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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Edmilson Júnior Amorim de Morais

Resposta sobre escarificação

MACEIÓ
2018
EDMILSON JÚNIOR AMORIM DE MORAIS

Resposta da questão solicitada para disciplina de


Teorias da subjetividade I para o curso de Psicologia do
terceiro período da Universidade Federal de Alagoas.

Prof. Dr (a). Laís Macêdo Vilas Boas

MACEIÓ
2018
2.Explique a seguinte frase: “As escarificações são uma tentativa de se
desfazer de si, uma vontade de arrancar uma camada que cola na pele e aprisiona o
ser em um sentimento intolerável de identidade. Trata-se de fazer uma nova pele, se
desgrudando do sofrimento em um gesto doloroso que é, justamente, o preço a
pagar pela sobrevivência. (Le Breton, 2012, p.41).”
“Não é de alegria que eu tenho sede, mas de tristeza e de lágrimas, imaginas
tu, taberneiro, que está meia garrafa me trouxe a felicidade, sofrimento, o sofrimento
é o que eu procurava no seu fundo; tristeza e lagrimas”. Esse pequeno trecho de
Crime e Castigo de Dostoiévski, representado por um dos personagens Marmieládov,
um funcionário público, viciado em álcool. A autopunição, por ser o que ele é, gera um
sofrimento e o flagelamento da sua existência, ele não estava simplesmente no fundo
do poço, mas buscava no subsolo do poço, sua razão de existir. Algo semelhante
escreveu Goethe (1944) no seu romance o sofrimento do jovem Werthe “é mais fácil
morrer do que suportar com firmeza uma vida cheia de tormento”. Baseado nisso, é
possível inferir algumas considerações preliminares do que foi questionado. A
princípio, os indivíduos que fazem do seu corpo uma “marca única” de quem são e
segundo Breton “eles procuram uma contenção e encontram então a dor ou os
ferimentos”.

A pele para a pessoa que se fere ou marca seu corpo, não é apenas um órgão,
mas ela encara como uma “identidade insuportável da qual desejamos abdicar”, isto
é, a dor física que é levada por neurotransmissores para o SNC ( sistema nervoso
central), não é apenas uma condição biológica da sua existência, mas também uma
manutenção da vida psíquica. Breton, fala que a pele exerce uma função de
“amortecimento das tenções”, como algo externo ao ser e que o atinge de fora para
dentro, como Freud deixou claro em mal-estar da civilização, que o sofrimento
basicamente tem três lados, ( citaremos apenas um) que é o corpo “fadado ao declínio
e à dissolução não pode sequer dispensar a dor e o medo como sinais de advertência;
do mundo externo”, a pele é um jeito de invidualização e o compartilhamento do
sofrimento, posto que, suas marcas em destaque ou escondidas no seu corpo forma
uma identidade, que parece ser particular ou pertencentes a um grupo de pessoas
que se escarificam. Ante o que foi argumentado, a primeira parte da pergunta envolve
uma rejeição ao corpo, como uma figura distorcida, feia, devido as transformações
naturais ocorrida com o tempo.
Um caso ilustrativo remonta a um período “conturbado” da fase da vida
humana, a adolescência que é marcada por uma fase de transição para a vida adulta,
onde corre várias mudanças; hormonais e físicas. As transformações podem não ser
aceitas, assim, acontece uma mudança de relação através da pele do eu e o outro, o
corpo acaba sendo um elo simbólico entre esses dois, logo, a pele tonar-se um
“refúgio para se agarrar a realidade e não afundar”. A escarificação se torna um
comportamento de reelaborar suas aflições, existe aqui, um comportamento de
sacrifício com relação uma parte de si para poder continuar a existir. O segundo
período da pergunta, pode ser respondido considerado o ato da escarificação que é
antecedido, por um vácuo existencial, em seguida, vem o corte que é a moeda de
troca com a realidade “preço a pagar” o sujeito procura na pele sua razão existencial,
porém, o corte é freio que não impede a continuação das incisões corporais. Em última
análise, o jovem sente um sentimento que o faz pensar ser ele o ator principal, dando
a sua história um roteiro com sentidos, elaborando na sua mente, qual o próximo
episódio que deixará marcas nos seus espectadores. “A incisão permite uma
autorrepresentação, uma individuação que permite romper o sentimento de queda, de
vertigem a despersonalização é cortada rente pelo ato.”
Referências

Dostoiévski, Fiódor.M. Crime e Castigo.1. ed. São Paulo: Martin Claret, 2004.p. 36.

Goethe, Johann Wollgang. O sofrimento do jovem Werther. 1.ed. São Paulo:


Estação da liberdade,1999. p. 58.

Sigmund, Freud. O mal-estar na civilização. Obras completas. Volume 18.


Companhia das letras, (1930-1936). p. 21

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