Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
,
OATOMO
INSTITUTO
PIAGET
Título original
L'Atorne
Autor
Jean-Paul Auffray
Colecção
Biblioteca Básica de Ciência e Cultura,
sob a direcção de António Oliveira Cruz
Tradução
Elsa Pereira
Capa
Dorindo Carvalho
Copyright
Flamrnarion, 1997 - Collection DOMINOS
Fotocomposição e impressão
Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Lda.
ISBN: 972-771-462-5
D epósito legal: 173 528/01
10
«A inspiração do poeta».
De onde vêm as ideias que nos vêm?
Pintura d e Nicolas Poussin (1594-1665).
Museu do Louvre, Paris.
© RMN
Atamos idea
As entidades indivisíveis
Passemos ao segundo patamar da teoria.
Demócrito põe a questão: se o ser é uma mul-
tiplicidade, em que é que consiste essa multi-
plicidade? Segundo ele, a unidade fundamental
desta multiplicidade é o atamos idea. É a expres-
são chave da teoria, a que traduzimos habi-
tualmente - erradamente, como veremos - pela
nossa palavra «átomo»: na realidade transfor-
mámos em substantivo o que, para os antigos
gregos, era um adjectivo.
O adjectivo tomos significa «segmentado» (tal
como uma obra com vários tomos). Precedido do
«alfa privativo», torna-se atamos, designando
aquilo que não pode ser segmentado ou divi-
dido, o que é indivisível. Em contraste, derivado 15
do verbo idein, que significa «ver», o substantivo
idea designa aquilo que vemos, uma forma, uma
entidade - o que tem uma existência separada,
distinta das outras.
Simplificando um pouco, encontramos a
palavra «ideia» pela primeira vez em Anaxágo-
ras de Clazoménios (cerca de 500-428 a. C.) . Mas
que significa este termo? Para Anaxágoras,
existe um conglomerado de qualidades encer-
radas em partículas infinitamente pequenas, as
ideias. Qualquer objecto da natureza contém
todas as ideias possíveis em proporções variá-
veis. O ouro, por exemplo, é principalmente
ouro mas contém igualmente pequenas porções
de todas as outras substâncias. Numa palavra,
«em cada coisa existe uma parcela de cada
coisa» - o que constitui aquilo a que podíamos
chamar uma filosofia existencial (no seu tempo,
Jean-Paul Sartre dirá: «Cada homem é todos
os homens»).
Platão, ao que parece, queria queimar os
livros de Demócrito, cujas ideias desprezava.
Não se trata aqui apenas de um jogo de
palavras. Discípulo de Sócrates, Platão pretende
fazer uma síntese entre a ordem moral (a do
homem) e a ordem física (a da natureza) . Postula
portanto, também, um mundo de Ideias. Mas
esse mundo constrói-se num domínio transcen-
dente, que se situa para além da natureza
empírica. Ele contém «a totalidade dos objectos
que podemos conceber de uma maneira perfeita:
os objectos naturais (as ideias de Demócrito) mas
16 também os valores - a coragem, o bem .. . ,
o próprio homem. A alma humana aspira a rein-
tegrar esse mundo «que conhecia antes de se
encontrar ligada à matéria».
Para Demócrito, a ideia é um corpo visível
para o intelecto e estruturado, embora indivisível.
Porquê indivisível? Segundo ele, por duas
razões. Urna, prosaica: as ideias são demasiado
duras para poderem ser seccionadas pelos meios
de que dispomos. A outra, fundamental: as
ideias são indivisíveis devido ao seu ritmo,
elemento constitutivo com carácter primordial.
Que dizer?
Segundo Aristóteles, que, na sua doxografia*,
descreve as opiniões dos seus contemporâneos,
os atributos das ideias são em número de três:
schema (forma), taxis (ordem) e thésis (posição).
Ele dá um exemplo do que se pode esperar com
isso: «A distingue-se de N pela forma, AN de
NA pela ordem, e N e Z pela posição. »
Neste enunciado Aristóteles dá-se ao luxo de
urna pequena traição ao pensamento dos Abderi-
tas. Ele utiliza de facto a palavra «esquema »
quando Demócrito emprega a palavra «ritmo».
Ora «esquema» é um termo estático que designa
urna forma geométrica, urna imagem. «Ritmo»,
em oposição, tem urna conotação dinâmica.
Parece realmente que Demócrito utilizou esta
palavra voluntariamente para sugerir a noção
segundo a qual as ideias indivisíveis são intrin-
secamente animadas de movimento. Esta noção
constitui o terceiro patamar da sua teoria. Tão
imaginativa corno as precedentes, implica que
o movimento é um atributo irredutível das 1?
ideias - tão fundamental como a sua qualidade
de «ente»: se a ideia indivisível possui intrinse-
camente movimento, é inútil procurar explicar
o movimento (da mesma forma que é inútil
procurar explicitar a origem do «ser»). Eis-nos
no coração da teoria.
Mas, porqu e é que nos interessamos hoje por
tudo isto, diria você? Não está já ultrapassado,
esquecido, caduco? Muito pelo contrário! Esta
teoria audaciosa - foram preciso vinte e cinco
séculos para a aceitar plenamente - é a alma da
nossa física de hoje, como verificaremos mais
amplamente no decurso das páginas deste livro.
Os grandes génios, aliás, não se enganaram.
Na verdade, Platão que disse tudo sobre
Sócrates, nada escreveu sobre Demócrito. Mas
Epicuro e mais tarde Lucrécio fizeram das ideias
de Demócrito o seu cavalo de batalha. E, mais
próximo de nós, o jovem Karl Marx fez de «a
diferença da filosofia da natureza em Demócrito
e Epicuro» o tema da sua tese de doutoramento.
Antes de acabar aqui, provisoriamente, com
Demócrito, observemos que, além de grande
metafísico, ele foi também um grande sábio.
Na sua obra Panarion ou la Bofte à drogues (374),
escrita no século IV da nossa era, Santo Epifânio
de Salamina escreve: «Demócrito de Abdera, filho
de Damasipo, afirmava que o universo é infinito e
que flutua no vácuo. » Acrescenta: «Ele susten-
tava ainda que um só e único objectivo deve antes
de tudo ser perseguido: é a alegria da alma. As
leis são uma má invenção, dizia ele; o sábio não
18 deve submeter-se às leis, mas viver livremente.»
O átomo dos químicos
i ~ (b)
a «quinta» essência
------: ,i
..· ''
''
'
',,:
_______ '.J
frio
(a) Os elementos de Empédocles, as
qualidades de Aristóteles e os átomos
@. '
-
de Platão.
(b) Verdadeiras «partículas elementares»,
os triângulos de Platão permitem a
construção de poliedros de que os átomos
a terra a água são feitos.
Constituintes da matéria
Primeiro esboço de uma teoria (século v antes da nossa era).
Gassendi:
os átomos estão em toda a parte!
Saltemos uns séculos. Nascido em Champter-
cier, perto de Digne, na Haute-Provence, Pierre
Gassend, dito Gassendi (1592-1655), evidenciou,
desde a sua infância, a marca do génio. Jovem,
aprende de cor seis mil versos latinos e recita por
dia uns trezentos para reavivar a memória.
Depois da morte de Richelieu, em 1642, cede às
imposições dos seus superiores e vai para Paris
para leccionar Matemática no Colégio Real, o
futuro Colégio de França. Amigo de Galileu e
contemporâneo de Descartes, empenha-se na
missão de substituir a física de Aristóteles, que 23
considera obsoleta, por uma nova física fundada
numa fusão da ideia abderita com a mensagem
bíblica. Ele afirma que os átomos, que para
Demócrito são não criados, detêm, na realidade,
os seus atributos de Deus.
Postula com entusiasmo a existência de áto-
mos luminosos, de átomos aromáticos, de
átomos sonoros, átomos de calor, átomos de frio ...
A forma destes determina as suas propriedades
sensíveis: pontiagudos, constituem as coisas
picantes; redondos, as coisas fluídas, etc. Numa
palavra, os átomos estão em toda a parte, «são
os verdadeiros "princípios" sobre os quais o
mundo é construído».
E não é tudo. No seguimento, Gassendi rejeita
a doutrina dos quatro elementos de Empédocles
e das quatro qualidades de Aristóteles; ele pos-
tula, para a substituir, a formação intermediária
de associações de átomos: «A partir dos átomos
são primeiro formadas algumas moléculas dife-
rentes entre si, que são as sementes das coisas
diferentes. »
Moléculas ... A palavra está lançada. Entusias-
mados com estes ensinamentos, Ralph Cudworth
e Walter Charleton ecoam-nos em Inglaterra.
Robert Boyle (1627-1691), um dos pais fun-
dadores da Royal Society de Londres, põe-se à
escuta; adopta o atomismo de Gassendi e emite
a opinião que o número de substâncias primor-
diais deve ser maior do que quatro. Chega a
sugerir que os elementos proverbiais de Empé-
docles são na realidade ... substâncias compostas.
24 Compostas, mas ... de quê?
Secretamente, o maior alquimista do seu
tempo, Isaac Newton (1642-1727) publica, em
1704, o seu Tratado de Óptica, que Jean-Paul
Marat (o amigo do povo em pessoa!) traduz para
francês em 1787. Nas últimas páginas da obra,
Newton entrega-se a especulações sobre a
natureza da composição dos corpos: «Todos os
corpos parecem compostos de partículas duras:
senão os fluidos não congelariam, como a água,
os óleos, o vinagre e o espírito de vitríolo o
fazem pelo frio, o mercúrio pelos fumos de
chumbo, o espírito de nitro e de mercúrio dissol-
vendo o mercúrio e evaporando o Fleuma. »
Quanto à luz: «Mesmo os raios [que a com-
põem] parecem ser corpos duros; porque de
outra forma não conservariam diferentes pro-
priedades nos seus diversos lados. E, conse-
quentemente, a dureza pode ser reconhecida
como a propriedade [característica] de todos os
corpos compostos. » O debate está bem lançado.
Faltava começar a fazer química - verdadeira
química, fundada na experimentação, na obser-
vação e na medida.
e
(]) A~ott' s o Bruyres 68
d
C.a1·bº" ~
© lron
@ Phosphorus .9 © Copper só
E9 Su1phur )3
© Lead !)6
Potash
24
'U
41
'ªo® .
Gol d
Platina
Mcrcury /Ó/
/jD
IJº
Gay-Lussac e Avogadro
Continuando os trabalhos de Lavoisier e de
Dalton, Louis Gay-Lussac (1778-1850) estabelece
28 com precisão, em 1805, a composição de um certo
número de substâncias gasosas. Anuncia que
os elementos entram na composição dessas
substâncias em proporções que mantêm sempre
relações simples entre si.
Professor de Química na Escola Politécnica
meio século mais tarde, Jean-Baptiste Dumas
(1800-1884) conta o que sucedeu depois: «Quando
Gay-Lussac apresentou a sua bela lei sobre as
combinações de gases [ ... ], esperávamos vê-la
adoptada e desenvolvida [por Dalton] porque
era uma sorte rara para um inventor. Pois bem!
nada disso! Dalton repudiou-a com uma espécie
de desdém ... "Se, diz ele, esta lei é verdadeira, é
uma tradução da minha. Vós chamais volume ao
que eu chamo átomo: eis a única diferença". »
As descobertas de Gay-Lussac escondiam no
entanto uma dificuldade que iria dividir · os
químicos durante muitos anos. «As observações
de Gay-Lussac, diz-nos Dumas, [sugeriam] que
os gases contêm o mesmo número de átomos
num volume igual. É pois necessário explicar-
mos: na medida em que um volume de cloro e
um volume de hidrogénio produzem dois de
ácido clorídrico .. . Por conseguinte, é necessário
que o átomo de cloro e o de hidrogénio possam
dividir-se em dois, para dar origem aos dois
átomos de gás clorídrico.»
O italiano Amadeo di Quaregna e Ceretto
Avogadro (1776-1856), resolve o enigma
em 1811: tanto a molécula de hidrogénio,
explica, como a de cloro gasoso é um con-
junto de dois átomos. Quando se combina
o cloro com o hidrogénio gasoso, temos então 29
H 2 + Cl2 = 2HCl, e não H + Cl = HCl. E é por isso
que dois volumes de ácido clorídrico são produzi-
dos nesta reacção. Note-se que para Avogadro,
em oposição a Dalton, tudo são «moléculas» -
quer estas sejam «integrantes » (para nós,
átomos) quer «compostas» (para nós, moléculas).
Químicos em congresso
A 3 de Setembro de 1860, cento e quarenta
químicos eminentes vindos dos quatros can-
tos da Europa reuniram-se em congresso em
Karlsruhe - trata-se do primeiro congresso inter-
nacional da história da ciência. O seu objectivo:
tentar conciliar os pontos de vista divergentes
a respeito do átomo (e das moléculas!) que
opunham os químicos uns aos outros. Na segunda
sessão plenária, a 4 de Setembro, o jovem quí-
mico August Kekule von Stradonitz (1829-1896),
promotor do congresso, põe as coisas nos
seguintes termos: «Nas reacções químicas existe
uma quantidade que entra e sai na mais pequena
proporção e nunca numa fracção desta pro-
porção. Essas quantidades [...] são as moléculas
definidas quimicamente. Mas essas quantidades
não são indivisíveis, as reacções químicas con-
seguem cortá-las e dividi-las em partículas abso-
lutamente indivisíveis. Essas partículas são os
átomos. Os elementos, quando se encontram
livres, constituem moléculas formadas por
átomos. Assim a molécula de cloro é formada
30 por dois átomos. »
Com esta exposição lúcida (e profética),
poderia pensar-se que o debate tinha terminado.
No entanto, ele vai durar ainda vários anos.
O problema que subsiste é o de aceitar ou não as
duas hipóteses de Avogadro segundo as quais a
molécula de muitos gases é composta por dois
átomos e o número de moléculas num gás seria
sempre o mesmo, num volume igual.
Charles Gerhardt (1816-1856) extrai das
hipóteses de Avogadro uma consequência que
formula no seu Compêndio de Química Orgânica,
em 1853: é possível representar a molécula de
cada substância através de uma fórmula que
exprime claramente «quantos átomos de cada
espécie estão contidos na molécula». A fórmula
H 2 0 por exemplo indica que a molécula de água
contém dois átomos de hidrogénio e um átomo
de oxigénio - sem sugerir contudo, note-se, um
arranjo geométrico particular desses três átomos
entre si.
HC :=cH
36
O poder misterioso
do âmbar amarelo
Duas electricidades!
Após a assinatura dos tratados de Utreque e
de Rastadt em 1714, Charles François de Cister-
na y Du Fay (1698-1739), então com 16 anos,
38 deixa o exército - com a patente de capitão! -
para se dedicar ao estudo da ciência que lhe
ensinou o seu avô, apaixonado da química.
Num dia de 1733, dirigindo-se o seu interesse
para a electricidade, esfrega um tubo de vidro
para o electrizar e aproxima-o de uma folha
de ouro: a folha ergue-se e permanece suspensa
no ar acima do tubo. Quando aproxima dela
um pedaço de copal esfregado, surpresa! a
folha cola-se ao copal sem que seja fácil sepa-
rá-los.
O momento desta descoberta é um dos mais
preciosos momentos da história da ciência em
que o génio do homem faz oscilar repentina-
mente a nossa visão do mundo. Para justificar
aquilo que acaba de observar, Du Fay anuncia
que existem duas electricidades opostas na
natureza. Chama a uma a electricidade «resi-
nosa» e à outra a electricidade «vítrea».
1739. Seis anos depois da descoberta, Du Fay,
com 41 anos, morre em Paris de bexigas. As suas
descobertas são imediatamente esquecidas.
Tanto mais depressa quanto ...
Benjamin Franklin (1706-1790) encontra em
Bóston, em 1746, o doutor Spencer. Saído pouco
antes da sua Escócia natal, cercado de toda a
espécie de tubos de vidro e outros instrumentos
com que demonstra os fenómenos eléctricos que
encantam os filósofos do continente (Voltaire
é um deles). Franklin compra-lhe os tubos,
que leva para Filadélfia, onde está estabelecido
(possui uma oficina de impressão). No espaço de
sete anos frutuosos, entrega-se a uma quan-
tidade de experiências e proclama uma teoria da 39
electricidade que se vai impor. Afirma que existe
apenas um fluido eléctrico, contido em todos os
corpos em quantidade igual. A electrização fá-lo
passar de um corpo para outro que passa a
contê-lo em excesso, enquanto o primeiro corpo
tem a menos. Diremos que o segundo corpo está
electrizado positivamente (contém excesso do
fluido eléctrico), e que o primeiro corpo está
electrizado negativamente (tem carência de
fluido eléctrico).
A teoria de Franklin do fluido único está
hoje abandonada, mas conservámos as con-
venções que ele criou para designar a electri-
cidade - o que é lastimável, porque um corpo
carregado positivamente, à maneira de Franklin,
contém um excesso de electrões carrega-
dos ... negativamente, segundo a concepção
moderna!
44
Quatro grandes ideias
da física
O que é o movimento?
Em 1647, três anos antes da sua morte no frio
castelo da rainha Cristina da Suécia, então com
18 anos, René Descartes (1596-1650) publica a
versão francesa dos seus Princípios da Filosofia.
No capítulo XXXVI da segunda parte, escreve: «Na 45
medida em que [Deus] moveu de varias
maneiras diferentes as partes da matéria, quando
as criou, e as mantém todas da mesma forma e
com as mesmas leis que lhes atribuiu na sua
criação, Ele conserva incessantemente nesta
matéria uma quantidade igual de movimento»
(os itálicos são de Descartes).
O que Descartes aqui nos diz é revolu-
cionário e constitui, na minha opinião, uma das
mais belas contribuições para a física: ele faz do
movimento um igual da matéria - o que aliás
está de acordo com o pensamento de Demócrito,
com as suas ideias indivisíveis dotadas de ritmo.
Mas Descartes via mais longe: ele explica como
calcular a «quantidade de movimento» trans-
portada por um corpo que se desloca à veloci-
dade v. Cada parte desse corpo desloca-se ao
mesmo tempo que o corpo à velocidade v; ela
contribui assim para o movimento de conjunto
do corpo através de uma quantidade de movi-
mento igual a v. A quantidade de movimento
total transportada pelo corpo é pois igual a
v + v + v + ... = mv, representando mo número
de partes contidas no corpo - dizemos hoje a sua
massa. (Os tratados de física dizem habitual-
mente que a quantidade de movimento é .igual
«ao produto da massa pela velocidade»; como
é que «se multiplica» uma massa por uma
velocidade? Prefiro a definição operacional de
Descartes.)
Grande viajante - como Demócrito e Des-
cartes -, o filósofo, geómetra, escritor brilhante,
46 Pierre Louis Moreau de Maupertuis (1698-1759)
formula, em 15 de Abril de 1744, perante os mem-
bros da Academia Real de Paris a proposição
que vai imortalizar o seu nome: «Quando um
corpo é levado de um ponto para outro, é
necessária para isso uma certa acção [ ... ].
A quantidade de acção é tanto maior quanto
maior for a velocidade do corpo, e o mais longo
caminho que percorre; ela é proporcional à soma
dos espaços cada um deles multiplicado pela
velocidade com que o corpo o percorre.»
Soma das contribuições de cada uma das
partes, a acção de um corpo que percorre a
distância l à velocidade v é portanto igual
a vl + vl + vl + ... = mvl, em que m representa,
como anteriormente, o número de partes conti-
das no corpo (a sua massa) . E como mv é igual
à quantidade de movimento p transportada pelo
corpo, à moda de Descartes (ver atrás), a acção é
assim igual a pl. Em resumo, ela é, matematica-
mente falando, igual ao produto da quantidade
de movimento pela distância percorrida. Nada
poderia ser mais simples.
Muito bem, diriam vocês. Mas para quê tudo
isso? Aonde é que isto leva? Ainda mais uns
instantes, e tudo vai ocupar os seus lugares.
Examinemos a nossa terceira grande ideia.
·-·
->
V
(a)
(b)
A acção
a) Segundo Malpertuis (1744), o transporte de um corpo de
massa m sobre a distância 1 à velocidade v requer uma quantidade
de acção igual a mvl.
b) Segundo Planck (1900), a acção é um múltiplo inteiro de
uma unidade universal, o quantum elementar de acção h .
52
O átomo dos físicos
(a)
ü=R(.2__ - _!___)
22 n2
1 cm
n entier
(b) (e)
A fórmula de Balmer
a) As quatro riscas do espectro de hidrogénio utilizadas por
Balmer para estabelecer a sua fórmula.
b) A fórmula de Balmer. (com n = 3, 4, 5 e 6 para as riscas
observadas em cima).
c) Uma rajada de projécteis todos com o mesmo comprimento
passa à velocidade v, dando a impressão de constituir uma onda.
Esta onda é caracterizada pelo número de projécteis que contém
por centímetro, chamado «número de onda», designado por V e
medido em cm-1 . Tipicamente, para a risca vermelha do espectro
de hidrogénio, À= 0,00066 cm e V= 15 233 cm-1 .
A fórmula de Balmer
Basileia, 1885. Modesto professor de
Matemática numa escola feminina - e pitagó-
rico convicto-, Johann Jakob Balmer (1825-1898)
examina com atenção os números de onda das
quatro riscas d e hidrogénio publicadas por
Angstrõm. Esses números n ã o t ê m a priori
nada de comum entre si: 15 233, 20 565, 23 032 e
24 373. Persuadido, contudo, de que eles encer-
ram um segredo da natureza e que o «mundo,
a arte e a natureza formam um enorme todo
h a rmoni o s o q u e se p o d e e xplica r a través d e
combinações a propriad as d e números inteiros»,
Balmer dedica-se a tentar descobrir uma fór-
mula que ligue esses quatro números, entre
si, de maneir a simples. Encontra uma, que
publica imed iatame nte numa revis ta cientí-
56 fica local.
A fórmula de Balmer tem qualquer coisa de
fundamental, de elegante, de incontornável.
Dado o papel que ela vai desempenhar na con-
tinuação da nossa história, reproduzimo-la em
todo o seu esplendor no diagrama da p. 55. Ela
não é mais do a «ponta do icebergue». Ao publicar
a sua fórmula, Balmer mostra-a a um professor
de física da universidade de Basileia. Este sur-
preende-se: o quê, não sabia? Desde os seus últi-
mos trabalhos, «eles» identificaram não quatro,
mas dezasseis riscas do espectro de hidrogénio.
Balmer mete-se febrilmente ao trabalho. Milagre!
A sua fórmula explica com precisão o conjunto
das dezasseis riscas. E não é tudo!
Com 20 anos, à data da morte de Balmer,
Walter Ritz (1878-1909) faz em 1908 uma
descoberta surpreendente. Ele anuncia: as ris-
cas de um dado espectro formam uma «con-
fusão »: aparentemente inextricável, e no entanto
é possível agrupá-las em várias «famílias » ou
«séries» distintas, cada uma delas facilmente
identificável e representável, à maneira de
Balmer, pela diferença de dois termos cada um
deles dependente de um número inteiro.
Esta hipótese recebe uma confirmação incon-
testável no próprio ano da sua formulação com a
descoberta por Friedrich Paschen (1865-1947),
em Tübingen, de uma série até aí desconhecida
de riscas do espectro de hidrogénio correspon-
dentes à fórmula balmeriana V= R(l/3 2 - l/n 2 ),
e a descoberta, por Theodor Lyman (1874-1954)
em Harvard, pouco tempo depois, de uma outra
série correspondendo esta a V= R(l / 12 - 1 / n 2 ). 57
Essas duas séries tinham até aí escapado à
atenção geral porque correspondiam a riscas
situadas, umas, na região infravermelha do
espectro, e outras, na região ultravioleta.
Admire mos ainda aqui a maravilhosa
presciência da visão pitagórica do mundo: do
cosmos ao átomo, os números governam o
universo.
Entremos no átomo
As ideias de Balmer e de Ritz intrigavam
muito os físicos, mas estes tinham outras
preocupações mais urgentes do que a de explicar
o seu sucesso. Porque é que, perguntavam-se
eles, os electrões no átomo não «caem» para o
núcleo? Em princípio isso deveria acontecer,
devido tanto ao seu peso (atracção gravi-
tacional), como à atracção eléctrica exercida pelo
núcleo - uma razão ainda mais forte. Alguma
coisa, com toda a evidência, o impede. Mas
o quê?
Estudante na universidade de Viena em 1910,
Arthur Haas (1884-1941) tenta responder a esta
questão. Ele imagina um electrão a oscilar no
interior do átomo e considera que esta oscilação
corresponda precisamente a um quantum de
acção de Planck. Deduz deste modelo rudimen-
tar um «raio» para o seu átomo igual a cerca de
0,55 x 10-7 milímetros. Resultado notável: pela
primeira vez, um cálculo teórico permitiu
58 atribuir uma «dimensão» (plausível) ao átomo.
(Infelizmente para Haas, como só se empresta
aos ricos, o seu raio é hoje conhecido pelo nome
de ... «raio de Bohr».)
Dois anos mais tarde, em Cambridge, John
Nicholson (1881-1955) retoma a ideia de Haas
sob uma forma aperfeiçoada: imagina um elec-
trão de massa m girando à velocidade v numa
órbita circular no interior do átomo, e considera
que a acção para completar uma órbita seja igual
a um número inteiro de quanta. esta acção cal-
cula-se facilmente: se o raio da órbita for r, a
distância do caminho percorrido no fim de uma
volta é 27rr e a acção é pois i gual a 27rrmv .
Nicholson estipula então 27rrmv = kh, sendo k
inteiro.
Convencionou-se chamar «momento angu-
lar» do electrão e designa-se pela letra L a
expressão rmv. O resultado de Nicholson
escreve-se então L = kh/2'IT (k inteiro). É o
mesmo que dizer que, no átomo, o momento
angular do electrão está «quantificado». Já não
dizemos hoje que «os electrões giram em órbitas
Circulares no interior dos átomos», mas continua-
mos a dizer que o seu momento angular está
quantificado.
Os saltos quânticos
17 de Julho de 1912. O maior matemático
do seu tempo (um dos maiores matemáticos de
todos os tempos), Henri Poincaré (nascido em
1854), morre em sua casa, n a rua Gay-Lussac 59
em Paris. Numa série de artigos publicados sob
a forma de livro depois da sua morte, escreve:
«É preciso explicar as leis tão curiosas da repar-
tição das riscas no espectro. Segundo os traba-
lhos de Balmer, de Runge, de Kaiser, de Rydberg,
essas riscas repartem-se em séries e em cada
série obedecem a leis muito simples.» Ele lança
as bases de uma explicação: «Da mesma forma
que uma corda vibrante tem uma infinidade de
graus de liberdade, o que lhe permite dar uma
infinidade de sons cujas frequências são múl-
tiplas da frequência fundamental, [... ] não pode-
ria o átomo dar, por razões idênticas, uma
infinidade de luzes diferentes?»
Mas aponta uma dificuldade: «Segundo as
leis espectroscópicas [contrariamente ao que se
passa com a corda vibrante], a frequência não
se torna infinita para as harmónicas de grau
infinitamente elevado.» (De facto, em cada série,
a frequência tende para um limite.) Assim, diz-
-nos Poincaré, «a ideia tem que ser modificada
ou abandonada». E constata: «Até aqui resistiu a
todas as tentativas, recusou adaptar-se.»
Poincaré utiliza então uma ideia curiosa pro-
posta por Ritz, pouco tempo antes da sua morte,
para explicar esta «anomalia» aparente: «[Ritz
representa] o átomo vibrante corno formado por
um electrão girando e vários rnagnetões* postos
topo a topo. Não é a atracção electrostática dos
electrões que regula os comprimentos de onda, é
o campo magnético criado pelos magnetões. »
Voltaremos a encontrar esta ideia - sob uma
60 outra forma - na segunda parte d este livro.
Num segundo artigo, intitulado «A hipótese
dos quanta», Poincaré afirma: «Um sistema físico
[como, por exemplo, um átomo] não é susceptível
senão de um número finito de estados distintos;
ele salta de um desses estados para outro sem passar
por uma série contínua de estados intermédios »
(os itálicos são de Poincaré).
Detenhamo-nos um instante sobre este texto,
acto fundador da teoria moderna do átomo. Que
se entende por um «estado» do átomo? A teoria
de Nicholson explica-o. Tomemos o exemplo
mais simples, o do átomo de hidrogénio, que
contém apenas um electrão. Segundo Nicholson,
este electrão encontra-se numa órbita correspon-
dente a um número inteiro de quanta de acção.
Esse número inteiro - esse número quântico -
define um estado do electrão e, mais geralmente,
um estado do átomo. (Para um átomo com
vários electrões, a definição será mais complexa,
mas é da mesma ordem. Voltaremos a falar
nisso.)
Debrucemo-nos agora sobre a segunda parte
do texto de Poincaré. Como é que o átomo passa
de um estado para o outro? Segundo Poincaré,
efectuando «saltos» (dizemos hoje saltos quân-
ticos). Muito bem, mas como é que - e porquê -
o átomo efectua esses saltos? Nunca saberemos
como é que Poincaré, se estivesse vivo, respon-
deria a esta pergunta. Sabemos unicamente o
que outros, na sua esteira, concluíram.
Setembro de 1911: Niels Bohr (1885-1962),
que acaba de defender a sua tese de doutora-
mento na Universidade de Copenhaga, chega a 61
casa de sir Joseph, em Cambridge, para uma
estada de estudo de quatro meses. Nicholson
explica-lhe a sua ideia a respeito da quantificação
do momento angular do electrão no átomo. Bohr
não ficou impressionado (di-lo-á mais tarde), em
parte porque Nicholson tinha aplicado a sua
teoria a um átomo hipotético, baptizado por
nebulium porque se pensava que estava presente
nas nebulosas; sabemos hoje que se tratava na
realidade de um ião do átomo de oxigénio.
Fevereiro de 1913. Bohr empreende a redacção
de um longo artigo sobre o átomo. Hans Marius
Hansen (1886-1956), especialista de espectros-
copia, pergunta-lhe: «Será que o seu artigo expli-
cará a fórmula?» Bohr sobressalta-se. A fórmula?
Que fórmula? Bohr inicia-se então na fórmula de
Balmer de que falámos - contra todas as expecta-
tivas, ele, o especialista em potência do átomo,
não a conhecia. É uma paixão. Bohr apercebe-se
de que a fórmula de Balmer contém uma teoria
implícita do átomo e que, para compreender o
átomo, é preciso tentar compreender o que esta
fórmula tenta dizer.
Números quânticos
Munique, 1916. Arnold Sommerfeld (1868-
-1951), também ele pitagórico do fundo da alma,
questiona-se: por que é que o electrão do átomo
de hidrogénio seria obrigado a girar em órbitas
circulares? Por que é que ele não poderia em vez
disso girar em órbitas elípticas?
Tal como Cristóvão Colombo ao descobrir a
América pensando estar a chegar às Índias,
Sommerfeld constrói um novo modelo do átomo
que o leva para bem longe do próprio modelo,
para terras inexploradas da física atómica
nascente. O modelo «ingénuo» do átomo desen-
volvido por Haas e depois por Nicholson levava
a definir um número quântico k, precisando o
número de unidades de acção para uma volta do
electrão na sua órbita. Sommerfeld introduz
dois números quânticos que lhe permitem quan-
tificar o movimento em função dos dois eixos
das suas elipses. 65
As elipses de Sommerfeld «evaporaram-se»
mais tarde da física, mas os números quânticos
que as sustentam permaneceram. Parte inte-
grante das terras novas descobertas pelo genial
muniquense, estão no centro da física moderna
do átomo. Tentemos por um instante avaliar o
seu significado mais profundo. Seguiremos, com
este objectivo, algumas etapas do raciocínio uti-
lizado por Sommerfeld para obter os seus resul-
tados. A ideia de Sommerfeld equivale a dizer
que os dois eixos a e b da elipse que constitui,
segundo ele, a órbita do electrão devem ter entre
si uma relação igual à de dois números inteiros,
n e k, segundo a equação a/b = n/k. Como numa
elipse o eixo menor b é no máximo igual ao eixo
maior a (caso·em que elipse se torna um círculo),
k é pois, no máximo, igual a n.
Para verificar alguns pormenores do espectro
do hidrogénio chamados de «estrutura fina» que
as teorias de Haas, de Nicholson e de Bohr
tinham ignorado, Sommerfeld considera k = l + 1
e introduz no seu modelo um terceiro número
quântico m que pqde tomar os valores inteiros
compreendidos entre -l e +l; e depois .. . um
quarto número quântico de que falaremos mais
à frente.
Muito bem, dirá você, mas o que é exac-
tamente um n úmero quântico? Por que é que
são necessários quatro para designar os esta-
dos do electrão no átomo? Trata-se aqui, na
minha opinião, de um mistério ainda bem escon-
dido da natureza. Examinemos a coisa de mais
66 perto.
O que é um número quântico? Com um
único número quâ ntico, era fácil dizer que ele
media a acção. Com quatro números quânti-
cos, põe-se a seguinte questão: por que é que é
preciso quantificar quatro vezes a acção?
Em quatro «direcções» diferentes, diria você.
É efectivamente o que parece acontecer. Admite-
-se geralmente que os números I e m quantificam
uma «rotação» electrónica no átomo (do tipo
da concebida inicialmente por Nichols on).
O número quântico «principal» n, em contra-
partida, parece quantificar uma acção que nada
tem a ver com uma rotação. Quanto ao quarto
número ... falaremos dele dentro em pouco
(cf. também p . 69 e 106).
Tudo is to permanece muito mis t e rios o ,
reconhecemos, a menos que nos limitemos a
aceitar os resultados sem procurar compreendê-
-los. É a atitude de muitos físicos hoje, para
quem a física pode - deve - dispensar interpre-
tações de fenómenos além d as d e natureza pura-
m ente matem á tica.
É d e facto verdade que, r epito, os números
quânticos se referem, todos e sempre, à medição
de uma acção. Veremos mais detalhadamente na
segunda parte deste livro por que é que esta
questão se mantém tã o apaixona nte e .. . funda-
m ental.
e números mágicos
Munique, 1916. Um ano d epois d a morte de
Moseley, a 10 d e Agosto d e 1915, na batalha de 67
Suvla Bay, na Crimeia, Walther Kossel (1888-
-1956), aluno de Sommerfeld, procura alargar as
teorias do seu mestre aos átomos com v ários
electrões. Concebe um modelo tridimensiona l
(Bohr nesta altura imagina os átomos como
sendo «planos», de que os electrões giravam em
órbitas circulares concêntricas). Depois, anotando
o facto de os átomos dos gases raros (também
chamados gases nobres) - hélio, néon, árgon .. . -
interv irem d ificilmente em reacções químicas,
avança a ideia de que, no átomo, os electrões
ocupam camadas concêntricas (tridimensionais),
não podendo cada urna delas receber senão um
número m áximo de electrões, e não sendo esse
número necessariamente igual de uma camada
para a outra: 2 para a camada mais próxima do
núcleo, designada pela letra K; 8 para a segunda
camada, designada pela letra L; 8 para a terceira
camada, designada pela letra M, etc. Quando
num átomo a s camadas ocupadas estão satu-
radas, quer d izer, contêm o número máximo de
electrões que podem receber, o átomo forma um
pequeno sistema fechado particularmente estável
e pouco propenso a ganhar ou perder electrões.
Pelo contrário, quando uma das camadas está
incompleta, o átomo tem capacidade de captar
- ou d e perde r, conforme o ca so - um e l e ctrão
p ara atingir urna configuração estáv el.
2, 10, 18 ... , a lista dos números correspon-
dentes a á tomos particularmente estáv eis ia
em breve cre scer com muitos números suple-
mentares (3 6, 54, 86) corres pond e ntes a o s
68 á tomos d e crípton, xénon e rádon, também gases
raros, descobertos recentemente . Mas porquê
esses números? Porquê estes e não outros?
«Explicá-los » - como se tinha «explicado » a
fórmula de Balmer - tornava-se o problema
número um da física atómica nascente.
O spin do electrão
Passam-se coisas interessantes no átomo
quando o submetemos à acção de um campo
magnético (efeito Zeeman) ou de um campo eléc-
trico (efeito Stark). Esses efeitos manifestam-se
nomeadamente por uma modificação da aparên-
cia do espectro. O estudo dessas modificações no
caso do hidrogénio levou Sommerfeld a incluir
um quarto número quântico na sua teoria. Ele
tinha introduzido os três primeiros a partir
de considerações puramente geométricas: for-
mas e orientações espaciais de órbitas electróni-
cas. Para explicar o efeito de Zeeman, descoberto
por Pieter Zeeman (1865-1943) em Leyde em
1896, Sommerfeld postula a existência de uma
«rotação escondida» do electrão no interior do
átomo - rotação de um tipo diferente do consi-
derado para a descrita por l e m.
1923. Virtuoso nestas coisas, Alfred Landé
(1888-1975) aperfeiçoa a hipótese de Sommerfeld
postulando que, contrariamente aos outros
números quânticos, o novo número só poderia
tomar valores semi-inteiros: 1/2, 3/2, etc. Perante
estas brilhantes penetrações intuitivas, Wolfgang
Pauli (1900-1958), então com 23 anos, insur- 69
ge-se: «Sommerfeld tenta livrar-se das difi-
culdades ... seguindo a sua convicção íntima da
harmonia da natureza.»
Hamburgo, 1924. Pauli mostra o seu jogo: há
realmente uma rotação escondida no átomo,
afirma, e esta rotação corresponde na verdade a
valores semi-inteiros, mas não é atribuível a um
movimento do electrão no átomo; corresponde
a uma «rotação intrínseca » do electrão sobre
si próprio, correspondendo aos dois valores
semi-inteiros+ 1/2 e -1/2.
Janeiro de 1925. O jovem americano Ralph de
Laer Kronig, durante uma deslocação de estudo
à Europa, chega a Copenhaga com uma ideia
brilhante na cabeça, que explica a Kramers, assis-
tente de Bohr. Pauli, que assiste à conversa,
ridiculariza a sugestão: «É uma ideia brilhante,
que nada tem, evidentemente, a ver com a reali-
dade! » Kronig guarda a ideia para si.
20 de Novembro de 1925. Estudantes na Uni-
versidade de Leyde, George Uhlenbeck (1900-
-1988) e Samuel Goudsmit (1902-1978) publicam
um artigo em que anunciam que o electrão é ani-
mado de um movimento intrínseco de rotação
susceptível de duas orientações quando o elec-
trão se encontra colocado no campo de um íman.
Em Nova Iorque, Kronig toma conhecimento da
novidade; escreve a Kramers: «De futuro terei
confiança no meu próprio juízo e menos no dos
outros. » Informado, Bohr exprime a Kronig
«a sua consternação e as suas profundas descul-
pas». Kronig responde-lhe: «Não me queixei [... ]
70 senão para fustigar os físicos do tipo «pregador»
que estão sempre tão seguros de si e enfatuados
com as suas próprias opiniões. » Magnanima-
mente, Uhlenbeck devia declarar em 1976: «Não
há qualquer dúvida de que Kronig tinha anteci-
pado o essencial da nossa ideia. »
Aqui está esta ideia: o electr ão possui um
spin*. Encontra-se - eternamente! - em «rotação
em torno de si próprio» com uma velocidade
correspondente a ... metade de uma unidade de
acção. Metade de uma unidade de acção? Vere-
mos na segunda parte desta obra como é que
se pode compreender esta aparente anomalia.
81
Pensamos saber tudo
E ter dito tudo sobre o átomo ...
86
A matéria
A transmutação
Interacção de um quark (representado aqui a ponteado) com
um neutrino que recua no tempo.
O que é a energia?
Pouco tempo depois da descoberta do electrão,
Henrik Kauffmann (1888-1963) apercebe-se de
que quando se acelera um electrão a velocidades
que se aproximam da da luz (300 000 Km/ s-1 [qui- 89 .
lómetros por segundo]), a sua massa parece
aumentar. Expressa em unidades de energia,
como é costume fazer-se, .a massa do electrão é
de cerca de 511 000 eV (electrão-volts*) em
repouso. No grande anel do LEP (Large Electron
Positron), túnel circular de vinte e sete quilóme-
tros de comprimento cavado no Jura, no Centro
europeu de pesquisas nucleares de Genebra, con-
segue-se acelerar um electrão a velocidades que
lhe permitem atingir uma energia da ordem de
cem mil milhões de electrão-volts (100 GeV).
Como é que conseguimos este resultado? Insu-
flando energia no anel (sob a forma de radiação
de frequências rádio) a cada passagem do electrão.
A questão que se põe de novo: se o electrão é
um ponto, para onde vai a energia? Como é que
- sob que forma - é «armazenada» no electrão?
Voltamos a cair na questão posta a Richard Feyn-
man pelo seu pai. Ataquemos de uma vez por
todas esta questão fundamental.
94
O vácuo
As espécies intencionais
Enquanto Demócrito, em Abdera, inventa o
vácuo e formula a teoria das ideias indivisíveis,
Empédocles em Agrigento propõe a teoria dos
96 quatro elementos ... , Platão explica aos seus
discípulos, nos jardins de Atenas, que o olho vê
como o sol ilumina, quer dizer dardejando raios
para o objecto observado.
Mas o que é um raio? Será preciso muito
tempo para que um filósofo se arrisque a propor
um modelo (e sobretudo ouse dizer que os raios
são compostos por «átomos de luz»).
Saltemos os séculos. No que diz respeito ao
nosso tema, o século XIII é, antes de tudo, o século
de Roger Bacon, visconde de Saint Albans (1214-
-1294), o ilustre Doctor mirabilis membro da
ordem dos Franciscanos, que foi, devido à exten-
são dos seus conhecimentos e da sua riqueza de
imaginação, acusado de bruxaria e de heresia e
atirado para a prisão várias vezes (a última vez
durante dez anos, por ordem do capítulo de
Paris) . Em Oxford, Bacon estuda ciência com
Robert Grosseteste (1170-1253), indo depois para
Paris, onde obtém o grau de doutor em teologia
e comenta as obras de Aristóteles.
Mas sobretudo, desenvolve a cosmogonia
óptica que faz intervir as ideias de Demócrito, que
aprendeu a conhecer no contacto com Grosseteste.
Traduz indo a idea grega pela palavra inglesa
species («e spécie intencional» em francês do
século XVII), formula uma teoria segundo a qual as
espécies são verdadeiros raios de força que trans-
mitem as acções à distância - calor, influência
astrológica, magnetismo ... - e cuja propagação se
faz por «multiplicação» de um ponto para outro.
O conceito de movimento por multiplicação
constitui a originalidade da teoria e interessa-nos
no mais alto grau por razões que vão tornar-se 97
v@'',,, ',
',,
' '
'
', ''
y y
X
X
~
Processos elementares no átomo.
a) Um electrão absorve um quantum proveniente de uma
fonte exterior (x) e muda de direcção no espaço.
b) Um electrão emite um quantum que reabsorve imediata-
mente.
c) Um electrão emite um quantum que reabsorve depois de
dar meia-volta no tempo.
d) Um electrão surge subitamente no vácuo, recua no tempo
e desaparece, deixando o vácuo no seu estado inicial. Entretanto,
ao «polarizar» o vácuo, este electrão influencia a sua vizinhança.
Na terminologia de Feynman o quantum é um «protão virtual».
Segundo a nossa concepção trata-se de um quantum de acção.
Nestes «diagramas de Feynman » o trajecto do quantum carre-
gado não tem seta, reflectindo o facto de ser impossível precisar
a direcção em que a carga se produz.
102
O quantum de acção
Indivisível, porquê?
Desejoso de aperfeiçoar a sua hipótese, Max
Planck publica em 1906 as suas Lições sobre a
radiação térmica. Define aquilo a que chama «um
domínio elementar de probabilidade» e explica
que devido ao teorema de Liouv ille, qualquer
domínio de probabilidade, considerado num
instante qualquer, «é um invariante em relação
ao tempo». Depois escreve: «A hipótese dos
quanta de acção consiste em supor que esses
domínios, todos iguais entre si, já não são infini-
t a m e nte p e que nos, m as finito s e (ig u a i s ) a h,
sendo h uma constante.»
Não podendo abordar tudo, não vou explicar
aqui detalhadamente o que se entende por
«domínio elementar de probabilidade» e por
«teorema de Liouville», mas mostrarei a utili-
104 zação que pode ser feita d esses conceitos.
No seu artigo sobre «A hipótese dos quanta»
de que já falámos (cf. p. 61), Poincaré, ao retomar
a questão, escreve: «É preciso que procure
esclarecer o que são os domínios de probabi-
lidade.» Intervém então a frase chave: «esses
domínios são indivisíveis», e explica porquê:
«Desde que saibamos que estamos num desses
domínios, tudo é então determinado; sem o que,
se os acontecimentos que devem seguir-se [ ... ]
têm que diferir conforme nos encontramos nesta
ou naquela parte desse domínio, é porque esse
domínio não seria indivisível [ ... ] dado que a
probabilidade de alguns acontecimentos futuros
não seria a mesma nas suas diversas partes. »
Aqui está uma utilização que pode ser feita
desta brilhante análise de Planck e de Poincaré:
o quantum de acção progride no vácuo trans-
pondo «passos», sendo cada passo «um domí-
nio elementar de probabilidade», à maneira de
Liouville-Planck, o que o torna indivisível,
à maneira de Poincaré. Transferimos assim para
o movimento a indivisibilidade atribuída por
Demócrito às suas Ideias!
Esta maneira de ver traz consequências inte-
ressantes . Seja l o comprimento do passo, d o
tempo gasto para dar um passo (a sua
«duração»), p e E a quantidade de movimento e
a energia transportadas pelo quantum . Sendo o
passo indivisível, teremos então para cada passo:
lp = 1 e Ed = 1. Se a velocidade de propagação
é v, teremos além disso l = vd.
Notemos que, segundo essas fórmulas,
o comprimento do passo e a quantidade de 105
movimento transportada têm ligação: quanto
mais longo for o passo, mais pequena é a quanti-
dade de movimento transportada. Da mesma
forma, duração para dar um passo e a energia
transportada têm relação: quanto mais curta for
a duração do passo, maior é a energia trans-
portada. Esses resultados correspondem àquilo a
que se chama em mecânica quântica o «princípio
de incerteza».
Seria possível afirmar que os passos dados
pelo quantum de acção no vácuo se fazem de
uma maneira que Demócrito e Descartes com a
sua bola 1234 não teriam renegado?
O spin revisitado
Voltemos ao problema do espectro. O meca-
nismo pelo qual o átomo dá um «salto quântico»
é regido, como já vimos (cf. p. 76), por uma mis-
teriosa «regra de selecção» que não permite ao
átomo fazer um salto qualquer. Ora, esta regra,
no essencial, tem algo de simples: só são «permi-
tidos» os saltos em que o electrão do átomo vê o
seu número quântico l mudar de uma unidade.
Esta regra explica-se muito bem se tivermos em
conta o facto de que o quantum de acção roda ou
«redemoinha» sobre si próprio e possui um spin:
quando o átomo emite (ou absorve) um quantum
de acção, o quantum leva (ou traz) com ele, por
causa do seu spin, uma unidade de acção de
rotação que obriga o l do átomo, que mede uma
rotação, a mudar de uma unidade. Daí a famosa
106 regra de selecção.
A existência do spin desencadeia um fogo de
artifício de consequências diversas. Espantemo-
-nos primeiro com o próprio facto: o quantum
de acção é uma partícula que «redemoinha»
eternamente sobre si própria no vácuo! Observe-
mos seguidamente que o spin, como o passo,
corresponde a uma unidade de acção. Um volta
de spin equivale pois ao avanço de um passo.
Reencontramos aqui a ideia da «bola que rola»
de Descartes. Há ainda melhor! O spin pode
tomar dois valores (notados + 1 e -1) corres-
pondendo ao facto de o quantum poder rodar
sobre si próprio «no sentido dos ponteiros
do relógio» ou no sentido inverso. Um último
detalhe: o spin introduz de forma natural a
noção de fase na descrição do movimento, noção
indispensável para a compreensão do fenómeno
das interferências, como veremos um pouco
mais à frente.
Também o electrão possui um spin, mas o seu
valor, como já vimos (cf. p. 69), é um semi-
-inteiro. O que é que se pode concluir? Que ao
contrário do quantum de acção, o electrão
precisa de duas voltas de spin para comple-
tar um passo. Porquê esta diferença? Misté-
rio. Os físicos contentam-se em dizer que o
electrão (como o neutrino e os quarks ) é um
fermião (p artícula com spin semi-inteiro)
enquanto o mediador da força electromagné-
tica (para nós, o quantum de acção) é um
bosão (partícula de spin inteiro). Nenhuma
explicação teórica desta diferença foi ainda
encontrada. 107
Os impulsões em orbe
A 3 de Junho de 1663, a Royal Society de
Londres, recentemente instituída, admite um
novo membro. Chama-se Robert Hooke (1635-
-1703), tem 28 anos e há já alguns anos que era
muito falado devido à riqueza do seu engenho.
Dois anos mais tarde publica a sua magnífica
Micrografia, acompanhada de cinquenta e sete
desenhos gravados em cobre pelo autor, na qual
podemos ler esta frase premonitória: «Ü movi-
mento da luz propaga-se num meio homogéneo
por impulsões em orbe de força constante e que
actuam perpendicularmente à direcção de
propagação.»
Esta frase ensina-nos corno é que o quantum
de acção - esta «impulsão em orbe» - age sobre
os electrões que encontra: sujeita-os a um pequeno
empurrão perpendicularmente à sua direcção
de propagação. É o efeito principal (efeito miste-
rioso, se é, e para o qual não ternos sombra de
urna explicação). Devo acrescentar, para ser mais
completo, que o quantum exerce também urna
«pressão» na direcção do seu movimento. Esta
pressão é habitualmente interpretada corno o
efeito «magnético» (sendo o efeito principal
o efeito «eléctrico» ). Eis um exemplo especta-
cular daquilo que o e feito principal produz.
Urna corrente eléctrica atravessa um fio con-
dutor. O fio aquece. Porquê? Porque absorve
quanta que, vindos de todos os pontos do espaço,
caem perpendicularmente sobre ele, transmi-
tindo em ângulo recto o seu «empurrão» aos
108 electrões da corrente que percorrem o fio.
Resta-nos abordar aquilo a que chamarei
«O mistério fundamental da mecâ nica quântica».
Na sua obra A Natureza da Física, publicada em
1965, ano em que recebeu o Prémio Nobel,
Richard Feynman definiu-o assim: «Vou contar-
-vos a experiência das duas fendas. Ela contém
o mistério geral, eu não evito nada, desvendo a
natureza sob o seu aspecto mais elegante e mais
difícil.»
O mistério fundamental
Enunciado na linguagem da mecânica do
passo, esse mistério resume-se a isto: quando
duas partículas da mesma n atureza chegam jun-
tas a um alvo, elas são eficazes (quer dizer, pro-
duzem um efeito) se chegam «em fase» uma com
a outra, são ineficazes (quer dizer não produz em
qualquer efeito) se chegam «fora d e fase». Dize-
mos neste caso que houve uma «interferência»
(palavra d erivada do verbo ing lê s to interfere,
utilizada para descrever o passo de um cavalo
que bate ou «interfere» os seus cascos um contra
o outro).
Assinalemos no entanto uma dificuldade, «a»
dificuldade: o fen óm eno produz-se m esmo se as
partículas chegam isoladamente (uma a uma) ao
alvo. C omo é que se pode n es se caso explicar
que se possam produzir interferências? Res-
posta: no Laboratório feder a l dos Estados
Unidos, em Los A lamos, em 1982, Wojciech
Zurech analisa aquilo a que ch a ma o «efeito d e 109
Utilização do efeito de túnel para o estudo do átomo
Trata-se aqui de átomos de gálio e de arsénio v istos ao
microscópio com efeito de túnel.
© IBM França
Perspectivas
Segundo a mecânica quântica, os raios emiti-
dos (ou absorvidos) por um átomo são compos-
tos de fotões dotados, enquanto tais, de duas
características fundamentais: deslocam-se à
velocidade da luz (igual a cerca de 300000 km/s-1)
e cada um deles transporta um pacote de energia
hv proporcional à frequência v da radiação
considerada.
As coisas apresentam-se diferentemente na
nossa representação. Os raios são compostos de
quanta de acção a quem nem uma nem outra das
res trições acima citadas se aplicam: os quanta
podem mover-se menos ou mais depressa do que
a luz e podem transportar uma energia menor ou
maior do que hv. Será possível decidir entre os
dois pontos de vista, observando por exemplo
um quantum que se move mais depressa do que a
luz, e transporta uma energia superior a hv?
Segundo o nosso ponto de vista, quando um
quantum encontra no seu caminho um afunila-
mento - um túnel - cuja largura ou diâmetro é 113
da mesma ordem de grandeza que o compri-
mento do seu passo, ele «alarga o passo» para
atravessar esse obstáculo, o que tem como efeito
fazê-lo eme rgir do outro lado do túnel, mais
depressa do que o previsto: ele atravessa então
o túnel a uma velocidade «superior à da luz».
Esse fenómeno notável é conhecido em mecâ-
nica quântica pelo nome de «efeito de túnel».
No decurso dos anos 90, vários grupos de inves-
tigadores (em particular Anedio Ranfani em
Florença, Günter Nimtz em Colónia e Raymond
Chiao em Berkeley) estudaram-no por meio de
técnicas muito sofisticadas. Assim, a equipa
de Colónia mediu velocidades cinco vezes supe-
riores a e!
O fenómeno fascina ... e embaraça os físicos:
é que eles estão habituados a pensar que «nada
se pode mover mais depressa do que a luz ».
Para explica r as velocidades supraluminosas,
a mecânica quântica recorreu a uma represen-
tação do fotão que o considera como um «pacote
de ondas», verdadeiro compósito ... de elementos
individuais que se assemelham estranhamente
aos nossos quanta de acção! Numa palavra, ela
utiliza de facto a representação descrita atrás.
Para acabar...
Através de técnicas ultramodernas aper-
feiçoadas nos últimos decénios, os físicos rea-
lizaram espantosos trabalhos de tipo artesanal 115
utilizando o átomo. Assim, para a «escrita atómi-
ca », os investigadores do centro IBM em
Almaden desenharam com trinta e cinco átomos
de xénon a sigla da sua companhia sobre um
superfície de níquel; criaram um «coral quântico»
composto por quarenta e oito átomos de ferro
posicionados sobre uma superfície de cobre;
construíram um «vulcão » de sete átomos de
xénon dispostos sobre uma superfície de pla-
tina ... e conseguiram muitas outras maravilhas.
Sim, o átomo, com os seus mistérios, é real-
mente, como dissemos desde a primeira página,
uma das Sete Maravilhas do mundo: misterioso,
suspenso, fundo, insólito, dominador, frio,
vistoso ... Vistoso? «Desenha-me um átomo »,
poderia ter pedido o Principezinho. Mas quem
é que já viu um átomo?
Os físicos da Escola normal superior em
Paris, entre outros, viram um átomo! Haverá
algo mais apropriado para terminar este livro do
que imaginar por nosso lado o átomo que esses
físicos viram, ponto minúsculo, perdido no meio
da página ...
116
Anexos
117
Poincaré e a invenção
do quantum de acção
122
Glossário
126
Bibliografia
Textos clássicos
E também, em francês
BOHR, N ., La Théorie atomique et la description des
phénomenes (1932), Gabay, cal. «Les Grands Clas-
siques Gauthier-Villars», 1993.
FEYNMAN, R., Lumiere et Matiere: une étrange histoire,
Le Seuil, cal. «Points/Sciences», 1992. 127
KLEIN, É., Sous l' a tome les particules, Flammarion,
cal. «Dominas», 1993.
LEDERMAN, L., Une sacrée particule, Odile Jacob, cal.
«Sciences», 1996.
LOCHAK, G., Louis de Broglie, un prince de la science,
Flammarion, cal. «Champs», 1992.
PULLMAN, B., L 'Atome dans l 'histoire de la pensée
humaine, Fayard, cal. «Le Temps des sciences»,
1995.
Em inglês
BAEYER, H. C. von, Taming the Atam, Random House,
1992.
PAIS, A., Niels Bohr's Times, Clarendon Press, 1991.
128
Referências das citações
132
Índice remissivo
Acção, 33, 41, 42, 49, 50, 51, Balmer, 55, 56, 57, 58, 60,
58, 59, 61, 64, 65, 67, 69, 62, 63, 64,72,76,80, 125
71, 74, 75, 86, 90, 91, 92, Berzelius Gõns Jacob,
93, 94, 98, 99, 100, 10_1, barão), 28
102, 103, 104, 105, 107, Bohr (Niels), 59, 61, 62, 63,
110, 112, 114, 119, 120 64, 66, 68, 70, 76
âmbar amarelo, 37, 38, 40 Born (Max), 72
Anaxágoras, 16 Boskovic, 89, 96
Anaximandro, 19 Boyle (Robert), 24
Anaxímenes, 19 Broglie (Louis de), 71 , 72,
Angstrõm (Anders), 56 73, 88, 95
antimatéria, 44, 123, 125 Bunsen (Robert), 55
Aristóteles, 17, 20, 22, 23,
24, 87, 97, 124 carbono (átomo de), 22, 33,
Arrhenius (Svante), 35, 36 34,35, 126
A vogadro (Amedeo di constante de Planck, 92
Quaregna e Ceretto, cordas (teoria das), 73, 89,
conde), 28, 29, 30, 31 112, 113
corpo negro (lei da radia-
Bacon (Roger), 97, 98, 100, ção do), 48, 49
101 Crookes (William), 41 133
Dalton (John), 10, 26, 27, 28, Franklin (Benjamin), 39, 40
29, 30, 50
Dehmelt (Hans), 44 Galileu, 23
Demócrito, 14, 15, 16, 17, Gassendi (Pierre Gassend,
18,20,24,46,53,95,96, dito), 10, 23, 24
97, 100, 101, 103, 104, 105, Gay-Lussac (Louis), 28, 29,
106 59
Descartes (René), 23, 45, 46, Gell-Mann (Murray), 92
47, 54, 98, 99, 100, 101, Gerhardt (Ch arles), 31
106, 107 Gilbert (William), 37, 92
Dirac (Paul), 74, 75, 95 Gray (Stephen), 38
Du Fay (Charles François
de Cisternay ), 38, 39 Haas (Arth ur), 58, 59, 64,
Dumas (Jean-Baptiste), 29 65, 66
Han sen (Hans Marius), 62
efeito de Compton, 124 · Heisenberg (Werner), 72, 73
efeito de túnel, 110, 114 Hooke (Robert), 108
Einstein (Albert), 90, 91, 92,
93 Ideia (de Anaxágoras), 16
electricidade, 10, 35, 36, 38, (de Demócrito), 16, 20, 46,
39,40,41,42,43,52 97, 100, 101, 104, 105
electrão, 41, 44, 58, 59, 60, (de Platão), 18, 20, 34
61, 62, 63, 64, 65, 66, 68,
69, 70, 71, 77, 80, 88, 89, Jehle (Herbert), 75
90, 94, 99, 106, 111, 124,
125 Kirchhof (Gustav), 48, 56
Empédocles, 20, 22, 24, 25, Kossel (Walther), 68
96 Kram ers (Hendrik), 70, 76
energia, 48, 50, 63, 64, 75, Kronig (Ralph de Laer), 70,
89, 90, 91, 92, 100, 105, 71
106, 111, 113, 115, 124
espectro, 54, 55, 56, 57, 58, Landé (Alfred), 69
60, 63, 64, 66, 69, 76, 77, Lavoisier (Antoine de), 8,
78,79,85, 106, 125 25,28,31, 103, 104
espectroscopia, 54, 76, 78, Le Bel (Achille), 21, 34, 35
125 Lederman (Leon), 89
estrutura molecular, 32 LEP (Large Electron
Positron), 90
Feynmann (Richard), 45 Leucipo, 14
134- fotão,85,93,96, 114 Lewis (Gilbert), 92
luz, 13,25,26,38,54,56,71, Pitágoras, 19, 20
84, 85, 88, 91, 92, 93, 94, Planck (Max), 47, 48, 49, 50,
98,99, 100, 108, 113, 114, 51, 58, 90, 91, 92, 101, 104,
115, 124 105, 120
Lyman (Theodor), 57 Platão, 9, 16, 18, 20, 21, 22,
34,53,96, 112, 119
magnetão, 125 Plücker (Julius), 40, 41, 56
Maupertuis (Pierre Louis Poincaré (Henri), 59, 60, 61,
Moreau de), 46, 49, 94 62, 63, 64, 105, 119, 120,
mecânica (do passo), 101, 121,122
102, 109 positrão, 44, 125
(ondulatória), 72, 73 princípio de exclusão, 78
(quântica), 73, 75, 79, 104, princípio de incerteza, 106
106, 109, 112, 113, 114, Proust (Joseph), 26
115 Pullmann (Bernard), 63
Millikan (Robert), 42, 43 quantum de acção, 49, 58,
momento angular, 59, 62, 90, 91, 92, 93, 99, 100, 101,
63 103, 104, 105, 106, 107,
Moseley (Henry), 64, 67 108, 112, 119,121, 122
movimento, 14, 15, 17, 18, quantum de luz, 91, 92, 93
22, 43, 45, 46, 47, 65, 70, quarks, 107, 124, 125
73, 75, 91, 92, 94, 97, 98, quatro elementos, 20, 24,
99, 100, 101, 103, 105, 106, 87,96
107, 108, 113, 119, 124, 126
radiação alfa, 51
neutrino, 88, 107, 124, 125 raízes (teoria das quatro),
Newton (Isaac), 25, 48, 54, 20,25
124
Nicholson (John), 59, 61, 62, Richter (Jeremias), 26
63, 64, 65, 66, 67 Ritz (Walter), 57, 58, 60, 76,
números quânticos, 65, 66, 78, 80
67, 69, 74, 78, 95 Rubens (Heinrich), 48
Rutherford (Ernest, lord),
Parménides, 14 50, 51, 52
Paschen (Friedrich), 57
Pauli (Wolfgang), 69, 70, 77, saltos quânticos, 59, 63
78 São Tomás de Aquino, 22
Pauling (Linus), 34, 35 Schrõdinger (Erwin), 72, 73,
Perrin (Jean), 31, 32, 33, 41, 75,95
42, 43, 52 Sócrates, 9, 16, 18 135
Sommerfeld (Arnold), 65, Thomson (sir joseph), 41
66, 68, 69, 70, 76, 92, 95 transmutação, 21, 88, 125
spin, 69, 71, 74, 79, 100, 106,
107, 123, 126 vácuo, 9, 14, 15, 18, 20, 44,
Stark (Johannes), 69, 91, 92 95, 96, 99, 100, 101, 105,
Stewart (Balfour), 48 106, 107, 112, 123
Stoney (George Johnstone), valência, 31, 32, 33, 77, 126
41 Van't Hoff (Jacobus), 21
substância dos corpos
(teoria da), 19 xon, 101
136
Índice
Prefácio............. ...... .... .... .. ..... .. ... ...... ..... ................. ... 9
Anexos ... .. .... ..... ......... .. ..... ............. .. .......................... 117 137