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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


PARA O TRATAMENTO DE FIBROMIALGIA

Edneia Maria de Souza Oliveira

São Paulo
Dezembro/2015
CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL

TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


PARA O TRATAMENTO DE FIBROMIALGIA

Edneia Maria de Souza Oliveira

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Pós-Graduação do Centro de
Estudos em Terapia Cognitivo-
Comportamental para obtenção do título de
Especialista em Terapia Cognitivo-
Comportamental.

Orientadora: Profª Dra Renata Trigueirinho


Alarcon
Coorientadora: Profª Msc Eliana Melcher
Martins

São Paulo
Dezembro/2015
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho desde que citada a
fonte.

Oliveira, Edneia Maria de Souza

Técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental para o tratamento de


fibromialgia
Edneia Maria de Souza Oliveira, Renata Trigueirinho Alarcon – São Paulo, 2015.

29f + CD-ROM
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização – Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC)
Orientação: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon

1.Fibromialgia 2.Terapia cognitivo-comportamental.


I.Oliveira, Edneia Maria de Souza. II.Alarcon, Renata Tigueirinho
EDNEIA MARIA DE SOUZA OLIVEIRA
TÉCNICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
PARA O TRATAMENTO DE FIBROMIALGIA
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia
Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para
obtenção do título de especialista em Terapia Cognitivo-
Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ___________________________________________
Prof.Título: _________________________________________

Parecer: ___________________________________________
Prof.Título: _________________________________________

São Paulo, ____ de ____________ de _________


AGRADECIMENTO

A Deus, pela presença constante em minha vida.

Aos meus amores: meu esposo Anderson e minha mãe Maria,


pelo apoio, orações, confiança e amor. E ao meu pai Euclides,
que junto a Deus, certamente intercedeu e intercede por mim.

Aos meus queridos irmãos, pelas palavras de carinho e pela


grande ajuda.

Aos meus amigos e colegas de curso, pela ajuda, cumplicidade


e amizade.

A minha orientadora, pela dedicação, onde se mostrou sempre


interessada nesse trabalho, dando as devidas sugestões e me
acompanhando em cada etapa.

Aos queridos Eliana e Elcio, pelo eterno carinho e


profissionalismo.
RESUMO

A Fibromialgia é uma doença impactante na história de vida de seus portadores,


ocasionando prejuízo na esfera física e psicológica, atingindo em sua maioria
mulheres de meia idade.
Por ser ainda uma síndrome de etiologia desconhecida, poucos recursos
terapêuticos são utilizados para o alívio da dor, ocasionando frustração tanto no
próprio paciente como na equipe médica e/ou multidisciplinar, dificultando assim o
tratamento proposto.
Diante da pesquisa realizada em bases de dados da área da saúde, constatou-se a
importância da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para amenização da dor,
melhoria do sono, resultando em melhor qualidade de vida, não excluindo o
tratamento farmacológico, atividades físicas de baixo impacto e técnicas de
relaxamento.

Palavras-chave:
Fibromialgia, Terapia Cognitivo-Comportamental
ABSTRACT

Fibromyalgia is an impactful disease in the history of life of their patients, causing


impaired physical and psychological sphere, affecting mostly middle-aged women.
Because it is still a syndrome of unknown etiology, few therapeutic resources are
used for pain relief, causing frustration both the patient and the medical staff and / or
multidisciplinary, thus hindering the proposed treatment.
On the survey of healthcare databases, noted the importance of cognitive-behavioral
therapy (CBT) for pain alleviation, improved sleep, resulting in better quality of life,
not excluding the pharmacological treatment, physical activity low impact and
relaxation techniques.

Keywords:
Fibromyalgia, cognitive-behavioral therapy
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9
2 - OBJETIVO .......................................................................................................................................... 12
3 – METODOLOGIA ................................................................................................................................ 13
4 - RESULTADOS .................................................................................................................................... 14
4.1 FIBROMIALGIA ............................................................................................................................. 14
4.2 TRATAMENTO DE FIBROMIALGIA ............................................................................................... 17
5 - DISCUSSÃO ....................................................................................................................................... 22
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 25
9

1- INTRODUÇÃO

A fibromialgia (FM) é uma síndrome crônica caracterizada por queixas


dolorosas músculo-esqueléticas difusas e pela presença de pontos dolorosos em
regiões anatomicamente bem determinadas.
Síndrome muito frequente em mulheres de 30 a 60 anos, em que a principal
característica é a amplificação dolorosa. Expressão “dói tudo” é constante. A queixa
de acordar cansado é frequente, assim como e sintomas pontuais como: estados
depressivos, déficit de atenção, bruxismo, cefaleia e perfil psicológico associado ao
perfeccionismo e autocrítica severa.
A prevalência da fibromialgia em idosos, segundo estudo americano, é de
5,4%, na faixa etária acima de 60 anos (Santos et al.,2012) e em estudo francês a
prevalência foi de 2,8% e 4,1%; entre as faixas etárias de 65 a 74 anos e 75 a 84
anos, respectivamente (Santos et al., 2012). No Brasil foi encontrada na faixa etária
de 55 a 74 anos a prevalência de 1,9 % indivíduos idosos com FM (Santos et al.,
2012).
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) foi desenvolvida por Aron Beck,
na década de 60, com o intuito de resolver problemas atuais, de depressão e a
modificar os pensamentos e comportamentos dos indivíduos, atuando como
psicoterapia breve, estruturada e orientada ao presente.
Para Beck, o paciente deprimido elabora sua vivência de modo negativo,
antecipando resultados desfavoráveis para sua situação problema. Interpretando
dessa forma, há um funcionamento propenso a comportamentos depressivos, como
sentimentos de inadequação, desesperança e baixa autoestima.
Segundo Beck (1997) a TCC é um conjunto de estratégias e técnicas
terapêuticas com a finalidade de mudança de padrões de pensamento, esses
identificados como automáticos e disfuncionais. Formulado cientificamente,
apresenta eficácia comprovada através de estudos empíricos. Por ser uma
abordagem breve, isso lhe confere a posição de escolha em vários países. Esse
processo pode levar de três a seis meses, onde se trabalha a criação de estratégias
para lidar com o sofrimento. O papel do terapeuta é encorajar seus pacientes a
10

entenderem seus problemas para em seguida identificar novas formas de enfrentá-


los.
A Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha reinterpretando as informações
que geram emoção negativa. Entende-se que não é uma situação que determina as
emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim suas cognições ou
interpretações a respeito dessa situação, as quais refletem formas idiossincráticas
de processar informação. Com base nesse princípio das cognições proposta por
Beck essa terapia busca a reestruturação cognitiva a partir de uma conceituação
cognitiva do paciente e de seus problemas/sofrimento Beck (1997).
Reestruturação cognitiva refere-se à reformulação do sistema de esquemas e
crenças do paciente através da intervenção clínica que, entre outras técnicas, utiliza-
se do questionamento socrático a fim de desafiar esquemas e crenças disfuncionais,
os quais, ao longo de sua história de vida, tornaram-se rígidos Beck (1997).
Como já enunciado, o paciente fibromiálgico poderá apresentar sintomas
depressivos, e a terapia cognitivo comportamental, por sua vez, através de um
processo de tratamento poderá ajudar o paciente a modificar crenças e
comportamentos que resultam em certos estados de humor, com participação ativa
do mesmo. Ocorrendo em 3 fases estratégicas: 1) foco nos pensamentos
automáticos; 2) no estilo da pessoa em relacionar-se; 3) alteração/mudança de
comportamento para melhor enfrentamento da situação (POWELL et al.,2008).
Evidências recentes enfatizam a participação de fatores ambientais atuando
em indivíduos geneticamente predispostos na evolução dessa doença, requerendo
assim uma abordagem multidisciplinar e a inclusão de mudanças de
comportamentos por parte do paciente, tanto quanto tratamento não farmacológico e
intervenção farmacológica, tentando assim o alívio da dor, melhora da qualidade do
sono e do humor (BRAZ et al.,2011).
No tratamento farmacológico inclui antidepressivos, relaxantes musculares e
analgésicos e modulares de canais de cálcio (amitriptilina, duloxetina, fluoxetina,
milnaciprana, ciclobenzaprina, gabapentina, pregabalina e o tramadol, mas
atualmente os únicos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) para o
tratamento são: duloxetina, pregabalina e milnaciprana (BRAZ et al., 2011).
11

No tratamento não farmacológico, recomenda-se atividade aeróbica, para


manter seu condicionamento físico e sensação de bem estar, incluindo a terapia
cognitivo-comportamental (BRAZ et al., 2011).
Esse trabalho de pesquisa teve como intuito ampliar o conhecimento para
melhor atendimento clínico de mulheres que padecem da FM, auxiliando assim em
melhor qualidade de vida para as mesmas.
12

2 - OBJETIVO

O objetivo desse trabalho foi discorrer sobre a fibromialgia e a eficácia da


terapia cognitivo-comportamental no tratamento da doença com pacientes
brasileiras.
13

3 – METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica de artigos científicos


e livros.
As bases de dados pesquisadas foram: Scielo, Lilacs, Pubmed. Foram
utilizadas palavras chaves em português: terapia cognitivo-comportamental,
fibromialgia e em inglês: cognitive behavioral therapy, fibromyalgia
A seleção dos artigos deu-se por meio da leitura prévia dos resumos dos
artigos.
3.1 Critérios de inclusão dos artigos foram: pesquisa sobre mulheres
brasileiras acima de 30 anos, as quais estivessem no idioma de publicação na língua
portuguesa e inglesa.
3.2 Critérios de exclusão: foram excluídos os artigos inferiores aos últimos 15
anos.
14

4 - RESULTADOS

Para a realização deste trabalho foi realizado uma busca em três bases de
dados na área da saúde. A LILACS (Lieratura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde), o PubMed (que utiliza a base de dados do MedLine mantida
pela National Library of Medicine) e a Scielo.
Na busca realizada no LILACS obteve-se o retorno de 4 artigos, no PubMed
17 artigos e no Scielo 12 artigos, perfazendo um total de 33 artigos pesquisados,
porém não foram todos os artigos utilizados, devido os critérios de seleção dos
mesmos: publicações nos últimos 15 anos e relevância ao tema da busca.
A análise para leitura da revisão foi de 22 artigos.

4.1 FIBROMIALGIA

A fibromialgia pode ser definida como uma síndrome dolorosa crônica


muscoesquelética, não inflamatória e presente em regiões múltiplas, denominadas
“tender points”, afetando oito vezes mais mulheres que homens, provocando
impacto na qualidade de vida das mesmas. Possui etiologia desconhecida, o que o
que constitui motivo de controvérsias, devido à ausência de substrato anatômico na
sua fisiopatologia e por sintomas que se confundem com a depressão maior e a
síndrome da fadiga crônica (WEIDEBACH, 2002).
Na fibromialgia, há um aumento na prevalência do diagnóstico de depressão,
assim como em outras doenças crônicas, como artrite reumatóide. Do ponto de vista
terapêutico, raramente destaca a fibromialgia como sendo completamente
psicológico ou completamente orgânico, podendo também ser uma alteração do
processo sensorial, tendo assim a necessidade de uma anamnese e exames físicos
detalhados (PROVENZA et al., 2004).
No relato do paciente fibromiálgico, o caráter da dor é variável, como tensão
emocional e/ou esforço físico, baixa temperatura, pontadas, peso, queimação, baixa
15

temperatura, cansaço. Em alguns casos iniciando pela coluna cervical e afetando


posteriormente membros inferiores e superiores. Fisicamente a fadiga pode ser
bastante significativa, devido o sono não reparador presente na maioria dos casos e
uma variedade de queixas como: dificuldade de concentração, memorização,
cefaleia, tontura, palpitação, dor abdominal, TPM, zumbidos, entre outros
(PROVENZA et al.,2004).
Segundo Santos et al., 2012, a prevalência da fibromialgia em idosos,
segundo estudo americano é de 5,4%, na faixa etária acima de 60 anos e em estudo
francês a prevalência foi de 2,8% e 4,1% nas faixas etárias de 65 a 74 anos e 75 a
84 anos, respectivamente. E no Brasil foi encontrada na faixa etária de 55 a 74 anos
o equivalente a 1,9 % em indivíduos idosos com FM.
Segundo Provenza et al (2004), há caráter confiável na utilização de escalas
analógicas, tanto na avaliação inicial e na evolução. A mais frequentemente utilizada
é a escala analógica visual, abreviada por V.A.S., composta por uma linha de 10 cm,
onde as extremidades é representadas por ausência e presença do sintoma em
intensidade, particularmente útil no cotidiano da prática médica.
Há também a escala analógica visual numérica, bem como as do tipo Likert,
em que contabiliza o valor de 0 a 5 para as seguintes categorias de intensidade: (0)
ausência; (1) muito leve; (2) leve; (3) moderado; (4) intenso e (5) muito intenso.
Existe também uma avaliação de distribuição da dor através de um diagrama, onde
o paciente irá assinalar os pontos doloridos através de um desenho do corpo
humano.
Os locais de pontos dolorosos pesquisados são aqueles estabelecidos pelo
critério de classificação do Colégio Americano de Reumatologia, mostrados na figura
a seguir (Figura 1).
16

Figura 1: Pontos dolorosos para diagnóstico da fibromialgia. Figura


retirada de Wolfe et al., 1990 apud Provenza at al., 2004

De acordo com o questionário WHOQOL (The World Health Organization


Quality of Life), da Organização Mundial da Saúde, qualidade de vida é a “percepção
do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores
nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” (PROVENZA et al., 2004).
A fibromialgia provoca um impacto muito negativo na qualidade de vida dos
pacientes, envolvendo aspectos pessoais, profissionais, sociais e familiares,
correlacionados com a intensidade da dor.
O questionário conhecido como Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), é o
instrumento específico para avaliação do impacto na qualidade de vida, onde são
abordadas questões globais e a intensidade dos principais sintomas. Existem
também o de capacidade funcional, conhecido como Health Assessment
17

Questionnaire (HAQ), o de depressão de Beck, o Beck Depression Questionnaire, o


de qualidade do sono no Post-Sleep Inventory, entre outros (Provenza et al.,2004).
Para um acompanhamento satisfatório, os autores recomendam a utilização dos
seguintes instrumentos: escalas analógicas numéricas de 0 à 10, para os principais
sintomas que incluem a dor, qualidade do sono, fadiga, depressão e ansiedade e o
instrumento específico de impacto da doença sobre a qualidade de vida, o FIG
(Provenza et al.,2004).

4.2 TRATAMENTO DE FIBROMIALGIA

Ainda não se tem tantos recursos terapêuticos para o alívio do sofrimento


associado à fibromialgia, levando na maioria das vezes a uma frustração tanto do
paciente quanto do profissional que o atente e por isso acredita-se que a TCC seja
um recurso valioso que deve ser explorado com profundidade em futuras
investigações. Entre as vantagens do tratamento estão: o curto tempo de
intervenção e o baixo custo, além da ausência de efeitos secundários (Prados e Miró
2012).
Em estudos realizados com a qualidade do sono, destaca-se o trabalho
realizado por Prados e Miró (2012) em que se basearam na relação entre a
fibromialgia e outras patologias associadas ao sono, como por exemplo, a síndrome
das pernas inquietas e apneia do sono, por meio da Polissonografia (PSG). Entre
várias hipóteses há o de que algum destes transtornos pudesse ser a causa primaria
da fibromialgia devido a alta prevalência destes transtornos ou que estes transtornos
pudessem contribuir no desenvolvimento e agravamento dos sintomas da
fibromialgia. Prados e Miró (2012) recomendam tratar com antidepressivos,
sedativos, antiepiléticos e melatonina a fibromialgia e também melhorar a qualidade
do sono, devido a importância do sono. Ainda segundo os autores, a TCC em
conjunto com exercícios aeróbicos, é o tratamento mais recomendado para a
fibromialgia pela American PainSociety e pela Association of the Scientific Medical
Societies, no entanto, os estudos estão centrados na melhoria da qualidade do sono
18

em pacientes com fibromialgia, comprovando a eficácia da técnica em problemas de


insônia, estado de ânimo e problemas cognitivos como falta de atenção e
funcionamento diurno.
Alda e colaboradores (2011) realizaram um estudo com 141 pacientes sendo na
maioria mulheres europeias de meia-idade, em um período de 6 meses (janeiro a
junho de 2010). Estas moravam com os maridos e/ou filhos e haviam completado o
ensino médio ou fundamental, estavam desempregadas ou com licença saúde e
tinham um salário baixo ou médio. Apresentavam fibromialgia há mais de dez anos e
participavam de sessões de TCC em grupo. O foco deste estudo foi a
catastrofização da dor e foi verificada uma diminuição do sintoma em seis meses de
estudo, assim como em outros desfechos secundários como: aceitação da dor,
ansiedade, função global e qualidade de vida. Em se tratando na redução da
depressão e da dor, não houve uma melhora que outros tratamentos. Foi
recomendado pelos autores a inclusão da TCC no manejo de pacientes com
fibromialgia.
Igual uso da TCC teve participação também em seus estudos Ang et al (2010).
Foram utilizadas as técnicas: agendamento de atividades agradáveis, relaxamento,
restruturação cognitiva e gestão do estresse, por telefone em sessões de 30 a 40
minutos por um psicólogo treinado. Tinham duração de 12 semanas e o
acompanhamento com TCC, no grupo TCC e tratamento usual (TU = tratamento
tradicional com resultados acima do placebo), se deu durante as 6 primeiras
semanas. Por meio do exame NFR (medida fisiológica de nocicepção espinhal,
evocada por estímulos elétricos supraliminares sobre o nervo sural), foi possível
constatar que o limiar de dor do grupo com TCC aumentou.
Muitos estudos indicam também o exercício físico como coadjuvante no
tratamento de pacientes com FM, no entanto Staud (2012) aconselha apenas
exercícios que não causem fadiga, uma vez que esta pode intensificar a dor.
Usualmente, estes tratamentos não farmacológicos focam em determinados
sintomas e comorbidades da fibromialgia. A tabela a seguir apresenta alguns
sintomas e os tratamentos indicados nos artigos analisados.
19

Tabela 1. Sintomas e tratamentos mais utilizados para fibromialgia.


Sintoma Tratamento
 Dança (Baptista, Villela, Jones &Natour, 2012)
 Meditação (Kozasa et al., 2012; Rasmussen et
al., 2012)
 Musicoterapia (Onieva-Zafra, Castro-Sánchez,
Alívio da dor Matarán-Peñarrocha& Moreno-Lorenzo, 2013)
 Relaxamento (Cramer et al., 2013; Berrocal-
Kasay, 2014)
 TCC (Eccleston et al., 2014)
 Yoga (Langhorst et al., 2013)
Autoimagem  Dança (Baptista, 2012)
Catastrofização  TCC + exercício (Castel et al., 2013)
 Meditação (Rasmussen et al., 2012)
Depressão  Musicoterapia (Onieva-Zafra et al., 2013)
 Yoga (Langhorst et al., 2013)
Estresse psicológico  TCC + exercício (Castel et al., 2013)
 Meditação (Rasmussen et al., 2012)
Fadiga
 Yoga (Langhorst et al., 2013)
Melhoria da capacidade
 Dança (Baptista, 2012)
funcional
Melhoria socialização  TCC (Carbonell-Baezaet al., 2012)
Qualidade de vida  Dança (Baptista, 2012)
 Hipnose (Marcus et al., 2013)
 Meditação (Kozasa et al., 2012)
Sono  TCC (Lami,Martínez&Sánchez, 2013; Berrocal-
Kasay, 2014)
 TCC + exercício (Castel et al., 2013)
20

Lami, Martínez e Sánchez (2013) apresentaram em seus estudos algumas


técnicas, além da psicoeducação que era ministrada por reumatologista ou
enfermeiro no tratamento da fibromialgia, sendo estas:
- Reestruturação cognitiva automática de pensamentos e crenças disfuncionais
sobre dor;
- Treinamento em aceitação e assertividade;
- Reestruturação cognitiva;
- Atividades prazerosas;
- Relaxamento;
- Higiene do sono;
- Informações sobre sono, ritmo circadiano e distúrbios do sono;
- Técnicas de controle de estímulo e restrição de sono;
- TCC orientado a diminuição do estresse;
- Definição de objetivos;
- Exposição a atividades e emoções ou pensamentos evitados.
Nijs et al., (2013) em seus estudos, mostram que nos pacientes com síndrome
de fadiga crônica e fibromialgia existe um medo do movimento e o comportamento
de evitação de atividade física. Esses sintomas são relacionados a várias
características clínicas da SFC e FM como gravidade dos sintomas e declínio da
qualidade de vida, porém perceberam que nem todos pacientes com fibromialgia tem
crenças de medo e evitação e muitos apresentam comportamento de persistência.
Os que apresentam comportamento de persistência tentam ignorar sensações de
dor e limites físicos, reprimem pensamentos relacionados a dor e persistem em
atividades físicas diárias e/ou outras atividades, o que pode resultar em exagero.
Conforme estes autores, cerca de 40% dos pacientes com fibromialgia tem alto nível
de medo de movimento e comportamento de evitação física. Para estes pacientes a
TCC como tratamento e treinamento físico é adequado e promissor, adequando-os
com nível de evitação. Porém, não há descrição das técnicas da TCC indicadas para
este tratamento.
Usando técnicas de realidade virtual, Botella e colaboradores (2013),
analisaram em uma amostra de seis mulheres diagnosticadas com fibromialgia.
21

Consistia em 10 sessões de TCC com o auxílio de um ambiente virtual com


conteúdos específicos para relaxamento e desenvolvimento da atenção. Foram
observados nestes estudos o estado funcional relacionado a dor, depressão e
habilidade de aceitação, sendo os resultados significativos a longo prazo na redução
da dor e depressão e aumento do efeito positivo e uso de estratégias de aceitação.
O resultado é favorável, porém os autores reforçam que ainda há necessidade de
um aprofundamento nos estudos sobre a utilidade da realidade virtual no tratamento
da fibromialgia.
Chakr (2013) afirma que,

O objetivo do tratamento da fibromialgia é desacelerar a progressão da


doença, amenizar sintomas, estimular o envolvimento do paciente no seu
autocuidado, aprimorar a capacidade funcional e restaurar a dignidade do
indivíduo para isto, pressupõe a combinação de, essencialmente, três
medidas: farmacoterapia, exercícios físicos regulares e TCC. (Chakr, 2013,
p.1206).
22

5 - DISCUSSÃO

A dor existe há milhares de anos, porém apesar do desenvolvimento elevado


da medicina e do muito que já se conquistou nessa área, ainda não existe uma
maneira permanente e constante de aliviar a dor de todos os pacientes.
A dor crônica, como é o caso da fibromialgia, é também um problema de
saúde pública muito grave que afeta milhares de pessoas, obtendo um gasto
financeiro enorme para a sociedade, além do incalculável sofrimento humano.
Como afirma Weidebach (2002) a fibromialgia ainda é possuidora de uma
etiologia desconhecida, prejudicando o contexto médico e paciente.
Trata-se muitas vezes de indivíduos rígidos e perfeccionistas em sua maioria,
sendo assim a persistência e as tentativas de ignorar as sensações de dor e os
próprios limites físicos, dificultando ainda mais o processo de melhora, conforme
aponta os estudos de Nij e colaboradores (2013).
Na prática clínica, observa-se a resistência dos pacientes. Os mesmos
costumam interpretar o encaminhamento médico para avaliação psicológica, como
uma ofensa, despertando mágoa e raiva, subjugando o parecer médico “ele acha
que minha dor é irreal, imaginária”, criando assim uma situação negativa para o
início do tratamento psicológico, prejudicando o vínculo e a aliança de trabalho.
Devido nossa cultura, o paciente acredita que o que o “salva” de toda dor é
somente a medicação farmacológica, cabendo ao terapeuta, o esclarecimento de
seus propósitos, métodos, investigação da dor dentro de seu cotidiano para que o
mesmo perceba que existe possivelmente alguns comportamentos ou estados
emocionais que podem estar contribuindo para a manutenção e/ou aumento da
percepção da dor.
A condição crônica da dor vem frequentemente acompanhada de sintomas
depressivos e, avaliar e tratar a depressão é essencial nesse quadro, pois pode
implicar em falta de motivação física e psíquica, pensamentos disfuncionais, dentre
outros danos. E se tratando da Terapia Cognitivo Comportamental é de extrema
importância a participação ativa do paciente para amenizar sua queixa.
23

Percebe-se que a incerteza diagnóstica e as poucas perspectivas


prognósticas, implicam em parte, a grande prevalência de ansiedade e depressão no
paciente fibromiálgico, aumentando a sua experiência subjetiva da dor.
Na revisão da literatura encontramos poucos elementos para o tratamento
dessa síndrome, principalmente na literatura brasileira. Na revisão dos artigos
pesquisados foi notável a superioridade dos artigos na língua inglesa, porém
observa-se poucas pesquisas se comparadas a outras patologias e dentre esses,
alguns trabalhos não trazem detalhamento de sua metodologia.
24

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ressalta-se que o objetivo desse trabalho foi ampliar o conhecimento e


tratamento dessa síndrome tão pouco difundida e tão amplamente dolorosa para
quem a vivencia no próprio corpo, prejudicando suas relações interpessoais e
consigo mesmo, onde muitas vezes observa-se a perda da própria identidade e
dignidade. A pessoa que antes podia “fazer tudo”, se vê envolta em restrições e
mudanças muitas vezes de difícil aceitação, dificultando o contexto médico e familiar.
Aponto a relevância do trabalho multidisciplinar para o atendimento a esses
pacientes de forma realmente integrada e não fragmentada, com o intuito de auxiliá-
los na compreensão, aceitação para o alívio da própria dor com maior eficácia e
comprometimento.
De acordo com os estudos pesquisados na última década, a terapia
Cognitivo-Comportamental apresentou-se como uma técnica eficaz, indicada e mais
citada nas pesquisas, não excluindo a importância do tratamento farmacológico e a
inclusão de atividades físicas para o alívio da dor, favorecendo o ser humano como
um todo.
25

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29

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu, Edneia Maria de Souza Oliveira, afirmo que o presente trabalho e suas

devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “Técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental para o tratamento da

Fibromialgia”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de

quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por

mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais

decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

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