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Boletim Técnico 01

Deriva de herbicidas auxínicos


(2,4-D e Dicamba) em olerícolas

Ana Lourença Vaz do Nascimento¹


Marcelo Rodrigues dos Reis²
Leonardo Angelo Aquino²
Renato Adriane Alves Ruas²

com genes que conferem resistência ao


glyphosate e ao dicamba, irá facilitar o
manejo das plantas daninhas resistentes
INTRODUÇÃO ao glyphosate nas culturas da soja e do
algodão (Enlist, 2018; Agrolink, 2017).
Os herbicidas auxínicos, 2,4-D e Dicamba,
também chamados de reguladores de A grande área cultivada com soja
crescimento ou herbicidas hormonais por associada à presença de plantas daninhas
serem muito parecidos com as auxinas de difícil controle poderá aumentar o
naturais presentes nas plantas. cultivo das variedades resistentes aos
Apresentando os mesmos efeitos herbicidas auxínicos no intuito de se
siológicos, mas podem causar, em doses conseguir melhor controle de plantas
baixas, crescimento anormal e mortalidade daninhas e baixo custo com herbicidas. O
de plantas dicotiledôneas (Mortensen et uso dos herbicidas auxínicos será
al., 2012). Os herbicidas hormonais se aumentado e com isso a chance de deriva
ligam aos mesmos sítios de ação das em culturas sensíveis (Egan et al., 2014).
auxinas naturais, porém, as ligações são Essa deriva pode causar lesões em
muito mais estáveis e fortes, por isso culturas sensíveis que estejam até 10
podem causar a morte das plantas quilômetros de distância (Peterson et al.,
sensíveis (Grossmann, 2009). 2016).

O lançamento de novas cultivares de soja e Com isso, torna-se cada vez mais
algodão com tecnologia Enlist que possui importante os cuidados com a tecnologia
genes que conferem resistência a três de aplicação de modo a amenizar tais
diferentes herbicidas (glyphosate, 2,4-D e danos (Antuniassi e Boller, 2011).
glufosinato de amônio) e tecnologia Xtend
As olerícolas são extremamente sensíveis

1
Eng. Agra., Mestranda em Produção Vegetal, Universidade Federal de Viçosa campus Rio Paranaíba, MG – UFV/CRP,
2
Professores do Instituto de Ciências Agrárias da UFV/CRP, marceloreis@ufv.br, leonardo.aquino@ufv.br e renatoruas@ufv.br
2 Deriva de herbicidas auxínicos (2,4-D e Dicamba) em olerícolas - Boletim Técnico 01

ao 2,4-D. Doses de 2,4 e 16,8 g ha são


-1
tomate e da beterraba apresentavam dois
sucientes para intoxicar plantas de pares de folhas verdadeiras e o pepino, a
tomate e brócolis, respectivamente cenoura e a batata apresentavam três
(Bauerle et al., 2015; Mohseni-Moghadam pares de folhas verdadeiras.
e Doohan, 2015). São sensíveis também, Aos 14 dias após as aplicações, os efeitos
ao Dicamba em que doses de 1 a 11 g ha-1 provocados pelos produtos nas olerícolas
intoxicam plantas de abóbora (Dittmar et foram fotografados para posterior análise.
al., 2016), de tomate (Bauerle et al., 2015),
de brócolis e de pimentão (Mohseni-
Moghadam e Doohan, 2015; Dittmar et al., RESULTADOS
2016).
EFEITO 2,4-D EM OLERÍCOLAS
Diante disso, objetivamos desenvolver
este trabalho para informar o agricultor de Figura 1. Deriva do 2,4-D em plantas de
forma antecipada sobre os efeitos tóxicos tomate aos 14 dias após aplicação.
e sintomas que podem ser causados pela
deriva de 2,4-D e Dicamba. FIGURA 1

MATERIAL E MÉTODOS

As culturas testes utilizadas foram: tomate


(Solanum lycopersicum), pepino (Cucumis 0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha
sativus), cenoura (Daucus carota),
beterraba (Beta vulgaris) e batata Figura 2. Deriva do 2,4-D em plantas de
(Solanum tuberosum). Elas foram pepino aos 14 dias após a aplicação.
semeadas em vasos e após a emergência FIGURA 2
foi realizado o desbaste deixando-se duas
plantas por vaso para a batata e quatro
para as demais culturas.
0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha
Para a simulação da deriva, foram
aplicados sobre as plantas dois herbicidas
auxínicos, o 2,4-D, produto comercial Figura 3. Deriva do 2,4-D em plantas de
Campeon® e o dicamba, produto cenoura aos 14 dias após a aplicação.
comercial Dicamax®. As doses utilizadas FIGURA 3
foram 0.05; 0.075; 0.1; 0.2; 1.0 L/ha. A
escolha dessas doses foi feita no sentido
de permitir avaliar o efeito que uma
possível deriva realizada durante a 0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha
aplicação desses produtos pudesse
causar nas olerícolas estudadas neste
trabalho. Figura 4. Deriva do 2,4-D em plantas de
As pulverizações foram feitas com beterraba aos 14 dias após a aplicação.
pulverizador costal pressurizado com CO2, FIGURA 4
equipado com uma barra de pulverização
com duas pontas hidráulicas de jato tipo
leque simples, modelo jacto API-11002,
operando na pressão de 3 kgf cm -2 , 0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha

posicionada a 50 cm de altura das plantas.

A deriva foi simulada quando a cultura do


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Figura 5. Deriva do 2,4-D em plantas de FIGURA 10
batata aos 14 dias após a aplicação.
FIGURA 5

0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha

0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha SINTOMAS HERBICIDAS AUXÍNICOS

EFEITO DO DICAMBA EM SINTOMAS CAUSADOS PELA DERIVA


OLERÍCOLAS DO 2,4-D, AOS 14 DIAS APÓS A
APLICAÇÃO:
Figura 6. Deriva do Dicamba em plantas
de tomate aos 14 dias após a aplicação. Figura 11. Encarquilhamento das folhas
de beterraba.
FIGURA 6

0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha

Figura 7. Deriva do Dicamba em plantas


de pepino aos 14 dias após a aplicação.

FIGURA 7
Figura 12. Retorcimento no caule do
tomate.
0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha

Figura 8. Deriva do Dicamba em plantas


de cenoura aos 14 dias após a aplicação.

FIGURA 8

0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha
Figura 13. Encarquilhamento nas folhas
da cenoura.
Figura 9 Deriva do Dicamba em plantas de
beterraba aos 14 dias após a aplicação.
FIGURA 9

0 L/ha 0,05 L/ha 0,075 L/ha 0,1 L/ha 0,2 L/ha 1 L/ha

Figura10. Deriva do Dicamba em plantas


de batata aos sete dias após a aplicação.
4 Deriva de herbicidas auxínicos (2,4-D e Dicamba) em olerícolas - Boletim Técnico 01

SINTOMAS CAUSADOS PELA DERIVA Observa-se pelas guras que a ocorrência


DO DICAMBA, AOS 14 DIAS APÓS A de deriva durante a aplicação de
APLICAÇÃO: herbicidas auxínicos pode ser altamente
prejudicial às plantas olerícolas. Até
Figura 14. Epinastia por mesmo doses muito baixas, cerca de 1%
retorcimento no caule da cenoura. da dose recomendada, provocaram
intoxicações muito severas nas plantas
analisadas.

Assim, alguns cuidados importantes


devem ser tomados durante a aplicação
desses produtos de modo a evitar tais
problemas em áreas de produção de
olerícolas.

ALGUNS CUIDADOS A SEREM


Figura 15. Retorcimento do caule do TOMADOS:
pepino.
- Evitar o uso de herbicidas auxínicos em
lavouras próximas a cultivos de olerícolas;
- Monitorar as condições climáticas e
evitar pulverizar com velocidade do vento
inferior a 3 km h-1 e superior a 10 km h-1,
umidade relativa do ar abaixo de 50% e
temperatura superior a 30º C.
- Não pulverizar em condições de inversão
térmica. Essa situação pode ser vericada
Figura 16. Obstrução do oema e ser o ar estiver parado, ou seja, velocidade
formação de calos no caule do tomate. do vento igual a zero, principalmente em
regiões de baixada e nas épocas mais frias
e secas do ano.
- Proceder a correta regulagem e
calibração do pulverizador, além de
fornecer treinamento adequado ao
operador.
- Preferir o 2,4-D sal colina com tecnologia
Colex-D, reduzindo a volatilização (Enlist.,
2018). No entanto, deve-se tomar cuidado
com a tecnologia de aplicação, pois essa
Figura 17. Amarelecimento e necrose das formulação também está sujeita à deriva
folhas de batata. pelo vento. O 2,4-D sal colina é mais
estável que o 2,4-D dimetilamina, pois
possui menor dissociação, menor perda
p o r v a p o r, o c a s i o n a n d o m e n o r
movimentação das moléculas do herbicida
e consequentemente menor deriva
(Peterson et al., 2016);
- Selecionar pontas hidráulicas com
tecnologia anti-deriva, sobretudo aquelas
com indução de ar. As pontas leque cone
vazio com indução de ar e leque simples
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martelinho com indução reduzem em 80%
a deriva do 2,4-D, quando comparadas E N L I S T. D i s p o n í v e l e m :
com as pontas sem indução na mesma www.enlist.com/en. Acesso em 13 de
pressão de trabalho (Godinho, 2018). fevereiro de 2018.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GODINHO, J.J.D. Pontas hidráulicas,


pressões de trabalho e adição do
AGROLINK. Disponível em: adjuvante LI-700 na deriva do herbicida
https://www.agrolink.com.br/noticias/ctnbi 2,4-D em tomate (Solanum lycopersicum).
o-aprova-2--soja-com-tecnologia-xtend- Dissertação (Mestrado em Produção
da-monsanto_370253.html. Acessado em vegetal) - Instituto de Ciências Agrárias,
16/02/2018. Universidade Federal de Viçosa, Rio
Paranaíba.
ANTUNIASSI, U. R., BOLLER, W.
Tecnologia de aplicação para culturas GROSSMANN, KLAUS. Auxin
anuais. Passo Fundo: Aldeia herbicides: current status of mechanism
Norte/FEPAF, 279, 2011. and mode of action. Pest Management
Science, 66: 113–120, 2010.
BAUERLE, M. J.; GRIFFIN, J. L.;
ALFORD, J. L.; CURRY III, A. B.; KENTY, MOHSENI-MOGHADAM, M.; DOOHAN,
M, M. Field Evaluation of Auxin Herbicide D. Response of Bell Pepper and Broccoli
Volatility Using Cotton and Tomato as to Simulated Drift Rates of 2,4-D and
Bioassay Crops. Weed Technology, Dicamba. Weed Technology, 29:226-232,
29:185–197, 2015. 2015.

DITTMAR, P. J.; FERRELL, J. A.; M O R T E N S E N , D . A . ; E G A N , J . F. ;


FERNANDEZ, J. V.; SMITH, H. Effect of MAXWELL, B.D.; RYAN, M.R.; SMITH, R.
Glyphosate and Dicamba Drift Timing and G. Navigation a critical juncture for
Rates in Bell Pepper and Yellow Squash. sustainable weed management.
Weed Technology, 30:217–223, 2016. BioScience, 62:75-85, 2012.

EGAN, J.F.; BARLOW, K.M.; MORTENSE PETERSON, MCMASTER, S.A.;


Nortensen, D.A. A meta-analysis on the R I E C H E R S , D . E . ; S K E LT O N , J . ;
effects of 2,4-D and dicamba drift on STAHLMAN, P.W. 2,4-D Past, Present,
soybean and cotton. Weed Science, 62: and Future: A Review. Weed Technology,
193:206, 2014. 30:303–345, 2016.

Boletim Expediente
Técnico Corpo Editorial:
Marcelo Rodrigues dos Reis
Universidade Federal de Viçosa
Leonardo Angelo Aquino
Campus de Rio Paranaíba Flávio Lemes Fernandes
Rodovia MG-230 – Km 7
Rio Paranaíba – MG Normalização Bibliográfica:
CEP: 38810-000 Crislene Silva de Sousa
Caixa Postal 22 Revisão de texto:
Meire Gisele Rocha
Diagramação e arte:
Antônio Sérgio Souza

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