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Conceito
Os vírus podem ser conceituados como parasitas intracelulares obrigatórios. Eles são
organismos vivos desprovidos de organelas e de metabolismo próprio, são acelulares e
carregam consigo apenas um tipo de ácido nucléico. Os vírus são considerados
organismos vivos por apresentarem duas características importantes destes, que são: a
capacidade de autoduplicação e a variabilidade. Na sua estrutura, além de ácido
nucléico, podem ser encontradas proteínas, e eventualmente, fosfolipídeos e
polissacarídeos, o que também contribui para classificálos como seres vivos.
O primeiro vírus animal foi descoberto ainda em 1898 por Friedrich Loeffler & Paul
Frosch que demonstraram um agente similar responsável pela febre aftosa. Trabalhando
juntos com Kock, eles filtraram o líquido contendo o agente causador da doença e
observaram que esse líquido ainda permanecia infeccioso mesmo depois do processo de
filtração. Substituindo a membrana filtrante por outra com poros menores, conseguiram
verificar que a propriedade que causava a infecção havia ficado no filtro, comprovando
que o agente era composto de partículas e não de natureza líquida. Comprovaram
também que de alguma forma essas partículas eram capazes de se replicar. A partir daí
a virologia se tornou uma disciplina científica.
Desconhecese a origem dos vírus. Embora a virologia tenha surgido como ciência há
pouco mais de 100 anos, provavelmente os vírus já existiam dentro dos organismos
vivos desde a origem da vida. Infelizmente, não há registros fósseis detectando seu
período de surgimento e nem comprovando sua possível origem. Além disso, as altas
taxas de mutação atrapalham a deduzir como eram os vírus ancestrais.
Há três teorias gerais sobre a origem dos mesmos:
A classificação taxonômica dos vírus é recente e não segue uma regra de nomenclatura
como a binominal de Lineu. As regras de nomenclatura viral são regidas pelo
International Committee on Taxonomy of Viroses – ICTV, criado em 1966. A classificação
viral iniciase por ordem e os nomes de ordens, famílias, subfamílias, gêneros e espécies
são escritos em itálico e com a primeira letra maiúscula. Os nomes ainda não
reconhecidos aparecem entre aspa, em tipo comum.
Todo e qualquer ser vivo pode ser potencialmente parasitado por vírus, sendo esses
organismos considerados os mais ubíquos da Terra. Fora da célula hospedeira, eles são
inertes e podem suportar as condições do ambiente de forma e por tempo diferentes, a
depender do tipo de vírus que se encontra na natureza, o que é chamado de labilidade.
Diante disso, a evolução dos vírus, trouxelhes como conseqüência a sua natureza
predatória (todos os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios), moldando, dessa
forma, a história e a natureza de seus hospedeiros.
Um outro fator que contribui para a persistência viral no ambiente é o seu pequeno
tamanho. Esses patógenos podem passar pelos processos de filtração empregados em
estações de tratamento de água e esgoto, que impede a passagem de bactérias e outros
parasitos. Vírus envelopados podem ser inativados por certos compostos químicos
encontrados na natureza,os quais agem diretamente sobre esta estrutura. A presença de
outros microrganismos no ambiente pode competir com os vírus por nutrientes,
diminuindo seu tempo de sobrevivência. Enzimas como as proteases e nucleases
extracelulares podem inativar as partículas, e conseqüentemente diminuir a viabilidade
dos vírus no ambiente.
CoEvolução VírusHospedeiro
Figura 1:
Esquema
representativo
dos processos
de coevolução
de
vírus
hospedeiro.
Vírus de DNA
Vírus de RNA
Tamanho Viral
Os vírus são os menores agentes infecciosos, com diâmetro variando entre 15 e 300 nm.
O vírus vaccínia e os mimivírus estão entre os maiores vírus encontrados na natureza,
Figura 3: Tamanho comparativo de diferentes vírus em relação a uma hemácia e a uma E. coli. Os vírus
possuem uma variedade de tamanhos, mas estão entre os organismos menores encontrados na natureza.
A estrutura viral não é tão complexa quanto à das células, sendo constituídas
basicamente de ácido nucléico e proteína. Abaixo segue a relação de estruturas
encontradas em um vírion:
1. Ácido nucléico: Os vírus contêm, em geral, apenas um tipo de ácido nucléico, DNA ou
RNA, com uma única cópia de cada gene (haploide), com exceção do genoma dos
retrovírus, que apresentam duas cópias de cada gene (diploide). Apenas os
citomegalovírus, da família Herpesviridae, e mimivírus, que são vírus de DNA, possui
pequena quantidade de RNAm, que é logo traduzida nos ribossomos. Os genomas
podem ser de fita dupla, simples, circular ou linear. Podem também apresentar genoma
único ou segmentado, no qual a informação genética é dividida em diferentes
segmentos de ácido nucléico.
2. Capsídio ou cáspide: Envoltório protéico que contém o ácido nucléico. O capsídio tem
uma simetria característica, normalmente icosaédrica ou helicoidal, decorrente do
agrupamento de proteínas virais que formam essa estrutura.
9. Enzimas: Alguns vírus possuem enzimas que participam dos processos infecciosos.
Por exemplo, os retrovírus contêm transcriptase reversa, necessária à replicação, e
alguns bacteriófagos, lisozima, necessária à perfuração da parede celular para
penetração do genoma viral.
De acordo com a simetria do capsídio, os vírus podem ser classificados em: icosaédricos,
helicoidais e complexos.
Genoma Viral
Diferentemente de todas as células vivas, nas quais somente o DNA pode guardar
informações genéticas, nos vírus essas informações podem ser guardadas tanto no DNA,
quanto no RNA, podendo esses dois tipos de ácidos nucléicos ser encontrados tanto na
forma de fita simples, como de fita dupla. O genoma viral também pode ser circular ou
linear, segmentado ou nãosegmentado. Os vírus de DNA têm genoma entre 3,2 kbp
(hepadanavírus) e 375 kbp (poxvírus), enquanto o genoma do RNA viral de cerca de 7
kb (alguns picornavírus e astrovírus) a 30 kb (coronavírus).
• Classe I: Vírus de DNA fita dupla (fdDNA). Esta classe consegue construir RNAm
diretamente. Exemplo: Adenovirus, Herpesvirus, Poxvirus.
• Classe II: Vírus de DNA fita simples (fsDNA). Esta classe pode ser subdividida em
duas classes: uma em que o DNA é senso positivo e outra em que é senso negativo,
mas ambos utilizam um intermediário de dsDNA para sintetizar o RNAm. Exemplo:
Parvovirus.
• Classe III: Vírus RNA fita dupla (fdRNA). Esta classe produz o RNAm diretamente.
Exemplo: Reovirus.
• Classe IV: Vírus RNA fita simples positivo [(+)fsRNA]. Exemplo: Picornavirus,
Togavirus.
• Classe V: Vírus RNA fita simples negativo [()fsRNA]. Nesta classe o RNA já é o RNAm.
Nesta classe o RNA é complementar ao RNAm, servindo depois para a síntese das
várias moléculas de RNA (+) necessárias para tomar o controle da célula hospedeira.
Exemplo: Orthomyxovirus, Rhabdovirus.
• Classe VI: Vírus RNA fita simples (fsRNART) com intermediário fdDNA. A
transcriptase reversa viral formar uma molécula de DNA que então sofre o processo
de transcrição por ação das enzimas do hospedeiro. Exemplo: Retrovirus.
O ciclo de multiplicação viral varia de espécie para espécie, mas segue seis passos
básicos: adsorção, penetração, desnudamento, biossíntese, morfogênese e liberação.
Genoma Viral
Os vírus são incapazes de infectar uma planta sem o auxílio de agentes externos. Para
que a infecção ocorra o agente transmissor tem que romper a parede celular e
introduzir o vírus diretamente no citoplasma da célula. Uma vez dentro do vegetal,
esses patógenos podem seguir um movimento lento que ocorre após a replicação
O controle de viroses de vegetais pode ser feito pelo emprego de variedades de plantas
resistentes, eliminação de vetores, remoção e destruição da planta afetada, eliminação
do hospedeiro intermediário, emprego de sementes e mudas certificadas, proteção
cruzada ou préimunização (inoculação de uma estirpe fraca do vírus, visando a
imunização da planta contra a estirpe forte que causa a doença).
O controle biológico tem sido usado como estratégia para reduzir danos econômicos em
sistemas agroecológicos e em agriculturas convencionais. Embora muitos vírus ataquem
insetos, a família Baculoriridae é a mais empregada no controle biológico. No Brasil, por
exemplo, as espécies de vírus Baculovírus anticarsia e Baculovírus spodoptera tem sido
usada no controle biológico em lavouras de soja e de milho, respectivamente, matando
lagartas que atingem a folhagem das plantações de soja e as espigas jovens de milho. Os
vírus são pulverizados sobre as plantações e as lagartas se contaminam por via oral ao
ingerirem órgãos e tecidos da planta.
Hoje há uma enorme quantidade de estudos do potencial dos vírus como vetores de
clonagem para células animais, recebendo especial atenção os vírus de mamíferos tais
como Simian vírus 40 (SV40), o Adenovirus e o Baculovirus. O vírus SV40, isolado de
células tumorais de macacos, foi um dos primeiros sistemas virais utilizados para
introduzir genes em células de mamíferos.
Vetores virais tem sido usados na terapia gênica, a fim de levarem o DNA terapêutico ao
núcleo das célulasalvo. Atualmente, há cinco grupos principais de vetores virais usados:
retrovirais, lentivirias, adenovirais, virais adenoassociados e virais de herpes cimplex.
Todos apresentando vantagens e desvantagens. Um retrovirus murino, o virus da
leucemia murina de Moloney (MoMuLV), foi o primeiro sistema vetorial desenvolvido
para aplicações clínicas da terapia gênica. Os vetores adenovirais são os vetores de DNA
mais utilizados, mas não se integram ao genoma e são imuogênicos.
Diversos patógenos, como bactérias, parasitos e vírus, podem ser transmitidos por água
e alimentos contaminados, incluindo os peixes e moluscos bivalves comestíveis de
Diversos patógenos, como bactérias, parasitos e vírus, podem ser transmitidos por água
e alimentos contaminados, incluindo os peixes e moluscos bivalves comestíveis de
ambientes marinhos e os frutos e vegetais cultivados em solos irrigados com águas de
esgoto. Mais de 100 espécies de vírus presentes em águas contaminadas por descargas
de esgoto podem causar doenças no homem, representando grande risco à saúde
pública.
Os bacteriófagos também podem ser usados como possíveis tipos de vírus para a
avaliação da qualidade da água. Os coliformes somáticos e os bacteriófagos Fespecíficos
são bons representantes para indicar contaminação fecal, pelo fato de relacionaremse
diretamente com seu hospedeiro bacteriano (Escherichia coli) e estarem freqüentemente
presentes nas amostras onde a E. coli é isolada.
Ecologia de Fagos
http://www.cpgls.ucg.br/ArquivosUpload/1/File/CPGLS/IV%20MOSTRA/SADE/SAUDE/
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