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Curso de Pedagogia
Pará de Minas
2015
Laiz Aparecida Lataliza França
Pará de Minas
2015
Laiz Aparecida Lataliza França
Aprovada em____/____/______
__________________________________________
Orientadora: Profª Mª. em Educação Juliane Gomes de Oliveira
__________________________________________
(professor examinador)
Dedico este trabalho à Deus pela sabedo-
ria, ao meu noivo por seu incentivo e
apoio, e a minha avó materna pela inspi-
ração ao escrever sobre este tema.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ter me guiado e me iluminado a chegar até
aqui, para conquista de uma vitória.
Aos meus pais, por toda a educação, amor incondicional e carinho dado, desde o
meu nascimento, até a concretização de mais uma etapa em minha vida.
Aos meus avós maternos, pelos conselhos e preocupação com meu bem estar.
Aos meus irmãos, pelas conversas e os momentos bons de partilha que passamos
juntos.
A minha orientadora, pelo seu discernimento e sabedoria, pela sua paciência e dedi-
cação, e pelo seu grande potencial de uma educadora que acredita nas pessoas.
Agradeço, por tudo que me ensinou; as palavras de incentivo e pelo carinho cultiva-
do em nossas conversas, que me fizeram crescer e refletir sobre a vida.
E a todos os demais amigos, que contribuíram direta ou indiretamente para meu su-
cesso.
RESUMO
This work aims to know the Young and Adult Education, better known as the
EJA, in particular analyzing how it gave to the spread of this teaching in Brazil, its
advances from the colonial period to the present, for recognition and quality educa-
tion.In the form of literature review and a survey of semi-structured interviews sought
to verify the main reasons for school dropout, so present in this type of education. It
was used as an academic contribution several important authors of Young and Adult
Education, the main ones being: Maria Clara Di Pierro, Sergio Haddad, Paulo Freire,
Moacir Gadotti, Joseph Eustace Romao, Ana Maria de Oliveira Galvão, Leoncio José
Gomes Soares, plus the aid of textbooks and official education documents. The re-
search included a participation of three of EJA teachers in early grades of elementary
school. The research brought the reasons that lead students to dropout in the teach-
ing program, and the steps that teachers should take to lessen this problem. The re-
sults led to understand that knowing the student and adapt the curriculum of EJA ed-
ucation for the insertion of this is essential so that it persists to continue studying,
even with the difficulties and fatigue from work. The teacher is also responsible for
the permanence of this student, preparing the warmth of the room and contents of
the reality of Young and Adults.
1. INTRODUÇÃO E METODOLOGIA............................................................................ 9
1.1 Introdução ................................................................................................................................... 9
1.2 Metodologia .............................................................................................................................. 11
2. BREVE HISTÓRICO SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS ..................................................................................................................... 14
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 41
6. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 44
1.INTRODUÇÃO E METODOLOGIA
1.1 Introdução
1.2 Metodologia
ma, mas que não foram introduzidas ao roteiro, ainda assim possibilitaram uma
abertura maior para a troca de opiniões entre os sujeitos: o entrevistador e o entre-
vistado.
Segundo Alves-Mazzotti & Gewandsznajder (2004, p.168) na entrevista semi-
estruturada “o entrevistador faz perguntas específicas, mas também deixa que o en-
trevistado responda em seus próprios termos”. Essa metodologia possibilitou aos
entrevistados expressarem-se com maior liberdade, tendo a perspectiva de demons-
trarem suas críticas, descompassos, emitindo opinião ou retomando algum assunto
que avaliassem importantes. Para obtenção dos dados, foram feitas perguntas intro-
dutórias, apenas para orientar os professores sobre o objetivo da pesquisa. No rotei-
ro de perguntas não foram citadas todas as perguntas para cada um, pois as per-
guntas burocráticas sobre a escola já tinham sido feitas para o primeiro entrevistado,
assim ficando a serem citadas apenas as perguntas pessoais do ponto de vista dos
professores sobre o foco da pesquisa.
Como a pesquisa deu-se em contato direto com professores, também foi pre-
ciso obter no Núcleo de Trabalho de Conclusão de Curso, uma Declaração de Livre
Consentimento para os entrevistados, assim ficando tudo esclarecido e mantendo
sigilo aos entrevistados, e cientes que eles se propuseram a serem entrevistados.
Os nomes dos professores foram substituídos por nomes fictícios para preservar sua
identificação e manter o processo em estado sigiloso.
Após a coleta de dados, iniciei a estrutura de meu capítulo foco, onde trans-
crevi as falas dos entrevistados conforme o contexto.
O desenvolvimento das entrevistas possibilitou, assim, um conhecimento, so-
bre como está o funcionamento da EJA no contexto em que os professores estão
inseridos, as opiniões foram de acordo com a realidade local, bem como as práticas
que eles utilizam em que cada professor teve plena liberdade de expressão.
A entrevista trouxe a reflexão sobre as ações dos professores, nos seus ensi-
namentos quando passados para os alunos da EJA, e também nos questionamentos
sobre a organização das políticas públicas para este ensino.
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“instrução primária e gratuita para todos os cidadãos” incluindo os adultos, mas isto
somente ficou como uma intenção legal, pouco ou quase nada foi realizado no perí-
odo colonial para uma implantação de uma escola de qualidade e que atendesse a
todos os cidadãos. Este ensino avançou lentamente ao longo da história para se tor-
nar um direito, nas próximas constituições brasileiras. Nesta época somente as elites
tinham o direito à educação, e o restante da população eram excluídos. Mais tarde
com o ato Adicional de 1834 as províncias ficaram responsáveis pelas instruções
primárias e secundárias formando as políticas de instrução para jovens e adultos.
Somente no século XIX houve um processo de institucionalização da escola
no Brasil “aos poucos, foram-se definindo, com uma maior precisão, os tempos, os
espaços, os saberes, os materiais escolares, a formação e a profissionalização do
professor.” (GALVÃO; SOARES 2004, p. 30).
O regimento das instruções primárias inicia-se recebendo alunos maiores de
quinze anos, com aulas noturnas e divididas em duas seções uma para os que não
tinham nenhuma instrução e outra para aqueles que já possuíam alguma escolari-
dade. Esse regimento previa outras aulas noturnas para os adultos, e os professores
que propuseram em assumir essas aulas não recebiam porque eles já trabalhavam
durante o dia, demonstrando um caráter missionário em relação à docência para
adultos: “Parece se inserir, assim, em uma ampla rede de filantropia que se teceu no
século XIX brasileiro, como forma de as elites contribuírem para a “regeneração do
povo” (GALVÃO; SOARES, 2004, p.31).
Este ensino tinha como finalidade civilizar as camadas populares urbanas no
século XIX, tidas como perigosas e degeneradas, propagando um discurso que a
“luz da educação” que levaria o progresso as almas e as mulheres desempenhariam
um papel na sociedade ao espaço doméstico. Nesta época o analfabetismo era visto
como uma deficiência moral e intelectual com um ser ignorante, que não sabe res-
ponder por seus atos e nem fazer parte de uma sociedade. De acordo com Pierro e
Galvão “o analfabetismo, era visto como a escuridão e a cegueira, o analfabeto ao
cego e a alfabetização a redentora retirada da venda dos olhos e saída das trevas
da ignorância”. (PIERRO; GALVÃO, 2012, p. 24). Ainda hoje a visão da educação de
Jovens e adultos é colocada como ação filantrópica, ações de caridade e não ao do
direito. O analfabetismo era visto como processo de exclusão social, da tomada de
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[...] ao direito de educação que já se afirmara nas leis do Brasil, com as ga-
rantias do ensino primário gratuito para todos os cidadãos, virá agora asso-
ciar-se da mesma forma como ocorrera em outros países, à noção de um
dever do futuro cidadão para com a sociedade, um dever educacional de
preparar-se para o exercício das responsabilidades da cidadania. (BEISE-
GEL, 1974, p.63).
ver, eu tenho a minha mão domável, eu sinto a sede do saber”. (GALVÃO; SOA-
RES, 2004, p.45).
Em 1969, o MOBRAL distancia da proposta dos aspectos pedagógicos, e en-
tende-se que deveria ser tratada como uma questão de técnica. Os métodos e mate-
rial didático do MOBRAL segundo a proposta Curricular do 1º segmento da educa-
ção de jovens e adultos eram:
O ensino da EJA tem como objetivo formar cidadãos para atuarem na socie-
dade, resgatando um direito que a vida toda lhes foi negado, também dá a qualifica-
ção para os docentes para atuar nessa modalidade de ensino, se tornando assim
uma lei federal, um dever do estudo afirmando sua obrigatoriedade e gratuidade do
ensino fundamental para todos os brasileiros que foram marginalizados ou excluídos
da escola na sua idade própria. Desta forma segundo a Lei n° 9.394/96(BRASIL,
2015) no titulo V, Capitulo II, seção v, art.37; parágrafo 1º e 2º a educação de Jo-
vens e adultos é direcionada para as pessoas que não frequentaram a escola na
idade regular e o ensino será gratuito. (LDB, 2015, BRASIL).
O projeto Cid Sabóia de Carvalho também aborda estruturas do ensino Edu-
cação Básica para os Jovens e Adultos trabalhadores, determinando uma oferta re-
gular de ensino noturno, a partir das dezoito horas, escolas próximas às demandas
dos alunos e qualidade nos mesmos padrões de ensino regular. Elege a prática so-
cial do trabalho como centralidade nos conteúdos curriculares, e o ensino-
aprendizagem condizente com a maturidade e a experiência do aluno, a flexibilidade
na organização escolar e também a especialização dos professores para a demanda
da clientela específica.
Neste breve histórico ressalta os caminhos traçados para a regulamentação
do ensino de jovens e adultos e nas políticas públicas implementada no campo edu-
cacional até chegarmos uma concreta Lei: LDB/96 que se torna o direito de todo o
cidadão a participação efetiva na comunidade escolar, e lutando pelo reconhecimen-
to e adequação do sistema educacional e na formação docente para atender as ne-
cessidades dos alunos que já não são mais crianças, em que a vida só está come-
çando, mas valorizar e desfrutar o conhecimento que eles vivem no presente, reco-
nhecer como sujeitos, capazes de aprender, comandar até mesmo uma sociedade
reivindicando seus direitos como cidadãos dignos. Fator essencial a ser levantando
é a autoestima para conseguir sair da zona da “ignorância”, da vergonha que a soci-
edade elitista os causou. Reconhecer e respeitar os alunos da EJA é o propósito de
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todos que lutam por suas causas. Do mesmo sentido Maria Clara di Pierro (2011),
ressalta:
Estes jovens e adultos buscam durante toda a vida um direito que lhes foi ne-
gado, procuram se expandir culturalmente, dialogar com os outros, construir um futu-
ro digno para si e para sua família, através do conhecimento, para que eles possam
escrever a sua própria história de vida, libertar-se do medo e da repressão que fo-
ram submetidos; sair do estado oprimido e ver a luz da realidade por trás das som-
bras. A educação em geral abre a visão de um mundo crítico. Segundo José Eustá-
quio Romão (2010) a educação básica de Jovens e Adultos é uma estratégia de
transformação, revolução da sociedade injusta, discriminatória, meritocrática e elitis-
ta em que vivemos. (ROMÃO, 2010, p.56)
Os jovens e adultos da EJA, esperam deste ensino um reconhecimento pró-
prio, pois eles também são produtores de conhecimento, uma formação humana,
juntamente com os conhecimentos do currículo escolar e com as experiências da
vida. Eles também buscam uma integração da vida com a formação profissional qua-
lificada, para melhor conhecer e compreender o mundo, enfrentando obstáculos,
barreiras que a vida lhes colocou, para busca de melhoria de vida e construção de
sua autonomia intelectual para transformar a sociedade.
Essa visualização histórica nos mostra os percursos que ocorreram para a
implantação da EJA no Brasil, levantando aspectos de suma importância para o en-
sino de qualidade, e na formação qualificada destes alunos para que eles continuem
alcançando seus ideais, sendo o foco de interesse deste estudo os motivos que
consideravelmente ocasionam a evasão escolar na EJA, considerando oportuno co-
nhecer a contribuição da prática docente para a diminuição da evasão escolar.
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3.1. Os educandos
Durante toda a história, os Jovens e Adultos lutam pelo seu direito à educa-
ção afastados do meio escolar devido a vários fatores, inclusive por causa da entra-
da no trabalho precoce, fator comum na sociedade em que vivemos é conhecendo o
perfil destes educandos que entendemos a sua luta pelo reconhecimento, e é es-
sencial explorar esse contexto de vida para introduzir propostas pedagógicas efica-
zes para sua inserção na sociedade.
Há cerca de duas décadas as pessoas que procuravam a EJA eram geral-
mente pessoas idosas, de zonas rurais, ou aqueles que nunca frequentaram a esco-
la, ou que foram submetidos a abandonar os estudos, vivendo a condição de analfa-
betos, marcados por preconceitos e exclusão da sociedade.
Segundo Pierro, Joia e Ribeiro (2001) os ingressantes para o ensino de Adul-
tos são adultos trabalhadores, adolescentes e adultos que pararam de estudar, mo-
tivados para o mercado de trabalho, em razão de movimentos migratórios e aqueles
que no ensino regular tiveram defasagens de aprendizagem entre idade e a série.
Segundo Renato Pontes Costa (2007) sobre a classe da EJA, estes são cida-
dãos brasileiros radicalizados em comunidades rurais longínquas, que a carência
não é só de educação, mas de outros fatores que influenciam, e nas cidades urba-
nas as classes são advindas de imigrantes vindos da dura realidade do campo, que
tem dificuldade de viver em uma sociedade, sem o domínio de leitura e da escrita.
(COSTA, 2007). Entende se que há vários perfis que a EJA atende, em várias con-
dições sociais, uma delas sendo as pessoas idosas, que buscam na escola oportu-
nidades de convivência social, e uma realização pessoal, e por isso o currículo deve
ser diferenciado, que requer uma atenção especial no ensino aprendizagem. Contu-
do, a maioria das escolas possui o mesmo currículo para os alunos da EJA, inde-
pendente da faixa etária que o aluno se encontra. A presença da mulher na escola
da EJA também é destaque, esta que foi impedida durante toda a vida de estudar,
reivindica seus direitos e luta constantemente para acabar com a desigualdade da
sociedade e o direito à educação.
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vindicar tomadas de decisões, argumentar propostas, pois eles são pessoas intelec-
tualmente produtoras de conhecimentos. De acordo com a Proposta Curricular do 1°
Segmento da educação e jovens e adultos:
Hoje a demanda de alunos, sejam eles jovens, adultos ou idosos é grande pa-
ra o ingresso na EJA, eles procuram um ensino de boa qualidade que contemple
questões pessoais, exigências para o mercado de trabalho, e os saberes para atuar
tanto nos meios sociais, econômicos, políticos e culturais, com horários flexíveis às
suas condições de vida.
Porém, essa não é a realidade que vemos nas escolas: os horários são de-
terminados sem grandes flexibilidades, os currículos são determinados pelas Secre-
tarias de Ensino, sem direcionamento específico para as reais expectativas e de-
mandas dos educandos.
A vivência dos educandos é de fato importante e significativa na construção
do saber, é a base para começar introduzir os currículos escolares contextualizados
com a realidade em que vivem, pode-se dizer que é uma autorrecuperação dos mo-
mentos vividos por si, para contextualizar introduzindo os conceitos a serem traba-
lhados na escola partindo se suas experiências extraescolares, para a profundar co-
nhecimentos formais, que os levem a inclusão na sociedade letrada. E neste pro-
cesso a escola também tem seu papel, sendo ela estimuladora da continuidade dos
estudos e na dedicação de seus alunos.
O aluno adulto tem como característica responder pelos seus atos e pala-
vras, além de assumir responsabilidades diante dos desafios da vida. O
predomínio da racionalidade é outro aspecto relevante dentro das distinções
possíveis dos adultos; ao contrário de crianças e adolescentes, o adulto
tende a ver objetivamente o mundo e os acontecimentos da vida, de modo
que pode tomar decisões movido mais pela razão. (BRAIL, 2002, p.91).
Reconhecer o ser humano, suas lutas seu passado para conduzi-lo a viver na
sociedade, preparando para os obstáculos, e não fechando os olhos e as oportuni-
dades que terão, os Jovens e Adultos precisam de chances e confiança, pois eles
são pessoas iguais basta conhecer um pouco de cada um para compreender o que
eles querem um estudo para uma vida, pois não adianta viver sem saber e nem co-
nhecer. A vida só é de fato vivida quando nós somos os próprios autores dela.
Como vemos a visão dos educandos da EJA era condicionada para as pes-
soas idosas, mas ao decorrer do ensino, este quadro se modificou, e a população
jovem, adolescente, está cada vez mais ingressante nessa modalidade de ensino,
movidos por condições sociais, sejam elas para mercado de trabalho ou ensino re-
gular malsucedido, ou mesmo pela certificação formal de escolaridade. Ressaltando
que cada grupo social descrito é oriundo de um lugar, trazendo diversas culturas e
saberes, não chegam como folhas em branco, cada um tem um conhecimento de
mundo que deve ser explorado, contextualizado no meio escolar, e deve ser traba-
lhado o sociocultural destes alunos.
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3.2. Os educadores
O adulto não é obrigado a estudar como a criança; não existe uma lei que o
obrigue a frequentar a escola, como o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). Portanto, percebe-se a importância de uma gestão do cuidado que,
ao escutar o aluno, ao estar aberta e propiciar espaços de diálogo, cria ins-
trumentos de acolhimento. (CORRÊA, 2007, p.32).
diária na inserção da sociedade, como pessoas de voz e vez para questionar com
autonomia e fundamentos éticos e morais a sua efetiva participação no meio social.
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de. Esta busca no sentindo de conhecer tanto as suas fragilidades, como suas ex-
pectativas de ensino faz com que o educando permaneça na escola porque mantém
uma afinidade, propiciando um ambiente favorável ao desenvolvimento de autono-
mia.
Do mesmo modo, Liana Borges (2010) enfatiza a evasão escolar dando foco
na formação do docente, que deve ser pautada na ideia do construtivismo e educa-
ção popular, na qual o sujeito que participa ativamente do processo constrói seu
próprio conhecimento para compreender o mundo e serem compreendidos pelos
demais seres humanos, é o que ela chama de educação popular, que são professo-
res e alunos juntos, em uma construção coletiva para que a sociedade seja trans-
formada (BORGES, 2010). Vale ressaltar que o conceito de educação popular foi
introduzido por Paulo Freire desde a década de 60, mas ainda hoje as escolas de
EJA apresentam fortes características do ensino formal/tradicional que desconsidera
o conhecimento de vida do jovem e adulto. Para Borges (2010) é nesse caminho
que o professor estreita os laços com o aluno e também um ensino de acordo com
sua vivência e reais necessidades, contribuindo para a redução do abandono esco-
lar.
De acordo com essa afirmativa o professor João destacou que:
“a maioria dos alunos que procuram a EJA vão pelos motivos trabalhistas,
qualidade de vida, mas com um diferencial: a vontade de aprender, mesmo
que alguns não consigam desenvolver todas as suas potencialidades.” (Jo-
ão, professor da Educação de Jovens e Adultos).
fessor trabalhar com unidades de medida, e se tem na sala uma aluna que é cozi-
nheira, então o professor irá passar o conteúdo de acordo com a realidade da pró-
pria aluna, intercalando os conceitos teóricos, com materiais da cozinha e alimentos,
assim ela o compreenderá melhor, partindo do que é concreto e verá que aquele
aprendizado fará sentido para sua vida.
Então, mesmo que há ou não o uso do livro didático, vemos que ele está fora
da realidade dos alunos e também da faixa etária, então os professores tendem a
buscar em outros suportes um conteúdo satisfatório. Um questionamento que eles
fazem é sobre rever o currículo que dará embasamento ao livro didático. É ter um
bom planejamento do livro didático, segundo ao pensamento de Danilo Gandin pla-
nejar não é fazer alguma coisa antes de agir. Planejar é agir de um determinado
modo para um determinado fim.
Quando o aluno chega à escola, a procura de um ensino que faça parte da
sua condição, e procura uma aprendizagem que faça mudar a sua vida em prol de
suas expectativas, o professor se sente realmente satisfeito e grato por fazer parte
dessa construção significativa, como demonstrado pelo professor Pedro:
pois se estão cansados, tudo fica maçante e sem importância, desestimulando seu
desejo inicial de concluir o tão desejado estudo.
Pensar no cansaço é pensar no esforço que eles fazem para estarem ali pre-
sentes. Os professores da EJA devem estar cientes que os alunos querem e que
correm atrás, mas que é muito difícil todo o caminho para a efetiva educação. Sendo
assim, o docente deve caminhar em uma parceria com o aluno, onde tentará buscar
estratégias e meios para que este concilie a escola com sua vida pessoal e profissi-
onal. Nos relatos, os professores tem essa parceria, eles buscam o aluno que evade
a escola por meio de ligações telefônicas, reorganização do tempo escolar de acor-
do com o emprego do aluno, alguns chegam atrasados em decorrência de extensão
da jornada no trabalho. Os professores têm clareza dos discentes que possuem es-
sas dificuldades e percebem a importância de se ter uma flexibilidade e horário para
que a evasão não ocorra. Tal fato teria como consequência, uma melhor empatia
com o professor e melhor qualidade de aprendizagem.
A evasão acontece frequentemente logo após a matrícula, devido ao cansaço
do trabalho: não conseguem acompanhar os conteúdos, ficam desanimados e desis-
tem, a evasão geralmente acontece após quatro meses de frequência escolar. Outro
motivo citado pelo professor Pedro, foi a questão que os alunos, têm “medo” da pro-
va, de serem taxados pelo seu mau desempenho, excluídos, rebaixados e/ou repro-
vados pelas notas. Geralmente, quando chega o período das avaliações, estes alu-
nos faltam e alguns saem da escola, esta é uma atitude muitas vezes já trazida da
escola que eles frequentaram na infância, pois consideram que um possível histórico
de maus resultados pode retornar.
no, pois além do cansaço, encontra professores nas escolas despreparados para
essa intervenção, já que não buscam meios para levantar a autoestima dos alunos e
não adequam sua prática com a realidade do educando. Para Maria que trabalha
com o perfil de alunos adultos, afirma que:
O aluno adulto não pode ser tratado como uma criança cuja historia de vida
apenas começa. Ele quer ver a aplicação imediata do que está aprendendo.
Ao mesmo tempo, apresenta-se temeroso, sente ameaçado, precisa ser es-
timulado, criar autoestima, pois a sua “ignorância” lhe traz tensão, angústia,
complexo de inferioridade. Muitas vezes tem vergonha de falar de si, de sua
moradia, de sua experiência frustrada de infância, principalmente em rela-
ção à escola. É preciso que tudo seja verbalizado. O primeiro direito do al-
fabetizando é o direito de se expressar. (GADOTTI, 2010, p.39).
Se a escola não tiver toda essa estrutura (formação do senso crítico) para o
desenvolvimento dos educandos, o mais acertado são eles realmente abandonarem
os estudos, sem ao menos dar o motivo de sua ausência, pois tudo que oprime o
homem tende primeiramente a levá-lo a desistir, para não persistir naquilo que não o
satisfaz, ou até mesmo o ridiculariza por não conseguir dar mais do seu potencial.
Os alunos da EJA entram para escola com uma defasagem emocional e cognitiva,
procurando no ensino algo que os motive a viver, a vencer na vida social.
Fazendo um momento de reflexão acerca das informações obtidas pela en-
trevista, vemos que a evasão naquele ambiente escolar se dá em maior abundância
em relação ao cansaço de trabalho. Estes alunos geralmente são aqueles que vão
para concluir seu grau de escolarização, então, é preciso um olhar diferenciado do
professor, pois o discente que tem esse objetivo irá indagar frequentemente seu pro-
fessor, até obter as respostas as suas perguntas.
Por fim, em uma análise sobre a contribuição das práticas dos professores
entrevistados para diminuir a evasão, vimos que de fato elas motivam os educandos
a não desistirem e trabalharem junto na construção do conhecimento, conquistando-
os, e os trazendo para perto de si, alimentando sua alma de sabedoria, adaptando
seu planejamento para atender todas as classes envolvidas e as dificuldades apon-
tadas. Os docentes também devem avaliar o aluno continuamente, usando conceitos
e não apenas notas. Os professores entrevistados demonstraram estarem abertos
ao diálogo, para ajudarem os alunos a enfrentarem seus problemas e não desistirem
de seus ideais, como a tão sonhada conclusão de seus estudos.
41
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
BARRETO, José Carlos; BARRETO, Vera. A formação dos alfabetizadores. In: GA-
DOTTI, Moacir; ROMÃO, José Eustáquio. Educação de Jovens e adultos: teoria,
prática e proposta. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
BEISEGEL, Celso de Rui. Estado e educação popular. São Paulo: Pioneira, 1974.
Borges, Liana. O seja de Porto Alegre. In: GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José Eustá-
quio. Educação de Jovens e adultos: teoria, prática e proposta. 11. ed. São Paulo:
Cortez, 2010.p. 97-99.
DI PIERRO, Clara Maria; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Masagão Vera. Visões da Edu-
cação de Jovens e Adultos No Brasil. Cadernos Cedes. Campinas, Ano XXI, n. 55,
novembro. 2001. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n55/5541>.
Acesso em: 05 abril 2015.
PAIVA, Vanilda. Educação popular e educação de adultos.2 ed. São Paulo: Loyo-
la, 1983.
SOARES, Leôncio José Gomes; GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. História da alfabe-
tização de adultos no Brasil. In: ALBUQUERQUE, Eliane Borges Correia de; LEAL,
Telma Ferraz. Alfabetização de jovens e adultos: em uma perspectiva de letra-
mento. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 27-58.
46
Nome:
Cargo que ocupa na Instituição:
Tempo de Serviço:
Qual o horário estipulado para a Educação de Jovens e Adultos?
Qual é o perfil do público atendido na Educação de Jovens e Adultos?
Como é feita a inscrição para a entrada destes alunos a escola?
Como acontece a seleção de professores para trabalhar com a EJA? Há alguma
exigência em relação a formação inicial ou continuada do professor?
Quais as matérias que compõe o currículo da EJA?
A escola segue um livro didático? Se não quais os métodos que os professores uti-
lizam na sua prática?
A EJA nessa Instituição é amparada por qual sistema Governamental?
Os professores fazem reuniões de Módulos?
Na sua Instituição quais os problemas que dificultam o processo de ensino aprendi-
zagem?
Sobre a Avaliação, quais são critérios para correção?
Em sua opinião quais são os pontos negativos, e positivos encontrados no sistema
da EJA?
O que mudou na EJA nos últimos anos, que ajudou na eficácia e na qualidade deste
sistema?
Há alguma diferença sobre a valorização pessoal e financeira do docente da EJA
em relação ao docente do ensino regular?
Quais motivos que levam os alunos procurarem a EJA? E quais as dificuldades por
eles encontradas neste ensino?
Sobre a Evasão escolar na EJA para você é um problema?
Quais os motivos determinantes que levam a evasão escolar na EJA, em relação na
sua Instituição?
Quais medidas que o professor deve tomar para diminuir a evasão escolar na EJA?
Qual é o período de maior evasão? E o que acontece entre escola e secretaria para
manter o funcionamento da Instituição com menos alunos, inferior a demanda exigi-
da?
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A prática pedagógica dos professores que você conhece é condizente com a reali-
dade dos alunos da EJA?
O que os alunos buscam na EJA?
Qual é o perfil dos alunos que mais evade? E por quê?
Para você como professor da EJA, é gratificante o trabalho com os Jovens e Adul-
tos? Já aconteceu algum fato que lhe marcou muito nesta modalidade de ensino?
Em sua opinião, o currículo da EJA atinge os objetivos para uma formação de quali-
dade, e o ingresso destes alunos para atuação na sociedade como cidadãos ativos?