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Kherian Gracher
Universidade Federal de Ouro Preto
Resumo: O objetivo deste artigo é investigar a resposta de Platão no Menon para as questões
sobre a natureza e o valor do conhecimento, criticando a interpretação tradicional que confere à
justificação um papel proeminente na determinação do valor do conhecimento e avançando a
tese de que esse valor deve ser relativizado ao objeto que se busca conhecer. Investigamos
também as consequências dos contraexemplos de Gettier para a definição do conhecimento
como crença verdadeira e justificada e para o problema do valor.
Palavras-Chave: Valor do Conhecimento; Problema do Valor; Sócrates; Menon; Gettier.
I. Introdução
(1) Se um indivíduo é virtuoso, então ele age corretamente, suas ações são boas
e são também proveitosas.
Aqui são estabelecidas três condições para que possamos atribuir a virtude a
uma pessoa: a sua ação tem de ser correta, boa e proveitosa. Para Sócrates e seu
interlocutor, essas condições são necessárias para a virtude, mas elas não seriam
conjuntamente suficientes. Outras premissas também aceitas são:
(2) Se as ações de uma pessoa são boas, então ela age proveitosamente.
(6) Se a virtude é ensinada, então há mestres que ensinam como ser virtuoso.
(7) E a virtude é ensinada se, e somente se, é um conhecimento, e não uma mera
opinião verdadeira.
Ele está justificado em acreditar em (a) porque sempre viu Jones andar com um
Ford e outro dia Jones lhe ofereceu carona nesse Ford. Agora imagine que Smith
seleciona o nome de um amigo, Brown, e de três cidades diferentes do mundo. Com o
nome de seu amigo e três nomes de cidades ele cria três proposições diferentes:
Como vimos anteriormente, Sócrates concluí no Menon que não é possível saber
como agir virtuosamente e que a virtude é uma mera crença verdadeira. Ele defende tal
afirmação através tese que algo é ensinável se, e somente se, pode ser conhecido e,
como a virtude não é ensinável, não se pode saber como agir virtuosamente. Além disso,
ele assume que tanto a crença verdadeira como o conhecimento são capazes de guiar
corretamente uma ação, não tendo um maior valor que o outro se o que se busca é agir
corretamente. Podemos aceitar que agir virtuosamente é algo importante e valioso, e
este valor é distribuído com aquilo que permite agir virtuosamente, i.e., a crença
verdadeira que permite agir virtuosamente. Dito de outro modo, se agir virtuosamente
tem alguma espécie de valor, e se para agir virtuosamente não é possível ter
conhecimento de como agir, mas apenas uma crença verdadeira de como agir, então
essa crença verdadeira é tão valiosa quanto agir virtuosamente. Desse modo, se o que se
pretende é agir virtuosamente, o conhecimento não tem valor superior à crença
verdadeira.
V. Possíveis Objeções
VI.Conclusões
Mesmo que haja problemas com essa interpretação alternativa da tese socrática,
essa é uma resposta ao problema do valor que merece ser desenvolvida. A intuição de
que o conhecimento é sempre mais valioso em comparação àquilo que lhe que não
chega a ser conhecimento pode ser injustificada. Se for esse o caso, uma resposta que
pense no papel que o conhecimento desempenha para se chegar à situação que se deseja
parecerá mais plausível. Ao final, mesmo que a tese socrática acerca da natureza do
conhecimento tenha sido refutada por Gettier, é possível que Sócrates tenha respondido
com sucesso ao problema do valor e, infelizmente, que tenha sido mal compreendido.
Referências Bibliográficas.
Platão (2001), Menon (trad. Maura Iglésias; anotações John Burnet). Loyola e Ed. PUC-
Rio, Rio de Janeiro.
Greco, John (2009), “The Value Problem” (In: Epistemic Value, Haddock; Millar &
Pritchard (ed.). Oxford, New York).
Gettier, Edmund (1963), “Is Justified True Belief Knowledge?”, Analysis, Vol. 23, pp.
121-23.
Pritchard, Duncan (2006), What Is This Thing Called Knowledge? Routledge, New
York. (p. 11-20).
Prichard, Duncan & Turri, John (2011), “The Value of Knowledge” (In: The Stanford
Encyclopedia of Philosophy, Edward N. Zalta (ed.)), URL= <http://plato.stanford.edu/
archives/win2011/entries/knowledge-value/>.
Silverman, Allan (2012), "Plato's Middle Period Metaphysics and Epistemology", The
Stanford Encyclopedia of Philosophy, Edward N. Zalta (ed.), URL = <http://
plato.stanford.edu/archives/sum2012/entries/plato-metaphysics/>.