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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DIRETORIA DE ENSINO MÉDIO E TÉCNICO


GERÊNCIA EDUCACIONAL DAS ÁREAS DE QUÍMICA E MEIO AMBIENTE

CONTROLE DE POLUIÇÃO INDUSTRIAL


TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

PROFA LIBERTALAMAR BILHALVA SARAIVA

JULHO, 2008
1. INTRODUÇÃO
Na sociedade primitiva cada indivíduo, para sobreviver precisava ter um conhecimento
concreto do seu ambiente, isto é, das forças da natureza, das plantas e dos animais que o
rodeavam. A civilização começou de fato quando o homem aprendeu a usar o fogo e outros
instrumentos para modificar o seu ambiente, o que para a humanidade no seu conjunto é
mesmo mais necessário do que nunca possuir um conhecimento inteligente do ambiente
em que vive. Com efeito, verificamos que existe uma influência decisiva do meio ambiente
sobre os seres vivos (ação) e destes sobre o meio (reação). Todos estes fenômenos
bioenergéticos se passam no seio de um único conjunto, a biosfera, verificando-se o
fornecimento de energia, exterior a este sistema, apenas sob a forma de radiação solar.

A humanidade constitui, atualmente, uma grande população de mais de cinco bilhões de


indivíduos, que continua crescendo em ritmo acelerado. O aumento da população mundial
ao longo da história exige áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas
de cultivo que aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem lugar a lavouras e
criações, espécies animais e vegetais são domesticadas, muitas extintas e outras, ao
perderem seus predadores naturais, multiplicam-se aceleradamente. É preciso considerar
que a atividade humana sempre tem algum impacto negativo sobre o ambiente: matamos
seres de outras espécies para obter alimento, destruímos ecossistemas naturais para
construir moradias e eliminamos nossos excrementos e lixo nos mares, nos rios ou no solo.

A escalada do progresso técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e
transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo
de alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo
homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. A invenção da
máquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo carvão e acelera o ritmo de
desmatamento. A destilação do petróleo multiplica a emissão de gás carbônico e outros
gases na atmosfera. Com a petroquímica, surgem novas matérias-primas e substâncias não-
biodegradáveis, como alguns plásticos.

Produtos químicos não-biodegradáveis, usados para aumentar a produtividade e evitar


predadores nas lavouras, matam microrganismos decompositores, insetos e aves, reduzem
a fertilidade da terra, poluem os rios e águas subterrâneas e contaminam os alimentos. A
urbanização multiplica esses fatores de desequilíbrio. A grande cidade usa os recursos

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naturais em escala concentrada, quebra as cadeias naturais de reprodução desses recursos e
reduz a capacidade da natureza de construir novas situações de equilíbrio.

O estilo de desenvolvimento econômico atual estimula o desperdício. Automóveis,


eletrodomésticos, roupas e demais utilidades são planejados para durar pouco. O apelo ao
consumo multiplica a extração de recursos naturais: embalagens sofisticadas e produtos
descartáveis não-recicláveis nem biodegradáveis aumentam a quantidade de lixo no meio
ambiente.

A diferença de riqueza entre as nações contribui para o desequilíbrio ambiental. Nos países
pobres, o ritmo de crescimento demográfico e de urbanização não é acompanhado pela
expansão da infra-estrutura, principalmente da rede de saneamento básico. Uma boa
parcela dos dejetos humanos e do lixo urbano e industrial é lançada sem tratamento na
atmosfera, nas águas ou no solo. A necessidade de aumentar as exportações para sustentar
o desenvolvimento interno estimula tanto a extração dos recursos minerais como a
expansão da agricultura sobre novas áreas. Cresce o desmatamento e a superexploração da
terra. Quanto maior for o número de pessoas, maior será a exploração da atmosfera, da
água e do solo. Os efeitos globais da poluição gerada pelo desenvolvimento industrial já
são evidentes: em certos locais, as chuvas são ácidas e corrosivas; há dois grandes buracos
na camada de ozônio que envolve a Terra e teme-se que a temperatura esteja subindo em
todo o planeta, devido ao efeito estufa, provocado pela poluição atmosférica.

2. POLUIÇÃO
Do latim “POLUO” que significa sujar, o conceito de poluição está associado à idéia de
degradação de um bem natural, provocado geralmente pela ação negligente do Homem. A
poluição costuma ser definida, do ponto de vista ecológico, como qualquer alteração da
composição e das características do meio que cause perturbações nos ecossistemas. Essa
definição, entretanto não atende a objetivos práticos básicos ligados ao controle de
qualidade do meio ambiente. Por exemplo, a introdução de uma grande quantidade de água
doce, ainda que perfeitamente “limpa”, em um ambiente marinho, causa profundas
perturbações nos ecossistemas aí existentes. A água poluída (assim como o ar poluído por
poeira, vapores, fumaças) no sentido original do termo, baseado no sentimento estético
pode, pois, não causar distúrbios ecológicos, assim como distúrbios ecológicos bastante
profundos podem ocorrer em águas que não são poluídas, nesse mesmo sentido. Uma

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maneira realista de enfrentar as dificuldades acima expostas seria, pois, a de criar um
vínculo entre o conceito de poluição e a noção de utilidade da água.

A poluição consiste numa alteração indesejável nas características físicas, químicas e


biológicas do ar, da água, do solo que podem afetar prejudicialmente a vida do homem ou
a das espécies desejáveis; processos industriais; condições de vida ou patrimônio cultural;
ou pode deteriorar os nossos recursos em matéria prima. Os poluentes podem advir de
desperdícios, subprodutos inevitáveis de processos industriais, de transporte, da
agricultura, estilo de vida, geração de energia, etc.

E, contaminação é a existência no meio ambiente de organismos patogênicos, substância


tóxica, resíduos radioativos e outros contaminantes denominados “Agentes de
Contaminação”. Todo meio contaminado é poluído, porém nem toda meio poluído é
contaminado.

O custo da poluição pode ser medido de três maneiras:


1) a perda de recursos através de explorações esbanjadoras, desnecessárias;
2) custo da redução e do controle da poluição é cada vez mais complexo e dispendioso;
3) custo em saúde pública.

Tipos de poluição:
Ambiente afetado: Água, ar, solo
Poluentes: químicos, físicos, biológicos, radiações
Totalidade da redução: degradáveis e não degradáveis

3. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS


3.1 QUALIDADE DE ÁGUAS
Uma vez que a água é simultaneamente tanto uma substância essencial como a mais
abundante do protoplasma, poderá afirmar-se que toda a vida é aquática. Na prática,
todavia, considera-se um ambiente aquático aquele em que a água é o principal meio
externo, tanto como um meio interno. Os habitats da água doce podem ser classificados em
duas séries:
¾ De água parada ou lênticos: lagoa, lago, charco ou pântano.
¾ De água corrente ou lóticos: nascente; ribeiro ou rio

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A água pode ser vista e estudada sob diferentes dimensões:
Dimensão química - A água pura é formada por duas moléculas de hidrogênio e uma
molécula de oxigênio em ligações covalentes com ângulo espacial de 105° entre os átomos
de oxigênio e hidrogênio. Na natureza a água nunca está pura. Gases, inclusive oxigênio,
dióxido de carbono, nitrogênio, etc, estão dissolvidos entre as moléculas de água. Sais
como nitratos, cloretos e carbonatos, também se tornam partes da solução líquida. Sólidos
como poeiras, areias e restos de animais podem ser carregados em suspensão. Outras
substâncias químicas dão cor e gosto à água. Íons podem causar reações alcalinas ou ácidas
e as temperaturas variam de acordo com o local e a profundidade dos corpos d’água
influenciando o comportamento químico.

Dimensão biológica - Nos corpos de água, em meio á mistura química variada, existe uma
coleção extraordinária de vida vegetal e animal. Desde o fitoplâncton (vegetais) e
zooplâncton (animais) unicelulares até de grande porte existe todo o espectro de tamanhos
na água. Alguns particularmente os insetos podem viver diferentes estágios de vida tanto
dentro como fora da água. Mas cada categoria de biota tem um nicho particular e todos
necessitam de uma forma ou de outra da água para sobreviver.

Dimensão do tempo - No ambiente natural a água muda constantemente de acordo com


padrões geográficos, climáticos, etc. As chuvas, por exemplo, variam geograficamente e
flutuam com as estações; as temperaturas superficiais variam para a água à medida que as
estações passam ou as horas do dia transcorrem. Os ciclos biogeoquímicos são
superpostos, variando o estado físico, temperatura e qualidade da água, com variações de
sua composição.

Dimensão cultural - A água tem um valor importante para as populações tanto material
como emocional. Por exemplo, para os agricultores a presença de água em épocas críticas
pode significar a diferença entre o sucesso ou o fracasso. As cidades precisam de água para
beber, banhar-se, apagar fogos, embelezar jardins,etc. As indústrias usam água para resfriar
equipamentos, agregar à matéria prima, limpezas,geração de vapor, energia,etc. A água
pode ser meio de transporte para embarcações pequenas e grandes embarcações como
navios de carga, transatlânticos.

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3.2 USOS DAS ÁGUAS - O uso das águas pode ser dividido em dois grandes grupos:
GRUPO I – Impõe a retirada de água das coleções em que se encontram:
Abastecimento doméstico
Abastecimento industrial
Matéria prima para a indústria
Irrigação
GRUPO II – Não necessita a retirada de água das coleções em que se encontram:
Recreação (piscinas → exceção)
Fonte de proteína (preservação da flora e fauna)
Geração de energia
Transporte
Diluição de despejos

3.3 FONTES DE POLUIÇÃO - Os efluentes líquidos ao serem despejados com os seus


poluentes característicos causam a alteração de qualidade nos corpos receptores e
conseqüentemente a sua poluição (degradação). Historicamente o desenvolvimento urbano
e industrial ocorreu ao longo dos rios devido à disponibilidade de água para abastecimento
e a possibilidade de utilizar o rio como corpo receptor dos dejetos. A poluição hídrica pode
ser definida como qualquer alteração da qualidade de um corpo hídrico, capaz de
ultrapassar os padrões estabelecidos para a classe, conforme o seu uso preponderante.
Considera-se a ação dos agentes: físicos materiais (sólidos em suspensão) ou formas de
energia (calorífica e radiações); químicos (substâncias dissolvidas ou com potencial de
solubilização); biológicos (microorganismos).
As principais fontes de poluição decorrentes das atividades humanas:
Esgotos domésticos
Despejos industriais
Águas pluviais urbanas (drenagem)
Águas de retorno de irrigação
Águas de drenagem de minas
Os resíduos podem ser classificados por dois grandes grupos:
Resíduos degradáveis – se decompõem facilmente por processos naturais ou por
tratamento (matéria orgânica)
Resíduos não degradáveis – se diluem, podem mudar de forma, mas a massa não se
reduz (metais pesados).

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4. Características físicas, químicas e biológicas da poluição
4.1 Temperatura - A temperatura tem efeito direto sobre as propriedades físicas, químicas
e biológicas de um corpo d’água, na medida que o aumento de temperatura acelera o
metabolismo microbiano, a decomposição da matéria orgânica presente e é um fator
importante de desoxigenação. O aumento de temperatura diminui a solubilidade dos gases
diminuindo as concentrações de oxigênio e dióxido de carbono dissolvido. Também
diminui a viscosidade e a densidade da água promovendo a sedimentação de sólidos
suspensos e causando assoreamento. As variações de densidade por aumento ou
diminuição de temperatura causam a estratificação térmica (fenômeno em que diferenças
de temperatura geram camadas d’água com diferentes densidades, constituindo uma
barreira física à mistura onde o calor não se distribui uniformemente) em corpos d’águas
como lagos o que pode acarretar zonas com pouco oxigênio dissolvido ou diminuição de
nutrientes. As diferentes temperaturas causam uma seletividade de espécies: Bactérias: <
20°C – Psicrófilas; 20°C a 55-65°C – Mesófilas;> 55°C< 65°C - Termófilas
As medidas de temperatura são realizadas por termômetros de inversão.

4.2 Cor - A cor no ambiente é a cor aparente, composta de substâncias dissolvidas


(corantes naturais ou artificiais) e coloidais (turbidez). O lançamento de efluentes coloridos
atrai a atenção de quem estiver observando um corpo hídrico.

4.3 Turbidez - O material em suspensão é o material particulado não dissolvido,


encontrado suspenso no corpo d’água, composto por substâncias inorgânicas e orgânicas,
incluindo-se aí os organismos planctônicos (fito e zooplâncton). Sua principal influência é
na diminuição na transparência da água, impedindo a penetração da luz. Os valores para o
material em suspensão podem ser obtidos através da filtragem da água com a utilização de
filtros especiais e posterior análise espectrofotométrica.

4.4 pH - indica o caráter ácido ou básico dos efluentes. Às águas superficiais possuem
geralmente um pH entre 4 e 9. As vezes são ligeiramente alcalinas devido à presença de
carbonatos e bicarbonatos. Naturalmente, nesses casos, o pH reflete o tipo de solo por onde
a água percorre. Em lagoas com grande população de algas, nos dias ensolarados, o pH
pode subir muito, chegando a 9 ou até mais. Isso porque as algas, ao realizarem
fotossíntese, retiram muito gás carbônico, que é a principal fonte natural de acidez da água.

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Geralmente um pH muito ácido ou muito alcalino está associado à presença de despejos
industriais. A determinação do pH é feita através do método eletrométrico, utilizando-se
para isso um pHmetro digital.

4.5 Condutividade Elétrica - é a capacidade que a água possui de conduzir corrente


elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença de íons dissolvidos na água. Em
águas continentais, os íons diretamente responsáveis pelos valores da condutividade são,
entre outros, o cálcio, o magnésio, o potássio, o sódio, carbonatos, carbonetos, sulfatos e
cloretos. A condutividade pode variar de acordo com a temperatura e a concentração total
de substâncias ionizadas dissolvidas. Em águas cujos valores de pH se localizam nas faixas
extremas (pH> 9 ou pH< 5), os valores de condutividade são devidos apenas às altas
concentrações de poucos íons em solução, dentre os quais os mais freqüentes são o H+ e o
OH-. A determinação da condutividade pode ser feita através do método eletrométrico,
utilizando-se para isso um condutivímetro digital.

4.6 Cloretos - O teor de sais minerais nutrientes dissolvidos na água é de grande


importância principalmente para o desenvolvimento de organismos autotróficos, podendo
alguns constituir fator limitante ao desenvolvimento de algas e outros vegetais aquáticos.
Outra relevante conseqüência relevante da presença de sais minerais para a ecologia
aquática diz respeito ao fenômeno osmótico. Em geral, os organismos de água doce são
adaptados ao ambiente de baixa pressão osmótica, um aumento pode produzir perda de
água dos organismos. Os sais minerais encontrados nas águas naturais, principalmente os
cloretos são provenientes da percolação em solos com depósitos minerais por desgaste
físico-químico das rochas que compõem o terreno, do contato com água do mar, da
poluição por esgotos domésticos, da poluição por esgotos industriais ou de águas de
retorno de irrigação. Os cloretos são determinados por Argentimetria, ou seja, titulação
com nitrato de prata e cromato de potássio como indicador. Em águas poluídas, a titulação
se faz com nitrato de mercúrio e n-fenil carbazona como indicador.

4.7 Oxigênio Dissolvido - O nível de oxigênio dissolvido em uma água determina o índice
expresso da qualidade sanitária desta. Águas saturadas de oxigênio podem estar
contaminadas, mas estão isentas de cargas orgânicas. A solubilidade do oxigênio é função
da temperatura, da pressão e da salinidade. O consumo de oxigênio se dá pela respiração
de bactérias que promovem a remoção de poluentes como matéria orgânica. A oxigenação

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de um corpo de água pode ser artificial, por tratamentos e recuperação dos rios e natural
por turbulências, fotossíntese.
A determinação do oxigênio pode ser feita pelo Método de Winkler ou por Sondas
Oximétricas.

4.8 Óleos e Graxas - A presença de níveis elevados de óleos e graxas em meios aquáticos
afeta diretamente o meio biológico, porque podem formar uma película superficial
causando um isolamento da coleção d’água do ar e pode causar anaerobiose. Os óleos e
graxas presentes no meio aquático podem ser originados da decomposição do plâncton,
decomposição de vidas superiores ou despejos urbanos e industriais emulsionados ou não.
Consideram-se óleos e graxas, compostos como ácidos graxos, sabões, ceras, óleos e
graxas. Os óleos e graxas podem ser determinados por gravimetria após extração em funil
de decantação ou Soxlet usando Hexano como solvente.

4.9 Matéria orgânica - A matéria orgânica está contida na fração de sólidos voláteis, mas
normalmente é medida de forma indireta pelas demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
e demanda química de oxigênio (DQO). A DBO mede a quantidade de oxigênio
necessária para que os microorganismos biodegradem a matéria orgânica. A DQO é a
medida da quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria
orgânica. A matéria orgânica ao ser biodegradada nos corpos receptores causa um
decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido (OD) no meio hídrico, deteriorando a
qualidade ou inviabilizando a vida aquática. A matéria orgânica pode ser medida também
como carbono orgânico total (COT), sendo este parâmetro utilizado principalmente em
águas limpas e efluentes para reuso. Outros componentes orgânicos tais como os
detergentes, os fenóis e os óleos e graxas podem ser analisados diretamente.

4.10 Nitrogênio e Fósforo - As águas naturais, em geral, contêm nitratos em solução e,


além disso, principalmente tratando-se de águas que recebem esgotos, podem conter
quantidades variáveis de compostos mais complexos, ou menos oxidados, tais como:
compostos orgânicos quaternários, amônia e nitritos. Em geral, a presença destes denuncia
a existência de poluição recente, uma vez que essas substâncias são oxidadas rapidamente
na água, graças principalmente à presença de bactérias nitrificantes. Por essa razão,
constituem um importante índice da presença de despejos orgânicos recentes. Os
compostos de fósforo são um dos mais importantes fatores limitantes à vida dos

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organismos aquáticos e a sua quantidade, em uma massa d’água, é de importância
fundamental no controle ecológico das algas. Despejos orgânicos, especialmente esgotos
domésticos, bem como alguns tipos de despejos industriais, podem enriquecer as águas
com esse elemento.

4.11 Detergentes - Os detergentes são todas as substâncias tensoativas ou que diminuem a


tensão superficial. Os chamados detergentes vieram substituir os sabões; no início da
década de 70, participavam dos produtos de limpeza em concentrações de 15 a 17%.
Atualmente são usados no Brasil em concentrações de 30a 35% e denominados de
surfactantes. Os surfactantes ou detergentes ou tensoativos são compostos orgânicos que
possuem em uma mesma molécula dois grupos estruturais diferentes. O primeiro constitui-
se de uma cadeia carbônica de 8 a 12 carbonos, semelhante aos ácidos graxos, que pode ser
linear ou ramificada. Este grupo é apolar sendo insolúvel. A segunda parte da molécula é
em geral uma ligação sulfônica em que o enxofre se liga diretamente a um átomo da cadeia
carbônica permitindo a sua solubilidade em água sob a forma de sal sódico, sendo, portanto
um grupo polar. O grupo sulfônico confere o poder surfactante e, conseqüentemente
permite a formação de espumas. Os detergentes podem ser classificados conforme o tipo
de grupo solúvel em:
Aniônicos – o grupo polar carrega-se negativamente em soluções aquosas ou
dispersões
Catônicos – o grupo polar carrega-se positivamente em solução aquosa ou dispersão
Não iônicos – não se carregam quando em solução ou em dispersão
Anfóteros – apresentam duas porções na molécula: uma ácida e uma básica.
Os principais problemas causados pelos detergentes ao meio aquático são: acúmulo de
espuma, mudança de sabor, problemas operacionais com a ETA e ETE. Os detergentes não
têm ação tóxica muito acentuada, mas os efeitos secundários são graves. Destroem as
células dos microrganismos não permitindo a degradação nos esgotos e muitos detergentes
ainda não são biodegradáveis. Em 1975, por exemplo, foram utilizados 33000 toneladas de
detergentes sintéticos no Brasil,o que corresponde a 0,32 kg/hab/ano. Hoje os detergentes
estão bem mais complexos contendo compostos como o fósforo para melhorar a eficiência
na detergência. Os detergentes podem ser determinados pela reação com azul de metileno
em leitura a 625 nm por espectrofotometria (substâncias ativas ao azul de metileno).

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4.12 Pesticidas - é o nome que geralmente se dá a todos os defensivos agrícolas, utilizados
na agricultura e no combate às pragas, que incluem outras designações particulares como
inseticidas, fungicidas, carrapaticidas, raticidas, herbicidas etc. A classificação dos
pesticidas é uma função do uso biológico, forma de uso (atrativos, fumegantes,
repelentes...) ou do grupamento químico mais importante da molécula. Podem ser
inorgânicos como os arsenicais, mercuriais, boratos, fluoretos; orgânicos sintéticos
(clorados, fosforados, carbamatos) ou orgânicos naturais como a Rotenona, pyretrim
nicotina. Os pesticidas inorgânicos são tóxicos ao homem, plantas e insetos. Os clorados
não são biodegradáveis e são persistentes formando depósitos na gordura de animais e no
homem sendo cumulativos. Os fosforados orgânicos são mais tóxicos e pouco persistentes
por serem facilmente hidrolisáveis.
A poluição das águas por pesticidas pode ser:
De forma direta pela aplicação do pesticida diretamente no corpo d’água. Por ex:, a
aplicação de BHC no combate ao borrachudo, caramujo da esquistossomose...
Indiretamente quando produtos específicos para combater pragas na lavoura são
aplicados na agricultura e carregadas para os cursos d’água

4.13 Metais – os metais podem ser considerados micro ou macro poluentes dependendo de
sua quantidade no resíduo líquido. O efluente industrial pode ser rico em um determinado
metal que deverá ser separado dos demais despejos. Os metais em concentrações elevadas
são tóxicos aos organismos dos corpos d’água. Tabela 05.

4.14 Biológicos – Coliformes – os corpos d”água são habitados normalmente, por muitos
tipos de bactérias, fungos, protozoários assim como por várias espécies de algas e de
peixes. Os microrganismos são importantíssimos porque consomem toda a carga poluidora
que lhe é lançada, sendo assim os principais responsáveis pela auto-depuração. Porém,
quando os corpos d’água recebem esgotos, eles passam a conter outros tipos de
microrganismos que não são naturais do meio e que podem ou não causar doenças às
pessoas que beberem dessa água. Um grupo importante, dentre elas, é o grupo das
bactérias coliformes. Os coliformes não são causadores de doenças; ao contrário, vivem no
interior do intestino auxiliando a nossa digestão, por isso tem uma grande importância para
a avaliação da qualidade da água. São as fezes das pessoas doentes que transportam, para
as águas ou para o solo, os microrganismos causadores de doenças. Assim, se a água
recebe fezes, ela pode muito bem estar recebendo patogênicos. Por isso, a presença de

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coliformes na água indica a presença de fezes e, portanto, a possível presença de seres
patogênicos.

Tabela 1: Parâmetros Físicos

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Tabela 2: Parâmetros químicos inorgânicos:

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Tabela 3: Parâmetros químicos orgânicos

Tabela 4:Parâmetros biológicos


Tabela 5: poluentes metálicos
Parâmetro Ocorrência Toxicidade
Águas doces em conc. Traço, Acumula-se em
Cádmio inferiores a 0,001 mg/L organismos aquáticos
Queima de combustíveis fósseis Precursor de vários
Utilizado na produção de pigmentos, processos patológicos
soldas, equipamentos eletrônicos, como: disfunção renal,
lubrificantes, praguicidas, acessórios hipertensão, câncer,
fotográficos arterioesclerose.
Águas naturas em conc. De 0,0007 a Aumento de pressão
Bário 0,9 mg/L sanguínea, efeitos tóxicos
Utilizado no processo de produção de sobre o coração, vasos e
pigmentos, fogos de artifício, vidros e nervos.
praguicidas.
Teores baixos em águas naturais Substância
Chumbo Queima de combustíveis fósseis como cumulativa tóxica pode
aditivo antiimpacto na gasolina; levar ao saturnismo;
O chumbo e seus compostos também Outros sintomas são:
são usados em eletrodeposição, tontura, irritabilidade, dor
metalurgia, materiais de construção, de cabeça, perda de
plásticos e tintas. memória.
Em águas superficiais, menores que Ingestão em altas
Cobre 0,02 mg/L; doses pode acarretar
Corrosão de tubulações de latão por irritação e corrosão da
águas ácidas; mucosa;
Algicidas aquáticos; Danos capilares;
Contaminação de águas Irritação do sistema
subterrâneas pelo uso de fungicidas; nervoso central;
Precipitação atmosférica de fontes
industriais: mineração, fundição,
refinação
Em água doce as concentrações são Na forma
Cromo inferiores a 0,001 mg/L; hexavalente é tóxico e

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Utilizado em aplicações industriais cancerígeno
na produção de alumínio anodizado, aço
inoxidável, tintas, pigmentos, explosivos,
papel, fotografia;
Na forma de cromo trivalente é
utilizado em curti mento de couro.
Em águas naturais superficiais pode Doses elevadas
Níquel chegar a 0,1 mg/L; podem causar dermatites
Em áreas de mineração pode chegar nos indivíduos mais
a 11,0 mg/L; sensíveis, afetar nervos
Queima de combustíveis fósseis cardíacos e respiratórios.
Processo de mineração, fundição,
fusão e modelagem de ligas,
eletrodeposição;
Agentes secundários na fabricação
de alimentos, refrigerantes e sorvetes
aromatizados

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5. PROCESSOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES LÍQUIDOS
Os processos de tratamento a serem adotados, as suas formas construtivas e os materiais a
serem empregados são considerados a partir dos seguintes fatores: a legislação ambiental
regional; o clima; a cultura local; os custos de investimento; os custos operacionais; a
quantidade e a qualidade do lodo gerado na estação de tratamento de efluentes industriais;
a qualidade do efluente tratado; a segurança operacional relativa aos vazamentos de
produtos químicos utilizados ou dos efluentes; explosões; geração de odor; a interação com
a vizinhança; confiabilidade para atendimento à legislação ambiental; possibilidade de
reuso dos efluentes tratados (GIORDANO,1999). Os sistemas de tratamento de efluentes
são baseados na transformação dos poluentes dissolvidos e em suspensão em gases inertes
e ou sólidos sedimentáveis para a posterior separação das fases sólida/líquida. Sendo assim
se não houver a formação de gases inertes ou lodo estável, não podemos considerar que
houve tratamento.

5.1 TIPOS DE TRATAMENTO


Cada efluente é um caso particular relativo ao tratamento que deverá sofrer. Podem-se
combinar os vários estágios de tratamento ou eventualmente suprimir alguns.
Método Tipo de despejo Modo de Produto obtido observações
Químico operação
Troca iônica Revestimento, Filtração Água Pode requerer
nuclear contínua com desmineralizada, neutralização e
resina produto remoção de
recuperado sólidos
Redução, Revestimento, Tratamento em Completa Disposição de
precipitação metais pesados batelada ou remoção de lodo ou
contínuo metais pesados desidratação
Coagulação Indústria de Batelada ou Completa Controle de pH,
papel, refinaria, contínuo remoção de tanques de
borracha, tinta, matéria coagulação e
têxteis. suspensa ou sedimentação
coloidal.
Adsorção Tóxicos ou Colunas Completa Carbono ativado
orgânicos granulares de remoção de com processo de

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carvão ativado orgânicos lodo ativado
Oxidação Orgânicos e Ozônio Oxidação Oxidação parcial
química tóxicos contínuo ou em parcial ou para remover
batelada ou completa orgânicos mais
catálise com biodegradáveis
peróxido de
hidrogênio
Método Operação Remoção Área equipamento observações
biológico
Lagoa sem Facultativa Intermediária 10 a 60 Controle de
aeração ou anaeróbia dias de odor
retenção
Lagoa Mistura Alta no verão e 2 -5 m Aeradores Separação de
aerada completa ou baixa no prof. superficiais ou sólidos,
fluxo pistão inverno difusores desidratação
e disposição
Lodo Mistura Remoção maior 3- 6 m Aerador Excesso de
ativado completa ou de 90% prof. mecânico ou lodo que deve
fluxo pistão, difusores, ser seco e
reciclo de separação de disposto
lodo lodo
(sedimentador)
Filtro Aplicação Alta ou Discos Requer
biológico contínua intermediária plásticos separação de
remoção sólidos
dependendo da
carga aplicada
Anaeróbico Mistura Intermediário Requer coleta Requer lodo
completa com de gás ativado ou
reciclo, fluxo (metano) tratamento
ascendente ou aeróbio
descendente
UASB

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Para a avaliação da carga poluidora dos efluentes industriais e esgotos sanitários são
necessárias as medições de vazão in loco e a coleta de amostras para análise de diversos
parâmetros sanitários que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos efluentes. Os
parâmetros utilizados são conjugados de forma que melhor signifiquem e descrevam as
características de cada efluente.

O tratamento de efluentes industriais consta de uma série de operações e processos


unitários que dão os diferentes graus de tratamento:
♦ preliminar
♦ primário
♦ secundário
♦ terciário
♦ especial
As operações e processos unitários empregados em engenharia ambiental podem ser
classificados em:
♦ operações físicas, processos químicos, processos biológicos

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Operações • Mistura Meios de tratamento
unitárias • Sedimentação em que se aplicam
Físicas • Flotação predominantemente
• Filtração forças físicas

Processos
Unitários QUÍMICOS BIOLÓGICOS
• Coagulação • Lodos ativados
• Floculação • Filtros biológicos
• Adsorção • Digestão anaeróbia
• Troca iônica
• Cloração

Tipos de Tratamento

Pré - tratamento • Grades ou desintegradores


• Caixa de areia
• Tanques de remoção de óleos e graxas

T. primário • Equalização
• Flotação
• Sedimentação

T. secundário • Lodos ativados, aeração estendida


• Lagoas de estabilização, lagoas aeradas
• Filtros biológicos
• Tratamento anaeróbio

T. terciário
• Micropeneiras
• Filtração
• Precipitação e coagulação
• Adsorção (carvão ativado)
• Troca iônica
• Eletrodiálise
• Osmose reversa
• Ozonização
• Cloração

21
A seleção do processo de tratamento ou seqüências de tratamento depende:

5.2 Levantamento de dados


Para caracterizar a carga poluidora dos efluentes industriais é necessário o conhecimento
prévio do processo industrial ou urbano para a definição do programa de amostragem. As
informações importantes a serem obtidas são:
Fluxograma do processo industrial indicando os pontos nos quais são gerados efluentes
contínuos ou intermitentes; identificar os pontos de lançamento de efluentes; definir o
sistema de medição de efluentes e instalá-lo. O ritmo produtivo também deve ser
conhecido, não só os horários dos turnos de trabalho, como também o das operações de
limpeza, manutenção, ou por processos industriais sazonais (indústrias de frutas, produtos
têxteis relacionados à moda, cosméticos, bebidas, etc.).
Lista de matérias-prima, principalmente aquelas que de alguma forma possam ser
transferidas para os efluentes;
A caracterização físico-química das águas, esgotos sanitários, efluentes industriais e
também dos resíduos industriais (resíduos sólidos industriais - RSI), consiste em serviços
de determinação no campo e a utilização do controle analítico de laboratório relativos aos
parâmetros sanitários e ambientais. Os parâmetros escolhidos para a caracterização dos
efluentes devem ser representativos da carga poluidora; servirem para o dimensionamento
da estação de tratamento; atenderem ao programa de monitoramento estabelecido para o
atendimento à legislação ambiental. Para isto se deve proceder a um programa de
amostragem:
Período de amostragem: estabelecido de forma que seja representativo pelas
características da produção industrial. Pode ser influenciado pela sazonalidade da produção
(indústrias de alimentos, de cosméticos e têxteis); Variabilidade da produção; Fatores
climáticos.
Metodologia para quantificação de vazões; Tipo de coleta
Coleta das amostras; Análises laboratoriais, sua interpretação e comparação com a
legislação ambiental. Outra definição importante é sobre o tipo de amostra, ou seja, se a
amostra é simples ou composta. A Amostra Simples representa o que está ocorrendo
naquele momento. Se o manancial não varia muito, ela pode ser representativa. A Amostra
Composta é formada por várias e pequenas alíquotas coletadas ao longo do tempo. À cada
turno (8 horas, 24 horas), coletam-se alíquotas que formam as amostras compostas.

22
5.2.1 Dispositivos de Medição de Vazão - Dependendo da natureza da indústria (anexo 1)
e do uso da água projetado, pode haver vários constituintes na água e podem ser removidos
antes da descarga. Isto pode ser sumarizado como:
9 Orgânicos solúveis
9 Sólidos suspensos
9 Traços de orgânicos. Ex: fenol
9 Metais, cianetos e orgânicos tóxicos

A vazão do efluente industrial é usualmente definida em termos de unidade de produção e


a variação das características por uma distribuição estatística. A magnitude da variação vai
depender da diversidade dos produtos e processos.
O cálculo da vazão dos despejos industriais envolve um procedimento de balanço de fluxos
e materiais de todos os processos e águas produzidas e deve seguir algumas etapas como:
a) desenvolvimento de um mapa de resíduos com planta e inspeção dos vários
processos e operações. Este mapa vai indicar possíveis estações de amostragens e uma
perspectiva da grandeza dos fluxos de resíduos líquidos, sólidos e gasosos.
b) Amostragens contínuas de acordo com o fluxo. O período de amostragem e a
composição das amostras devem ser estabelecidos de acordo com a natureza dos processos
a serem investigados.
c) desenvolvimento de um balanço de material com diagrama, para verificar as fontes
de descarga mais significativa e as que podem ser tratadas separadamente.
d) Estabelecimento de um estudo estatístico das características significativas.

Ex: Pasteurização de leite: Vazão mínima 0,0001m3/L leite


Vazão média 0,0016m3/L leite - – DBO – 1,64 kg/L
Vazão máxima 0,0052 m3/L leite

Dispositivos simples: para pequenas vazões, como por exemplo, cubagem, onde se
anota o tempo que a água leva para encher um recipiente de volume conhecido. Como a
vazão é o volume em função do tempo, é só dividir o volume do recipiente pelo tempo que
se levou para enchê-lo. Se não se conhece o volume do recipiente, faz-se uma marca no
recipiente, anota-se o tempo e depois se vai aferir o volume em outro local. Em indústrias
modernas há hidrômetros em cada seção para se controlar o consumo de cada seção da

23
indústria ou etapa do processo. Aproveitam-se as medições parciais obtidas por estes
hidrômetros em cada ramal ou seção para se chegar à vazão total.
Vertedores: Para cada faixa de vazão deve-se adotar um tipo de vertedor, com o seu
formato e equação específica.
1. vertedor retangular sem restrição ou contração Q > 20 m3/h (usado para grandes
vazões)

2. Vertedor triangular de Thompson Q < 50 m3/h - A foto mostra um vertedor triangular


de Thompson, com régua de medição instalada.

4. Calha Parshall (tem padrões pré-estabelecidos), devendo ser adquirida, sendo


indicada para vazões >50 m3/h.
5. Fluxômetros - Para calhas de rios, utilizam-se fluxômetros para se obter a vazão.
6. Traçadores Radioativos e Fluorimétricos - são utilizados nos casos de impossibilidade
de instalação de medidores de vazão ou até mesmo para a elaboração do “as built” da rede

24
coletora de efluentes. Os traçadores são utilizados também para se conhecer as zonas de
dispersão de efluentes lançados em rios ou em emissários submarinos.

5.3 PROCESSOS - para a definição do processo de tratamento dos efluentes industriais


são testadas e utilizadas diversas operações unitárias. Os processos podem ser classificados
em físicos, químicos e biológicos em função da natureza dos poluentes a serem removidos
e ou das operações unitárias utilizadas para o tratamento.

5.3.1 TRATAMENTO PRELIMINAR – PROCESSOS FÍSICOS


O tratamento preliminar destina-se principalmente à remoção de: sólidos grosseiros e areia.
Inclui-se também a unidade de medição de vazão, que pode ser por Calha Parshal ou
vertedouros triangulares ou retangulares.

Desarenador

Fase sólida
Fase sólida

A remoção dos sólidos grosseiros é feita freqüentemente por meio de grades, mas podem-
se usar também peneiras hidrodinâmicas, peneiras rotativas ou trituradores. O objetivo
deste pré-tratamento é principalmente proteger unidades de tratamento subseqüentes e
equipamentos como bombas e dispositivos de condução dos efluentes como tubulações,
além da proteção dos corpos receptores.
São os processos que basicamente removem os sólidos em suspensão sedimentáveis e
flutuantes através de processos físicos, tais como:
Gradeamento;
Peneiramento;
Separação de óleos e gorduras;
Sedimentação;

25
Flotação;
São processos físicos também aqueles capazes de remover a matéria orgânica e inorgânica
em suspensão coloidal e reduzir ou eliminar a presença de microrganismos tais como:
Processos de filtração em areia;
Processos de filtração em membranas (micro filtração e ultrafiltração);

5.3.1.1 Gradeamento - Objetiva da remoção de sólidos grosseiros capazes de causar


entupimentos e aspecto desagradável nas unidades do sistema de tratamento são utilizadas
grades mecânicas ou de limpeza manual. O espaçamento entre as barras varia normalmente
entre 0,5 e 2 cm.

5.3.1.2 Peneiramento - Com o objetivo da remoção de sólidos normalmente com


diâmetros superiores a 1 mm, capazes de causar entupimentos ou com considerável carga
orgânica são utilizadas peneiras. As peneiras mais utilizadas têm malhas com barras
triangulares com espaçamento variando entre 0,5 a 2mm, podendo a limpeza ser
mecanizada (jatos de água ou escovas) ou ser estática. No caso de serem utilizadas
peneiras em efluentes gordurosos ou com a presença de óleos minerais devem-se utilizar as
peneiras com limpeza mecanizada por escovas.

5.3.1.3 Separação água/ óleo - O processo de separação é um processo físico que ocorre
por diferença de densidade, sendo normalmente as frações oleosas mais leves recolhidas na
superfície. No caso de óleos ou borras oleosas mais densas que a água, esses são
sedimentados e removidos por limpeza de fundo do tanque. Este processo não é capaz de
remover óleo emulsionado, sendo utilizado na etapa preliminar dos sistemas de tratamento.

26
5.3.1.4 Sedimentação - O processo de sedimentação é uma das etapas de clarificação,
devendo ser aplicado conforme as características de cada efluente e do processo de
tratamento. No caso dos processos que gerem lodos orgânicos deve-se evitar a
permanência exagerada desses no fundo dos decantadores para reduzir a sua anaerobiose e
a conseqüente formação de gases que causam a flutuação de aglomerados de lodos. A
sedimentação é um processo físico, logo se deve evitar nos decantadores as condições para
ocorrência da atividade microbiana.
Nos casos de lodos originados nos processos químicos ou com efluentes originados em
processos industriais inorgânicos pode-se admitir um tempo de retenção maior dos lodos
no fundo dos decantadores. Os decantadores apresentam diversas formas construtivas e de
remoção de lodo, com ou sem mecanização. Os decantadores podem ser circulares ou
retangulares, com limpeza de fundo por pressão hidrostática ou com remoção de lodo
mecanizada por raspagem ou sucção. No caso da presença de escumas (materiais
flutuantes), é necessário um removedor de escuma.

5.3.2 TRATAMENTO PRIMÁRIO – FÍSICO-QUÍMICOS


São considerados como processos químicos os que utilizam produtos químicos tais como
agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção
em diferentes etapas do processo.

5.3.2.1 Equalização
O objetivo da equalização é minimizar ou controlar as flutuações nas características dos
efluentes e também de vazão, proporcionando um fluxo contínuo e com características
definidas para a estação de tratamento de efluentes. O tanque de equalização é projetado

27
para atender a um ciclo de produção e a mistura é usualmente requerida para prevenir
sedimentação de sólidos e homogeneizar adequadamente os resíduos. Como alternativa
pode-se utilizar aeração para oxidar compostos reduzidos.
A homogeneização pode ser feita por:
• distribuição do fluxo de entrada
• misturador por turbilhonamento
• aeração por difusores
• aeração mecânica

5.3.2.2 Neutralização
Muitos rejeitos industriais contêm materiais ácidos ou alcalinos que necessitam
neutralização antes de serem enviados a estação de tratamento físico- químico ou
biológico. Para um tratamento biológico o pH ideal deve ser mantido entre 6,5 e 8,5 para
que haja uma atividade biológica ótima. Nesta etapa o controle automático de pH facilita o
controle de qualidade do tratamento de efluentes.

5.3.2.3 Coagulação e precipitação


Os efluentes contêm sólidos inorgânicos suspensos ou coloidais, material orgânico em
solução, microrganismos e outras impurezas que, em virtude da mútua repulsão das cargas
elétricas em sua superfície, se mantêm em suspensão estável por longos períodos de tempo.
A coagulação é empregada para remoção de materiais em suspensão ou formas coloidais.
Partículas coloidais são representadas por tamanhos acima de 1 mm até 0,1 mm. Estas
partículas não sedimentam e não podem ser removidas por processos físicos
convencionais. Os colóides presentes na água podem ser hidrofílicos ou hidrofóbicos. Os
colóides hidrofóbicos (barro ou lodo) não possuem afinidade pelo meio líquido e não
estabilizam na presença de eletrólitos. Eles são facilmente suscetíveis à coagulação.
Colóides hidrofílicos como as proteínas exibem uma grande afinidade pela água. Eles
absorvem água, retardam a coagulação e freqüentemente requerem um tratamento especial
para a coagulação efetiva.

Os colóides possuem propriedades elétricas que criam uma força repelente e evitam a
aglomeração e sedimentação. Os íons estabilizados são altamente adsorvidos a uma
camada interna que possui uma carga que varia com a valência (número de oxidação) e o

28
número de íons adsorvidos. Os íons de cargas opostas formam uma camada difusa fora que
está segurando próximo à superfície por forças eletrostáticas. O potencial Zeta é a
diferença de potencial que se instala entre cada colóide e o líquido suspenso.

a) Mecanismo da coagulação
Os processos físico-químicos são baseados na desestabilização dos colóides por
coagulação seguido de floculação e separação das fases por sedimentação ou floculação. A
desestabilização dos colóides pode ser conseguida por diferentes meios: o calor, a agitação,
agentes coagulantes químicos, processos biológicos, eletrocoagulação.

b) Propriedades dos coagulantes


O coagulante mais popular é o sulfato de alumínio ou alúmem (Al2(SO4)3. 18H2O), que
pode ser obtido sólido ou líquido. Quando o sulfato de alumínio é adicionado à água na
presença de alcalinidade, a reação é:
Al 2 (SO 4 )3 ⋅ 18H 2 O + 3Ca (OH )2 → 3CaSO 4 + 2Al(OH) 3 + 18H 2 O

O hidróxido de alumínio na forma de óxido Al2O3.xH2O é anfótero e pode agir tanto em


condições ácidas ou básicas.
O floco de alumínio é mais solúvel em pH em torno de 7. A carga é positiva abaixo de 7 e
negativa acima de 8,2.

b.1) Outros coagulantes:


♦ Sais de ferro como sulfato e cloreto de ferro III
♦ Cloreto de alumínio
♦ Taninos vegetais

29
c) Auxiliares de coagulação
Alguns compostos são utilizados como ajudante de coagulação (floculantes) pois
aumentam o tamanho do floco e auxiliam na precipitação.
♦ A sílica ativada é uma cadeia polimérica pequena que serve para juntar micro
partículas de alumínio hidratado. Em altas dosagens a sílica pode inibir a formação dos
flocos por suas propriedades eletronegativas. A dosagem normal está entre 5 e 10 mg/L.
♦ Os polieletrólitos são polímeros de alo peso molecular que contêm grupos
adsorventes e formam pontes entre as partículas ou cargas dos flocos. Eles não são
afetados pelo pH e podem servir como coagulante por reduzir os efeitos das cargas dos
colóides. Podem ser de três tipos: catiônicos, aniônicos e não iônicos.
♦ Catiônicos – que adsorvem um colóide negativo ou partícula coagulada
♦ Aniônicos – que substituem os grupos aniônicos em uma partícula coloidal e
permitem uma ligação de hidrogênio entre o colóide e o polímero.
♦ Não iônicos – que adsorvem e floculam por pontes de hidrogênio entre a superfície
dos sólidos e os grupos polares no polímero.

5.3.2.4 Sedimentação
A sedimentação é empregada para a remoção dos sólidos suspensos. O processo pode ser
considerado em três classificações dependendo da natureza dos sólidos presentes na
suspensão: discreto, floculento e por zonas.
Sedimentação discreta – Partícula discreta é aquela que não perde sua identidade ao
longo do percurso de queda. A sedimentação discreta pode ser analisada através das leis
clássicas de Newton e Stokes, onde a velocidade final de uma partícula discreta em
sedimentação em um líquido é constante, porque a força de atrito de atrito de iguala a força
gravitacional.
Conceito de tanque de sedimentação de fluxo ideal – a sedimentação discreta de uma
partícula pode ser analisada através de um tanque de fluxo horizontal com velocidade de
escoamento horizontal constante (V).

30
L

Q
Velocidade do fluxo = sendo que : Q – vazão em m3/h e A’ é a área transversal ao
A'
fluxo:

Para as partículas discretas podemos dizer:

V L V VS
= então: =
VS H L H

Q = VA ' = VWH e V = V S (L H )

31
L
Q = VS   xWH Q = VS LW = VS A
H

Q
VS =
A

Teste de sedimentação – Em uma suspensão típica de matéria particulada ocorre uma


grande diversidade de tamanhos de partículas. Para se determinar a eficiência de remoção
em um determinado tempo, é necessário considerar-se toda a faixa de velocidades de
sedimentação encontradas no sistema. Tal é efetuado através de testes em uma coluna de
sedimentação, no qual são extraídas amostras a diversas profundidades e tempos.

amostragem

Exemplo:
Os resultados de um teste de sedimentação efetuada numa suspensão conduziram aos
valores apresentados abaixo. Plotar o perfil acumulado da velocidade de sedimentação, e
calcular a fração de partículas removidas para uma taxa de aplicação superficial de v0 =
1m/h.

32
Amostra Profundidade de Tempo de SS ma amostra
coleta (m) amostragem (h) (mg/L)
1 0,0 0,0
2 0,0 0,0 222
3 0,0 0,0
4 1,0 1,0 140
5 1,0 3,0 108
6 1,0 6,0 80
7 2,0 1,0 142
8 2,0 3,0 110
9 2,0 6,0 106
10 3,0 1,0 142
11 3,0 3,0 130
12 3,0 6,0 124
13 4,0 1,0 147
14 4,0 3,0 126
15 4,0 6,0 114

Solução:

a) Plotar a curva da fração de partículas x velocidade de sedimentação

Considerando a amostra 9 (prof. De 2 m e tempo de amostragem de 6,0 h). As velocidades


de sedimentação das partículas encontradas na amostras são inferiores a 2,0/6,0 = 0,33
m/h. Desta forma 48% das partículas (106/222=0,48=48%) têm uma velocidade de
sedimentação inferior a 0,33 m/h. A eficiência de remoção na amostra é 1-0,48 = 52%.

33
Amostra Velocidade (m/h) Fração remanescente
4 1,0 0,63
5 0,33 0,49
6 0,17 0,36

7 2,00 0,64
8 0,67 0,60
9 0,33 0,48

10 3,00 0,64
11 1,00 0,59
12 0,50 0,56

13 4,00 0,66
14 1,33 0,57
15 0,67 0,51

0,7
Fração remanescente

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 1 2 3 4 5
velocidade de sedimentação (m/h)

34
b) Determinar a fração de partículas removidas

Pela figura acima se tem que 0,57 das partículas tem uma velocidade inferior a 1,0 m/h .
Assim a fração removida destas partículas é 1-0,57 = 0,43 ou 43%.

Há ainda, uma outra fração removida, correspondente às partículas com velocidade de


sedimentação inferior a v0, e que não iniciaram a sedimentação no topo da coluna. A fração
de remoção destas partículas é dada pela área ocupada entre o eixo dos Y e a curva, até
x =3,0 m/h.

Faixa dos dxi Largura da faixa Velocidade média dxi/vxi


(eixo do y) (dxi) (eixo do y) na faixa (vxi) (eixo
do x)
0,60-0,57 0,07 0,80 (em y=0,54) 0,056
0,40 – 0,50 0,10 0,36 (em y=0,45) 0,036
0,30 – 0,40 0,10 0,14 (em y=0,36) 0,014
0,20 – 0,30 0,10 0,05 (em y=0,25) 0,005
0,10 – 0,20 0,10 = 0 (em y=0,15)
0,00 – 0,10 0,10 =0 (em y=0,05)
Total 0,111

A fração removida esta segunda forma é:

∑ dxi. vxi = 0,111 = 0,111


vo 1,0

A fração total removida é: 0,43+0,11=0,54 ou 54%

Portanto para a taxa superficial de 1,0 m3/m2/h remove-se 54% dos sólidos.

35
Sedimentação floculenta – As partículas se aglomeram, formando flocos que tendem a
crescer de tamanho à medida que sedimentam. Com o aumento dos flocos, aumenta a
velocidade de sedimentação. Assim na sedimentação floculenta, a velocidade não é
constante.

Como a floculação ocorre na medida em que as partículas se dirigem para o fundo, quanto
mais chance de contato elas tiverem maior será a formação de flocos e a velocidade. Em
decorrência disto, a sedimentação floculenta tem sua eficiência aumentada com o aumento
da profundidade H, no tempo t.

Exemplo:

Assumindo os valores apresentados na tabela abaixo, calcular a percentagem de remoção


esperada nos seguintes casos:

♦ Tanque de 2,0 m de profundidade, com um tempo de detenção de 1,50 h.


♦ Tanque de 2,0 m de profundidade com um tempo de detenção de 3,0 h
♦ Tanque de 1,0 m de profundidade com um tempo de detenção de 3,0 h
♦ Tanque de 2,5 m de profundidade com um tempo de detenção de 3,75 h

Profundidade de amostragem (m) Tempo de amostragem (h)


0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
1,0 26 44 49 55 63 66 71 77

36
2,0 20 34 44 51 56 60 62 64
3,0 19 27 37 45 51 57 60 68

Solução:
As porcentagens de remoção são calculadas com base na concentração inicial C0 e na
concentração no instante da amostragem. Assim, por exemplo, se a concentração inicial
fosse 200 mg/L e a concentração na profundidade e instante da amostragem fosse 132
mg/L, a eficiência de remoção seria (200-132/200 = 0,34=34%)

Sedimentadores - Cálculo de um decantador:


Considerando:
z taxa de aplicação: v0 - 0,8 m3/m2/h
z Q = 41,66 m3/h
a) Área do decantador
Q
A= A = 52,08 m2
v0
b) Diâmetro do decantador
D = 8,14 = 8,0 m
c) Volume útil do decantador

Tempo de retenção recomendado: tr – máximo de 4 horas

37
V = Q ⋅ tr V = 166,67 m3

38
Ponte raspadora de decantador

5.3.2.5 Remoção de metais pesados


Os metais pesados existentes nos despejos industriais são geralmente removidos através da
precipitação, em geral como hidróxidos através da adição de cal ou soda cáustica a um pH
de solubilidade mínima, que varia com o metal. Por exemplo, a solubilidade do cromo e do
zinco está a um pH de 7,5 e 10,2 respectivamente e mostram um significante aumento de

39
concentração em pHs acima destes valores. Também podem ser removidos pela
precipitação com sulfetos, formando sulfeto metálico que é insolúvel.
Para muitos metais como o cádmio e o arsênio a co-precipitação com ferro e alumínio é
altamente efetiva para remoção de níveis bastante baixos.
Em alguns casos o metal deve ser primeiramente reduzido par depois ser precipitado em
uma forma mais estável. Como exemplo, o cromo hexavalente é primeiramente reduzido
para cromo trivalente e depois sedimentado em meio alcalino com cal ou soda cáustica. Os
agentes redutores para o cromo em geral são ferro, meta bissulfito de sódio ou dióxido de
enxofre.
Cr 6 + + Fe 2+ → Cr 3+ + Fe 3+
Cr 3+ + 3OH − → Cr( OH )3 sólido

a.1) Remoção de alguns metais:


1. Arsênio – precipitação como sulfeto a pH entre 6 e 7 ou por filtração com carvão
ativado em concentrações baixas, ou removido por co-precipitação com ferro.
2. Bário – sulfato
3. Cádmio – precipitação em meio alcalino ou troca iônica.
4. Cobre – precipitação em meio alcalino

5.3.2.6 Flotação
A flotação é usada para remover sólidos suspensos e óleos e graxas, quando a densidade
dos sólidos é menor que a densidade do líquido. Uma quantidade de ar é misturada à massa
de sólidos suspensos que ficam bem mais leves que a água e sobem à superfície de onde
são removidos. Para isto é usado um compressor de ar e um sistema de flotação onde
acontece a mistura. Nos flotadores há uma remoção de sólidos por um sistema de raspador
superficial.

40
Flotação e componentes necessários para a flotação
A flotação se dá com a mistura de ar ao esgoto bruto sob pressão. A saturação de ar na
água é diretamente proporcional a pressão e inversamente proporcional à temperatura. A
quantidade de ar liberada para a solução quando a pressão é reduzida:

onde: S – ar liberado a pressão atmosférica por unidade de volume a 100% saturação

(cm3/L).
Sa – saturação a pressão atm (cm3/L)
P – pressão absoluta
Pa – pressão atm
A solubilidade do ar em águas industriais pode ser menor que na água.

 fP  A Sa R
S = Sa − 1 f – fator de saturação no tanque de retenção =
 Pa  S SS Q

onde: A/S – taxa de ar sobre os sólidos suspensos; SS – sólidos suspensos ou teor de


gordura no esgoto; R – reciclo; Q – vazão de esgoto

Efeitos de A/S na qualidade do efluente

41
Esquema de um flotador

42
5.3.2.7 Produção e desidratação de lodos
A produção de lodos é função dos sólidos sedimentáveis e suspensos que caracteriza o
efluente bruto, do tipo de coagulação e floculação empregado (precipitação natural ou
precipitação química), da dosagem de produtos químicos (coagulantes ou floculantes)
utilizados e do tipo de clarificador (sedimentação ou flotação).

A desidratação de lodos pode ser por: pressão atmosférica (adensadores, leitos de


secagem), pressão maior que a atmosférica (filtro prensa de placas ou de cinta, filtro
rotativo a vácuo, desaguadores centrífugos)

43
44
Bibliografia Consultada
1. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA), AMERICAN WATER
WORKS ASSOCIATION, WATER ENVIRONMENT FEDERATION. Standard Methods
for the examination of water and wastewater. 20ª ed., WASHINGTON, D.C.: APHA,
AWWA, WEF, 1998, 1157p.
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tecnologia de controle – Abate de bovinos – NT-12. São Paulo, 1986, 19 p.
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tecnologia de controle – Indústria de laticínios – NT-17. São Paulo, 1990, 20 p.
4. CETESB – Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Nota Técnica sobre
tecnologia de controle. Indústria Têxtil – NT-22. São Paulo, 1992, 31 p.
5. CETESB – Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Nota Técnica sobre
tecnologia de controle – Indústria de pigmentos – NT-32. São Paulo, 1995, 29 p.

45
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Austin and New York ,1970.
7. GIORDANO, G. Avaliação ambiental de um balneário e estudo de alternativa para
controle da poluição utilizando o processo eletrolítico para o tratamento de esgotos. Niterói
– RJ, 1999. 137 p. Dissertação de Mestrado (Ciência Ambiental). Universidade Federal
Fluminense, 1999.
8. GIORDANO, G. Análise e formulação de processos para tratamento dos chorumes
gerados em aterros de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro – RJ, 2003. 257 p. Tese de
Doutorado (Engenharia Metalúrgica e de Materiais) PUC-Rio, 2003.
9. GRADY Jr, C.P.L. e Lin, H.C. Biological wastewater treatment, Pollution
engineering and technology, New York: Marcel Decker, inc, 1980, 963p.
10. IMHOFF, K.R. e Karl. Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo:
Editora Edgard Blücher Ltda, 1986, 301p.
11. METCALF & EDDY – Wastewater Engineering: Treatment and Reuse. 4a
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12. RAMALHO, R.S. Tratamiento de aguas residuales. Barcelona: Editorial Reverté
S.A., 1991, 705 p.
13. SAWYER C.N., McCarty P.L, PARKIN, G.F. “Chemistry for Environmental
Engineering and Science” – 5a edition - International Editions; Mc Graw - Hill
Higher Education, Boston (USA) 2004.
14. CHERNICARO, C.A.L. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias.
UFMG: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1997. v. 5, 246p.
15. ECKENFELDER, J.W.W. Industrial water pollution control. Second Edition.
MacGraw – Hill Book Company, p. 53 – 67. 1989.
16. JORDÃO, E. P.; PESSOA, C.A. Tratamento de esgotos domésticos. 3ª ed., Rio de
Janeiro: ABES, 1995, 720p.
17. KARL&KLAUS, R. IMHOFF, Manual de Tratamento de Água Residuária.
18. MASSARO, Sérgio & PONTIM, Joel Arnaldo. O que é poluição química.
Brasiliense, 1989.
19. SPERLING, M. V. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias -
lagoas de estabilização. UFMG: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental,
1996. v.3, 134p.
20. SHREVE, Norris. R e BRINK, Joseph Jr. Indústria de Processos Químicos, Ed.
Guanabara

46
5.3.3 TRATAMENTO SECUNDÁRIO – PROCESSOS BIOLÓGICOS
O tratamento secundário envolve fenômenos biológicos. Depende dos fatores físico-
químicos com a temperatura do meio, pH, concentração de oxigênio dissolvido.

A Biodegradabilidade é a capacidade do resíduo ser degradado biologicamente, ou a


quebra de complexas estruturas químicas ou bioquímicas a formas mais simplificadas que
possam ser incorporadas ao metabolismo microbiano. O resultado destas complexas
reações, em interação com o desenvolvimento microbiano, se traduz por uma redução
significativa da carga orgânica do efluente que será lançado ao meio ambiente.
DQO = DBO 1 + DBO 2
Nos fenômenos biológicos de degradação estão interagindo os organismos produtores,
consumidores e decompositores.

Os organismos produtores são seres autotróficos que dispondo somente de substâncias


inorgânicas têm a capacidade de sintetizar os compostos orgânicos que necessitam. Ex:
algas.

Os organismos consumidores são seres heterotróficos e incapazes de realizar a síntese de


substâncias orgânicas a partir de substâncias minerais. Vivem à custa da matéria orgânica
produzida por seres autotróficos de onde obtêm energia para viver.

Os organismos decompositores são seres heterotróficos, responsáveis pela decomposição


até substâncias mais simples dos organismos que morrem, as quais serão utilizadas pelos
produtores.

Na cadeia alimentar os consumidores primários se alimentam de vegetais, os secundários


se alimentam dos consumidores e os terciários se alimentam dos consumidores
secundários. A interação destes organismos nos ecossistemas naturais é chamada de cadeia
trófica. Qualquer alteração em um dos elos dessa cadeia como, como a superprodução de
determinados organismos, muda significativamente as características e a harmonia do meio
e provoca situações que constituem uma forma de poluição.

47
Os sistemas de tratamento fazem uso dos organismos da cadeia trófica, ou de parte deles,
para de maneira artificial, imitar a natureza e depurar os resíduos industriais que poderiam
causar poluição.

Os tratamentos biológicos de esgotos e efluentes industriais têm o objetivo de remover a


matéria orgânica dissolvida e em suspensão, através da transformação desta em sólidos
sedimentáveis (flocos biológicos), ou gases (Ramalho, 1991).

Os processos de tratamento biológicos têm como princípio utilizar a matéria orgânica


dissolvida ou em suspensão como substrato para microrganismos tais como bactérias,
fungos e protozoários, que a transformam em gases, água e novos microorganismos. Estes,
através de mecanismos de produção de exopolímeros, formam flocos biológicos mais
densos que a massa líquida, da qual separam-se com facilidade.

Os flocos biológicos em excesso, chamado de excesso de lodo, são retirados dos sistemas
de tratamento e submetidos a processos de secagem natural ou mecanizada.

O metabolismo dos microrganismos compreende a síntese de compostos e por outro lado a


sua decomposição, com liberação de energia para as atividades vitais:
• Síntese de compostos orgânicos com energia armazenada a partir de elementos
inorgânicos;
• Transformações de compostos orgânicos;
• Oxidação dos compostos orgânicos com liberação de energia

48
a) Fatores ambientais in terferentes:
a.1 Temperatura – os microrganismos sobrevivem em uma determinada faixa de
temperatura e a solubilidade do oxigênio diminui com a elevação da temperatura.

a.2 pH – ligado diretamente à velocidade de reação enzimática para as bactérias que atuam
no intervalo de 6 a 8, sendo que os fungos atuam a pH mais baixos, em torno de 4,5.

a.3 Oxigênio dissolvido – varia conforme a pressão atmosférica e a temperatura.

a.4 Luminosidade – influencia principalmente onde a fotossíntese é essencial no processo


de depuração (lagoas)

a.5 Nutrientes – os organismos necessitam de nutrientes para seu metabolismo. Se


considerarmos como a fórmula empírica de um microrganismo C106H180O45N16P, podemos
observar que o nitrogênio e o fósforo são elementos essenciais. A proporção DBO:N:P de
100:5:1 têm se mostrado ideal, para o consórcio de microorganismos que atuam na
degradação e oxidação da matéria orgânica.

a.6 Substâncias tóxicas – podem causar efeito tóxico e impedir certo grupo de bactérias
de se multiplicarem.

a.7 Carga orgânica – apesar de ser o substrato dos organismos pode ser um fator
limitante.

CINÉTICA DA OXIDAÇÃO DA MATÉRIA ORGÃNICA

As reações aeróbias para estabilização da matéria orgânica carbonácea comportam-se em


sistema fechado em uma seqüência na qual predominam dois mecanismos:
♦ Síntese (anabolismo) – no início a matéria orgânica presente no resíduo líquido é
utilizada pelos microrganismos para suas atividades metabólicas de crescimento,
predominando, portanto as atividades de síntese.

49
8 CH 2 O + NH 3 + 3 O 2 → C 5 H 7 NO 2 + 3 CO 2 + 6 H 2 O + Energia
matéria orgânica material celular

♦ Respiração endógena (catabolismo) – quando a matéria orgânica encontra-se quase


totalmente removida, a principal fonte de alimento para o microrganismo passa a ser seu
próprio protoplasma celular, predominam os mecanismos de auto-oxidação ou respiração
endógena.

C 5 H 7 NO 2 + 5 O 2 → 5 CO 2 + NH 3 + 2 H 2 O + Energia
material celular

O conceito da DBO, representando tanto a matéria orgânica quanto o consumo de


oxigênio, pode ser entendido por estes dois ângulos distintos:
♦ DBO remanescente – concentração de matéria orgânica remanescente na massa líquida
em um dado instante, expresso em termos de oxigênio;
♦ DBO exercida – oxigênio consumido para estabilizar a matéria orgânica até este
instante.

50
As duas curvas são simétricas, em imagem de espelho:

♦ No tempo igual a zero, a matéria orgânica se apresenta em sua concentração total,


enquanto o oxigênio consumido é zero;
♦ Com o passar do tempo, a matéria orgânica remanescente vai se reduzindo, implicando
no aumento do consumo de oxigênio. Após um período de dias a matéria orgânica está
toda estabilizada (DBO remanescente igual a zero) e o oxigênio está todo exercido (DBO
exercida).

A cinética da remoção da matéria orgânica é freqüentemente modelada como uma reação


de primeira ordem que é aquela na qual a taxa de mudança de concentração de uma
substância é proporcional à primeira potência da concentração.

∆S
= − KS
∆t

Onde: S – concentração do substrato (DBO) remanescente (mg/L)


t – tempo (dia)
K – coeficiente de reação (dia-1)

51
Reator de fluxo pistão: S = S 0 e − Kt

S0
Reator de mistura perfeita: S=
(1 + Kt )

PRINCÍPIOS DO CRESCIMENTO BACTERIANO

Síntese e respiração endógena

Os microrganismos heterotróficos utilizam a matéria orgânica como uma forma de energia


condensada, necessária para os seus diversos processos metabólicos, incluindo crescimento
e reprodução. Com a utilização do oxigênio (condições aeróbias) ou outro receptor de
elétrons (nitrato em condições anóxicas) estes organismos realizam a oxidação da matéria
orgânica, com a produção de mais material celular (crescimento e reprodução) e liberação
de energia.

Caso o substrato disponível se tornar escasso (tratamento de esgotos), os organismos


passam a necessitar buscar outras fontes de matéria orgânica, ou de energia condensada. O
principal substrato diretamente disponível é seu próprio prtoplasma e eles passam a fazer
uso.

Curva de Crescimento bacteriano

O principal modo de reprodução das bactérias é por fissão binária, quando a célula atinge
um determinado tamanho divide-se em duas, as quais irão gerar novas células
progressivamente até 2n. Assim, ao inocular um volume líquido com uma certa quantidade
de células bacterianas e uma quantidade limitada de substrato, o número de bactérias
presentes ao longo do tempo progredirá segundo uma curva típica de crescimento
bacteriano (escala vertical logarítimica).

52
♦ Fase de adaptação – período de adaptação enzimática das bactérias ao substrato
fornecido.
♦ Fase de crescimento exponencial – as células se dividem numa taxa constante, plotado
em escala logarítmica o número de células cresce linearmente.
♦ Fase estacionária – o alimento começa a escassear no meio, a taxa de crescimento é
igual a taxa de mortandade. Assim o número de células se mantém temporariamente
constante.
♦ Fase de declínio ou mortandade – a disponibilidade de substrato no meio é bastante
reduzida, nestas condições, prevalecem as características da respiração endógena.

CINÉTICA DO CRESCIMENTO BACTERIANO

1. Crescimento bruto específico – o crescimento bacteriano pode ser expresso em


função da própria concentração de bactérias em um dado instante no reator.

∆X
= µX
∆t

53
Onde: X – concentração de microrganismos no reator (SSV) (mg/L)
µ - taxa de crescimento específica (dia-1)
t – tempo (dias)
Quando o substrato apresenta-se em baixa concentração, a taxa de crescimento é
proporcionalmente reduzida. A matéria carbonácea é, nos esgotos, usualmente o fator
limitante do crescimento.

Monod, em seus clássicos estudos com culturas bacterianas, apresentou uma relação da
taxa de crescimento específico em função da concentração do substrato:

S
µ = µ máx
Ks + S

Onde: µmáx – taxa de crescimento específica máxima (dia-1)


S – concentração do substrato ou nutriente limitante (mg/L)
KS – constante de saturação, a qual é definida com a concentração do substrato para
a qual µ=µmáx/2 (mg/L)

Nutriente limitante é aquele que, caso seja reduzida sua concentração, implicará num
decréscimo da taxa de crescimento populacional. Por outro lado, caso a concentração de S
principie a aumentar, a população de microrganismos aumentará. No entanto, caso S
continue a aumentar, chegará a um ponto em que passará a ser tão concentrado no meio,
não mais sendo limitante para o crescimento populacional.

Coeficiente de saturação KS – quando a concentração de substrato no meio é igual a KS


(KS =S) o termo S/KS+S torna-se igual a 1/2.

54
Para o tratamento aeróbio (Metcalf & Eddy, 1991):
µmáx = 1,2 a 6 d-1
KS = 25 a 100 mgDBO/L
KS = 15 a 70 mgDQO/L

Para o tratamento anaeróbio (van Haandel e Lettinga, 1994):


µmáx = 2 d-1 (bactérias acidogênicas)
µmáx = 0,4 d-1 (bactérias metanogênicas)
KS ≈ 200 mg DQO/L (bactérias acidogênicas)
KS ≈ 50 mg DQO/L (bactérias metanogênicas)

♦ Concentração relativa de substrato elevada


S>>KS – reação aproximadamente de ordem zero, a taxa de crescimento independe de S

♦ Concentração relativa de substrato baixa


S<< KS – reação aproximadamente de primeira ordem, a taxa de crescimento depende de
S (diretamente proporcional)

55
2. Decaimento bacteriano

∆X
= − K d .X
∆t

Onde: Kd – coeficiente de respiração endógena (dia-1)

♦ Para o tratamento aeróbio


Kd – 0,03 a 0,08 mg SSV/ mgSSV. Dia (base DBO)
Kd – 0,05 a 0,12 mg SSV/ mgSSV. Dia (base DQO)

2. Crescimento líquido – A taxa de crescimento líquido é igual à taxa de crescimento


bruto menos a taxa de mortandade das bactérias.
∆X
= µX − K d X
∆t

ou

∆X S
= µ máx X − Kd X
∆t KS + S

PRODUÇÃO DE SÓLIDOS

1. Produção bruta – o crescimento bacteriano pode ser expresso também em função


do substrato utilizado. Quanto mais substrato for utilizado, maior a taxa de crescimento
bacteriano.

Taxa de crescimento bacteriano = Y . taxa de remoção de substrato

56
∆X ∆S
=Y
∆t ∆t

Onde: X – concentração de microrganismos (SSV) (mg/L)


Y – coeficiente de produção celular (g/g)

♦ Tratamento aeróbio:
Y= 0,4 a 0,8 g SSV/g DBO removida (Metcalf e Eddy, 1991)
Y = 0,3 a 0,7 g SSV/g DQO removida ( EPA, 1993)

♦ Tratamento anaeróbio:
Y= 0,15 g SSV/g DQO removida ( Bactérias acidogênicas) (van Haandel e Lettinga,
1994)
Y= 0,03 g SSV/g DQO removida ( Bactérias metanogênicas) (van Haandel e Lettinga,
1994)

2. Produção Líquida

∆X ∆S
=Y − Kd X
∆t ∆t

57
5.3.3.1 TIPOS DE TRATAMENTO
O tratamento biológico pode ser classificado quanto a:
a) Presença ou ausência de oxigênio dissolvido livre no meio: organismos aeróbios e
organismos anaeróbios;
b) A biomassa: fixa e suspensa
c) Tipo de fluxo nos reatores: mistura completa, fluxo em pistão e fluxo disperso.

5.3.3.1.1 PROCESSO BIOLÓGICO ANAERÓBIO DE TRATAMENTO


Os processos anaeróbios são fenômenos associados á degradação da matéria orgânica,
presente em despejos, na completa ausência de oxigênio livre no meio. Isso cria condições
favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos de metabolismo anaeróbio e a
estabilização da matéria orgânica se dá pelo processo de digestão anaeróbia.

A digestão anaeróbia pode ser dividida em:


1. Hidrólise: o material particulado é convertido em compostos dissolvidos de menor peso
molecular
2. Acidogênese: os compostos dissolvidos gerados na hidrólise são absorvidos nas células
bacterianas fermentativas e excretados como substâncias orgânicas simples como ácidos
graxos voláteis, álcoois, ácido lático e compostos minerais como: CO2, H2, NH3, H2S
3.Acetogênese: é a conversão dos produtos da acidogênese em compostos que formam os
substratos para a síntese do metano: acetato, hidrogênio e dióxido de carbono.
4. Metanogênese: O metano é produzido pelas bactérias acetotróficas a partir da redução
do ácido acético ou pelas bactérias hidrogenotróficas a partir da redução do dióxido de
carbono.
a) metanogênese acetotrófica:
CH 3 COOH → CH 4 + CO2
b) metanogênese hidrogenotrófica:
4 H 2 + CO2 → CH 4 + 2 H 2 O

Os tratamentos anaeróbios se classificam quanto a:


A) Fixação dos micorganismos – os microrganismos aderem à superfícies fixas (leito
fixo) ou móveis: filtros anaeróbios (fixa) e leitos fluidizados.

58
B) Tipo de estruturas dos agregados de microroganismos: Na floculação os
microrganismos formam microestruturas em formato de flocos microestruturas e na
granulação as microestruturas são em formato de grânulos: lagoas anaeróbias e digestores
anaeróbios; reator anaeróbio de fluxo ascendente.
c) A carga orgânica:
Baixa taxa - tanques sépticos, digestor anaeróbioAlta taxa - Filtros anaeróbios, digestores
anaeróbios, reatores anaeróbios de fluxo ascendente (UASB), lagoas de estabilização
anaeróbias: 2 a 5 dias, prof. (2-5m), remoção de 50 a 70%

59
♦ Tanque séptico de câmara única

♦ Filtro anaeróbio

60
♦ Digestor anaeróbio de fluxo ascendente (UASB)

DIMENSIONAMENTO DE TANQUES SÉPTICOS

NBR 13969 – ABNT/CB – 02 Construção Civil – Tanques sépticos – unidades de


tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – projeto, construção e
operação – 30/09/1997.

A norma oferece alternativas de procedimentos técnicos para o projeto, construção e


operação de unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos
de tanque séptico, dentro do sistema de tanque séptico para o tratamento local de esgotos.
As alternativas aqui citadas devem ser selecionadas de acordo com as necessidades e
condições locais onde é implantado o sistema de tratamento, não havendo restrições quanto

61
à capacidade de tratamento das unidades. Conforme as necessidades locais, as alternativas
citadas podem ser utilizadas complementarmente entre si, para atender ao maior rigor legal
ou para efetiva proteção do manancial hídrico, a critério do orgão fiscalizador competente.

Definição: são câmaras convenientemente construídas para deter os despejos domésticos,


por um período de tempo estabelecido de modo a permitir a decantação dos sólidos e
retenção do material orgânico contido nos esgotos, transformando-os, bioquimicamente,
em substâncias e compostos mais simples e estáveis.

Funcionamento: pode ser considerado nas seguintes fases:


♦ Retenção – o esgoto é retido na fossa por um período que pode variar de 12 a 24 horas,
dependendo das contribuições afluentes.
♦ Decantação – sedimenta de 60 a 70% dos sólidos em suspensão contidos nos esgotos,
formando-se o lodo. A parte não decantada é retida na superfície líquida, normalmente
denominados de escuma.
♦ Digestão – Ambos, lodo e escuma são digeridos por bactérias anaeróbias, provocando
uma liberação de gases como H2S, NH3, CH4 e CO2.

Dimensionamento:

O ranque séptico deverá ser projetado de modo que suas dimensões atendam à descarga
afluente e permita manutenção prática e econômica.

Volume:

V = V1 + V2 + V3
onde:
V1 – volume decorrente do tempo de retenção hidráulica: V1 = NCT
N – número de contribuintes;
C – contribuição em litros por pessoa, por dia;
T – período de retenção em dias

V2 – volume decorrente do período de armazenamento do lodo

62
V3 – volume correspondente ao lodo em digestão

Contribuição: no cálculo de contribuição de despejos deve ser observado:


a) O número de pessoas atendidas não pode ser inferior a 5;
b) Consumo total de água (tabela 1);
c) Nos prédios em que houver contribuintes permanentes e temporários, o volume
total da contribuição é a soma dos volumes correspondentes a cada um dos casos;
d) Período de detenção dos despejos para prédios residenciais, hotéis, quartéis e
hospitais – 24 horas

Tabela 1 – Contribuições unitárias de esgotos (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e
de ocupantes
Prédio Unidade Contribuição (L/dia)
Esgotos (C) Lodo fresco
(lf)
1- Ocupantes permanentes
Hospitais Leito 250 1,00
Apartamentos Pessoa 200 1,00
Residências Pessoa 150 1,00

Escolas – internatos Pessoa 150 1,00

Casas populares – rurais Pessoa 120 1,00

Hotéis sem cozinha e lavanderia Pessoa 120 1,00


Pessoa 80 1,00
Alojamento provisório
2 – Ocupantes temporários
Fábricas em geral Operário 70 0,30
Escritórios Pessoa 50 0,20
Edifícios públicos ou comerciais Pessoa 50 0,20

Escolas - externatos Pessoa 50 0,20

Restaurantes e similares Refeição 25 0,10

Cinema, teatro e templos lugar 2 0,02

63
Volume mínimo da câmara de decantação – 500 litros
Período de armazenagem do lodo digerido – mínimo de 10 meses ou 300 dias
Período de digestão do lodo – 50 dias

Tabela 2 – Período de retenção (T)


Contribuição ( L/dia) Período de retenção (TR)
Horas Dias
Até 6000 24 1
6000 a 7000 21 0,875
7000 a 8000 19 0,790
8000 a 9000 18 0,75
9000 a 10000 17 0,71
10000 a 11000 16 0,67
Acima de 14000 12 0,50

Coeficiente de redução de volume decorrente da digestão anaeróbia são adotados:


a) lodo digerido ...................................................R1 = 0,25
b) lodo em digestão .............................................R2 = 0,50

Cálculo do volume útil:

Adotando-se os valores mínimos considerados:


Ta – 300 dias (aproximadamente um ano entre cada limpeza)
Td – 50 dias (período de digestão do lodo)
R1 – 0,25 – coeficiente de redução do volume do lodo digerido
R2 – 0,50 – coeficiente de redução do volume do lodo em digestão

V = N (CT + 100 Lf )

64
Tipos e formas:
a) Fossa séptica de câmara única
b) Fossa séptica de duas câmaras em série
c) Fossas sépticas retangulares ou prismáticas
d) Fossas sépticas cilíndricas

Dimensionamento de Fossa Séptica de Câmara Única:

a) cálculo do volume útil : V = N (CT + 100 Lf )


b) Volume mínimo admissível: 1250 litros
c) Forma cilíndrica: diâmetro mínimo (d) = 1,10 m;
Profundidade útil mínima (h) = 1,10 m
O diâmetro não deve ultrapassar duas vezes a sua profundidade
d) Retangular prismática:
♦ Largura interna mínima (b) = 0,70 m
♦ Relação entre comprimento (L) e largura (b): 2≤ L/b ≤ 4
♦ Profundidade útil mínima (h): 1,10 m

65
66
67
5.3.3.1.2 TRATAMENTO AERÓBIO
São fenômenos associados á oxidação da matéria orgânica presente em despejos (DBO ou
DQO), na presença a de oxigênio livre no meio.

DBO
LN (Nitrogênio)
D
B
O

Lo
DBO
(Carbono)
tc

Os organismos aeróbios que são os agentes destas oxidações segundo as reações:

 (
Matéria orgânica + a' O2 + N + P células K)
→ a novas células + CO2 + H 2 O + resíduo

Células + b' O2 
→
b
CO2 + H 2 O + N + P + resíduo

k – coeficiente de degradação e é uma função da biodegradabilidade de orgânicos no


efluente.
a’ – fração de orgânicos removidos que é oxidado para gerar energia
a – fração de orgânicos removidos que é transformado em massa celular
b – fração por dia de biomassa degradável oxidada
b’ – oxigênio requerido para esta oxidação

Os mecanismos de remoção da matéria orgânica por bioxidação:


♦ Remoção de sólidos suspensos por absorção no floco biológico, rápida e é dependente
da adequada mistura do efluente com o lodo biológico ou biomassa ativa;
♦ Remoção de material coloidal por adsorção físico-química no lodo biológico;

68
♦ Biosorção de matéria orgânica solúvel pelos microrganismos, que é o resultado de
reações enzimáticas complexas ou é um fenômeno superficial de adsorção na superfície
das bactérias.

A quantidade de remoção imediata de DBO solúvel é diretamente proporcional a


concentração de lodo biológico presente, a idade do lodo e as características químicas da
matéria orgânica solúvel. Três reações acontecem imediatamente no contato do lodo
biológico com a água residual:
♦ A matéria orgânica do sólido suspenso e da matéria coloidal sofre uma quebra
seqüencial para moléculas pequenas de modo que fiquem facilmente disponíveis para as
células para oxidação e síntese. O tempo requerido para esta reação depende da
aclimatação do lodo biológico e das características da matéria orgânica. Em uma mistura
complexa de água residual com concentrações altas de DBO, a taxa de síntese é
independente da concentração, ela é constante (taxa máxima de crescimento celular);
♦ Com o fornecimento contínuo de aeração, os componentes mais facilmente removíveis
são oxidados e a taxa de crescimento celular irá decrescer com o decréscimo da
concentração de DBO que permanece em solução;
♦ Decréscimo na massa celular e carbono celular acompanhado de um correspondente
decréscimo de nitrogênio celular.

Os tratamentos aeróbios se classificam quanto a:

1. Fixação da Biomassa: biomassa suspensa (Lagoas, lodo ativado) e biomassa fixa


(filtro aeróbio)
2. Carga orgânica:
Baixa taxa - lagoas de estabilização aeróbias e facultativas, lodo ativado de aeração
prolongada, filtro aeróbio.
Alta taxa – Filtro aeróbio, lodo ativado

69
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
As lagoas de estabilização são sistemas de tratamento biológico que convertem o conteúdo
orgânico do esgoto em compostos mais estáveis e de forma menos agressiva pela simbiose
entre algas e bactérias. Podem ser classificadas com respeito ao tipo de atividade biológica
que ocorre na lagoa em: anaeróbias, facultativas e de maturação (von Sperling, 1996).

As lagoas anaeróbias são unidades de tratamento com as maiores profundidades (4 a 5m),


recebem altas cargas orgânicas. A estabilização da matéria orgânica é realizada pelas
bactérias anaeróbias que quebram os compostos orgânicos e liberam metano e dióxido de
carbono. O lodo é depositado no fundo e pode formar uma crosta na superfície. São
eficientes e estáveis, mas o efluente destas lagoas não têm uma qualidade sanitária
aceitável e sempre requer tratamento complementar além de ocorrerem maus odores pela
redução e liberação dos compostos amoniacais de enxofre. Se bem operadas, podem
remover até 70% da demanda bioquímica de oxigênio afluente (DBO).

As lagoas facultativas com profundidades que variam entre um e dois metros podem ser do
tipo facultativa primária que recebe esgoto bruto ou facultativa secundária que recebe
esgoto já sedimentado e ou pré-estabilizado em lagoa anaeróbia. Estas lagoas apresentam
três zonas verticais distintas: aeróbia (superfície), facultativa e anaeróbia (camada de
fundo).

Nas lagoas facultativas, as algas e as bactérias não competem pelo mesmo substrato, suas
atividades estão inter-relacionadas. Quando em ambiente aeróbio, as bactérias
metabolizam a matéria orgânica convertendo em dióxido de carbono e água. As algas por
sua vez utilizam o dióxido de carbono, água, amônia e outros compostos inorgânicos para a
síntese celular, liberando oxigênio para o meio líquido. A sua concentração é mais elevada
do que a de bactérias, fazendo com que o líquido na superfície da lagoa seja
predominantemente verde. Constituem um grupo de organismos uni ou pluricelulares,
móveis ou imóveis, dotados de pigmento fotossintético, a clorofila. A clorofila a está
presente em todas as algas, assim como em todos os outros organismos fotossintéticos. Em
termos de sólidos de suspensão base seca, a concentração é usualmente inferior a
200.mg.L-1, embora em termos de números as algas possam atingir contagem na faixa de
104 a 106 por mL. (Von Sperling, 1996; Kellner e Pires, 1998).

70
Os principais tipos de algas encontrados nas lagoas de estabilização são as clorofíceas
(algas verdes) cujos principais gêneros são as Chlamydomonas, Euglena e Chlorella e as
cianofíceas (algas azuis) do gênero Oscillatoria, Phormidium, Anacystis e Anabaena. As
Chlamydomonas e Euglena tendem a serem dominantes no período frio e, têm a
capacidade de locomoção (flagelos). As algas azuis nunca apresentam organelas de
locomoção, mas podem se deslocar por deslizamento. Elas podem proliferar em qualquer
ambiente onde haja apenas CO2, N2, água, alguns minerais e luz. São típicas de situações
com baixos valores pH e pouco nutrientes no esgoto. Nestas condições as algas verdes, não
encontram ambiente favorável e podem servir de alimento a outros organismos, como
protozoários.

As algas produzem a matéria orgânica e liberam oxigênio através da fotossíntese, durante


as horas sujeitas à radiação luminosa. Por isso, a maior quantidade situa-se próximo à
superfície da lagoa (50 cm), local de alta produção de oxigênio. Mas em profundidades
maiores, a energia luminosa decresce e diminui a concentração de algas e
conseqüentemente a quantidade de oxigênio. Há um ponto ao longo da profundidade em
que a produção de oxigênio e o consumo destes pelas próprias algas e pelos
microrganismos decompositores de igualam, chamado oxipausa. Acima da oxipausa
predominam condições aeróbias, enquanto abaixo desta, prevalecem as condições anóxicas
ou anaeróbias. As algas respiram durante as 24 horas do dia, oxidando a matéria orgânica
produzida e liberando energia para o crescimento, reprodução, locomoção. A produção de
oxigênio é 15 vezes maior que o consumo deste pelas algas, conduzindo a um saldo
positivo no sistema. Porém com o aumento da carga orgânica (DBO) a zona aeróbia tende
a diminuir, com uma maior camada anaeróbia.

As lagoas de maturação possuem profundidades menores que as lagoas facultativas (1,0 a


1,5 m), favorecem a penetração da energia luminosa e o desenvolvimento de algas e
cianobactérias. São usadas para o polimento dos efluentes de outras lagoas e redução dos
microrganismos patogênicos, indicados por coliformes fecais.

71
SISTEMA DE LAGOAS (ANAERÓBIA + FACULTATIVAS)

LAGOAS AERADAS
Nas lagoas aeradas predomina os microrganismos aeróbios. O oxigênio é fornecido atarvés
de mecanismos de troca entre o ar e o meio líquido por ação forçada de aeradores ou
injetores de ar. Nestas lagoas a produção de lodo é alta necessitando sedimentação,
adensamento e disposição do lodo biológico.

LODOS ATIVADOS
Os lodos ativados são sistemas de depuração biológica por via aeróbia, a carga orgânica é
depurada por microrganismos heterogêneos que vêm a constituir o floco biológico,
denominado lodo ativado. É constituído basicamente por um reator biológico, aerado
artificialmente, e um sedimentador onde ocorre a sedimentação dos flocos biológicos.
Entre os microrganismos que compõem o lodo biológico predominam as bactérias
saprófitas, e em menor número os protozoários e vermes.

A eficiência do processo está relacionada com a relação de carga orgânica afluente


(substrato) e a massa de microrganismos contida no reator (sólidos suspensos voláteis). A
relação alimento/microrganismo pode ser expressa pela equação a seguir:

72
Além da relação A/M é importante também a biodegradabilidade específica dos efluentes.
A formação do lodo biológico é fundamentada na presença de compostos de N, P
(nutrientes) e Ca, Mg, S, Fé, Cu, Zn, Cr, Co e Mn (micronutrientes)

Supõe-se que sendo um processo aeróbio sempre haverá disponibilidade de oxigênio em


concentrações na faixa de 0,5 a 2 mg/L. A aeração é normalmente realizada por difusores
disposto no fundo do tanque, por aeradores mecânicos de superfície ou injeção de oxigênio
puro. A energia requerida é da ordem de 22 a 25 w/m3.

Os lodos ativados se classificam em:

a) alta carga:
• ocupa menor área, devido ao menor tempo de retenção (4 a 10 h),
• carga mássica aplicada: 0,5 a 0,8 kg DBO/kg SSV
• carga volumétrica: 1,5 a 3,0 kg de DBO/m3
• caracteriza lodo biológico jovem com baixa sedimentabilidade
• índice volumétrico de lodo alto
• os microrganismos necessitam de um alto volume de oxigênio

b) média carga:
• tempo de retenção de 8-12 horas
• carga mássica aplicada: 0,2 a 0,5 kg DBO/kg SSV
• carga volumétrica: 0,6 a 1,5 kg de DBO/m3
• lodo bem floculado, boa decantabilidade e IVL baixo

c) baixa carga:
• tempo de retenção de 12 a 36 horas
• carga mássica aplicada: 0,07 a 0,2 DBO/kg SSV
• carga volumétrica: 0,35 a 0,6 de DBO/m3
• característico de respiração endógena
• alta sedimentabilidade, baixo IVL, lodo denso

73
d) aeração prolongada:
• tempo de retenção acima de 36 horas
• valores baixos de carga mássica de carga volumétrica
• operam na fase de respiração endógena
• lodo biológico é pouco floculado, decanta rapidamente
• sistema resistente a choque de carga

74
Lodo ativado de curtume

Tanques de aeração e decantadores secundários

75
Lodo ativado do tipo aeração prolongada – valos de oxidação

FILTROS BIOLÓGICOS OU LEITOS PERCOLADORES


São sistemas aeróbios oriundos da tentativa de se aplicar filtração em areia. Descobriu-se
que a passagem de líquidos por intermédio de um meio de alta porosidade permitia uma
excelente interface para a difusão do oxigênio atmosférico no líquido. Verificava-se que o
efluente de um filtro de areia apresentava uma redução significativa de DBO, mas
colmatava rapidamente. Para evitar o problema surgiu a idéia de aumentar a granulometria
do meio até um ponto que não houvesse mais colmatação e permitisse uma interface
favorável á difusão do oxigênio no meio líquido.

Com o andamento dos estudos constatou-se que em torno do material de recheio do leito
percolador, se formava uma película gelatinosa constituída predominantemente por
substância orgânica coloidal que serve como habitat das colônias heterogêneas de
microrganismos.

76
1 – partida do sistema 3 – crescimento da película
2 – formação da película coloidal 4 - ruptura

Interior de um filtro biológico – meio filtrante como malha e o afluente sendo distribuído
INJEÇÃO DE AR NOS SISTEMAS AERADOS:
A injeção de ar na água tem o objetivo de introduzir oxigênio na água, provocar
turbulência na mistura e evitar a sedimentação do lodo. Existem muitos tipos de aeradorese
difusores

77
♦ Aeração por equipamento de difusão
♦ Aeradores de superfície
♦ Aeradores de fluxo radial, fluxo axial
♦ Aeradores injetores
♦ Aeradores estáticos

78
79
TRATAMENTO TERCIÁRIO
O tratamento terciário é o tratamento de polimento ou a remoção de compostos mais
resistentes.
Podem ser biológicos e/ou físico-químicos:

1. Biológicos: remoção de compostos de nitrogênio por nitrificação e desnitrificação,


remoção biológica de fósforo.

a) Nitrificação e desnitrificação

A remoção de nitrogênio contido em efluentes líquidos pode significar uma redução


significativa nos riscos de eutrofização de corpos receptores.
Quando um efluente é rico em nitrogênio, são transformados em amônia pelo processo de
degradação dos compostos que contêm nitrogênio. Para que este elemento seja removido
necessita-se de duas operações: a nitrificação e a desnitrificação

Nitrificação: oxidação biológica da amônia para nitrato em meio aquoso. Esta reação se dá
por meio de bactérias denominadas nitrossomonas e nitriobacter.
As nitrossomonas transformam a amônia em nitrito segundo a reação:

2 NH 4+ + 3O2   → 2 NO2− + 2 H 2 O + 4 H 4+


ação bacteriana

Na segunda etapa a nitrobacter transforma por meio de oxidação os nitritos a nitratos:

2 NO2− + O2 ação
 → 2 NO3−
bacteriana

Com trata-se de uma oxidação, ambas as etapas de nitrificação, é considerável, por isso só
pode ocorrer de forma mais completa em sistemas onde exista uma grande oferta oxigênio,
pois a oxidação da matéria orgânica carbonada é concorrente direta da oxidação do
nitrogênio e vice-versa.

Desnitrificação: consiste na redução biológica dos nitratos formados durante a


nitrificação, em nitrogênio gasoso. Para que ocorra esta redução é necessária a presença de

80
um agente redutor e a ausência de oxigênio na presença de bactérias facultativas. Estas
bactérias tanto podem utilizar oxigênio molecular como aquele ligado a determinadas
moléculas como o nitrato por exemplo. A desnitrificação se dá de acordo com a seguinte
reação:

2 NO3− + 12 H + + e − bactérias
  → N 2 + 6 H 2 O
facultativas

O doador de elétrons pode ser a matéria orgânica incidente ou uma fonte externa que pode
ser etanol ou ácido acético.

b) Remoção de fósforo

O fósforo pode ser removido quimicamente por precipitação com cálcio, ferro ou alumínio,
dependendo do pH do meio. A precipitação com cálcio forma a hidroxiapatita
[Ca5OH(PO4)3]

O fósforo como o nitrogênio é assimilado pelas bactérias e removido da água pelo excesso
no lodo. O decréscimo de fósforo está intimamente ligado ao excesso de lodo biológico
produzido.

Para a remoção de fósforo as bactérias (principalmente o gênero Acinetobacter) possuem a


habilidade de absorver moléculas orgânicas de baixo peso molecular como ácidos graxos,
sob condições anaeróbias. A energia disponível para isto é fornecida pela liberação de
fósforo ligado como polifosfatos em grânulos no protoplasma da bactéria. Sob condições
aeróbias a matéria orgânica absorvida anteriormente é oxidada e a energia é utilizada para
acumular fosfatos em polifosfatos na bactéria.

Reator anaeróbio DN Reator aeróbio

Orgânico CO2 +H2O


solúvel
O2
energia
PO43- energia

PO43-
81
2. Físico-químicos: a remoção pode ser por adsorção, troca iônica, precipitação,
filtração, osmose reversa

A) Adsorção

Uma superfície sólida em contato com uma solução tende a acumular uma camada
superficial de moléculas solúveis em função do desequilíbrio de forças. A adsorção pode
ser física ou química:
Adsorção física: resulta da condensação molecular nos capilares do sólido.
Adsorção química: resulta na formação de uma camada monomolecular de moléculas na
superfície
Em geral, substâncias, com alto peso molecular, são mais facilmente adsorvidas.
A adsorção se dá pela formação de um equilíbrio da concentração, seguido por baixa
difusão do adsorvido nas partículas do adsorvente.
A taxa de adsorção é controlada pela taxa de difusão das moléculas do soluto dentro dos
poros dos capilares das partículas do adsorvente (por exemplo, o carvão)

X
= kC 1 / n
M

onde: X – peso da substância adsorvida; M – peso do adsorvente; C – concentração que


permanece em solução; k,n – constantes que dependem da temperatura, do adsorvente e da
substância a ser adsorvida.

Adsorventes:

1. Carvão ativado: são feitos a partir de uma variedade de materiais incluindo carvão,
madeira, cascas, etc.
O carvão ativado é empregado quando se deseja eliminar substâncias orgânicas tóxicas
como fenóis, corantes, compostos aromáticos e bactericidas. Também é útil na remoção de
compostos sulfurados e mercaptanas.
A regeneração do carvão ativado é difícil quando trata uma mistura de efluentes, pode ser
feita por aquecimento, extração das substâncias adsorvidas com solvente, tratamento ácido
e básico, oxidação química.

82
2. Aluminossilicatos:
a) zeólitas – podem ser definidas como aluminossilicatos cristalinos com uma estrutura
tridimensional composta por um conjunto de cavidades livres ou ocupadas por íons. A
estrutura microporosa faz com que as zeólitas apresentem elevada superfície interna em
relação á sua superfície externa e permite a transferência de massa entre o espaço cristalino
e o meio externo. Entretanto, a transferência de massa é limitada pelo diâmetro dos poros
da estrutura zeolítica.
São classificadas normalmente em relação ao tamanho de seus poros que dependem do
número de átomos de oxigênio presentes na abertura dos poros.

b) Argilas: Nos últimos 50 anos o interesse em torno das argilas vem crescendo muito
principalmente no que diz respeito à sua composição, estrutura e propriedades
fundamentais dos constituintes das argilas e dos solos. Devido ao seu baixo custo são
usadas como carga nas indústrias de plástico, tintas, inseticidas, produtos farmacêuticos,
etc, com a finalidade de aumentar o volume e modificar as propriedades destes materiais.
As argilas são compostos divididos em duas classes principais: silicatos cristalinos com
estrutura lamelar ou em camadas, silicatos cristalinos com estrutura fibrosa.
As estruturas cristalinas são constituídas por camadas tetraédricas de silício
(tetracoordenado) e octaédricas de alumínio (hexacoordenado).

83
B) Troca Iônica

Pode ser usada para remover ânions e cátions indesejáveis do efluente. Cátions são
trocados por H+ e Na+, e ânions por OH-.

84
As resinas de troca iônica são substâncias granulares insolúveis possuidoras, em sua
estrutura molecular, de radicais ácidos ou básicos capazes de propiciar a substituição dos
cátions ou ânions presentes no afluente, promovendo assim a remoção desejada.
Muitas resinas usadas em tratamento de águas são resinas sintéticas produzidas pela
polimerização de compostos orgânicos em uma estrutura porosa tridimensional.
As resinas podem ser catiônicas se a troca é de íons positivos, tendo como grupos
funcionais os ácidos como o sulfônico ou cátions alcalinos como o sódio; as resinas podem
ser aniônicas onde os grupos funcionais podem ser a base de aminas.

A resina mais comum é preparada pela copolimerização do estireno e divinilbenzeno


seguido de sulfonação do copolímero.
Os grupos funcionais mais comuns são:
Carboxil ( -COOH) – ácidos
Amina ( -NH2 ou RNH) – bases
Amônio quartenário – (- R3N+OH-) – bases

Na 2 • R + Ca 2+ ↔ Ca • R + 2 Na +
EX:
R − re sin a de troca iônica

Quando todos os sítios são substituídos pelo cálcio, a resina pode ser regenerada pela
passagem de uma solução concentrada de íons sódio através do leito.

C) Osmose Reversa
É um processo que permite a remoção de sólidos dissolvidos de um determinado efluente
por meio da filtração através de uma membrana semipermeável, sob pressão superior à
exercida pela pressão osmótica dos sólidos dissolvidos no líquido a ser filtrado.
Dependendo da pressão osmótica a pressão no processo pode variar desde pressões
relativamente baixas até extremamente altas.
As membranas são constituídas por polímero semipermeável eficiente na retenção sólida
com dimensões compreendidas entre 0,002 a 10 µm.
São indicados na remoção de metais, sódio, cálcio, etc.

A osmose é um fenômeno natural físico-químico, onde duas soluções com concentrações


diferentes são colocadas num mesmo recipiente separadas por uma membrana

85
semipermeável e ocorre naturalmente a passagem do solvente da solução mais diluída para
a solução mais concentrada até que as duas concentrações estejam em equilíbrio.

Neste ponto a coluna de solução do lado da solução mais concentrada estará acima da
coluna do lado da solução mais diluída. Esta diferença entre as colunas de solução se
denominou pressão osmótica.
A osmose reversa é obtida através da aplicação mecânica de uma pressão superior a
pressão osmótica do lado da solução mais concentrada.

86
D) Eletrodiálise

Em um processo de eletrodiálise ocorre a separação dos componentes iônicos de uma


solução com o uso de uma membrana semipermeável seletora de íons. Na solução é
aplicada uma determinada diferença de potencial constante entre dois eletrodos,
propiciando a passagem de corrente elétrica. Essa, por sua vez, causa a migração de cátions
para o eletrodo negativo e a migração de ânions para o eletrodo positivo. O efluente, então,
é bombeado para o interior de uma célula constituída por uma série alternada de
membranas aniônicas e catiônicas dispostas em forma de pilha.

E) Oxidação Química

A oxidação química de um efluente pode ser empregada para oxidar poluentes para
produtos finais ou para produtos intermediários que podem ser facilmente biodegradados
ou mais facilmente removidos por adsorção. Os oxidantes mais comuns são os cloros,
peróxido de hidrogênio, permanganato de potássio e ozônio.

a) Ozônio – gás a temperatura e pressão normais, a solubilidade depende da temperatura e


pressão. O ozônio é instável e a taxa de decomposição aumenta com a temperatura e o pH.

Mecanismo de oxidação de orgânicos:

1. oxidação de álcoois para aldeídos


RCH 2 OH →
O3
RCOOH

87
2. Substituição de um átomo de oxigênio em um anel aromático
3. Clivagem de ligações duplas do carbono

A ozonização pode ser empregada na remoção de cor, material de difícil degradação, etc.

b) Peróxido de oxigênio: na presença de catalizadores gera radicais ( •OH ) que reage


com orgânicos e reduz os compostos de uma maneira similar ao ozônio:

Fe 2+ + H 2 O2 → Fe 3+ + OH − + •OH

Fe 3+ + H 2 O2 → Fe 2+ + •HO2 + H +

OH + RH → R • + H 2 O

R • + H 2 O2 → ROH + •OH

c) Cloro: pode ser usado com um oxidante químico. Nas reações com materiais
inorgânicos resultam em compostos finais e com orgânicos usualmente produzem
hidrocarbonetos clorados.
Por exemplo o processo de oxidação de cianetos por cloro em meio alcalino, forma cloreto
cianogênio (CNCl), esta reação é instantânea a todos os níveis de pH:

NaCN + Cl 2 → CNCl + NaCl


CNCl + 2 NaOH → NaCNO + H 2 O + NaCl

88
FOTOS DE EQUIPAMENTOS

Foto 1 – Misturador rápido

Foto 2 – Flotador de curtume

89
Foto 3 – flotador (entrada)

Foto 4 – Filtro Prensa

90
Foto 5 – Removedores de lodo mecanizados (decantador retangular e decantador
circular)

Foto 6 – membranas filtrantes

91
Foto 7 – Leito de secagem – esteira para remover o lodo seco

Foto 8 – lodo seco

Foto 9 – Lagoa de contenção do chorume

92
Foto 10 – Caminhão de transporte do lodo até o leito de secagem

93
ANEXO 1
Principais poluentes de despejos industriais: Braile (1979)

94
95
ANEXO 2

Autodepuração dos Corpos D’água


♦ Processo natural de depuração pela biodegradação da matéria orgânica através de
microrganismos aeróbios.
♦ Restabelecimento do equilíbrio aquático, por mecanismos essencialmente naturais.
♦ O objetivo é utilizar a capacidade de assimilação dos rios – recurso natural que pode
ser explorado; impedir o lançamento de cargas acima da capacidade do corpo d’água.

Fatores Intervenientes na Autodepuração

Físicos: Turbulências → diluição, homogeneização, oxigenação


Físico-químicos: [Cl], substâncias tóxicas, redutores
Biológicos: Predatismo, organismos fotossintetizantes.

a. Zona de água limpa: alta concentração de oxigênio dissolvido, presença de plâncton e de


vida superior. Concentração de O2, próximo à saturação.
b. Zona de Degradação: Localiza-se logo após o ponto de lançamento. Características:
Turbidez, cor, presença de amônia, anaerobiose devido à queda do O.D., e alta da DBO,
aumento da concentração de microorganismos (aeróbicos + anaeróbicos), início da
sedimentação (Mat. Org. + Biomassa), completa desordem com relação à comunidade
estável de antes. O processo de decomposição é lento, depende da adaptação dos
microrganismos. Após a adaptação o consumo de M.O. atinge o máximo, aumenta CO2 e
baixa o pH. O lodo de fundo entra em anaerobiose e libera H2S, NH3 e outros compostos

96
que geram odores desagradáveis. Número dos indivíduos presentes crescentes -
ecossistema perturbado. Elevado número de coliformes fecais. Evasão de hidras, esponjas,
musgos, crustáceos, moluscos, peixes. Não há presença de algas------------dificuldade de
penetração de luz.
c. Zona de Decomposição Ativa: Características: ausência de OD, pode haver formação
de espuma devido ao desprendimento de gás proveniente da decomposição anaeróbica.
Sedimentação da biomassa aumento da concentração de amônia. Ausência de vida
superior. Começa a organização, desenvolvimento ativo de microrganimsos. Qualidade da
água no estado mais deteriorado, elevada coloração e depósitos de lodo no fundo. O OD
atinge sua menor concentração ou é totalmente consumido ---------- anaerobiose -------------
desaparece a vida aeróbia. Bactérias decompositoras começam a reduzir em número --------
--diminuição de substrato. Subprodutos como H2S, NH3, mercaptanas, CH4 --------- mau
cheiro. Bactérias patogênicas ---------diminui rapidamente -------novas condições
ambientais. Protozoários -------aumentam -------ascensão de um degrau na pirâmide
alimentar --------presença de alguns macrorganismos como larvas e insetos. Não voltaram
ainda as hidras, esponjas, peixes, etc.
d. Zona de Recuperação: Características ⇒ diminuição da DBO devido a decomposição
anaeróbica do lodo sedimentada. Aumento da conc. de oxigênio. Diminuição da
concentração de microorganismos. Diminuição da concentração de amônia e aumento da
concentração de nitritos e nitratos ⇒ fase de nitrificação presença de organismos
clorofilados de vida superior. Fertilização do meio com a presença de nitrato e fosfato,
maior transparência da água, crescimento das algas, aumenta a produção de O2 no meio.
Maior diversificação na cadeia alimentar.
e. Zona de água limpa: Características ⇒ alta concentração de oxigênio dissolvido,
presença de plâncton e de seres de vida superior. Aparência similar à anterior,
predominância das formas oxidadas (CO2, NO3, PO4). O lodo de fundo não está
necessariamente estabilizado. Concentração de O2, próximo à saturação, água rica em
nutrientes ---------maior crescimento de algas.

97
Fatores que influenciam a autodepuração: Temperatura, Oxigênio Dissolvido, pH, sais
dissolvidos, turbulência (favorece a troca gasosa entre o corpo de água e o ar), ausência de
toxicidade, microrganismos decompositores.
Balanço de Oxigênio Dissolvido
AR – 270mg/L de oxigênio } condições normais de T e P ( 1 atm e 20ºC ) Água – 9
mg/L

Reareação atmosférica

OD
OD
DBO solúvel e Fotossíntese

nitrificação

DBO suspensa
OD
DBO

OD

98
Consumos:
♦ Oxidação da matéria orgânica (respiração)
♦ Demanda Bentônica (lodo de fundo)
♦ Nitrificação (oxidação da amônia)

Produção:
♦ Reareação atmosférica
♦ Fotossíntese

a) Reaeração Atmosférica: Principal fator responsável pela introdução de O2 na massa


líquida.
Transferência de gases é físico – moléculas dos gases são intercambiadas entre o líquido e
o gás pela interface. Na água os teores de oxigênio são inferiores aos do ar há uma
transferência entre o ar e a água até o nível de saturação. Este mecanismo acontece de duas
formas: difusão molecular e difusão turbulenta (mecanismo bem mais eficiente, pois
envolve a criação de interfaces e a renovação destas interfaces).
Ex: lago ------- difusão molecular; rio com corredeiras ------difusão turbulenta.

b) Fotossíntese – característica dos clorofilados, produzem oxigênio a partir do dióxido de


carbono, com energia solar.

Balanço de oxigênio = Produção – consumo = oxigenação - desoxigenação

1. CINÉTICA DA DESOXIGENAÇÃO
Fatores abrangidos pelos modelos:

♦ Fenômenos incorporados no balanço de O2 dissolvido: consumo de O2 (oxidação da


MO) e produção de O2 (reareação atmosférica).
♦ Representação hidráulica: regime hidráulico deve ser considerado na estrutura do
modelo → fluxo em pistão, mistura completa, fluxo disperso.

O2 ∝ DBO520°C

99
DBO remanescente (L): concentração de MO remanescente na massa líquida em um dado
instante. Tende a zero após vários dias. Cinética de 1ª ordem.
DBO exercida: oxigênio consumido para estabilizar a matéria orgânica até este instante.
O2 consumido acumulado depois de vários dias tende DBO exercida.

dL
= −k1 ∗ L k1 – coeficiente de desoxigenação
dt
L = L0 ∗ e − k1t

L – DBO remanescente no tempo t


L0 – DBO remanescente em t igual a zero.

Para passar para log 10: k1 base e = 2,3 k1 base 10

L = L 0 ∗ 10 − k 1 t

Se Y = DBO exercida em um tempo t, então Y= L0 – L

L0 − Y = L0 ∗ e − k1t Y = 1 − e − k1t

Valores típicos de k1 (base e, T=20°C)


♦ Água residuária concentrada -------------k1 (dias-1) - 0,35 – 0,45
♦ Efluente primário ----------------------- 0,12 – 0,24
♦ Rios com águas limpas -------------------- 0,09 – 0,21

1.1 Cálculo de k1

100
Para o cálculo de k1 é fundamental que no trecho em estudo não haja diluição nem
lançamento de despejos, a velocidade média não deve ser inferior a 0,18 m/s para que não
ocorra sedimentação.
Existem métodos matemáticos e estatísticos que podem ser utilizados para a determinação
de k1.
Dados de entrada nos modelos: DBO exercida em diferentes dias.

1.1.1 Métodos mais conhecidos:


♦ Mínimos quadrados – Reed –Theriault
♦ Método da inclinação – Thomas
♦ Método dos momentos – Moore, Thomas, Snow
♦ Método de Thomas
♦ Método da diferença de logarítimos

1.1.2 Influência da Temperatura


A temperatura exerce grande influência no metabolismo microbiano, afetando as taxas de
estabilização

Relação empírica: k1T = k120 ∗ θ (T − 20 ) , onde

θ - coeficiente de temperatura (-)


T – temperatura do líquido

O valor usual para θ é 1,047 ou seja, o valor de k1 aumenta 4,7% a cada acréscimo de
1° C na temperatura da água.

2. CINÉTICA DA REAERAÇÃO
Entre a água e o ar ocorre um intercâmbio de moléculas da fase líquida para a fase gasosa e
vice-versa. Quando a concentração de solubilidade na fase líquida é atingida os fluxos
passam a ser de igual magnitude – concentração de saturação (Cs).
A cinética de reaeração pode ser caracterizada por uma reação de primeira ordem.

101
dD dD
∝D = −k 2 ∗ D
dt dt
D – déficit de oxigênio dissolvido, que é diferente da concentração de saturação e
concentração de oxigênio existente no tempo t.
D = C s − C ( mg / L)
k2 – coeficiente de reaeração

D = D0

D = D 0 ∗ e − k 2 t , onde D0- déficit inicial de oxigênio em mg/L

2.1 Cálculo do Coeficiente de Reoxigenação ( k2)


♦ Valores médios tabelados
♦ Valores em função das características hidráulicas do corpo receptor
♦ Correlacionados com a vazão do curso d’água

K2 = f(Temperatura, Turbidez, Profundidade, etc...)

2.1.1 Equação de Owens, Edwards e Gibbs

(k2)20 = (2,3*v0, 67)/ H1, 85

v = velocidade média do curso d’água (m/s)


H = profundidade média do curso d’água (m)

OBS: Mais adequado para cursos d’águas com:


v entre 0,03 e 1,5 m/s
H entre 0,12 e 3,30 m

2.1.2 Equação de Owens, Edwards e Gibbs

(k2)20 = (1,71*v0,5)/ H1,5

102
OBS: Mais adequado para:
♦ v entre 0,15 e 0,5 m/s
♦ H entre 0,30 e 9,0 m

K2 geralmente varia entre 0,9 e 4,3 / dia

2.1.3 Influência da Temperatura

(k2)T= (k2)20*θT-20
Geralmente θ = 1,024

3. Balanço de Oxigênio Segundo Streeter e Phelps


Os pesquisadores Streeter e Phelps, em 1925 – estabeleceram as bases matemáticas da
curva de oxigênio dissolvido em um curso de água.
Situação: desoxigenação, reareação atmosférica
Taxa de variação de OD: consumo de OD – produção de OD

Balanço de oxigênio simplificado em um curso d’água.

Caso não houvesse DBO nós poderíamos ter:

t t
dD dD dD
∫0 D = − k 2 * ∫0 dt
' ' '
= − k2* D ou = − 'k 2 * dt ⇒
dt D

Dt ' − k 2' *t − k 2 *t
ln = − k2 ∴ D = D *e
t 0
ou D = D *10
t 0
D

Porém levando-se em consideração a DBO teremos:

dD dD − k *t − k *t
= − k 2 * Dt + k 1 * Lt ⇒ = − k 2 * D0 *10 2 + k 1 * L0 *10 1
dt dt

103
Integrando:

D = k 1
(
* L0 * 10
− k1 *t
− 10
− k 2 *t
)+ D *10 − k 2 *t
t
k −k
2 1
0

1  
* log  k 2 * 1 − D (k − k )  k* * − k1 *t c
t = 0 2 1
⇒ D = 1
L 10
c
k 2 − k1  k1  L * k  
0 t
c
k
2
0

104
4. Lei da Conservação da Massa: Pode-se fazer um balanço de massa a montante e a
jusante de um ponto de lançamentos em um curso d’água. Seja uma seção de curso d’água:

Lançamento (QE*LE)

Montante
Qm*Lm

Jusante
QR*LR

Teremos então:

Fluxo à Montante Fluxo do Efluente Fluxo à Jusante


+ =
X X X

Fluxo à Montante = QR (vazão do rio)


Fluxo do Efluente = QE (vazão do efluente)
DBO à Montante = LR ( DBO do rio)
DBO do Efluente = LE
DBO à Jusante = Lm (DBO Efluente + rio)

Q m = QR + QE

LR x QR + LE x QE = Lmx Qm ou

LRx QR + LE x QE = Lm ( QR + QE)

O mesmo princípio pode ser aplicado ao oxigênio dissolvido:


[OD] = Concentração em oxigênio dissolvido

105
[OD]Montante x Q Montante + [OD]Efluente x QEfluente = [OD]Jusante x Q Jusante

[OD]R x QR + [OD]E x QE = [OD]m x Qm

Se não há despejos à montante [OD]R = [OD]Saturação


[OD]J = [OD]m ⇔ mistura (esgoto + rio)
Qm = (QR + QE) → mistura (rio + efluente)
Dados importantes:

Volume Médio
DBO Padrão =
Diário de Esgoto X do Esgoto 54
por Habitante

Volume Médio
Diário de Esgoto = 80% Consumo d’água per capita
por Habitante

5. População Equivalente ou Equivalente Populacional


♦ Equivalente Populacional – é uma unidade que indica a força poluidora de despejos
industriais, relativa ao número de habitantes.
♦ Equivalente Populacional de uma indústria = 10.000 habitantes significa que a
indústria tem uma força poluidora equivalente a uma população de 10.000 habitantes.
♦ Equivalente Populacional [DBO] ⇒ Relaciona a força poluidora do despejo
industrial com a do esgoto doméstico.
♦ Equivalente Populacional (SS) ⇒ Relaciona a produção de lodo do despejo industrial
com a do esgoto doméstico.

OBS: O conceito de Equivalente populacional pressupõe ausência de toxidade no


esgoto industrial.

106
Contribuição Vazão Diária de
DBO
Diária da DBO Per = Efluente Per Capita X
Capita Efluente

OBS: A DBO padrão de efluentes domésticos não tratados é yp = 300mg/L


EQUAÇÕES REPRESENTATIVAS

1. Concentração e déficit de O2 no rio após a mistura com o despejo:

Q r ∗ OD r + Q e ∗ OD e
C0 = D 0 = Cs − C0
Qr + Qe

C0 – concentração inicial de O2, logo após a mistura (mg/L)


D0 – déficit inicial de O2, logo após a mistura (mg/L)
CS – Concentração de saturação de O2 (mg/L)
Qr – vazão do rio a montante do lançamento dos despejos (m3/s)
Qe – vazão dos esgotos (m3/s)
ODr – concentração de O2 dissolvido no rio, a montante dolançamento dos despejos
(mg/L)
ODe – concentração de O2 dissolvido no esgoto (mg/L).

2. Cálculo da DBO5 e DBOU (demanda última) no rio após a mistura com o despejo.

(Q r ∗ DBO r + Q e ∗ DBO e )
DBO 5 0 =
Qr + Qe

(Q r ∗ DBO r + Q e ∗ DBO e )
L 0 = DBO u = DBO 5 0 ∗ k t = kt
Qr + Qe

DBO50 – concentração de DBO5 após a mistura


L0 – demanda última de O2, logo após a mistura
DBOr – concentração de DBO5 no rio

107
DBOe – concentração de DBO5 no esgoto
KT – constante de transferência de DBO5 a DBOU (-)

DBO u 1
kT = =
DBO 5 1 − e − 5k 1

3. Cálculo do perfil de O2 dissolvido em função do tempo.

 k ∗ L0
C t = Cs −  1 ( ) 
∗ e − k1t − e − k 2 t + D0 ∗ e − k 2 t 
 k 2 − k1 

4. Cálculo do tempo crítico

1 k  D 0 (k 2 − k1 ) 
tc = ln  2 1 − 
k 2 − k1  k1  L 0 k1 
5. Cálculo do déficit crítico e da concentração crítica de oxigênio

k
Dc = 1 Lo ∗ e − k1t c Cc = Cs − D c
k2

Bibliografia Consultada
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WORKS ASSOCIATION, WATER ENVIRONMENT FEDERATION. Standard Methods
for the examination of water and wastewater. 20ª ed., WASHINGTON, D.C.: APHA,
AWWA, WEF, 1998, 1157p.
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tecnologia de controle – Abate de bovinos – NT-12. São Paulo, 1986, 19 p.
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tecnologia de controle – Indústria de laticínios – NT-17. São Paulo, 1990, 20 p.
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controle da poluição utilizando o processo eletrolítico para o tratamento de esgotos. Niterói
– RJ, 1999. 137 p. Dissertação de Mestrado (Ciência Ambiental). Universidade Federal
Fluminense, 1999.
28. GIORDANO, G. Análise e formulação de processos para tratamento dos chorumes
gerados em aterros de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro – RJ, 2003. 257 p. Tese de
Doutorado (Engenharia Metalúrgica e de Materiais) PUC-Rio, 2003.
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30. IMHOFF, K.R. e Karl. Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo:
Editora Edgard Blücher Ltda, 1986, 301p.
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32. RAMALHO, R.S. Tratamiento de aguas residuales. Barcelona: Editorial Reverté
S.A., 1991, 705 p.
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Engineering and Science” – 5a edition - International Editions; Mc Graw - Hill
Higher Education, Boston (USA) 2004.
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UFMG: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1997. v. 5, 246p.
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Janeiro: ABES, 1995, 720p.
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38. MASSARO, Sérgio & PONTIM, Joel Arnaldo. O que é poluição química.
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