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RELATÓRIO
IV e VI, da lei 11.343/06, imputados a MAICON COSTA SILVA SANTOS, UESLEI HERCULANO
AZEVEDO e RAFAEL FERREIRA, já qualificados.
Os fatos relatados no APF, não reúnem, si et in quantum, condições suficien-
tes para viabilizar, de imediato, um exame jurisdicional seguro sobre a custódia prisional dos de-
nunciados, decorrente deste título, de sorte a atrair a incidência do parágrafo único do art. 310 do
CPP ou afastar os arts. 323 e 324, todos do CPP. Não há irregularidade formal aparente no APF, o
qual guarda ressonância no art. 302 do CPP, propendendo a conservar, nessa perspectiva, sua
eficácia coercitiva. Mantenho a custódia prisional dos denunciados para garantir a ordem pública,
pois se tratam de crimes graves e que merecem reprimenda, bem como para assegurar a aplica-
ção da lei penal e conveniência da instrução, razão pela qual, não se mostra recomendável a apli-
cação de qualquer contracautela diversa da prisão.
No caso ora em exame, a materialidade dos delitos encontram-se consubs-
tanciados pelas declarações que instruem o APF, segundo as quais, os denunciados foram presos
em flagrante na companhia dos adolescentes Carlos Eduardo Souza de Almeida e Luciano de
Assis Pereira, por policiais militares, que arrecadaram na posse de RAFAEL FERREIRA, 308 cáp-
sulas de cocaína, 699 tabletes de maconha, 31 frascos de “cheirinho da loló”, R$ 140,00 em es-
pécie, já com o adolescente Carlos Eduardo foram apreendidos uma pistola 9mm com carregador
e 5 munições, além de 67 tabletes de maconha. Ainda, na posse do denunciado UESLEY HER-
CYULANO, foram apreendidos 38 tabletes de maconha, 58 pedras de crack, um radio transmissor
e um revólver e com MAICON COSTA SILVA DOS SANTOS foram arrecadados 116 papelotes de
maconha, 49 pinos de cocaína, 181 pedras de crack. Por fim, com o menor Luciano de Assis Pe-
reira foram encontrados 79 papelotes de maconha, um revólver desmuniciado e um radiotransmis-
sor.
O periculum libertatis evidencia-se, na medida em que os crimes são graves,
causadores de grande intranquilidade social, causas remotas de diversos delitos, mormente os
patrimoniais.
Outrossim, a instrução está apenas começando e a liberdade dos denuncia-
dos ameaçará a correta aplicação da Lei Penal, sendo certo não constar dos autos comprovante
de residência fixa dos mesmos no domicílio da culpa, bem como de que exerçam atividade labora-
tiva lícita, além de FAC’s.
Desse modo, converto a prisão em flagrante em preventiva de MAICON
COSTA SILVA DOS SANTOS e UESLEI HERCULANO AZEVEDO e RAFAEL FERREIRA, já qua-
lificados, em razão de estarem presentes os requisitos do art. 312 do CPP, mormente a garantia
da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal.
Expeçam-se os mandados de prisão, com prazo de validade para o seu
cumprimento, levando-se em consideração a prescrição da pena máxima cominada ao crime em
abstrato, na forma prevista no inciso II do artigo 109 do CP, cujas cópias devem seguir aos órgãos
de praxe.
Tendo em vista o contido na novel lei 12.961/2014, oficie-se a DEPOL deter-
minando a destruição da droga apreendida no inciso II do artigo 50, §§ 3º e 4º, da lei 12.961/2014,
guardando-se amostra necessária para realização do laudo definitivo (contraprova).
Ciência ao MP e a Defesa.
2) Notifiquem-se para que os réus apresentem resposta escrita no prazo de
10 (dez) dias.
Não apresentada resposta neste prazo, deve ser aberta vista a defensoria
pública para tal fim sob pena de preclusão. Observo que em caso de inexistir contato prévio com
os réus poderá ser deferida eventual substituição de testemunha eventualmente arrolada.
3)Defiro cota do MP.
4)Sem embargo de futura retirada de pauta, na hipótese de não ser recebida
a denúncia, desde já fica designada AIJ para o dia 09/12/2014 às 15:30, devendo os réus ser
requisitados/intimados para comparecimento.
com o referido defensor e o mesmo realizar a defesa técnica, ou este último transmitir os dados
para o defensor em exercício perante o Juízo no qual o réu está sendo processado. Em tempos de
internet, não se admite que os órgão da Defensoria Pública não se comuniquem, muito menos em
se tratando do direito á liberdade.
Por fim, cabe ressaltar que a referida Resolução foi declarada inconstitucio-
nal pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça deste Estado, entendimento que é seguido por esta
Magistrada face as razões expostas no acórdão da lavra do Desembargador Nildson Araújo.
Do exposto, INDEFIRO o requerimento de relaxamento de prisão.
4- Relativamente ao requerimento de Revogação da Prisão Preventiva. Deci-
do.
Deve-se salientar que a prisão preventiva dos réus foi decretada a fls. 40/41,
em razão de estarem presentes os requisitos do artigo 312 do CPP, mormente a garantia da or-
dem pública e para assegurar a aplicação da lei penal.
A ordem pública encontra-se em grave risco na medida em que o tráfico ilíci-
to de substância entorpecentes, equiparado a delito hediondo, hoje encontra-se disseminado por
toda a sociedade. É sabido também que os integrantes do tráfico de drogas impõem “a lei do si-
lêncio” e o terror psicológico aos moradores das comunidades por eles dominadas. Ademais, se
posto em liberdade, os réus frustrarão a aplicação da lei penal.
Tendo em vista que persistem os motivos ensejadores da custódia cautelar,
acolho as razões Ministeriais expostas a fls. 163/167, e, sob os fundamentos já expostos a fls.
74/75 e 101 INDEFIRO o pedido de Revogação da prisão Preventiva”.
Pacto não dispõe acerca de qualquer ilegalidade relativa a não apresentação do preso no momen-
to pretendido pela defesa, o que se coaduna com a realidade, eis que absolutamente inviável a
realização da audiência imediatamente após a prisão de cada réu. Por todo o exposto, indefiro o
pedido de relaxamento da prisão preventiva dos acusados Ueslei e Rafael;
2) Cumpra-se, integralmente, fls. 183/185. Venham os laudos de drogas e
armas devidamente cumpridos, com urgência”.
Era o que me cumpria informar.
Colho o ensejo para reiterar a V. Exa. meus protestos de elevada estima e
distinta consideração”.
Neste sentido, dispõe o artigo 313, caput, e seus incisos I a III, do Código de
Processo Penal, com a redação dada pela Lei 12.403/11:
“Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação
da prisão preventiva
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, crian-
ça, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência”. Grifei.
Humanos não fixa tal prazo, apenas indicando que a pessoa detida deve ser conduzida, sem de-
mora, à presença de um juiz:
“Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à
presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções
judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser
condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo”.
Grifei.
Assim, o prazo de 24 horas para que o preso seja apresentado a fim de parti-
cipar da Audiência de Custódia, foi fixado pelo Relatório Final da Comissão da Verdade, no item
44, pelo Projeto de Lei nº 554/2011e pelo Boletim Eletrônico da Diretoria-Geral de Comunicação e
de Difusão de Conhecimento deste Pretório, Edição 07, os quais não tem qualquer força vincu-
lante, normativa.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão co-
municados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à famí-
lia do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011).”
Neste diapasão, em que pese ser uma iniciativa inovadora do Estado, o “Pro-
jeto Audiência de Custódia”, lançado pelo Conselho Nacional de Justiça, pelo Tribunal de Justiça
de São Paulo e pelo Ministério da Justiça, tal projeto também prevê, como bem estacou a ilustre
decisão do Desembargador Relator (fls. 63/67), a criação de uma estrutura multidisciplinar nos
Tribunais de Justiça a fim de verificar a necessidade de se manter ou não a segregação do preso.
Isto porque, não seria razoável exigir que o juiz de primeira instância, com
todo o volume de trabalho que já suporta, ainda ser compelido a marcar uma audiência em 24
horas para todos os flagrantes em que for comunicado. Faz-se necessário que o Estado-Juiz crie
um órgão específico, com a infraestrutura necessária, a fim de que esta medida não cause, ainda
mais, a demora na prestação jurisdicional em relação a todas as ações criminais que são proces-
sadas em cada Juízo de Direito.
É o relatório.
V O T O
...........................................
Reitere-se que, por força do art. 5º, § 3º, todos
os tratados de direitos humanos, independen-
temente do ‘quorum’ de sua aprovação, são
materialmente constitucionais, compondo o
bloco de constitucionalidade. O ‘quorum’ qua-
lificado está tão-somente a reforçar tal natureza,
ao adicionar um lastro formalmente constitu-
cional aos tratados ratificados, propiciando a
‘constitucionalização formal’ dos tratados de
direitos humanos no âmbito jurídico interno.
Como já defendido por este trabalho, na her-
menêutica emancipatória dos direitos há que
imperar uma lógica material e não formal, ori-
entada por valores, a celebrar o valor fundante
da prevalência da dignidade humana. À hie-
rarquia de valores deve corresponder uma hie-
rarquia de normas, e não o oposto. Vale dizer,
a preponderância material de um bem jurídico,
como é o caso de um direito fundamental, deve
condicionar a forma no plano jurídico-
normativo, e não ser condicionado por ela.
Não seria razoável sustentar que os tratados de
direitos humanos já ratificados fossem recepci-
onados como lei federal, enquanto os demais
adquirissem hierarquia constitucional e exclu-
sivamente em virtude de seu ‘quorum’ de
aprovação. A título de exemplo, destaque-se
que o Brasil é parte da Convenção contra a Tor-
tura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, De-
sumanos ou Degradantes desde 1989, estando
em vias de ratificar seu Protocolo Facultativo.
Não haveria qualquer razoabilidade se a este
último – um tratado complementar e subsidiá-
rio ao principal – fosse conferida hierarquia
constitucional, e ao instrumento principal fos-
se conferida hierarquia meramente legal. Tal si-
tuação importaria em agudo anacronismo do
sistema jurídico, afrontando, ainda, a teoria ge-
ral da recepção acolhida no direito brasileiro.
(...) Esse entendimento decorre de quatro ar-
gumentos: a) a interpretação sistemática da
Constituição, de forma a dialogar os §§ 2º e 3º
(...)