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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE BRASÍLIA

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Disciplina: Direito Processual do Trabalho I


Ementa – Processo de cognição trabalhista: caracterização; princípios, institutos e regras
peculiares. Constituição da República e Direito Processual do Trabalho - relações.
Relações entre processo trabalhista e processo civil. Efetividade material e processual
trabalhistas – instrumentos e desafios. O processo de cognição trabalhista em 1º Grau.
Professor(a): Douglas Alencar Rodrigues

PROCESSO DE COGNIÇÃO TRABALHISTA: CARACTERIZAÇÃO,


PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E REGRAS PECULIARES. I – Direito Processual do
Trabalho e caracterização. 1 – Conceituação; 2 – Unidade ontológica do processo; 3 –
Posição enciclopédica; 4 – Autonomia do direito processual do trabalho. II – Princípios
constitucionais e infraconstitucionais do processo: 1 – Propedêutica. 2 – Princípios
informativos (axiomas) 3. Princípios fundamentais de direito processual. 3. Princípios
comuns ao direito processual civil e ao processo do trabalho. 4. Princípios específicos
do direito processual do trabalho. III – Institutos e regras peculiares.

I - Direito Processual do Trabalho e caracterização:

1. Conceito: “o complexo das normas legais, dos princípios, das opiniões doutrinarias
e jurisprudenciais e das práticas judiciárias destinados a regular o exercício da função
jurisdicional do Estado, com vistas a solucionar os conflitos de interesses, individuais e
coletivos, constitucionalmente atribuídos à Justiça do Trabalho.” (Manoel Antônio
Teixeira Filho).

- “o complexo das normas legais, dos princípios, das opiniões doutrinarias e


jurisprudenciais e das práticas judiciárias”. Fontes do Direito Processual: 1)
fontes formais diretas – leis; 2) fontes formais indiretas – doutrina e
jurisprudência; 3) fontes formais integrativas – analogia, costumes, equidade e
princípios gerais; 4) fontes informal – praxe adotada pelos juízes do trabalho.

- “destinados a regular o exercício da função jurisdicional do Estado” -


Jurisdição: Poder-dever que envolve a composição de conflitos de interesses
individuais e coletivos; PODER: expressão da soberania do Estado; monopólio
estatal – indelegabilidade e arbitragem (?); o uso arbitrário das próprias razões
qualificado como fato típico (CP, art. 345). DEVER: Art. 5º, XXXV, da CF.

“com vistas a solucionar os conflitos de interesses, individuais e coletivos,


constitucionalmente atribuídos à Justiça do Trabalho.” - Competência trabalhista:
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, a competência da Justiça do
Trabalho --- antes circunscrita aos conflitos: i ) entre trabalhadores e empregadores
(CLT, art. 652 c/c o art. 114 da CF); ii) entre pequenos empreiteiros e respectivos
tomadores (CLT, art. 652, "a", III); iii) entre sindicatos ou entre sindicatos e empresas,
decorrentes de diplomas negociais coletivos (Lei nº 8984/95); iv) envolvendo as
execuções de contribuições sociais resultantes de seus julgados (EC 20/1998); e v)
envolvendo trabalhadores avulsos e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de
Mão-de-Obra - OGMO (art. 652, "a", V, da CLT) --- passou a alcançar todas as ações
oriundas da relação de trabalho (art. 114, I, da CF), incluídas as ações que envolvam
exercício do direito de greve (art. 114, II), as ações sobre representação sindical, entre
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores (art. 114,
III), os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição (art. 114, IV), os conflitos de competência
entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, da CF (art.
114, V), as ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação
de trabalho (art. 114, VI) e as ações relativas às penalidades administrativas impostas
aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho (art. 114, VII).

2 – Unidade ontológica do processo: O processo representa o método, a técnica, o


sistema pelo qual o Estado compõe os conflitos de interesses que proliferam entre seus
súditos. Sob os pontos de vista de sua existência (ontologia) e de sua finalidade
(teleologia), portanto, o conceito de processo é uno e indivisível, ainda que refleta a
natureza das lides a que se destinam a solucionar. Daí porque a alusão a processo civil,
processo do trabalho, processo penal não prejudica a concepção unitária – ontológica e
teleológica – do processo.

3 – Posição enciclopédica – Direito Público ou direito Privado? O critério da


predominância do interesse. Enquanto complexo dinâmico de regras, princípios,
posições doutrinárias e jurisprudenciais que disciplinam o exercício da jurisdição, cujo
escopo precípuo é a pacificação das relações sociais, o Direito Processual compõe o
universo do Direito Público. Ao interesse imediato das partes em disputa, prevalece o
interesse mediato estatal na efetiva tutela da estabilidade e segurança das relações
sociais e jurídicas.

4 – Autonomia do Direito Processual do Trabalho:

- 4.1. Autonomia em relação ao Processo Civil: a) critério sistemático


(existência de objetivo, métodos e princípios próprios, doutrina homogênea);
autonomia didática e jurisdicional; b) critério pragmático: supletividade das
normas do CPC (CLT, art. 769).

- 4.2. Autonomia em relação ao Direito do Trabalho: a) ampliação de


competência com a EC 45/2004 e prevalência dos ritos trabalhistas (IN
27/TST); b) projeção lógica, política e ideológica do caráter protetivo do
direito material ao processo do trabalho: v.g.: CLT, arts. 844, “caput” (efeitos
da ausência das partes à audiência), e 899 (depósito recursal do
empregador), Súmulas 212 (DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA. O ônus
de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de
serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade
da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.) e 338
(JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. I - É ônus do
empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da
jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação
injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de
veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em
contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que
prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário.
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída
uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova,
relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a
jornada da inicial se dele não se desincumbir.

II – Princípios Constitucionais e Infraconstitucionais do Processo

1 – Princípios – Noções iniciais

- Definições Preliminares - normas: regras e princípios:


- Para os positivistas, as regras possuem grande relevância, pois consagram
são estruturadas em proposições jurídicas que delimitam as hipóteses de
incidência e as respectivas consequências jurídicas, o chamado “juízo hipotético
condicional” (se “a” é, “b” deve ser); os princípios, a seu turno, além de carecer
de eficácia normativa direta (pois não assumem a forma de proposições jurídicas),
apenas ofereceriam fundamentos para a interpretação e aplicação do direito (Karl
Larenz[1]).
- Autores contemporâneos como Ronald Dworkin, diferentemente, sugerem
que a distinção entre regras e princípios está centrada no “modo de aplicação” de
cada qual dessas espécies normativas: as regras obedeceriam à lógica do “tudo ou
nada”, ao passo que os princípios exigiriam “juízos de ponderação”, a partir da
“dimensão de peso” que ofereçam para o caso concreto.
- Em sentido igualmente propositivo, Robert Alexy pontua a existência de uma
“distinção qualitativa” entre regras e princípios. Sob essa perspectiva, os
princípios seriam “mandados de otimização”, que podem ser cumpridos em
diferentes graus, consideradas as possibilidades fáticas e jurídicas do caso
concreto. Regras, diferentemente, quando válidas, devem ser cumpridas, sem mais
nem menos. Verificada a hipótese de incidência, os efeitos jurídicos previstos
devem ser observados, a partir de mera operação de subsunção, o que não ocorre
com os princípios. Distinção estrutural.
- Para Humberto Ávila, os princípios seriam espécies normativas mais
abstratos, enquanto que as regras menos abstratas; a distinção entre essas espécies
normativas passa pelo critério da “densidade normativa”. Os princípios, a par da
eficácia positiva ou negativa sobre condutas humanas gravadas de relevância
jurídica, permitem a realização dos anseios sociais por justiça e legitimidade,
exigindo do intérprete, por conseguinte, um grau mais sofisticado de
argumentação para que sejam desvelados ou concretizados. A designação de uma
determinada norma jurídica como princípio ou regra depende das conexões
axiológicas do intérprete.
- Questões para reflexão: os princípios jurídicos são sempre positivados ou
escritos? Justificam pretensão judicial? Legitimam a impetração de mandado de
segurança? Autorizam o conhecimento de recurso de revista?
- Funções desempenhadas na ordem jurídica;

2 – Princípios em espécie:

- 1 Princípios informativos (axiomas): lógico, jurídico, político e econômico. - 2.


Princípios fundamentais de Direito Processual. 2.1. Devido processo legal. 2.2.
Igualdade ou isonomia. 2.3. Juiz imparcial. 2.4. Juiz natural. 2.5. Inafastabilidade,
ubiquidade ou universalidade da jurisdição. 2.6. Contraditório. 2.7. Ampla defesa. 2.8.
Proibição da prova ilícita. 2.9. Publicidade. 2.10. Motivação das Decisões Judiciais.
2.11. Razoável duração do processo. 2.12. Duplo grau de jurisdição. - 3. Princípios
comuns ao Direito Processual Civil e ao Processo do Trabalho: 3.1. Dispositivo ou
demanda. 3.2. Impulso Oficial. 3.3. Instrumentalidade das formas. 3.4. Impugnação
especificada. 3.5. Estabilidade da lide. 3.6. Eventualidade. 3.7. Preclusão. 3.8.
Economia processual. 3.9. Perpetuação da jurisdição. 3.10. Lealdade processual. - 4.
Princípios específicos do Direito Processual do Trabalho: 4.1. Proteção (?). 4.2.
Conciliação. 4.3. Subsidiariedade do CPC e da LEF. 4.4. Impulso oficial nas execuções.
4.5. Oralidade. 4.6. Identidade física do Juiz. 4.7. Normatização Coletiva. 4.8. Direito
de Postular ou "jus postulandi".

III – Institutos e regras peculiares.

1. “Jus postulandi” (CLT, art. 791).


2. Normatização coletiva (CF, art. 114, § 2º).
3. Revelia singularizada. (CLT, art. 844 c/c a Súmula 122/TST).
4. Recurso por simples petição (CLT, art. 899).
5. Perempção relativa (CLT, art. 732 versus art. 267, III e parágrafo único)

JURISPRUDÊNCIA SOBRE OS PRINCÍPIOS:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. NULIDADE.


CONDENAÇÃO. HORAS EXTRAS. INTERVALO ENTRE JORNADAS. AUSÊNCIA
DE PEDIDO NA INICIAL. Potencial violação do art. 5º, LIV e LV, da Carta Magna, a
ensejar o provimento do agravo de instrumento. Agravo de instrumento conhecido e
provido. RECURSO DE REVISTA. NULIDADE. CONDENAÇÃO. HORAS
EXTRAS. INTERVALO ENTRE JORNADAS. AUSÊNCIA DE PEDIDO NA
INICIAL. - O princípio do devido processo legal entra agora no Direito Constitucional
positivo com um enunciado que vem da Carta Magna inglesa: ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV). Combinado com o
direito de acesso à Justiça (art. 5º, XXXV) e o contraditório e a plenitude de defesa (art.
5º, LV) fecha-se o ciclo das garantias processuais- (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso
de Direito Constitucional Positivo, 19ª ed. - São Paulo: Malheiros Editores, 2001, p.
434-5). - O processo é um instrumento de composição de conflito - pacificação social -
que se realiza sob o manto do contraditório. O contraditório é inerente ao processo.
Trata-se de princípio que pode ser decomposto em duas garantias: participação
(audiência; comunicação; ciência) e possibilidade de influência na decisão- (FREDIE
DIDIER JR., Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 7ª ed. - Salvador: JusPODIVM,
2007, p. 42-3). O art. 5º, LIV, da Carta Magna - assegura que ninguém sofrerá restrições
em sua esfera individual de liberdade, senão por intermédio de um procedimento estatal
que respeite todos os direitos e garantias processuais previstos em lei. Nesse sentido, a
observância do devido processo legal passa pelo respeito às garantias processuais,
dentre as quais: citação regular, publicidade do processo, direito ao contraditório e à
ampla defesa, inadmissibilidade das provas ilícitas, direito de ser processado e julgado
pelo juiz competente (princípio do juiz natural), à decisão imutável etc. Ocorre que a
doutrina concebe o princípio do devido processo legal não apenas sob o seu aspecto
formal (`processual due process of law’), que impõe restrições de caráter `ritual- à
atuação do Poder Público, mas também sob o aspecto material (`substantive due process
of law’), impedindo que o Poder Público tome decisões de conteúdo arbitrário ou
irrazoável. Assim, o devido processo legal exige que o Estado, ao impor sanções aos
particulares, não apenas adote um procedimento em harmonia com as garantias
processuais previstas em lei, mas, sobretudo, que decida de maneira justa, razoável e
proporcional, tendo em vista a gravidade da conduta praticada pelo particular- (LEO
VAN HOLTHE, Direito Constitucional - Salvador: JusPODIVM, 2006, p. 269-70).
Incumbe ao julgador a condenação nos limites postos na inicial. A ausência de pedido,
na inicial, relativo ao pagamento, como extras, das horas laboradas em desrespeito ao
intervalo entre jornadas a que se refere o art. 66 da CLT inviabilizou à reclamada a
formulação de defesa e a produção de provas a respeito, de modo que a condenação ao
pagamento de tal parcela afronta diretamente as garantias do devido processo legal,
ampla defesa e contraditório. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido, no
item. (...).” (Processo: RR - 2734/1999-122-15-00.0 Data de Julgamento: 29/10/2008,
Relatora Ministra: Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, 3ª Turma, Data de Divulgação:
DEJT 28/11/2008).

“PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL - JUIZ QUE


PRESIDIU A AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO É O RELATOR DO ACÓRDÃO
REGIONAL - IMPEDIMENTO 1. A garantia da imparcialidade dos julgamentos é
resguardada no ordenamento jurídico por meio de medidas preventivas e repressivas.
Entre as primeiras, encontra-se a limitação da capacidade de julgar, que pode
apresentar-se em forma de restrições objetivas - como as regras referentes à
competência absoluta ou vedação ao juízo de exceção -, e subjetivas -, relativas à pessoa
natural do julgador. 2. A figura do impedimento, prevista no artigo 134 do CPC,
enumera as hipóteses nas quais os aspectos intrínsecos à pessoa natural do julgador
ensejam a presunção quanto à parcialidade potencial, absolutamente incompatível com a
garantia constitucional da imparcialidade, constituindo nulidade processual insanável. É
exatamente por isso que, ao lado da incompetência absoluta, figura, no inciso II do
artigo 485 do CPC, como causa de rescindibilidade da sentença. 3. Ressalte-se que a
figura do impedimento, por se tratar de limitação da capacidade do julgador, equiparada
à incompetência absoluta, é vício processual que não convalesce pelas regras gerais de
nulidade dos atos processuais ou pelas disposições relativas às preclusões processuais,
não se lhe aplicando os ditames do artigo 794 da CLT. Inteligência dos artigos 5º, inciso
LIV, da Constituição da República e 485, inciso II, do CPC. Precedentes do Excelso
Supremo Tribunal Federal e da C. SBDI-1 do TST. Recurso de Revista conhecido e
provido.” (Processo: RR - 2309/2004-082-15-00.5 Data de Julgamento: 14/11/2007,
Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 3ª Turma, Data de Publicação: DJ
07/12/2007.)

"EMENTAS: 1. PROCESSO. Distribuição. Direcionamento injustificado da causa a


determinado juízo. Ato não aleatório. Ofensa aos princípios do juiz natural e da
distribuição livre, que asseguram a imparcialidade do juiz e integram o justo processo
da lei. Nulidade processual absoluta. Desnecessidade de indagação de prejuízo. Recurso
extraordinário conhecido e provido. Aplicação do art. 5º, XXXVII e LIV, da CF..
Distribuição injustificada de causa a determinado juízo ofende o justo processo da lei
(due process of law) e, como tal, constitui nulidade processual absoluta. 2. RECURSO.
Embargos declaratórios. Efeito declaradamente infringente ou modificativo.
Contradição inexistente. Conhecimento como agravo regimental. Recurso improvido.
Devem ser recebidos e julgados como agravo regimental, embargos declaratórios
opostos com manifesto e infundado propósito modificativo" (AI-ED 548203/AL -
Alagoas, Segunda Turma, Relator Ministro Cezar Peluzo, DJU de 07/03/2008).

RECURSO DE REVISTA. 1. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. AUSÊNCIA


DE SUBMISSÃO DA DEMANDA. EFEITO. 1. O art. 625-D da CLT estabelece que
qualquer demanda trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia.
Embora, à primeira vista, a redação do dispositivo possa ensejar interpretação no
sentido de que a submissão do conflito à comissão de conciliação prévia é obrigatória, a
análise conjunta dos preceitos que compõem o título em que inserido permite concluir
que a adoção de tal procedimento é faculdade do empregado, eis que não exista, ali,
qualquer sanção pela não-utilização da modalidade de solução extrajudicial de conflito.
2. Também não há, na Lei nº 9.958, de 12 de janeiro de 2000, que acrescentou à
Consolidação das Leis do Trabalho o Título VI-A, previsão no sentido de que a falta de
demonstração de tentativa de conciliação prévia importará extinção do feito sem
resolução de mérito por carência de ação. 3. Nos termos do art. 267, IV, do Código de
Processo Civil, o juiz extinguirá o processo sem resolução de mérito quando não
estiverem presentes os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular
do processo, sendo que a previsão contida no art. 625-D da CLT não se enquadra em
nenhuma dessas hipóteses. 4. Ademais, pontua o art. 794 da CLT que "nos processos
sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos
inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes". Este preceito tem na
instrumentalidade do processo seu principal fundamento. A aplicação do princípio se
revela na hipótese em que a arguição de nulidade, por ausência de submissão da
demanda à comissão de conciliação prévia, não vem calcada em prejuízo processual do
litigante na medida em que, a despeito de não ter o empregado, antes da propositura da
reclamação trabalhista, percorrido a via extrajudicial facultada pelo art. 625-D da CLT,
não se renegou às partes a possibilidade de conciliação na via estatal. 5. A conciliação é
objetivo a ser perseguido pelo Poder Judiciário (CPC, arts. 125, IV, e 448; CLT, art.
846), cabendo, no processo trabalhista, a qualquer momento. 6. Não subsiste nulidade
que autorize a extinção do processo sem resolução do mérito. Recurso de revista
conhecido e desprovido. (...).
(Processo: RR - 992/2006-031-02-00.6 Data de Julgamento: 20/05/2009, Relator
Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Divulgação:
DEJT 12/06/2009.)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PRINCÍPIO DO


CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. Violação do artigo 5º, inciso LV, da
Constituição da República configurada, razão pela qual dá-se provimento ao agravo
interposto. RECURSO DE REVISTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PRINCÍPIO DO
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. No processo assegura-se a aplicação do
Direito ao caso concreto. A prática de atos sucessivos perante a autoridade judiciária
encaminha o processo à entrega da prestação jurisdicional. Por isso o que se espera das
partes é observância do dever de lealdade que rege a ação humana, relatando os fatos
que traduzam seus anseios de modo que o julgador possa dirimir a lide na forma da lei.
Tanto que o direito positivo inibe intervenções maliciosas das partes, tratando como
litigante de má-fé aquele que altera a verdade dos fatos, utilizando-se do processo com
objetivos espúrios. Portanto, só diante de prova irrefragável de dolo deve o juiz aplicar a
pena de litigância de má-fé à parte. A norma pressupõe a existência de componente
subjetivo, traduzido no deliberado intuito de praticar deslealdade processual, com o
escopo único de obter vantagem indevida. A conduta maliciosa, na hipótese dos autos,
teria restado caracterizada, consoante entendimento do juízo de primeiro grau, pela
simples juntada de cópia da Convenção Coletiva de Trabalho 2001/2002 sem a alteração
de uma de suas cláusulas. Entende-se que a improbidade processual deve se mostrar tão
clara, de modo que o julgador se veja compelido a tomar providências severas para
reprimir a conduta. No caso em análise, contudo, a cominação da pena não decorreu da
demonstração inequívoca de dolo. Recurso de revista conhecido e provido, para excluir
da condenação a multa imposta por litigância de má-fé.” (Processo: RR - 125/2002-059-
15-40.6 Data de Julgamento: 14/12/2005, Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª
Turma, Data de Publicação: DJ 24/03/2006).

“ILICITUDE DA PROVA - INADMISSIBILIDADE DE SUA PRODUÇÃO EM


JUÍZO (OU PERANTE QUALQUER INSTÂNCIA DE PODER) - INIDONEIDADE
JURÍDICA DA PROVA RESULTANTE DA TRANSGRESSÃO ESTATAL AO
REGIME CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. - A
ação persecutória do Estado, qualquer que seja a instância de poder perante a qual se
instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode apoiar-se em elementos probatórios
ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia constitucional do "due process of
law", que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de suas mais
expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de direito positivo. - A
Constituição da República, em norma revestida de conteúdo vedatório (CF, art. 5º, LVI),
desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade fundada em
bases democráticas (CF, art. 1º), qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder Público,
derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso mesmo,
quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material (ou, até
mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em conseqüência, no ordenamento
normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula autoritária do "male
captum, bene retentum". Doutrina. Precedentes. A QUESTÃO DA DOUTRINA DOS
FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA ("FRUITS OF THE POISONOUS TREE"):
A QUESTÃO DA ILICITUDE POR DERIVAÇÃO. - Ninguém pode ser investigado,
denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas ilícitas, quer se trate de
ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação. Qualquer novo dado
probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subseqüente, não pode
apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela
mácula da ilicitude originária. - A exclusão da prova originariamente ilícita - ou daquela
afetada pelo vício da ilicitude por derivação - representa um dos meios mais expressivos
destinados a conferir efetividade à garantia do "due process of law" e a tornar mais
intensa, pelo banimento da prova ilicitamente obtida, a tutela constitucional que
preserva os direitos e prerrogativas que assistem a qualquer acusado em sede processual
penal. Doutrina. Precedentes. - A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos "frutos
da árvore envenenada") repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios
probatórios, que, não obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se
afetados, no entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se
transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos
dados probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior
transgressão praticada, originariamente, pelos agentes da persecução penal, que
desrespeitaram a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. - Revelam-se
inadmissíveis, desse modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos
probatórios a que os órgãos da persecução penal somente tiveram acesso em razão da
prova originariamente ilícita, obtida como resultado da transgressão, por agentes
estatais, de direitos e garantias constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no
plano do ordenamento positivo brasileiro, traduz significativa limitação de ordem
jurídica ao poder do Estado em face dos cidadãos. - Se, no entanto, o órgão da
persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de
informação a partir de uma fonte autônoma de prova - que não guarde qualquer relação
de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo
vinculação causal -, tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis,
porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária. - A QUESTÃO DA
FONTE AUTÔNOMA DE PROVA ("AN INDEPENDENT SOURCE") E A SUA
DESVINCULAÇÃO CAUSAL DA PROVA ILICITAMENTE OBTIDA - DOUTRINA
- PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - JURISPRUDÊNCIA
COMPARADA (A EXPERIÊNCIA DA SUPREMA CORTE AMERICANA): CASOS
"SILVERTHORNE LUMBER CO. V. UNITED STATES (1920); SEGURA V. UNITED
STATES (1984); NIX V. WILLIAMS (1984); MURRAY V. UNITED STATES (1988)".
(STF, RHC 90376, Relator Ministro Celso de Mello, Publicado em
18-05-2007, DJ 18-05-2007, p. 0113).

“EMENTA: HORAS EXTRAS - PRETENSA PROVA ILÍCITA - NÃO


CONFIGURAÇÃO. Não constitui prova ilícita da prestação de horas extras o
fornecimento, pelo Reclamante, de cópia das fitas da máquina registradora, que
consigna os horários de abertura e fechamento do caixa, pois o fato de conterem nomes
de clientes e operações financeiras realizadas não configura quebra do sigilo bancário,
já que trazem informações esparsas, sem continuidade e de forma incompleta, não
comprometendo terceiros. Se o Banco exige jornada suplementar e não paga, é lícito ao
empregado utilizar tais registros físicos de seu labor extraordinário. Revista não
conhecida por óbice das Súmulas nºs 126 e 221 do TST. (TST, RR 457860-1998-024, 4ª
Turma, DJ de 27-10-2000, Rel. Ministro Ives Gandra Martins Filho)”.

“PROVA ILÍCITA. - E-MAIL CORPORATIVO. JUSTA CAUSA. DIVULGAÇÃO DE


MATERIAL PORNOGRÁFICO. 1. Os sacrossantos direitos do cidadão à privacidade e
ao sigilo de correspondência, constitucionalmente assegurados, concernem à
comunicação estritamente pessoal, ainda que virtual (-e-mail- particular). Assim, apenas
o e-mail pessoal ou particular do empregado, socorrendo-se de provedor próprio,
desfruta da proteção constitucional e legal de inviolabilidade. 2. Solução diversa impõe-
se em se tratando do chamado -e-mail- corporativo, instrumento de comunicação virtual
mediante o qual o empregado louva-se de terminal de computador e de provedor da
empresa, bem assim do próprio endereço eletrônico que lhe é disponibilizado
igualmente pela empresa. Destina-se este a que nele trafeguem mensagens de cunho
estritamente profissional. Em princípio, é de uso corporativo, salvo consentimento do
empregador. Ostenta, pois, natureza jurídica equivalente à de uma ferramenta de
trabalho proporcionada pelo empregador ao empregado para a consecução do serviço. 3.
A estreita e cada vez mais intensa vinculação que passou a existir, de uns tempos a esta
parte, entre Internet e/ou correspondência eletrônica e justa causa e/ou crime exige
muita parcimônia dos órgãos jurisdicionais na qualificação da ilicitude da prova
referente ao desvio de finalidade na utilização dessa tecnologia, tomando-se em conta,
inclusive, o princípio da proporcionalidade e, pois, os diversos valores jurídicos
tutelados pela lei e pela Constituição Federal. A experiência subministrada ao
magistrado pela observação do que ordinariamente acontece revela que, notadamente o
-e-mail- corporativo, não raro sofre acentuado desvio de finalidade, mediante a
utilização abusiva ou ilegal, de que é exemplo o envio de fotos pornográficas. Constitui,
assim, em última análise, expediente pelo qual o empregado pode provocar expressivo
prejuízo ao empregador. 4. Se se cuida de -e-mail- corporativo, declaradamente
destinado somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, o que está em jogo, antes
de tudo, é o exercício do direito de propriedade do empregador sobre o computador
capaz de acessar à INTERNET e sobre o próprio provedor. Insta ter presente também a
responsabilidade do empregador, perante terceiros, pelos atos de seus empregados em
serviço (Código Civil, art. 932, inc. III), bem como que está em xeque o direito à
imagem do empregador, igualmente merecedor de tutela constitucional. Sobretudo,
imperativo considerar que o empregado, ao receber uma caixa de -e-mail- de seu
empregador para uso corporativo, mediante ciência prévia de que nele somente podem
transitar mensagens profissionais, não tem razoável expectativa de privacidade quanto a
esta, como se vem entendendo no Direito Comparado (EUA e Reino Unido). 5. Pode o
empregador monitorar e rastrear a atividade do empregado no ambiente de trabalho, em
-e-mail- corporativo, isto é, checar suas mensagens, tanto do ponto de vista formal
quanto sob o ângulo material ou de conteúdo. Não é ilícita a prova assim obtida,
visando a demonstrar justa causa para a despedida decorrente do envio de material
pornográfico a colega de trabalho. Inexistência de afronta ao art. 5º, incisos X, XII e
LVI, da Constituição Federal. 6. Agravo de Instrumento do Reclamante a que se nega
provimento.” (Processo: RR - 613/2000-013-10-00.7 Data de Julgamento: 18/05/2005,
Relator Ministro: João Oreste Dalazen, 1ª Turma, Data de Publicação: DJ 10/06/2005).

“EMENTA: NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. PAUTA DE


JULGAMENTO. PUBLICAÇÃO. LITISCONSORCIO NECESSARIO. 1. Os
litisconsortes necessários são considerados litigantes distintos (artigo quarenta e oito do
cpc). há expressa determinação legal no sentido de que todos eles sejam intimados dos
atos processuais praticados no processo em que são partes (artigo quarenta e nove do
cpc), pois os atos e omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros. 2. Na
ação coletiva, os suscitados figuram na qualidade de litisconsortes. assim, na intimação
para o julgamento, deverão constar todos os figurantes do polo passivo, mormente
quando as entidades apresentam contestações individuais, cada uma subscrita por
procurador diverso. 3. o vicio indicado caracteriza omissão, quanto à regularidade da
ciencia do ato processual praticado, porque ignorada a legislação que dispõe sobre o
principio da publicidade dos atos processuais. (TST, EDRODC 55765-1992-015,
SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSIDIOS COLETIVOS DJ 15-09-1995, pg 29743,
Rel. Min. Francisco Fausto)”.

“PROCESSO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA - MULTA DO ARTIGO 475-J DO


CPC - APLICAÇÃO SUPLETIVA POSSIBILIDADE COMPATIBILIDADE COM OS
PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO INSTRUMENTAL OPERÁRIA (CLT, ART. 769) A
aplicação dos preceitos da legislação processual comum ao direito processual do
trabalho depende da existência de omissão e de compatibilidade com as demais regras e
princípios que informam a atuação da jurisdição especializada (CLT, art. 769). Nada
obstante, o exame em torno da importação de regra processual, nos parâmetros
indicados, há de se verificar não em termos literais ou puramente dogmáticos, mas em
conformidade com os postulados axiológicos - ou finalidades sociais (LICC, art. 5º)
- tutelados pela norma jurídica considerada. Nesse sentido, considerado o
significado contemporâneo da garantia de acesso à Justiça (CF, art. 5º, XXXV) e a
essencialidade do crédito trabalhista para a subsistência do trabalhador, nada obsta a
plena aplicação da regra inscrita no art. 475-J do CPC ao rito executivo trabalhista,
impondo-se ao devedor a multa de 10% sobre o valor da execução, na hipótese de,
regularmente intimado, não promover o depósito ou pagamento da respectiva
importância. Recurso de revista conhecido e desprovido. (RR - 935/2007-261-06-00, DJ
- 24/04/2009)”. (grifamos)
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE
OFENSA AO ARTIGO 5°, PARÁGRAFOS 1° E 3°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS. EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04. GARANTIA QUE NÃO É
ABSOLUTA E DEVE SE COMPATIBILIZAR COM AS EXCEÇÕES PREVISTAS
NO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL. PRECEDENTE. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO. 1. Agravo que pretende exame do recurso extraordinário no qual se
busca viabilizar a interposição de recurso inominado, com efeito de apelação, de decisão
condenatória proferida por Tribunal Regional Federal, em sede de competência criminal
originária. 2. A Emenda Constitucional 45/04 atribuiu aos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos, desde que aprovados na forma prevista no § 3º
do art. 5º da Constituição Federal, hierarquia constitucional. 3. Contudo, não obstante o
fato de que o princípio do duplo grau de jurisdição previsto na Convenção Americana de
Direitos Humanos tenha sido internalizado no direito doméstico brasileiro, isto não
significa que esse princípio revista-se de natureza absoluta. 4. A própria Constituição
Federal estabelece exceções ao princípio do duplo grau de jurisdição. Não procede,
assim, a tese de que a Emenda Constitucional 45/04 introduziu na Constituição uma
nova modalidade de recurso inominado, de modo a conferir eficácia ao duplo grau de
jurisdição. 5. Alegação de violação ao princípio da igualdade que se repele porque o
agravante, na condição de magistrado, possui foro por prerrogativa de função e, por
conseguinte, não pode ser equiparado aos demais cidadãos. O agravante foi julgado por
14 Desembargadores Federais que integram a Corte Especial do Tribunal Regional
Federal e fez uso de rito processual que oferece possibilidade de defesa preliminar ao
recebimento da denúncia, o que não ocorre, de regra, no rito comum ordinário a que são
submetidas as demais pessoas. 6. Agravo regimental improvido. (AI 601832 AgR,
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 17/03/2009,
DJe-064 DIVULG 02-04-2009 PUBLIC 03-04-2009 EMENT VOL-02355-06 PP-
01129)”.
DA INCONSTITUCIONALIDADE DO DEPÓSITO RECURSAL. OFENSA AOS
INCISOS XXXIV, XXXV, LIV E LV DO ARTIGO 5º E AO ARTIGO 92 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E DIREITO À
AMPLA DEFESA. Os princípios constitucionais insculpidos no artigo 5º - do livre
acesso ao Judiciário (incisos XXXIV e XXXV); do devido processo legal (inciso LIV) e
da ampla defesa (inciso LV) - não asseguram aos litigantes o direito de inobservar as
normas processuais que estabelecem as limitações do direito de recorrer e definem os
pressupostos de admissibilidade dos recursos. O depósito recursal constitui pressuposto
objetivo para o conhecimento do recurso, na esfera trabalhista, e a sua exigência não
afronta ao princípio da ampla defesa, que deve ser exercido com os recursos a ele
inerentes, observando-se a legislação processual em vigor, inclusive o devido preparo,
como têm proclamado esta Corte e o e. STF. A exigência do depósito prévio está
consubstanciada no verbete sumular nº 128 desta Corte. Não há falar-se em ofensa aos
princípios constitucionais supracitados, sendo certo que a interpretação conferida pelo
Regional insere-se nos limites da razoabilidade preconizada pelo Enunciado 221 desta
Corte. (...). (Processo: RR - 547414/1999.4 Data de Julgamento: 19/05/2004, Relator
Juiz Convocado: Luiz Antonio Lazarim, 4ª Turma, Data de Publicação: DJ 04/06/2004).
[1]Nesse sentido, a visão de Karl Larenz, segundo a qual os princípios desempenhariam
o papel de simples "pensamento de uma regulação jurídica possível ou existente, mas
que ainda não são regras suscetíveis de aplicação, na medida em que lhes falta o caráter
formal de proposições jurídicas, isto é, a conexão entre uma hipótese de incidência e
uma conseqüência jurídica." (apud ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. São
Paulo: Malheiros Editores, 4ª Edição, 2ª Tiragem, 2005, p. 27).

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