Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
engenharia civil
4.4K
São Francisco é uma das cidades mais bonitas do mundo, mas quem a escolher como endereço precisa saber antes
que ela é ladeada por sete linhas de falhas geológicas. A mais conhecida é a de San Andreas, que em 1906 produziu
um dos piores desastres naturais da história.
Justamente por se encontrar nesta zona sísmica ativa, os novos empreendimentos foram erguidos, durante muitas
décadas, em altura relativamente baixa. Isso ocorreu até os anos 2000, quando a ambição dos investidores fez surgir
em seu horizonte impressionantes arranha-céus. Um exemplo é a Millennium Tower, símbolo do auge das propriedades
de luxo e de escândalo público para o país.
Veja Também: Como as tragédias em Chicago e São Francisco ajudaram a moldar a arquitetura dessas cidades
A Millennium Tower foi inaugurada em 2009. Este prédio residencial, com 58 andares, é o mais alto da cidade
atualmente. Ele foi todo construído em concreto armado, algo incomum para edifícios de grandes alturas – uma opção
estrutural escolhida devido aos cortes de custos estabelecidos pela construtora. Seu volume assemelha-se a uma
pedra de cristal, com linhas limpas e elementos transparentes, que reforça a sensação visual de leveza.
No interior da torre, há 419 unidades residenciais, espaço de varejo, restaurante, bar de vinho, health club, spa e
cinema, além de uma garagem com 5 níveis e 340 vagas. Sinônimo de paraíso, chegou a ser eleito em 2012, pela
revista Worth, como um dos dez melhores prédios do mundo. Só que, em pouco tempo, mostrou sinais
preocupantes de afundamento, inclinação e demais problemas estruturais que assustou bastante os
moradores. Logo surgiram disputas judiciais entre os desenvolvedores, a cidade e os proprietários dos apartamentos,
avaliados em milhões de dólares cada.
(imagem extraída de The Architect’s Newspaper)
Recentemente, a ESA – Agência Espacial Europeia – decidiu realizar observações regulares sobre a Baía de São
Francisco para avaliar, principalmente, os movimentos tectônicos na região. Imagens feitas pelo satélite Sentinel-1
apontaram que o distrito financeiro da cidade está afundando numa taxa constante – algo que já era esperado. Porém,
o que chamou a atenção dos cientistas foi a Millennium Tower. O edifício parece ter afundado cerca de 40 cm em
sentido noroeste. Os engenheiros estimam, com os dados registrados, que esta taxa pode aumentar em
aproximadamente 2 cm por ano, o que é muito para um edifício com estas proporções.
“O que pode ser concluído a partir de nossos dados, é que a Torre do Milênio está afundando a uma
taxa constante” – Petar Marinkovic, fundador e cientista-chefe da PPO Labs, que analisou as imagens de
radar do satélite para a ESA.
(imagem extraída de Sfchronicle)
A situação é mesmo perturbadora. Todos já podem ver a olho nu os efeitos deste grave afundamento. Calçadas e pisos
irregulares, vazamentos na garagem, mau funcionamento dos elevadores, fissuras nas paredes e tetos, e muito mais.
Quase todos os elementos da construção, incluindo a base, estão sofrendo, em menor ou maior grau, algum tipo de
estresse. Sabe-se que as fundações da Millennium Tower foram construídas sobre um terreno argiloso, muito úmido.
Talvez todos estes danos sejam o resultado de um apoio não adequadamente firme, mas essa é uma informação ainda
não confirmada.
Os desenvolvedores do edifício afirmavam, desde a finalização da construção, que o prédio era seguro para viver e que
poderia, sim, suportar um grande terremoto. Mas, quando os problemas ficaram mais evidentes, eles não puderam
negar. Porém, acabaram culpando a obra vizinha, da Transbay Transit Center – um projeto de estação ferroviária. Seus
engenheiros defendem a ideia de que a água bombeada para fora do terreno vizinho tenha deixado a torre instável. Só
que alguns habitantes locais suspeitam que todas as partes envolvidas sabiam dos riscos, mas que ignoraram tudo por
influência política, movida totalmente pela lucratividade das vendas.
+ Estabilizando o edifício
A incorporadora Millennium Partners contratou a empresa Lera and DeSimone Consulting Engineers para encontrar a
melhor solução para estabilizar a torre, coloca-la na orientação original e impedir que afunde mais. Foi exigido que
qualquer futura reparação não atrapalhe a rotina dos moradores. Mesmo assim, já foram feitas coletas profundas de
amostras de solo para a realização de testes, também a instalação de medidores de esforços para medir o crescimento
das rachaduras nas estruturas. A ideia é consertar qualquer erro cometido na base, que parece estar inadequada para
essa estrutura tão pesada.
“Nossa maior prioridade sempre foi consertar o prédio.” – porta-voz do Millennium Partners, PJ
Johnston.
(imagem extraída de Domain)
A Lera and DeSimone propôs estabilizar a Millennium Tower perfurando, a partir do nível do seu andar mais inferior,
novas estacas – um número entre cinquenta e cem. Elas terão aproximadamente 60 metros e deverão atingir a camada
de rocha que fica abaixo do terreno argiloso. Hoje, a torre tem fundações com apenas a metade deste comprimento.
Não se sabe ainda quem deverá assumir todos os custos da obra, que deve chegar à marca de 150 milhões de
dólares. Porém, é um valor pequeno a se pagar diante do enorme problema.
(imagem extraída de SFGate)
O vídeo a seguir apresenta mais detalhes sobre este caso, mostrando, inclusive, a perspectiva dos moradores
da Torre do Milênio:
A Millennium Tower era para ser um edifício único, de última geração, um verdadeiro orgulho americano, mas acabou
se tornando o pior pesadelo de todos. Mesmo que seus desenvolvedores tenham sido honestos e seguido
corretamente todo o mínimo exigido pelo o município, agora nada disso importa.
Primeiro, eles não deveriam confiar que uma arquitetura tão grandiosa, tão importante e tão cara fosse construída com
nada inferior aos padrões máximos. Segundo, se a prefeitura não assumir qualquer responsabilidade neste ou em
outros projetos, sempre ficará a pergunta: quando houver outro tremor, quanto de São Francisco ficará de pé?
Fontes: The Sun, NY Times, Archdaily, Daily Mail, NBC News.
Leia Também:
Funcionário do futuro: esse robô realiza demolição e ainda recicla o material retirado
Entenda por que este prédio japonês encolheu dois andares em dez dias
Related Posts:
1. BDE Explica: quais as diferenças do concreto submerso?
4. Compostagem doméstica é aposta para um mundo mais sustentável. Conheça algumas opções.
+ COMPARTILHE
http://bde.li/2gdxo4W
Simone
Tagliani
Simone Tagliani
Arquiteta, pro ssional em Decoração de Interiores, técnica em Publicidade, pós-graduada em Artes Visuais, blogueira e auto-
didata na técnica do Feng Shui.
Recomendado por
0 COMENTÁRIOS Blog da Engenharia
1 Iniciar sessão
Nome
veja também
Sobre
Anuncie
Contato
Política de Privacidade
Blog da Engenharia © 2011 - 2017 | Todos direitos reservados | Conteúdo sob licença Creative Commons BY-NC-SA 3.0 BR