do que um relacionamento.

2 – O que acontece quando eu luto contra carne e sangue?

Quando não agimos conforme as Escrituras e passamos a lutar contra carne e sangue,
nos tornamos vulneráveis. Sem discernir qual o inimigo a ser combatido, as armas
espirituais passam a não atingir seu propósito e somos levados cada vez mais a abrir mão
do arsenal de Deus e a lutar usando as armas carnais. Este é um equívoco gravíssimo!

Quando o crente perde de vista o seu verdadeiro inimigo ele começa a agir conforme a
carne e a fazer uso de estratégias e comportamentos carnais: inimizades, brigas,
ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões e invejas (Gálatas 5:19-
21) e semeando na carne vamos sempre colher corrupção (Gálatas 6:8).

Usar as armas do inimigo é pedir para ser derrotado!

3 – Há possibilidade de vitória usando armas carnais?

Por mais que você imagine saber usar as armas carnais, a verdade é que sempre estará
em desvantagem, pois o seu inimigo já usava estas mesmas armas antes mesmo de o
homem sequer imaginar comer do fruto proibido. Ele milita com estas armas há muito mais
tempo que você e conhece cada detalhe e todos os segredos deste tipo de duelo. É como
um pugilista amador subir ao ringue para enfrentar um campeão dos pesos pesados ou um
enxadrista de fim de semana se arvorar a derrotar um mestre mundial.

Como o diabo sabe que é ele quem domina estas armas, ele age como um pugilista ou
enxadrista quando nota que tem à sua frente um despreparado: ele dá campo, deixa o
amador se empolgar achando que tem chance e depois dá o golpe fatal, o xeque-mate
espiritual. Talvez você tenha usado as armas carnais e tenha tido a ilusão de ter obtido
vitória. Talvez você tenha se deixado levar pela ira, brigas, inimizades, rebeldia e
sentimentos egoístas e teve a ilusão que as coisas ficaram melhores, mas sinto lhe dizer: é
apenas ilusão mesmo, o terreno para a sua derrota está apenas sendo preparado.

Não há como usar armas carnais nas batalhas espirituais e sair vencedor!

Quando usamos as armas carnais não estamos combatendo quem deveríamos. Perdemos
a consciência de quem é o nosso inimigo e não é raro atingirmos nossos aliados e
machucarmos pessoas queridas. É por isso que Paulo alerta os gálatas para terem o
cuidado de não militarem segundo a carne que fatalmente os levaria a morder e devorar
uns aos outros, destruindo-se mutuamente (Gálatas 5:15).

As armas carnais atacam seres humanos, nunca seres espirituais. Quando nos
levantamos para militar segundo a carne estamos apenas destruindo pessoas e
relacionamentos, enquanto satanás e seus demônios assistem a tudo alegremente.

Este talvez tenha sido o seu caso até aqui.


4 – Como devo agir então?

Para vencermos em nossas batalhas espirituais precisamos assimilar que a nossa luta
jamais será contra sangue e carne, será sempre contra principados e potestades, contra
os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestiais (Efésios 6:12).

Se a nossa batalha é espiritual devemos usar armas espirituais, pois o diabo não tem
poder contra as armas de Deus. Usando as armas espirituais estaremos nos filiando ao
lado vencedor, estaremos juntando forças com o exército de Deus e seremos capazes de
destruir fortalezas e anular todo o engano do diabo (2 Coríntios 10:4).

O diabo tentará sempre lhe convencer de que seus inimigos, aqueles que lhe atrapalham a
felicidade e lhe tiram a vitória, são pessoas de sangue e carne. Enquanto você luta com a
força do seu braço contra o inimigo imaginário que seus olhos naturais veem, o seu
verdadeiro inimigo terá campo livre para matar, roubar e destruir.

Se você deseja vitória na sua batalha espiritual, está na hora de depor suas armas carnais.

Talvez até hoje você tenha militado usando seu entendimento, sua sagacidade, força,
intelecto ou argumentos, mas por mais que você se esforce jamais poderá vencer o
inimigo se não depositar sua confiança totalmente no Senhor, mortificando a carne e
entendendo quem é o seu grande e verdadeiro inimigo.

Agora é hora de abrir mão das armas carnais e começar um novo caminho.
Capítulo IV
Conhecendo o Inimigo

Conhecer o inimigo é fator primordial para obtermos a vitória em nossa peleja. Todo
exército antes de entrar em uma batalha busca informações sobre seu inimigo para que
tenha a dimensão exata da luta que travará e não incorra no erro de supervalorizar ou de
desprezar o inimigo.

Quando o povo de Israel saiu do Egito e se aproximou da terra prometida Moisés separou
doze homens, um de cada tribo, para que fossem à terra que o Senhor prometera,
observassem e conhecessem quem eram os inimigos e qual o poder que tinham (Números
13:1-19). A Bíblia nos diz que estes homens viram a terra e voltaram com um cacho de
uvas tão grande que eram necessários dois homens para transportar.

Cerca de quarenta anos depois Josué enviou outros dois espiões (Josué 2:1) que, além de
obterem informações sobre o inimigo, livraram da morte a prostituta Raabe, da qual o
Senhor de nossas vidas descendeu, segundo a carne.

Não é diferente no reino espiritual, Paulo nos dá o exemplo de que não devemos ignorar
as maquinações de satanás (2 Coríntios 2:11). Portanto, vamos conhecer um pouco mais
quem é o nosso inimigo.

1 – Conhecendo a História

No livro do profeta Ezequiel no capítulo vinte e oito, versos doze a dezenove, vemos uma
passagem extremamente curiosa. Neste trecho do livro, o profeta Ezequiel é chamado por
Deus para profetizar contra um ser denominado “rei de Tiro”. No entanto, ao descrever o
personagem, vemos que as características dele não coincidem com as de um ser humano.
Ali é dito que o “rei de Tiro” era um ser cheio de formosura que estava no Jardim do Éden
coberto de pedras preciosas. A profecia o identifica como pertencente a uma classe
angelical, a dos querubins, que exercia a missão específica de guardar e proteger e vivia
no monte santo do Senhor.

Este ser era perfeito em seu caminho, até que um dia, por conta de seu poder e formosura,
seu coração se corrompeu. O texto não dá explicações mais detalhadas sobre este
processo de corrupção, mas nos dá muitas pistas sobre quem é este ser.
Segundo boa parte dos teólogos, este texto do profeta Ezequiel é uma profecia de dupla
interpretação que fala não só do homem identificado como “rei de Tiro”, mas fala também
sobre o ser espiritual que agia através deste homem. A interpretação que se faz é que este
querubim da guarda que estava no jardim do Éden e se corrompeu é, na verdade, a
serpente original que andava no jardim e induziu o homem à rebelião contra Deus, o ser a
quem chamamos satanás. Em sua profecia, Ezequiel revela alguns dados importantes
sobre o nosso adversário.

Aprendemos que ele era um ser de enorme poder, posto que os querubins são
considerados componentes da mais alta classe angelical. Para se ter uma ideia da
importância desses seres, a Bíblia nos revela que a Shekinah, a Glória de Deus, se
manifestava entre as esculturas de dois querubins que estavam colocados como sobre a
Arca da Aliança. E entre os querubins Deus falava diretamente com Moisés (Números
7:89).

A profecia de Ezequiel nos diz que o “rei de Tiro”, satanás, era o sinete da perfeição
(Ezequiel 28:12), ou seja, ele era o mais perfeito exemplo da perfeição na criação de Deus.

A Bíblia nos ensina que os dons e vocações de Deus são irrevogáveis (Romanos 11:29),
ou seja, aquilo que Deus dá Ele não toma. Deste modo, apesar de sua rebeldia, satanás
ainda preserva seu poder. Prova disso é que no livro de Apocalipse, um dragão,
identificado como sendo satanás, leva consigo um terço das estrelas dos céus (Apocalipse
12:4). Na simbologia adotada pelo apóstolo João as estrelas representam os anjos.
Portanto, o dragão-satanás levou consigo um terço dos anjos dos céus. Um de cada três
anjos foi seduzido pela rebelião capitaneada pelo diabo. Em uma das tentações lançadas
contra Jesus, satanás mostra os reinos da terra e a sua glória e apresenta todas estas
coisas como estando debaixo de sua autoridade (Mateus 4:8-9). João nos revela que o
mundo jaz, está debaixo do poder, do maligno (1 João 5:19) e ele é apresentado como o
deus deste século, conforme 2 Coríntios 4:4. Estas passagens nos dão, com bastante
clareza, a ideia do poder que este ser agrega.

Com os anjos caídos que o seguiram, satanás organizou um reino espiritual. No capítulo
seis de sua carta aos efésios, Paulo nos fala que o reino das trevas está organizado e é
composto por governos, autoridades, poderes e hostes espirituais que dominam o lado
tenebroso deste mundo nas regiões celestiais. Fazendo uma analogia com o mundo físico,
poderíamos dizer que os governos seriam equivalentes aos presidentes; as autoridades
equivaleriam aos governadores; os poderes estariam no patamar dos prefeitos e as hostes
espirituais, seriam as forças armadas do mal.
Com esta organização e com este enorme número de seguidores, satanás luta para matar,
roubar e destruir cada ser humano nesta terra.

2 – A Estratégia do Reino das Trevas

A sua estratégia se finca em dois pilares: a astúcia e a cilada (Efésios 6:11).

O diabo age com esperteza. Ele não tem pressa, espera o melhor momento, sonda os
pontos fracos, estuda as vulnerabilidades. Como um caçador de pássaros, ele arma a sua
arapuca, colocando dentro dela aquilo que apetece o paladar da vítima. Se a pessoa a ser
fisgada é vulnerável na área sexual, ali estará um homem ou uma mulher lhe assediando;
se for o temperamento, pode ter certeza que oportunidades não faltarão para explodir; se é
o orgulho, mesmo espiritual, ele estará lá para encher o ego. Pode ser dinheiro, poder ou o
que for, até mesmo a Bíblia, tudo pode ser usado por ele para te derrubar. Ele conhece o
seu ponto fraco e armará a armadilha aguardando pacientemente.

Satanás prepara o plano, arma a cilada, mas ele não força você a pecar. Esta é uma lição
que todos nós temos que ter clara em nossa mente. Nós somos tentados pela nossa
própria cobiça quando ela nos atrai e seduz e, quando somos seduzidos pelos nossos
desejos, nós mesmos concebemos em nosso coração o pecado e este pecado, uma vez
consumado, gera a morte (Tiago 1:14-15).

Na história de Davi, por exemplo, todo o mal plantado só alcançou sucesso porque o
próprio Davi absteve-se de buscar em Deus a cura. Foi Davi e não o diabo quem mandou
chamar uma mulher casada e adulterou com ela; foi Davi e não o diabo quem tentou
encobrir sua malícia e seu pecado; foi Davi e não o diabo quem arquitetou o plano de
morte.

O diabo está em todo tempo estudando a mim e a você. Como leão rugindo em derredor,
ele busca informações, percebe fraquezas: um olhar, um gesto, um comportamento, uma
palavra que denuncie o ponto fraco de cada pessoa. Era claro que os demônios
conheciam a falta de limites que Davi tinha em relação às mulheres e estavam apenas
esperando o momento certo para que esta fraqueza pudesse ser usada em seu favor.

O diabo também está vigiando você. Qual tem sido o ponto fraco de sua vida espiritual que
você está negligenciando? Pode ser na área sexual como Davi, ou no temperamento, na
ira, na indolência, na autoindulgência, na ambição, na vaidade, na autopiedade... Seja qual
for este ponto fraco, se você negligenciar e não buscar na cruz a cura, ele poderá ser
usado contra você.
O diabo nunca vai lhe oferecer aquilo que já não for desejado por você e assim, sendo
atraído e enganado pelos seus próprios desejos, como passarinhos que não veem o laço
armado a seu redor, as vítimas do mal são tragadas.

Há um ditado que diz que não podemos evitar que as aves voem sobre nossos ombros,
mas podemos evitar que elas façam ninho em nossas cabeças. A mesma coisa vale para a
nossa relação com a tentação e o pecado. Não há como evitar sermos tentados, mas o
pecado só fará ninho em nosso coração se nós permitirmos.

3 – Os Campos de Batalha

Na batalha espiritual não há campo neutro, não há a mesma divisão que há no mundo
físico onde temos os civis que não participam da guerra e os militares, que se envolvem
ativamente. Davi não foi à guerra, mas a guerra se levantou contra ele. No mundo
espiritual todos estão no campo de batalha mesmo quando imaginam não estar. No
entanto, existem campos de batalha nos quais o inimigo age de maneira mais ativa e
determinada. Biblicamente podemos afirmar que as forças espirituais da maldade atuam
em três dimensões:

A primeira é a dimensão individual: ele ataca cada pessoa, especialmente os cristãos (I


Pedro 5:8). Cada mente é um campo de batalha. Cada cristão é assediado pelo mal, para
induzi-lo ao pecado e à perda de comunhão com Deus. Sua mente é bombardeada pelas
hostes do inimigo com pensamentos, insinuações e sugestões com o objetivo de lhe
paralisar na obra de Deus e fazer com que você seja um soldado fora da batalha, vencido
e dominado pelo mal.

A segunda dimensão de ataque é a familiar. O livro do profeta Isaías nos revela a


existência de espíritos familiares que supostamente revelavam coisas a respeito de
pessoas falecidas (Isaías 8:19). Não é exagero supormos que tais espíritos acompanham
gerações de famílias, aprendendo as fraquezas inerentes àquele grupo familiar, tais como
propensões ao vício, à violência, ao adultério e quaisquer outras fraquezas ou
características que possam ser usadas. Isto explica a propensão para pecados específicos
que são repetidos com frequência através das gerações em algumas famílias. Graças a
Deus por que em Cristo Jesus todas a escravidão e maldição é vencida pela fé Naquele
que se fez maldição em nosso lugar.

A terceira dimensão de ataque é geográfica. Como vimos na profecia revelada no livro de


Ezequiel, havia um ser espiritual chamado de “o rei de Tiro” que certamente era a entidade
maligna que controlava aquela região. No livro do profeta Daniel há a passagem de uma
luta que acontece entre o anjo que lhe trazia a resposta de Deus e um ser espiritual
chamado de “príncipe do reino da Pérsia”. A batalha espiritual estava tão renhida que foi
necessária a intervenção de um anjo mais poderoso chamado Miguel para que o anjo de
Deus vencesse (Daniel 10:13). Esta batalha durou vinte e um dias!

Se prestarmos atenção à realidade, veremos que existem territórios geográficos onde o


evangelho tem dificuldade em penetrar ou onde determinado tipo de pecado é quase
endêmico. São áreas onde potestades se organizam e aprisionam a população local
mantendo certos comportamentos que muitas vezes se travestem como tradição cultural,
mas que são instrumentos para paralisar o evangelho e seduzir-nos às práticas que
desagradam a Deus.

Embora existam áreas geográficas onde seu domínio seja mais intenso e visível, a
verdade é que satanás controla muito mais que isto. Deste modo, os meios de
comunicação, o jogo de poder e toda a parafernália que define a cultura e valores
humanos estão debaixo de sua influência direta. Não é por acaso que jornais, revistas,
TVs e cinema propagam cada vez mais intensamente os valores de uma sociedade mais e
mais distante de Deus.

4 – Não Tenha Medo

Escrevo estas coisas não para que você tenha medo, mas para que tenha consciência
sobre com quem você está lutando. Muitos são os que subestimam o diabo, e se há uma
coisa que satanás busca é não ser percebido, ele é mestre na arte da camuflagem, pois
quanto menos nos apercebermos dele mais facilmente ele poderá nos atacar.

Muitos são os que estão cativos pelo inimigo e não percebem. Pensam que estão livres da
batalha quando na verdade estão em prisões espirituais e por estarem já debaixo da
opressão do inimigo passam a receber do capeta a porção diária de ração e o pior é que
muitos prisioneiros nas grades do engano recebem a ração fornecida pelo diabo e ainda se
iludem achando que estão recebendo o melhor de Deus em sua vida. São pessoas que
tomadas pelos cuidados desta vida e a fascinação das riquezas se tornam infrutíferas para
o reino (Mateus 13:3-23).

Esta é uma das astutas ciladas do inimigo, lhe escravizar, paralisar e fazer você achar que
está tudo bem. Isto é obra do engano, saia desta prisão espiritual e venha para a vitória!

Em suas batalhas espirituais a vitória sempre estará em suas mãos. Sua posição em
Cristo é que lhe dá a garantia vitória. Para o inimigo restará sempre e tão somente armar
as ciladas, preparar as arapucas e esperar pacientemente. Se você permanecer atento,
mantendo comunhão com Deus, buscando uma vida de intimidade com Ele, a vitória já é
sua.

Capítulo V
Fortalecei-vos no Senhor

“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.” (Efésios
6:10).

A carta aos efésios é a passagem bíblica que aborda de maneira mais explícita a Batalha
Espiritual. Especialmente no trecho que vai do versículo 10 ao 18, Paulo expõe de maneira
didática quem é o nosso inimigo, quais as suas estratégias e quais as armas e estratégias
que Deus coloca a serviço do crente para obter a vitória. Nele aprendemos as lições
fundamentais para a vitória em nossas lutas. É sem dúvida um manual de guerra que todo
crente deveria estudar e conhecer profundamente.

Ao iniciar sua abordagem ele nos convoca a depender totalmente de Deus para obtermos
força e capacitação do alto. A primeira recomendação de Paulo em suas instruções acerca
da batalha espiritual, expressa no versículo transcrito acima, é que nós tenhamos
consciência de que a força que dispomos não vem de nós mesmos. Vem diretamente do
Senhor!

O poder de Deus só se manifesta plenamente quando nos entregamos a Ele. De nada


adianta todo o esforço despendido se não houver total entrega a Deus e dependência
Nele. A sua chance de vitória está diretamente ligada à sua capacidade de entrega ao
Senhor.

Foi entregando-se ao Senhor que Davi venceu o gigante; foi na entrega obediente ao
Senhor que as muralhas de Jericó desmoronaram e que o fogo desceu do céu pela oração
do profeta; foi por sua entrega ao Senhor que seus servos sequer foram chamuscados
pela fornalha ardente e que cegos, surdos, mudos e paralíticos foram curados.

A vida plena só é possível quando a entrega é plena. Muitas pessoas não entendem esta
verdade e é exatamente por isso que não têm uma vida vitoriosa.

1 – Entregar-se para Deus


A entrega começa pelo novo nascimento. Inicia-se no encontro com Cristo que nos torna
novas criaturas e faz novas todas as coisas (1 Coríntios 4:20); que nos tira das trevas e
nos traz para a luz (1 Pedro 2:9) e nos tira da escravidão ao pecado para sermos filhos de
Deus (Romanos 6:22; João 1:12).

O novo nascimento não é assumir compromissos com uma instituição religiosa qualquer;
nem é a adesão a um corpo de doutrinas de uma suposta verdade religiosa ou adoção de
uma filosofia de vida. Não é ajustar-se a um conjunto de regras e mandamentos que
determinem seu comportamento moral, nem é associar-se a um movimento conduzido
pelo medo ou pelo desejo de troca, de barganha, com Deus.

O encontro com Jesus é muito mais que isto.

Existe uma multidão de pessoas que em sua peregrinação nunca teve um encontro com
Cristo, porque muitas vezes, também, nunca foi apresentada de maneira honesta a Ele.
Esta triste verdade acontece mesmo em igrejas que supostamente pregam Jesus. Muitos
são os “crentes” que precisam encontrar a salvação. Pessoas que frequentam os cultos,
trabalham em ministérios, pregam e até são pastores e líderes de ministérios, sem jamais
terem tido um verdadeiro encontro. São religiosos que nada possuem de diferente em
relação aos demais seguidores de outras religiões a não ser o nome da divindade a quem
afirmam seguir. Estão tão distantes da Luz quanto qualquer outra pessoa que nunca
conheceu Jesus. Apenas aderiram a uma ideologia religiosa, seja por tradição familiar, por
medo, por ambição pessoal ou por simpatia por uma filosofia de vida que lhe parece
atraente.

O encontro verdadeiro com Jesus é inexplicável. É uma mudança que se impõe de dentro
para fora, que muda visceralmente o nosso pensamento e com ele muda também nossas
atitudes e sentimentos. Aquele que tem um encontro com Jesus e se entrega a Ele passa
a andar em profundo entendimento de sua indignidade e passa a depender totalmente da
Graça.

Quem tem um encontro com Jesus passa a caminhar em arrependimento e seus atos de
justiça e boas obras não visam mais atrair o favor de Deus, mas mesmo assim não se
conforma com suas limitações nem aos seus pecados. Ele é possuído por um ardente
desejo de transformação que o leva a lutar o máximo que puder para agradar ao seu
Senhor, sabendo que o mesmo Espírito multiplicará sua força e completará o que falta
fazendo-o andar de glória em glória (2 Coríntios 3:18) até chegar à estatura de homem
perfeito (Efésios 4:13), até chegar à estatura de Jesus. Aquele que tem um encontro com
Jesus é um inconformado por natureza, ele não se conforma com este mundo, mas se
transforma a cada dia pela renovação de sua mente (Romanos 12:2). E nada disto é
imposto de fora, mas é gerado dentro de si, como um fruto: O fruto do Espírito.

2 – Arrependimento: A Palavra Chave

A palavra grega que traduzimos como “arrependimento”, no português, vem do grego


metanoia que é a junção do sufixo meta, que significa mudança, transformação, e a
palavra noia, que significa mente. Portanto, em sua tradução mais literal arrependimento
significa “mudança de mente”. Deste modo, a palavra metanoia nada tem a ver com o
significado que normalmente damos à palavra portuguesa “arrependimento” que nos
remete apenas à tristeza por algo errado que fizemos.

A “mudança de mente” é um processo que nos leva a reavaliar o nosso passado e muitas
vezes isto pode ser doloroso e provocar tristeza. Esta tristeza causada pelas
consequências dos nossos atos pode ser usada por Deus para nos levar à mudança de
mente, ao arrependimento (II Coríntios 7:9-10). Mas independente de como aconteça, com
ou sem tristeza, a verdade é que se esta reavaliação do nosso passado não produzir
mudança de atitude isto não é arrependimento.

A tristeza que não produz mudança não é arrependimento, é remorso. Não confunda uma
coisa com a outra.

O arrependimento não é apenas um evento circunscrito ao momento de uma decisão em


um culto. O arrependimento é um processo contínuo que nos acompanha por toda a vida.
Quem diz que teve um encontro com Cristo e não se sente desafiado a mudar e a ser
transformado a cada dia, tem de parar para refletir até que ponto este encontro foi real.

O encontro com Jesus que nos faz caminhar em arrependimento é o primeiro e maior
passo. Se você ainda não experimentou este encontro transformador, convido-o a ter esta
experiência.

3 - Como faço para me entregar a Deus?

Se você ainda não se entregou a Cristo, este é o momento propício. Escolha um lugar a
sós, não precisa de igreja, nem de pastor, aí onde você está agora pode ser este lugar de
entrega.
Estando a sós, dobre seus joelhos se desejar, mas principalmente rasgue seu coração
(Joel 2:13). Faça uma reflexão sobre seus caminhos e escolhas; sobre sua vida e suas
atitudes.

A verdade é que eu e você não sabemos nem podemos prever absolutamente nada sobre
nossas vidas e, perante o Senhor, a minha e a sua justiça não passam de trapos (Isaías
64:6). A única bondade que verdadeiramente agrada a Deus é sermos iguais a Cristo. O
que Deus deseja é que sejamos como Jesus em sua entrega total, em seu extremo amor e
perdão incondicional. Isto é impossível para mim e você em nossas vidas tão centradas
em nós mesmos.

Todos nós pecamos e juntamente nos desviamos do Caminho. A Palavra do Senhor nos
diz que os nossos pecados fazem separação entre nós e Deus (Isaías 59:2). Não apenas
os pecados que consideramos graves, mas todo pecado nos separa de Deus que é Santo
e Nele não habita trevas. Deste modo, não há como criaturas imperfeitas como nós, nos
achegarmos ao Pai se não for através de alguém que seja Justo e que, por sua justiça,
interceda por nós. Este alguém é Jesus. Só Ele cumpriu toda a vontade de Deus e é Ele o
único ser humano que pode se achegar ao Pai por seus próprios méritos e, pela sua
bondade, esta justiça de Cristo é enxertada em nós quando estabelecemos com Ele uma
aliança que nos faz nascer de novo, não mais na carne, mas no Espírito.

Só quando temos plena consciência de quanto somos maus ante os olhos de Deus, é que
poderemos nos entregar a Ele.

Neste momento convido você a se render a Jesus, como uma criança que se entrega ao
pai.

Coloco abaixo um modelo de oração de entrega. É apenas um modelo, se você sentir o


desejo de fazer esta oração, saiba que é o Espírito Santo, deixe-se inundar por este
desejo, e faça a oração com fé:

“Senhor meu Deus e Pai,

Quero agradecer-te pelo Teu amor e carinho e por teres cuidado de mim. Agradeço-te,
pois Tua presença sempre me acompanhou, mesmo quando eu não notava. Perdoa todos
os meus pecados e todos os momentos em que me afastei da Tua vontade. N este
momento entrego totalmente minha vida a Ti. Que o teu Espírito Santo faça em mim
morada e que Jesus seja, a partir de agora, meu único Senhor e Salvador. Recebe minha
vida hoje.

Em nome de Jesus.
Amém”

Após fazer a sua oração, você sentirá paz e convicção, esta é a semente. No início, como
toda semente ela estará frágil e você deverá cultivá-la e cuidar dela. À medida que você for
caminhando com o Senhor, esta semente ficará cada vez mais forte e crescerá e dará
frutos e lhe conduzirá aos caminhos de vitória que Deus reservou para você.

Dê um tempo. Pare a leitura e faça sua entrega pessoal. Se você já teve este encontro
com Jesus, aproveite este momento e renove sua entrega, retome o seu caminho de
dependência e confiança Nele. Se renda a Ele e abra mão de toda a justiça própria, de
todos os méritos que você julga ter.

Não há outro caminho. Agora é seu momento a sós com Deus. Só retome a leitura depois
deste momento de entrega!

4 - Eu fiz a minha entrega, e agora?

Quando nos entregamos totalmente a Jesus devemos aprender a depender Dele em todas
as coisas e é aí que nossa fé é verdadeiramente provada.

A queda aconteceu exatamente quando o homem resolveu levar sua vida independente de
Deus e agir conforme seu próprio entendimento. Assim, todos nós sempre seremos
tentados a andar em rebelião à vontade de Deus, a tomar as decisões conforme a nossa
vontade e não conforme a vontade Dele.

Por isso a nossa entrega sempre será um ponto de partida ao qual voltaremos ao longo de
nossa caminhada, a vitória ocorre à medida que nos alinhamos à vontade de Deus e este
realinhamento só acontece quando tomamos consciência de nossa impotência e
permitimos que Ele assuma o controle.

A caminhada em Cristo nos conduz a esta entrega em todas as áreas. Seja familiar,
profissional ou emocional. Quando entregamos todas as nossas necessidades ao Senhor,
o nosso coração caminha em descanso e experimentamos a paz que excede todo
entendimento (Filipenses 4:6-7).

Mas, normalmente, nós não entregamos nossas lutas a Jesus, nós “emprestamos”.
Falamos com os lábios, mas nosso coração ainda permanece ansioso e angustiado. O que
fazemos na verdade é “dar um tempo” para que Deus resolva o problema. À medida que
este tempo se prolonga, tomamos o problema de volta e começamos a agir conforme
nossa carne. E, mesmo durante o tempo do “empréstimo”, mantemos o nosso coração
aflito e ansioso.
5 - A minha ansiedade realmente atrapalha?

A nossa ansiedade bloqueia a nossa percepção da presença de Deus e do Seu agir em


nossas vidas.

A ansiedade é a maior evidência de falta de fé.

Imagine um ônibus em que um passageiro ficasse o tempo todo ao lado do motorista


controlando a velocidade, definindo o itinerário, determinando os momentos de troca de
marchas...

Certamente você pensaria que há algo muito errado com este passageiro e que seria
impossível o motorista exercer a sua função sendo importunado desta forma. Mas é assim
que fazemos com Deus.

Às vezes fazemos ainda pior, tomamos o volante das mãos Dele e passamos a guiar o
ônibus da nossa vida, sem saber qual caminho seguir e como dirigi-lo. Não é de admirar
que muitos acabem acidentados e feridos; machucados e machucando outros.

Mesmo conhecendo todos os riscos de confiar em homens, ainda há os que entram num
ônibus e tiram uma gostosa soneca enquanto esperam o fim da viagem. Confiamos muito
mais no motorista do ônibus que diariamente pegamos, do qual não sabemos se está
habilitado, se está sóbrio ou se está bem emocionalmente, do que no Deus que não falha.

Depositamos muito mais confiança em homens do que no Senhor!

É por isso que o apóstolo Tiago fala daquele que dúvida como sendo semelhante à onda
do mar que vai de um lado ao outro impelido pelo vento das circunstâncias e, exatamente
por isso, não alcança coisa alguma do Senhor (Tiago 1:6).

Na carta aos Filipenses 4:6, Paulo recomenda que não andemos ansiosos. O modo verbal
usado nesta expressão está no imperativo e a voz é ativa. Ou seja, as escrituras
ordenam que você tome a decisão de não andar ansioso. Não é para apenas orar para
que Deus tire a ansiedade do seu coração, mas ativamente você tem que tomar a decisão
de não permitir que ela domine sua vida.

O convite do Evangelho é que lancemos sobre Jesus todas as nossas ansiedades,


repousando na certeza de que Ele cuida de nós (1 Pedro 5:7). Jesus nos chama para que
sejamos aliviados do cansaço e da opressão da vida neste mundo caído (Mateus 11:28).
Não empreste seus problemas a Deus. Entregue a Ele e quem entrega e confia, descansa!
(Salmo 37:5)

6 - O que significa estar fortalecido no Senhor?

Ser fortalecido no Senhor é esta absoluta entrega. A armadura espiritual é chamada de


armadura de Deus, mas a busca é nossa. Ser fortalecido é uma atitude ativa de quem
busca esta força que não há em si mesmo.

O encontro com Jesus nos conduz a manter comunhão com Ele. Esta comunhão é que
Paulo chama de estar “em Cristo” e esta expressão é usada mais de cento e sessenta
vezes em suas treze epístolas. O cristianismo não é um conjunto de ritos, preceitos ou
cerimônias, é comunhão com a pessoa divina de Cristo Jesus que vai nos transformando à
sua imagem à medida que desenvolvemos esta comunhão e intimidade. Portanto, quando
falo em fortalecer-se no poder de Deus, me refiro ao poder sobrenatural, não humano, que
virá através desta transformação em nossa caminhada Nele.

Todos os preceitos, ordenanças e mandamentos são bons, mas é a comunhão com Cristo
e em Cristo por intermédio do Espírito Santo que fará com que eu deixe de ser apenas
mais um membro de uma religião e me torne uma nova criatura, revestido do poder de
Deus.

No sexto capítulo da carta de Paulo aos efésios, a palavra grega traduzida como ser
fortalecido vem da mesma raiz da palavra “dinamite” em português. A palavra grega
dunamis está associada à ideia de uma força, um poder, usado para atingir um fim
específico. No Novo Testamento esta mesma palavra está associada aos milagres,
maravilhas e proezas extraordinárias feitos por Jesus em seu ministério na terra. A mesma
palavra é usada para se referir ao poder que Pedro usou para curar o homem coxo de
nascença (Atos 3:2-12). Ainda no livro de Atos a palavra dunamis é usada por Jesus ao se
referir ao poder que revestiria seus discípulos quando recebessem o Espírito Santo no dia
de pentecostes (Atos 1:8).

Isto significa que quando um crente se fortalece no poder de Deus, ele se torna uma
“dinamite” espiritual capaz de alcançar coisas impossíveis aos homens comuns. Você
revestido do poder de Deus pode alcançar proezas e fazer o inimaginável. Este poder está
à sua disposição hoje, agora!
Se você deseja vencer a batalha espiritual a primeira e mais importante coisa a fazer é
reencontrar-se com Cristo e receber Dele este poder que irá lhe revestir e fará com que as
trevas se dissipem e a vitória venha plena assim como a luz do sol dissipa a noite.

A convocação do Senhor é para que você ativamente, conscientemente se revista deste


poder!

Capítulo VI
A Estratégia da Vitória

Em uma batalha é preciso que tenhamos em mente como devemos nos portar para obter a
vitória. Se não seguirmos a estratégia correta estaremos sempre oscilando, dando golpes
a esmo, atacando o inimigo em seu ponto forte, dissipando energia e dando chances ao
adversário.

A sua estratégia é ditada pelo Senhor. É ele quem lhe reveste de poder e é ele quem
adestra sua mão para a batalha e os seus dedos para a guerra (Salmo 144:1). O bom
soldado de Deus não é aquele que segue seus próprios instintos, antes, é aquele que
sabendo como deve se portar mantém-se fiel àquilo que foi traçado pelo Senhor, mesmo
que os resultados inicialmente pareçam não acontecer.

1 – Manter-se Firme

Firmeza é palavra essencial na estratégia de Deus para a vitória dos seus filhos. Uma
pessoa firme é constante, determinada, decidida, forte, resistente e inabalável. Não temos
capacidade em nós mesmos de atingir esta firmeza, ela vem de Deus através da armadura
espiritual descrita na carta aos efésios (Efésios 6:11). Somente revestido com a armadura
de Deus estaremos firmados para não cair nos estratagemas do mal.

A firmeza é tão fundamental para a vitória do crente que, nos cinco versículos introdutórios
ao texto que descreve a armadura espiritual, a palavra grega histemi, que significa “estar
firme”, é citada três vezes no espaço de apenas cinco versículos! (Efésios 6:10-14). No
versículo 11 o apóstolo exorta para nos revestirmos de toda a armadura de Deus para
ficarmos firmes contra as armadilhas do diabo. No versículo 13, ele nos anima para que
lutemos até a vitória final, permanecendo firmes. No versículo seguinte ele novamente
recomenda que estejamos firmes ao nos revestir com a armadura espiritual.

No nosso ministério de aconselhamento a oscilação na fé é um dos piores aspectos com


os quais tenho de lidar. São crentes que em um dia estão cheios de convicção e no outro
estão buscando soluções conforme sua carne; em um dia estão decididos a participarem
dos cultos, se envolverem no serviço, mudar seu comportamento, confiar no Senhor, mas,
no momento seguinte, qualquer contratempo serve como desculpa para paralisá-lo ou até
fazê-lo andar para trás.

Não existe vitória na vida espiritual sem firmeza.

Jesus nos fala de dois homens que ouviram seus ensinamentos. Mesmo após terem um
encontro com o Senhor, ambos passaram pelas dificuldades da vida: tempestades,
vendavais, inundações... Só que um permaneceu firme, enquanto outro desabou ante as
vicissitudes. A diferença entre eles era só uma: aquele que ouviu e pôs em prática
alcançou a vitória (Mateus 7:24-27).

O Evangelho é uma fé prática e não uma fé que nada produz. Nos dias atuais o evangelho
tem sido cada vez menos prático e mais semelhante à uma receita de autoajuda e do
poder do pensamento positivo. Isto é um grave equívoco. O verdadeiro Evangelho é viver
plenamente a Palavra e por em prática aquilo que Deus deseja. O que Deus deseja não é
apenas que professemos um credo, que tenhamos conhecimento bíblico e que
concordemos com determinadas doutrinas. O desejo do Senhor é que pratiquemos os
seus ensinos e que eles não sejam apenas ideais que admiramos, mas verdades que
buscamos viver todos os dias.

Assim, se o problema em sua vida é manter uma rotina de oração, você tem que ser firme
ao entrar nesta batalha. Deve ser determinado e não ficar adiando. Se a sua luta for pedir
perdão a alguém que você magoou, não fique coxeando, vá e faça! Se, ao contrário, sua
dificuldade for perdoar, não aceite ficar no cativeiro, assuma a posição e professe este
perdão. Se existe algum pecado que você não consegue abandonar, arranque o “olho” ou
a “mão” se necessário for, pois lhe é melhor entrar no reino dos céus sem um olho ou uma
mão do que com os dois olhos e com as duas mãos, ser lançado no inferno (Mateus 5:29-
30).

Construa a casa de sua vida na rocha eterna que é Jesus, Ele lhe dará a firmeza em meio
ás tempestades. Não construa na areia dos sentimentos, que vão e vêm, ou das filosofias
humanas que mudam conforme os nossos dilema. Só firmando nossa vida na prática diária
do evangelho de Cristo que nos transforma à sua semelhança é que podemos
verdadeiramente perseverar em meio a todas as adversidades.

2 – Não Fique Oscilando

Existe um filme evangélico chamado “Prova de Fogo”, que recomendo que todo casal
cristão assista. O filme conta a história de Caleb e Catherine, casal protagonista, que
enfrentava graves problemas de relacionamento a tal ponto que a separação parecia
irreversível. Uma das causas dos conflitos era que Caleb, o esposo, tinha problemas com
pornografia na internet. Embora ele o fizesse escondido, sua esposa descobrira e sentia-
se ultrajada. Somado às demais dificuldades de relacionamento que caracteriza
praticamente todo casamento, esta fraqueza do marido era a brecha usada por satanás
para destruir o casamento e induzir a Catherine a um novo relacionamento.

Quando a situação parecia insustentável, Caleb tomou a decisão de entrar na batalha


espiritual para salvar seu casamento. Ao analisar sua fraqueza em relação à pornografia
ele tomou uma decisão que só o soldado de Deus pode ter: simplesmente levou o
computador ao quintal e quebrou-o em pedacinhos para surpresa do seu vizinho que
observava tudo atônito.

O mal não estava no computador nem na internet, mas estes eram instrumentos usados
por satanás para fazê-lo tropeçar. Não importa em que site você esteja, estará sempre a,
no máximo, duas páginas para acessar um site com conteúdo erótico. Caleb viu que
enquanto estivesse acessando a internet sempre estaria vulnerável e, entre ter em sua
casa uma facilidade e um lazer que o conduzia à tentação e manter-se livre do pecado, ele
tomou a decisão de não mais se embaraçar com as coisas deste mundo.

Esta é a firmeza que Deus deseja de você!

Infelizmente nem todos os homens e mulheres de Deus têm agido assim. Hoje a
pornografia e o adultério virtual tem dizimado famílias, líderes têm caído, esposas e
esposos encontram-se presos no vício por não tomarem a decisão de romper com os
grilhões enquanto era tempo.

Se você deseja vitória em sua batalha espiritual tem que estar disposto a arrancar de sua
vida aquilo que lhe faz tropeçar. Seja uma amizade que está se tornando intima demais,
um lugar que você frequenta e que lhe induza a maus pensamentos, um programa de TV,
ou qualquer outra coisa, arranque-o. Não pense que satanás não usará sua fraqueza. Não
troque as bênçãos de Deus por prazeres momentâneos deste mundo caído.

3 – Ser Firme é Também Ser Constante

Firmeza também é sinônimo de constância. O primeiro passo é tomar a decisão de acordo


com a vontade de Deus. O segundo passo é agir conforme esta decisão. Mas de nada
adianta os dois primeiros passos se você não sustentá-los ao longo do tempo.
Quando a decisão é tomada no Senhor, por mais radical que possa parecer, o próprio
Deus o confirma em seu coração e o capacita a mantê-la custe o que custar. Esta é a
verdadeira firmeza. Para alcançá-la é fundamental termos a certeza de comunhão com
Deus e a priorizar o relacionamento com Ele. A confiança de estar sendo guiado por Deus
e agindo conforme a vontade Dele, trará firmeza nos momentos de dúvida e o manterá
inabalável mesmo quando o inimigo usar pessoas e circunstâncias para lhe convencer a
sair da posição que Deus quer que você permaneça.

Foi assim com Neemias. Quando chegou em Jerusalém ele viu os muros da cidade santa
derrubados e tomou a decisão no Senhor de reerguê-los. Logo surgiram os opositores,
primeiro acusaram Neemias de se rebelar contra o rei de babilônia, depois começaram a
caçoar e dizer que os muros eram tão mal feitos e frágeis que sequer resistiriam a uma
simples raposa! Vendo que as palavras de desânimo não surtiam efeito, os opositores
decidiram atacar a cidade e provocar confusão, mas Neemias foi avisado e preparou-se
para o confronto se fosse necessário. Neste período Neemias estava sempre com sua
arma em punho e não tirava a roupa nem mesmo para dormir, estava em todo tempo
pronto para a batalha! (Neemias 4:23).

Quando viram que não conseguiriam vencer Neemias e o povo que estava com ele, os
opositores tentaram fazer uso da astúcia: convidaram Neemias para um encontro onde
supostamente selariam um acordo de paz, mas que na verdade era uma emboscada para
matar o homem de Deus. Ante a proposta de uma conversa com seus antagonistas,
Neemias deu uma resposta simples e que resume bem qual deve ser o espírito de um
guerreiro espiritual: “Estou fazendo uma grande obra, não posso descer”! (Neemias 6:3).

Neemias permaneceu inabalável naquilo que o Senhor colocou em seu coração, mesmo
nos momentos de dificuldade ele buscava ânimo no Senhor, em todo tempo ele estava
revestido para a batalha e não permitia que os argumentos do inimigo lhe tirasse o foco da
grande obra que estava fazendo no Senhor.

Você também está fazendo uma grande obra, está no combate do Senhor. Não se deixe
levar pelas palavras de desânimo, nem pelas oposições que se levantarem contra aquilo
que Deus colocou em seu coração. Seja firme, constante e sempre abundantes na obra do
Senhor. O seu trabalho no Senhor jamais será em vão (1 Coríntios 15:58).

4 – Seja Submisso a Deus e Resista ao diabo. Não faça o contrário!

Toda a firmeza de nada adianta sem submissão. De nada adianta decisões firmes, atitudes
firmes, quando estas atitudes e decisões não são conforme a vontade de Deus.
Exatamente por isso as decisões em sua batalha espiritual não podem ser tomadas de
forma precipitada. Decisões tomadas por ímpeto são sempre questionáveis e terminam por
confundir e muitas vezes por forçar um recuo à situação anterior o que causa mais
desânimo e confusão.

Para que a sua decisão seja tomada conforme o Senhor é fundamental que você tenha o
pleno conhecimento de quem é o seu Deus e como Ele age. Os valores do Reino são
outros, as armas de Deus são outras. O agir de Deus nada tem a ver com o agir conforme
as coisas deste mundo. Muitas vezes o caminho da vitória passa pela humilhação, pela
renúncia, por abrir mão de defender-se a si mesmo. Tais coisas, segundo o olhar do
mundo, são sinônimas de fraqueza, mas, segundo a Palavra de Deus, são caminho de
poder e vitória nas batalhas espirituais.

Tiago em sua carta nos recomenda a estratégia do crente para obter vitória: “Submetei-
vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).

A estratégia não poderia ser mais simples: O crente para obter a vitória em suas batalhas
espirituais precisa apenas ficar firme, submisso a Deus, e resistindo às ciladas diabo.
Quando você age deste jeito, o Senhor entra nesta luta e você olhará e verá a recompensa
do ímpio quando Deus se levantar a seu favor (Salmo 91:8).

O problema é que boa parte dos filhos de Deus quando se veem no aperto fazem
justamente o contrário: eles se submetem a diabo e resistem a Deus.

Quando você entra em discussões ou se deixa levar pela ira ou pela ambição; quando
você causa divisão, cai em prostituições, inimizades, ciúmes, vícios; promove discórdias,
dissensões e ressentimentos você está se submetendo ao diabo.

Da mesma forma, quando você não perdoa ou não pede perdão; quando age de acordo
com o seu entendimento e não conforme a Palavra; não busca Deus em oração; e permite
que o amor esfrie você está resistindo a Deus.

A verdade é que boa parte de nós inverte a estratégia de Deus e ao invés de vermos o
diabo fugir de nós, somos nós que terminamos nos afastando de Deus.

Na história da queda de Davi vimos que em todo tempo ele se recusou a submeter-se a
Deus e resistir ao diabo, muito pelo contrário, a cada momento mais e mais o rei Davi ia se
submetendo a satanás e resistindo à vontade de Deus. Quanto mais se submetia ao
inimigo mais cego Davi ficava e mais malicioso e cruel se tornava.
Assim também é com a minha e a sua vida. O caminho da submissão ao diabo nunca vai
nos levar à vitória que almejamos e o pior é que ele vai lhe convencendo que o objetivo
ainda não foi alcançado porque você ainda não foi suficientemente maldoso, arrogante,
perverso, frio, calculista, iracundo ou infiel. E muitos se enredam e perdem-se de si no
caminho. Tornando-se pessoas totalmente desconhecidas de si mesmas e de Deus.

Quando o crente entra em uma batalha com o firme propósito de vencer tem que tomar a
decisão de abrir mão das convicções e valores do mundo para se submeter aos caminhos
de Deus, tem que sair da sombra e tomar a decisão de ir para luz. Tem de deixar de coxear
entre dois senhores e dois pensamentos.

Este é um ponto inegociável: você está alistado para labutar contra realidades espirituais,
não ande embaraçado com as coisas deste mundo. Guarde firme a esperança, sem
vacilar, pois quem fez a promessa é Fiel!

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