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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Instituto Fedudral ud duucação, iênncêa d Tdcnol oiêa uo ὐcrd


iampus Rêo Branco

ARTES IV ALUNO(A): _______________________________


12 de março de 2018 PROFESSOR: RADAMIR SOUSA
O TEMPO E A LINGUAGEM TEATRAL CURSO: __________________________________

Sérgio de Carvalho: A duração do espetáculo


“A duração do espetáculo teatral se relaciona com o que os ato- Um dramaturgo que tentou subverter o tempo, mas ainda
res estão fazendo no palco uns em relação aos outros, o que os dentro dos moldes do drama, foi o norueguês Henrik Ibsen. Já
atores fazem em relação à luz, à música, ao cenário… Ou seja,
essa organização dos elementos da cena define a passagem do perto do fnal da vida, em 1896, ele queria representar o passado
tempo e a experiência no teatro, mas isso se dá sempre na for- e escreveu uma peça chamada John Gabriel Borkman, em que
ma de trânsito com o público.” uma mulher chega à casa de uma amiga e percebe que ela pratica-
Foi assim que Sérgio de Carvalho, diretor do grupo de teatro mente não sai de casa e no sótão mora um homem que não sai
Companhia do Latão e professor da Universidade de São Paulo dali há 8 anos. “Você começa a ver que é uma peça meio som-
(USP), armou a cena no dia 8 de novembro para demonstrar bria, o homem fca lá marcando o tempo, como um bicho enjaula-
como o tempo no teatro é relativo e multidimensional, na palestra do.” Para Carvalho, essa peça em que as pessoas já não têm pre-
“O tempo no teatro”. sente puro é soturna e estranha, porque algo não funciona em pôr
Com uma presença de palco durante a palestra que não dei- o passado no tempo presente sem sair do drama. Porque as perso-
xou dúvidas quanto à sua ocupação principal, Sérgio de Carvalho nagens sem vida no presente são de certa forma fantasmas.
mostrou que no teatro há vários tempos – e que o tempo da peça Outros tempos
pode ser desconexo com o da fcção. “Porque uma peça que dura
duas horas ou três horas ou quatro horas no palco pode contar Mas nem sempre houve esse cárcere do presente. Duzentos
uma fcção que dura anos”, disse. Buscar maneiras de representar anos antes, nas peças do inglês William Shakespeare o tempo e o
momentos desconexos, indicar a passagem do tempo e se reportar espaço eram descontínuos. Nelas, cenas consecutivas em diferen-
ao passado são desafos nada banais que o dramaturgo enfrenta. E tes pontos do palco não necessariamente seguiam o tempo da nar-
que são diferentes em cada momento da história. ração. A interpretação funcionava de uma maneira hoje impensá-
O teatrólogo contou que a discussão sobre o tempo foi proe- vel, em que as personagens também atuavam como narradores,
minente no meio teatral no início do século XX, a mesma época anunciando diretamente ao público o que fzeram fora da ação do
em que Einstein publicava as teorias que mudavam a física. “O te- palco e quanto tempo passou. “Um homem pode representar uma
atro estava procurando um tempo não empírico, um espaço-tem- mulher, um gesto representar um exército; o que você vê é dife-
po diferente, o tempo do sonho, o tempo da história, tempos di- rente do que você imagina.” O diretor da Companhia do Latão
versos do tempo dos indivíduos que se relacionam.” deixou bem claro como nos afastamos dessa forma de narrativa
A grande dúvida era como representar o passado no presente com um exemplo bem corriqueiro. “Imagine como você reagiria
– uma discussão típica da era do drama, que dominou o século estranhamente se visse na novela das 8 uma personagem dizer as-
XIX, em que a ação se desenvolvia em um presente contínuo, sim, para a câmera: ‘Vou representar uma mulher’. Você acharia
sempre em busca do futuro. “A peça começa, você vê duas pesso- esquisito. Eu acharia esquisito uma personagem estar conversando
as se relacionando e se pergunta o que vai acontecer no futuro com a namorada e de repente olhar para a câmera e falar ‘É uma
imediato delas.” Mas por que o teatro não poderia saltar adiante, louca, mas tem método'”.
voltar para a infância… Ou seja, apresentar um tempo não-contí- “Antes do período dramático não havia problema nenhum
nuo, como fazem os romances? Não é uma limitação do teatro em em pôr no mesmo quadro duas coisas, dentro do teatro, dois tem-
si, mas uma característica que defne o drama, que ainda hoje do- pos”, contou. Muito da liberdade – e da falta dela – vem do palco:
mina os palcos. “O drama é a forma literária do teatro que con- como ele se organiza, como se divide, e da cenografa. Caracte-
centrou o olhar sobre relações entre indivíduos”, disse Carvalho, rísticas que mudaram muito ao longo da história do teatro, desde
contrastando a outros momentos e outras escolas teatrais, como o as apresentações de rua até os palcos com cenários elaborados.
teatro grego, que cultivava focos mais diversos e chegava à escala Tempo e espaço dependem um do outro, relação que volta a es-
atemporal dos deuses. Mas a forma dramática se instalou e é ao barrar nos conceitos da física.
que estamos habituados ainda hoje.
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iampus Rêo Branco
Dos anos 1960 para cá a discussão se tornou ainda mais
drástica, com uma tentativa de desconstruir o tempo da fcção. Para ele, pensar o tempo no teatro é extremamente comple-
Um exemplo foi uma peça do grupo Living Theater que, em xo porque é uma conjugação do espetáculo com o que esse espe-
1960, mostrava alguns homens sentados no palco de um teatrinho táculo projeta. Conjuga o ponto de vista da fcção, da imaginação,
em Nova York. Eles se injetavam uma droga e ouviam música, o tempo do público e o momento histórico no qual a ação e a nar-
nada acontecia. “O problema do tempo e da ação foi todo deslo- ração se inserem. E cada época tentou reinventar o teatro reno-
cado para a platéia”, analisou Carvalho. vando essas relações que se dão sempre no nível do espaço e do
Nos anos 1970 o norte-americano Bob Wilson começou a tempo conjugadamente.
fazer peças cada vez mais longas. Uma apresentação de seu grupo
O tempo no teatro
pode durar 24 horas, e um ator demorar duas horas para atraves-
sar o palco. “Talvez fosse muito chato, mas quem viu percebeu Sérgio Ricardo de Carvalho Santos, graduado em jornalismo e
que esse jogo do trabalho do ator com aquelas imagens que esta- professor-doutor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da
vam sendo projetadas no palco criava um completo distúrbio per- USP
ceptivo no espectador, quase uma sensação de perda de referência
espaço-temporal radical.”

EXERCÍCIO
Construa um texto sobre a experiência do Teatro e o tempo, defendendo seu ponto de vista. (mínimo 30 linhas)

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