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PIANOFORTE
Peça do Mês ‐ Outubro 2013

O pianoforte van Casteel é uma das peças mais


relevantes do acervo do Museu da Música.
Procurando assinalar a passagem dos 250 anos
sobre a sua construção, tratámos de o escolher
como peça do mês.
CLASSIFICAÇÃOORGANOLÓGICA: Cordofone com teclado
PRODUÇÃO / AUTORIA: Henri‐Joseph van Casteel (1722‐1790)
LOCAL / DATAÇÃO: Portugal, 1763
DIMENSÕES: A. 22 cm (caixa); C. 227 cm; L. 87 cm
MATERIAIS: Madeira de conífera, macacaúba, pau‐santo,
nogueira, buxo e latão
INCORPORAÇÃO: Compra ‐ Proveniente da coleção de Alfredo
Keil, adquirido aos herdeiros de António Augusto Carvalho
Monteiro, em 1931.
INV. N.º: MM 425

CARACTERÍSTICAS • O pianoforte é um instrumento


em que as cordas são percutidas por martelos,
correspondendo ao tipo de instrumento
desenvolvido por Bartolomeo Cristofori (1655‐
1731), a partir do qual evoluiria o piano moderno.
Possuindo uma caixa de ressonância de madeira e
51 cordas duplas, este instrumento é exteriormente bastante semelhante a um cravo, motivo pelo
qual, entre nós, se tornou conhecido como ‘cravo de martelos’, designação que surge para o distinguir
dos chamados ‘cravos de penas’. Possui uma marca a fogo na barra dos martelos: “HENRIQUE VAN
CASTEEL . 1763” e ainda uma inscrição no braço da tecla 51: “Henrÿque van Casteel / 1763”.

APONTAMENTOS HISTÓRICOS • O pianoforte foi inventado nos últimos anos do séc. XVII, aproximadamente
em 1698, por Bartolomeo Cristofori, construtor de instrumentos radicado em Florença.
Ao contrário do cravo, este instrumento reagia diferentemente em função da força com que as
teclas eram premidas. Apesar dessa mais valia, suscitou inicialmente muitas questões, já que os
ornamentos, muito frequentes na música do séc. XVIII, se tornavam difíceis de reproduzir com a
mesma precisão. Precisamente por isso, uma das críticas era ser demasiado ‘mole’ (termo utilizado
pelos italianos), o que talvez explique o pouco sucesso obtido à época. O pianoforte seria, contudo,
recuperado, mais tarde, na sequência do trabalho desenvolvido por outros construtores, e da
correspondente adopção por parte de grandes músicos como Mozart.
Quanto a Portugal, sabe‐se que a corte tinha conhecimento dos pianofortes florentinos, o que
ajudará a explicar que os exemplares conhecidos construídos no nosso país possuam uma mecânica
que reproduz a conceção de Cristofori, embora com algumas diferenças.
Este é precisamente o caso do pianoforte van Casteel, o que faz deste instrumento, embora datando
já de 1763, um exemplar perfeitamente adequado para a interpretação da música ibérica e italiana
da primeira metade do séc. XVIII.

Estação de Metro Alto dos Moinhos Lisboa • R. João de Freitas Branco • 1500‐359 LISBOA
T.: 21 771 09 90 • geral@mmusica.dgpc.pt • www.museudamusica.pt
ORIGEM / HISTORIAL • Van Casteel nasceu em Tournai,
Bélgica, e terá construído cravos e pianofortes em
Portugal entre 1757 e 1769.
O pianoforte da sua autoria foi incorporado no acervo
do Museu Instrumental do Conservatório (antepassado
do Museu da Música) em 1931. Integrava originalmente
a coleção de instrumentos musicais reunida por Alfredo
Keil (1850‐1907).
Este instrumento foi restaurado por José Llorente
(Lisboa), por volta de 1962, e novamente em 2013 pelo
construtor de instrumentos de tecla, Geert Karman.

MÚSICA • Pelo que se sabe, o primeiro compositor a


escrever para pianoforte foi Lodovico Giustini (1685‐
1743), que publicaria em 1732 uma coleção de 12 sonatas, curiosamente dedicadas ao Infante D.
António, irmão do rei D. João V, e que testemunham o prestígio e o mecenato da corte portuguesa.
Estas e outras composições de música para instrumentos de tecla eram do conhecimento de
Domenico Scarlatti (1685 – 1757), Carlos Seixas (1704 – 1742) e, um pouco mais tarde, Francisco
Xavier Baptista (? – 1797), refletindo‐se na música que então produziram em Portugal.
Face à lenta adopção do pianoforte, e considerando‐se as sonatas de Giustini um fenómeno isolado,
só mais tarde surgem composições específicas para este instrumento, sendo exemplos marcantes as
sonatas de Mozart (1756‐1791) e de Muzio Clementi (1752‐1832).
No final do séc. XVIII a mecânica do pianoforte começa a distanciar‐se da matriz original de
Cristofori, numa evolução que daria origem ao piano como hoje o conhecemos e que teria reflexos na
própria evolução da música. Como resultado, o pianoforte deixaria de ser produzido para ser
recuperado, já na segunda metade do séc. XX, com o intuito de dar vida a repertório do período
clássico para o qual é hoje considerado perfeitamente adaptado.

CURIOSIDADES • Atualmente, e tendo em atenção a extrema fragilidade de alguns dos seus elementos
estruturais, o pianoforte van Casteel foi afinado num diapasão de 392 Hz. Contudo, medindo o
comprimento das cordas, podemos concluir que este foi concebido para cerca de 440 Hz. Este facto
testemunha que em meados do séc. XVIII, embora não de forma generalizada, já seria corrente em
Portugal este diapasão, considerado o diapasão moderno, em uso desde meados do séc. XIX.
Este instrumento é o único pianoforte conhecido em todo o mundo da autoria de van Casteel, sendo
igualmente um dos raríssimos pianofortes originais de construção portuguesa que chegaram até nós.
Além deste, conhece‐se apenas um outro da sua autoria, no caso um piano em forma de pirâmide do
final do séc. XVIII, e que integra a coleção do Musée des Instruments de Musique, em Bruxelas.

Bibliografia / Webliografia:

‐ 5.º Concerto “Um Músico, Um Mecenas” [Registo vídeo]. Vídeo de divulgação; apresent. José Carlos Araújo. [Lisboa]: Museu da
Música, 2013. [Em linha]. [Consult. 27 Set. 2013]. Disponível em WWW:<URL:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CGl0Ou_YHi8#t=29>
‐ DODERER, Gerhard; VAN DER MEER, John Henry ‐ Cordofones de tecla portugueses do século XVIII: Clavicórdios, cravos,
pianofortes e espinetas. 1.ª ed., Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005. ISBN 972‐666‐077‐7
‐ HENRIQUE, Luís ‐ Instrumentos musicais. 3.ª ed., Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian ‐ Serviço de Educação, 1999. ISBN 972‐
31‐0637‐X
‐ MATRIZNET ‐ Ficha de inventário do Cravo de Martelos [Em linha]. [consult. 24 Setembro 2013]. Disponível em: WWW:<URL:
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=39869
‐ POLLENS, Stewart ‐ The Early Pianoforte. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. ISBN 0‐521‐41729‐5

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