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DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL


AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 0016520-40.2017.8.19.0000
AGTE: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGDO: GASDIESEL DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO S A
REP/P/S/ADM JUDICIAL BRUNO GALVAO REZENDE
AGDO: MANGUINHOS DISTRIBUIDORA S A REP/P/S/ADM
JUDICIAL BRUNO GALVAO REZENDE
AGDO: MANGUINHOS QUÍMICA S A REP/P/S/ADM JUDICIAL
BRUNO GALVAO REZENDE
AGDO: REFINARIA DE PETRÓLEOS MANGUINHOS S A
REP/P/S/ADM JUDICIAL BRUNO GALVAO REZENDE
DESIGNADO PARA ACÓRDÃO: DES.GABRIEL ZEFIRO

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO


CONTRA DECISÃO DO JUÍZO DA 5ª VARA
EMPRESARIAL DO RIO DE JANEIRO QUE DETERMINOU
A SUSPENSÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
INSTAURADO PELO ESTADO DE SÃO PAULO PARA
CASSAR A EFICÁCIA DA INSCRIÇÃO ESTADUAL DE
SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO DE SOCIEDADE EM
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL PERANTE A
SERVENTIA CARIOCA. DECISÃO RECORRIDA COM
BASE NO PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA.
PRINCÍPIO RELATIVO, QUE CEDE DIANTE DO
PRINCÍPIO DA MORALIDADE. COMPETÊNCIA DA
VARA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PARA CONHECER
E DECIDIR O PEDIDO. GRAVES ACUSAÇÕES DE
FRAUDE FISCAL QUE MERECEM A COMPETENTE
DEVASSA POR PARTE DA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA COM ATRIBUIÇÃO A TANTO.
FUTURA DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE PODE SER
QUESTIONADA NO JUÍZO COMPETENTE. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. DECISÃO POR
MAIORIA.

C/G

Assinado em 30/06/2017 20:26:40


GABRIEL DE OLIVEIRA ZEFIRO:13777 Local: GAB. DES GABRIEL DE OLIVEIRA ZEFIRO
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ACÓRDÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento nº 0016520-40.2017.8.19.0000, em que é agravante
FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO e agravados GASDIESEL
DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO S A REP/P/S/ADM JUDICIAL
BRUNO GALVAO REZENDE E OUTROS.

ACORDAM, por maioria de votos, os


Desembargadores que compõem a Décima Terceira Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em conhecer e
dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do redator
do acórdão.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo de instrumento contra ato do


juízo da 5ª Vara Empresarial da Capital que, nos autos da
Recuperação Judicial da Refinaria de Petróleo de Manguinhos,
deferiu pedido de suspensão do processo administrativo instaurado
pelo Estado de São Paulo para cassar a eficácia da inscrição estadual
de substituto tributário da aludida sociedade, por entender que a
hipótese caracteriza situação de risco iminente à atividade
econômica da entidade que se encontra em processo de recuperação
judicial perante aquela serventia.

A tese recursal, exposta pela Fazenda do Estado de


São Paulo, é no sentido de que a cassação da inscrição afeta apenas a
metodologia de apuração do ICMS, o que não prejudica a empresa.
Ressalta que o decisum impugnado usurpou a competência de uma

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das varas de Fazenda Pública de São Paulo, sem contar que o fisco
paulista não teve oportunidade de demonstrar, sob o crivo do
contraditório, o esquema de sonegação fiscal perpetrado pela
refinaria de Manguinhos, que atinge a marca de aproximadamente
quarenta e cinco milhões de reais ao mês. Alega que o débito fiscal
atinge nos dias atuais o impressionante patamar de R$
1.515.076.052,67, o que denota a inadimplência contumaz da
recorrida, além da prática de concorrência desleal que é tipificada
como crime no inciso II do art. 2º da Lei 8.137/90.

O efeito suspensivo foi indeferido pela decisão de fls.


42 (index 000042).

As contrarrazões de fls. 66/89 (index 000066)


prestigiam o julgado combatido e a Procuradoria de Justiça opinou
pelo desprovimento do recurso (index 000091).

É o relatório.

VOTO

A questão a ser decidida é simples. Foi instaurado pelo


Estado de São Paulo processo Administrativo para Cassação de
Eficácia da Inscrição Estadual de Substituto Tributário das empresas
agravadas.

Diante do temor da perda do benefício fiscal no Estado


de São Paulo, as agravadas peticionaram ao juízo de primeiro grau
para que a ameaça fosse afastada por decisão judicial, ao argumento

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de que a recuperação judicial que postulam correria risco diante do


prejuízo que se avizinhava.

Sua Excelência assim decidiu:

“Cuida-se de requerimento formulado por REFINARIA DE


PETRÓLEOS DE MANGUINHOS às fls. 8504/8509, no qual
requer seja o processo administrativo nº 1000360-864126/2016
de cassação da eficácia da inscrição estadual da Recuperanda
suspenso enquanto perdurar a recuperação judicial
(cumprimento das obrigações) para poder a Recuperanda,
assim como também todas as demais empresas constantes
da presente recuperação judicial, viabilizar a superação da
situação de crise econômico-financeira, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, nos termos do art.
47, da Lei nº 11.101/05. Nestes autos, já proferi decisão
semelhante, às fls. 6250, de cujas razões de decidir aqui me
valho. Assim, em face do exposto pela recuperanda, a ressaltar
uma situação de risco iminente verdadeiro, tenho por
imperioso precatar o status quo até poder este Juízo
ponderar melhor sobre a questão, para o que, em razão da
urgência evidente, defiro a suspensão do processo
administrativo indicado, até nova e conclusiva decisão,
sem prejuízo dos pronunciamentos do Administrador
Judicial e do MP. Expeçam-se os ofícios requeridos às fls. 8509.

Portanto, o juízo determinou a suspensão de um


processo administrativo em trâmite em outro estado da união.

A discussão jurídica mais acirrada diz respeito à


competência do juízo da recuperação para se imiscuir em assunto
concernente ao Estado de São Paulo, fora de sua competência
jurisdicional, como é óbvio. Sustenta o agravante que somente uma
das Varas da Fazenda Pública do Estado de São Paulo poderia
conhecer e decidir tal pedido. Tem razão.

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A competência para o conhecimento e julgamento da


causa é da Vara Empresarial Carioca, em decorrência do juízo
universal da recuperação. No mérito, no entanto, o agravante tem
razão.

O princípio da continuidade da empresa tem sido


utilizado como “panaceia para todos os males”. Não se trata de
princípio absoluto, até porque não os há. Qualquer princípio cede
diante de um outro mais adequado ao caso em análise. No cotejo
entre dois princípios, prevalece o mais importante para o caminho
da justiça. No caso em exame, o princípio da moralidade exacerba
diante de qualquer outro.

As acusações que pairam sobre as agravantes são graves.


Fraudes fiscais, inadmissíveis em um país que tem a pretensão de ser
sério. É imprescindível que se investigue.

Desta forma, a decisão de primeiro grau merece ser


cassada a fim de que se permita ao fisco paulista realizar severa
devassa na conduta fiscal das empresas, respeitando-se, é claro,
contraditório e ampla defesa. Não se olvide que o resultado do dito
processo administrativo pode ser questionado no juízo competente.

Dessa forma, voto no sentido de conhecer e dar parcial


provimento ao recurso.

Rio de Janeiro 07 de junho de 2017.

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DES. GABRIEL DE OLIVEIRA ZEFIRO,
DESIGNADO PARA ACÓRDÃO

C/G

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