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MARANHÃO
INDUSTRIAL
Mala Direta
Básica
9912379773/2015-DR/MA
FIEMA

ANO 11/ Nº 37
MARÇO / ABRIL 2017

ENERGIA
NO FIM DO TÚNEL
o Maranhão no caminho de transformar-se
na nova fronteira energética do Brasil

ARTIGO
ENTREVISTA AMEAÇAS E O presidente da
Simplício Araújo OPORTUNIDADES Confederação Nacional
Distritos industriais da Indústria (CNI), Robson
Secretário de Indústria
Braga de Andrade
e Comércio analisa em situação
destaca papel da indústria
perspectivas da economia precária brasileira na crise
MATÉRIA PRIMA

10 FEITO NO
MARANHÃO

Mesa farta

O setor de alimentos no Maranhão


experimenta um bom momen-
to com a instalação de indústrias
locais que aproveitam a pouca
oferta de produtos genuinamente
maranhenses e expandem seus
empreendimentos, gerando em-
prego, renda e abocanham uma
fatia importante do mercado.

09 13
CAPITAL DE GIRO VITRINE
Em destaque na coluna deste São diferentes os tipos de
número, os altos investimentos produtos fabricados pela Nutrilar,
feitos em Saúde, Segurança Eco Brazil e Laticínios Bethe,
e Educação Profissional no mas eles possuem em comum
Maranhão pelo Sistema FIEMA. a contribuição que deixam à
economia maranhense. Saiba
mais detalhes sobre alguns
deles, produzidos por indústrias
instaladas em solo local.

16
AMEAÇAS E
OPORTUNIDADES

Trilha de difícil acesso


Buracos, matagal invadindo ruas
e muitos imóveis fechados ou
abandonados. A situação do
Distrito Industrial de São Luís e
das unidades industriais de outros
municípios do estado é debatida
por especialistas, autoridades e
empresários.

04 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


19 24
ARTIGO BOAS PRÁTICAS

A força da integração para Maranhão mais produtivo


o Brasil voltar a crescer
Em artigo exclusivo para
esta edição de MARANHÃO O estado supera a média nacional
INDUSTRIAL, o presidente da no Brasil mais Produtivo, progra-
Confederação Nacional da ma coordenado pelo SENAI, que
Indústria (CNI), Robson Braga de tem como objetivo ajustes nos
Andrade, demonstra os desafios processos das pequenas e mé-
enfrentados pelo setor na dias empresas para melhoria da
retomada do crescimento com a produção.
força das federações da indústria,
a exemplo da FIEMA.

Desempenho de excelência

27 Ser um fornecedor atestado pela


qualidade de seus programas é
ESPECIAL uma meta perseguida por muitas
empresas que aderiram ao PDF
(Programa de Desenvolvimento
de Fornecedores).

30
TENDÊNCIAS

Pode custar muito caro

No moderno ambiente empresa-


rial brasileiro, saúde e seguran-
ça do trabalhador deixam de ser
despesas e passam a significar
investimentos importantes que,
inclusive, evitam prejuízos ao caixa
da empresa.

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 05


CARTA DE APRESENTAÇÃO

MARANHÃO
INDUSTRIAL
O INSUMO VALIOSO
Federação das Indústrias do Estado do Maranhão
www.fiema.org.br
DA INFORMAÇÃO

A
Presidente
Edilson Baldez das Neves s expectativas otimistas com relação ao cenário eco-
1º Vice-Presidente nômico nacional parecem ter naufragado logo nos
Francisco de Sales Alencar
2º Vice-Presidente primeiros meses de 2017. Segundo os últimos dados
Jose Orlando Soares Leite Filho divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
Vice-Presidentes: Mário Machado Mendes, Clynewton Dias dos
Santos, Cirilo José Campelo Arruda, Cláudio Donizete Azevedo, ca (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 3,6%
Benedito Bezerra Mendes, José de Ribamar Barbosa Belo, João em relação ao ano anterior. Com a queda, já são dois anos
Alberto Teixeira Mota Filho, João Neto Franco, Júlio Rodrigues
dos Santos, Francisco de Assis Miranda, Antônio Carlos Lopes seguidos de baixa. Dados do Cadastro Nacional de Empre-
Ribeiro, Francisco das Chagas Sousa Nascimento, Ana Rute Nunes gados e Desempregados (CAGED), referentes ao mês de
Mendonça, Osvaldo Amaral Pavão, Antônio Rosa Cruz Pereira,
Nelson Nagem Frota, Cíntia Cristina Ticianeli, João Batista Rodrigues, janeiro deste ano, registram ainda o fechamento de 2,1 mil
José Raimundo Nunes Sarmento, Antônio Alves Barbosa, Luís dos postos de trabalho, neste período, no Maranhão. O setor da
Santos Lima, José Antônio Buhatem, Francisco de Assis Gonçalves
e Rachid Abdalla Neto. Construção Civil registrou maior número de demissões no
1º Secretário
estado. O IBGE também já divulgou, este ano, a renda per
Leopoldo Debtz de Moraes Rêgo capta por domicílio. Das 27 unidades da Federação, 20 es-
2º Secretário
Pedro Robson Holanda da Costa
tados ficaram abaixo da média de 2016. O Maranhão ficou
1º Tesoureiro em último lugar, com renda per capta familiar de apenas 575
José de Jesus Reis Ataíde
2º Tesoureiro reais por habitante.
Raimundo Nonato Pinheiro Gaspar

CONSELHO FISCAL - EFETIVOS As perspectivas locais sofrem com o efeito dominó. Em en-
Luiz Fernando Coimbra Renner, Roberto Vasconcelos Alencar e trevista nesta edição, o secretário de Indústria, Comércio e
Francisco de Assis Barros Carvalho.
Energia, Simplício Araújo, fala de vultosos investimentos fei-
CONSELHO FISCAL - SUPLENTES tos pela iniciativa privada no Estado, mas admite que, com
Edvan da Silva Amâncio e Carlos Geisel Alves Barbosa.
relação ao PIB estadual, é preciso olhar também para a
DELEGADOS REPRESENTANTES JUNTO À CNI questão nacional. “É uma coisa que afeta o Brasil como um
Efetivos: Edilson Baldez das Neves e Francisco de Sales Alencar.
Suplentes: Alexandre Rodrigues Ataíde e Joanas Alves da Silva. todo”, contextualiza a crise.
Presidentes dos Sindicatos afiliados:
Benedito Bezerra Mendes, Jeremias Oliveira Gaspar, Fábio Ribeiro Se por um lado, a indústria nacional não tem dado sinais
Nahuz, Fabiano Churchill N. Cesar, João Neto Franco, Carlos
Geisel Alves Barbosa, Ana Rute Nunes Mendonça, João Carlos
claros de recuperação, a produção industrial maranhense
Magalhães Lopes, Pedro Robson Holanda da Costa, Raimundo manteve-se em crescimento pelo quarto mês consecutivo.
Nonato Pinheiro Gaspar, Edvan da Silva Amâncio, Adão Gonçalves
de Oliveira Junior, Francisco de Assis Gonçalves, Roberto Carlos
Segundo a Sondagem Industrial do Maranhão, elaborada
Moreira, Luís dos Santos Lima, Antônio Carlos Lopes Ribeiro, José pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIE-
de Ribamar Barbosa Belo, Mário Machado Mendes, Joanas Alves da
Silva, Manoel de Jesus Silva, Cláudio Donizete Azevedo, Alexandre MA) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria
Rodrigues Ataíde, Nelson José Nagem Frota, Antônio Rosa Cruz (CNI), houve um aumento de 7,6 pontos em janeiro de 2017,
Pereira, Rodolfo Natalino Alexandrino Araujo, Francisco Magalhães
Rocha e Cintia Cristina Ticianeli. em consequência do crescimento da produção nas indústrias
de todos os portes, mas muito abaixo do que seria desejado.
SISTEMA FIEMA
Superintendência da FIEMA O resultado não reflete a situação precária, por exemplo, dos
Albertino Leal de Barros Filho distritos industriais de São Luís e de alguns municípios, ma-
Superintendência Regional do SESI
Roseli de Oliveira Ramos téria da editoria Ameaças e Oportunidades. Mas demonstra
Diretoria Regional do SENAI, Superintendência Regional do IEL e que há muitos mercados promissores a serem explorados
Superintendência Corporativa
Marco Antonio Moura da Silva no Maranhão, um estado com inquestionável potencial eco-
Coordenadoria de Comunicação e Eventos do Sistema FIEMA nômico, a exemplo dos campos de produção de gás da Bacia
Fernanda Moraes Rêgo
do Parnaíba, em área predominantemente maranhense, re-
Revista da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão
- FIEMA
portagem de capa deste número, e da indústria de alimen-
Av. Jerônimo de Albuquerque, S/N - Cohama - CEP 65.060-645 - tos, na editoria Feito no Maranhão.
São Luís-MA.
Tel.: (98) 3212.1897
www.fiema.org.br O cenário é dos mais adversos. Porém, o crescimento da ati-
Facebook: Sistema FIEMA
Instagram: @sistemafiema vidade da indústria local, em plena retração econômica, evi-
dencia um setor que contribui, decisivamente, para manter
Edição: Com Comunicação Estratégica
Editora: Flávia Regina Melo (DRT-MA 955) o estado de pé. A tarefa de mostrar contradições, debater,
Impressão: Gráfica POLIGRAF questionar, contribuir para o desenvolvimento por meio da no-
Reportagem: Benedito Júnior, Djane Sampaio, Emerson Araújo e
Léa Martins Brito. tícia significa o cumprimento de nossas finalidades editoriais.
Fotografia: Acervo CNI, Acervo FIEMA, Assessoria de Comunicação Afinal, é a informação o insumo mais valioso do século XXI.
da Parnaíba Gás Natural, Divulgação Shows, Flávia Regina, Miguel
Ângelo, Orcenil Júnior, Veruska Oliveira.
Boa leitura!
As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade
de seus autores, não refletindo necessariamente o pensamento do
Sistema FIEMA.

06 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


INSUMOS

OLHO POR OLHO


O governo do estado do Tocantins fiscais pela Fazenda maranhense, essa medida para proteger e tor-
adotou política de reciprocidade o secretário da Fazenda do Es- nar nosso comércio mais competi-
fiscal com o Maranhão, equiparan- tado do Tocantins, Paulo Antenor tivo”, declarou. Em Palmas, capital
do as taxas de impostos às mes- Oliveira, explicou que houve prejuí- daquele estado, o supermercado
mas cobradas aqui. Após criticar o zos com fechamento de empresas Mateus fechou suas portas.
que chamou de aplicação de so- e diminuição do número de vagas
bretaxas e retiradas de benefícios de empregos. “Tomamos

A elétrica Equatorial Energia,


que controla as distribuidores de
eletricidade do Maranhão e do ALTA VOLTAGEM
Pará (CEMAR e CELPA), divulgou o
desempenho obtido com o negócio
em 2016, encerrando o ano com
um caixa consolidado de 3 bilhões
de reais. O volume total de energia
distribuída pelas empresas somou
3.948 gigawatts-hora, no período,
com expansão de 1 por cento no
mercado da CEMAR e contração
de 3,7 por cento na CELPA, no
quarto trimestre, maior do que o
mesmo período do ano anterior.

BENEFÍCIOS DO LEITE
Em Imperatriz, a expectativa é leite por dia, gerando mais de 150 RECURSOS MINERAIS
grande para a instalação, este empregos diretos na fase inicial.
ano, de uma unidade da indústria Atualmente, o Maranhão tem uma O secretário de Indústria, Comér-
de laticínios Piracanjuba. O em- produção anual de 393 milhões de cio e Energia do Estado, Simplício
preendimento vai funcionar nas litros de leite, que coloca o estado Araújo, entrevistado nesta edição
dependências das antigas insta- na 4ª posição em relação à pro- de Maranhão Industrial, garante
lações da Cooperleite, localizada dução do Nordeste e em 16º lugar a continuidade de todas as ações
no bairro Bacuri, e terá previsão no ranking nacional. relacionadas às fontes de ener-
de captação de 120 mil litros de gias não renováveis, mesmo com
a fusão da Secretaria de Minas
e Energia, após a reforma admi-
nistrativa do governo no início do
ano. Simplício informou que será
feita uma catalogação de todos
os recursos minerais encontrados
no estado, por ações em diálo-
go com a FIEMA, a Secretaria de
Meio Ambiente e os sindicatos de
Mineração, para maior controle
da atividade e dos licenciamentos
adequados. Segundo ele, os da-
dos serão importantes não ape-
nas para o governo, mas principal-
mente para os empresários que
queiram investir no setor.

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 07


ARENA DE DEBATES

DJALMA AM, onde comanda os programas


Notícias da Capital, da segunda
a sexta-feira, das 17:30h às 19h.
RODRIGUES Foi diretor de redação do Jornal
do Tocantins, em Imperatriz,
diretor de Revisão do antigo
Jornalista e consultor de Comuni- Serviço de Imprensa e Obras
cação da Federação dos Municí- Gráficas do Estado (SIOGE) e
pios do Estado do Maranhão (FA- repórter dos jornais O Estado
MEM), assessor de Comunicação do Maranhão, Jornal Pequeno
da Câmara Municipal de São Luís e repórter e diretor de redação
e apresentador da Rádio Capital do extinto Jornal de Hoje.

?
A Construção Civil foi o setor mais atingido
pela crise econômica nacional. Qual a avaliação
que o senhor faz das perdas para este
segmento aqui no Maranhão

FÁBIO Presidente do Sindicato das

NAHUZ Indústrias da Construção Civil do


Maranhão (SINDUSCON)

O
s impactos da crise econô- afetou cinco vezes mais, em de- pagar os imóveis adquiridos, com
mica brasileira foram enor- corrência da forte agregação da queda para a receita direta das
mes em nosso setor, com cadeia produtiva. Por outro lado, construções. O CUB (Custo Unitá-
proporção ainda mais grave se houve também um alto índice de rio Básico da Construção Civil), no
formos considerar que a indústria distratos chegando aos 43,4% Maranhão, foi de R$ 1.194,68 (mil,
da Construção Civil é a maior do no ano passado, por parte de cento e noventa e quatro reais
estado do Maranhão, a que mais pessoas que não conseguiriam e sessenta e oito centavos), em
gera empregos. E, quando a crise março deste ano.
nos atinge, atinge também toda
uma cadeia que envolve farda- Mas a crise trouxe também desa-
mento, alimentação, material de
Mas a crise trouxe fios à readequação do setor, pro-
construção e outros itens. Ou seja, também desafios à moveu a união dos empresários e
as consequências são diretas no readequação do setor, uma interlocução importante com
enfraquecimento da economia promoveu a união dos instituições financeiras, com os go-
maranhense. Um dos principais vernos estadual e municipal para
fatores agravantes foi a suspen-
empresários e uma atenuarmos os efeitos. Ainda en-
são dos contratos do programa interlocução importante frentamos muitos problemas com
Minha Casa, Minha Vida, provo- com instituições a burocracia excessiva e é crucial
cando grandes perdas de postos financeiras, com os para o setor a resolução do Pla-
de trabalhos. Nossos índices de governos estadual no Diretor da capital. A dinâmica
demissões no setor da construção do Sinduscon-MA (Sindicato das
civil chegaram a 700 mil postos
e municipal para Indústrias da Construção Civil do
de trabalho, diretamente, e indi- atenuarmos os efeitos. Maranhão) não foi afetada com a
retamente – pelos nossos cálculos crise, muito pelo contrário.

08 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


CAPITAL DE GIRO

INVESTIMENTO COM RETORNO GARANTIDO


O Sistema FIEMA deve investir, para a formação profissional e e da competitividade, tendo como
este ano, em suas unidades do melhoria da qualidade de vida dos principal objetivo promover o
Serviço Nacional de Aprendizagem industriários, aquecem a econo- bem-estar do trabalhador. Os re-
Industrial (SENAI) e Serviço Social mia maranhense. De 2011 a 2016, cursos para as obras são oriun-
da Indústria (SESI), um montante o SENAI Maranhão capacitou 340 dos do BNDES – Banco Nacional
aproximado de R$ 36 milhões em mil pessoas em todo o Estado. de Desenvolvimento Econômico e
educação profissional, inovação e Já o SESI tem atendido às de- Social, Departamentos Nacionais
promoção da saúde e segurança mandas da indústria maranhen- do SENAI e SESI, com contraparti-
do trabalhador da indústria. São se, com ações que contribuem da dos Departamentos Regionais.
recursos que, além de contribuir para o aumento da produtividade

MILHÕES EM EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL, SAÚDE E
SEGURANÇA

Os resultados da política de in-


vestimento em educação profis-
sional, saúde e qualidade de vida
do trabalhador da indústria para
a Região Tocantina e outros mu-
nicípios não param. Em Açailân-
dia, o Sistema FIEMA inaugurou as
novas instalações do SENAI – um
Centro de Educação Profissional e
Tecnológica, com capacidade para
atender 350 alunos por turno, oito
novas salas de aulas e oito labora-
tórios modernos e dois novos cur- vai executar ainda a construção, instalações do SESI - um prédio
sos: um na área de Refrigeração e em Açailândia, de uma Unidade de moderno e funcional, com área
outro na área Automotiva. Foram Qualidade de Vida do Trabalhador de 4.620 metros quadrados, seis
investidos cerca de R$ 12 milhões da Indústria, com custo de R$ 8,3 pavimentos e investimento de R$
na estrutura e base tecnológica, milhões. Em Imperatriz, já foi as- 10,8 milhões.
com o objetivo de atender às vo- sinada ordem de serviço para o
cações industriais do município e início de construção das futuras
região. Em 2017, o Sistema FIEMA

O presidente da Federação das presidente do Sindibebidas, Nair


MARANHÃO E Indústrias do Estado do Mara- Portela, reitora da UFMA, Paulo
ESTADOS UNIDOS nhão (FIEMA), Edilson Baldez, re- Henrique Aragão Catunda, pró-
cebeu no mês de março, o novo -reitor de Extensão e Assuntos
cônsul comercial dos Estados Estudantis da UEMA, Agenor Al-
Unidos para o Nordeste, Geoffrey meida Filho, diretor executivo do
Stewart Bogart, que conheceu o IFMA, Rachel Miranda, diretora Ad-
potencial econômico do Maranhão ministrativa Financeira do Sebrae-
e falou das possibilidades e prio- -MA, Albertino Leal de Barros Filho,
ridades de negócios do consulado superintendente da FIEMA, Marco
americano nas áreas de saúde, Antônio Moura da Silva, diretor do
tecnologia e energia renovável. O SENAI, Roseli de Oliveira Ramos,
encontro contou com a presença superintendente do SESI, Luiz Viní-
dos diretores da FIEMA, Alexan- cius Muniz, do Centro Internacional
dre Rodrigues Ataíde e José de de Negócios da FIEMA e José Hen-
Ribamar Barbosa Belo, além de rique Braga Polary, coordenador
Francisco Magalhães da Rocha, de Ações Estratégicas da FIEMA.

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 09


FEITO NO MARANHÃO

MESA FARTA
O bom desempenho das indústrias do setor alimentício do
Maranhão evidencia um novo e promissor mercado, que se
beneficia da pequena concorrência local. Djane Sampaio

I
nvestimento, consumo e até sopas com sabores diversificados, controle e envasamento. Respon-
exportações. A partir da com- mistura para mingau, arroz e riso- sável pela geração de 140 empre-
binação desses três pilares, a tos que surgiram da necessidade gos diretos, os proprietários da
indústria de alimentos vem ga- de atender segmentos distintos, empresa pretendem expandir a
nhando força no Maranhão, tra- ligados ao varejo e ao mercado atuação dos negócios para cida-
zendo produtos de qualidade de alimentação fora do lar. Esco- des do Pará e Tocantins, regiões
para a mesa do consumidor e las, hospitais, penitenciária, ongs que já são atendidas pela indús-
expandido o setor a outros esta- e restaurantes populares estão tria Viana. Além de cinco tipos di-
dos do Brasil e até a outros pa- entre o público atendido pela em- ferenciados de café, o empreen-
íses. Empresas como a Nutrichef, presa. Em 2016, a empresa iniciou dimento produz filtros de papel,
Café Viana, Indústria Mateus e a fase de exportação para países molhos e temperos.
Psiu vêm conseguindo se sobres- como a República de Cabo Verde
sair no mercado, mesmo sob os e, a partir daí, começou a investir Cardápio variado - O panorama
efeitos da crise econômica nacio- em embalagens a granel de 25 e do setor no Maranhão demons-
nal. São empreendimentos que 30 quilos. tra que os desdobramentos e a
estão se tornando cada vez mais diversificação dos negócios es-
integrados, englobando não so- Outro exemplo de como a indús- tão na linha de frente para ex-
mente a produção de um produto tria alimentícia se consolida no trapolar o setor e abrir novas
específico, mas incluindo também mercado maranhense é a Indús- possibilidades de crescimento.
um leque de produtos adicionais. tria Viana ou o Café Viana, como é Esse é caso que pode ser facil-
mais conhecida pelos maranhen- mente relacionado com a história
Há 16 anos no mercado local pro- ses. Com um dos maiores parques da indústria Psiu, fábrica que ini-
duzindo alimentos desidratados, produtivos, localizado em Impera- ciou suas operações em 1999 e
a Pronutre tem registrado bom triz, em uma área de 4.500 m², a que hoje atende a 193 municípios
desempenho para se tornar uma empresa realiza as principais eta- maranhenses, a partir dos seus
referência no setor. A aposta da pas de beneficiamento do café, dois centros distribuição, um em
empresa é na linha Nutrichef, mar- incluindo a seleção dos grãos, São Luís e outro em Imperatriz.
ca responsável pela fabricação de torrefação, moagem, aferição,

10 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


Geradora de 343 empregos diretos que qualquer indústria de alimen- de alimentação”, descreve.tocontí-
e mais de 500 indiretos, a empre- tos que venha a ser implantada no nuo. Hoje, somos a segunda indús-
sa produz, além de refrigerantes, nosso estado, se for bem gerida, tria de bebidas não alcoólicas no
água mineral, bebidas mistas e vai dar certo. A Psiu é um exem- Estado, atrás apenas da gigante
energéticos. Entre os projetos de plo clássico. Entramos no mercado multinacional que é a Coca-Cola. E
expansão estão a implantação da há 17 anos e, durante esse tempo, ainda não atingimos nem metade
linha de garrafão de água de 20 li- temos assistimos a um crescimen daquilo que a gente sonha para
tros, linha de latinhas e da linha de daquilo que a gente sonha para a a Psiu. O mercado maranhense é
produtos saudáveis, com menos Psiu. O mercado maranhense é muito promissor para a indústria
açúcar e sódio. muito promissor para a indústria de alimentação”, descreve.

Ao comemorar os resultados da
Psiu e o crescimento da indústria,
o presidente Francisco Magalhães
Rocha afirmou que o Maranhão é
um estado que oferece múltiplas
oportunidades para diversifica-
dos segmentos da indústria de
alimentos. “Grande parte de tudo
que é consumido no Maranhão
vem de outros estados. Acredito

A MARANHENSE PSIU, FABRICANTE


DE BEBIDAS NÃO ALCÓOLICAS:
ATRÁS APENAS DA GIGANTE
COCA-COLA NO MERCADO LOCAL

A unidade fabril Bumba Meu Pão, Ao falar sobre o projeto de am- Comercial do Maranhão (Juce-
indústria de pães do Grupo Ma- pliação do empreendimento, o ma), o Estado possui 3.200 indús-
teus em São Luís, tem produção diretor da indústria Bumba Meu trias alimentícias contabilizadas
mensal de 500 toneladas de pão Pão, Leandro Ortegal, adiantou no cadastro de empresas ativas
e outros itens de panificação e que a meta é dobrar a capacidade do órgão. Desse total, a capital
confeitaria, tais como doces, tor- de produção nos próximos anos e maranhense fica com a maior fa-
tas e salgados que abastecem 35 construir uma nova unidade para tia da Região Metropolitana, com
lojas da empresa, localizadas em atender à crescente demanda. 740 empreendimentos do ramo.
São Luís, Imperatriz, Açailândia, “As indústrias alimentícias no Ma- O município de Imperatriz está na
Balsas, Santa Inês e nas cidades ranhão estão se consolidando segunda colocação, com 298 em-
de Belém, Parauapebas e Cas- cada vez mais, porém temos mui- presas do setor, seguida de São
tanhal no Pará. A indústria fica to a expandir em diversas cate-
José de Ribamar, com um total de
no Distrito Industrial, ocupa uma gorias de produtos do mundo do
142 formalizações, Timon, com 104
área construída de aproximada- alimento. Acredito que seja ques-
e, por fim, Caxias com 102 indús-
mente 4 mil metros quadrados e tão de tempo, pois nossa mão de
é a maior do setor de panifica- obra já está mais desenvolvida e o trias do setor alimentício. São in-
ção em funcionamento na capital, consumo cada vez mais forte, pro- dústrias com portes diferenciados
responsável pela geração direta piciando, assim, possibilidade de e fabricação distinta de produtos
de 420 postos de trabalho. Cria- instalação de outras indústrias e a que precisam de investimentos
da há 10 anos, a Bumba Meu Pão expansão das existentes”, reforça. constantes para ter uma cadeia
oferece produtos de panificação produtiva competitiva.
com aspectos regionais e padro- O mercado promissor tem mo-
niza os produtos disponibilizados tivado empresários a investi- Com foco na competividade, lu-
nas padarias das lojas do grupo. rem. Segundo dados da Junta cratividade e sustentabilidade das

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 11


FEITO NO MARANHÃO

indústrias alimentícias da Região


Metropolitana de São Luís, o Ser-
viço Brasileiro de Apoio à Micro e
Pequenas Empresas no Maranhão
(Sebrae-MA) iniciou, em 2017, o
Programa de Encadeamento Pro-
dutivo para atender, num primeiro
momento, às empresas do setor
de panificação localizadas em São
Luís, Paço do Lumiar, Raposa e São
José de Ribamar, fornecedoras da
indústria Moinho Dias Branco, líder
nacional na fabricação e venda de
biscoitos e massas, com atuação
em oito estados brasileiros. As
empresas que aderirem à inicia-
tiva terão um diagnóstico do ne-
gócio, capacitação e consultorias
a partir das soluções do Sebrae.

De acordo com a gerente da Uni-


dade de Negócios do Sebrae em
São Luís, Giovanna Figueiredo e
Silva, o objetivo é promover o de-
senvolvimento, produtividade e a
ampliação dos negócios na região.
“Superação das metas de venda,
expansão de mercado, fortaleci-
mento da marca, melhorias nos
processos produtivos e gerenciais
são alguns dos avanços espera-
dos. Sabemos que não é simples
fazer as adequações e, por isso,
A FÁBRICA DE PÃES BUMBA MEU PÃO, DO GRUPO MATEUS, TEM esse apoio aponta caminhos para
PRODUÇÃO MENSAL DE 500 TONELADAS E PROMOVE A GERAÇÃO
mudança”, reforçou a gerente.
DIRETA DE 420 EMPREGOS

UM MERCADO 9,3% em relação a 2015 e encerrou em valor bruto de produção


o ano de 2016 com o resultado de (VBPI–IBGE/PIA 2014). O setor

614,3
também é o que mais emprega:
QUE ENGORDA R$

1,6
NO BRASIL bilhões.
Os números de 2016 vão contra
A expansão da indústria de ali- uma tendência dos últimos anos.
mentos no Maranhão, o aumento Segundo a Associação, dentre as
de investimentos e o bom desem- indústrias de transformação, a de
alimentos e bebidas é a maior, com
penho do setor são comprovados
milhão de
550,8
pelos dados divulgados no balan-
ço da Associação Brasileira das R$ funcionários.
Indústrias da Alimentação (ABIA).

bilhões.
De acordo com a entidade, o fatu-
ramento nominal do setor cresceu

12 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


VITRINE

SUSTENTÁVEL DE A a Z

Fundada em 2013, a Eco Brazil


fabrica produtos, feitos a par-
tir do aproveitamento integral do
coco babaçu. Localizada em São
Mateus (MA), possui uma linha
de produtos que varia de óleos,
azeites, biscoitos e cookies, do-
ces, cocadas artesanais, sorve-
tes, sabonetes e carvão ecológico.
A Eco Brazil abastece empórios,
supermercados e lojas de pro-
dutosnaturais em São Luís. Ainda
em fase de estruturação da dis-
tribuição para outros estados, a
empresa está investindo em um
catálogo on line para atender ao
mercado internacional. No Mara-
nhão, trabalha junto a 10 coopera-
tivas com aproximadamente 200
cooperativados, envolvendo tam-
bém, no processo produtivo, ex-
trativistas e quebradeiras de coco.

BEM NUTRIDA

Com uma linha de produção que Bethe fornece até para o Ceará,
iCom uma linha de produção que Rio Grande do Norte, Pernam-
inclui queijos tipo muçarela, coalho buco, Paraíba e São Paulo. Loca-
e ricota, vendidos para a capital lizada na zona rural do município
maranhense e outros quatro mu- de Açailândia, no Maranhão, a em
nicípios (Imperatriz, Caxias, Açai- presa vem se firmando na cadeia
lândia e Santa Inês), a Laticínios produtiva do leite e seus derivados.

LIMPEZA TOTAL
A marca Nutrilar, de soluções para soda cáustica, limpador perfuma-
limpeza doméstica, avança para do, esponja, pedra sanitária e, em
se consolidar como um empreen- breve, sabão em pó. Os produtos
dimento de sucesso no Maranhão. da Nutrilar já podem ser encon-
Com 16 anos de história e 500 trados em centenas de pontos de
funcionários, a empresa sediada venda de municípios maranhenses
no município de Presidente Dutra e em estados como Piauí, Tocan-
iniciou com produção de sabão e tins, Pará e Amazonas (Manaus).
hoje comercializa um mix que inclui A Nutrilar está expandido a pro-
água sanitária, sabão marmori- dução e construindo um novo par-
zado e glicerinado, produtos para que industrial, com área fabril de
limpar alumínio, alvejante, desin- 69 mil metros quadrados.
fetante, amaciante, sabão líquido,

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 13


PRODUTIVIDADE

REDE SINDICAL DA INDÚSTRIA EM DIÁLOGO

A Confederação Nacional da In- e presidentes e representantes atualmente com a participação


dústria (CNI) e a Federação das de 13 sindicatos patronais ligados ativa de 26 federações e de cer-
Indústrias do Estado do Maranhão à Federação. Por meio de video- ca de 600 líderes e executivos
(FIEMA) realizaram, no auditório conferência, o evento contou com sindicais de 15 setores industriais.
Cássio Reis, na Casa da Indústria, a participação de representantes O presidente da FIEMA Edilson
a primeira edição do Diálogo da da CNI e da CAC Consultoria Polí- Baldez ressaltou, na abertura do
Rede Sindical, reunindo o presi- tica que, de Brasília, abordaram os evento, a importância da iniciativa
dente da FIEMA, Edilson Baldez, o possíveis cenários político e eco- da CNI de promover o diálogo para
superintendente da FIEMA, Alber- nômico do Brasil para toda a Rede atualização sobre o que acontece
tino Leal, os diretores da entidade Sindical da Indústria, que conta na política e na economia do país.

SUSTENTABILIDADE
PARA COMPETITIVIDADE
Quarenta empresas que compõem os
sindicatos ligados à indústria impera-
trizense receberão consultoria espe-
cializada para práticas de responsa-
bilidade ambiental e sustentabilidade,
por meio do programa de Gestão Sus-
tentável e Competitividade para Mi-
cro e Pequenas Empresas, iniciativa
do SESI Nacional. Um workshop deverá
reforçar a iniciativa com a participa-
ção de empresários e representantes
dos sindicatos, entre eles: Sinduscon do
Oeste, Simetal, Sindimir e Sinpancimp.

14 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


PÃO DE CADA DIA

A cidade de Imperatriz recebeu, o evento em parceria com o SE- de Panificação e Confeitaria


em março, o I Seminário de Ges- BRAE, no auditório da FIEMA. A (ITPC) e já realizou mais de 4 mil
tão em Panificação. Com objetivo capacitação foi ministrada pelo palestras no Brasil e exterior. A
de aprimorar as técnicas de ges- administrador e empresário Már- iniciativa contou com a presença
tão, produção, marketing e ven- cio Rodrigues, que possui mais de do presidente do Sinpancimp, Jo-
das, o Sindicato das Indústrias duas décadas de experiência no anas Alves, além de empresários
de Panificação e Confeitaria de mercado de panificação, é idea- do setor de panificação e confei-
Imperatriz (Sinpancimp), realizou lizador do Instituto deTecnologia taria da cidade.

MELHOR DESEMPENHO

O Sindicato da Indústria de Re- da empresa Ultracar, Fábio Mo- com a participação da vice-pre-
paração de Veículos e Acessórios raes, com 25 anos de experiên- sidente do Sindirepa, Leonor de
do Estado do Maranhão (Sindi- cia em gestão e administração de Carvalho, empresários ligados ao
repa) realizou em março, em Im- oficinas, que destacou as princi- setor automotivo e representan-
peratriz, a palestra: Oficina dá Di- pais falhas no processo produtivo tes do Sebrae.
nheiro, mas tem que Administrar, e administrativo das reparado-
ministrada pelo diretor executivo ras de veículos. A iniciativa contou

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 15


AMEAÇAS & OPORTUNIDADES

TRILHA DE DIFÍCIL ACESSO


Centros de fortalecimento da economia e fomento à atividade
industrial, os distritos industriais do Maranhão enfrentam problemas
que vão além da precária infraestrutura.
Benedito Lemos Júnior

Ruas crivadas de buracos, ma- esburacadas. Não temos segu- Luís possui problemas que extra-
tagal invadindo galpões, algumas rança, enfim nenhuma infraestru- polam a precária infraestrutura. A
construções abandonadas, pla- tura. Cumprimos a nossa parte legislação ambiental, por exemplo,
cas de aluguel. A descrição pare- ao recolhermos todos os meses somente entrou em vigência seis
ce ser de um bairro abandonado impostos e o governo não faz a anos após a implantação do Dis-
na periferia de qualquer estado sua”, desabafa. Fernando Mora- trito e não é cumprida por nenhu-
brasileiro, mas é este o quadro es acrescenta que o módulo I do ma empresa instalada no local.
atual do Distrito Industrial de São distrito da capital, em especial, é
Luís, capital propagandeada aos totalmente viável, basta o governo A situação não é melhor em mu-
empresários do Brasil e do mun- investir dando reais condições de nicípios como Pinheiro e Rosá-
do por sua localização estraté- produção e produtividade às em- rio, cujas obras estão paralisa-
gica, extraordinárias condições presas ali instaladas. “A localiza- das há cerca de dois anos. Em
portuárias e outros atrativos. ção é boa, mas, todos os dias en- Bacabeira, só existe o projeto.
frentamos muitas dificuldades e Muitos não possuem qualquer
O empresário Fernando de Almei- obstáculos. Uma delas, é o acesso perspectiva de efetiva ocupa-
da Moraes, proprietário da Pre- ruim à BR-135 e sem sinalização”, ção por empresários locais, de
max Serviços de Concretagem destaca o proprietário da Premax. outros estados ou do exterior.
Ltda, narra as dificuldades vividas
pelos empresários instalados no Criado por meio do Decreto Esta-
Distrito Industrial de São Luís: “os dual n° 7.632, de 23 de maio de
acessos são péssimos, as ruas, 1980, o Distrito Industrial de São

16 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


Expectativa - O presidente da Há um ano, o Governo do Esta- Segundo justifica o secretário de
Câmara de Dirigentes Lojistas de do anunciou a implantação de um Estado de Indústria e Comér-
Pinheiro, Edson Wanderley Pinhei- novo centro industrial para São cio, Simplício Araújo, a situação é
ro, vive da expectativa de que as Luís, localizado a 15 km do Porto reflexo de erros cometidos por
obras sejam retomadas. “Pinhei- do Itaqui, com área de 220 hec- governos anteriores, que não re-
ro, hoje com cerca de 100 mil ha- tares. Em solenidade no Palácio alizaram estudos de viabilidade
bitantes, está distante 120 km de dos Leões, foi amplamente divul- técnica e vocação econômica para
São Luís, 498 km do Pará e 490 gado que o local teria ruas pavi- as suas instalações, além de pés-
km para o Piauí. Portanto, nós es- mentadas, rede de internet, setor sima localização. “Foi um equívoco
tamos no eixo, no centro, do que administrativo, serviços bancários a construção da maioria dos distri-
pode ser um grande centro de e públicos – com ligação de água e tos no Estado do Maranhão. Mui-
distribuição. Temos um aeroporto energia, estacionamento de gran- tos deles representam dois custos
a 4,5 km de nossa cidade, onde de porte, portaria e base para enormes ao governo, o da cons-
pode pousar aviões de pequeno tratamento de resíduos sólidos e trução e da manutenção”, conde-
e médio porte, sem nenhum pro- líquidos. O prazo dado, à época, na. Simplício contabiliza que foram
blema”, explica. Ele ressalta que a para o início das obras era de seis gastos R$ 20 milhões, em média,
conclusão da obra é fundamental meses. Em seguida, foi divulga- em suas construções e R$ 4 mi-
e essencial para o desenvolvimen- do que a implementação do novo lhões, em 2016, em manutenção.
to de aproximadamente 21 mu- distrito industrial seria em janeiro
nicípios da Baixada Maranhense, de 2017. Agora, o Estado aguarda “Vamos entregá-los com to-
para beneficiar uma população de o final do período de chuvas para das as condições necessárias
1,5 milhões de habitantes. cumprir a promessa.

LOGO À ENTRADA DO DISTRITO INDUSTRIAL DE SÃO LUÍS, UMA


CONSTRUÇÃO ABANDONADA SINALIZA A SITUAÇÃO DO LOCAL

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 17


AMEAÇAS & OPORTUNIDADES

para o seu pleno funcionamento. enfatizando que o empresário “Todos nós já sabemos que o Ma-
A administração e manutenção fi- busca uma segurança de 20, 30 ranhão possui localização geográ-
cará por conta dos empresários”, anos para expandir ou implemen- fica privilegiada, porto de maior
explica. Em distritos industriais, tar seus empreendimentos. calado, menor distância com os
como o de Imperatriz, Caxias e principais portos mundiais, entre
Pinheiro, na visão do secretá- Mais do que infraestrutura - Para outras vantagens. Mas é preciso
rio Simplício, o futuro não é dos o empresário e consultor Pedro muito investimento e o empresário
mais auspiciosos. “O distrito de Dantas da Rocha Neto, ex-se- não conseguirá fazê-lo sozinho”,
Pinheiro fica afastado da cidade cretário de Indústria e Comér- explica o empresário. E enumera
e em uma área de desnível muito cio, não basta que o governo a necessidade de uma conjuga-
grande. O de Caxias, a 12 km da apenas implante distritos indus- ção de medidas e fatores que vão
cidade, encarecendo custos para triais, mesmo que tenham toda da implementação de ZPEs (Zo-
a implementação de empreendi- infraestrutura necessária. Ro- nas de Processamento de Expor-
mentos nesses locais, com custos cha Neto defende uma mudan- tação) alfandegada, transporte
adicionais como a implantação de ça nos paradigmas de gestão, multimodal, que se dialogam e se
uma linha especial de ônibus e re- com implementação de Zonas de complementam, além de incenti-
feitórios para os funcionários das Processamento de Exportação vos fiscais, possibilitando a expan-
empresas que lá se instalarem. O Alfandegária, onde os empresá- são e criação de novos negócios
empresário busca melhor localiza- rios tenham real competividade e, consequentemente, empregos,
ção para seus empreendimentos. no mercado local e internacional, renda e produção para exporta-
Mesmo com todos os nossos es- como acontece nos chamados ção. O caminho de transformar os
forços em prospectar investimen- Distritos Industriais e Tecnológi- distritos industriais maranhenses
tos para esses distritos a taxa de cos chineses ou os clusters, que em centros de fortalecimento da
ocupação será baixa. No de Impe- se proliferaram ao longo de Hong economia do estado é promissor,
ratriz, a nossa expectativa é de 30 Kong e Macau, cidades percorridas mas ainda longo.
a 40% de utilização”, argumentou, por ele em missão internacional.

SITUAÇÃO
DOS DISTRITOS
INDUSTRIAIS
DO MARANHÃO
Segundo a Secretaria de Indústria
e Comércio do Estado, existem
atualmente 15 parques e distritos
industriais no Maranhão, locali-
zados nas cidades de Açailândia,
Aldeias Altas, Bacabeira, Bacabal,
Balsas, Caxias, Estreito, Grajaú,
Imperatriz, Porto Franco, Pinhei-
ro, Rosário, São José de Ribamar,
São Luís e Timon. O órgão classi-
fica a situação e cada um, da se-
guinte forma:

18 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


ARTIGO

A FORÇA DA INTEGRAÇÃO
PARA O BRASIL VOLTAR A
CRESCER Robson Braga de Andrade

campo das relações de trabalho, Entre as iniciativas de destaque,


por exemplo, o governo enviou, para está a criação do Maranhão for
a análise dos parlamentares, uma Business, ação que integra o es-
minirreforma da legislação, crucial tado à economia mundial, com a
para elevar os investimentos e promoção de encontros de negó-
gerar empregos. A proposta trata cios e atração de investimentos
de temas importantes, como a com Estados Unidos, Canadá, Chi-
valorização da negociação coletiva. na, Alemanha, Bélgica, Espanha,
Holanda e Liga
Na esfera da po- Árabe.
Foto - Miguel Ângelo lítica econômica e
tributária, conse- Para fazer a No âmbito da
guimos a simpli- economia voltar educação pro-
ficação do Bloco fissional, a FIE-
a crescer, a CNI e

A
indústria brasileira ainda K, que estabelece MA, por meio do
enfrenta graves dificulda- uma série de re- as federações das SENAI, inaugurou
des com o fechamento de gras de apresen- indústrias dos novos laborató-
fábricas, demissões e problemas tação de dados rios em dois cen-
financeiros. Temos o grande de- às autoridades estados, a exemplo tros de educação
safio de reverter esse quadro e, fiscais. A alíquota da FIEMA, têm profissional e tec-
assim, contribuir com a retoma- do Reintegra, que contribuído nológica: no Mon-
da do crescimento econômico do devolve parte dos te Castelo e Tibiri,
país. Apesar do cenário adverso, impostos embuti- fortemente com oferecendo en-
o setor apresentou, em janeiro, dos nas exporta- a agenda de sino profissiona-
alguns indicadores positivos, como ções, foi mantida desenvolvimento lizante de exce-
o crescimento do faturamento em em 2017, os go- lente qualidade.
0,7%, em comparação com de- vernos estaduais econômico e social Também realizou
zembro de 2016, e o rendimento descomplicaram do Brasil. quase 40 mil ma-
médio do trabalhador, que cres- algumas obriga- trículas em 2016
ceu 0,6% no mesmo período. Mas ções acessórias, em várias moda-
ainda precisamos de mais núme- e o Supersimples, regime de pa- lidades de ensino, atendendo mui-
ros positivos ao longo do ano para gamento único de impostos, foi tas empresas.
a consolidação da recuperação. modificado, instituindo vantagens
para micro e pequenas empresas. Com esse trabalho articulado, po-
Para fazer a economia voltar a demos ajudar o país a superar as
crescer, a Confederação Nacio- Além desses resultados em nível dificuldades que atrasam a com-
nal da Indústria (CNI) e as federa- nacional, fruto do apoio das fe- pleta realização do nosso poten-
ções das indústrias dos estados, a derações, cada uma delas tem cial como grande nação. Nesse
exemplo da Federação das Indús- adotado uma atitude proativa em processo, a FIEMA, sob a liderança
trias do Estado do Maranhão (FIE- favor do fortalecimento industrial do presidente Edilson Baldez das
MA), têm contribuído fortemente regional. A FIEMA empreende es- Neves, tem contribuído enorme-
com a agenda de desenvolvimen- forços significativos para a melho- mente para que o Brasil retome o
to econômico e social do Brasil. ra dos indicadores industriais, do caminho do desenvolvimento eco-
desenvolvimento econômico da nômico e social.
Esse movimento articulado in- Região Nordeste e da competiti-
fluencia positivamente a tomada vidade das empresas do estado.
de decisões pelo poder público. No Robson Braga de Andrade é
presidente da Confederação Nacional
da Indústria (CNI)

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 19


CAPA

A TODO GÁS
Condições altamente favoráveis contribuem para que o Maranhão
se transforme, de fato, na nova fronteira energética do Brasil.

A
gosto de 2010. Os princi- “O anúncio, eu me lembro como ANP (Agência Nacional de Petró-
pais jornais do Maranhão se fosse hoje, de grandes volu- leo), o Maranhão foi o estado que
estampavam as declara- mes de gás feito pelo Eike Batis- mais atraiu investidores, com 6
ções do empresário Eike Batista, ta. Foi muito exagerado”, afirma blocos arrematados, em um leilão
à época um dos homens mais ri- o secretário de Indústria, Comér- realizado em meio a solavancos na
cos do mundo, de que havia “meia cio e Energia do Estado, Simplí- economia nacional, que terminou
Bolívia em gás no Maranhão”. De- cio Araújo, que admite não exis- somente com 14% de arremates.
tentor de um dos maiores poten- tir um excedente de gás natural O volume hoje estimado de reser-
ciais de gás natural do Brasil, na no momento a ser utilizado para vas, a partir de estudos já realiza-
região leste, com oeste do Piauí fins industriais. Ainda pairam mui- dos, está na ordem de 27 bilhões
e áreas de menor extensão em tas dúvidas sobre o propalado de metros cúbicos. A Parnaíba Gás
outros estados, compondo a Ba- potencial de gás no estado, já Natural, principal empresa insta-
cia do Parnaíba (uma das quatro chamado pelos órgãos governa- lada em território maranhense,
maiores bacias paleozoicas bra- mentais locais de “a nova fron- possui 101 poços exploratórios na
sileiras), o estado é a nova por- teira energética do gás natural.” Bacia do Parnaíba. Mas os núme-
ta de entrada para investidores ros promissores não param por aí.
de todo o país. Porém, sem as Em outubro de 2015, na 13a. ro- Estudos da própria ANP indicam
megalômanas projeções iniciais. dada de licitações de blocos ex- que a reserva atual corresponde
ploratórios de gás, realizada pela a apenas 10% do total estimado.

20 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


Além do horizonte - “Pelo cur- Panorama atual - Existem hoje
to espaço de tempo, a Bacia do oito empresas concessionárias
Parnaíba já produz muito, mes- presentes no estado, em fase ex-
mo assim ainda está aquém da ploratória, já que os contratos as-
potencialidade, daquilo que pode sinados com a ANP permitem um
entregar de riqueza e de atração prazo de até 5 anos para a pro-
de novos investidores”, afirma a dução. Após arrematar blocos de
diretora-presidente da Gasmar gás, as empresas passam a ter
(Companhia Maranhense de Gás), direitos de concessão de explo-
Telma Thomé. Com mais de 20 ração, desenvolvimento e produ-
anos de experiência no ramo, a di- ção de gás natural. Atualmente, a
retora da concessionária do esta- única que produz no Maranhão é
do considera: “as empresas estão a Parnaíba Gás Natural (PGN), a
esperando que o cenário econô- maior empresa privada de explo-
mico no Brasil apresente um ris- ração e produção de gás natural
co mais previsível. Não podemos do país, que surgiu após transa-
esquecer disto. Mas eu garanto A DEPUTADA ESTADUAL ANA ções bilionárias e acordos de re-
que, nos próximos 5 anos, o Ma- DO GÁS (PCDOB): LIDERANÇA cuperação judicial envolvendo a
REPRESENTATIVA DO POTENCIAL
ranhão será o estado que mais vai ENEVA e OGX, do empresário Eike
DE GÁS NO ESTADO
crescer neste setor”. A declara- Batista. As reservas de gás em
ção nada tem de exagerada, ba- produção no Maranhão atendem
seia-se em estatísticas. Em 2016, gerado lucro e até mesmo turbi- à demanda de usinas do Comple-
houve um acréscimo de 75% na nado o surgimento de represen- xo Termelétrico Parnaíba. O gás é
capacidade de produção de gás tantes na política local. A deputada utilizado em turbinas e motores
natural, de 4.8 para 8.4 milhões Ana do Gás (PcdoB) recebeu o so- para geração de energia elétrica
m3/dia (metros cúbicos por dia). brenome fictício logo após o início que vai para o Sistema Elétrico
O estado passou a ocupar, junta- da exploração do gás no município Nacional, abastecendo o Mara-
mente com o Rio de Janeiro, São de Santo Antônio dos Lopes. ”As nhão e outras regiões do Brasil,
Paulo, Amazonas, Espírito Santo e lideranças locais se preocuparam porém, distribuído apenas para as
Bahia, uma posição de destaque em ter um representante no par- usinas termelétricas. O gerente de
no ranking de produção nacional. lamento para acompanhar e res- relações institucionais da Parnaíba
Dados oficiais da ANP (ver grá- guardar nossos direitos e garantir Gás Natural, Marco Túlio Rodrigues,
fico na página 22), de dezembro que a região fosse beneficiada”,
de 2016, apontam o Maranhão justifica a deputada, explicando a O INÍCIO DA EXPLORAÇÃODE
como o sexto maior produtor de origem do “gás” no nome registra- GÁS NO ESTADO JÁ SINALIZA
gás natural do país. A riqueza tem do em cartório, Ana Mendonça. BOAS PERSPECTIVAS PARA
UM NEGÓCIOS DE SOMAS
ESTRATOSFÉRICAS

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 21


CAPA

Gráfico 1. Distribuição de Gás Natural por Estado

explica que os atuais níveis de con- Entraves - Há, entretanto, alguns interesse em gasodutos. O em-
sumo de energia em São Luís não obstáculos na rota percorrida pelo presário faz contas. O empre-
justificam investimentos para um Maranhão para alcançar o pata- sário quer garantias jurídicas. Se
eventual abastecimento (domici- mar de nova fronteira enérgica do não houver um ambiente juridi-
liar, industrial, comercial e automo- Brasil. Ex-diretor da ANP, o mara- camente em que se possa in-
tivo). “O esforço que a companhia nhense Allan Kardec Duailibe ob- vestir, ele não investe. A outra
faz para explorar o gás no Mara- serva: “O Maranhão já está produ- é a garantia de preço. E isso im-
nhão serve de demonstração para zindo bem, mas o estado tem que plica em fazer um investimen-
atrair mais investidores ao esta- explorar isso a seu favor. E isto só to de longo prazo”, argumenta.
do. Estamos falando em somas pode acontecer se houver um diá- Neste mercado, as cifras cos-
estratosféricas”, justifica. Apenas logo com as leis federais”. Ele con- tumam de fato ser superlativas.
para se ter uma ideia dos vultosos sidera que existe uma lacuna de Em 2014, a Parnaíba Gás Natural
investimentos, a empresa gastou legislação específica para o setor. foi destaque no jornal Valor Eco-
cerca de 140 milhões de reais para “Na verdade, esse modelo, que eu nômico por ter registrado um lu-
a construção de um gasoduto de diria o modelo maranhense, possui cro de R$ 122 milhões, resultado
22 km, ligando os municípios de uma contradição entre a legisla- 863% superior aos R$ 12 milhões
Trizidela do Vale a Lima Campos. ção de gás e a legislação do setor alcançados em 2013. Os cofres
energético, então essa é a grande públicos do pequeno município de
É inquestionável a importância questão a ser resolvida. É preci- Santo Antônio dos Lopes, locali-
do potencial de gás maranhense, so que a bancada (de deputa- zado a cerca de 320 km de São
considerando a crise energéti- dos federais) maranhense aten- Luís, também têm engordado com
ca que afeta o país, há décadas. te para isso”. Kardec, professor os royalites recebidos, nos últimos
Sofrendo os efeitos da retração de Engenharia Elétrica da UFMA, anos. Estados e municípios são
econômica nacional, o Governo do com doutorado e pós-doutora- beneficiados pela compensação
Estado promoveu este ano uma do no Japão, faz uma distinção: financeira repassada pelas em-
reforma administrativa e fundiu a regulamentação da produção e presas que produzem petróleo
a Secretaria de Minas e Energia distribuição do óleo e gás no Brasil e gás natural no território brasi-
com a Secretaria de Indústria e foi feita para a indústria de óleo. leiro, como forma de remunera-
Comércio. Mas a mudança parece “Mas uma coisa é produzir óleo e ção à sociedade pela exploração
não ter afetado o bom desem- outra coisa é produzir gás”. O en- desses recursos não renováveis.
penho do setor, controlado pela genheiro destaca ainda a neces- Para se ter uma ideia, o municí-
Gasmar, nos aspectos da segu- sidade de aumentar o potencial, pio, de apenas 14 mil habitantes,
rança da distribuição e comercia- nos termos do gás não convencio- recebeu em 2016 o total de 9
lização do gás natural. A empresa nal, algo que também demanda milhões 978 mil 304 reais e 83
opera comercialmente há apenas legislação federal. “São necessá- centavos do FPM (Fundo de Par-
3 anos, já se preparando para ae- rios maiores investimentos para ticipação dos Municípios), quan-
xpansão do negócio no estado. aumentar a produção. Não há tia bem inferior aos 12 milhões,

22 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


581 mil 909 reais e 69 centavos ENTENDA MAIS
recebidos em royalites, acumula-
dos em 2015. O QUE É GÁS CANALIZADO?
A diretora-presidente da Gasmar,
Telma Thomé, atesta o bom ne- O serviço público de distribuição majoritária do Estado do Mara-
gócio: “No gás, existe uma carac- de gás canalizado consiste no nhão) e a agência reguladora é a
terística, a de que toda a cadeia fornecimento de gás natural por ARSEMA. Não deve ser confundi-
tributária se consolida dentro do meio de uma rede de gasodutos, do com outros mercados de gás,
estado. Sob o ponto de vista tri- de maneira a atender às necessi- como o de GLP (gás liquefeito de
butário, é altamente atrativo para dades dos setores industrial, co- petróleo, o “gás de cozinha”), re-
que o Maranhão comece logo a mercial, residencial, automotivo e alizado por meio de botijões de
distribuir”. Para o ex-diretor da outros. Assemelha-se, em alguns gás e de abastecimento em reci-
ANP, Allan Kardec, o Maranhão aspectos, aos serviços de distri- pientes específicos, para condo-
precisa ter mais combustível para buição de água e energia elétri- mínios e algumas indústrias - em
subir de patamar. “Nós estamos ca, sendo prestados diretamente um mercado de livre concorrência
produzindo bem, mas para en- pelo Estado ou por uma conces- - por exemplo. Nestes, a regulação
tregar na elétrica e só. Nós não sionária regulada por ele. No caso e fiscalização é exercida pela ANP
temos hoje como distribuir esse do Maranhão, a concessionária (Agência Nacional do Petróleo,
gás”, defende que a produção de é a GASMAR (uma empresa de Gás Natural e Biocombustíveis), na
gás no estado não seja somente economia mista, com participação esfera federal.
para destinação térmica. O setor
é promissor, mas faltam gasodu-
tos e outros investimentos, além
COMO FUNCIONA A CADEIA DO GÁS NATURAL?
de uma legislação específica para
contemplar o futuro do negócio. Geralmente, uma empresa ad- concessionária compra o gás do
quire blocos (áreas de diversos transportador – também um con-
tamanhos, em terra ou no mar) cessionário - ou produtor e distri-
através de licitações promovidas bui e comercializa para o consu-
pela ANP, os explora, descobre midor final. Já no caso de grandes
onde há gás natural e o extrai de consumidores – como uma usi-
diversos poços. A partir daí, atra- na termelétrica movida a gás ou
KARLA THOMÉ - DIRETORA vés de gasodutos, passando por grandes siderúrgicas – o produtor
PRESIDENTE DA GASMAR FAZ uma unidade que trata o gás e re- pode vender diretamente para es-
PROJEÇÕES OTIMISTAS PARA O tira suas impurezas, o “entrega” na tes grandes clientes. Neste caso, a
SETOR NOS PRÓXIMOS ANOS rede de distribuição da conces- concessionária distribui o gás e é
sionária. No caso mais comum, a remunerada por este serviço.

QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS PARA A POPULAÇÃO


MARANHENSE POR CONTA DA EXPLORAÇÃO E
PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL?

Como benefícios para a popula- criação/ampliação de negócios de


ção maranhense frutos do desen- apoio aos empreendimentos esta-
volvimento dessa nova indústria belecidos na região (com fornece-
no estado, estão: a abertura de dores locais de hospedagem, ca-
novas vagas de trabalho, a criação tering e os mais diversos serviços,
de novos cursos de níveis técnico por exemplo), recursos “entrando”
e superior – a fim de que se tenha nos municípios onde há produção
mão de obra local qualificada para de gás (na forma de impostos e
a indústria de gás natural, como royalties) e para o estado do Ma-
em Pedreiras (IFMA) – geração de ranhão (na forma de impostos) e
renda, com mais dinheiro circu- que podem ser aplicados na me-
lando nas cidades em que há ex- lhoria de saúde e educação, etc.
ploração e produção de gás – e a

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 23


BONS RESULTADOS

MARANHÃO MAIS PRODUTIVO


O estado superou a média nacional de produtividade, no
programa Brasil Mais Produtivo, que promove melhoria de resultados
nas empresas, com ajustes de correções de procedimentos.
Djane Sampaio

P
oderia ser apenas arrou- de produção caracterizados por São empreendimentos que ado-
bo de um empresário ávido desperdícios, excesso de proces- taram uma sincronia de estraté-
para estar na vanguarda samento, de tempo de espera e gias rápidas e de baixo custo, que
das mudanças bem-sucedidas. por outras práticas rotineiras, po- estão gerando impactos diretos
Mas não é. O case da Inova Am- rém, que trazem obstáculo à efi- na produtividade dos seus negó-
bientes e de outras empresas cácia da produção. Agora, a meta cios. Um dos exemplos é o da Ino-
como Horizonte Madeiras, Átala principal destas empresas não é va Ambientes, empresa com 23
Colchões, Salenro Móveis e Ca- apenas produzir mais. É produzir anos de mercado, 60 funcioná-
dzol Colchões, todas instaladas mais, utilizando cada vez menos e rios, especializada em desenvol-
em solo maranhense, constitui, de em menos tempo. vimento de projetos e fabricação
fato, uma ruptura com processos de móveis planejados. Segundo o

EMPRESAS TORNAM-SE MAIS COMPETITIVAS APÓS ADOTAREM PRÁTICAS


DO PROGRAMA BRASIL MAIS PRODUTIVO

24 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


proprietário, Wagner Policarpo, as No Maranhão, seis empresas inventário, movimento e defeitos),
boas práticas sempre foram uma já tiveram o processo concluí- alcançaram 60% de aumento na
preocupação constante na ges- do e, por meio de técnicas de produtividade nos setores atendi-
tão do fábrica, tais como os prin- manufatura enxuta, que se ba- dos, com destaque para a empre-
cípios de qualidade que envolvem seia na redução de sete tipos sa Horizonte Madeiras, de Impera-
gerência participativa, valorização de desperdícios (superprodu- triz, que registrou um aumento de
dos colaboradores, garantia de ção, tempo de espera, transpor- 114% de crescimento em um setor
qualidade, aperfeiçoamento con- te, excesso de processamento, específico da produção.
tínuo e satisfação dos clientes.
Mas, ainda assim, ele sabia que Maranhão no topo - De acor-
era preciso maximizar os resul- do com o diretor regional do SE-
tados da empresa, neutralizando NAI - Departamento Regional do
o efeito paralisante do atual ce- Maranhão, Marco Antônio Moura
nário econômico do país. Hoje, na da Silva, os resultados no esta-
avaliação do empreendedor, é do superaram a média de pro-
possível afirmar que esse objeti- dutividade do Brasil que, até o
vo tem sido alcançado com êxito. momento, teve um aumento de
52%. “Focar na melhoria de pro-
Essa trajetória suscita uma ques- dutividade das pequenas e mé-
tão: como a Inova e as empresas dias empresas do setor industrial.
citadas acima estão readequando Esse é o principal objetivo do Pro-
com sucesso os seus modelos de grama Brasil Mais Produtivo, que
gestão neste cenário de incerte- visa à melhoria de resultados nas
zas? A resposta a esta indaga- unidades empresariais a partir
ção enfatiza pontos objetivos: 120 de correções rápidas no proces-
horas de consultoria, três meses so produtivo, sem necessidade
de intervenção de ordem prática, de grandes investimentos em in-
rápida e simples, com foco nos fraestrutura” explicou o diretor.
problemas produtivos. São corre-
ções capazes de desencadear um A Inova Ambientes, primeira em-
salto nos resultados da indústria presa no estado a aderir ao pro-
brasileira e tem um nome: progra- grama, contabilizou um aumento
ma Brasil Mais Produtivo. Lançado de 33% de ganhos na produtivi-
em todos os estados do Brasil, in- dade no setor de Pinturas, setor
cluindo o Maranhão, a iniciativa se prioritário identificado pelo pro-
prepara para entrar em fase de grama. Isso foi possível graças à
expansão. Além das três mil vagas consultoria recebida, com levan-
já disponíveis no programa, a nova tamento de diagnóstico dos pro-
etapa, prevista para os próximos blemas e da implantação de es-
meses, atenderá 15 mil empresas tratégias para correção de cada
no país, das quais estão previstas um dos itens. O trabalho envolveu
pelo menos 140 no Maranhão até várias ferramentas, dentre elas:
2018, e agregará um novo setor, o treinamentos direcionados, tra-
de Equipamentos Médicos e Odon- balho em equipe, readequação de
tológicos, além dos quatro que já layout de matérias primas, aplica-
são atendidos (Metalmecânico, ção da ferramenta 5S nos setores
Moveleiro, Vestuário e Calçados, e implantação de procedimen-
Alimentos e Bebidas). Em outras tos operacionais padronizados.
duas frentes de ação, o progra-
ma deverá incorporar novas me- Segundo os consultores do SENAI,
todologias: a eficiência energética que avaliaram toda a cadeia pro-
das indústrias e adotar instru- O EMPRESÁRIO WAGNER dutiva dentro da Inova, as empre-
mentos de manufatura avançada. POLICARPO, DA INOVA sas precisam se reestruturar com
AMBIENTES, OBTEVE 33% DE a redução de custos de produção
O Programa – que tem a coor- AUMENTO NA PRODUTIVIDADE para serem mais competitivas.
denação técnica do SENAI – já NO SETOR DE PINTURAS Isso vai à contramão da máxima
contabiliza ganhos expressivos de políticas industriais anteriores,
para as empresas participantes.

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 25


BONS RESULTADOS

que focavam mais o ambiente


externo. O foco agora é da por- EXPANSÃO DO PROGRAMA*
ta para dentro dos empreendi-
mentos. “Existem desperdícios
que são intrínsecos ao processo Com alta adesão ao Brasil Mais Pro- segundo momento, o objetivo é bus-
e muitas vezes não são mensu- dutivo e os resultados expressivos car eficiência energética de forma
rados pela empresa. A consul- verificados entre os participantes, o global, dentro da firma, por meio da
toria vem para trazer um novo Ministério da Indústria, Comércio Ex- análise e melhorias no consumo de
olhar para os impactos que es- terior e Serviços (MDIC), trabalha em recursos de produção, no chão-de-
ses desperdícios causam”, explica. uma proposta de expansão, dividida -fábrica. A abordagem terá como
em três fases. A etapa atual, que des- base as premissas da ISO 50001. A
A explicação do consultor é ates- tinou três mil vagas em todo o Brasil e terceira fase do projeto de expan-
tada pelo proprietário da Inova, R$ 50 milhões em recursos, terá pelo são contempla os instrumentos de
Wagner Caldas. Ele atribui à con- menos 300 vagas a mais, agregando Manufatura Avançada. A proposta é
sultoria técnico-gerencial o fator um novo setor ao programa: equipa- aumentar a produtividade e propor-
determinante para a implantação mentos médicos e odontológicos. Para cionar um salto qualitativo para as
das melhorias. “A metodologia do esta nova fase, serão destinados R$ empresas atendidas. Com a partici-
programa contribuiu, considera- 4,5 milhões. Em outra linha, o Brasil pação de oito a dez empresas, será
velmente, para a melhoria dos Mais Produtivo abordará a Eficiência realizado um projeto piloto, em par-
nossos processos. Há diversos as- Energética das indústrias. Utilizando ceria com a CNI e o SENAI para ela-
pectos positivos, como baixo custo, método semelhante, a proposta é, borar, testar e aprimorar a metodo-
rápida intervenção, engajamento de imediato, reduzir desperdícios de logia. Serão destinados R$ 1,5 milhão
dos funcionários e resultados em energia dentro da indústria. Em um em recursos do Senai para o projeto.
curto prazo, pois em menos de
* Informações da Assessoria de Comunicação Social do MDIC
três meses de participação já po-
demos mensurar resultados muito
positivos”, relata com otimismo.

O Brasil Mais Produtivo é coorde-


NÚMEROS DO PROGRAMA*
nado pelo Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços e Atualmente, já foram fechados Madeiras, o programa finalizou no
executado em parceria com o SE- 1.127 contratos no Brasil; Estado o atendimento na Átala
NAI, a Agência Brasileira de Pro- Colchões, que obteve um ganho
moção de Exportações e Investi- Dos 1.127 contratos, 907 estão de 80% na produtividade e Salen-
mentos (Apex-Brasil) e a Agência em execução e 220 concluídos, ro Móveis, com 58%, ambas em
Brasileira de Desenvolvimento desde o início do programa, em Imperatriz. Na capital, as consul-
Industrial (ABDI). Além disso, con- maio de 2016; torias foram concluídas na Cad-
ta com apoio do Serviço Brasilei- zol Colchões, que atingiu a média
ro de Apoio às Micro e Pequenas No Maranhão, o programa aten- nacional do Brasil Mais Produtivo,
Empresas (Sebrae) e do Banco de 20 empresas, com predomi- com 20% de ganho nos resultados
Nacional de Desenvolvimento Eco- nância do setor moveleiro. Além e a Maranhão Colchões com 58%.
nômico e Social (BNDES). Podem da Inova Ambientes e da Horizonte
participar do programa as indús-
trias manufatureiras de pequeno
e médio porte que tenham entre 11
e 200 empregados. O investimen-
to por parte da empresa é de R$ VANTAGENS DO PROGRAMA*
3 mil, que pode ser financiada pelo
BNDES. Como o programa tem
um custo de R$ 18 mil, os R$ 15 mil
restantes são pagos pelo Governo.

* Informações da Assessoria de Comunicação Social do MDIC

26 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


ESPECIAL

DESEMPENHO DE EXCELÊNCIA
De olho em potenciais fornecedores, empresas maranhenses
investem em ferramentas gerenciais para garantir qualidade aos
produtos e serviços ofertados.

“Para atender os clientes em todas


as suas necessidades e se tornar
referência no fornecimento de
produtos em aço para os mais di-
versos fins, nossa empresa enten-
de que é indispensável investir em
capacitação”. É assim que a dire-
tora da Ferronorte, Raquel Alves,
resume a importância de estra-
tégias e processos bem definidos
para garantir o desenvolvimento
contínuo de funcionários e o com-
promisso com a total satisfação
dos clientes. Com quatro unidades
A EMPRESA MARANHENSE
em São Luís, a empresa possui FERRONORTE - ESPECIALIZADA
uma trajetória de crescimento que NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS
ilustra bem a importância de boas EM AÇO ADERIU AO PROGRAMA
práticas empresariais para o su- de crescimento em alta nos ne- DE QUALIFICAÇÃO
cesso do negócio. São 23 anos no gócios: aprimorar processos, ino-
mercado maranhense fornecendo var, realizar a gestão financeira e
produtos e serviços para segmen- pessoal, atuar de forma direcio- Capacitação gerando valores - A
tos da área Metalúrgica, Indus- nada,interagir com clientes e pro- premissa do programa, que reúne
trial, Serralheria, Construção Civil mover capacitação permanente todos os componentes de um case
e peças de comunicação visual. para atender aos requisitos exigi- clássico de sucesso, é trabalhar
dos pelo mercado. São ações que para evitar que se importe, de ou-
Outra empresa que aderiu à im- minimizam os custos e aumentam tros estados ou países, o que pode
plantação de programas de qua- a confiança do público-alvo. E é ser feito por empresas e pessoas
lidade é a maranhense Elétrica exatamente esse caminho que, há estabelecidas no Maranhão, ge-
Visão. Especializada no reparo de 18 anos, vem sendo trilhado por rando emprego, renda e qualida-
centenas de empresas no Mara- de de vida no estado. No total,
motores elétricos, recuperação de
nhão por meio do Programa de mais 120 empresas foram certi-
transformadores, manutenção de
ficadas em São Luís, Imperatriz e
geradores de pequeno e grande Desenvolvimento de Fornecedo-
Açailândia pelo Programa de Cer-
porte, além de bombas centrifu- res (PDF). Considerado um instru-
tificação de Empresas (PROCEM)
gas e máquinas de solda, o em- mento estratégico de articulação-
- uma das ferramentas do PDF, e
preendimento soma 22 anos de entre o poder público e a iniciativa outras centenas receberam ca-
atuação. É considerada a melhor privada, o Programa – criado pelo pacitação em gestão empresarial
empresa do ramo no Maranhão e Governo do Maranhão – hoje é ge- por meio da parceria com o Insti-
vem. Anualmente, sendo avaliada rido pela Federação das Indústrias tuto Euvaldo Lodi (IEL), com cur-
e certificada, com melhoria contí- do Estado do Maranhão (FIEMA) e sos nas áreas de Contabilidade,
nua na gestão de seus negócios. mantido por cinco grandes em- Gestão de Contratos, Formação
presas instaladas no Maranhão: de Preços e Gestão de Pessoas.
As estratégias de gestão adota- Alumar, Cemar, Eneva, Solar e
das pelas empresas reúnem o que Vale, com o apoio de diversas ins- De acordo com a coordenado-
os especialistas chamam de fór- tituições ligadas ao comércio e in- ra de Desenvolvimento Empre-
mula certeira para manter a taxa dústrias locais. sarial, Carreiras e Estágio do

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 27


ESPECIAL

IEL Maranhão, Michele Frota do já realizou um total de 33 Roda- montante investido pelas empre-
Vale, os participantes melhoram das e Encontros de Negócios, con- sas mantenedoras do PDF. De
seus processos e, consequente- sultorias diversas, visitas técnicas 1999, quando o projeto foi criado,
mente, conseguem gerir seus ne- e estreitou parcerias por meio da até 2016, a soma ultrapassava os
gócios de forma mais estruturada participação em eventos como 27 bilhões e 264 milhões de reais
e segura. Segundo ela, passam a Expo Indústria Maranhão, Feira do em negócios realizados, que en-
ter uma vantagem competitiva de Comércio e Indústria de Imperatriz volvem tanto a aquisição de pro-
mercado com a otimização do sis- (Fecoimp), Workshop Empresarial dutos como a contratação de ser-
tema de gestão. “O IEL é respon- de Açailândia e Feira de Negócios viços no Maranhão.
sável por toda operacionalização de Timon. “A empresa participan-
do PROCEM, realizando as eta- te do PDF tem a oportunidade de Ao falar sobre o impacto da inicia-
pasde capacitação, monitoria e melhorar o processo de forneci- tiva para o Estado, o presidente
auditoria por meio de módulos de mento de bens e serviços e, desta do Conselho Gestor do programa,
Qualidade e Produtividade, Saúde forma, passa a ter vantagem com- Carlos Afonso Araújo, represen-
e Segurança do Trabalho e Meio petitiva no mercado em que atua tante da Cemar, destacou que, a
Ambiente, Gestão Contábil, Tribu- com a otimização do seu sistema partir do PDF, as empresas par-
tária, Trabalhista e Financeira e de gestão. O Programa, a pedido ticipantes se tornam muito mais
Responsabilidade Social. Também das mantenedoras e do Sistema eficientes, focadas, com produtos
atuamos com as etapas de recer- FIEMA, organizou vários Encontros e serviços cada vez mais com-
tificações, que acontecem a cada de Negócios, quando os empre- petitivos. “São empresas que
12 meses após a certificação”, ex- sários locais conheceram asre- passam a ter uma participação
plicou a coordenadora, acrescen- gras de contratação e tiveram o extremamente positiva no de-
tando: somente em 2016, foram primeiro contato com o setor de senvolvimento do Estado, visto
capacitados 78 colaboradores de suprimentos dos compradores”, que por meio do PDF tornam o
42 empresas. afirmou o coordenador do PDF, ambiente de negócios mais par-
Carlos Jorge Taborda Macedo. ticipativo e, consequentemente,
Para facilitar o processo de gestão contribuem para o fortalecimen-
estratégica, o programa também Outro dado que reforça a po- to da economia local”, garantiu.
tencialidade da iniciativa é o

Ferramenta de sucesso - “O PDF


tem contribuído muito para alcan-
çarmos nossos objetivos e metas. COMO PARTICIPAR?
As orientações subsidiaram nossa Para fazer parte do PDF, a em- Engenharia de Projetos, Comércio,
busca pela melhoria dos proces- presa precisa ter CNPJ no Ma- Fabricação e Montagem, Constru-
sos internos e externos e isso nos ranhão e preencher um formulá- ção Civil, Serviços e Indústrias em
possibilitou atender as novas exi- rio no site www.fornecedoresma. Geral. Além da Ferronorte e Elétri-
gências do mercado e fechar mui- com.br. A solicitação é gratuita e ca Visão, empresas de vários seg-
tos negócios”, declarou a gerente o fornecedor passa a usufruir das mentos como Centro Elétrico, NBR
administrativa da Elétrica Visão, ações do Programa, entre elas, Empreendimentos, FONMART
Lilian Pereira. “Nossa empresa participação em cursos, rodadas Tecnologia e Selava Lavanderia
tem uma preocupação perma- de negócios e outros. Após o ca- integram o universo das 120 em-
nente com o crescimento e o PDF dastro, as empresas recebem a presas já certificadas no PROCEM
é um projeto que nos propõe mu- visita de um técnico do PDF para pelo PDF e fazem parte dos mais
danças e soluções diferenciadas validar as informações. As empre- de mil fornecedores cadastrados
nos nossos resultados”, completou sas cadastradas são classificadas no programa.
a gerente. Na avaliação de Raquel nas seguintes áreas de atuação:
Alves, da Ferronorte, o PDF traz
como principais resultados a im-
plantação de indicadores que
permitem à empresa avaliar o seu
desempenho no mercado. “São
boas práticas que nos direcionam
para uma gestão empresarial de
alta performance”, declara.

EMPRESÁRIOS BUSCAM A
CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE
SEUS PRODUTOS E SERVIÇOS PARA
MELHOR ATENDER À CLIENTELA

28 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


DIAGNÓSTICO

Os indicadores abaixo referem-se, em sua maioria, à conjuntura econômica maranhense e sofrem


alterações por período, sujeitos à instabilidade da economia. A cada edição, eles serão atualizados
para um panorama comparativo mais completo e a melhor prestação de serviço aos leitores.

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 29


TENDÊNCIAS

PODE CUSTAR MUITO CARO


Saúde e segurança do trabalhador parecem custos, mas são
investimentos que podem evitar situações de risco capazes de
afetar o trabalhador e toda a empresa. Léa Verônica
Emerson Araújo

D
ez homens trabalham na do pagamento de possíveis in- exemplo, um acidente de trabalho
concretagem de uma laje. denizações resultantes de ações para essa empresa? Quanto cus-
Todos usam EPIs (Equipa- na justiça trabalhista, acarretam ta esse afastamento? Desta for-
mentos de Proteção Individual). maior impacto no orçamento ma, o que estamos fazendo ago-
Porém, um detalhe, quase im- de uma empresa do que ado- ra, nacionalmente, é justamente
perceptível, demonstra falha nas tar procedimentos de prevenção. dando transparência a esses nú-
condições de trabalho. Para este meros, a exemplo da parceria que
tipo de atividade, é recomendada Para o gerente de Saúde e Se- tivemos com a CBIC (Câmara Bra-
a bota sete léguas que impede o gurança do Trabalho do SESI Na- sileira da Indústria da Construção),
contato do concreto (por possuir cional, Julio Zorzal, a questão da do setor da Indústria da Constru-
propriedades cáusticas) com a saúde e a segurança no traba- ção, uma ferramenta para que a
pele. Os funcionários executam lho tem que ser entendida como empresa consiga simular situa-
a obra usando bota de borracha. investimento para a empresa. ções relacionadas ao custo com
No final do dia, o estrago estava “Quando se trabalha as questões fatores de prevenção”, explica.
feito: os dez apresentaram cor- relacionadas ao acidente de tra-
rosão nos membros inferiores do balho se aumenta a possibilidade Neste processo, o trabalhador é
corpo. Dez acidentes de trabalho, de parceiros para essa empresa e peça-chave, pois ciente dos ris-
provocando o afastamento dos até são diminuídos os custos ad- cos de não utilizar normas básicas
empregados e uma dezena de vindos do próprio acidente, que de segurança no trabalho, sabe
potenciais indenizações terá que ocasiona o afastamento desse do que pode acarretar de com-
ser paga pela empresa. trabalhador. Há multas, embar- prometimento em sua carreira
gos”, pondera. Ele também fala profissional. “Isso é algo que te-
A história é verídica e foi relatada da iniciativa do SESI em realizar mos que fomentar e disseminar,
pelo médico do trabalho e pro- uma espécie de mapeamento, constantemente, no ambiente da
fissional prevencionista do Ser- junto às empresas, para saber empresa. A questão da saúde e
viço Social da Indústria, Gusta- as principais causas de afasta- segurança no trabalho não pode
vo Nicolai, durante uma série de mentos dos funcionários e qual o ser esquecida. Por esta razão, a
workshops desenvolvido, em São custo relacionado a esses afas- orientação de programas como o
Luís, pelo SESI Nacional para de- tamentos. “Muitas dessas empre- da educação continuada é funda-
bater, discutir, divulgar políticas e sas às vezes não têm essa infor- mental para a manutenção des-
projetos da instituição nessa área. mação. Então, quanto custa, por ses indicadores de melhoria da
A situação serve também para
ilustrar como investimentos na
saúde do trabalhador e na segu-
rança do trabalho podem evitar
custos com situações de risco, que
trazem prejuízos não só ao traba-
lhador, mas para toda a estrutura
organizacional de uma empresa.

Gustavo Nicolai alerta que investir


em segurança do trabalho não é
gasto. Despesas com transporte
do funcionário acidentado, afas-
tamentos causados por doen-
ças ocupacionais, contratação
de mão de obra temporária de
quem vai ocupar o lugar ocioso
deixado pelo acidentado, além

30 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


qualidade de vida do funcionário”,
ressalta Julio Zorzal. SOLUÇÕES SESI NA REDUÇÃO
“Não é custo é investimento” - Se- DE ACIDENTES DE TRABALHO
gundo a supervisora de Saúde da
empresa Vale, Alessandra Correia O SESI Maranhão oferece diversas do Trabalho e Emprego para
Santos, que também participou soluções às empresas locais para apontar as adequações neces-
dos workshops desenvolvidos pelo reduzir os números de acidentes sárias ao ambiente de trabalho.
SESI no Maranhão, o desafio que as de trabalho e aumentar a qualida- O programa, além de prestar as-
empresas têm hoje é justamente de de vida dos seus trabalhado- sessoria quanto à implantação e
encarar os investimentos na área res. Dentre elas, está o Programa o monitoramento das ações de
de saúde e segurança do traba- SESI PIT STOP de Segurança e melhoria, de forma planejada e
lho como um “retorno” e até lucro. Saúde no Trabalho. Lançado em com custos controlados, promo-
2015, foi inicialmente implantado ve benefícios na qualidade de vida
Nessa ótica, de acordo com espe- nas unidades do Serviço Social dos trabalhadores do segmento.
cialista, a Vale vem combatendo de São Luís, Imperatriz e Caxias. A adesão ao programa é gratuita.
o absenteísmo (que nada mais é O coordenador de Qualidade de Na fase inicial, o PIT STOP aten-
que do que a ausência do fun- Vida em Saúde e Segurança no deu à indústria da construção ci-
cionário no ambiente de trabalho Trabalho da entidade, Allan Kardec vil, trabalhando em 12 canteiros
seja por faltas, saídas ou atrasos, Ayres Ferreira explica que no PIT de obras. Na segunda fase, de
justificados ou não). A empresa STOP, uma equipe formada por 2016, a iniciativa também come-
vem fazendo um trabalho de pre- engenheiros, técnicos, enfermei- çou a trabalhar com o segmento
venção, com exames periódicos ras e médicos do trabalho realiza, de indústria da transformação,
em cima dos riscos operacionais, em um período de aproximada- tendo 20 adesões. “Atualmente,
o que não impede o aparecimento mente três meses, um diagnósti- estamos com meta para traba-
de outras doenças, com ou sem co completo, em que analisam se lhar 100 empresas, dos segmen-
relação com o trabalho, mas pode a empresa industrial está ou não tos de construção, transformação
evitar os afastamentos em longo, em conformidade com as Normas e industrial em geral”, informou.
médio e curto prazo. Regulamentadoras do Ministério

Empresários interessados em aderir ao SESI PIT STOP podem entrar em contato com a Unidade de Qualida-
de de Vida do Trabalhador do SESI, em São Luís, pelos telefones: (98) 3232-5115/3221-3071 e 99100-3148
(WhatsApp), ou pelo email: sesiuqvt@fiema.org.br; em Imperatriz, pelo telefone: (99) 3523-1570 ou pelo email:
imperatriz@fiema.org.br; e em Caxias pelo telefone: (99) 3521-4445 ou pelo email: caxias@fiema.org.br.

ESTATÍSTICA MAIS RECENTE DEMONSTRA DIMINUIÇÃO


NOS ACIDENTES DO TRABALHO NO MARANHÃO
Segundo o Anuário Estatístico total em 2015. Em 2015, foi regis- 5.552 acidentes, sendo 112 doen-
de Acidentes do Trabalho (2013 trado um total de 4.544 acidentes ças de trabalho e 3.469 registra-
a 2015), no Maranhão houve um de trabalho, com 99 casos de do- dos como acidentes de trabalho.
aumento no número de acidentes enças do trabalho e 3.217 inseri- Em 2013, foram 5.195 acidentes,
com trabalhadores de 2014 com dos no CAT (Cadastro de Aciden- cm 3.376 registrados no CAT (Ca-
relação a 2013, mas diminuição do tes de Trabalho). Em 2014, foram dastro de Acidentes de Trabalho).

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 31


INDÚSTRIA CRIATIVA

CIFRAS E CIFRÕES
A indústria da diversão tem se mantido de pé, mesmo em meio à crise,
pela alta receptividade do maranhense a diferentes gêneros musicais.
Emerson Araújo

S
ão atrações locais, nacionais alguns segmentos, como o forró cliente, deve vir em primeiro lugar”,
e até internacionais, de di- que sobrevive muito bem em nos- diz João Marcelo de Sá, proprietá-
ferentes gêneros. Festas de so estado. E, embora o mercado rio da JProduções e responsável
temáticas variadas, festivais musi- tenha sempre que inovar, cortar por eventos já consagrados, como
cais e shows com ingresso combo custos, o maranhense é um públi- os festivais de música em Barreiri-
(do inglês combination: combina- co extremamente festivo e aco- nhas, eventos para 3 mil pessoas,
ção de vários em um só). Do reg- lhedor”, explica o produtor cultural com entrada média de 60 reais.
gae, tão forte na cultura local, ao Paulo Siqueira da Gajo Entreteni- João Marcelo é parceiro empre-
sertanejo romântico, hoje renova- mento. Curitibano, radicado em sarial do Bloco da Devassa, evento
do pelas cantoras famosas no Bra- São Luís, escolheu o Maranhão que costuma reunir 4 mil pessoas,
sil inteiro. O mercado da diversão como locação pra seus projetos com cifras que que giram em torno
no Maranhão chega a reunir até 5 culturais. Por aqui ele já produz, de 500 mil reais, faturadas em 4
mil pessoas em um único evento com êxito, o Bloco da Devassa e dias de atrações locais e nacionais.
e aquece uma cadeia de negó- o Concentra mas Não Sai, ambos
cios, que vai de revendedores de criados especialmente para fatu-
bebidas, aos aluguéis de tendas, rar com o Carnaval maranhense. Dançar conforme a música - Ri-
espaços e sonorizações, além da Por trás de cada evento existe cardo Pororoca, que comanda
geração de renda a garçons, DJs, uma enorme estrutura de colabo- a Casa das Dunas, referência no
bandas e vendedores ambulantes. radores, financiamentos, parcerias mercado local de entretenimento,
Locais como a Casa das Dunas, e alguns cuidados especiais como como o clube de reggae Trapiche,
a Toca do Trovão, AABB, Cozinha garantia de sucesso. ”Um even- na Ponta D’areia e o Festival de
Massari e Batuque Brasil se des- to de qualidade, com segurança Surf na Pororoca, em Arari, expli-
tacam como cenários para os es- e conforto, visando sempre ao ca que é preciso inovar sempre,
petáculos de entretenimento na apostar em gostos ecléticos, da
capital. No interior do Maranhão, banda de rock Sepultura ao clás-
eventos como o Bacabal Folia, pro- sico brega romântico, Odair José.
duzido pela Gajo Entretenimento, Segundo ele, o Maranhão tem
é um investimento que gira em um enorme potencial turístico e
torno de 1 milhão e 800 mil reais, o turista não quer ver só belezas
com público estimado em 15 mil naturais, já que isso ele faz du-
pessoas, nos três dias de diversão. rante o dia e, à noite, quer festa.

“O Maranhão é um estado mui- O PRODUTOR JOÃO MARCELO DA


to bom para se fazer eventos. O JPRODUÇÕES: O ANO INTEIRO DE
mercado é bem aquecido para EVENTOS VARIADOS

32 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


Se por um lado, a receptividade praticamente todos os produto- Aqui tem mal a Universidade FM,
dos maranhenses a diferentes res dependem basicamente de que ainda sofre dificuldades fi-
gêneros musicais é uma oportu- bar. Existem eventos que você faz nanceiras. Por isso preferimos
nidade para bons negócios no se- por uma questão de imagem da tocar em formaturas, casamen-
tor, por outro, exige adaptação de produtora, outros você faz para to e outros eventos corporativos,
quem já atua para um segmento lucrar. Ainda assim o Maranhão é onde faturamos de 5 a 7 mil reais”.
um bom estado, não tem violência”. Mas o entretenimento no Mara-
específico. “A indústria em âmbito
Nelson Piquet, famoso por trazer nhão passa bem. A crise, é claro
nacional está consumindo o ser- que afetou o mercado da diver-
tanejo. Eu tento me movimentar ao Maranhão DJs internacionais
são, mas todos alegam que os
e me reinventar porque creio que e pela produção de eventos que
eventos são necessários em um
é uma onda e toda onda passa. custam de 40 a 120 reais a entra- país festeiro por natureza. Paulo
Sendo assim, procuro adaptar da, como o Luau Toca do Trovão Siqueira, da Gajo Entretenimento,
todo meu material e conhecimen- e atual Luau da Cozinha Massari, conclui: “O nosso consumidor não
to para a realidade atual. Eu sem- descreve algumas dificuldades, está comprando um produto que
pre coloco um toque meu dentro como a questão do ECADE (Es- vai vestir ou cheirar, mas sim algo
daquilo que eu acredito”, afirma o critório Central de Arrecadação e que vai sentir e viver bons momen-
DJ Macau cujos eventos produ- Distribuição), órgão fiscalizatório tos. A gente entrega emoções”.
zidos arrecadam em torno de 10 de direitos autorais sobre as músi-
mil reais, para 700 pessoas, com cas utilizadas nos eventos. “O ECA-
ticket médio de 40 a 50 reais. DE virou uma caixa preta. Cobram
de 10% a 15% do valor do ingresso,
Sobre os detalhes que envolvem mas se não sabem o que o DJ vai
O DJ E PRODUTOR DE FESTAS,
as altas cifras do mercado do lazer, tocar como me cobram antecipa- MACAU, BUSCA ADAPTAR OS RITMOS
a maioria dos produtores prefere damente? Outra coisa que preci- DA MODA PARA NÃO PERDER EM UM
revelar que a bilheteria é pratica- samos é que evento chegue até as MERCADO COMPETITIVO

mente toda comprometida com 4 horas da manhã para ter tempo


o pagamento da atração. Uma ao consumo de bar. Pois aqui as
estratégia para tornar o investi- pessoas chegam 2h da manhã
mento mais rentável é fazer um em festas marcadas para as 23h.
roteiro que diminua os custos da Mas quando são duas da manhã
produtora. “Por exemplo, se o ar- temos que encerrar”, reclama.
tista vai fazer (show em) Fortaleza
e Teresina, já contrata para fazer Para Ruan Nogueira, músico e
empresário da banda Mix in Bra-
Imperatriz e São Luís”, afirma Pau-
sil, falta maior incentivo local. “O
lo Siqueira. Já o produtor Ricardo artista na Bahia tem a Secretaria
Pororoca adota uma outra forma de Cultura como aliada, lá existe
de viabilizar os shows: “A gente um estúdio de gravação e proje-
convence a banda a vir na par- tos pagos pelo governo estadu-
ceria. 80% da bilheteria vão para al para que programas de rádio
a banda, quando não 100%. Hoje, e TV divulguem os artistas locais.

NÚMEROS DA INDÚSTRIA DA ALEGRIA:

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 33


ENTREVISTA

Simplício
Araújo
SECRETÁRIO DE INDÚSTRIA E
COMÉRCIO DO ESTADO DO MARANHÃO

34 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


‘‘
TEMOS HOJE NO MARANHÃO SEIS
BILHÕES DE INVESTIMENTOS PRIVADOS

‘‘
NESTES DOIS ANOS DE GOVERNO
Léa Martins Brito

A
tualmente, o secretário Bacabal, formado em Análise impactos a todos os estados-
de Indústria, Comércio de Sistemas e cursando Direi- da Federação. Como deputa-
e Energia do Estado do to, ele defende que o desen- do federal, integrou comissões
Maranhão, Simplício Araújo, 47 volvimento do Estado passe permanentes e especiais na
anos, divide a função com o pela valorização das vocações Câmara dos Deputados. Nesta
cargo de presidente nacional econômicas de cada região entrevista, ele faz uma avalia-
do Conselho de Secretários maranhense. Simplício Araú- ção com ênfase político-econô-
de Desenvolvimento, Indústria jo avalia o quadro econômico mica dos setores estratégicos
e Comércio do Governo Fe- do Brasil como delicado, mais de desenvolvimento do Estado.
deral. Natural do município de precisamente com relação aos

Quais as perspectivas para o Co- - um macro ZEE (Zoneamen- a Caixa Econômica, que permite
mércio e a Indústria maranhen- to Econômico e Ecológico), que continuarmos com crédito na pra-
ses, ainda atravessando este a gestão anterior concluiu, mas ça, digamos assim, e mantermos
momento de turbulência na eco- sem resolutividade. Agora es- os serviços sociais e as folhas de
nomia nacional, agora em 2017? tamos para concluir este macro pagamento rigorosamente em
com uma resolutividade maior dia e que são muitos importantes
para permitir que muitos ne- para a indústria, o comércio e para
Nós somos ricos em possibilida- gócios possam vir com segu- todo o funcionamento da econo-
des. Mas a forma como se tratou rança jurídica para o Maranhão. mia do Estado. O governo, mesmo
o Maranhão nos últimos 40 anos, num quadro econômico complica-
levou a uma condição de fragi- do, não atrasou e vem até adian-
lidade grande em um momento A indústria tem participa- tando o pagamento do funciona-
em que se tem uma tempestade ção de 19% no PIB maranhen- lismo público, de forma a fazer
forte no âmbito da economia bra- se. Qual a sua avaliação de um movimento econômico forte.
sileira. Para se ter uma ideia, há com tem se dado a articu-
medidas que deveriam ter sido to- lação do Estado com a clas- Em se tratando de PIB, temos
madas pelos governos anteriores, se industrial / empresarial? que olhar também para a ques-
mas não foram e hoje impactam tão nacional. E quando compara-
diretamente no desenvolvimen- Eu acredito que a gente tem hoje mos o Maranhão com os demais
to do Estado. E que caem neste uma afinação grande com a FIE- estados do País, se vê que não
momento em nosso colo, como, MA, como temos também com as é só aqui que tem essa retração
por exemplo, o Zoneamento Eco- demais federações de Comércio do PIB, é uma coisa que afeta o
nômico e Ecológico do Maranhão. e de Agricultura no Estado. Temos Brasil como um todo. Ainda sobre
Esse zoneamento iria permitir atualmente algo inédito que é o o PIB, temos a dizer que se tem
que empresas interessadas em Conselho Empresarial - um fórum trabalhado e temos anúncio de
agronegócios pudessem expandir onde o empresariado tem assen- investimentos privados e públicos.
seus empreendimentos aqui, ou to, que pode levar os problemas Nesse momento em que o esta-
mesmo se instalassem em terras da categoria e que dialoga com do tem um ambiente onde o go-
maranhenses, mas como não se o próprio governador, que presi- verno não quer participar do ne-
tem hoje um instrumento que dê de esse conselho e que tem dado gócio de ninguém, essas pessoas
segurança a esses negócios, as respostas a essas pautas leva- não têm os recursos para investir
empresas deixam de vir para cá. das pela classe empreendedo- no Maranhão e alguns negócios
ra. No nosso Estado, temos feito se deterioram mesmo, acabando
Estamos lutando fortemente políticas de forma responsável, no com a perspectiva do emprego.
para implementar - e já até en- sentido de manter a credibilidade
caminhamos para a Assembleia do governo junto a órgãos como

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 35


ENTREVISTA

Os desafios ao novo projeto segmentos. O que fizemos? Cons-


de desenvolvimento do Ma- truímos políticas públicas voltadas
ranhão continuam enormes. para esses segmentos. Exemplos:
Em se tratando Mas o quadro parece inaltera- trocamos um programa equivo-
de PIB, temos que do com uma forte dependên- cado chamado Pró-Maranhão,
cia do Estado à exportação até entendemos que alguns ainda
olhar também para de commodities, concentração possam fazer defesas dele, mas
a questão nacional. do setor industrial na Constru- era equivocado, pois não dava
ção Civil e queda no setor de aos empresários maranhenses a
E quando compa- serviços, inclusive com fecha- possibilidade igualitária de aderir
ramos o Maranhão mento de hotéis e flats. Quais ao programa. Só algumas pesso-
os avanços nestes dois anos? as tinham esse privilégio. Pessoas
com os demais próximas ao governo, ou próximo
estados do País, se O Governo Estadual, em 2014, de alguém do Poder Executivo. Foi
movimentou R$ 19 milhões. Em um aí que criamos o Mais Empresas
vê que não é só aqui estudo que fizemos no governo, e e, dentro desse programa, seg-
que tem essa que a FIEMA também fez logo em mentamos os setores de avicul-
seguida, sobre a movimentação tura, de logística, do atacado para
retração do PIB, é financeira do setor privado, nos quepudessem usufruir equanime-
uma coisa que deparamos com R$ 46 milhões mente, com justiça fiscal, a todos
movimentados pelo setor privado os benefícios do nosso programa,
afeta o Brasil naquele ano. Então, em âmbito coisa que no passado não existia.
como um todo. de comparação se percebe que o Só para se ter uma ideia, quando
poder de compra e a movimenta- chegamos ao governo, e por causa
ção economia do setor privado é do equívoco da política de incen-
maior do que o do segmento pú- tivos fiscais, o Maranhão consu-
blico. Cabe ao governo do Estado mia frango do Tocantins. Pois era
Quais as ações concretas que desenhar as políticas públicas que uma política que só olhava para os
já foram colocadas em prática e possibilitem que alguns empreen- grandes empreendimentos.
viabilizadas pelo Conselho Em- dimentos possam se desenvolver
presarial do Maranhão? e aí a gente parte para o núcleo Nesse momento, temos três gran-
da pergunta: ora, nós encontra- des empreendimentos na gaveta
mos no Maranhão um governo sendo tratados com segurança,
Já tiveram discussões muito for- voltado para CNPJ, que dava pri- sem levantar falsas expectativas
tes, a própria questão do zonea- vilégios para algumas pessoas, na população. Mas no passado se
mento é uma discussão do mo- mas que não tinha como possi- fazia o quê? Olhava-se apenas
mento no Conselho Empresarial. bilitar perspectiva econômica a para alguns segmentos e se dei-
Já debatemos e apresentamos xava de lado os segmentos que
as compras governamentais, que estão em nossa mesa de alimen-
estão sendo implementadas. tação, como o café. De onde es-
Também tratamos sobre o (pro- tava vindo o café? O leite? O trigo
grama) Mais Empresas, Mais Avi- do pão? Tudo vinha de fora. O que
cultura, Mais Logística, Mais Ata- se faz hoje é corrigir isso, como
cadistas, entre outros. Além, da já o fizemos com o segmento da
parte de infraestrutura do Estado, Avicultura, antes se comia frango
no que se refere às estradas de do Tocantins porque a tributação
acesso, de pontes. Apresentamos do pequeno era 7%, na operação
e damos sugestões sobre o caso interna e externa. O Tocantins, de
da banda larga de Internet, que olho no poder de compra do Mara-
está sendo feito em forma parce- nhão, baixou para 1% de forma que
ria público-privada no Maranhão. o próprio avicultor maranhense ia
Fora outros assuntos levantados criar frango no Tocantins. O que
pelo próprio governo ou, na maior se vê atualmente são os grandes
parte deles, pelo empresariado. E abatedouros sendo instalados por
sempre o governo apresenta as aqui, porque fizemos um benefí-
suas demandas. Mesmo com esta cio fiscal que não atinge apenas
dificuldade econômica, consegui- “o meu amigo”, “o meu conheci-
mos manter alguns investimentos do”, mas que está disponível para
e algumas políticas públicas para quem quer realmente produzir.
manter esses segmentos em dia.

36 MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017


O projeto de lei do governo, que tratamento tributário adequado,
aumenta a alíquota de ICMs dialogando sobre premissas sa-
nas tarifas de energia, telefo- nitárias. Os próprios investidores
nia e combustíveis, provocou do Estado do Maranhão estão
algumas reações contrárias investindo R$ 348 milhões como
por parte da classe empresa- nós anunciamos no ano de 2015.
rial e até mesmo a OAB ingres- Se formos comparar com outros
sou com duas ações na justiça estados, vemos que o Maranhão
questionando o aumento. Em tem conseguido computar impor-
termos práticos, que impacto tantes vitórias mesmo com esse
positivo essa medida represen- quadro econômico complexo. Se
taria, mesmo com o sacrifício da fôssemos anunciar o que esta-
opinião pública desfavorável? mos dialogando com empresas e
organismo internacionais, iríamos
cometer os equívocos do passa-
Em primeiro lugar a gente enten- do, porque projetos como estes
de que qualquer carga tributária demoram a maturar e não se
a mais sempre traz uma reação concretizam em um período de
por parte do empresariado. O que dois ou quatro anos. A maioria dos
o Estado buscou fazer foi prote- grandes empreendimentos são de
ger o segmento do Comércio e da médio e longo prazos, ou seja, de
Indústria. Esse aumento do ICMS oito anos de maturação. Então, se
não tem impacto direto porque a gente fosse fazer esses anún-
não traz aumento no óleo die- cios, com toda certeza, iria falar
sel, não tem aumento direito na um número absurdo como já fala-
energia elétrica do comércio e da ram no passado, eu prefiro, como
indústria. Se a Secretaria de Fa- o que os nossos irmãos do Rio de o governador tem falado, traba-
zenda tivesse criado um imposto Janeiro e de outros estados es- lhar sobre o real. E o real é este
em que o Comércio e a Indústria tão vivendo em decorrência desse que eu estou falando.
fossem penalizados, teríamos um buraco que existe nesta ausência
impacto direto na produção de do pagamento das folhas.
empregos. Buscou-se proteger os
segmentos mais pobres e produti-
vos com uma média que já estava
sendo praticada em outros esta-
dos. De forma que a Secretaria O que a classe empresarial pode
(de Indústria, Comércio e Energia) esperar do Governo do Estado,
não teve uma participação efe- ao final deste mandato? Se nós tivéssemos
tiva. Mas nós entendemos que é
fundamental, ao enxergarmos que esse ambiente
o ano de 2017 iria trazer proble- Fosse em outro tempo, se nós ti- empresarial que
mas com o caixa, o governou bus- véssemos esse ambiente empre-
cou de alguma forma evitar que sarial que buscamos implemen-
buscamos
isso impactasse diretamente na tar hoje no Maranhão durante a implementar hoje
economia do Estado. pujança econômica que tivemos
no país até 2014, com toda cer-
no Maranhão,
Imaginemos que se o governo en- teza o Estado teria uma grande durante a pujança
xergasse um déficit de R$ 400 mi- resposta e nos estaríamos co-
lhões, mas o governador não bus- memorando grandes empreen- econômica que
casse nenhuma forma de corrigir
esse déficit, onde é que teríamos
dimentos aqui. Hoje temos na ór- tivemos no país até
bita do Maranhão algo em torno
problema? Em vários segmentos! de R$ 8 milhões de investimentos 2014, com toda
A gente poderia ter problema no privados, nestes dois anos de go-
hospital que atende o mais caren- certeza o Estado
verno, a exemplo de outros tantos
te, nas escolas públicas, na segu- grandes empreendimentos que teria uma grande
rança ou mesmo na folha de paga estavam alocados no Maranhão e
mento e isso aí, sim, iria impactar que, a partir de politicas públicas
resposta.
de forma negativa no Comércio e decidiram investir, como é o caso
na Indústria porque a gente sabe da Avicultura, que não tinha um

MARANHÃO INDUSTRIAL MARÇO ABRIL 2017 37


PALAVRA DO PRESIDENTE

EDILSON
BALDEZ *

NO RUMO CERTO
C
omeçamos o ano com o foram extremamente satisfató- – recursos do trabalhador e re-
pé direito e com muita rios, apontando crescimento da presados em contas inativas do
vontade de fazer a eco- confiança do setor, pelas medidas FGTS, que vão circular a partir de
nomia decolar. Esse fôlego todo que serão adotadas. Precisamos março. Essa imensa massa de
acontece porque, alguns dos te- seguir em frente e acelerar as mu- recursos vai promover um verda-
mas mais importantes para des- danças para promover avanços deiro impulso à economia, provo-
pertar a economia da letargia mais profundos nas áreas de ino- car grande onda de consumo e
que se encontra e avançar rumo vação, competitividade e estabili- acrescentar muitos empregos e
ao desenvolvimento, passam a dade macroeconômica para gerar esperanças para milhões de fa-
ser discutidos no Congresso Na- esperança e um cenário econô- mílias, habitantes de todas as ter-
cional. São pautas relevantes, mico favorável ao crescimento. ras desse imenso chão brasileiro.
como a modernização das rela-
ções trabalhistas, que aumentam Essas ações em discussão pelo
a segurança jurídica e permitem Legislativo e o Executivo poderão
retomar as contratações pelas Precisamos levantar o país do marasmo eco-
empresas. O país precisa ser mais seguir em frente nômico e desenhar um novo ca-
dinâmico e atualizado na con- e acelerar as minho para a retomada do cres-
dução das relações trabalhistas. mudanças para cimento, o rumo certo que tanto
almejam empresários, governan-
promover avanços
Estão no mesmo pacote, os ajus- tes, trabalhadores e a sociedade.
tes necessários ao equilíbrio fiscal
mais profundos nas Um país para se destacar no ce-
e macroeconômico para a con- áreas de inovação, nário mundial precisa ser eficien-
cepção de um orçamento enxu- competitividade e te, competitivo, tecnológico, pos-
to. Essa nova medida já apro- estabilidade suir educação de qualidade e ter
vada e promulgada, permite a macroeconômica. economia forte. Esse é o melhor
redução das taxas de juros e cria momento para começarmos a
ambiente propício ao crescimen- pavimentar essa estrada moder-
to econômico, estimula o retor- na que possa nos levar ao futuro.
no dos investimentos na iniciativa No mesmo bojo, destaca-se ou-
privada e provoca a retomada tro assunto de grande interesse
do crescimento da economia. nacional que poderá dar maior
impulso a vida das organizações (*) Presidente da Federação
Na última pesquisa do índice e da população brasileira, como das Indústrias do Estado do
de satisfação da indústria re- a atitude do governo federal de Maranhão-FIEMA e do Conselho
alizada pela CNI os resultados injetar no mercado R$ 41 bilhões Deliberativo do SEBRAE/MA

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