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"Este avião é igual àquele que em 22 de Fevereiro de 1944 se despenhou na ""Penha do Gato"",
próximo da vila de Loriga."
O avião Hudson EW 906 da Royal Air Force (RAF) tinha descolado da ilha de Gibraltar e seguia
em direcção a Inglaterra com seis tripulantes que iriam passar o Carnaval na terra natal. Pouco
depois da meia-noite do dia 22 de Fevereiro de 1944, no auge da II Guerra Mundial e com muito
nevoeiro a encobrir a serra, o avião embate violentamente nas rochas graníticas e desfaz-se em
mil pedaços. Os dois tripulantes ingleses e quatro sul-africanos, que seguiam a bordo, morrem
instantaneamente.
"Todos os seis aviadores foram sepultados no cemitério de Loriga e aí repousam até hoje. O
governo inglês todos os anos envia para a Junta de Freguesia local uma verba para que a
""Campa dos Ingleses"", como é conhecida popularmente, seja condignamente tratada."
"A presença das simples seis pedras tumulares dos aviadores contrasta com os actuais túmulos
portugueses, com mais ostentação. ""Mesmo que a embaixada inglesa não pagasse a verba,os
loricenses iríam sempre manter as campas""."
Augusto Pinto, 88 anos, tem bem viva na memória a recordação da queda do avião nos penedos da
serra.
"""Os corpos dos aviadores vieram logo para baixo e ficaram na Capela de Santo António
durante uma noite e ao outro dia foi o funeral"", recorda, lembrando que ""veio cá um padre da
religião deles e a banda também foi. Deram dois contos de reis para a banda lá ir e eu nessa altura
tocava lá e também fui""."
"O cortejo fúnebre dos aviadores ""nem foi pelas ruas habituais, porque o padre nessa altura quis
dar uma pujança ao funeral e foi feita um distância enorme para ir até ao cemitério. Foi para
mostrar que apesar de não sermos da mesma religião também tínhamos sentimentos por eles""."
"O octogenário relembra ainda que o ""padre deles lá os enterrou, esteve a responsá-los, mas a
gente não entendia nada e apesar da situação ainda nos rimos um bocado""."
"Já José Pina Gonçalves, 71 anos, tem uma visão mais limitada dos acontecimentos.""Tinha oito
anos e quando vim de manhã para a escola ouvi dizer que tinha caído um avião na serra, mas como
era muito novo não me deixaram ir vê-lo""."
"Os corpos foram transportados em cobertores para a capela e ""eu e os meus colegas fomos lá
vê-los"". Apesar de na altura ainda não ter muita noção dos acontecimentos, mais tarde foi
recolhendo elementos sobre o maior acidente ocorrido na freguesia no século passado. Descobriu
que na altura a Câmara Municipal de Seia ""não queria que o funeral deles fosse em Loriga, mas
a população,o padre e o presidente da junta da época impuseram-se e disse que Loriga tinha
condições para fazer um funeral condigno "". Assim foi, e os seis aviadores repousam num
cemitério com vistas deslumbrantes sobre os vales serranos, como aqueles que terão sobrevoado
muitas vezes a bordo das ""águias"" de ferro da RAF."
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"A bordo do Hudson EW 906 da RAF que se despenhou junto da vila de Loriga seguiam seis
tripulantes. O Capitão Roberto Tavener Hildick, o Tenente John Barbour; o Tenente Daniel De
Waal Walters; o Tenente John Patie Thom; o 1º Cabo Jack Learoyd Walker e o 1º Cabo Henry
Ernest Hedges. Os quatro oficiais eram da Africa do Sul e os cabos de Inglaterra."
Conforme consta das certidões de óbito passadas pelo Registo Civil de Seia, as mortes ficaram
registadas como tendo acontecido à 01H50 do dia 22 de Fevereiro de 1944. Segundo dados
biográficos revelados o capitão Hildick nasceu em Pretória em 4 de Novembro de 1922, tendo sido
educado na Escola de Eduardo VII. Alistou-se na Força Aérea Sul-africana em 21 de Janeiro de
1941, recebendo instrução na 75ª Esquadrilha Aérea de Pretória. Tornou-se piloto aviador em
Fevereiro de 1942, quando foi promovido a 2º Tenente Piloto. Em Outubro de 1943 deixou a África
do Sul e integrou a Royal Air Force, onde servia na 48ª Esquadrilha, sendo aqui promovido a
capitão. O tenente Barbour nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 9 de Julho de 1914, tendo
estudado na Escola de Stockbridge e depois na Escola Comercial de Stevensons. Em Julho de
1940 alistou-se na Força Aérea da África do Sul e quando já era 2º Tenente com a especialidade
de metralhadoras aéreas alistou-se na Força Aérea Britânica, tendo também sido incorporado na
48ª Esquadrilha. Já o tenente Thom nasceu em Umbigintwni, na África do Sul. Alistou-se na Força
Aérea sul-africana em Junho de 1940, tendo também tirado a especialidade de metralhadoras
aéreas. Entrou para a RAF em Outubro de 1943.
"No caso do tenente Walters nasceu a 9 de Junho de 1915 em Clan William, também na África do
Sul. Entrou na Força Aérea Sul-africana em 1942, tendo-se especializado como observador de voo.
Aderiu também à RAF em 1943. As informações sobre os dois cabos ingleses são mais escassas.
Os dados conhecidos apontam que o 1º cabo Walker tinha 26 anos, era natural de Leicester e
entrou na RAF em 1939. Quanto ao 1º cabo Hedges, tinha 30 anos, nasceu em Westminster ?
Londres e alistou-se na RAF em 1940. A queda do avião levou mesmo a poetisa popular
loriguense, Filomena Brito, a escrever no ano do acidente, várias quadras alusivas ao
acontecimento. ""Homens fortes e valentes / Da RAF eles eram soldados / Quatro tinham o cargo
de tenentes / E dois também já eram cabos"", é uma das 12 que escreveu em homenagem aos
aviadores que perderam a vida na mais alta montanha de Portugal continental."
Memórias frescas
"A primeira coisa que vi foi o radiotelegrafista com o fardamento intacto que tinha os miolos de
fora"
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No dia 21 de Fevereiro de 1944 seis elementos da Royal Air Force subiram a bordo de um Hudson
EW 906, na pista do rochedo de Gibraltar e levantaram voo rumo a Londres.
Em plena II Guerra Mundial os quatro sul-africanos e dois ingleses tinham assistido durante o
mês de Janeiro desse ano a uma inversão no curso da guerra. Em 16 de Janeiro o general
norte-americano Eisenhower tinha sido nomeado como Comandante Supremo das forças aliadas
na Europa. Nesse mesmo mês termina o cerco a Leningrado e os americanos invadem as ilhas
Marshall.
"No início de Janeiro, dia 4, começa em Itália a célebre batalha de Monte Cassino. Quatro dias
depois os planos da invasão da Europa, com o nome de código ""Overlord"" (mais conhecido
como dia D), são confirmados. Entre os dias 20 e 26 desenrola-se a ""Big Week"" (grande
semana), no decurso do qual as forças aéreas britânica e americana realizam ataques
coordenados, tanto de dia como de noite, à indústria aeronáutica alemã. No dia 22 ocorrerá a
tomada de Krivoi-Rog (Rússia). Nesse mesmo dia os seis aviadores depois da meia-noite entram
no nevoeiro da Serra da Estrela e já de lá não saem para poder assistir, ou quem sabe participar a
6 de Junho de 1944 na invasão da Normandia que acabaria por ser o princípio do fim do III
Reich."
Augusto Pinto trabalhava em 1944 numa fábrica de lanifícios, em Loriga. Estava no turno da noite
quando chegou alguém a dizer que tinha caído um avião na serra.
"""Mesmo sem ordens do meu patrão decidi ir ver, houve vários colegas meus que também
'fugiram' para ir ver, devia ter pedido autorização mas naquela ânsia raspei-me pela serra acima e
depois o patrão quando vim queria-me castigar, mas depois também queria saber coisas e já não
me castigou (risos)"", recorda."
"Subir até aos 1500 metros de altitude, na chamada ""Penha do Gato"", ""era uma distância
grande"", mas a curiosidade ""acabou por ser maior""."
A queda do avião já quase se tornou uma lenda em Loriga. Os rumores tornaram-se certezas,
mesmo que as certezas não tenham confirmação.
"""Houve um homem que contou que viu o avião já a arder antes de embater na serra"", diz
António Pinto."
"Quando chegou ao alto da serra ""a primeira coisa que vi foi o radiotelegrafista ? diziam que era
ele ? com o fardamento intacto e tinha era os miolos de fora. Foi 'cuspido' do avião a uma distância
de uns 150 metros, bateu numa pedra e ficou com os miolos de fora e tinha o relógio no pulso ainda
a trabalhar""."
"Mais adiante ""estavam lá mais cinco carbonizados numa barroca grande, mas só os vi ao longe,
porque tínhamos medo que estivesse lá alguma bomba nos destroços do avião""."
"O ""filme"" na memória do homem de 88 anos vai sendo projectado nos seus olhos cada vez
mais vivos. ""Foi uma romaria de gente a ir lá ver, depois as autoridades tomaram conta do caso
e já nem me lembro quanto tempo é que demorou a trazer os destroços do avião cá para baixo,
foram uma data de homens e mulheres a trazer. As mulheres traziam as peças mais pequenas e os
homens as maiores""."
"A Junta de Freguesia de Loriga ""vendeu depois aquilo a um sucateiro"". José Gonçalves
interrompe para afirmar que o dinheiro dos destroços do avião ""reverteu a favor do
calcetamento da rua desde o Santo Cristo até à Estação dos Correios""."
A.C.® 22/02/2008
-1-
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Direcção
Presidente:- Carlos Lopes Ortigueira
1º. Vogal: - Carlos Jorge M. Cardoso
2º. Vogal:- Carlos Pina Melo
-5-
Associação
Loricense
de Apoio à
Terceira
Idade
Fundada em
12 de Julho
de 1990
Nr.Cont.
502429356
Rua do
Terreiro do
Fundo
6270-103
Loriga - Telef.
238/954418
Assembleia Geral
Presidente - Horácio Costa Pinto Ortigueira
1º. Secretário - Maria de Lurdes Mendes Claro
2º. Secretário José Florêncio Alves
Direcção Suplentes
Presidente - Jorge Manuel Costa Pinto Presidente - António Pinto Ascensão
Vice-Presidente - Álvaro Silva Pinto Vice-Presidente - Alfredo Pereira dos Santos
Secretário - Joaquim Santos Baptista (a) Secretário - Maria Amélia Brito Aparício
Tesoureiro - Fernanda Pires Amaral Tesoureiro - José Brito Ribeiro
Vogal - Carlos Moura Romano Vogal - José do Nascimento Claro
Foi fundado em 1952 pelo Sr.Padre António Roque Abrantes Prata, que foi pároco em
Loriga durante 22 anos. Os respectivos Estatutos foram, em principio, aprovados por
Dom Domingos da Silva Gonçalves, Bispo da Guarda, em 25.7.1952, sendo oficializada
essa aprovação em 07.de Maio de 1953 e publicado no Diário da República Nr.116, 3a.
Série de 16.5.1953.
Teve o seu registo definitivo na Direcção Geral de Acção Social, em 18 de Março de
1983, no Livro das Fundações de Solidariedade Social a Fls. 161 verso e 162 sob o
número 24/83.
Tinha como finalidade e objectivo, prestar auxilio social e moral aos jovens e crianças,
bem como apoio à população activa através de promoção de desenvolvimento cultural e
ainda assistência às pessoas idosas e necessitadas da freguesia.
Tem sido um longo percurso de amor ao próximo, tendo o seu inicio ainda na década de
1950, com a chamada "sopa dos pobres", continuando a sua actividade orientada e
materializada nos valores e principios defendidos pela Doutrina Social da Igreja,
Em 2 de Julho de 1962, as Irmãs da Congregação de S.João Baptista, em Gouveia,
ocuparam-se de todos os serviços do Centro, instalando-se na casa do Padre António
Mendes Lages que, em vida, doou todos os seus bens para o Centro Paroquial.
As actividades deste Centro tem sempre funcionado num sistema bem alargado, de
acordo com os critérios estatuários para os fins que foi fundado. A Creche; Jardim de
Infância; apoio aos jovens e orientação nas actividades dos tempos livres; Cantina e
assistência domiciliária aos pobres e doentes, têm sido estas as actividades
desenvolvidas em prol da população, e que vão de encontro aos ideais do seu fundador.
Nos anos mais recentes, a preocupação deste Centro tem sido concentrada numa
conjunção de esforços para com as pessoas chamadas de terceira idade, projectando e
levando a efeito a construção da Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, que será
de importância vital para a população, e que, por certo, irá contribuir para um melhor bem
estar das pessoas idosas.
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Grupo
Desportiv
o
Loricense
Fundado em
8 de Abril de
1934
Rua Viriato
6270-104
Loriga
Telef.
238/953173
E.mail:
gdl@loriga.org
O Grupo Desportivo Loricense foi fundado em 8 de Abril de 1934, pelos Srs. Manuel
Gomes Leitão; Carlos Nunes Pina; António Nunes Ribeiro e Joaquim Gonçalves Brito,
quando, na década de 1930, muita juventude despontava já para a prática do desporto,
sendo o desporto e a cultura os principais objectivos dessa fundação.
O primeiro equipamento do Grupo Desportivo, em segunda mão, foi oferecido por Manuel
Gomes Leitão, um dos fundadores. A primeira Sede foi no Terreiro da Lição para então,
em 1938, ser mudada para a Rua Viriato onde se tem mantido até agora.
O Campo de Jogos pertence ao Grupo Desportivo, que o adquiriu em 1961 por
14.000$00, importância em parte oferecida por um Loricense residente no Congo,
António Lemos Leitão, que contribuiu com a quantia de 6.000$00.
As actividades desportivas desenvolvidas pelo Grupo têm sido o futebol de onze e de
salão, o atletismo, xadrez, damas, ténis de mesa, bilhar e cicloturismo.
Ao longo destes anos de existência, são dignos de realce alguns bons executantes que
serviram o Grupo na modalidade de futebol e que se poderiam ter distinguido no país. No
entanto o que parece ter ficado como um símbolo foi, sem dúvida, o Armando
"Folhadosa", que viria a morrer ainda jovem por doença que na altura vitimava muita gente
e que, segundo dizem os antigos, era um jogador longilíneo, polivalente e aguerrido.
O patamar mais elevado, ao nível da modalidade de futebol, foi quando se chegou a
disputar o Campeonato Distrital da Guarda da 2a. Divisão. Nestes últimos anos, as
modalidades praticadas e que mais se têm notabilizado, são o Xadrez; o Cicloturismo e
o Atletismo, estando mesmo federado na Associação de Atletismo da Guarda.
Anualmente, vem o Grupo Desportivo Loricense organizando a São Silvestre de Loriga
que traz a Loriga muitos atletas da região e mesmo de outros pontos do país.
Nos tempos actuais, um dos objectivos prioritários é a aquisição de Sede própria, tendo
os seus dirigentes dado já passos importantes nesse sent ido.
Direcção
Presidente - Fernando Jorge M.
Pereira
Vice-Presidente - Vitor Manuel B.
Assembleia Geral Moura
Conselho Fiscal
Presidente - José Francisco L. 1º. Secretário - Flávio André P.
Presidente - José Manuel Almeida
Romano Pereira
Pinto
Secretário - Jorge Santos 2º. Secretário - Carlos Manuel B.
Secretário - Emídio Cristóvão S.
Marques Lucas
Pereira
2º. Secretário - José Aparício Tesoureiro - Rui Miguel G. Gomes
Relator - Daniel Brito Lucas
Fernandes Vogais - José Pereira Ano Bom;
José M.
Conde; António Manuel M.
Marques
e Bruno Miguel P. Santos
Tutelada pelo Governo remonta à década de 1960 a criação desta Associação em Loriga,
tal como vinha acontecendo um pouco por todo lado, aquando da extensão do Sistema
da Segurança Social aos rurais em Portugal.
Durante anos foi, de facto, uma verdadeira "caixa" dos rurais, mas não só, pois passou a
abranger muitos dos idosos, principalmente os das classes menos favorecidas desta
localidade, que passaram a ter direito a uma pensão de sobrevivência e a assistência
médica. Esta medida veio proporcionar aos idosos, mesmos aos não contribuitivos, um
melhor poder económico e uma velhice mais tranquila.
Ao longo da sua existência, e numa permanente actividade pela causa dos mais
necessitados, esta Associação teve também um papel fulcral no empenho que
demonstrou junto da população, ao nível cultural, apoiando mesmo o grupo "Novo
Horizonte", que propagou Loriga através da divulgação da música de raiz popular,
fazendo renascer as "cantigas" que o Povo, em tempos passados, cantou.
Com a extinção da Junta Central das Casas do Povo, em 1 de Agosto de 1990, as
Casas do Povo deixaram de estar sob a tutela do Governo, e a Casa do Povo de Loriga
não fugiu à regra, pois passou a viver pelos seus próprios meios, ficando o seu âmbito de
acção bastante diminuído.
Existindo a sede própria, e mantendo os seus órgãos sociais, urge dinamizar os
projectos e objectivos culturais que os mesmos têm em mente, para o bem de Loriga.
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Socorro
Paroquial
Loricense
Fundado em 20
de Março de
1955
Rua Viriato
6270-103 Loriga
Esta Associação foi fundada, em 1955, pelo Sr.Padre António Roque Abrantes Prata,
inspirado na solidariedade humana e caridade cristã.
Foi, durante anos da sua existência, um verdadeiro reforço, na ajuda à doença dos
operários das fábricas mais necessitados, bem como um local de convívio, amizade e,
ainda de algumas actividades recreativas dos associados e suas famílias.
Esta Associação era, também, um local onde muitos Loricenses passavam muitas das
horas a ver a televisão, numa época em que, a grande maioria da população, não era
ainda possuidora dessa "caixinha" que viria então a modificar o mundo. Em 1960, cinco
anos depois da sua fundação foi adquirida a Bandeira da Associação.
Às quatro horas na madrugada de 26 de Dezembro de 1962, um violento incêndio
destruiu completamente a sede do Socorro Paroquial Loricense, bem como todo o seu
recheio, com as consequências que daí se possam adivinhar e que resultou em prejuízos
na ordem de mais de uma centena de contos.
Apesar disso, o desânimo que no momento tomou conta da população, não foi suficiente
para fazer desistir os seus dirigentes e sócios. Reuniram-se esforços no sentido de
reedificar esta Associação, sendo necessário procurar outra habitação, onde ainda hoje
se encontra.
Com o decorrer do tempo, e porque outros mecanismos de segurança e solidariedade
social foram surgindo, o objectivo primeiro do Socorro Paroquial Loricense, idealizado
pelo seu fundador, foi-se diluindo. Actualmente, esta Associação é um local de convívio e
passatempo dos seus associados, frequentado por muitos Loricenses, continuando a
fazer parte da vida social e cultura desta Vila de Loriga.
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Nota:- Em Assembleia Geral realizada no dia 20 de Março de 2005, foi deliberado o encerramento da porta
desta Associação, por motivo de falta de elementos para integrar os seus corpos sociais. Encerra-se
assim um circulo de 50 anos em prol da comunidade.
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Cooperativ
a Popular
de Loriga
Fundada em
13 de
Fevereiro de
1954
Rua D.Afonso
Henriques
6270-104
Loriga
Telef.
238/953220
A fundação deste organismo em Loriga teve, como objectivo prioritário, pela prática de
preços mais baixos, tornar mais acessível aos trabalhadores, principalmente aos
operários, os bens de consumo essenciais, tendo na pessoa do Sr.Padre António Roque
Barreiros Prata, um dos seus impulsionadores.
Por vezes os tempos são difíceis, tornando os bens essenciais e de sobrevivência em
valores altos e alcançando preços proibitivos. Por isso, o surgimento das cooperativas
que tinham por finalidade libertar os seus associados dos encargos respeitantes aos
lucros dos intermediários, nomeadamente em populações em que o nível de vida é baixo.
Isso mesmo aconteceu nesta vila na década de 1950, em que as famílias eram
numerosas e grande parte das pessoas trabalhavam nas muitas fábricas locais.
Tratando-se de uma vila industrial, os bens essenciais atingiam preços elevados, pelo
que surgiu a ideia de fundar a Cooperativa Popular de Loriga, numa união de forças da
população a que se juntou a quotização dos associados.
Com o decorrer dos tempos, foi construída uma sede própria, sendo o primeiro
organismo associativo de Loriga a conseguir tal feito. Apesar de ter sido muitas das
vezes ameaçada de encerramento durante a sua existência, conseguiu, no entanto,
sempre sobreviver.
A Bandeira desta Cooperativa foi idealizada como se de uma Associação se tratasse,
tendo sido adquirida alguns anos mais tarde e benzida na igreja paroquial, durante a
missa, no dia 1 de Janeiro de 1962.
Direcção
Presidente - Joaquim Mendes
Assembleia Geral
Costa Conselho Fiscal
Presidente - Carlos Alves Moura
Vice-Presidente - António Brito Presidente - Carlos José Brito
1º. Secretário - José Florêncio
Aparício Marques
Alves
Secretário - António Brito Lages Secretário - Jorge Alves Pina
2º. Secretário - Carlos José Pina
2º. Secretário - José Brito Madeira Relator - António Marques Garcia
Alves
Tesoureiro - António Santos
Marques
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A Casa de Repouso da Nossa Senhora da Guia, foi criada com base nos princípios e nos
critérios do Centro de Assistência Paroquial de Loriga tendo, no Padre Francisco Borges
de Assunção, o grande impulsionador para esta obra.
Construída na Estrada Nacional que passa em Loriga, num local onde se pode vislumbrar
uma paisagem impressionante sobre a Vila, é uma obra de vulto de que os loricenses se
orgulham.
O dia 18 de Dezembro de 1998, foi uma das datas histórica, ao ser concedida a
adjudicação das obras, sendo assinado o contracto da Empreitada dez dias depois
(28.12.98).Dois dias depois, em 30.12.1998, deu-se início à terraplanagem e preparação
do terreno para a construção que, começando em bom ritmo, foi conhecendo alguns
contra-tempos por motivos da orografia do terreno, que foram sendo ultrapassados.
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No dia 3 de
Setembro de
2000, já com
as obras em
andamento, foi
realizada
simbolicament
e, a benção e
lançamento da
primeira pedra
da Capelinha
do Lar, numa
cerimónia
solene, a que
se associaram
numerosos
loricenses,
autoridade
civis e
religiosas .
Hoje, a
existência de
obras sociais
como esta, faz
parte das
transformaçõe
s que se vêm
operando na
sociedade
actual, onde é
necessário e
justo
defender-se os
valores
fundamentais
do humanismo
em prol dos
idosos, numa
sociedade em
que a solidão
está cada vez
mais presente
nesta camada
da população,
a maior parte
das vezes
incapazes de
fazer qualquer
coisa por si
próprios.
- 13 -
O Lar funciona sete dias por semana, durante 24 horas, em sistema de turnos. O
atendimento ao público pela técnica Superior de Serviço Social é efectuada às terças,
quartas e quintas-feiras, das 11,00 às 13,00 horas e das 14,00 às 16 horas.
São facultativas visitas periódicas aos utentes pelos familiares e amigos, com horário
diário das 15,00 às 16,30 horas e das 17,30 às 18,30 horas.
O funcionamento orgânico do Centro de Assistência Paroquial de Loriga "Casa de
Repouso Nossa Senhora da Guia", é definido por um regulamento interno aprovado em
27 de Agosto de 2004, em reunião de Direcção, assinado pelo Padre João António
Gonçalves Barroso, Carlos José Brito Moura, Manuel Mendes Henrique Lemos e Joaquim
Brito Santos.
Irmandade do
Santíssimo
Sacramento e
das Almas de
Loriga
Largo do Adro
6270-074 Loriga
- 15 -
e.mail: analor@netcabo.pt
- 16 -
http://analor.no.sapo.pt
Criar um espaço onde pudessem viver a sua terra, confraternizar e contribuir para a sua
divulgação e desenvolvimento cultural, foi desde sempre um sonho dos Loricenses
residentes na Grande Lisboa.
Em 1987, num espirito de verdadeiro bairrismo, alguns Loricenses abraçaram a ideia de
levar em frente a criação desta Associação, sendo registada em Cartório Notarial, em 5
de Março desse mesmo ano e publicado posteriormente no Diário da República ficando,
assim, concretizado esse sonho de que os naturais de Loriga muito se orgulham.
De acordo com o que consta nos estatutos, a morada da sua primeira sede era na Rua
dos Combatentes da Grande Guerra, nr.34 em Sacavém, casa de um dos fundadores.
A sede oficial, passou depois a ser na Rua José Augusto Braancamp, nr. 27 em
Sacavém, casa pertencente a um Loricense, que a disponibilizou para esse efeito. Mais
tarde, e após um grande esforço de muitos dos associados e amigos de Loriga, em
trabalhos de obras de recuperação e restauro de uma habitação em estado de
degradação, pertencente à autarquia local, foi então transferida a sede da Associação
para o Largo 5 de Outubro, nr.16 também nesta mesma cidade.
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Entretant
o, com o
rigor do
inverno,
as
estrutura
s desta
mesma
casa
começar
am
também
a
degradar-
se
constitui
ndo até
um
perigo a
permanê
ncia nas
mesmas.
Houve,
assim,
necessid
ade de
encontrar
novas
instalaçõ
es,
sendo a
sede
mudada
para
onde
hoje se
encontra,
contribui
ndo em
muito,
para este
facto, o
bom
relaciona
mento
existente
entre os
Loricens
es e a
autarquia
local,
cujo
apoio foi
de
grande
importân
cia para
a Sede da ANALOR em Sacavém
resoluçã
o deste
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parecendo até uma segunda Loriga. Por isso, também a justa e feliz ideia da geminação
destas duas localidades em 1 de Junho de 1998.
Das muitas actividades que a Associação dos Naturais e Amigos de Loriga leva a efeito,
sobressai a organização, anual, da Semana Serrana, que normalmente é realizada em
Junho, um evento de verdadeira dimensão, unindo os Loricenses com outras
comunidades numa festa e num trabalho de aposta e divulgação dos valores e raízes
culturais de Loriga e da região serrana.
A ANALOR está inscrita no INATEL e na Federação das Colectividades de Cultura e
Recreio. É uma Associação de interesse público e de carácter regional, que se esforça
por promover o desenvolvimento de Loriga e da região da Serra da Estrela. Tem sido uma
das organizações que mais tem contribuído, na Área Metropolitana de Lisboa, para a
divulgação da região serrana, nomeadamente no que respeita às especificidades
sócio-culturais e potencialidades de desenvolvimento.
É da propriedade desta Associação o Jornal "Garganta de Loriga", com uma tiragem de
2.500 exemplares, que chega a todos os pontos do mundo onde existem Loricenses.Foi
este jornal que alertou os Loricenses para a história plurimilenar da sua
terra-natal,através principalmente dos artigos de António Conde,um grande historiador de
Loriga.
Existe, também, nesta cidade de Sacavém, uma rua com o nome de Loriga, uma
homenagem que a autarquia local quis prestar à ANALOR e também a todos os
Loricenses.
Condecoração Municipal
Em 2005 a ANALOR - Associação dos Naturais e Amigos de Loriga, foi condecorada
com a Medalha Municipal de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Louros.
Direcção
Presidente - Carlos Melo
Vice-Presidente - António Santos Conselho Fiscal
Assembleia Geral
Tesoureiro - José Gouveia Presidente - José Ferreira
Presidente - Rui Ortigueira
Secretário - Sónia Galvão Vice-Presidente - Fernando Moura
Vice-Presidente - Mário Pina
Vogais - António Pina; José Palas; Secretário - José Carlos Moura
Secretário - José Mendes
Fernando Cruz; Fernando Tiopisto Mendes
Aurélio Pina; Casimira Mendes e
Joaquim Silva.
Num ideal de amor, força, e numa razão de engrandecimento da sua terra, nasceu o
Centro Loricense em Belém do Pará.,A primeira sede social foi instalada na Trav.Frei Gil
da Vila Nova; mais tarde mudou-se para uma casa mais espaçosa na mesma via para,
muito mais tarde, passar a funcionar na Associação Vasco da Gama. E assim, os
naturais da Vila de Loriga se uniam na recordação, com mais intensidade, à terra que os
viu nascer, à casinha pequenina que tinha sido seu berço, invocarem os áureos tempos
de suas infâncias, glorificando os familiares que deixaram, lembrando a igreja, o adro, a
torre com os sinos, as ruas acanhadas, a escola onde soletraram o A,B,C., o som
produzido pelas águas das suas ribeiras, o ruído característico e confuso das fábricas
em plena actividade, as hortas, os milharais, os pinheiros, os castanheiros, as amoras
silvestres nos muros e valados, as giestas e as plantas florindo no campo, as encostas
suaves e agrestes, as andorinhas, os pardais, os folares da Páscoa as fogueiras de
S.João, a romaria da N.S.da Guia, o Natal festivo, as noites quentes ao luar, os dias
tempestuosos do inverno e ainda redendo culto à memória dos que na sua terra morriam.
O Centro Loricense de Belém, apesar de distante, tem sido através dos anos, um
exemplo máximo num desempenho bairrista e de engrandecimento da Vila de Loriga e
continua a ser uma referência de identidade onde todos ainda podem gozar
espiritualmente a ventura dos tempos que já lá vão, o presente e a sempre esperança do
futuro.
O Centro Loricense de Belém - Pará foi condecorado pelo governo português em 1959,
com o Grau de Comendador da Ordem de Benemerência de Portugal, assinado pelo
Presidente da República General Craveiro Lopes.
Também foi agraciado pelo Conselho Estadual de Cultura do Pará, com a medalha e
diploma "D.Pedro I" comemorativos dos 150 anos da Independência do Brasil.
Possui a Medalha dos 40 anos da Revolução Nacional.
O Estandarte do Centro Loricense recebeu a Medalha Comemorativa do desfile em
Lisboa das Associações Portuguesas espalhadas pelo Mundo.
Medalhas dos primeiros centenários do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
e do Grémio Literário e Recreativo Português de Belém-Pará .
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Pode considerar-se a obra de maior vulto, construída em Loriga, nestes últimos anos.
Foi, assim, concretizado um sonho que se tornou numa "vitória da presistência e da
convicção", e de grande importância para esta vila e aldeias vizinhas da Região de
Loriga.
As origens da Escola C+S de Loriga remontam a 1968 com a criação da então chamada
Escola Preparatória.Desde o início a funcionar em instalações exíguas e alugadas pelo
Estado,que se resumiam ao Solar da Redondinha,do século XVII,e à antiga escola
primária,o desejo de instalações próprias e dignas foi imediato.Entretanto a escola foi
requalificada,o número de alunos aumentou,foram construídos pavilhões
pré-fabricados,mas as instalações continuavam insuficientes e cada vêz mais
degradadas,até que finalmente,em 1995,foi iniciada a construção do edifício da Escola
C+S.
***
A Escola tem uma capacidade para 12 Turmas, custou cerca de 450 mil contos, tendo o
projecto sido co-financiado pela União Europeia através do programa FEDER e também
pela Câmara Municipal.
No dia 5 de Setembro de 1997,a Escola C+S Dr. Reis Leitão de Loriga, recebeu a visita
do Sr.Primeiro-Ministro, Eng. António Guterres, do Ministro da Educação, Dr. Marçal
Grilo, da Secretária de Estado da Educação e Inovação, Dra. Ana Benavente e, ainda, do
Secretário do Estado da Administração Educativa, Dr. Guilherme d´Oliveira Martins.
Clube fundado pelos trabalhadores da Metalúrgica Vaz Leal, idealizado como meio
cultural e recreativo e ainda de encontro e passatempo desses trabalhadores.
Abre todos os dias, sendo frequentado, sobretudo, pelos seus Associados.
***
A Indústria de Loriga
A Vila de Loriga, foi sempre através dos tempos, caracterizada como Vila Industrial, onde as fábricas de
Lanifícios, as fábricas de Malhas e ainda uma Firma Metalúrgica, foram desde sempre de grande valor
económico e social para esta localidade.
As primeiras referências sobre os Lanifícios em Portugal, datam do século XVII, mais precisamente ao ano
1675.
Em alguns registos de Loriga do século XVIII, vamos encontrar dados concretos da existência já nessa altura
de um próspero negócio de lã, a matéria prima para a Industria de Lanifícios.
Nessa época a lã era manufacturada sem nenhum auxilio mecânico e, por isso mesmo, durante muitos
anos, foi usada a fabricação doméstica, com teares manuais a trabalhar em diversas casas, ou com as
escarameadeiras (mulheres que farripavam a lã depois de lavada tirando os ciscos e outras aderências) nas
casas dos próprios fabricantes.Na vila de Loriga isso já acontecia no século XVI,e sabe-se que as origens
são mais remotas.
A partir do início do século XIX, começam então a construir-se as primeiras Fábricas que, durante mais de
um século, foram de grande laboração e de enorme movimentação industrial.
Apesar das deficientes vias de comunicação que obrigava o transporte das matérias-primas no dorso dos
animais de carga, existindo apenas a velhinha estrada romana de Lorica,construída no século I antes de
Cristo,Loriga, era em 1881, a localidade mais industrializada na aba ocidental da Serra da Estrela, com
várias unidades de produção têxtil, empregando mais de 300 operários.
As primeiras Fábricas a serem construídas em Loriga, foram por iniciativa de Manuel Mendes Freire e José
Marques Guimarães, que na altura, eram já uns conceituados negociantes em Lã.
Em 1872 o Jornal "O Conimbricense" publicado em Coimbra, escreveu sobre as Fábricas de Lanifícios em
Loriga, onde publicava que havia nesta Vila quatro fábricas, três a funcionar e outra começada, que se
deviam unicamente aos esforços particulares.
À medida que iam procedendo na mecanização das Fábricas em Loriga, os industriais Loricenses, recorriam
ao mercado da Covilhã, no sentido de contratarem especializados.
Na última década do século XIX, chegou a Loriga um belga de nome Pierre, por onde se manteve até 1898;
Joaquim F. Nogueira, que em Loriga constituiu família e veio a ser o pai do Cónego Manuel Fernandes
Nogueira; um senhor de nome Teles, que viria a falecer já muito velhinho; Adriano de Sousa Torrão; António
Ramos e muitos outros, que não sendo de Loriga, ficaram para sempre ligados à Industria de Lanifícios desta
vila.
A partir de 1930, e após a construção da estrada que passou a ligar São Romão a Loriga, a Industria de
Lanifícios em Loriga, foi-se modernizando, de maneira a poder competir com a sua congénere do país.
Desde meados do século XIX e até meados do século XX,Loriga era considerada a Vila mais industrializada
do Concelho de Seia e também do Distrito da Guarda.
Aqui se faz a descrição de alguns dos registos mais relevantes das Fábricas de Lanifícios de Loriga, quando no
surgimento no início do século XIX,e da modernização, ocorrida a partir da terceira década do Século XX.
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Fundada em 1856 por Manuel Mendes Freire, Manuel Moura Luís e Abílio Luís Brito Freire, cardava e fiava lã
para frises, saragoças e palmilhas.
Possuía uma roda hidráulica de madeira com força de 16 cavalos. Em 1899 passou para a firma Leitão &
Irmãos e Companhia.
Tinha Secção de Cardação; Secção de Tinturaria e Secção de Ultimação. Em 1939, foi construída a parte nova,
reconstruído o prédio que tinha ardido, e também reconstruído a secção de tinturaria em 1954.
Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 11.477 KVH, equivalente a 6.923$00, ocupando uma
área de 2.810 m2.
As máquinas que trabalhavam a vapor eram alimentadas por uma caldeira horizontal de vapor, que consumia
1.000 quilogramas de lenha por dia de oito horas
Trabalhando normalmente gastava por ano cerca de 70.000 de matérias primas. Fabricava todo o género de
artigos cardados, tanto para homens como para senhoras, passando mais tarde a dedicar-se a artigos leves
para senhoras, como crepes, popelinas etc., e também a fazenda de agasalho para inverno.
Fábrica da Fândega
Fundada em 1862 por José Marques Guimarães, Na década de 1920, esta Fábrica passou a pertencer à
Sociedade Carlos Nunes Cabral & Comp., e mais tarde passando a ser propriedade da firma Moura Cabral &
Companhia.
Tinha duas rodas hidráulicas ambas no mesmo edifício junto à ribeira, uma roda de madeira com força de 30
cavalos, colocada no topo do edifício virado para o caminho, ou seja para o sul, e outra situada a nascente do
edifício.
Produzia frises, saragoças e palmilhas. Encerrou definitivamente em 1949. Sendo a primeira das fábricas, a
paralisar, devido à impossibilidade de boas vias de acesso.
Fábrica do Regato
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Fábrica da Redondinha
Entrou em laboração já depois de 1878, e durante muitos anos pertenceu ao industrial Augusto Luís Mendes,
que a geriu sob a firma Augusto Luís Mendes & Comp. Limitada.
Consumia mensalmente de energia eléctrica motriz e de iluminação 68.631 KWH, equivalente a 5.117$00
escudos. Ocupando uma área de 2.000 m2.
Tinha duas rodas hidráulicas, uma no edifício (onde até à pouco anos esteve instalada a firma Jomabril) e outra
na casa de baixo onde até à poucos anos esteve instalada a firma de Manuel Carvalho.
O prédio de baixo, era o único quando iniciou a laboração. Em 1939, foram construídas novas instalações,
tendo sido uma parte delas, devorada por um incêndio na década de 1950. Essas instalações, foram de
imediato reconstruídas entrando novamente em laboração em 1954.
Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação.
Encerrou em definitivo as suas portas, em princípios da década de 1970.
Fábrica Nova
Iniciou a sua actividade laboral em 1905 sendo fundada pelos sócios Augusto César Mendes Lages & José
Gouveia Júnior, que mandaram construir um prédio de laboração e um outro separado do primeiro, por roda
hidráulica. No ano 1920 passou para a firma -Moura Cabral & Companhia, tendo, em 1939, mandado construir
outro prédio muito mais amplo, sobranceiro aos prédios iniciais. Mais tarde, em 1956, procederam a nova
ampliação das instalações, fazendo novo prédio ainda de maiores dimensões.
Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 17.784 KVH, equivalente a 8.811$00 escudos,
ocupando uma área total de 2.750 m2.
Tinha Secção de Cardação, Fiação, Tecelagem, Lavagem, Tinturaria e Ultimação.
Foi criada em 1932, por José Lages e, após o falecimento da sua esposa, passou a girar sob a firma:- Lages,
Santos & Comp., pertencendo depois à firma Lages Santos & Sucessores, Lda.
Era alimentada por uma turbina hidráulica de 36 HP e um motor a gasóleo de 22 cavalos, que trabalhava na falta
de água. Ocupava uma área de 1.140 m2.
Tinha Secção de Cardação, Fiação e Ultimação.
Produzia por mês (em horário de 8 horas) 2.000 quilogramas de fio Nr.50, que trabalhando normalmente
consumia por ano, 38.000 quilos de lã e outras fibras.
Fabricava fazendas para moscous de sobretudos para homem e senhora. Encerrou definitivamente em 1972 .
Mais tarde passou a pertencer à firma Pedro Vaz Leal e Comp., onde passou a desenvolver a actividade
siderúrgica.
Foi das primeiras fábricas a ser construída em Loriga, sendo atribuída a sua fundação a diversas pessoas. Em
registos escritos em 1872, dão conta nesse ano da construção de uma casa bastante espaçosa e pertencente
a diversos indivíduos, no sentido de sediarem alí, uma fábrica. Este local hoje chamado "Tapadas" na altura da
construção desse prédio era mais conhecido por "Águas Limpas".
Esta Fábrica durante a sua existência pertenceu a várias pessoas ou firmas e teve maior laboração a partir de
1918.
Possuía uma roda de madeira, que durante grande tempo permitiu a sua actividade.
Foi criada em 1899 pela firma Leitão & Irmãos e Companhia. Em 1948 passou a ser gerida sob firma Leitão &
Irmãos. Foi ampliada no ano de 1939, parte das instalações foi devastada por um incêndio, tendo depois, em
1954 sido restaurada. Encerrou em 1967 e, tempos depois e até hoje, várias firmas de malhas por ali já
passaram, mantendo assim em laboração todas as dependências desta antiga fábrica.
A fábrica Leitão & Irmãos, tinha duas rodas hidráulicas, uma no prédio de cima, outra no edifício de baixo. A
roda de cima, foi retirada e no mesmo lugar foi construído um tanque hoje ainda existente. A prédio dos "bicos"
assim chamado, nunca teve qualquer roda
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Fábrica do Pomar
Fábrica fundada em 1929, após constituição de uma sociedade registada como Nunes & Brito, firma esta que
laborou até 1948.
Consumia mensalmente de energia eléctrica em força motriz e iluminação, 6.015 KWH, equivalente a 3.700$00
escudos. Ocupando uma área de 1.938 m2. Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação.
Em 17 de Fevereiro de 1948, e após escritura pública, a Fábrica do Pomar, passou a ser gerida pela firma:-
Nunes, Brito & Companhia, Limitada, criada por:- António Nunes Luíz; Alfredo Nunes Luíz; António João de
Brito Amaro; António Nunes de Brito; António Nunes Ribeiro; José Nunes de Moura; Carlos Nunes Cabral; José
da Silva Bravo e Maria dos Anjos Antunes de Moura.
Constava dos seus Estatutos, como sendo uma firma constituída com um capital social de 252.000$00, em que
tinha a sua sede em Loriga, na Fábrica do Pomar, e tinha como objectivo a exploração da industria e comércio
de lanifícios.
No ano de 1972, a Fábrica do Pomar passou a pertencer à firma:-Moura Cabral & Companhia.
Amostras de Fazendas
Alguns recortes de Fazenda, eram pregadas em folhas normais de cadernos, para servirem de amostras de vendas.
Esta Folha de um caderno com amostras, tal qual aqui representada, foi encontrada ainda não há muitos anos, nas ruinas de uma das
Fábricas, entretanto há muito encerrada.
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Os primeiros apontamentos sobre esta industria, remota à década de 1930, e está praticamente relacionada,
com a criação da Firma Metalúrgica Pedro Vaz Leal, que chegou a ser uma das maiores Firmas desta Vila e
uma das principais do distrito da Guarda e do Concelho de Seia.
No entanto, foram sempre existindo em Loriga, oficinas de serralharia, que de entre outras se destaca pelo
seu maior envolvimento as Oficinas de Serralharia de José Soares de Casegas, já não existente, e a de José
Fernandes Moura (Família), ainda hoje em actividade.
Aqui se dá conta de alguns registos mais relevantes da Oficina Metalúrgica de Loriga, fundada como firma
familiar, vindo mais tarde a tornar-se numa Sociedade.
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A Metalúrgica Vaz Leal, foi fundada por Pedro Vaz Leal em 1931. Foi no local conhecido por Cabeço, onde
iniciou a sua laboração, cujo crescimento rápido foi bem visível, para a partir de então não mais parar.
Tempos depois e com o aumento dos quadros de pessoal, é transferida para o Terreiro da Lição, onde surge
uma Oficina mais moderna, junto com a habitação onde passou a viver esse industrial e proprietário.
A expansão desta firma continuou a registar grandes progressos, por isso a necessidade de instalações mais
amplas. Tendo sido contruído novas instalações na Vista Alegre, onde foi instalada a fundição, serviço
automóvel e ainda venda de combustível.
Para ali viriam também a passar todos os serviços, deixando de ter actividade a oficina do Terreiro da Lição.
Anos mais tarde, e já depois da morte de Pedro Vaz Leal, a empresa veio a adquirir a antiga Fábrica das
Lamas, junto à Ponte do "Zé Lages" ficando assim muito mais alargadas as suas instalações em Loriga.
Em 1994 deixou de pertencer maioritariamente aos herdeiros do seu fundador.
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A partir da metade do século XX, a Vila Loriga conheceu uma nova fase na sua história, com o surgimento da
Industria de Malhas, que veio a projectar esta localidade num novo desenvolvimento industrial, que continua
hoje em dia a ser predominante.
Alguns apontamentos mais relevantes das Fábricas de Malhas em Loriga, que com a criação da primeira
Fábrica em 1946, a partir de então e sistematicamente, foram abrindo muitas outras mais.
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Foi esta a primeira Fábrica de Malhas criada em Loriga. Fundada em 1946, sob a gerência de Manuel Gomes
Leitão Junior. Foi instalada no andar térreo da casa alugada. Consumia mensalmente de energia eléctrica cerca
de 200$00.
Tinha ao seu serviço 9 operários e operárias e as seguintes máquinas, 4 Teares manuais; 1 meadeira, 1
bobinador e 8 máquinas de costura
Terminou a laboração em 1955, por desentendimento dos sócios.
Fundada em 1952, por António Nunes Luíz; Joaquim Gonçalves de Brito e José Nunes Abreu, tendo a sua sede
no lugar do Escaldadore (Escaldadeiro, como popularmente se chamava).
Consumia de energia eléctrica mensalmente cerca de 350$00 e tinha as seguintes máquinas:
Secção de Tecelagem:- 1 máquina de cardar, 1 meadeira, 1 bobinador e parafinador de 20 fusos e 5 teares.
Secção de Confecção e Acabamento:- 2 máquinas de coser e cortar, 1 máquina de casear e pregar botões, 2
máquinas de costura, 1 máquina de pregar botões.
Produzia por ano para cima de 8.000 peças de malhas para homens, senhoras e crianças, que eram
consumidas nos mercados da Metrópole e Províncias Ultramarinas.
Empregava 4 operários, 20 operárias e 2 sócios administradores.
Foi fundada em 1969, por Joaquim Fernandes Ferreira Simões, João Pereira da Costa e José Nunes Abreu este
natural de Loriga.
Dedicava-se ao fabrico de malhas, que enviava para todo o país e também para o estrangeiro, onde o
desenvolvimento e a qualidade produtiva, acompanhavam a expansão desta industria que chegou a atingir
períodos áureos.
Em 1971 incorporou-se numa outra firma "Lorimalhas" entretanto criada nas antigas instalações da fábrica dos
Leitões.
Sediada no Regato, ao longo da sua existência conheceu muitas gerências e várias modificações.
Foi fundada em 1971, mas só ficou juridicamente criada em Maio de 1973, após incorporação das Malhas
Abreu "Lorilan-Nunes & Compª. Ld.ª., que laborava desde 1969, na antiga fábrica do Regato.
A "Lorimalhas" que passou a ser a Empresa de Malhas Reunidas de Loriga, Lda., estava sediada na antiga
fábrica dos Leitões, adquiridas em tribunal, ocupando uma área de 2.150 m2, tendo com esta incorporação a ter
um total de 251 trabalhadores.
Dedicava-se ao fabrico de malhas exteriores, compondo-se de diversas secções: cardação, fiação, tricolagem,
confecção, serviço de aprovisionamento, armazém de materiais primas, fios de produtos acabados e,
naturalmente, a secção de planeamento, serviços administrativos e serviços comerciais.
Ao longo da sua existência, foram muitas a alterações na Administração desta empresa fabril
que teve períodos áureos em que a sua produção tinha conceitos e estilos de qualidade, reconhecidamente
muito procurados e enviados para todo o país e para o estrangeiro, nomeadamente Europa e EUA,
conquistando o título de imagem de marca das malhas de Loriga.
Em 1992, seria infelizmente adquirida por outros empresários, passando a ser Empresa de Malhas Têxtil
Loriseia, Lda.
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Sediada no fim da Rua da Fândega, esta empresa faz parte da tradição fabril que remonta a meadas do Século
XIX e então denominada Fândega. A Têxtil Moura Cabral conquistou o título de imagem de marca dos lanifícios
de Loriga.
Durante três décadas, liderada por Carlos Moura Cabral Junior, tornou-se numa firma de sucesso no
desenvolvimento e progresso, merecidíssima reconhecida no concelho e no país.
No últimos anos da década de 1990, foi adquirida por uma sociedade liderada por Valdemar Reis, ex emigrante
no Luxemburgo, dinâmico empresário da região, que apoiando-se nos suportes financeiros da FRMERMI,
SGPS, lançaram-se numa moderna gestão empresarial, num objectivo ambicioso e qualificado que lhes
permite-se continuar a ser uma das mais importantes fábricas da Vila de Loriga e ainda a única sobrevivente de
um período industrial áureo,
A capacidade produtiva instalada; a criação de uma ETAR própria que garantisse o respeito pelo ambiente,
equipamento industrial novo (teares), outros objectivos com implicações no modelo de produção em que a lã
dominará o produto final e ainda a modernização de estruturas internas, foi o horizonte dos novos responsáveis
desta empresa.
A gestão do património veio então a conhecer diferentes conceitos e estilos, em que assentava as melhores
expectativas de sucesso, no entanto hoje encontra-se ameaçada pelos dramáticas e vertiginosas mudanças
que a globalização consigo arrasta, nomeadamente nesta indústria de lanifícios.
Nota:- Esta firma encontra-se actualmente encerrada, encerramento ocorrido em Setembro de 2004, levando para o desemprego
muitas famílias.
Com o encerramento da última empresa Têxtil em Loriga no ano de 2004, os "Continos" passaram a fazer parte
do Álbum de Recordações
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Foi constituída em 21 de Outubro de 1987, por José Pinto Lucas, Mário Pinto Lucas e Emílio Lucas Pinto,
tendo dado inicio à actividade em 1 de Janeiro de 1988, sendo sediada no Regato nas instalações das antigas
fábricas que ali chegaram a existir.
Em Janeiro de 1994, a empresa é vendida a Valdemar Brito Reis e à firma Habinadeiros Lda., de Alvoco da
Serra, propriedade de José Mendes Pinto (Cabalhanas).
Em Fevereiro de 1996, a empresa foi adquirida pela Firma Habinadeiros Lda., e José Mendes Pinto, tendo como
gerentes Jorge Rebelo Mendes e António José Rebelo Mendes.
Na grande aposta de progresso e expansão, apoiando-se nos programas oficiais de incentivos, PEPID, S.I.P.I.E
e I.A.P.M.E.I e dotados de uma visão estratégica, os administradores com esforço e determinação lançaram-se
num projecto de grande envergadura e, num caminho do futuro que a tornaram numa firma moderna importante
para o desenvolvimento industrial de Loriga.
A M.P.L. é uma empresa do sector têxtil e do vestuário que se dedica à fabricação dos artigos em malha de
gama média e média alta, que se destinam preferencialmente ao vestuário exterior de homem, senhora e
criança, para as Estações de Primavera/Verão e Outono/Inverno.
Seguramente o maior empreendimento industrial das últimas décadas em Loriga, o que é bem visível a imagem
do dinamismo e coragem dos actuais proprietários. Onde a prioridade actual é sem dúvida a melhoria da
qualidade, aos mais diferentes níveis e a produção de vestuário de maior valor, acrescentado como design
inovador e de acordo com as tendências da moda, procurando progressivamente impor a sua marca nos
mercados.
Com duplicação da área e novas instalações, modernização do parque industrial e novas tecnologias, avançam
com um projecto global que lhes permite, com serenidade consolidar a empresa como uma das de maior futuro
na região.
Em consonância com a actividade desenvolvida a MPL, empresa de malhas Pinto Lucas, Lda., tem por missão
principal a satisfação dos seus clientes, através da produção de vestuário de malhas, garantindo uma boa
relação qualidade/preço e cumprimento dos prazos estabelecidos, protegendo o meio ambiente.
Empresa de malhas fundada em 1993, por José Manuel Almeida Pinto e Joaquim Brito Lages, estando sediada
na Redondinha, em antigas instalações de fábrica de têxtil ali existentes em tempos passados.
Dedicando-se à fabricação dos artigos em malha, conta com cerca de 20 empregados, sendo determinante o
esforço dos seus responsáveis num maior desenvolvimento para projectos futuros.
Nota:- Esta firma encerrou no principio do ano 2005, levando para o desemprego 16 pessoas.
Sediada na antiga Fábrica dos Leitões, esta empresa, substituiu a extinta "Lorimalhas" num negócio que terá
rondado os 200.000 contos. Iniciou a sua laboração em 23 de Março de 1992, admitindo mais de 80% dos
trabalhadores da ex-Lorimalhas, prevendo depois criar mais postos de trabalho.
Foi criada por sociedade com um capital social de 20.000 contos pertencentes, em parte iguais a um grupo de
quatro pessoas, Valdemar dos Santos Reis; José A. Ribeiro de Matos; Abel Abrantes Nogueira e José Maria
Pereira, que tinham em comum duas características importantes: dinamismo e espírito empreendedor.
Chegou a ter cerca de 100 empregados e durante os primeiros anos teve uma regular facturação que rondava a
mais de 100 mil peças anuais.
Entretanto anos mais tarde esta sociedade foi desfeita, ficando à frente da mesma apenas um sócio, mas
continuava a laborar em bom ritmo de laboração
A partir de 2001, entrou em crise,devido a gerência deficiente. Decretou falência em 2003, após crise que se via
acentuando e que se adivinhava a todo o momento no seu encerramento.
Nota:- Esta firma encontra-se actualmente encerrada, tendo com o seu encerramento levado para o desemprego cerca de 80
pessoas.
Sediada na Vista Alegre, esta empresa faz parte da tradição metalúrgica em Loriga, criada por Pedro Vaz Leal
em 1931.
A capacidade produtiva com que sempre laborou, a inteligência empresarial de Pedro Vaz Leal e depois dos
seus familiares, tornaram a Metalúrgica Vaz Leal numa empresa de sucesso em Loriga, que chegou a ser uma
das mais importantes do distrito da Guarda.
Reconhecidamente como uma empresa industrial das mais importantes desta Vila, a sua laboração tem-se
mantido em pleno funcionamento, apesar de, ter também conhecido ao longo dos anos acentuadas crises, que
fez com que fosse deixando de ser empresa familiar, para se ir tornando numa sociedade e por isso várias
alterações administrativas foram-se registando através dos tempos. Em 1994 deixou mesmo de pertencer
maioritariamente aos herdeiros do seu fundador.
Sendo as Minas da Panasqueira desde sempre, o destino da maioria da sua produção, não será por acaso que,
hoje em dia, é propriedade de empresários daquela região.
"Loripão"
Indústria e Comercialização de Pão, Lda.
Rua do Teixeiro
6270 - 101 Loriga
Telef. 238/953323
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Gerida pela mão de Fernando Brito e António Prates, a Loripão em Loriga, é uma promissora empresa no ramo
da panificação, onde uma gestão sábia dos seus responsáveis, lhe confere o título de marca de Loriga e da
região serrana.
Acompanhando o progresso e o desenvolvimento que este ramo exige, é uma preocupação dos seus
proprietários, torná-la numa empresa diferente, moderna e funcional, procurando ter os equipamentos das mais
recentes tecnologia usados na produção e também embalagem, hoje muito importante e elementar nas regras
que são exigidas na indústria alimentar, neste caso de panificação.
Mesmo no acompanhamento deste todo modernismo, está sempre presente no espírito dos seus responsáveis
o fiel respeito a processos de fabrico tradicional, onde ao lado de equipamentos mais modernos, lá está o
imponente forno de lenha e ainda uma simples e magnífica peneira accionada mecanicamente.
A sua produção diária, vai muito para além dos limites da região, estando no horizonte um crescimento de
expansão ainda mais abrangente.
A aquisição de um amplo edifício de uma antiga fábrica de lanifícios, toda ela construída em granito, foi uma
ideia genial e ao mesmo tempo de audácia, levando em frente um investimento avultado que deu à Loripão, uma
outra funcionalidade de expansão, um verdadeiro exemplo dos seus responsáveis, os quais, não querem de
forma alguma fecharem-se ao mundo da panificação de que fazem parte.
As instalações principais da Loripão, estão hoje sediadas na Rua do Teixeiro, estendendo-se pelo Vinhô
(fabricação e depósito de venda) e Av. Augusto Luis Mendes (depósito de venda).
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Pedro de Almeida
1873 - 1959
Nasceu em Loriga a 6 de Dezembro de 1874, mas desde muito nova era visível
a sua piedade, talvez fruto do ambiente piedoso em que vivia, dedicando à
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igreja da sua terra a sua total fidelidade, onde tratava da limpeza, no
ornamento dos altares e dando catequese aos mais novos.
Vida de amor!.. Como ela passava horas sem fim diante do Sacrário!.. Como
ela compreendia a virtude da humildade, junto do tabernáculo dum Deus
infinitamente humilde!.. Como o publicano do Evangelho, jamais alguém a
viu, que não fosse no lugar mais solitário do templo, entregue à oração
mais concentrada.
Vivendo unicamente para o Senhor passava todo o tempo na igreja onde era
sempre uma presença em continuada oração que o povo chamava Santa. Era tão
grande a sensibilidade desta mulher na sua bondade, que chegava a deixar
de comer o pão para com ele alimentar os animais ou os passarinhos que não
saiam da sua porta
Mas não era simplesmente a oração que lhe absorvia todo o seu dia. Ela era
igualmente a grande mulher de acção. Cobrava as quotas da sua queridíssima
Propagação da Fé, inscrevendo novos associados, visitando os pobres
protegidos pela Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas das vezes se
encontrava à cabeceira dos moribundos recitando-lhes o ofício da agonia,
apontando-lhes o Céu como termo dos sofrimentos humanos.
Durante toda a sua vida assistiu às missas e recebeu a comunhão
diariamente. As pessoas estavam já habituadas a ver aquela figura com as
suas vestes a varrer o chão, passando pelas ruas sempre de olhos baixos
como que desejando que ninguém a visse e, quando falava, a sua voz suave
prendia todos aqueles que a escutavam, mas ela própria se arrepiava ao
ouvir de alguém uma palavra maldosa por mais insignificante que fosse.
Com 72 anos de idade adoece e pouco tempo depois, em 28 de Janeiro de 1946
ocorre o seu falecimento. Segundo relatos da época, parecia até haver um
sorriso na sua boca, como que feliz, por partir para junto do Senhor a
quem dedicou toda a sua vida.
O seu funeral foi um dia de muita tristeza para a população de Loriga, ao
verem partir para sempre a sua Santa. A Junta de Freguesia cedeu a
sepultura onde descansa eternamente, e o povo da sua terra, como prova de
gratidão, mandou colocar a mármore.
Durante anos, e ainda hoje, se comenta a possibilidade do seu corpo se
encontrar intacto na sua sepultura, pois segundo o povo "O corpo das
Santas mantém-se tal como foi durante a sua passagem pela vida".
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Loricenses Centenários
Registo de algumas das pessoas nascidas em Loriga que viveram cem anos e mais.
Urbana Pereira
(Loriga *)
1885 - 1987
Em 1813 foi colocado em Loriga como pároco-colado, como se dizia na altura e lhe
esteve atribuída durante muitos anos, apesar de temporariamente deixar esta localidade
por motivo se ter alistado na milícia então organizada na época, para expulsar do solo da
Pátria os franceses.
Novo e cheio de vida, tinha a particularidade e tudo leva a crer que sim, de ser um
homem combativo e enérgico, capaz de dar a vida pela causa que defendesse. Depois de
ter contribuído para a expulsão dos franceses, viria novamente a participar nas "lutas"
liberais, só depois regressando a Loriga em 1852, já cansado mas ainda com forças para
paroquiar nesta "sua" paróquia até aos fins de Novembro de 1855.
Apesar de cansado e velho mas estando por dentro das "lutas" liberais, quando
regressou a Loriga, teve que enfrentar uma população verdadeiramente inclinada para a
causa "Miguelista" tendo por isso muitos problemas, nomeadamente quando no altar e
nas suas pregações expressava as suas ideias politicas e, por conseguinte feria aqueles
com ideias contrárias. Por esse motivo, chegou ao ponto, de pegar numa cadeira e correr
com todos eles até ao adro, quando lhe vinham, no final das mesmas, pedir explicações.
Era de comprovado zelo paroquial e apesar da avançada idade permaneceu
pároco-colado de Loriga até à sua morte.
***
Padre Sebastião Mendes de Brito *
***
Manuel Matias dos Santos e Figueiredo *
-2-
Nasceu na Vide, e depois de ter sido Pároco de Piodam, foi colocado em Loriga como
Pároco-colado, onde esteve, desde Janeiro de 1860 até 1893.
Os 33 anos como Pároco na freguesia de Loriga, foram ferteis em acontecimentos.
Homem de uma personalidade bem vincada, onde acima de tudo era reconhecido por ser
paciente, teve sempre contra si duas das famílias mais poderosas da terra, as famílias
Marques e Britos.
Em Novembro de 1982, desabou a igreja matriz, em consequência de um tremor de terra
que se tinha sentido em Loriga, no mês de Setembro desse mesmo ano, o Padre Manuel
Matias dos Santos Figueiredo, teve arte em conseguir unir todos os loriguenses,
juntando a isso todas as forças possíveis, para concretizar a reconstrução, que se viria a
verificar. Tendo sido restituída ao culto em fins de Setembro de 1884, para satisfação de
todos e do próprio Pároco, que quando ao ver a igreja por terra, pensou que já não seria
na sua vida que voltaria a ver a igreja edificada.
Foi no seu tempo, quando Pároco de Loriga, que foi construída a Capela de Nossa
Senhora da Guia, que na altura se tornou num problema conflituoso, por motivo do local
escolhido pelos loriguenses, serem de família abastada na localidade e não aceitava de
maneira nenhuma a ocupação abusiva daquele local. Em todo esse processo mais uma
vez o Padre Matias, deu mostra da sua total paciência, que tanto o caracterizava.
O Padre Matias, ficou na história da igreja de Loriga, que não sendo natural desta
localidade, mais anos esteve efectivo como Pároco da Freguesia.
***
Doutor António Mendes Lages *
1838 - 1916
-3-
Nasceu em Loriga no dia 2 de Janeiro de 1838, era filho de António Mendes Lages e de
Maria do Rosário de Moura. Com a idade de 21 anos entrou para a Universidade de
Coimbra matriculando-se, ao mesmo tempo, em matemática e teologia. Em 1862
matriculou-se em medicina e arrastado pelas doutrinas desvairadas do tempo
acamaradou com sociedades suspeitas, perdeu a fé abandonando mesmo as práticas
religiosas que frequentara desde criança, chegando até a inscrever-se na Maçonaria.
Terminada a formatura em 1867 sempre com excelentes classificações foi exercer clinica
no Sabugal onde obteve o partido médico. Em 1870 deixou essa vila e foi para o Porto
onde exerceu clínica no Hospital de St. António e, mais tarde, vai para Lisboa chegando
a ser chefe de serviço no Hospital de S.José.
Casou e foi pai de dois filhos. Com a morte da esposa começou a sentir continuados
rebates de consciência que o convidavam a servir a igreja e a emendar a vida desleixada.
Pensou ir a Roma expor ao Santo Padre a sua vida, mas antes foi confessar-se em
Coimbra onde fez, durante oito dias, os exercícios de Santo Inácio, no final dos quais se
sentiu de consciência tranquila e de bem com Deus.
Colocando de parte a ideia de ir a Roma dedicou-se à defesa dos operários vindo a fundar
a Associação "A Cruz do Operário e Artistas" promovendo conferências sociais que
despertaram muito interesse em numerosas localidades e arrastaram muitos à
conversão.
Pediu admissão como noviço da Companhia de Jesus com 70 anos de idade, pedindo
para entrar na Ordem de Jesuítas de Campolide em 1908, seguindo depois para Torres
Vedras onde inicia o noviciadado durante três anos.
Em 1908 começou a preparar-se para o Sacerdócio, ordenando-se em 7 de Maio de
1910, dia da festa do Patrocínio de S.José em Exaten na Holanda, com 73 anos de
idade.
Com a implantação da República teve muitos problemas e sofreu perseguições, tendo
mesmo sido preso e colocado na prisão de Caxias com outros jesuítas. Quando foi posto
em liberdade, exilou-se na Holanda, chegando mesmo a ser-lhe suspensa a carta
médica.
Os últimos anos da sua vida foram passados na oração e no sacrifício, edificando os
religiosos da Companhia pelas suas altas virtudes. Faleceu em Murcia, Espanha no dia
11 de Janeiro de 1916. A Companhia de Jesus em Portugal considerou-o como uma das
suas glórias e Loriga pode orgulhar-se de ter sido o berço de tal filho.
***
Augusto Luis Mendes *
1851 - 1925
-4-
Nasceu em Loriga no dia 23 de Janeiro de 1851, filho de Manuel Mendes Aparício Freire
e de Maria Teresa Luis Brito, foi um dos maiores industriais desta localidade. Na sua
infância frequentou um colégio em Valezim, que nessa época ali existia.
Homem culto, dinâmico e acima de tudo muito católico, de muito novo começou a ser
atraído para os meios empresariais, passando a ter um conhecimento grande na
industria de Lanifícios que o levaria a ser um industrial de sucesso. Era na sua fábrica da
Redondinha que teciam os melhores panos e onde os melhores operários de Loriga
tinham grande orgulho em ali trabalhar.
Casou com D.Eduarda Guimarães, de quem veio a ter cinco filhos, e que viria a falecer
quando ainda seus filhos eram novos. Tempos depois voltaria a casar pela segunda vez,
com D. Maria do Carmo Monteiro, senhora abastada cuja riqueza junta à do marido,
formaram uma das famílias mais ricas existentes nessa época em Loriga.
O seu solar era um esmero naquele tempo, tendo ali recebido grandes personagens
sociais, políticas e religiosas, mandando mesmo construir uma capela dedicada a Nossa
Senhora Auxiliadora onde, aos Domingos, fazia questão de ali assistir à missa rodeado
da sua família e convidados. Nela foram também realizados os casamentos de seus
filhos, o baptismo dos seus netos, e velado o corpo da sua primeira esposa, da sua filha
Ermelinda, dos seus netos e também o seu próprio corpo, quando do seu falecimento em
1925.
Foi sócio da empresa Hidroeléctrica e o grande impulsionador para trazer a electricidade
para as industrias de Loriga, que fez também estender pelas ruas da povoação. Foi um
dos maiores lutadores para conseguir a ligação da construção da estrada de São Romão
a Loriga, assim como teve um papel importante para a criação do Posto Telegráfico e
Correios nesta localidade, mandando também construir os poços na serra para que no
Verão não falta-se a água para a rega.
Reconhecido pelas suas virtudes humanas, era grande amigo dos pobres a quem
distribuía esmolas semanalmente. Sendo possuidor de imensas terras de cultivo, viria a
ser um grande benemérito para a sua terra que tanto adorava, oferecendo mesmo os
terrenos que eram seus para neles ser construído o acesso principal à povoação por
estrada. Esta doação foi de grande importância para a sua terra, bem reconhecida pelos
seus conterrâneos loriguenses que, como prova de gratidão, e desde logo perpetuaram o
seu nome naquele local, passando aquela via a chamar-se Av. Augusto Luis Mendes.
Envelhecido, foi ficando quase cego, adoece e é levado para Coimbra, vindo a falecer no
dia 26 de Novembro de 1925. O funeral é realizado numa manifestação de dor, onde toda
a população chora o homem que muitos consideravam como pai dos pobres, ficando
esta localidade mais pobre ao ver partir para sempre um dos seus maiores beneméritos.
* Albrito
***
Cónego Manuel F. Nogueira *
1861 - 1944
-5-
Nasceu em Loriga no dia 7 de Abril de 1816, era filho de Joaquim Fernandes Nogueira e
de Custódia Mendes Jorge e foi baptizado a 18 do mesmo mês.
Cursou no Seminário de Coimbra e foi ordenado sacerdote em 10 de Outubro de 1884.
No ano seguinte, foi nomeado pároco do Píodam concelho de Arganil, onde transformou
aquela freguesia de tíbia em fervorosa, iniciando e radicando nela práticas de piedade e
devoções que não eram comuns naquela época, o que demonstra a sua intensa vida
interior de fervoroso apostolado.
Em 1886 levou para junto de si alguns rapazes para o ensino do curso preparatório dos
seminários e do liceu, tendo formado no Píodam uma espécie de colégio por onde
passaram filhos de famílias de todas as categorias sociais da região que durou até 1906.
Durante esses 22 anos que esteve à frente daquela paróquia, para a população local o
Sr.Cónego Nogueira foi como que um anjo enviado por Deus, onde a sua piedade era um
dos aspectos mais característicos da bondade e zelo cristão. A sua pregação
estendia-se também às freguesias vizinhas onde, percorrendo rudes caminhos pelas
serras, levava a doutrina de Cristo e exercendo a sua verdadeira caridade, e distribuindo
pelos pobres aquilo que lhe sobrava.
Em 1907 foi colocado como director espiritual no Seminário de Coimbra e, em 1914, foi
nomeado arcipreste do distrito eclesiástico de Coimbra. Em 5 de Janeiro de 1922, foi
nomeado cónego da Sé, pelo Bispo D. Manuel Luiz Coelho da Silva. Mesmo assim e,
dentro da feição espiritual que lhe era comum, ficou ainda pároco de Moinhos (Miranda
do Corvo) conquistando ali também muita simpatia e admiração.
A última vez que voltou à sua terra foi em 19 de Setembro de 1941, com 81 anos, já
muito débil. Sentado no altar-mor a população de Loriga desfilou perante ele,
ajoelhando-se e beijando-lhe as mãos, numa singela homenagem, para depois se
dirigirem para junto do Largo Dr.Amorim, onde seria descerrada uma lápida colocada na
casa onde oitenta e um anos antes ali tinha nascido tão ilustre Loricense.
Faleceu em 28 de Fevereiro de 1944 no Seminário de Coimbra e foi sepultado no
cemitério do Pio, num dia em que choveu torrencialmente o dia inteiro, mesmo assim,
não deixaram de ser centenas, as pessoas que o acompanharam à sua última morada,
onde se podiam ver todas a classes sociais, assim como, mais de 50 sacerdotes que
vieram de longe, representações de muitas comunidades religiosas, representações de
muitas paróquias e organismos e até de Piodam, foram pessoas a pé até Coimbra para
assistirem ao funeral.
Em 1972, no Piodam, foi realizada uma homenagem dos 111 aniversário do seu
nascimento, com a presença de muitas centenas de pessoas, onde foi inaugurado um
monumento erguido ao Santo Cónego Nogueira, tendo sido dado o seu nome ao Largo da
Igreja. Uma homenagem merecida a essa figura que ficou para sempre no coração do
povo dessa localidade.
***
Dr.Joaquim Augusto Amorim da Fonseca *
1862 - 1927
-6-
Natural de Varziela concelho de Felgueiras (Minho) onde nasceu no ano 1862, era filho
de Francisco da Fonseca e de D. Emília da Fonseca. Foi médico municipal em Loriga
mais de 30 anos (1893 a 1927) onde viria a falecer com 65 anos, vítima do dever
profissional quando nesta localidade se lutava contra a grave epidemia do "Tifo
Exantematico"
Homem de profundos sentimentos religiosos, era sempre com um sorriso nos lábios que
falava aos pobres, ricos e até às criancinhas. Era verdadeiramente dedicado aos seus
doentes, ao ponto de, muitas vezes, o verem chorar quando se via impotente para
debelar a doença ou minorar o sofrimento dos seus pacientes.
Quando concluiu a formatura médica, casou com D.Urbana Madeira natural da freguesia
de Poiares concelho de Arganil, onde fixou residência até à sua colocação como médico
municipal na freguesia de Loriga, e onde viria a construir a sua casa de habitação em
terreno cedido gratuitamente pelo industrial Abilio L.Brito Freire.
Além de Loriga prestava assistência médica às localidades vizinhas, onde se deslocava
a pé ou de "mula" quer chovesse ou desse Sol, nevasse ou estivesse vento, nada
cobrando a quem quer que fosse. Vivia feliz e alegre e nada lhe faltava, porque lhe
ofereciam muitas recompensas materiais, pois era acima de tudo muito adorado pelo
povo.
Quando faleceu, em 21 de Maio de 1927, depois das respectivas exéquias, o seu corpo
ficou depositado no jazigo do Sr.Augusto Luis Mendes. Mais tarde, em 19 de Setembro
desse mesmo ano, foi transladado para a sua terra natal e sepultado no cemitério de
Pedreira-Felgueiras, por decisão da família, num dia que ficou assinalado com a
despedida emocionante do povo de Loriga, todo a chorar e dando adeus a tão grande e
bom benemérito desta Vila.
Anos mais tarde como prova de gratidão, a Junta de Freguesia mandou erguer uma
estátua num dos largos da povoação, que passou também a chamar-se de seu nome.
Em 1977 e quando da passagem do Cinquentenário da sua morte, ali lhe foi prestada
uma homenagem alusiva a essa data, assim como, a todas as vítimas dessa epidemia
de 1927.
***
Pedro de Almeida
1873 - 1959
***
José Mendes dos Reis
1873 - 1971
***
-8-
Nasceu em Loriga a 6 de Dezembro de 1874, mas desde muito nova era visível a sua
piedade, talvez fruto do ambiente piedoso em que vivia, dedicando à igreja da sua terra a
sua total fidelidade, onde tratava da limpeza, no ornamento dos altares e dando
catequese aos mais novos.
Vida de amor!.. Como ela passava horas sem fim diante do Sacrário!.. Como ela
compreendia a virtude da humildade, junto do tabernáculo dum Deus infinitamente
humilde!.. Como o publicano do Evangelho, jamais alguém a viu, que não fosse no lugar
mais solitário do templo, entregue à oração mais concentrada.
Vivendo unicamente para o Senhor passava todo o tempo na igreja onde era sempre uma
presença em continuada oração que o povo chamava Santa. Era tão grande a
sensibilidade desta mulher na sua bondade, que chegava a deixar de comer o pão para
com ele alimentar os animais ou os passarinhos que não saiam da sua porta
Mas não era simplesmente a oração que lhe absorvia todo o seu dia. Ela era igualmente
a grande mulher de acção. Cobrava as quotas da sua queridíssima Propagação da Fé,
inscrevendo novos associados, visitando os pobres protegidos pela Conferência de S.
Vicente de Paulo e muitas das vezes se encontrava à cabeceira dos moribundos
recitando-lhes o ofício da agonia, apontando-lhes o Céu como termo dos sofrimentos
humanos.
Durante toda a sua vida assistiu às missas e recebeu a comunhão diariamente. As
pessoas estavam já habituadas a ver aquela figura com as suas vestes a varrer o chão,
passando pelas ruas sempre de olhos baixos como que desejando que ninguém a visse
e, quando falava, a sua voz suave prendia todos aqueles que a escutavam, mas ela
própria se arrepiava ao ouvir de alguém uma palavra maldosa por mais insignificante que
fosse.
Com 72 anos de idade adoece e pouco tempo depois, em 28 de Fevereiro de 1946 ocorre
o seu falecimento. Segundo relatos da época, parecia até haver um sorriso na sua boca,
como que feliz, por partir para junto do Senhor a quem dedicou toda a sua vida.
O seu funeral foi um dia de muita tristeza para a população de Loriga, ao verem partir
para sempre a sua Santa. A Junta de Freguesia cedeu a sepultura onde descansa
eternamente, e o povo da sua terra, como prova de gratidão, mandou colocar a mármore.
Durante anos, e ainda hoje, se comenta a possibilidade do seu corpo se encontrar
intacto na sua sepultura, pois segundo o povo "O corpo das Santas mantém-se tal como
foi durante a sua passagem pela vida".
***
Maria Ermelinda Mendes Guimarães e Cunha *
1881 - 1926
-9-
* Albrito
***
Padre António Mendes Cabral Lages *
1884 - 1969
- 10 -
* Albrito
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António João de Brito Amaro
1890 - 1961
- 11 -
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Carlos Simões Pereira *
1890 - 1977
- 12 -
Nasceu em Loriga em 9 de Agosto de 1890. Segundo se sabe, parece ter nascido para a
música e, quando surge a ideia da fundação da Banda nesta vila, passou logo a fazer
parte dela, aprendendo música com o mestre espanhol que viria a ser o primeiro regente.
Eram tão grandes as suas qualidades para a música, que depressa aprendeu o
suficiente e, em 1911, com apenas 21 anos, passou a ser o regente da Banda de Loriga
funções que viria a desempenhar até 1914.
Emigrou um dia tendo como destino o Brasil, onde esteve sempre em contacto com a
música, fazendo mesmo parte e sendo até regente de diversas tunas. Regressou a
pedido da família mas, mais tarde, partiu novamente, desta feita até ao Congo (África),
mas só, que por lá, não esteve tão perto da música como desejaria.
Regressou a Portugal e a Loriga por altura de 1937, e é ainda com mais intensidade que
se dedica à música, e entra novamente como músico na Banda da sua terra
ocupando-se, também, a ensaiar o Grupo Coral da Igreja Matriz.
Era homem de verdadeiro sentido de interpretação musical, exigente, disciplinado e
educador, ficando para sempre ligado como uma legenda pelas gerações de músicos
que com ele muito aprenderam e, que a instituição musical desta localidade muito lhe
ficou a dever. Pensou e reuniu uma série de músicas brasileiras que depois transcreveu
para a banda executar com o título de Rapsódia Brasileira, assim como, copiou e
aperfeiçoou muitas peças musicais, algumas das quais foram tocadas pela Banda de
Loriga.
Foi regente da Banda Musical de Loriga, de 1911-14; de 1922-24; de 1951-61 e de
1966-68, era também, acima de tudo, um cristão convicto que muito fez pela igreja da
sua terra, tendo ainda, e durante muitos anos, desempenhado as funções de Regedor da
Freguesia.
Nos anos da década de 1950 e principio de 1960, consegue elevar a Banda Musical de
Loriga a altos níveis e que ficaram famosos na história desta instituição. Entre outros
feitos, recorda-se quando, entre muitas outras Bandas, foi a Banda Musical de Loriga
honrada a tocar o Hino Nacional ao Cardeal António Cerejeira nas Festas da Rainha
Santa realizadas em Coimbra no ano de 1956.
O "Mestre Carlos" como popularmente assim era chamado, deixa de colaborar na Banda
já velhinho, afastando-se completamente aos oitenta anos, vindo a falecer em Loriga no
dia 13 de Agosto de 1977 com 87 anos.
* Albrito
***
António Cardoso de Moura
1892 - 1967
- 13 -
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- 14 -
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José Lopes de Macedo *
1897 - 1974
- 15 -
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Emídio Gomes Figueiredo
1897 - 1969
- 16 -
Nasceu em Loriga, e era filho de Manuel Gomes Figueiredo e de Maria Gomes Lages. O
"Ti Emídio Correia" como popularmente era mais conhecido, foi um dos maiores pastores
da Serra da Estrela, senão mesmo o maior e foi, na realidade, uma referência tradicional
dos tempos passados dum pastor loriguense verdadeiramente serrano.
Pai de oito filhos, era um homem bom, honrado e simples, era conhecido por todos e
com todos ele gostava de falar. A dedicação aos seus rebanhos era algo de
impressionante, procurando para eles os melhores pastos que pudessem existir por toda
a serra.
A serra era o seu mundo, onde passou toda a sua vida como pastor, sendo considerado
por muitos, o último guerreiro lusitano dos Montes Hermínios. Ao longo da sua vida teve
sempre muitas histórias para contar da serra e dos seus cães, autenticas aventuras, que
os mais novos as ouvindo as tornaram lendárias.
Praticamente desde criança trabalhou no campo, vivendo da agricultura, mas foi à
pastorícia que ele dedicou toda a sua vida, passando metade do ano na serra sem vir à
povoação, onde guardava a maioria dos rebanhos da região, chegando mesmo a ser o
pastor com o maior rebanho na Serra da Estrela. Há relatos até que dão conta de ter à
sua guarda cerca de 10.000 cabeças de gado.
Para os seus conterrâneos, o "Ti Emídio Correia", era um símbolo, e tinham por ele
enorme admiração e respeito. A sua fama de grande pastor era bem conhecida por
todos, tendo um dia sido fotografado, assim como, seu irmão Manuel, também ele um
grande pastor, passando a partir de então a figurarem em postais ilustrados como
pastores modelos da serra, postais esses que passaram a fazer parte das séries da
Serra da Estrela.
Conhecia a serra palmo a palmo, percorria caminhos que só ele conhecia, bem como
conhecia todos os segredos e mistérios desse mundo serrano que, apesar de ser rude
ele o adorava e considerava seu, mesmo, quando uma ou outra vez se sentia frustrado ao
sentir-se impotente para lutar com a serra, quando esta era rigorosa e descarregava a
sua ira por todo o lado e o impediam de conseguir para os seus rebanhos os melhores
pastos.
Com a pele enegrecida pelo sol, e pelas aragens frias e rígidas da serra, ainda hoje
muitos dele se recordam, quando, ao escurecer, o viam chegar à povoação ou, mesmo
estando em suas casas ouviam os seus passos lentos e pesados, arrastando as suas
botas cardadas por brochas, ansioso por chegar a casa, e desfrutar um pouco do calor
do seu lar e do amor da sua família. Pela manhã, e bem cedo ainda, lá partia novamente,
voltando para o seu mundo, onde só ali se parecia sentir bem.
Num começo de dia, que parecia igual a muitos outros, o velho pastor prepara-se para
mais uma saída com o seu rebanho, coloca ao ombro a velha sacola com a "bucha",
pega no seu inseparável cajado, prepara-se para se pôr a caminho.
Começa a sentir-se mal, senta-se nos degraus da palheira da Tapada do Amial e,
possivelmente deitando um último olhar em seu redor, tranquilamente adormece no sono
eterno, quem sabe feliz por deixar esta vida dos vivos, longe da povoação e num mundo
que foi todo a sua vida - a serra.
Algum tempo mais tarde é encontrado por sua mulher naquele local, onde parecia existir
uma verdadeira paz eterna. Junto dele, o seu cão e fiel amigo, fixava o seu olhar no velho
pastor, e chorava parecendo um humano, cenário que não mais foi esquecido por
aqueles que ali acorreram. Esse mesmo, cão com tal desgosto, deixou de comer e
pouco tempo depois morreu também.
Faleceu com 72 anos de idade, e o seu funeral realizou-se com verdadeiro pesar pelos
muitos dos loricenses que o acompanharam ao cemitério local, onde ficou sepultado.
A serra pareceu também ficar triste, não vendo mais chegar até ela, um dos seus últimos
herdeiros lusitanos, o velho pastor de Loriga.
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* Albrito
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Francisco Mendes Campos *
1901 - 1957
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Nasceu em Loriga em 18 de Fevereiro de 1901, ficando orfãm de pai e mãe, ainda com
tenra idade. Foi uma personalidade de destaque na Colónia Loricense de Belém, nas
décadas de 1920/50, distinguindo-se como homem de letras, contribuindo também em
muitas iniciativas em prol da sua terra.
Após a morte dos seus pais, passou a ser criado aos cuidados da avó paterna Emília,
que lhe dispensou especial carinho pelo que lhe ficou muito grato, manifestando
publicamente, isso mesmo, num sentimental artigo publicado no "Jornal Lusitano"
editado em Belém e no qual foi secretário.
Foi para Belém do Pará, antes de 1920, onde possuía um tio paterno e outros familiares,
formou-se na Escola Prática de Comércio, mantida pela Associação Comercial do Pará,
e na qual foi um dos mais brilhantes alunos.
Ainda muito cedo manifestou a sua inclinação para o ensino, sendo um excelente mestre
de português e de contabilidade, exercendo o magistério na Escola Prática, Phenix
Caixeiral Paraense, Grémio Literário Português e Curso Ciências e Letras. No Grémio foi
vice-presidente e director de curso.
Foi sócio e pertenceu aos corpos administrativos da Beneficente Portuguesa,
Associação "Vasco da Gama", Tuna Luso Comercial, Liga Portuguesa de Repatriação,
Phenix Caixeiral e Grémio Lusitano.
Foi durante muito tempo um assíduo colaborador dos jornais "Lusitano" e "A Colónia"
com artigos patrióticos e em defesa de portugueses que eram vítimas de ataques e
perseguição de uma minoria dotada de xenofobia.
Embora muito novo os seus artigos demonstravam fina sensibilidade. Assim os artigos
"À minha Mãe além-túmulo"; "À minha Avó"; "À minha afilhada Vitória" outro sobre o
escritor Gomes Leal e ainda uma réplica ao Padre Dubois por causa do poeta Guerra
Junqueiro e, também pelo que escreveu contra o Marquês de Pombal, essas réplicas
demonstraram grandes conhecimentos e uma maneira própria de o descrever.
Em 1923 transferiu-se para Recife, onde se manteve pouco tempo, regressando
novamente a Belém. Exerceu o cargo provisório de arquivista no Consulado de Portugal
onde a sua inteligência e zelo nas funções ali desempenhadas, eram bem reconhecidas
por todos.
Viria a falecer ainda novo em 3 de Dezembro de 1957, no Hospital de D.Luiz I, tendo sido
sepultado no cemitério de Belém. Loriga foi o seu berço, mas foi em terras distantes que
viveu e se notabilizou, e onde ficou também eternamente.
***
Adelino Pereira das Neves
1901 - 1979
- 19 -
Natural de Santa Ovaia, onde nasceu em 15 de Julho de 1901, filho de António Francisco
e de Maria dos Prazeres Pereira.
Fixou-se em Loriga em 1925, logo após a construção da estrada que passou a ligar São
Romão à Vila de Loriga.
Criou uma carreira de transporte de passageiros, com um pequeno autocarro, de que era
proprietário.
Em 1931 fundou uma empresa de transportes públicos, "Auto Viação Serra da Estrela" já
então com outras camionetas de passageiros, que ia de Loriga à estação ferroviária de
Nelas.
Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia de Transportes Hermínios, que passou
a operar na região de Seia.
Já na condição de aposentado, teve um carro de praça de que era proprietário e, durante
algum tempo, exerceu essa actividade.
Faleceu em 7 de Janeiro de 1979 em Coimbra, sendo sepultado no cemitério de Loriga.
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Constança de Brito Pina
1901 - 1981
Nasceu em Loriga no dia 9 de Junho de 1901, filha de Plácido de Moura Pina e de Maria
Tereza Luis de Brito. Foi durante mais de 40 anos a "parteira" da sua terra natal.
Eram épocas há muito passadas, quando os nascimentos das crianças tirando uma ou
outra excepção ocorriam nos domicílios. Por isso, de maneira alguma se poderá ignorar
uma pessoa notável que através dos anos, décadas e gerações, prestou assistência a
esses muitos nascimentos e que ficou para sempre registada como uma referência e
uma legenda de Loriga.
Com dignidade e amor à sua terra e aos seus conterrâneos, assistiu e ajudou a nascer
gerações de loriguenses, ocorrendo ao chamamento a qualquer hora do dia ou noite,
nunca se preocupando se a assistência que ia prestar era para rico ou pobre, nunca
exigindo qualquer renumeração e, alguma gratificação que lhe ofereciam, era consoante
as posses de cada um.
Por tradição era a Sra. Constança que no dia do baptizado, levava ao colo os bebés que
tinha ajudado a nascer. Por isso, perdeu o conto de quantos levou à igreja Matriz para
receberem o baptismo, dado que foram décadas de anos em que a população se
habituou a vê-la com os seus cabelos da cor da neve, a caminho da casa de Deus,
sendo até uma das pessoas mais conhecidas de Loriga.
Entretanto os tempos mudaram, e os nascimentos deixaram de ser nas próprias casas e
aos poucos foi deixando de ser solicitada. Decorria então o ano de 1975 quando,
definitivamente, deixou de prestar assistência de "parteira". Era casada com José Pinto
Romano.
Faleceu em 22 de Abril de 1981, ficando Loriga mais pobre ao ver partir, de certeza para
o Céu, a mulher que durante uma vida inteira, foi a primeira a ver um Loriguense a
nascer.
- 20 -
Nota:- No dia 15 de Agosto de 2002, numa homenagem singela, esta figura passou a
fazer parte na Toponímia de Loriga, ao ser atribuído o seu nome a uma das ruas desta
localidade .
***
José Mendes Garcia *
1901 - 1985
Nasceu em Loriga, no ano de 1901, filho de José Mendes Garcia e Maria Teresa Garcia.
Homem simples, dotado de um coração generoso e uma alma grande. Trabalhador da
industria de lanifícios no sector da ultimação, quedou de velho quando as portas do seu
"Regato" não mais se abriram para voltar a sentir o martelar dos seus pisões.
Ao falar-se no "Ti Garcia" como popularmente assim era chamado, com naturalidade é
recordado ligado à "Amenta das Almas". A ele se ficou a dever, pelo seu desempenho,
preservação e continuação desta mais antiga tradição que Loriga se orgulha de ter.
De uma voz grave, taciturna, monocórdica, cantou vezes sem conto, pedindo orações
pelos mortos, durante cerca de 60 anos, em todas as semanas quaresmais de cada ano.
Com ele cantaram várias gerações que seria difícil aqui descrever. Nunca faltava, até
porque o ajuntamento se fazia na sua modesta casa, onde nunca faltava os figuitos e a
aguardente que carinhosamente a esposa, Tia Cândida, deixava já em cima da mesa
toalha de branco.
Para o "Ti Garcia" cantar a "Amenta da Almas" era como que sagrado. Essas noites da
quaresma, para ele, era de grande respeito, exigindo mesmo a todos que o
acompanhavam, um silencio sepulcral, dizia ele, que só assim os corações podiam ouvir
e rezar. Distribuía os pontos, para cantar, sempre com a aprovação de todos, porque
ninguém teria a coragem de contrariar o homem cujo exemplo era o próprio a dar.
Muito crente e devoto, era homem de bem. Se a Fé a todos acompanha, não deverá
haver dúvidas, que este homem não pode estar noutro lugar senão junto a Deus.
Após a passagem do centenário do seu nascimento, foi finalmente prestada uma
justíssima e singela homenagem, pena foi, ter pecado por tardia. Em 8 de Março de
2003, a Junta de Freguesia de Loriga, mandou colocar uma placa evocativa, na casa
onde viveu durante grande parte da sua vida, perpetuando assim para as gerações
vindoiras o nome desta figura loriguense.
Foi casado com Maria Cândida Martins de Ascenção, e desse casamento tiveram os
filhos:- António, Emidio, Eduardo, Mário, Laurinda e Irene.
Faleceu em 17 de Agosto de 1995 na Guarda, o funeral realizou-se em Loriga para o
cemitério local onde ficou sepultado, sendo muitos os loriguenses que o acompanharam
à sua última morada. Loriga ficou mais pobre ao ver partir um dos seus filhos, que muito
lutou para que a tradição mais antiga desta localidade não morresse e para que
continua-se a manter-se bem viva de geração em geração.
* Albrito
***
Irene Almeida Abreu
1904 - 1974
- 21 -
***
António Moura Pina *
1907 - 1988
- 22 -
Nasceu em Loriga em 15 de Setembro de 1907. Ainda novo foi aprendiz de tecelão, mas
foi a profissão de sapateiro que ele viria desempenhar durante toda a sua vida, que o
tornou um grande oficial nesta arte e com certa fama nos arredores.
Homem popular e de boas maneiras, notabilizou-se por uma juventude de boémio,
trovador, comediante, cantando serenatas que deleitavam os ouvidos das moças dos
anos da década 1920 em Loriga. Nos bailes, vestia-se de mulher, fazendo critica de tudo
que lhe parecia errado na sua terra sendo, por isso intitulado de "desavergonhado".
Sempre de grande dedicação à música, passa pela Banda de Musical, ensina ainda viola
e bandolim a muitos estudantes que se reuniam na sua sapataria que, mais parecia um
local de verdadeiros concertos musicais, sobrando-lhe ainda tempo para fazer parte do
Grupo Coral da igreja matriz, tocando o órgão.
Verdadeiramente religioso, foi sempre um fiel servidor da igreja, ensaiado diversos grupos
litúrgicos, sendo até um dos fundadores da Liga Eucarística dos Homens. Durante
muitos anos exerceu ainda as funções de zelador da Irmandade, cargo que
desempenhou com muita vocação e muita eficiência na organização das procissões, na
distribuição das velas, na montagem trabalhosa da Essa ("Ercia" como era assim
chamada pelo povo), para os funerais e o respectivo anúncio, logo pela manhã, dando
volta à rua com a campainha na mão.
Grande entusiasta pelo teatro amador que se realizava em Loriga, tinha verdadeira jeito
na arte de representar, fazendo rir a plateia. Simultaneamente ensaiava e tocava ele
próprio as músicas tanto à viola como ao bandolim sem nunca se cansar.
Era Casado com Idalina Mendes Luis (21.4.1911 - 20.8. 1966). O Senhor António
"Calçada" como popularmente assim era chamado, foi pai de 9 filhos, vindo a sofrer
imenso com a morte do seu filho António, muito perto de ser Padre. Loriga já se
congratulava com a ordenação de mais um sacerdote, mas por imposição dos meios
eclesiásticos, esta ordenação, não se veio a concretizar. Tudo isto dois anos antes de
ter ocorrido a morte deste seu filho.
Apesar de a doença o ir vitimando aos poucos, trabalhou até ao fim da sua vida, com o
mesmo entusiasmo de sempre, passa os últimos tempos a caminho da Senhora da Guia
e do cemitério rezando o terço. Veio a falecer no dia 27 de Novembro de 1988 e Loriga
viu desaparecer um homem do povo que tocou música, cantou, representou, fez rir e
provavelmente também fez chorar.
* Albrito
***
Alberto Pires Gomes
1910 - 1979
Nasceu em 28. de Junho de 1910. Colocado em Loriga, como professor primário, ali se
radicou, onde veio a casar com D. Irene Almeida Abreu, também professora.
Eram sobejamente conhecidas as suas qualidades como pedagogo, não só pelos seus
colegas como também pelos seus alunos.
Leccionando em Loriga durante longos anos, foram bem reconhecidos os grande
benefícios que espalhou por esta localidade, ensinando gerações e gerações de
loriguenses.
Foi homenageado, bem como a sua esposa, numa singela homenagem, que os antigos
alunos lhes prestaram, no dia 22 de Dezembro de 1974, como reconhecimento pelas
suas virtudes de grandes educadores.
Como prova de gratidão, este ilustre professor faz parte da Toponímia de Loriga, sendo
atribuído o seu nome a uma das ruas da Vila, situada no Bairro das Penedas.
Faleceu em Loriga, em 6 de Outubro de 1979, ficando sepultado no cemitério local.
- 23 -
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José Luis dos Santos
1911 - 1993
***
Mário Fernandes Prata
1910 - 2000
- 24 -
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Maria dos Anjos Pinto Neves
1912 - 2002
- 25 -
Nasceu em Loriga, em 6 de Março de 1912, filha de Beatriz Pinto Neves, sendo, por
isso, mais conhecida por "Dos Anjos da Beatriz".
Foi cozinheira de casamentos, baptizados, aniversários, festas religiosas e outros
eventos, sendo vastos os seus conhecimentos na arte da culinária e, por isso mesmo, a
magnifica comida que confeccionava era apreciada por todos.
Durante dezenas de anos cozinhou para as mais variadas festas, tendo sido mesmo, a
cozinheira que mais tempo esteve em actividade ao serviço da comunidade loriguense.
Sempre muito solicitada, não só em Loriga, como também para outras terras vizinhas,
nunca dizia que não quando à porta lhe batiam a pedir-lhe para ser a cozinheira de
qualquer boda que fosse, nunca fazendo preço ao seu trabalho, apenas aceitando o que
lhe queriam dar.
Nesses tempos, as pessoas pagavam normalmente com alguns artigos de mercearia e
algum dinheiro, no entanto, quando via que as pessoas eram pobres, apenas aceitava a
mercearia, recusando-se a receber o dinheiro.
Esposa dedicada e mãe extremosa de nove filhos, que criou e educou com o maior
desvelo e carinho, era também uma pessoa muito activa e despachada, parecendo ter
sempre qualquer coisa para fazer.
Religiosa convicta, era reconhecida pelas suas qualidades humanas, sendo a sua
bondade e a sua sensibilidade para com os mais desfavorecidos, por demais evidente e,
por todas essas razões, era muito respeitada pelos seus conterrâneos, que por ela
tinham grande admiração.
Faleceu em Loriga no dia 27 de Setembro, com a idade de 90 anos e o seu funeral
realizou-se para o cemitério local, onde ficou sepultada. Foram muitos os loricenses que
a acompanharam à sua última morada, ficando Loriga, mais pobre ao ver partir com
saudade uma mulher que tão soube exercitar a sua arte de cozinheira do povo.
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Cónego António Antunes Abranches
1913 - 2003
- 26 -
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Manuel Gomes Leitão Júnior *
1914 - 1990
- 27 -
Natural de Loriga, onde nasceu em 30 de Maio de 1914, era filho de Manuel Gomes
Leitão e de Maria do Carmo Nunes Cabral, também naturais de Loriga.
Verdadeiro bairrista e grande amigo da sua terra, a par da sua actividade como industrial
de renome, na área dos lanifícios, desenvolveu outras actividades para as quais estava
naturalmente vocacionado, e que estavam relacionadas com a sua paixão pelas letras.
Assim, foi correspondente do Diário de Coimbra, onde escreveu algumas rubricas, bem
como em outros jornais prontificando-se, sempre que se justificasse, a escrever sobre a
sua terra.
Estudou na Covilhã, onde concluiu o curso de Debuxo na Escola Campos de Melo. No
entanto o âmbito da sua actividade profissional como industrial de lanifícios era mais alto,
alargando-se a outras áreas. A ele se ficou a dever a organização da primeira fábrica de
malhas em Loriga, que viria a ser de grande importância num novo desenvolvimento
industrial desta localidade.
Muito dinâmico desejando o melhor para a sua terra, estava sempre pronto a contribuir
em tudo o que estivesse ao seu alcance. Foi director da Banda Musical, foi Juiz da
Irmandade das Almas, sendo ainda um dos grandes impulsionadores na construção do
bairro social Eng. Saraiva e Sousa, hoje Vista Alegre, assim como teve grande influência
na instalação de um Posto da GNR em Loriga.
Fundador do Grupo Desportivo Loriguense onde, por diversas vezes, fez parte dos corpos
sociais, era um grande apaixonado pelo futebol, tendo mesmo criado, nesta
colectividade, as melhores equipas de sempre. Para além disso, sonhava também com a
existência de uma juventude culturalmente desenvolvida na sua adorada terra.
Com 35 anos de idade foi Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, onde executou um
trabalho brilhante apesar das dificuldades da época, nomeadamente no que diz respeito
a algum saneamento básico da povoação. Foi também o grande obreiro do "deita abaixo"
dos balcões (incluindo o seu), que existiam um pouco por toda a Vila e que, em grande
parte, dificultavam o acesso a muitas das ruas e becos. Tinha ainda como um dos seus
maiores anseios conseguir dar à Vila de Loriga, o asseio, a beleza e a cultura da sua
gente.
O Sr. "Manuelzinho" como assim era chamado pelo povo, passou os últimos anos da
sua vida em Lisboa. No entanto, nunca esqueceu a sua terra, onde quis descansar para
sempre, junto dos seus pais, vendo Loriga partir em 27.03.1989, um dos seus filhos que
muito fez para o seu desenvolvimento e progresso.
* Albrito
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Herculano Brito Leitão
1914 - 1997
- 28 -
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Joaquim Gonçalves de Brito
1915 - 2001
- 29 -
Nasceu em Loriga, em 15.08.1915, filho de António Brito Pinheiro e de Maria dos Anjos
Gonçalves de Brito.
Bairrista convicto, que tanto amava a sua terra e, que por ela sempre lutou e fez tudo o
que estava ao seu alcance para o seu desenvolvimento.
Ainda muito novo, começou a trabalhar como empregado de escritório, em Loriga, e
depois em Coimbra, no armazém de Lanifícios do industrial Sr. Carlos Cabral Leitão.
Ainda rapazinho, foi contínuo na Sociedade de Defesa e Propaganda de Loriga, uma
Associação destinada apenas à classe alta desta Vila, tais como, médicos, industriais,
professores, padres etc. Esta sociedade seria mais tarde extinta dando lugar à
Sociedade Loriguense de Recreio e Turismo, onde o Sr.Joaquim "Alho", como
popularmente era conhecido, viria a fazer parte das diversas direcções.
Fez parte de quase todas as direcções dos organismos de Loriga, sendo mesmo um dos
fundadores do Grupo Desportivo Loriguense, pertencendo aos diversos Corpos Gerentes
que por lá passaram. Na época, a fundação deste Clube, foi de grande importância para
esta localidade a qual teve, como finalidade, atrair para o desporto, a grande massa de
jovens existente nesta Vila preenchendo, assim, de forma saudável, os tempos de ócio.
Pertenceu à direcção da Banda de Loriga, quando em 1956, esta associação atingiu um
dos pontos mais altos da sua história, ao abrilhantar as Festas da Rainha Santa em
Coimbra.
De 1972 a 1976, pertenceu à direcção da Junta de Freguesia de Loriga, constituída
por:-António Pinto Ascensão-Presidente, José de Pina Gonçalves-Secretário, e por ele
próprio como Tesoureiro. Embora sendo uma época problemática, em que os meios
financeiros eram escassos, funcionando sem subsídios, conseguiram levar a efeito obras
de grande vulto, projectando Loriga como uma Vila mais moderna. Foi também Vereador
da Câmara Municipal de Seia, durante quatro anos, sendo responsável pelo pelouro das
obras.
Dedicou-se à indústria, pertencendo à Sociedade Industrial de Malhas de Loriga tendo,
mais tarde, constituído a firma Gonçalves & Nunes, Lda., uma fábrica de confecção de
malhas. Posteriormente, fundou a firma de construção civil, "Joaquim Gonçalves Moura"
que teve, no seu irmão José Gonçalves Brito, o seu braço direito e seu sócio. Com a
colaboração dos seus sobrinhos, alargou o âmbito de actividade da empresa para outros
ramos da construção civil, passando a ser muito reconhecida na região.
Homem de uma calma impressionante, tinha uma maneira própria de estar na vida.
Nunca casando, dedicou a sua vida e os seus afectos à família mais próxima,
designadamente os sobrinhos. A morte de seu irmão José, após doença prolongada, foi
um rude golpe para ele. No entanto, resignado, continuou a orientar e a colaborar com os
seus sobrinhos na empresa que se orgulhava de ter fundado.
Sendo uma pessoa muito considerada na Vila e na região, era sempre atencioso com
quem se lhe dirigia solicitando ajuda ou orientação para a resolução de qualquer
problema.
Faleceu em 31 de Julho de 2001, no Hospital de Viseu, aos 85 anos, e foi sepultado no
cemitério de Loriga, sendo recordado pelos Loricenses, como um bairrista que tanto
amou a sua terra.
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António Fernandes Gomes *
1915 - 2004
- 30 -
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Padre António Roque Abrantes Prata *
1917 - 1993
- 31 -
* Albrito
***
Carlos Fernandes Urtigueira
1917 - 1996
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- 33 -
Nasceu em Loriga em 1917, filha de António Luis Duarte Pina e de Maria do Céu Brito
Pina.
Foi durante mais de quatro décadas, proprietária e Directora Técnica da Farmácia de
Loriga. Tendo adquirido este estabelecimento à firma Leitão & Irmãos por compra, que
passou a designar-se por Farmácia Popular de Loriga.
Numa época em que a continuação de uma Farmácia em Loriga parecia estar
complicada, foi determinante o empenho desta distinta senhora para que Loriga
continuasse a ter este estabelecimento, indiscutivelmente muito importante para esta
localidade e terras vizinhas.
Pessoa de trato fácil e de leal colaboração profissional para com toda a gente, estava
sempre disponível para dar a melhor informação medicinal aos doentes.
Era casada com o professor António Domingos Marques. Foi a primeira monitora da
Telescola, quando começou a funcionar em Outubro de 1966.
Faleceu em 25 de Dezembro de 2003 em Braga, com a idade de 86 anos, estando
sepultada em Loriga.
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Doutor Padre António Ambrósio de Pina *
1918 - 1995
- 34 -
* Albrito
***
Laurinda Gonçalves de Brito *
1918 - 1999
- 35 -
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António Luis Amaro Tuna
1918 - 2003
- 36 -
Nasceu em Loriga, em 23 de Agosto de 1918, filho de José Luis Amaro Tuna e de Emília
de Brito Miguel.
Era ainda muito novo quando ficou órfão de seu pai, conhecido por José Farias
(Barbeiro), que faleceu vitima da epidemia do "Tifo Exantemático" que ocorreu em Loriga
no ano de 1927. Por esse facto, e dada a necessidade de ter que trabalhar para o
sustento da casa, empregou-se numa das fábricas de lanifícios, onde viria a ser operário
têxtil durante anos, profissão que deixou na altura em que encerrou definitivamente a
Fábrica da "Redondinha".
Nas horas livres, dedicava-se ao corte de cabelos e barba, seguindo os passos do pai, e
depois do encerramento da fábrica onde trabalhava, dedicou-se de alma e coração à sua
Barbearia, na arte que ele tanto adorava e que era a sua grande paixão.
Nunca voltava para casa enquanto tivesse fregueses para atender, muitas das vezes só o
fazendo a altas horas da noite. Não tinha horas nem para as refeições, privando, muitas
vezes, a família da sua companhia nessas horas.
Na altura da "Febre do Volfrâmio" deu também uma saltada à serra, à procura desse
valioso minério, tendo sempre histórias curiosas para contar.
Tinha uma maneira própria de ser, desenvolvendo um bom relacionamento com todos,
fazendo dele um homem de bem, não se lhe conhecendo, por isso, qualquer inimigo. A
sua Barbearia era como que um ponto de cavaqueira onde os fregueses liam o jornal,
conversavam e falavam das novidades da terra, e onde o "Ti António Farias", mais
popularmente assim chamado, tinha sempre histórias antigas para contar de Loriga, e
das suas gentes.
Muito crente em Deus, era raro o dia que não fosse rezar à porta do cemitério e à Nossa
Senhora da Guia, ou mesmo até na Igreja, onde por vezes se "refugiava" nas suas
orações.
Fazia longas as caminhadas pelos vários recantos da serrania, que parecia conhecer
como as suas próprias mãos. Não sabendo ler nem escrever, pediu a alguém para lhe
escrever algumas palavras, tempos depois, numa das fragas junto à "Fonte dos
Carreiros" feitas com ajuda de um pico e um pincel, onde foram aparecendo, como que
misteriosamente, as legendas "Pensai e Meditai em Deus -Loriga 1990- Nossa Senhora
Livrai-nos de todo o mal",
Cantava o Fado de Coimbra, do qual era um grande entusiasta. Ao cantar, a sua voz
emocionada deliciava as gentes de Loriga, e foram muitas as serenatas que ao longo da
sua vida fez, na companhia de outros loriguenses.
Um dia foi homenageado por um grupo de loriguenses, como prova de gratidão pela
maneira simples e singela como se dedicava a cantar fado de Coimbra, com os amigos,
homenagem que muito o sensibilizou e da qual falava vezes sem conto.
Foi submetido a várias cirurgias, mas a sua grande força e fé, tornavam-no forte para
poder suportar tudo com designação. Nos próprios hospitais, apesar da gravidade da sua
enfermidade, era ele que prontamente dava estimulo aos outros doentes.
Era casado com Maria do Anjos Alves Pereira, também de Loriga e pai de Maria de
Fátima Alves Amaro Gonçalves.
Faleceu em 18 de Fevereiro de 2003, ficando Loriga mais pobre ao ver partir um dos seus
filhos mais queridos. Foram muitos o loricenses que o acompanharam à sua última
morada, sendo o funeral realizado para o cemitério local onde ficou sepultado.
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António Pinto Ascensão
1920 - 2005
- 37 -
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Armando Fernandes dos Santos *
1921 - 1952
Armando "Folhadosa" assim conhecido, era natural de Loriga onde nasceu no ano de
1921, ficando órfão ainda muito novo, depois de fazer a quarta classe foi trabalhar e viver
com o padrinho Sr António Folhadosa, um oficial sapateiro com nome nas redondezas,
que tinha uma sapataria junto ao Poleirinho, por onde também passariam outros que
mais tarde se viriam a tornar grandes sapateiros.
Anos depois da morte do padrinho, o Armando viria a tomar conta da gerência da
sapataria, onde se viria a tornar num sapateiro de sucesso. No entanto, viria a morrer
ainda muito novo, vitima de uma doença existente nesses tempos, que o minava e para a
qual na época ainda não era possível a cura eficaz.
Foi um grande dinamizador do futebol em Loriga, onde jogava a guarda-redes, e foi no
apogeu da sua mocidade que foi fundado o Grupo Desportivo Loriguense, tendo os
fundadores encontrado no Armando "Folhadosa" um dos principais apoiantes. Nessa
altura não havia campo de futebol e era no Terreiro da Lição, Fonte do Mouro, Sargaçal e
mais tarde o Campo da Vista Alegre onde era jogado esse desporto, o único em Loriga
na época.
Acérrimo defensor e grande adepto do Sporting que nessa altura dominava por inteiro o
panorama futebolístico nacional, foi ele que lançou a semente do seu sempre querido
clube cujos adeptos estavam em maioria em Loriga. A sua sapataria era um repositório
dos grande ídolos daqueles tempos, Soeiro; Peyroteo; Pireza; João Cruz; Azevedo;
Cardoso; Mourão; os famosos violinos etc., onde ali podiam ser vistos em todos os
tamanhos.
Com naturalidade, a sua sapataria era lugar de tertúlia, onde todos se informavam e
discutiam os assuntos desportivos, principalmente o futebol, e onde os jornais e revistas
da época:- Sports, Stadium e o recém aparecido "A Bola" faziam parte da mobília.
Faleceu em 10 de Maio de 1952 com apenas 31 anos, sendo sepultado no cemitério
local, vendo Loriga partir um grande desportista que muito tinha a dar à sua terra, mas
que infelizmente, ainda muito novo partiu para sempre.
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Ilídia Nunes Pina Prata
1921 - 2000
- 39 -
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Dr. Carlos Pinto Ascensão
1922 - 1997
- 40 -
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Manuel Dinis Pereira *
1923 - 1996
- 41 -
* Albrito
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Dr. Joaquim Jorge Reis Leitão *
1926 - 1994
- 42 -
* Albrito
***
José Moura Mourita
1928 - 1998
- 43 -
Natural de Loriga onde nasceu em 12 de Julho de 1927, filho de Joaquim Moura Mourita e
de Maria do Carmo Lopes Vide, também naturais desta localidade.
Figura querida de Loriga foi o "último" Carteiro desta Vila, em épocas quando a
nomenclatura das ruas ou mesmo os números das portas das habitações faziam parte
do nosso imaginário, tendo ao longo de muitos anos desempenhando aquelas funções
com muita dignidade.
Foram quilómetros sem conto percorridos ao longo dos anos de serviço na sua profissão
de Carteiro, devendo ser o único loriguense a conseguir pisar todas as ruas, becos,
pátios, quelhas ou mesmo qualquer recanto da povoação, levando consigo boas e más
noticias. Conhecia toda a gente pelos seus nomes e apelidos, apesar de serem tempos
em que a população atingia números elevados que nada tem a haver com o movimento
populacional de hoje, que se vem notando cada vez mais reduzido.
Homem de uma calma impressionante e de pontualidade eficaz, ao sol, chuva, vento, frio
ou neve, a partir das 11 horas da manhã era uma presença obrigatória pelas ruas da Vila,
fazendo chegar aos seus destinatários a tempo e horas a correspondência que consigo
levava, mesmo tendo por vezes o hábito de se entreter em "dois dedos de conversa" com
os amigos ou aproveitando essas paragens por breves momentos para refrescar um
pouco a garganta.
Hoje nada sendo com antes, desempenhar o serviço de carteiro parece necessário ser
bastante letrado e em vez do andar a pé, existem os transportes para se movimentarem,
parecendo nada poder ser feito se não houver a ajuda da electrónica. No entanto o "Ti Zé
Mourita" o carteiro de Loriga não precisou nada disso, pois registava mentalmente todos
os nomes das pessoas da sua terra. Hoje em dia, se a memória nos falha, podemos
socorrer-nos da nossa "memória electrónica", como é o caso do computador.
Sendo bastante religioso era um cristão convicto e um fervoroso defensor da igreja,
adorando igualmente a sua terra. Era casado com a Sra. Adélia Alves Jesus.
Um dia, em caminhos que percorreu e tão bem conhecia, aconteceu o que nunca previa
que viesse acontecer. Caiu e feriu um pé e uma a perna e, a partir daí não mais foi o
mesmo, Foi adoecendo e essa mesma doença o viria a vitimar, falecendo no dia 20 de
Abril de 1998. A população de Loriga viu partir o "último" Carteiro da Vila daquela época
em que a correspondência, para chegar até nós, apenas bastava ter o nome.
***
Mário Gonçalves da Cruz
1928 - 1999
- 44 -
"Eu canto Loriga canto. A tua Primavera em flor. Como eu te quero tanto. Minha terra,
meu poema, meu amor".
***
Carlos Nunes Cabral Junior
1928 - 2004
- 45 -
***
Adélia Alves Martins
1929 - 1974
- 46 -
Nasceu em Loriga, no dia 2 de Maio de 1929, era filha de António Alves Martins e de
Maria Emília Duarte Jorge.
Desde muito nova se começou a destacar como cozinheira, numa maneira própria de
muito bem confeccionar a comida regional.
Os seus dotes culinários eram muitos reconhecidos não só em Loriga, mas também
pelas outras terras da região, para onde era solicitada com regularidade.
Cozinhava para bodas ou outros eventos, sendo a mais nova das cozinheiras a trabalhar
para a comunidade em Loriga. Tal como era usual nesses tempos, nunca também fazia
preço pelo trabalho que executava, aceitando o que as pessoas lhe queriam dar, sendo
que, muitas vezes, o pagamento consistia apenas em mercearias.
Muito devota e religiosa, teve sempre presente o cumprimento dos deveres da Igreja,
tendo pertencido à JOCF e à LOCF, logo após a fundação destes organismos em Loriga,
pelo Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, Pároco nesta vila (1944-1966).
Foi a primeira cozinheira do Restaurante Império em Loriga, quando este foi inaugurado
em 1972 onde, durante o tempo que ali trabalhou, a comida que confeccionava, era
bastante apreciada pelas pessoas que vinham de fora.
Teve sempre a preocupação de transmitir aos outros os seus conhecimentos de culinária
e, por isso mesmo, os seus ensinamentos vieram a tornar-se muito úteis, para as
pessoas que com ela muito aprenderam.
Mãe de doze filhos, muito carinhosa e esposa resignada pelo infortúnio da doença do
marido, viria a morrer relativamente nova, após doença prolongada, deixando seus filhos
ainda muito novos e, quando ainda tinha muito para dar à família e também à
gastronomia loriguense.
Faleceu em 20 de Outubro de 1974, sendo sepultada no cemitério local, onde muitos
loriguenses se deslocaram acompanhando-a até à sua última morada, num funeral de
verdadeiro pesar, vendo Loriga, desaparecer para sempre, uma das suas cozinheiras,
que deixou em todos, recordações e saudades.
***
Adelino Moura Galvão
1929 - 1990
***
Emílio Leitão Paulo
1932 - 2001
- 47 -
Nasceu em Loriga em 17 de Julho de 1932, foi uma figura de prestigio desta localidade,
distinguindo-se como personalidade bem vincada em todos os cargos que desempenhou.
Fez o ensino primário na sua terra, licenciou depois em Coimbra, tendo sido diplomado
em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Trabalhou na Companhia dos Diamantes de Angola, durante alguns anos, regressou à
Metrópole, tendo ingressado nos Nitratos de Portugal como Director Técnico. Transitou
depois para a Metalúrgica Vaz Leal, em Loriga, onde foi sócio-gerente durante alguns
anos, onde também teve sempre a preocupação de gerir esta firma industrial da sua
terra, com o maior dinamismo e entusiasmo.
Dedicou parte da sua vida à politica, militante pelo partido do CDS, teve um papel de
relevo na organização deste Partido no distrito da Guarda, onde chegou a ser o mais
votado, chegando mesmo também a ser Vice-Presidente do Conselho Nacional.
Após o 25 de Abril de 1974, foi Deputado pelo CDS na Assembleia Constituinte pelo
círculo da Guarda. A partir de 1978 foi nomeado para Governador Civil da Guarda,
funções que desempenhou durante algum tempo. Foi também Vice-Presidente da
Câmara de Seia.
Pessoa de fino trato, e de elegante relacionamento, era bem reconhecido por todos o
trabalho desempenhado nas suas funções politicas, onde procurava acima de tudo ser
aberto a todos, sem distinção de ideologias, tentando servir o melhor possível os
interesses do seu Distrito.
Foi um dos sócios fundadores da Editora Porta da Estrela Lda., proprietária do Jornal da
Porta da Estrela publicado em Seia.
Casado em primeiras núpcias com D. Maria Lela de quem ficou viúvo, tendo casado em
segundas núpcias com D. Maria de Lurdes D.Brito.
Faleceu no Hospital Particular de Lisboa, no dia 12 de Outubro de 2001, vítima de
doença. O seu funeral saiu da Igreja do Campo Grande-Lisboa para Loriga, onde ficou
sepultado no cemitério local.
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Joaquim Leitão da Rocha Cabral
1934 - 2003
- 48 -
***
António Abreu de Pina *
1937 - 1962
- 49 -
***
Carlos Augusto Nunes de Pina
1945 - 2003
- 50 -
Nasceu em Loriga em 1945, filho de Carlos Nunes de Pina e de Maria dos Anjos Gomes
de Pina.
Fez a escola primária em Loriga e desde muito cedo se notava nele uma certa aptidão
para a escrita.
Depois de concluir os seus estudos enveredou pela carreira jornalística, onde se
notabilizou com grande sucesso ao longo de mais de 30 anos, angariando sempre a
estima e a admiração dos seus superiores e colegas.
Iniciou o seu percurso jornalístico no Jornal "Diário de Noticias" passando pela categoria
de revisor gráfico e de redactor. Foi subdirector e mais tarde director do Jornal "O Dia",
foi ainda director da "48 Horas" e editor da revista "Tempo Livre" da Inatel.
Ocupou no mundo da comunicação social outros cargos importantes que para além de
ter sido co-fundador do "Jornal Novo", destaca-se de ter sido o jornalista responsável pela
introdução da comunicação institucional, tendo para o efeito, fundado a INFOPLAN e a
INFOPLUS.
Nos últimos tempos da sua vida, exercia, as funções de director-adjunto da Revista
"Homem Magazine".
Foi um grande colaborador e bateu-se pelo aperfeiçoamento e melhor qualidade do Jornal
"Garganta de Loriga", a ele se deve a nova linha gráfica deste jornal loriguense,
propriedade da ANALOR.
Adorava a sua terra e dela escrevia por onde quer que passasse, mantinha sempre bem
vivas as recordações dos seus tempos de criança na sua terra natal, e onde quer que
andasse não esquecia Loriga.
Faleceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 2003, com a
idade de 58 anos, e após doença prolongada. O funeral realizou-se para o Estoril, sua
terra de residência. Foram muitos os amigos e conterrâneos que estiveram presentes
para lhe prestar a última homenagem, e o acompanharem à sua última morada para o
cemitério local onde ficou sepultado.
Loriga ficou mais pobre, ao ver partir para sempre mais um seu ilustre filho, e os seus
conterrâneos viram desaparecer alguém, que pelo seu elevado nível de pessoa de
enormes qualidades e capacidades, constituiu para todos motivo de orgulho.
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Loricenses Centenários
Registo de pessoas nascidas em Loriga que viveram 100 anos e mais.
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Memórias no Tempo
Alguns acontecimentos,factos e registos em Loriga de outras eras
Registar a História é uma cadeia de solidariedade no tempo e um abraço das gerações que nos faz conviver com os que já viveram.
Alguns registos da Vila de Loriga em tempos há muito passados:
Santa Maria Maior (a 42 Km da estação férrea de Nellas e a 22 Km de Ceia, sede de concelho. J.P.. Altitude 741 metros - População: 2.488 habitantes. C.Postal - 3
- T.P a L. A 65 Km de Viseu, 95 Km da Guarda e 120 Km de Coimbra.
É a primeira e a mais importante freguezia do Concelho e uma das principaes do districto da Guarda, pela sua população, commercio, industria e riqueza precuária;
no fabrico de laníficios, empregando diariamente cêrca de mil operários de ambos os sexos. N`esta freguezia se fabrica o conhecido queijo Serrano.
Possue os seguintes templos:- Santa Maria Maior (Matriz); Santo António; Nossa Senhora da Guia; Nossa Senhora do Carmo; São Sebastião e Auxiliadora.
Tem minas de volfrâmio, ferro, estanho, e arsénico, descobertas, mas não exploradas. Por emquanto é o terminus da estrada districtal que há-de ligar Viseu à
Covilhã, estabelecendo communicação, directa entre os dois districtos. Está projectada uma estrada de penetração para a Serra e um funicular electrico, quando
aproveitadas as quedas d´agua de Loriga. Possue seis artisticos chafarizes publicos mandados construir pela colónia loriguense de Manaus (Brasil-Amazonas) e é
iluminada à electricidade.
Carreiras diárias de luxuosas camionetas entre Loriga, Nelas e Viseu.
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Loriga,grande povoação de 3363 habitantes,situada a 741 metros de altitude,aparece assim,onde se quebra o pendor da encosta,num esporão alongado,entre dois
barrancos imensos.
Loriga não é uma verdadeira aldeia serrana,antes uma vilazinha caiada e alegre,com indústria de lanifícios,lacticínios e extracção de minério (volfrâmio e
estanho);P.T.;Iluminação eléctrica,seis bonitos fontanários públicos,casas recreativas diversas,filarmónica,,farmácia,hospedaria Palmira,carreiras de camionetas
para Seia e Nelas.
Densas manchas de pinhal verde escuro vão cada ano subindo mais os contrafortes da serra,até acima dos 1000 metros.São sementeiras recentes,uma riqueza
que se acumula onde há pouco eram fraguedos nus.Mas o mais impressionante vinco da acção do homem está na infinidade de socalcos(«cômbaros») que acima e
abaixo da povoação criam e sustêm a terra de cultura.Por eles descem a as àguas da serra,represadas no alto em lagoazinhas artificiais,repartidas em levadas que
regam milhos e pastagens,e movem rodas de fábricas e pedras de moinhos.
A cavaleiro de Loriga erguem-se dois formidáveis baluartes da serra:A Penha dos Abutres (1819 metros) e a Penha do Gato (1768 metros).Uma excursão a pé se
recomenda:A subida por trilhos pouco cómodos,da Garganta de Loriga ao cimo da serra.Difícil e fatigante,compensa o excursionista pela beleza selvagem dos
fraguedos e pela amplidão do horizonte,sobre os macios contornos das montanhas de xisto que se dominam dos altos pendores da Estrela.Até à Penha dos
Abutres terá que subir-se um desnível de mais de mil metros.Daí à Torre é um passeio breve de duas horas.Mas será sempre conveniente levar guia.
É a primeira e a mais importante freguesia do concelho de Seia e uma das principais do Distrito da Guarda, pela sua população, comércio, indústria e riqueza
pecuária no fabrico de lanifícios, empregando diariamente cerca de mil operários de ambos os sexos. Nesta freguesia se fabrica o conhecido queijo da serra.
Altitude 741 metros. População 3.363 habitantes. Possui os seguintes templos:- Santa Maria Maior (Matriz); Santo António; Nossa Senhora da Guia; Nossa
Senhora do Carmo; São Sebastião e Auxiliadora.
A 42 Km da estação férrea de Nelas, a 22 Km de Seia, sede de concelho, a 65 Km de Viseu, 95 Km da Guarda e 120 Km de Coimbra.
Tem minas de volfrâmio, estanho, ferro e arsénio. Tem artísticos chafarizes públicos mandados construir pela colónia loricense de Manaus (Brasil-Amazonas) e é
iluminada à electricidade - voltagem 220 Kv.
Carreiras diárias de luxuosas camionetas entre Loriga, Nelas e Alvôco da Serra, aos sábados
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-Agências Bancárias:-Borges & Irmão António Pinto Caçapo; Credit Franco Portugais, Soto-Maior, Lisboa & Açores, Espirito Santo e Comercial de Lisboa; António
Gomes Leitão Sucessor; Banco Nacional Ultramarino, António Cardoso Moura; Banco Aliança e Cupertino de Miranda & C., Carlos Nunes de Pina; J.M. Fernandes
Guimarães & C., António Luis Duarte Pina & Irmãos.
-Alfaiates:-Àlvaro Mendes Simão; António de Brito Pereira; António de Pina Pires; Carlos Fernandes Urtigueira; Plácido Pinto Luis dos Santos; José Fernandes
Urtigueira..
-Apicultores:-António Cabral Leitão; Augusto de Brito Braga.
-Armador de Igrejas:-António de Moura Pina.
-Automóveis (Aluguer de):-Auto-União Serra da Estrela, Limitada; Ernesto Duarte Pina; José Bonito.
-Azeite (Produtores de):-António Cabral (Herdeiros de); António Cabral Leitão; António Cardoso de Moura; Augusto Gomes Leitão; Pedro Vaz Leal; Urbano
Ambrósio de Pina.
-Barbeiros:-Abilio Alves Costa; Francisco Farias.
-Carreiras de Camionetas:-Auto-União Serra da Estrela, Limitada, de Adelino Pereira das Neves.
-Casas de espectáculos e recreio:-Grupo Desportivo Loricense; Sindicato Nacional dos Operários da Industria de Lanifícios (Secção de); Sociedade de Defesa e
Propaganda de Loriga; Sociedade de Protecção à Escola Popular; Sociedade Recreativa Musical Loricense.
-Cereais (Negociantes de):-José Diniz; Manuel de Moura Pina.
-Construção Civil:-António Gomes de Pina Machado; Fonseca & Felix; João Oliveira & Irmãos; Joaquim Félix & Irmão.
-Correio:-Chefe, Lucinda Direito.
-Despacho Central, (combinado com a B.A.) Chefe, Ramiro Henriques Correia.
-Drogarias:-António Gomes Pina Machado; Manuel Moura Pina.
-Escrivão:-José Luis dos Santos.
-Fábricas:-José Lages; Leitão & Irmãos; Augusto Luis Mendes & C. Limitada; Moura Cabral & C.; Nunes Brito & Pina, Irmãos, Limitada; Nunes & Cabral, Sucessor;
Pina,Nunes & C..
-Farmácia-Popular:-Directora Técnica, Amália de Brito Pina.
-Fazendas:-António Gomes Leitão, Sucessor; António Luis de Brito Inácio & C.;. António Pinto Caçapo; Carlos Nunes de Pina; Felismina Simões de Moura; José
Diniz.
-Ferragens:-António Luis B. Inácio, Sucessor; José Diniz; Manuel de Moura Pina; Pedro Vaz Leal.
-Filarmónica:-Regente, António Brito Pereira.
-Funerárias:-António Luis de Brito Inácio, Sucessor; António Pinto Caçapo; António Gomes Leitão, Sucessor.
-Guia da Serra:-Manuel Pires Figueiredo.
-Iluminação (empresa concessionada):-Empresa Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela, representante, João Pereira.
-Jornais:-Diário de Noticias-Abílio Alves Costa; Século-Artur Simões de Moura.
-Julgado da Paz:- Juiz, Alberto Pires Gomes.
-Junta de Freguesia:- Presidente, António Mendes Cabral Lages.
-Lacticinios-Queijos (Fabricantes de):-Emídio Correio, José Alfaiate; José Alfaiate (Filho); Manuel Correio.
-Lanifícios (Armazem de):-António Gomes Leitão & C.; Augusto Luis Mendes & C. Limitada; José Lages; Leitão & Irmãos; Manuel Gomes Leitão & Filho; Moura
Cabral & C.; Nunes Brito & Pina, Irmãos, Limitadas.
-Marcenarias:-António Pires Figueiredo; Joaquim de Andrade.
-Médico:-Dr. António Andrade.
-Mercearias:-António G. Leitão, Sucessor; António Luis de Brito Inácio, Sucessor; António Pinto Caçapo; Carlos Nunes de Pina; Felismina S. de Moura; José
Diniz; José Vicente Figueiredo; Laura Mozarga; Manuel M. Pina; Maria dos Anjos Antunes; Maria do Carmo Mendes Melo.
-Minas de Volframio e estanho:-José Lages Júnior; Minas de Loriga, Limitada; Minas do Rombo, Limitada; Sociedade Mineira de Loriga, Limitada.
-Modista:-Alcina de Almeida Abreu; Elvira de Jesus Pina; Maria Teresa Antunes; Maria Tereza Nunes Amaro; Urbana Ambrósio de Pina.
-Padarias:-António Alves Galinha; José Lopes Junior; José Maria Pinto.
-Pároco:-António Mendes Cabral Lages.
-Parteiras:-Constança de Brito Pina; Maria Gomes Torrozelo.
-Pensão:-Palmira de Brito Crisóstomo.
-Polvora (Depósito de):-José Diniz; José Luis dos Santos.
-Professores:-Alberto Pires Gomes; Irene de Almeida; Alice de Almeida Abreu.
-Proprietários:-António Cabral (viúva de); António Cabral Leitão; António Cardoso de Moura; António Luis Duarte Pina; António Mendes Cabral Lages; António
Mendes Gouveia Cabral; António de Moura Cabral; Augusto Gomes Leitão; Augusto Luis Duarte Pina; Augusto Luis Mendes Júnior; Carlos Cabral Leitão; Carlos
Nunes Cabral; Carlos Simões Pereira; Joaquim Gomes Leitão; Joaquim Gomes Pina (viúva de); José Lages; José Luiz Duarte Pina (viúva de); Manuel Gomes
Leitão; Maria Helena Cabral Leitão; Pedro Vaz Leal.
-Regedor:-Carlos Simões Pereira.
-Registo Civil (Posto de):-Ajudante, Alice de Almeida Abreu.
-Sapatos de Ourelo (Fabricantes de):-Amélia Moura Pina; Amélia Pinto Urtigueira; Eduarda Martins Ferrito; Laura de Almeida; Teresa Alves.
-Saúde Pública, Subdelegado:-Dr. António Andrade.
-Seguros:-Manheimer e Sociedade Portuguesa de Seguros-António João de Brito Amaro; Nacional e a Pátria-Carlos Nunes Cabral; Acidentes de Trabalho-Emílio R.
Leitão; Mundial-António Gomes Leitão, Sucessor; Portugal Previdente-António Fernandes Carreira.
-Serralharias Mecanicas:-Pedro Vaz Leal; Joaquim Augusto Correia.
-Tabacos (Depósito de):-José Luiz dos Santos.
-Talhos:-Adriano do Amaral; Alexandre Jorge Moura; José Luiz dos Santos Firminio.
-Turismo:-Sociedade Defesa e Propaganda de Loriga.
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A Estrada de Loriga
No século XIX, Loriga era já uma terra industrial. No entanto, ainda não tinha uma via de estrada para poder, com mais facilidade, fazer o escoamento da produção
fabricada para os mercados do país.
Podemos, por isso, imaginar as dificuldades existentes nesses tempos, pela falta de vias de comunicação, não só para apetrechar as fábricas de maquinarias
necessárias, mas também, como já se disse, poder enviar para outros pontos do país a sua produção e ainda receber matérias primas para a sua laboração.A única
via de comunicação existente era a velhinha estrada romana de Lorica,construída há dois mil anos (século I a.C.).
Curioso é o que vamos encontrar nos relatos da época, que nos dão conta, de que, aquando da construção do lanço da Estrada da Fábrica dos Leitões até à
"Selada", a maioria dos trabalhadores, bem como o encarregado da mesma, o Sr. Morgadinho, serem naturais de Fronteira, localidade alentejana, os quais, durante
algum tempo, viveram com as suas famílias em Loriga, distinguindo-se por serem uma comunidade com usos e costumes muitos diferentes dos loricenses.
O Salão Paroquial de Loriga, situa-se no Largo do Adro da Igreja, e é parte integrante da "Residência" como popularmente é assim chamado aquele imóvel.
O referido prédio foi construído em 1945, por um custo orçamental de 100.000$00, sendo o pároco em Loriga, o Sr. Padre António Roque Abrantes Prata, natural de
Manteigas, que tinha chegado a esta localidade um ano antes.
Obra paroquial de grande vulto, para a época, com o piso superior destinado para a residência do Pároco local e o espaço inferior idealizado para Salão Paroquial, no
sentido de servir em prol da comunidade em actividades religiosas, culturais e recreativas.
Desde então passou a ser a Sala de espectáculos de Loriga, onde ao longo de todos estes anos da sua existência, ali se tem realizados os mais variados eventos,
onde se destaca, o cinema, o teatro, variedades, concertos, entre outros.
Em certa época, chegou mesmo serem ali realizadas celebrações litúrgicas, nomeadamente missas, em substituição da Igreja Matriz, enquanto nesta se procediam
a grandes obras de restauro.
O velhinho "Salão" é pois uma casa pela qual os loricenses têm um carinho especial e, hoje com dantes continua a ser a sala de espectáculos de Loriga, sempre
aberta para receber ali, todas as actividades para a qual foi idealizada a sua construção.
No dia 14 de Maio de 1949, Loriga viveu horas de intensa alegria espiritual, ao ter a honra de receber a Veneranda Imagem da Virgem de Fátima Peregrina.
Já há muito que Loriga se vinha preparando para a recepção. A Vila engalanou-se, as próprias fábricas dias antes dispensaram alguns operários, para que tudo
estivesses lindo e em ordem. Fizeram-se arcos, as fábricas deram enormes tiras de pano branco, onde se pintaram com arte, grandes frases de profundo sentido
cristão, alusivas à vinda da Celeste Rainha.
O Fonte do Mouro foi coberto com pétalas de maia e outras flores. As crianças das escolas, vestiram os seus bibes, que juntamente com os cruzados, fizeram um
cordão central de cimo ao fundo, por onde iria subir o carro com a Virgem Maria.
Eram cerca de 16H30, quando chegou à Portela do Arão, recebida ali pelos Revmos. Bispo da Diocese Dom Domingos, Padre Prata, Presidente da Junta de
Freguesia e muitas mais pessoas. Quando chegou junto à Fábrica Leitão & Irmão, foi um verdadeiro delírio, sobem ao ar foguetes com 21 tiros, fogo repetido com
grandes girândolas de foguetes. Já na "Carreira", a Banda toca o Avé de Fátima, enquanto o povo cantava, chorava e rezava.
Além das autoridades concelhias e muitos sacerdotes, todas as forças vivas da Freguesia estavam presentes com os seus estandartes, bem como, todos os
organismos religiosos com os seus guiões, JOC; JOCF; LOC; LOCF, Irmandade e Apostolado da Oração.
O carro com a Virgem Maria sobe o Fonte do Mouro até à "Cabine" onde foi retirada do carro e exposta à veneração de todos. O Sr. Padre Prata chorou de alegria,
os seus olhos eram como raios luzentes, e dos seus lábios foram pronunciadas palavras de profundo interiorização cristã e humana, como era seu timbre. Afinal ele
tinha empenhado todo o seu prestígio nesse evento.
Seguiu-se a reza de muitas orações, acompanhadas de um coro de 300 raparigas de Loriga, foram lidos diversos telegramas de loricenses ausentes, para depois o
Sr. Bispo fazer a consagração ao Coração de Maria, da Freguesia e os povos ali representados.
O cortejo desceu o Fonte do Mouro acompanhando o carro com a Senhora dos Peregrinos. A comoção chegou ao rubro, junto com o silêncio mórbido de muitos que
nunca julgaram ver tão perto a Senhora da Azinheira. Todos subiram o Outeiro, contagiados no amor total à Virgem de Fátima.
Quando o carro avançou para deixar Loriga, lenços acenaram o adeus. Muitos, voltaram a ver a Imagem diversas vezes em Fátima. Outros, ficaram com a Senhora
retida nos seus olhos lacrimosos. Porque, sem possibilidades económicas, não era possível ir à Cova da Iria. Ficaram na esperança de no céu a encontrar.
Café "Neve"
O café "Neve" propriedade de José Maria Pinto, era um mimo, de design agradável e com um mobiliário mesas e cadeiras, tipo arte nova a atestar o seu gosto
verdadeiramente requintado.
Poderia ser chamado o "Magestic" de Loriga, era um autêntico ex-libris de Loriga, local privilegiado de encontros, tertúlias e de leitura matinal do jornal.
Na década de cinquenta e até meados princípios da década de sessenta, o ambiente do café não ocultava uma marcante divisão de classes. Os frequentadores
assíduos eram selectivos, o que levava o "Ti Zé Maria" a desencorajar a frequência de uma clientela mais popular. Eram outros tempos, em que os mais
endinheirados impunham as sua exigências. Com o rodar dos anos, o café transformou-se, paulatinamente, num espaço privilegiado de encontro de estudantes e
seminaristas da década de sessenta, os quais, apesar da escassez, sempre iam arranjando umas coroas para o bilhar .
Foi o primeiro Café a existir em Loriga, e o primeiro local público a ter Televisão.
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Nota: - Depois de deixar de ser explorado pelo seu proprietário José Maria Pinto, o Café Neve, foi conhecendo outras gerências, inclusivamente chegou a mudar de nome. Encerrou definitivamente
em princípios de 2004 e actualmente está instalada ali a Farmácia Popular de Loriga.
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Os Picarotos de Gelo
Picarotos de Gelo
Numa manhã gelada de um rigoroso inverno, a Natureza com todo o seu esplendor vem brindar Loriga, com um panorama dos mais belos e deslumbrante que se
possa imaginar.
Ainda debaixo de grossos cobertores e mantas de pêlos, através da vidraça das janelas entra a claridade provocada pela brancura do grande e belo lençol de neve,
desde a escarpada "Penha d´Àguia" assim como nos telhados e nas courelas, a findar lá prós lados do "Pisão do Barruel"
Olhamos a beleza dos pinheiros, cerejeiras e castanheiros, despidos de folhas os quais parecem gigantescas árvores de Natal artisticamente prateadas pela neve
acumulada em seus galhos.
Nos quintais, as roseiras e outros arbustos curvam-se com o peso da neve e com alguns pardais empoleirados e famintos à procura de algum lugar não atingido pelo
gelo, a fim de colherem algumas migalhas para seu sustento.
Os passos das pessoas que passam nas ruas, ficam marcados, primeiro bem definidos, depois em sulcos compridos talvez porque os não possam erguer. Nas
fontes a água copiosamente cai, a neve a ela se junta, tornando-a ainda muito mais gelada e mais cristalina.
São estas as imagens, que ficam para sempre gravadas com infinitas saudades em nossos olhos, mostrando a grandeza de Deus na perfeição da Natureza e que
jamais se extinguirá dentro da nossa existência, relembrando sempre um Camão de Neve em Loriga.
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Olho através da vidraça Fico olhando estes sinais É uma infinita tristeza
Está tudo da cor do linho Da pobre gente que passa Uma funda turbação
Passa gente e quando passa E noto por entre os mais Entra em mim e fica presa
Seus passos imprime e traça Uns traços minaturais Cai neve na Natureza
Na brancura do caminho Duns pezinhos de criança E cai no meu coração
As Trovoadas
Cântico
Bendito e louvado seja
O Santíssimo Sacramento
Da eucaristia.
Do fruto do ventre sagrado
Da Virgem puríssima
Santa Maria...
Loriga, lembro-me de ti, das tuas ruas, becos e "quelhas", onde passei os meus tempos de menino sem reparar!
Loriga, lembro-me de ti, das fogueiras de Natal no Adro e na Carreira, com os "tocos" que levavam horas a queimar e à noite as Janeiras às portas se iam cantar!
Loriga, lembro-me de ti, das tuas imponentes "Penhas" bem altas que pensávamos que no céu estavam a tocar.
Loriga, lembro-me de ti, nos dias de inverno junto à lareira, ouvindo aos mais velhos histórias contar!
Loriga, lembro-me de ti, da "Residência" onde havia teatro e cinema e onde se tentava entrar sem bilhete pagar!
Loriga, lembro-me de ti, dos muitos pinhais que havia onde pinhas e carumas se ia apanhar!
Loriga, lembro-me de ti, das muitas árvores de frutos que em alguns lados havia e que à noite essa fruta se ia furtar!
Loriga, lembro-me de ti, do mês de Maria com as meninas a cantar e aos ombros da garotada cantavam os grilos a acompanhar!
Loriga, lembro-me de ti, das Festas da Vila com arcos, luzes e divertimentos de admirar, gente de todo lado vinha e à noite, foguetes de lágrimas iam para o ar!
Loriga, lembro-me de ti, das maceiras com o bom pão cozido que vinha dos fornos e que deixavam ao passar um apetitoso aroma no ar!
Loriga, lembro-me de ti, das Festa de N. S. da Guia onde a sineta não parava de tocar e na Vila as mulheres entoavam seus cânticos, limpando as ruas e casas
pois a festa estava a chegar!
Loriga, lembro-me de ti, das tuas ribeiras de águas cristalinas e onde nos seus "poços" no Verão todos se queriam banhar!
Loriga, lembro-me de ti, dos professores e das escolas improvisadas, onde aprendi a ler e a contar!
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Loriga, lembro-me de ti, das muitas tabernas que havia, e onde principalmente aos Sábados os homens se encontravam para conversar!
Loriga, lembro-me de ti, dos muitos jovens que estavam fora a estudar e vinham a Loriga as "férias grandes" gozar!
Loriga, lembro-me de ti, das raparigas bonitas e de faces coradas que sorriam para namorar!
Loriga, lembro-me de ti, e de uma garotada infernal em S.Genês, Terreiro do Fundo e Carvalha, que em jogos de bola, "pau de bico; eixo; rabisco e mosca" os mais
velhinhos se faziam arreliar.
Loriga, lembro-me de ti, quando muitas fábricas havia e muita gente nelas trabalhavam e bem longe se ouvia suas máquinas em grande laboração.
Loriga, lembro-me de ti, e quando qualquer palmo de terra era cultivado e assim te transformavam em jardim.
A guerra assolava ainda por toda a Europa mas, em Loriga, a vida era tranquila e nada fazia prever que algo viesse alterar esse cenário de calmíssima, até que um
certo dia que já vai longe, num Fevereiro perto do fim algo aconteceu.
O dia estava a chegar ao fim, e a "Garganta e as Penhas" de Loriga começaram a ser cobertas por flocos de nevoeiro, parecendo como que algodão, apesar do dia
de Céu azul que tinha estado, parecendo Primavera.
Já a meia-noite tinha ficado para trás, quando se começou a ouvir o trabalhar de um forte motor de avião, parecendo voar mais baixo que as "Penhas", também estas
surpreendidas por alguém se aventurar a sobrevoar os seus domínios. A Penha do Gato abriu seus braços como que para os abraçar e lhes dizer que ali só ela era
soberana.
Dos Loricenses ainda acordados saíram gritos de aflição, pois se o avião estava a voar assim tão baixo, por certo iria bater em alguma "Penha". O barulho do motor
estava cada vez mais próximo e, a seguir um grande estrondo se fez sentir, não havendo dúvidas de que o avião embatera na serra. O povo ficou aterrado e, de
imediato os mais corajosos partiram serra acima com destino ao local .O primeiro a chegar foi um loricense muito popular e brincalhão,conhecido por António
Aleixito,que,espantado e aterrorizado com o que viu,voltou para contar aos outros.Como se tratava de um habitual brincalhão e era época de Carnaval,não
acreditavam no seu relato até chegarem ao local e confirmarem tudo.
Ao chegarem, compreenderam então que o inevitável tinha acontecido. O avião embatera contra as rochas, explodindo, constatando-se, então que se tratava de um
avião militar estrangeiro.
Apesar dos vestígios do incêndio que se gerou depois da explosão, era visível o diverso material de guerra que transportavam. Por sua vez os corpos não tinham sido
totalmente calcinados porque entretanto tinham sido projectados à distância.
Lentamente e piedosamente foram recolhidos os restos mortais daqueles cadáveres e transportados para a vila a fim de ali serem sepultados, o que veio acontecer.
Verificando-se que se tratava de soldados ingleses, pelo facto de serem de religião protestante, não deixaram de ter um funeral digno de respeito pelo povo como
nunca tinha acontecido até então.
Responsáveis da cãmara municipal estiveram em Loriga para levarem os corpos para a sede de concelho,mas os Loricenses disseram que os ingleses morreram em
Loriga,seriam sepultados em Loriga,e nem a presença ameaçadora da GNR os demoveu. Confiados piedosamente às gentes de Loriga, aqueles mártires da
catástrofe vieram acabar os seus dias numa terra verdadeiramente católica, e repousam em paz e para sempre no cemitério local numa campa rasa, cedida
gentilmente pela Junta de Freguesia.
Nunca ficaram totalmente esclarecidas as causas do acidente, no entanto pensa-se ter ficado a dever-se ao nevoeiro. Era um avião inglês "Hudson Aircraft" que
tinha deixado nesse mesmo dia Gibraltar com destino ao Reino Unido, transportando os seguintes ocupantes:
-Capitão-Roberto Tavener HILDICK; Tenente-John BARBOUR; Tenente-Daniel De Waal WALTERS; Tenente-John Patie THOM; 1.Cabo-Jack Learoyd WALKER;
1.Cabo Henry Ernest HEDGES.
Conforme consta das Certidões de Óbitos passadas pelo Registo Civil de Seia, as mortes ficaram registadas como tendo acontecido à uma e cinquenta minutos
desse dia 22 de Fevereiro de 1944.
Desde sempre a "Campa dos Ingleses", como assim ficou a chamar-se, tem sido pelo povo de Loriga um local de respeito, sendo muitas vezes visitada por
familiares e organismos ingleses. Este acontecimento da Queda do Avião já foi, em tempos (1989), tema de reportagem na Televisão (RTP).
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Nota:-Segundo os dados da época o local exacto da "Penha do Gato" onde se deu a queda do Avião, foi o local a que o povo chama por "Marte Amieiro", e junto à
fraga do Alcabreiro. Na altura, com versos ou simples quadras, o povo foi registando este dramático acidente, no entanto, ao longo dos anos foram-se
simplesmente esquecendo e hoje são poucos aqueles ainda em lembrança .
Dois trágicos acontecimentos, ocorridos simultaneamente em 1927, tornariam este ano o mais dramático na história desta localidade. É desse fatídico ano e desses
acontecimentos que aqui se registam alguns apontamentos:
Nos primeiros dias de Janeiro de 1927, começaram a aparecer uns primeiros focos de febre que, ao principio, não se sabia bem do que se tratava. Rapidamente se
foi alastrando, com muita população a ficar doente muitas das pessoas a serem vitimadas mortalmente.
Com o aparecimento de cada vez mais casos, o médico e as autoridades administrativas locais começaram a notar que algo de anormal e grave se estava a passar,
receando mesmo estar-se perante uma epidemia, o que de facto se viria a verificar.
Essas mesmas autoridades expediram vários telegramas para a Direcção Geral de Saúde, dando conta do que se estava a passar e do estado das condições
sanitárias em Loriga, apelando para uma intervenção urgente e rápida.
Entretanto morrem, vítimas desta epidemia, o médico local Sr .Dr. Amorim da Fonseca, o Sub-Delegado de Saúde Dr. Simões Pereira e ainda Francisco Faria
(barbeiro), precisamente as pessoas que lidavam mais de perto com os doentes.
De Lisboa, chegou finalmente a Loriga pessoal especializado, com material de desinfecção e de isolamento, bem como os medicamentos necessários, tendo-se
improvisado um Hospital em casa dos herdeiros de Maria de José Baia no bairro de S.Ginês (nome dado pelos Loricenses a S.Gens) começando, assim, a
combater-se a grave Epidemia, em que os doentes eram atingidos por febres altíssimas.
A febre chegava a ser superior a 40 graus e, quando isso acontecia, os doentes eram introduzidos numa banheira de água fria com criolina e, seguidamente eram
colocados numa cama limpa, ficando muitas das vezes inconscientes.
Houve na realidade muitas vitimas mortais, por isso se ter dito "que Loriga parecia uma verdadeira necrópole". Loriga chegou a estar isolada do resto do país, dado
tratar-se de uma doença altamente contagiosa, tendo como característica ser transmitida através do "piolho", que se proliferava de forma incrível, sendo por essa
razão necessário proceder à depilação completa do doente.
No dia 24 de Julho, (Dia do São João), viria a ser considerado finalmente extinto o "Tifo Exantemático", tendo-se procedido a um jantar de despedida de todos
aqueles que tomaram parte no combate a essa grave Epidemia, com a população local a festejar com bailes e divertimentos em quase todos os Largos da Vila,
dando assim largas à sua alegria depois de muitos meses a viver a dor da perda de muitos entes queridos.
Estando ainda Loriga a viver as consequências da grave Epidemia, outra tragédia viria acontecer. No dia 24 de Abril, Quarta-feira da Semana Santa, viria a ruir um
anexo que fazia parte do Coro da Igreja, que havia há pouco tempo sido construído, precisamente para as crianças da catequese.
Esse anexo consistia num tipo de "palanque", em frente do actual, e que, nesse dia, quando começou a ficar ocupado, de imediato começou a desabar no meio de
muitos gritos e confusão.
Houve como balanço trágico, a morte de uma criança e de uma mulher que ficou esmagada por uma coluna e, mais tarde, no hospital viria a falecer uma outra.
Houve ainda muitos feridos, principalmente crianças, que foram transportadas de camioneta, para o Hospital de Coimbra, nessa mesma noite.
Viveram-se momentos de grande aflição e ansiedade e, entre choros e gritos, as pessoas procuravam os seus familiares. Enquanto eram socorridos os feridos, havia
sempre alguém que tentava transmitir calma. Mesmo assim, e felizmente, este acidente não tomou maiores proporções porque, na altura, a Igreja não estava ainda
cheia de gente como decerto iria estar um pouco mais tarde.
Ainda na noite do acidente, uniram-se esforços para remover os escombros e, no dia seguinte, Quinta-Feira Santa, as cerimónias puderam continuar com a
respectiva afluência dos fieis. A Igreja foi encerrada logo após a Semana Santa, por motivo da Epidemia que continuava a manter Loriga em alerta, uma vez que a
algomeração das pessoas facilitava o contágio.
O Volfrâmio, sendo um elemento químico tipo metálico, muito duro, era muito usado na fabricação de aços especiais, filamentos para lâmpadas e para válvulas de
aparelhos eléctricos, bem como outras aplicações. Nessa época já distante, antes e principalmente durante a 2a. Guerra Mundial, o volfrâmio foi um minério que
contribuiu para o grande desenvolvimento industrial das grandes potências, servindo ainda de componente para material de guerra, pelo que chegou a atingir valores
elevados. Daí a grande exploração por muitas das serras em todo o país, onde parecia existir de facto grande quantidade, não só deste minério como de outros
também.
Foram realmente tempos de euforia, que em Loriga se viveram com o negócio do Volfrâmio. Um grande número de pessoas desta localidade, e também de outras
terras, diariamente subiam a serra na procura desse minério. Nos dias que a sorte sorria, regressavam felizes cantando, vendendo o fruto desse dia de sorte a
pessoas endinheiradas ou volframistas. Chegou a ser relevante a abundância de dinheiro em muitas famílias, não se questionando, ou saber sequer, a que fins se
destinava aquele minério.
Parecia sinfonia, em orquestração, os martelos que diariamente martelavam na serra, manejados por braços e mãos calejadas de duro trabalho, percorrendo
caminhos perigosos debaixo de um calor abrasador no verão, ou suportando baixas temperaturas no rigor do rigor do inverno. A esperança de fazer fortuna e de
ganhar bom dinheiro, estava sempre presente no pensamento de todos. Mas, passada a euforia, surgiram os tempos de frustração, chegando muitos à triste
conclusão de nada lhes ter valido suportar esse subir e descer aqueles serras, que tão bem ficaram a conhecer.
Com os tempos, o alto valor desse minério foi gradualmente diminuindo tendo sido, no entanto, em Loriga, comercializado durante algum tempo mais. Hoje restam
vestígios de histórias passadas e que se transmitem de geração em geração, onde se realça acima de tudo, uma vida ambiciosa, mas dura sobre a "Febre de
Volfrâmio", que nem sempre foi bem sucedida para todos.
Nota:-Na altura, por toda a serra se ouviam cantar versos que o povo ia fazendo relacionado ou Volfrâmio, ma com os anos foram-se simplesmente esquecendo e
hoje são poucos aqueles ainda em lembrança.
Pastores de Loriga
Desde sempre os pastores fizeram parte da história de Loriga, o mesmo acontecendo hoje em dia, apesar de não terem a dimensão de outrora.
O mais famoso pastor de Loriga foi sem dúvida o grande líder Lusitano Viriato,que,tal como escreveu o maior poeta luso,"era destro na lança mais que no cajado", e
que derrotou muitas vêzes os poderosos invasores romanos.
Nas recordações ainda de muitos nós, estão épocas de grandes rebanhos e de pastores, alguns bem nossos conhecidos, que continuam a ser referência na nossa
história.
Eram homens simples, alguns até analfabetos, mas dotados de inteligência, de coração e de coragem. Eram também, acima de tudo, gente que sabia aconselhar.
Da Primavera ao Outono, dormiam sob as estrelas, num simples abrigo de palha, a poucos metros dos seus rebanhos. Geralmente tinham com companheiro o cão,
seu fiel amigo .
**
- 13 -
Viriato
Luís de Camões
***
Fernando Pessoa
***
Situada na freguesia de Loriga, num local também conhecido por "Penedo de Alvoco", da "Casa dos Ingleses" restam hoje apenas ruínas.
Ficou assim conhecida, não por ter sido construída por ingleses, mas por ter sido utilizada por uma comunidade inglesa que, nas primeiras década do século
passado, se dedicava à exploração do volfrâmio, cobre, estanho e, eventualmente, outros metais, nas minas do Sorgaçal e Cabrum.
Esta casa foi mandada construir numa das última décadas do século XIX, por uma senhora loricense, (Josefa Cândida de Pina nascida em 5.11.1825 e falecida em
5.5.1900) nos terrenos de que era proprietária, com o intuito de naquele lugar, de bons ares e boas águas, minorar a doença pulmonar do marido.
- 14 -
Há poucos anos, retiraram a pedra daquela sepultura, para ali enterrarem outra pessoa, sendo a mesma encostada ao muro do cemitério, lado direito, onde ainda se
encontrava em Agosto 2005.
Durante algumas décadas, a "Casa dos Ingleses" podia ser visível de qualquer local de Loriga, o que não acontece hoje em dia, porque dela apenas restam ruínas.
No entanto, aquele local continua ainda ser assim conhecido pela "Casa do Ingleses".
À cerca de vinte anos, as minas existentes naquele lugar do Sorgaçal e Cabrum, foram tema da ideia, a nível particular, com o propósito de renovar a exploração das
minas e assim proporcionar uma mais valia para Loriga. Mediante alguma observação experimental, finalmente, foi sentenciado:- Os metais existiam, mas a sua
potencial exploração não seria rentável.
Sou de Loriga sou sim senhor, como as bicas d'água, sempre a correr.
Do Mirante te olho, saúdo, aplaudo e te venero, tua beleza deslumbra.
Ouço o sino da matriz que repete, é hora de voltar, saudades a bater.
Sopa fumegante na tigela, broa de milho, chá de tília bem que cheira!
***
Palheira da Tapada do Amial
***
- 16 -
O Passado no Presente *
I II III IV
Recordar o passado As montanhas de hoje Acumula-se nelas o mato As mulheres daquela época
É viver o presente. São na verdade iguais Qu´agora não vão cortar. Casavam para procriar.
Sentir como reais Às que nos anos 50 As cordas e os podões Era uma alegria, um presente
As sensações emocionais Rodeavam a nossa terra, Pertencem a gerações Ver ruas cheias de gente,
Que nos fizeram gente. Uma estrela da serra. Qu´envelheceram a trabalhar. Crianças sempre a brincar.
V VI VII VIII
Tanta gente a nascer ! Nos registos de baptismo Uma educação religiosa Tocava o sino de mansinho
Nenhum com hora marcada. Vemos com grande emoção Pelo Padre Prata orientada. Era a hora de parar.
Com grande dedicação Os elevados números A primeira comunhão, As Ave-Marias ao meio-dia
A Constança lá acorria De bebés recém-nascidos As novenas, o mês de Maria À tarde, voltava a tocar
Para cortar o cordão. Que à igreja eram trazidos. Tudo fazíamos com alegria. Unindo todos no mesmo orar.
IX X XI XII
O sino todos chamava Se o sino tocava a rebate A escola estava dividida Toda a criança brincava
Tocava para a doutrina Juntava a população. Um professor para os rapazes. Puxando pela imaginação.
Ninguém se podia esquecer. Todos juntos ajudavam Uma professora para meninas. A camioneta de cordas,
De catecismo na mão Nesta hora de aflição Nada se podia misturar, O Azeite dos cachilros
Todos queriam aprender. Com baldes de mão em mão. Era importante aprender e trabalhar. Rebolos de mão em mão.
XLIX L
Se recordar é viver Esta Loriga qu´eu amo
Posso então afirmar. Hoje está adormecida.
No meu tempo de menina Loriguenses, despertai!
Era tudo bem diferente A nossa Terra não cai
Do que é actualmente. Se todos lhe dermos vida
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Algumas efemérides
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Ano 1813: Era o pároco em Loriga o Sacerdote Theotónio Luiz da Costa, que depois deixou
a paróquia para se alistar na milícia.
Ano 1838: A 2 de Janeiro nasceu em Loriga o Sr.Doutor António Mendes Lages.
Ano 1851: No dia 24 de Dezembro morre o pároco Reverendo Sebastião Mendes Brito,
natural de Loriga, ficando sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor.
Ano 1852: Era pároco em Loriga o Reverendo José Garcia Abranches, em situação transitória,
natural de Alvoco da Serra.
Ano 1909: Em 18 de Julho, foi ordenado sacerdote o Sr.Padre António Mendes Cabral Lages.
Ano 1912: Em 15 de Novembro, foi inaugurada a Electricidade em Loriga.
Ano 1918: Nos dias 3 e 4 de Agosto realizou-se a Festa da Nossa Senhora da Guia,e foi concluída
a construção da nova capela.
Ano 1926: Feito o primeiro Postal Ilustrado de Loriga, com vista realizada a partir da N.S.da Guia.
Ano 1927: Aconteceu em 24 de Abril (quarta-feira) a queda do Coro da Igreja Paroquial,
tendo morrido 2 pessoas bem como houve muitas crianças feridas
Ano 1929: Em 15 de Setembro aconteceu em Loriga a "Cheia das Botelhas", assim designada
por as ribeiras terem saído do seu leito galgando as courelas
Ano 1932: Teve início a Carreira de Transportes de José Bonito de Loriga a Viseu e vice-versa.
Ano 1933: Ocorreu o fenómeno "Chuva das Estrelas", contemplado no céu em Loriga com receio
e pânico, tendo muitas pessoas procurado refúgio na igreja, a rezar.
Ano 1937: Fundado em 24 de Julho o Centro Loricense de Belém-Pará.
Ano 1939: Não se realizou a Festa da Nossa Senhora da Guia, por divergências existentes entre
o pároco Sr.Padre Lages e alguns paroquianos.
Ano 1940: Em 8 de Dezembro foi Inaugurado o "Cruzeiro da Carvalha" evocativo do Oitavo Centenário
da Fundação e Terceiro Centenário da Restauração da Pátria.
Ano 1941: Em 19 de Novembro é homenageado em Loriga o Sr. Cónego Manuel Fernandes Nogueira,
tendo sido descerrada uma lápida na casa onde tinha nascido.
Ano 1944: Queda do avião de guerra inglês na Serra (Penha do Gato) na noite do dia 26 de Fevereiro,
tendo morrido os seus ocupantes que foram sepultados em Loriga.
Ano 1949: Foram concluídas as obras de reparação do "Terreiro das Figueiras", que passou a
designar-se por Largo do Dr.Amorim.
Ano 1952: Ocorreu um incêndio na Fábrica da Redondinha.
Ano 1953: Ocorreu um incêndio na Fábrica dos Leitões.
Ano 1958: Aquisição em Loriga do primeiro aparelho de Televisão.
Ano 1959: Em Agosto deste ano foi ordenado Sacerdote, o Sr.Padre Fernando Santos, tendo-se
deslocado a Loriga, para efeitos de ordenação, o Sr.Bispo da Guarda.
Ano 1996: Começa a funcionar e é inaugurado o novo edifício da Escola C+S da vila de Loriga.
Ano 1999: Em 08 de Julho, a Banda Musical Loricense desloca-se pela primeira vez para fora de Portugal
Continental, mais precisamente à Ilha de S.Miguel (Açores).
- 19 -
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O rei ouvira falar num célebre pastor que habitava no alto da serra e que possuía uma estrela única no mundo, com quem conversava todas as noites. Sem hesitar,
mandou emissários para que o trouxessem à sua presença.
Quando o velho pastor, um tanto surpreendido, chegou ao palácio do rei este elucidou-o sobre o seu intento. -Ouve, pobre velho!. Dar-te-ei todas as riquezas que
quiseres... Farei de ti um homem poderoso para o resto da vida. Em troca quero apenas que me dês a tua estrela.
O velho pastor olhou o rei com desespero. -Pedis o impossível, senhor! A estrela não é minha, é do céu.
Furioso o rei gritou-lhe: -Que importa?.. Eu sei que ela faz o que tu ordenas... se quiseres... ela será minha.
Com uma dignidade que assombrou o monarca, o velho pastor replicou:
-Senhor!.. Prefiro continuar pobre, desprezado, mas sempre com a minha estrela!...
E no mesmo assomo de energia, o velho pastor voltou as costas ao rei poderoso e abalou, de novo, a caminho da serra.
Quando lá chegou, a noite ia já alta. Ele atirou-se para cima da enxerga e mordiscou uma côdea de pão negro. Então, a tal estranha melodia, já muito sua
conhecida, desceu do alto e veio sussurrar-lhe aos ouvidos:
-Ainda bem que as riquezas não te tentaram... Ficaria tão triste... Deixei-te passar misérias para te expor ainda mais à tentação, mas confesso que receei muito. O
rei ofereceu-te verdadeiros tesouros...
Erguendo-se da enxerga para onde o cansaço do corpo o tinha atirado, o velho respondeu com lágrimas na voz:
-Ouve, minha boa estrela!..Não sei desde quando nos conhece-mos!..Mas quero que fiques sabendo que não poderei viver sem ti, sem a tua presença.
-A estrela explicou-lhe num sussurro, fazendo amainar o vento que corria célere:
-Pois quando morreres, meu bom pastor, podes morrer descansado. Eu aqui te prometo que jamais te abandonarei.
Num êxtase, o pastor encarou a sua estrela. O seu brilho intenso salpicava-lhe os cabelos encanecidos, e o velho, numa voz de profeta, proclamou do alto da
montanha:
-Eu te agradeço o que fizeste por mim!.. De hoje em diante esta serra há-de chamar-se para sempre a Serra da Estrela.
E diz finalmente a lenda, que no alto da serra existe, sempre todas as noites, entre as suas irmãs, uma estrela que brilha ainda hoje, duma maneira estranha e
diferente.
Ela possui um brilho que derrama reflexos, de saudades e amor sobre a campa desconhecida daquele que foi e continuará a ser o seu Pastor.
* Uma narração de Gentil Marques
-1-
Gastronomia de Loriga
***
São verdadeiramente
considerados muito
bons e, por isso, de reconhecida
fama os
enchidos feitos em Loriga,
nomeadamente
Chouriço de Carne, Morcela e
Farinheira.
---
Sendo essencialmente de
fabricação
caseira e para consumo local, não
deixa
de ser realmente curioso o facto
de terem
sempre, existido em Loriga,
pessoas
vocacionadas para dar a estes
enchidos
tradicionais um paladar
inconfundível e único,
e do melhor que se pode
encontrar.
***
-3-
Leite Creme
Torrado à
Loriga
Sobremesa
tradicional que
obrigatoriamente
pertence à
Gastronomia
Loricense e
normalmente
para acompanhar
com o Arroz Doce.
Receita:
0,5 lt de leite
250 gr. de açúcar
2 colheres de chá,
de farinha maizena
1 casca de limão
4 gemas de ovos .
Põe-se o leite ao
lume com raspa de
limão
e antes de ferver
junta-se a farinha
com o
açúcar mexendo
sempre.
Juntam-se as
gemas batidas
fora do lume
para não talharem
e vai novamente
ao lume
até engrossar.
Deita-se numa
travessa e
polvilha-se com
açúcar, depois
com uma pá em
brasa queima-se.
Pode ainda ser
servido junto com
farófias.
-5-
Tapioca
Fécula de
mandioca,
usualmente
preparada em forma
granulada, muito
alimentícia.
Preparação:
Coloca-se a tapioca
em água, de um dia
para o outro,
com um pouco de
sal e raspa de
limão.
Depois retirada
dessa água, leva-se
ao lume brando,
juntando leite e
açúcar a gosto,
mexendo sempre
até notar
estar cozido.
Coloca-se numa
travessa, podendo
polvilhar-se com
canela
-6-
Biscoitos à
Moda de
Loriga
Juntar e bater o
açúcar, os ovos,
raspa ou sumo de
laranja, azeite e
aguardente.
Depois de tudo bem
batido, juntar a
farinha e Pó Royal
e bater até notar a
massa pronta.
Com as mãos
estender e
entrelaçar nos
formatos que mais
entender. Colocar
em tabuleiro
devidamente untado
(antigamente era
usado azeite) hoje
em dia é mais
usual a margarina
ou então ser
polvilhado com
farinha. É
importante o forno
estar bem quente.
-7-
-6 Ovos
-1 colher de Pó Royal
-500 gr, de Açúcar
-1 Colher de sopa de
azeite
-½ Litro de Leite
-Sumo de laranja
-Farinha a olho
-Bicabornato
Juntar todos os
ingredientes, que devem
ser bem batidos,
acrescentando a farinha
necessária até a poder
talhar.
Com a ajuda de uma
colher fazer as broinhas
elevando o
mais possível a massa do
feitio de um monte, por
isso
a particularidade de
popularmente serem
chamadas
Broinhas de "Cagote".
Colocar em tabuleiro
devidamente
untado (antigamente era
usado azeite) hoje em dia
é mais
usual a margarina ou
então ser polvilhado com
farinha.
É importante o forno estar
bem quente.
Apicultura em Loriga
Chás tradicionais
-9-
Desde 1500 a.C. que existem os relatos de povos recorrendo às ervas e plantas na obtenção
de benefícios medicinais. Mas sabe-se que a história dos Chás remonta de 2800 anos A.C.,
e está assentada nos costumes da velha China.
Percorrendo a região de Loriga, encontrará nos seus campos, soitos e pinhais, as mais
variadas plantas e ervas, hoje muito utilizadas como chás medicinais, determinantes para
suprimir ou melhorar um vasto leque de problemas de saúde.
Em Loriga, foi sempre usual o consumo de chás, nomeadamente os chamados:- chá preto,
cidreira, laranjeira, tília. Há alguns anos a esta parte que a população de Loriga se vem
dedicando mais aos chás de ervas tradicionais. Por isso, é muito frequente as pessoas
percorrerem os campos na procura dessas ervas, que existem um pouco por todo o lado
como é o caso da Flor da Carqueja, Malvas, Hipericão, Língua de boi e Barba de milho, entre
outros.
** **
** **
Cuidados importantes:
-Considerar que sendo produtos naturais estão mais sugeitos a possíveis alterações
-Secar as plantas ou ervas em locais resguardados do sol de preferência em casa
-Conservar sempre as plantas ou ervas em locais secos, frescos e ao abrigo da luz.
-Ao preparar: Após levantar fervura, deixe em infusão durante cinco minutos
- 10 -
Carolo
Farinha de milho grosseira, que depois de
preparada é bastante alimentícia.
Preparação:
Peneira-se e lava-se essa farinha, em seguida
vai-se colocando água quanto baste, para a
dissolver.
Leva-se ao lume não muito forte, acrescentado
leite
mexendo sempre até ficar espesso.
Ao servir, poderá ser adicionado, açúcar ou
leite, a gosto.
Queijo Fresco
Apenas feito para consumo caseiro, este queijo feito em Loriga é, no entanto, de muito bom
e excelente sabor.
- 11 -
Pão de Ló
Este Bolo tradicional em
Portugal, é feito por todo o
país e, em algumas zonas,
até com certa fama. Quando
feito à moda de Loriga é
popularmente chamado
"Pão Leve" sendo
reconhecidamente muito
apreciado pelo seu sabor
delicioso.
Abóbora
- 12 -
A Abóbora é um fruto (pepónio) da aboboreira, por vezes muito grande, hoje muito utilizado
na confecção de doces, compotas e pratos de culinária. É um dos legumes com mais
hidratos de carbono complexos, fornecendo betacaroteno, uma substância que se converte
em vitamina A no organismo.
A cabaça; carneira; chila; menina; porqueira; d´água, são as designações vulgares das
espécies ou subespécies muito cultivadas em Portugal.
Antigamente, em Loriga, a maioria das espécies da abóbora era popularmente chamada por
"botelha", apesar de não haver uma grande cultura deste fruto, existia no entanto, um pouco
por todo o lado. Noutros tempos, eram relativamente muito poucas as pessoas a
confeccionar a abóbora na alimentação. Aliás, tempos houve, em que a abóbora era
praticamente utilizada na alimentação dos animais.
Porém, hoje, a realidade é bem diferente. Além de ser muito utilizada na confecção de
doces, é também muito apreciada e utilizada na comida, nomeadamente em sopa, feijoada
e, também, muito inserida em pratos regionais.
A cabaça, chila e menina, eram as espécies de abóbora que mais se cultivavam em Loriga
mas, hoje em dia, também aparecem as outras espécies. Sendo muito procurada chegam a
ser colhidas abóboras de grandes dimensões e com bastantes quilos.
Uma originalidade em Loriga, era a espécie da cabaça em forma de 8, a qual depois de
seca, era-lhe tirado o seu recheio e transformada em vasilha para bebida .
Broa de Milho
Nota:- A broa cozida nos fornos de lenha (como os que existiam em tempos passados) fica
na realidade diferente, mesmo até com um sabor inconfundível difícil de esquecer.
- 14 -
Região da
Serra da
Estrela:
Especialidades
Vinhos de Região:
Região classificada
Indicação de
Denominação de Proveniência
Origem Registada
Controlada: -Castelo Rodrigo;
-Dão Pinhel;
Cova da Beira; Covilhã
- 15 -
"Míscaros"
Cogumelos da família das
Poliporáceas, encontram-se
com frequência
em Portugal, normalmente nos
pinhais, sendo também
cultivados.
Na região circundante de Loriga,
nascem com uma certa
abundância , as espécies de
cogumelos chamados
"Míscaros brancos e amarelos"
e o "Tortulho", que começam
justamente por aparecer quando
das primeiras humidades do
Outono, sendo muito
procurados para consumo
caseiro, porque de facto são
muito apreciados pela
população desta localidade. Por
isso e principalmente nos fins
de semana são muitas as
pessoas que percorrerem as
matas e pinhais de Loriga, na
sua colheita.
E necessário também ter um
certo cuidado ao colher os
"Míscaros" só devendo apanhar
as espécies comestíveis, de
maneira alguma colher espécies
das quais não tenha a certeza
ou mesmo que lhe sejam
desconhecidas.
"Zimbro"
Arbusto rasteiro e espontâneo
com tronco e casca
rugosa e cinzenta, que pertence
à família das Pinásceas .
Sobrevive e tem como meio
habitat terrenos expostos ao
Sol, nas grandes altitudes,
geralmente até aos 2.500
metros, por isso muito frequente
na Serra da Estrela. Os seus
bagos estimáveis servem para
tratamento e curas medicinais,
sendo também muito utilizado
em aguardente devido ao seu
poder aromático e fertilizador.
- 17 -
Castanheiro
s
Na região de
Loriga existem,
com uma certa
abundância,
estas
espontâneas
árvores,
normalmente de
grande porte
pertencentes à
família das
Castanáceas (ou
Fagáceas) em
que a sua
preciosa madeira
é muito
aproveitada
As Castanhas é
o fruto comestível
destas árvores,
que gera a
criação de
diversos pratos
(sopa, puré,
estufadas,
assadas,
cozidas).
Assadas e
cozidas, são o
meio mais usual,
que quentes e
boas, apetecem
nos dias de frio
da região.
- 18 -
Oliveiras
Árvores de folhas persistentes da
família das Oleáceas muito
cultivada em Portugal, em que os
seus frutos (azeitonas) são
utilizados na alimentação e no
fabrico do azeite.
Na realidade, Loriga, não é uma
região de grande abundância de
árvores de Oliveira, no entanto,
um pouco por todo o lado, e
espontaneamente, podem-se ver
muitas destas árvores.
Em registos antigos, dão-nos
conta de ter existido em Loriga,
um Lagar de azeite,
considerando isso como rara
excepção, a exploração da
azeitona nesta localidade, tem
sido uma prática, que poderá
entender-se, apenas, para o
consumo alimentício e
unicamente caseiro.
- 19 -
O Cão "Serra da
Estrela"
Os "Cães da Serra da Estrela" muito utilizados na guarda dos rebanhos são uns verdadeiros
companheiros dos pastores.
Em épocas passadas, eram importantes na Serra da Estrela, tinham mesmo um papel
fulcral nas defesa dos rebanhos nas lutas contra os lobos. Usavam à volta dos pescoço uma
larga coleira em ferro com compridas pontas para se defenderem desses animais ferozes,
que tinham na Serra da Estrela um dos seus meios habitar.
- 20 -
Os Lobos
- 21 -
Animal carnívoro,
selvagem, da família
dos canídeos, de
pelagem
predominantemente
cinza (alguns são
preto retinto),
misturado com pelos
brancos, negros e
marrons.
O Lobo é um animal
predador, sendo as
ovelhas, os bovinos e
outros animais de
criação as principais
presas para a sua
alimentação.
Já foi muito comum a
existência destes
animais na Serra da
Estrela, no entanto,
hoje a sua extinção
nestas paragens
parece ser cada vez
mais real.
Tempos houve em que
os lobos abundavam
por toda a serra,
sendo conhecido
como um animal
maldito e prejudicial,
onde os relatos nos
davam conta dos seus
defeitos: devorador de
ovelhas, de cabras e
por vezes de gado
com mais envergadura
ou mesmo atacando
homens.
Não se conhecem
relatos em Loriga, de
os Lobos alguma vez
chegarem ao povoado
propriamente dito, mas
o mesmo se não pode
dizer da região
circundante,
nomeadamente nas
quintas próximas,
onde existem registos
de terem aparecido, e
de inclusivamente,
tentarem atacar
pessoas.
- 22 -
Dos Pastores e dos seus cães são muitos os relatos existentes, que nos dão conta das
muitas lutas que chegaram a ter com os lobos na defesa dos seus rebanhos, que se tornava
muito complicado quando os lobos atacavam em matilha. Neste caso os lobos usavam um
método, por vezes com algum sucesso, que consistia em um grupo de lobos fazer-se
perseguir pelo pastor ou pelos cães de guarda, enquanto um segundo grupo atacava o
rebanho.
Bugia (1970)
Carro e Vassoura de varrer ruas
(1980)
***
***
Chocalho (1922)
- 23 -
Pulverizador
Alumínios de cozinha
-1-
Localização
Província da Beira Alta
Distrito da Guarda
Região de loriga
Região da Serra da Estrela
Estrada Nacional Nr.231
Estrada Nacional Nr.338
Situada na encosta sudoeste da Serra da
Estrela entre os 770 e os 1200 metros de
altitude
População
Tendo como principal actividade a industria
têxtil, os
habitantes de Loriga, no final do ano 1999 e fim
do
milénio, estavam registados em cerca de 1660
pessoas, população efectiva.
Mas nos anos da década de 1940, a população
chegou atingir números acima de 4.000
pessoas
Os Loricenses ausentes espalham-se pelas
cinco
partes do mundo, sendo os residentes no
norte do Brasil considerados desde sempre a
maior comunidade Loricense a residir no
estrangeiro
Localidade Industrial
Começando por ser uma terra industrial a partir das primeiras décadas de 1800, no ano de 1881, era já a localidade mais industrializada da Serra da Estrela e da
Beira Interior,só suplantada pela Covilhã, com 7 unidades de produção têxtil empregando mais de 300 operários.
Até à primeira metade do século XX, era considerada a localidade industrial mais importante do seu concelho, e do Distrito da Guarda.
***
Distância quilométrica de Loriga - A25 (Mangualde) - cerca de 55 Km.
***
Distância quilométrica de Loriga - Guarda, Capital do Distrito - cerca de 89 Km.
***
Distância quilométrica de Loriga - Sede do Concelho - cerca de 20 Km.
***
Localidades mais próximas:
Cabeça cerca de 7 Km.
Alvoco da Serra cerca de 8 Km.
Valezim cerca de 8 Km.
Sazes da Beira cerca de 8 Km.
-4-
-Bombeiros 953255
Voluntários
-G.N.R. 953152
-Centro 953191
Ass.Paroquial
Actual Pároco
Padre João António Gonçalves Barroso (desde Outubro/2002)
-5-
Missas Dominicais
Sábado 20,30 horas - Domingo 11,30 horas
Transportes Rodoviários:
***
***
***
***
***
Indicativos Telefónico
Código Postal
Roteiro de Loriga
Vias
Sinais Convencionais
(Av)=Avenida (B)=Beco (C)=Calçada (L)=Largo
(Q)=Quelha (P)=Pátio (R)=Rua (T)=Travessa
****
(A)
-A (R) - Fica no Bairro Engenheiro Saraiva e Sousa -Augusto Luís Mendes (Av) - Começa no final da Av.
(Vista Alegre) do
-Adro da Igreja (L) - Fica no meio da Rua Sacadura Brasil e termina no local conhecido por
Cabral. "Carreira"
-Amoreira (T) - Começa na Rua Coronel Reis e -Avenal (R) - Começa na Rua Fonte do Vale e
acaba no Largo do Reboleiro antiga termina na ETAR
"Quelha do Rato".
(B)
-B (R) - Fica situada no Bairro Engenheiro Saraiva -Bombeiros Voluntários de Loriga (R) - Começa no
e Sousa (Vista Alegre) Largo da Lição e termina no Bairro das Penedas.
-Barroca (T) - Princípia na Rua Sacadura Cabra e -Brasil (Av) - Começa na Estrada Nacional Nr. 231 e
termina na "Quelha da Barroca" propriamente dita. termina no principio da Avenida Augusto Luís Mendes
(C)
-7-
-C. (R) - Fica no Bairro Bairro Engenheiro Saraiva e -Clube (P) - (nome popular) - Fica no local conhecido
Sousa (Vista Alegre) por "Praça".
-Cabeço (R) - Começa na Rua Viriato no local -Comunidades Loricenses (R) - Começa no final da
conhecido pelo "Terreiro do Fundo" e acaba no alto Rua Dom Afonso Henriques, no local conhecido por
do "Cabeço" (sem saída) "Volta" e acaba no inicio da Rua da Fândega.
-Cantigas (P) - (nome popular) - Fica no meio da -Cónego Nogueira (R) - Começa no local conhecido
Rua Vasco da Gama e no final da Rua Santo Cristo. por
-Cecília (Q) - Princípia na Rua Gago Coutinho e finda "Praça" e acaba no Largo do Reboleiro.
na Rua Coronel Reis. -Constânça Brito (R) - Começa na Rua Sacadura
-Chão das Relvas (Av) - Começa no final da Rua Cabral
Padre Lages (Bairro Padre Lages-Escorial) e termina na Rua Viriato.
-Chão do Velho (T) - Princípia na Rua Gago Coutinho -Coronel Reis (R) - Princípia no final da Av. Luis
e termina na Rua José Mendes Veloso. Mendes
no local conhecido por "Carreira" e acaba na Rua
Gago
Coutinho.
(D)
-Doutor Amorim da Fonseca (L) - Fica na Rua Gago
-D (R) - Fica no Bairro Engenheiro Saraiva Coutinho.
e Sousa (Vista Alegre).
-Dom Afonso Henriques (R) - Começa no Largo do
Reboleiro e termina no local conhecido pela "Volta".
(E)
(F)
-Fândega (R) - Começa no final das Ruas do Vinhô e -Fonte do Mouro (R) - Começa na Av. Augusto Luis
das Comunidades Loricenses. Mendes e acaba na Estrada Nacional Nr.231,
-Figueiredo (T) - Começa na Rua Gago Coutinho e no local conhecido por Vista Alegre.
acaba na "Quelha" com o mesmo nome. -Fonte do Vale (R) - Começa na Rua Viriato e
-Flores (R) - Começa na Rua Cónego Nogueira e termina
acaba no final da Rua Viriato, no local conhecido na Rua da Fândega.
por "Vinhô"
(G)
(J)
(N)
(O)
(P)
-8-
-Padre António Mendes Lages (R) - Começa na -Pelourinho (T) - Começa no Largo do Pelourinho.
Rua Santo Cristo e termina na Rua Viriato. -Porto (R) - Começa no local conhecido pela Ponte
-Padre António Roque Abrantes Prata (Av) - Prin- do Porto e acaba no principio da Rua de São
cípia no fim da Av. Brasil e termina no local Sebastião.
conhecido por "Volta" -Praça (T) - Começa na Rua Gago Coutinho
-Padre Lages (R) - Começa na Estrada Nacional no local conhecido pela "praça", e termina no
Nr.231 e estende-se por todo o Bairro com o portão do "Casarão antigo Sindicato" (sem saída).
mesmo nome, ou Bairro do Escorial.. -Professor Alberto Pina Gomes-(R) - Fica
-Passos do Senhor (R) - Começa na Rua Coronel no Bairro das Penedas (3ª. Rua).
Reis e acaba no Largo do Reboleiro. -Professor Egas Moniz (R) - Começa
-Pastor da Estrela (R) - Começa na Rua do na Rua Fonte do Mouro e acaba na Escola
Vinhô e acaba na Rua da Fonte do Vale. Primária (sem saída).
-Património dos Pobres (T) - Começa na -Professora Alice Almeida Abreu-(R) - Fica
Rua Cónego Nogueira e finda no Bairro dos Pobres. o Bairro das Penedas (1ª. Rua).
-Pelourinho (L) - Fica na Rua Gago Coutinho. -Professora Irene Almeida Abreu (R) - Fica
no Bairro das Penedas (2ª.Rua).
(Q)
(R)
-Reboleiro (L) - Fica no fim da Rua Cónego Nogueira -Redondinha (R) - Começa no final da Avenida
e principio da Rua Dom Afonso Henriques. Brasil e termina na Redondinha propriamente
-Reboleiro (T) - Começa na Rua Coronel Reis e dita (sem saída).
termina na Rua Cónego Nogueira. -Regato (R) - Começa no principio da Rua das
Comunidades Loricenses e final da Rua D. Afonso
Henriques e termina na Firma "Pinto Lucas" (sem
saída).
(S)
-Sacadura Cabral (R) - Começa no Largo do Santo -São Bento (R) - Começa na Rua Santo Cristo
António e termina no Largo do Adro da Igreja. e termina na Rua Viriato.
-Sacadura Cabral (T) - Começa na Rua Sacadura -São Ginês (B) - (nome popular) - Fica no Bairro
Cabral (sem saída) de S.Ginês (sem saída).
-Sacavém (R) - Começa na Rua do Porto e termina -São Ginês (R) - Princípia no Largo do Terreiro da
no termo do local conhecido pelas "Lages" Lição
-Santo António (L) - Fica no fim da Av. Augusto Luis e termina na Rua Gago Coutinho.
Mendes e princípio da Rua Sacadura Cabral -Sociedade Recreatica Musical Loricense (R) - Co-
-Santo António (T) - Começa no Largo do Santo meça na Rua Sacadura Cabral e termina no fim
António e termina na Rua Coronel Reis. da Rua Viriato no local conhecido por "Vinhô".
-Santo Cristo (R) - Começa na Rua Sacadura
Cabral e termina na Rua Padre António Mendes
Lages.
(T)
-Teixeiro (R) - Começa na Av. Augusto Luís
-Tapadas (R) - Começa na Estrada Nacional Mendes e termina no local conhecido por "Moenda"
Nr.231, e termina nas "Tapadas" propriamente dito. -Terreiro da Lição (L) - Fica na Rua Gago Coutinho
-Tapado (R) - Princípia na Rua da Fândega e estende-se até Bairro do S.Ginês.
e termina no "Tapado" propriamente dito.
(T)
-Vasco da Gama (R) - Começa na Rua Sacadura -Vinhô (T) - Começa na Rua do Vinhô e termina
Cabral e termina na Rua Viriato. na Rua da Fândega.
-Vinhô (R) - Começa no fim da Rua Viriato -Viriato (R) - Começa no fim da Rua Sacadura
e termina no princípio da Rua da Fândega. Cabral no lugar conhecido por "Terreiro do " Fundo"
e termina no princípio da Rua do Vinhô.
****
Avenidas
Bairros
-9-
Estradas
Largos
Ruas
Travessas
Quelha
-Cecilia 6270-085
-----------------------------------------------------------------
Localidade Anexa
-Fontão 6270-071
****
Bairros
-Bairro da Vista Alegre - Fica na Estrada Nacional Nr. 231 no trajecto para Alvoco da Serra.
-Bairro das Penedas - Fica no termo da Rua dos Bombeiros Voluntários de Loriga, local conhecido por Penedas e junto à Ribeira de Loriga.
-Bairro do Padre Lages - Fica na Estrada Nacional Nr.231 no trajecto para Valezim (lugar conhecido por Escorial)
Bairro do Património dos Pobres -Fica no lugar conhecido pelo mesmo nome.
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Capelas
- 10 -
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Fontes
Os Fontaneiros na Vila:
Outras Fontes:
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Pontes
-Cortiçor - Fica na Estrada Nacional Nr.231, no lugar conhecido por "Cortiçor" e passa sobre o Ribeiro do Cortiçor afluente da Ribeira de Loriga (passagem de
trânsito e peões)
-Duas Ribeiras - Ficam no local conhecido por "Pisão do Barruel". São duas pontes, uma sobre a Ribeira da Nave e outra sobre a Ribeira de São Bento
precisamente onde esta ribeira termina. (ambas destinadas a passagem de peões)
-Fabrica Nova - Fica junto à Firma "Moura Cabral" e passa sobre a Ribeira de São Bento (passagem de peões)
-Leitões - Fica na Estrada Nacional Nr. 231, no lugar conhecido pelos "Leitões" e passa sobre a Ribeira de São Bento (Passagem de trânsito e peões)
-Porto - Fica no começo da Rua do Porto e, passa sobre a Ribeira de São Bento (passagem de trânsito e peões)
-Regato - Fica no local conhecido por "Regato", é um pequeno viaduto sobre a Ribeira de São Bento, construído nos tempos recentes, (passagem de peões).
-Ribeiro da Ponte - Fica no caminho da Canada no local conhecido por "Ribeiro da Ponte", passa sobre a Ribeira da Nave (passagem de peões)
-Romana - Fica no local conhecido por "Moenda" e passa sobre a Ribeira de Loriga. Esta ponte é mais antiga de Loriga por isso considerada património loriguense,
(passagem de peões).
Nota:- Para os tempos futuros, existe já o pensamento do arranjo do caminho de acesso, no sentido da sua utilização para passagem de viaturas, no entanto, para
esse efeito, será necessário efectuar um estudo aprofundado das condições deste património de Loriga.
-Tapadas - Fica no local conhecido pelas "Tapadas" e passa sobre o Ribeiro das Tapadas afluente da Ribeira de São Bento (passagem de trânsito * e peões)
-Zé Lages - Fica na Estrada Nacional Nr.231, no local mais conhecido por "Zé Lages" hoje mais conhecido por Praia Fluvial, passando sobre a Ribeira da Nave.
(passagem de trânsito e peões).
* Passagem condicionada
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Generalidades
- 11 -
As barragens no alto da serra apresentam condições para a prática de desporto náuticos, não sendo permitido no entanto, desportos motorizados.
Os inúmeros caminhos florestais são apropriados a passeios e a provas organizadas de veículos todo-terreno que estão sujeitos a autorização prévia do PNSE
(Parque Nacional da Serra da Estrela).
Nas zonas elevadas da montanha as provas são interditas e os passeios apenas são permitidos nas estradas alcatroadas
Existe uma estância de Sky situada nos Covões de Loriga na Torre, entre os 1890 metros e os 1990 metros, com 4 pistas das quais a maior tem 800 metros, num
desnível de 100 metros e a menor, de escola, tem um comprimento de 150 metros num desnível de 200 metros. A capacidade estimada é de 500 utilizadores/hora,
havendo aluguer de material.
1- Do alto da Torre até à Vide, está sinalizado um troço dos percursos pedestres de Grande
Rota Serra da Estrela - T1.
Para os que gostam de vencer as dificuldades, do contacto com o mundo natural, da grandiosidade das paisagens, de solidão e do silêncio da alta montanha, subir
a Garganta de Loriga é um desafio. São 8 horas ida e volta com um desnível de 1223 metros.
2- Percorrer o fundo do vale, junto à ribeira de Loriga até ao Casal do Rei é conhecer de perto todo o engenho desta gente na transformação das encostas. São 6
horas ida e volta. É difícil.
3- Passeio pelo vale da Ribeira de São Bento. Formas tradicionais de vida, visíveis nos caminhos em calçada, na disposição dos terrenos em socalcos, no sistema
de rega, nas culturas, na vegetação e nos velhos edifícios de granito dispersos pelo vale. Um traçado fácil, que percorre o vale e sobe até meia encosta, ao longo
das duas margens da ribeira, Circuito de duas horas.
4- Passeio panorâmico sobre Loriga. O casario, os socalcos, a alta montanha, um cenário sempre imponente que este trilho proporciona ao longo do seu traçado.
Percurso fácil com uma duração de duas horas.
5- Na rota do T2 - Percursos Pedestres de Grande Rota, Serra da Estrela - Sobe até ao alto da Portela do Arão observando as curiosidades duma zona de contacto
entre as rochas de granito e xisto, o que resta duma calçada romana e ainda o aproveitamento agrícola do vale. Percurso fácil com uma duração de duas horas.
Seguir na direcção da ponte do Porto, subir depois a rua do pitoresco bairro assim chamado por "Porto.
Depois da subida da rua, pouco depois chega à Capela de São Sebastião, que continuando a estrada e depois de passar a "Casa do velhos" chega ao Cemitério,
que estando aberto poderá visitar os ente queridos e amigos ali sepultados.
Descendo a catraia chega ao Recinto da Nossa Senhora da Guia, onde poderá passar algum tempo de laser e descanso, bem como, uns momentos espirituais e de
devoção à Virgem.
O regresso poderá optar pelo mesmo itinerário, ou então no cemitério seguir para a esquerda pela estrada na direcção da Senhora da Guia Nova, onde tomará a
estrada nacional, na direcção da vila. (Neste caso irá percorrer cerca 4.500 Km.)
Seguir até aos Leitões e depois a estrada nacional em direcção a Alvoco da Serra, passando pela Praia Fluvial, Campo do Futebol, fonte dos "Azeiteiros" junto à
casa do Guarda, onde poderá saborear uma das melhores águas que já mais tenha bebido. Continuando pouco depois está no Mirante, então sim poderá desfrutar
de uma das mais bela paisagens da vila de Loriga.
Poucos metros à frente siga a estrada do Fontão, hoje com novo piso, podendo sempre admirar um panorama que decerto não mais vai esquecer. Esta estrada o
levará até ao local chamado Mestre Brava, onde está instalado o Emissor TV. Aqui poderá contemplar um cenário de verdadeiro encanto, tanto olhando para Loriga
ou então para o panorama que se estende para o lado sul. O itinerário de regresso pode ser o mesmo, ou optando pelo outro lado da montanha (estrada velha do
Fontão) até à estrada nacional. (Neste caso irá percorrer cerca de 17,500 Km.)
Subir o Outeiro até aos Leitões e depois a estrada nacional em direcção a Valezim, chegando à Senhora da Guia Nova. A partir daqui pode ir admirando a paisagem
encantadora que se estende até à Vide, passa pelo lugar conhecido por Malha Pão e cerca de duas centenas metros mais chega à Portela de Loriga. Uns metros
mais à frente e já depois da "Fronteira" como popularmente as pessoas chamam, pode olhar o deslumbrante vale que se estende para o norte.
Se estiver interessado pode seguir a programada estrada para a Torre, e uma centena de metros vira à esquerda chegando ao "Viveiro" onde aqui também poderá
contemplar o mesmo vale de perder a vista. O itinerário de regresso é o mesmo.
Inicio com destino à ponte do Porto, subindo a rua deste pitoresco bairro, pouco depois está na Capela de São Sebastião, um pouco mais e após a subida da
estrada chega ao Cemitério.
No caso de estar aberto pode aproveitar a visitar os ente queridos e amigos ali sepultados. Continuando o passeio, sobe a estrada um pouco mais e chega ao local
chamado Chão do Soito.
Aqui toma o trilho da Calçada Romana, seguindo com destino ao local conhecido pela Campa. Desvia-se do caminho e poderá admirar uma Sepultura
antropomórfica, conhecida pelo Caixão da Moura. Voltando ao trilho da Calçada Romana vai sempre subindo até à estrada Nacional chegando ao local mais
conhecido pelo Malha Pão.
Aqui tomará a direcção à vila e pouco depois encontra-se na Senhora da Guia Nova, onde poderá descansar e admirar o imponente vale que se estende até à Vide.
Continuando o seu caminho pela estrada chega aos Leitões e descendo o "Outeiro" chega à "Carreira".
Inicio com destino ao Teixeiro, aproveitando para visitar o único Moinho movido a água ainda em laboração. Pouco depois chegará à ponte Romana e sempre no
trilho da Calçada Romana passa pelas Resteves e chegará à Casa do Guarda e de seguida está na Fonte dos Azeiteiros.
Aqui aproveite a saborear a água da Fonte e descansar um pouco, pois a subida até ali foi um pouco puxada. Siga pela estrada na direcção à vila passando pelo
campo de futebol, ponte do Cortiçor e uns metros mais está na Praia Fluvial, onde poderá tomar banho nas águas mais límpidas que já mais tenha conhecido.
Admire ainda a ponte do Zé Lages, uma obra arquitectónica.
Siga sempre pela estrada até aos Leitões e depois a direcção ao Centro da vila, que o levará à "Carreira".
Inicia o passeio com destino à Fonte do Vale, seguindo depois o caminho que vai dar até à Etar. Continuando siga a direcção até às Duas Pontes onde se junta as
duas ribeiras.
De seguida toma a trajecto da encosta da Tresposta onde começa a subir a ingreme subida percurso por trilho ou mesmo estrada florestal, na direcção ao sul, que
vai ter à estrada do Fontão e um pouco mais de uma centena de metros está no local chamado Mestre Brava onde se situa o Emissor TV. Aqui pode descansar um
pouco aproveitando para desfrutar de uma das mais belas paisagens que a retina dos seus olhos poderá contemplar.
Tendo como cenário a vila que poderá admirar a cada passo que dá, segue pela estrada do Fontão na direcção do local conhecido por "Selada" onde encontrará a
estrada nacional chegando logo em seguida ao Mirante. Aqui poderá admirar mais uma vez uma das mais linda paisagens que já mais alguma vez viu.
Siga a estrada na direcção da vila, passando pela Fonte dos Azeiteiros, perto da casa do Guarda aproveite a saborear uma das mais puras águas que já mais tenha
ingerido.
Após descansar mais um pouco, desce pelo caminho Romano, passa pelas Resteves e chega até à Ponte Romana sempre seguindo chegará ao Teixeiro e pouco
depois chega à "Carreira".
Seguir até à Fonte do Vale e aqui tomar a direcção da ETAR, depois passando nos Pilhós chega ao local onde se junta as duas ribeiras. Procure os trilhos
existentes na margem esquerda da ribeira que o seu curso leva direcção ao Alva. Nestes trilhos vive com a natureza onde poderá descobrir plantas que desconhecia
que pudessem existir ali.
Sempre na margem esquerda da ribeira poderá contemplar as águas límpidas que seguem no curso da ribeira bordejando a orla do monte que leva a água para os
regadio. Para trás vai ficando o poço "João freire" e depois de passar pelos locais conhecidos por Ribeiro do Rochinol, Alfreixeiro e Outeiro do Mingudiz, passa para
a margem direita e pouco depois está no Serapitel.
Iniciando a íngreme subida Segue pelo Fundo do Torno até às Costeiras que o levará à Campa, onde ali poderá admirar o Caixão da Moura (Sepultura
antropomórfica). Depois de descansar um pouco tome o caminho da Calçada Romana, chegando ao Chão do Soito, tome a estrada que segue na direcção do Bairro
do Porto, passando pelo cemitério, São Sebastião, Rua do Porto e chegada à Vila.
Descer a "Quelha da Barroca" passando pela Presa e pouco depois está na ponte que passa sobre a ribeira no local conhecido por Ribeiro da Ponte. Aqui seguir o
caminho que o levará ao local chamado "Canada".
Prepare-se para subir o trilho que pode ser a estrada florestal, numa íngreme subida, que o levará à estrada nacional muito perto da Casa do Guarda. Neste trajecto
poderá ao mesmo tempo admirar um cenário verdadeiramente paisagístico e encantador, inspirado em aventura e natureza.
Pare um pouco na fonte e saboreie a sua água, siga depois na direcção da vila pela estrada nacional até ao Campo de futebol. Aqui desça a rampa que o leva ao
campo onde tomará o trilho no pinhal das "Casinhas" até ao Caminho Romano muito perto da Ponte. Aqui seguir pelo Teixeiro com destino à vila, chegando à
"Carreira" .
Algumas sugestões e cuidados a ter numa condução melhor para a sua segurança e dos outros, principalmente quando a estradas ficam cobertas de
neve, todos os cuidados são poucos, assim como o estado e equipamento da viatura.
- 14 -
1. - Conduza sempre de velocidade reduzida com o maior cuidado e sem movimentos bruscos, evite travagens violentas e bruscas .
2. - Deitar líquido anti-congelante no radiador e nos outros depósitos de água como o que abastece o limpa-vidros.
3. - Controlar cuidadosamente a pressão dos pneus. Com a neve e gelo a cobrir o piso esses cuidados são importantes.
4. - Se as condições da estrada o justificar (muita neve e muito gelo) aplique correntes nas rodas da viatura .
5. - Com a neve e nevoeiro circule com os médios ligados, em caso de a viatura possuir utilize ainda os faróis de nevoeiro e verifique se todas as luzes do carro
estão em condições de funcionamento.
6.- Utilize os sistemas internos de ventilação e de desembaciamento.
7. - Verifique o estado da bateria, o nível da água destilada, o nível de óleo e o estado da correia da ventoinha.
8. - Não esqueça de levar na bagagem, luvas e botas impermeáveis, que poderão ser importantes no meio da neve o frio.
***
Proibição de Queimadas
Para preservação do Ambiente, para Protecção da Floresta e na Segurança da sua própria Vida, é expressamente proibido efectuar queimadas ou qualquer outro
tipo de fogueiras, sem serem previamente autorizadas e vigiadas pelos Bombeiros Voluntários da região.
-1-
A Noite dos Chocalhos, é uma tradição existente em Loriga que ocorre no dia 11 de
Novembro, dia dedicado a São Martinho. Apesar de ainda hoje se festejar, já pouco tem
haver como em tempos passados, que na realidade era festejado com grande
intensidade.
Nessas épocas já distantes, eram muitos os pastores que se juntavam carregados de
chocalhos e campainhas com as respectivas coleiras, que enfiavam nos braços e nas
pernas e, em marcha acelerada, davam voltas às ruas até altas horas da noite
provocando um barulho ensurdecedor que se ouvia por todo o lado e que, segundo
relatos antigos, até se ouvia na Portela do Arão. Por isso mesmo, nessa noite, as
pessoas pouco ou nada dormiam.
O Juiz, muito compreensivo, deu esta sentença que ficou famosa "Cada terra tem seu
uso e cada roca tem seu fuso, por isso temos que respeitar as tradições".
À medida que a actividade pastorícia foi diminuindo, com o desaparecimento dos
rebanhos e consequentemente dos pastores, esta tradição hoje em dia já não é o que
era, no entanto, continua a existir em alguns, a boa vontade, no sentido de conservar
esta tradição.
***
Nota:- A origem do chocalho é desconhecida, admitindo-se que tenha sido trazido pelos
Celtas, e foi usado para conduzir e guardar o gado, utilizando-se peças diferentes
consoante se tratava de vacas ou bois, cabras, ovelhas ou gado muar.
Para fazer um chocalho era preciso trabalhar o metal e depois levá-lo a cozer num forno,
a altíssimas temperaturas. Todo o trabalho de confecção era natural e cada chocalho
demorava horas a fazer. Era preciso talhar a folha de ferro, moldá-la, abrir um buraco
para meter o céu (onde se pendura o badalo), enchê-lo de barro, soldá-lo, levá-lo ao
forno e afiná-lo no final.
Hoje os Chocalhos existentes em Loriga, são praticamente peças de artesanato, que
valem por isso mesmo.
-3-
Os jogos tradicionais, fazem parte dos costumes, brincadeiras, passatempos e divertimentos populares, que
além de conterem situações muito diferenciadas, utilizam-se matérias fáceis de encontrar. Por isso mesmo,
são também muitos os utensílios utilizados para a prática desses jogos populares.
Podendo ser praticados por todas as idades, foram no entanto, desde sempre mais praticados na idade de
criança e adolescência e fizeram parte de muitas das gerações já passadas. Por isso também e,
compreensivelmente, o facto de muitos até já terem passado ao esquecimento.
Com o aparecimento da Televisão nos últimos anos da década de 1950 primeiro, e depois com o surgimento e
desenvolvimento de outros passatempos, foi-se perdendo o hábito de praticar muitos desses jogos populares e
tradicionais, os quais foram sendo esquecidos, fazendo hoje parte das recordações de várias gerações.
É certo que ainda hoje e um pouco por todo o lado, se vêm praticar muitos dos jogos tradicionais, só que não
com tanta frequência, como em tempos já passados, que fizeram parte da infância de muitas pessoas que hoje
os recordam com saudade.
Em épocas já distantes, era na realidade digno de registo o movimento demográfico em Loriga, onde
anualmente se registavam largas dezenas de nascimentos de crianças, ultrapassando por vezes a centena.
Por esse facto, era a população jovem que, nas suas brincadeiras e passatempos, praticavam os muitos jogos
populares, alguns do quais eram tradicionalmente muito próprios de Loriga.
Aqui se registam muitos do jogos tradicionais em Loriga de outras eras, uns mais relevantes e muito mais
usuais do que outros:
***
Jogo do Pião
***
O Jogo do Feijão
Era um jogo muito praticado em Loriga, exclusivamente pelos garotos, sendo a Primavera a época do ano normalmente mais usual na
realização deste jogo.
Qualquer garoto tinha uma pequena "taleiga" cheia de feijões que variavam de tipo e de valor no respectivo jogo.
Cada jogador estava munido de uma "bonzura" que era um disco de chumbo, ou ainda uma pedra de lasca ou cerâmica, que muito
contribuía para que os bolsos da "jaqueta" e das calças estivessem sempre rotos pelo peso daquele objecto.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
De entre o feijão comum, as "luinhas" que valiam mais, sendo que as "calhorras" eram ainda mais valorizadas. No entanto, era aceite
outro tipo de feijão, como feijões brancos, vermelhos, amarelos, pretos etc. Só ninguém recebia os modestos "Chicharos" porque não
tinham classificação.
O Jogo consistia em cada participante entrar com um determinado número de feijões que eram amontoados em lugar previamente
escolhido, colocando à frente um carro de linhas dos grandes, ou um casulo de milho, que recebia o nome de "Bixo"
Marcada a distância de onde os participantes deviam atirar a "bonzura" era dado o início à disputa, que consistia, cada um por sua
vez, procurar acertar o monte de feijões e afastar o "Bixo", ganhando parcial ou totalmente, conforme a distância a que ficavam os
referidos discos.
Por vezes, havendo dúvida em relação às distâncias, tanto da "bonzuras" como do "Bixo", era necessário fazer a medição com uma
palha.
***
-4-
Jogo exclusivamente praticado pelos rapazes, tinha a particularidade de ser considerado um jogo de "terror" para os vidros das
janelas.
Pensa-se que este Jogo seja um dos mais antigos, e que tenha sido praticado durante dezenas de anos, pela garotada de Loriga. Em
registos escritos da década de 1920, vamos encontrar já algumas referências a este Jogo.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Para jogar este jogo era necessário utilizar, um pau de pequenas dimensões mais ou menos de 20 cm., com as pontas aguçadas, bem
como um outro muito maior, mais ou menos entre 50 a 60 cm..
No chão, era desenhado um pequeno círculo, com cerca de um metro de diâmetro, que funcionava como o local de partida, e onde era
colocado o pau pequeno dos dois bicos.
O jogador com o pau maior, executava um toque numa das extremidades aguçadas, do pau de bicos, fazendo-o elevar-se no ar,
dando-lhe, de imediato, uma tacada de modo a alcançar o local que desejava.
Podia ser jogado por dois ou mais participantes. Os jogadores iam jogando alternadamente, sendo vencedor o que conseguisse
completar o percurso, previamente designado, no menor número de jogadas.
Quando o jogador, não conseguisse acertar no pau dos bicos, após o elevar no ar, caindo por conseguinte no chão sem lhe tocar,
perdia a jogada, dando a vez ao concorrente seguinte.
Era um jogo que poderia não chegar ao fim, de um momento para o outro. No entanto, por vezes, era interrompido bruscamente, com
os praticantes a desaparecerem do local o mais rapidamente possível, quando uma tacada um pouco mais forte, era certeira ais
vidros e, quando assim acontecia, era ver aquele que fugia mais depressa, "porque não tinha sido ninguém".
***
Jogo também muito praticado em Loriga, exclusivamente pelos rapazes. Sendo uma variante do jogo do "Pau do Bico"
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
O jogadores com o pau maior, executavam um toque numa das extremidades aguçadas, do pau de bicos, colocado dentro do circulo
desenhado no chão (local de partida), fazendo-o elevar-se no ar, dando-lhe, de imediato, uma tacada de modo a lança-lo para um
local mais longe possível.
Era depois medida a distância, entre o local onde tinha caído o pau dos bicos, até ao circulo, utilizando para isso o pau maior.
Ganhava o jogador que contasse mais medições.
***
O Rodízio
-5-
Argolas, aros de ferro ou aros de peneus, eram objectos tradicionais muito usuais um pouco por todo o lado, principalmente utilizados
pelos rapazes nas suas brincadeiras e divertimentos, aos quais chamavam Aros.
Estes Aros estiveram na origem de mais um jogo popular, a que tradicionalmente se dá o nome de Rodízio.
Em Loriga, estes aros eram vulgarmente apelidados pelos rapazes de "Rendizio" e, durante décadas, deliciou muitas gerações de
garotada.
Todos os garotos tinham o seu "Rodízio", que poderia ser de diversos tipos e tamanhos. Os tipos variavam desde uma argola grande,
aro de ferro ou de pneu ou, mesmo, aros das pipas de vinho, que eram empurrados e guiados por uma "Agancha", (guiador) de
arame, bem resistente, onde às vezes eram colocados carros de linhas vazios, a fim de deslizar melhor e evitar que o arame
"emperrasse" nas emendas dos arcos.
O "Rodízio" era como que um automóvel ou uma camioneta, cuja classificação dependia do tamanho que o aro tivesse. Para melhor
imitar um automóvel, à noite, colocava-se uma baraça acesa na "agancha", cujos morrões davam a impressão de dois minúsculos
faróis de advertência aos pedestres que estivessem pela frente.
Entre a rapaziada de Loriga existia, até, um método de aprendizagem para a condução do Rodízio, que os habilitava a conduzir com
uma certa perícia. Esse método, consistia em conduzir o Rodízio em cima do parapeito da levada da "Carreira" ou na borda do muro da
estrada da "Redondinha", considerando-se encartados os que conseguissem superar essa prova.
Estes locais, assim como outros idênticos um pouco por toda a povoação, serviam também para o confronto, na disputa de provas de
perícia ou outras competições.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Durante a prova, o condutor não podia parar no trajecto, nem deixar cair o arco porque, para além de perder o jogo, corria o perigo de
tomar um banho na levada ou cair para uma das courelas, o que não seria um pequeno tombo. Superava a prova aquele que
conseguisse efectuar mais rápido esse percurso, sem cair ou deixar cair o "Rodízio"
Também se fazia um outro tipo de provas que era as "Corridas de Rodízio". O trajecto era designado previamente, e com os
participantes posicionados na linha de partida, era dado o sinal para o início da prova. Vencia o participante que conseguisse transpor
a meta com o Rodízio, no mais curto espaço de tempo.
Era também disputada uma outra competição, que consistia em desenhar no chão um percurso relativamente estreito. Os
concorrentes, com o seu "Rodízio", tinham que percorrê-lo sem parar e sem sair, ou mesmo, sem pisar os limites do percurso
delineado.
***
Este jogo, quer pelas suas características, quer pelo envolvimento dos objectos utilizados na sua prática, era muito usual em Loriga,
sendo exclusivamente praticado pelos rapazes.
Os "Óculos" era o nome dado a pequenos discos de lata ou alumínio, com um buraco no meio, que eram adquiridos nas fábricas de
lanifícios, sendo provenientes das canelas dos fios necessárias para a laboração dos teares de madeira.
Havia dois tipos de pequenos discos (óculos). Os normais de lata e de valor relativo, normalmente (1 por 1) e os discos de alumínio,
os quais eram chamados de bonzura, com um valor muito mais elevado, chegando a valer quatro ou mais dos discos normais (lata).
A bonzura era o disco com o qual os concorrentes normalmente jogavam, uma vez que, sendo um pouco mais pesado que os de lata,
tinha uma melhor aderência ao jogo.
-Normas e respectivo desenvolvimento:
O objectivo deste jogo era ganhar as peças dos "óculos" aos adversários. O jogador ganhava um "óculo" ao seu adversário quando,
ao jogar o seu, o mesmo ficasse a um palmo ou menos do "óculo" do outro concorrente.
Este jogo poderia ser jogado com, ou sem a utilização de uma parede, e por dois ou mais participantes.
Jogado sem a utilização de uma parede, o primeiro participante a jogar, previamente escolhido, lançava o seu "óculo" para um local da
sua escolha, seguindo-se os outros participantes.
Ganhava aquele que, ao lançar o seu "óculo", ficasse a um palmo, ou menos, do óculo de outro participante. O jogo recomeçava
sempre, com o jogador que ganhasse na jogada anterior a ser o primeiro a jogar.
Jogado com a utilização de uma parede, era também escolhido o primeiro concorrente a jogar. O jogador colocava-se de frente a uma
parede contra a qual atirava o seu "óculo", ganhando o jogador que conseguisse ficar a um palmo ou menos de qualquer óculo dos
outros concorrentes.
Sendo considerado um jogo com um certo grau de dificuldade, o jogo com a utilização da parede tinha, no entanto, uma característica
que era o poder ser jogado recorrendo à ajuda dos pés.
O jogador colocava os seus pés em forma de V junto ao "óculo" do adversário, para melhor acertar. Normalmente esta táctica só era
utilizada quando os "óculos" estavam a uma distância relativamente pequena da parede.
Escusado será dizer quão maltratada ficava a parede, que não fosse de pedra, normalmente granito, com a realização deste jogo
contra a mesma.
Uma outra característica muito comum deste jogo era a garotada acumular os seus "óculos" enfiados numa baraça, aos quais
chamavam "chouriças"
***
-6-
Jogo do Esconder
Jogo muito usual dos meninos e meninas, é tradicionalmente o jogo mais popular, que faz parte das recordações de infância de quase
todas as pessoas.
Em Loriga era um jogo habitual nas brincadeiras das crianças, sendo mesmo um passatempo como que obrigatório.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Um participante previamente designado, fechava os olhos encostando-se contra uma parede. Um outro escondia um lenço ou outro
qualquer objecto, num local em redor do qual se desenrolava o jogo.
Depois do objecto escondido era autorizado o jogador de olhos fechados a tentar encontrá-lo. Todos os outros iam dando pistas:
- Frio!... Frio!... -quando se afastava do objecto escondido.
- Quente!... Quente! ... -quando se aproximava.
- A Queimar!... A Queimar!... -quando estivesse muito perto, quase a descobri-lo.
O jogador ganhava ao encontrar o objecto escondido. Caso o não encontrasse e se desse por vencido, perdia o jogo. Por isso era
excluído do mesmo.
Ganhava o concorrente que mais vezes encontrasse o objecto escondido.
***
Jogo normalmente praticado pelas raparigas, era muito usual em Loriga. Este jogo das "Semanas" era uma variante do tradicional e
popularmente chamado Jogo da Macaca, ainda hoje muito praticado pelas crianças e adolescentes, um pouco por todo o lado.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Num local plano, de terra ou de cimento, eram desenhados sete quadrados, chamados casas, respeitantes aos sete dias da semana,
por isso o nome deste jogo.
Era necessário uma pedra, de preferência rasa, para uma melhor aderência ao solo, (em Loriga era utilizado um pequeno pedaço de
telha).
A jogadora lançava a pedra para dentro do quadrado (casa), começando pelo primeiro. Depois, em pé coxinho, pulava para dentro
desse quadrado (casa) onde se encontrava a pedra e, sempre em pé coxinho, tinha que jogá-la e sair com ela até ao local onde tinha
começado.
Este operação tinha que ser efectuada por todos os sete quadrados (casa) completando assim a prova. Só era permitido jogar a
pedra uma única vez, dentro de cada quadrado (casa).
A jogadora que lançasse a pedra e esta ultrapassasse a casa para a qual era destinada ou, se caísse em cima dos limites dos
quadrados, ou se saísse fora desses limites, perdia a jogada, dando a vez à participante seguinte.
Perdia também, quando a pedra lançada ao pé coxinho ultrapassasse a casa seguinte, ou se a jogadora pisasse algum dos riscos.
Quando essa concorrente voltasse a jogar, recomeçava no local onde tinha perdido.
Quando uma jogadora pisasse o risco havia uma maneira curiosa de dizer, "Queimastes" o risco.
Era vencedora a participante que ganhasse o maior número de jogos.
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Jogo do Eixo
-7-
Jogo tradicional, praticado por todo o lado, normalmente mais usual entre rapazes.
Em Loriga, era dos jogos mais praticados. Em épocas já distantes, bastava reunirem-se alguns rapazes, para logo alguém sugerir
jogar este Jogo, que tinham uma maneira própria de praticá-lo.
O número de jogadores era variável, sendo que, quanto maior fosse o número, mais interessante se tornava o jogo.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Um jogador previamente sorteado, colocava-se curvado (amochado), principiando por amochar-se apoiando os cotovelos nos
joelhos. Com vista a aumentar o grau de dificuldade do jogo, na segunda volta, apoiava as mãos nos joelhos e, com o desenrolar do
jogo, ia ficando menos amochado, chegando mesmo só a ficar com a cabeça ligeiramente curvada.
Os concorrentes tinham que saltar por cima do participante amochado, apoiando as mãos nas costas e as pernas obrigatoriamente
abertas.
Havia uma outra maneira de jogar este jogo, que consistia em os participantes saltarem sem colocarem as mãos nas costas do
jogador amochado só que, neste caso, este mantinha sempre a primeira posição, ou seja, com os cotovelos nos joelhos.
Perdia o jogador que não conseguisse saltar e, como penalização, ia ocupar o lugar do jogador amochado, ficando na posição que
este já tinha.
Era vencedor aquele que saltando mais vezes fosse menos penalizado.
Outra variante do Jogo do Eixo, consistia em saltar sucessivamente sobre todos os participantes, de forma que todos saltassem
amochando-se em seguida. Em Loriga, era curioso ver-se a garotada percorrer as ruas da Vila a praticar este jogo, dai resultando
tamanha algazarra que, por vezes, irritava os mais idosos.
***
Jogo da "Mosca"
Era um jogo muito praticado em Loriga, exclusivamente pelos rapazes que, tanto mais interessante se tornava, quanto maior fosse o
número de participantes. Muito praticado também por todo o lado, quase sempre nos tempos de infância, este jogo varia de nome
conforme a região.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Apesar de também ser praticado individualmente, este jogo tinha por norma ser praticado entre várias equipas, constituídas por igual
número de elementos.
Definida a ordem de participação das equipas e, ainda, a equipa a amochar, esta colocava-se contra uma parede ou muro com os
respectivos elementos colocados uns atrás dos outros.
As outras equipas iam saltando para cima da equipa amochada, um elemento de cada vez, (por vezes era obrigatório fazê-lo rápido)
e, à medida que cada participante se fixava em cima dizia "mosca".
Todos os elementos participantes tinham que conseguir ficar em cima da equipa amochada, de modo a não caírem ou tocar com os
pés no chão.
Desta forma, ia-se constituindo uma espécie de montanha humana, uns sobre os outros, sendo que os jogadores da equipa
amochada teriam que suportar sem ceder ao peso.
Se a equipa amochada não suportasse o peso dos adversários, continuava a ser a equipa a amochar.
No caso da equipa que saltava, se não conseguisse colocar todos os seus elementos em cima, ou se, qualquer elemento já em cima,
escorregasse ou tocasse com um pé que fosse no solo, essa equipa perdia e passava a ser a equipa amochada.
Este jogo era jogado sempre sobre grande algazarra, para irritação da vizinhança que por vezes não suportava tal barulheira.
***
Saltar com uma corda, faz parte de uma disciplina de treino, hoje em dia muito utilizado.
O saltar à corda, é também um meio de diversão, que também faz parte dos jogos tradicionais, praticados um pouco por todo lado. O
jogo Saltar à Corda, foi igualmente muito usual em Loriga, normalmente praticado pelas raparigas nos seus passatempos e
brincadeiras.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
O Jogo de Saltar à Corda, podia ser disputado por várias participantes ao mesmo tempo (corda grande) ou individual (corda pequena).
Numa corda relativamente grande, duas praticipantes pegavam nas extremidades fazendo-a balançar, em movimento circular (dando
à corda).
As participantes, individualmente, entravam na corda e sempre saltando de acordo com o movimento da corda. Tinham que manter-se
dentro durante determinado tempo previamente designado. Pela mesma forma tinham que sair, tudo isto, sem interromper o normal
andamento da corda.
Também era jogado com vários concorrentes ao mesmo tempo, que tinham que entrar e sair, sempre saltando, de acordo com o fosse
determinado e conforme a ordem de participação dos concorrentes.
Perdia a participante que prendesse a corda, deixando por isso de rodar e, quando isso acontecesse, essa concorrente era
penalizada sendo excluída do jogo, podendo ainda ter que tomar o lugar de pegar na corda (dando à corda).
O ritmo do movimento da corda podia variar, dificultando ou facilitando, a tarefa dos saltadores dentro da corda.
Outra variante do jogo de Saltar à Corda, consistia saltar com a corda pequena (normal jogo de saltar à corda) em que as
concorrentes individualmente faziam a prova.
Jogar este jogo, poderia variar consoante o definido: -Saltar com os pés juntos, ou em pé coxinho.
Nestes jogos de Saltar à Corda, ganhava sempre o concorrente que durante as provas tivesse menos faltas.
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Jogo do Anel
Jogo praticado entre as crianças, é um dos jogos tradicionais ainda muito praticado por todo o lado.
Nas suas brincadeiras, as crianças em Loriga, tinham também muito o hábito de jogar o "Jogo do Anel", na maioria das vezes não
utilizando propriamente um anel, mas sim outro qualquer pequenino objecto.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Os participantes ficavam uns ao lado dos outros, com as palmas das mãos fechadas, como as do portador do Anel.
O portador passava as suas mãos, no meio das mãos de cada um dos jogadores, deixando cair o anel na mão de um deles, sem que
os outros percebessem.
Depois de ter passado por todos os jogadores, o portador perguntava a um de cada vez: -Quem ficou com o Anel?..
Caso o jogador não acertasse pagava a prenda (castigo) que os outros participantes mandassem.
Se o jogador acertasse, passava a ser o novo portador do Anel.
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Jogo do Rapa
Jogo muito utilizado um pouco por todo o lado, era também considerado um jogo de sorte e azar.
Em Loriga era um jogo também muito usado, principalmente pelos rapazes, no entanto, tinha a particularidade de ser necessário ter
uma Piorra de quatro faces, o que por vezes nem todos os garotos tinham.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
A Piorra tinha em cada uma das faces as letras:- R (Rapa); T (Tira); D (Deixa); e P (Põe). Era jogado a feijões, por vezes a botões, a
rebuçados e também muitas das vezes a "palhaços" (cromos) com a figura dos jogadores de futebol.
Os jogadores em número variável, colocavam-se todos à volta num local plano de preferência liso. Cada participante efectuava a sua
casadela (colocação da respectiva comparticipação) relacionada ao que fossem jogar. Depois de o jogador movimentar rotativamente
através dos dedos indicador e polegar ou médio, o Rapa, este acaba por tombar ficando com uma face virada para cima, indicando
assim a sorte do jogador.
-R - Ganhava tudo o que estava na mesa
-T - Tirava apenas um peça
-D - Deixava um peça
-P - Punha lá outra peça (casava)
***
Jogo do Lenço
-9-
Praticado um pouco por todo o lado, este jogo faz parte dos Jogos tradicionais, muito usual, principalmente em agrupamentos de
crianças. Em Loriga era hábito os professores e catequistas praticarem este jogo, nos recreios, como passatempo e divertimento
respectivamente na escola e na catequese.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Praticado por meninos e meninas, consistia em os participantes se sentarem no chão, colocando-se em roda com as mãos atrás das
costas. O centro da roda era o local de castigo chamado a "choca", ficando ali de cócoras os participantes castigados.
Um participante previamente designado, corria à volta e por fora da roda com um lenço na mão, deixando-o cair atrás de um dos
participantes na roda, continuando sempre a correr.
Quando o participante descobrisse que o lenço estava caído atrás de si, apanhava-o e tentava agarrar o outro, que continuando a
correr, tentava alcançar o lugar que tinha ficado vago na roda.
Se o novo portador do lenço conseguisse apanhar o anterior, antes de ocupar o lugar vago, este era penalizado indo de castigo para
a "choca". No caso que o não conseguir agarrar, continuava o mesmo portador do lenço, a correr atrás da roda deixando o lenço
atrás de outro.
Quando o participante que tinha o lenço atrás das costas, disso não se apercebesse, e se o portador que ali o tinha deixado, após
dar a volta à roda o reaver, o ocupante desse lugar ia para a "choca" como castigo, continuando o portador do lenço a correr à volta
da roda deixando o lenço atrás de outro.
. O jogador que estivesse na "choca", só se livrava dela quando um outro jogador entrasse para lá.
Não era permitido a nenhum dos participantes na roda, avisarem aquele que tinha o lenço atrás das costas e, caso o fizesse era
castigado, indo para a "choca".
Este jogo também poderia ser jogado com os participante em pé, que podiam olhar pelo meio das pernas, se tinham o lenço atrás das
costas, não sendo, no entanto, permitido virar-se para trás.
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Jogo muito habitual entre as crianças, normalmente mais praticado pelas raparigas.
Em Loriga era também muito usual a prática deste jogo e, curiosamente, tanto por meninas como por meninos. Para o praticar,
procuravam as soleiras das portas, os degraus dos balcões, ou mesmo outros locais de cimento ou mesmo de terra.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Era necessário arranjar cinco pedrinhas, de preferência arredondadas.
Depois de estabelecida a ordem de saída, o jogador iniciava o jogo lançando as cinco pedrinhas ao chão, de forma a ficarem o mais
juntas possível. O jogador agarrava uma das pedrinhas, lançava-a ao ar e tinha que a apanhar.
Seguidamente o jogador colocava essa pedrinha nas costas da mão depois, com a mesma mão, agarrava outra pedrinha, lançando ao
ar as duas e, com a mesma mão, tinha de as agarrar quando estavam em queda.
Repetia toda esta operação, até conseguir acumular nas costas da mão, com êxito, as cinco pedrinhas.
No caso de falhar, dava a vez ao concorrente seguinte e, quando voltasse a jogar, recomeçava na situação onde tinha falhado.
Depois de ter efectuado e terminado todos os lançamentos com êxito, o jogador teria que pegar as cinco pedrinhas, lançá-las ao ar e
apanhá-las nas costas da mão.
Era vencedor o jogador que conseguisse ficar com o maior número de pedrinhas nas costas da mão.
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Jogo da Cabra-Cega
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Este Jogo faz igualmente parte dos chamados jogos tradicionais, muito usual por todo o lado, principalmente nos agrupamentos de
crianças.
Em Loriga, houve épocas em que era quase obrigatório a inclusão deste jogo nos convívios de crianças e jovens. Estamos a
lembrar-nos, por exemplo, nos recreios da escola e da catequese e também em convívios organizados pela JOC.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Era colocada uma venda nos olhos de um participante, para ser Cabra-Cega e, os outros participantes, colocavam-se de mãos dadas
formando uma roda.
A Cabra-Cega ficava no centro da roda, de cócoras e com os olhos tapados pela venda, seguindo-se o seguinte diálogo:
-Cabra-Cega, donde vens?..
-Venho da serra.
-O que me trazes?..
-Trago Bolinhos de canela.
-Dá-me um!..
-Não dou.
Dizem depois todos em coro:
-Gulosa, gulosa, gulosa.....
A Cabra-Cega levantava-se e tentava apanhar qualquer outro participante, ao mesmo tempo iam andando à sua volta, tocando-lhe e
dizendo: -Cabra-Cega, evitando ser apanhados.
Quando um jogador era apanhado pela Cabra-Cega, esta tinha que o identificar através do tacto. Se o conseguisse identificar
passava esse a ser a Cabra-Cega.
No caso de não conseguir identificar o jogador apanhado, continuava o mesmo a ser a Cabra-Cega.
Os participantes tinham que andar relativamente perto da Cabra-Cega, não sendo permitido portanto, deslocarem-se para muito longe,
***
"Palhaços", era o curioso nome que em Loriga se dava aos cromos que, naquela altura, simbolizavam as figuras dos jogadores de
futebol das equipas a disputarem o Campeonato da 1ª. Divisão.
Para quem queria fazer colecção de cromos, havia até cadernetas próprias que, para além de serem raras, nem toda a garotada tinha
posses para adquiri-la.
Estes cromos, (palhaços), vinham enrolados em rebuçados, que eram comprados nas vendas, mercearias ou mesmo em tabernas e,
por um tostão (centavo), podiam ser comprados três desses rebuçados.
Normalmente praticado pelos rapazes, este jogo consistia em ganhar ao adversário os cromos, por vezes em falta na sua colecção.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Podia ser jogado por dois ou mais concorrentes. Cada jogador tinha que (casar), colocar um cromo (palhaço). Os cromos ficavam
sobreposto com a face principal virada para baixo.
Os participantes, com a palma da mão ligeiramente curvada, davam um toque subtil nos cromos (palhaços) acumulados, tentando virar
a face dos mesmos para cima.
Os concorrentes jogavam um de cada vez, alternadamente. Ganhavam o(os) cromo(os) que conseguissem virar.
***
Este jogo, chamado em Loriga por "Aeroplanos", era mais uma variante do conhecido jogo tradicional da Macaca e do Jogo das
"Semanas", praticado nesta localidade.
Praticado normalmente pelas meninas, não se sabe ao certo a origem do nome.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Num local plano de terra ou cimento, eram desenhados no chão diversos quadrados, que também chamavam de "casas",
Era necessária uma pedra, que a jogadora, de costas para o desenho, tinha que lançar começando pela primeira "casa".
De seguida tinha que saltar esse quadrado onde a pedra se encontrava, pulava por todas as outras (só colocando um pé em cada
quadrado) até à última, iniciando o percurso inverso do mesmo modo. Chegando onde estava a pedra, tinha que apanhá-la, saltar
esse quadrado e pular pelos restantes até sair fora.
A jogadora tinha que efectuar esta operação por todos os quadrados, até completar a totalidade do desenho, que lhe permitia vencer
a prova.
A participante perdia quando, ao lançar a pedra, esta saísse fora, ficasse sobre algum risco ou caísse no quadrado que não
pertencia. Ao voltar a jogar a concorrente começava no local onde tinha perdido.
A casa onde a pedra se encontrava, de maneira alguma poderia ser pisada.
Era vencedora a participante que ganhasse o maior número de partidas .
- 11 -
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Jogo muito usual em agrupamentos de convívios, praticado por pessoas de várias idades e de ambos os sexos.
Trata-se de um jogo verdadeiramente divertido, ainda hoje praticado um pouco por todo o lado.
Em Loriga, tempos houve em que também era habitual a prática deste jogo, nomeadamente, nos anos áureos da JOC, que até tinha
Sede própria e que, na organização de convívios, agrupamentos e passatempos, este jogo constituía um dos divertimentos.
Este jogo, que em Loriga de chamava de "Puxar à Corda", é o mesmo que noutros lugares e, mais tradicionalmente, chamavam de
Tracção à Corda"
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Disputado em sistema de equipas, com igual número de elementos, era necessário ter uma corda relativamente grande.
Num local, com espaço livre de obstáculos, era marcado no chão um risco, entre as duas equipas em disputa.
De cada lado do risco e, pegando na corda, colocavam-se os grupos. Ao sinal de partida, cada equipa puxava a corda para o seu
lado, ganhando aquela que conseguisse arrastar a outra até o primeiro jogador ultrapassar o risco no chão.
Era também atribuída a derrota à equipa cujos jogadores caíssem ou largassem a corda.
A corda era sempre puxada com as mãos, não sendo por isso permitido que os jogadores a enrolassem no corpo.
***
Jogo do "Caracol"
Jogo tradicional, praticado um pouco por todo o lado, tanto por meninas como por meninos, faz parte das brincadeiras e passatempos
das crianças.
Ao contrário de muitos dos outros jogos tradicionais, este jogo era de todos o menos praticado em Loriga, sendo apenas usual a sua
prática nesta localidade, pelas crianças que vinham de fora passar as férias, talvez pelo facto de fazer parte das suas brincadeiras
nos locais onde viviam.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Era desenhado no chão de terra ou cimento, um caracol grande, com apenas um quadrado no principio do mesmo.
O jogador lançava uma pedra, (de preferência uma pedra rasa para uma melhor aderência ao solo), para o quadrado no inicio do
caracol. O participante, em pé coxinho, vai empurrando essa pedra até conseguir alcançar o centro do caracol, sem que esta saísse
do interior do desenho.
Perdia se a pedra saísse do interior do desenho do caracol, dando a vez ao jogador seguinte.
Ganhava o concorrente que conseguisse completar a prova em menos vezes a empurrar a pedra.
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Jogo caracterizado como divertimento, é ainda hoje praticado um pouco por todo o lado, normalmente em festas populares e também
religiosas.
Apesar de em Loriga, nunca ter sido uma constante o hábito desta corrida, no entanto, chegou a fazer parte das Festas da Vila
realizadas na décadas de 1950, sendo na "Carreira" o local onde se efectuava esta corrida.
-NORMAS E RESPECTIVO DESENVOLVIMENTO:
Era marcado um percurso no chão com uma linha de partida e uma de chegada (meta). Os participantes enfiavam um saco de
serapilheira nas pernas até à cintura segurando as abas com as mãos.
Os concorrentes colocavam-se atrás da linha de partida. Após o sinal para a partida, deslocavam-se em direcção da meta, ganhando
aquele que chegasse primeiro.
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- 12 -
São muitas as pessoas que a Loriga se deslocam, para ouvir a Amenta das Almas,
atraídas pela sua fama. Também a esta Vila se deslocou um dia, Michel Giacometti,
grande pesquisador por todo o país, das tradições, dos cantares, dos usos e costumes,
aos quais dedicou a sua vida em Portugal.
Esta secular tradição em Loriga, da Amenta das Almas, puderam assim, ficarem
registadas na grandiosa obra desse histórico pesquisador de tradições portuguesas.
- 13 -
Apesar de existir um piedoso costume de manter durante o ano, os cemitérios floridos, torna-se ainda mais
carismático durante o mês de Novembro (Mês das Almas).
O mês da Almas, começa praticamente com o culto aos defuntos, um ritual cristã vindo dos tempos mais
remotos, onde será difícil de encontrar um lugarejo onde esta tradição não esteja arreigada até à medula, nos
hábitos das famílias e das paróquias.
Loriga, não foge à regra, um dia antes do primeiro dia do Mês das Almas, as sepulturas no cemitério, são
"melhores arranjadas", com flores, velas, lampiões, lamparinas, num cenário de verdadeira fé e pesar, de
muitas recordações, de muitas tristezas e de muitas saudades.
São muitos os Loriguenses ausentes que se deslocam à sua terra no 1 de Novembro - Dia de todos os
Santos. Neste dia do culto dedicado aos defuntos, por hábito, os familiares e amigos deslocam-se à Igreja
Matriz, juntando-se em Procissão que o Pároco faz muito perto do final do dia em romagem de saudade ao
cemitério local, que se enche de gente, chorando os seus familiares mortos, unindo o passado e futuro num só
presente.
No dia 2 de Novembro, dia dedicado aos fieis Defuntos, é realizada a missa por todas as Almas.
- 14 -
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* *
* *
* *
A Sagrada
Família
Vem de longe a
tradição em Loriga,
em que as imagem
de São José, de
Nossa Senhora e do
Menino Jesus,
devidamente
resguardados num
pequeno oratório,
percorre as casas
da Vila numa
verdadeira
manifestação de fé.
São algumas as
Sagradas Famílias
existentes em
Loriga, distribuídas
por diversas zonas
da vila sendo que,
durante a
permanência em
cada casa há
sempre a
preocupação de a
mesma estar
iluminada,
normalmente
utilizando para o
efeito uma
lamparina.
Habitualmente, a
permanência da
Sagrada Família em
cada casa é de 24
horas e, no seu
percurso, as
pessoas vão
colocando esmolas
num pequeno
compartimento.
Após ter circulado
em todas as
habitações, uma
zeladora
encarrega-se de
recolher as ofertas
que, por sua vez, as
entrega à Paróquia
para obras de
caridade.
Com a população a
diminuir, com muitas
casas fechadas por
motivo de ausência
dos seus
proprietários e,
- 16 -
- 17 -
Domingo de Ramos
Procissão dos Ramos para a Igreja Matriz, onde são benzidos, Missa dos Homens e
Via-sacra dos Homens (à noite) pelas principais ruas da Vila, terminando na Igreja
Paroquial com uma cerimónia do encerramento a ser cantada por todos, com versos
alusivos ao martírio de Jesus, entre muitos este da Mãe Dolorosa.
Quinta-Feira Santa
Procissão do Senhor dos Passos pelas ruas da vila, numa grande manifestação de fé e
devoção.
Sexta-Feira Santa
*
- 18 -
As Janeiras
Sob uma forma mais ou menos cristianizada, os povos modernos persevaram tradições
cujas origens pagãs atestam a sua antiguidade. É disso exemplo o cantar das Janeiras
que, em Portugal é uma tradição que, segundo alguns, remonta ao século XIV.
Na Vila de Loriga, essa tradição vem-se mantendo através dos tempos, que começa
com aproximação do Natal até aos Reis. No entanto, hoje em dia é uma prática mais
usual entre grupos de jovens e homens, no sentido de conseguirem algum valor
monetário para determinado objectivo em vista.
Está ainda bem viva na lembrança de muitos Loricenses o cantar das Janeiras, de
tempos passados, em que, grupos de crianças, jovens e homens, percorriam as ruas
indo de porta em porta, cantando em louvor do Menino Jesus lindas quadras de
fraternidade e amor que o povo fez, dedicadas a essa quadra natalícia, acompanhadas
pelo simples tanger de ferrinhos, desejando Boas-Festas aos seus moradores.
Nesses tempos, como o dinheiro era pouco, era também muito pouco o valor monetário
que os cantadores de Janeiras recebiam. Normalmente as crianças eram contempladas
com guloseimas, os homens e jovens recebiam em troca a oferta de filhóses, figos,
castanhas secas, chouriço e um copito de aguardente.
Depois destas quadras era aguardado uns momentos, esperando pela gratificação,
quando tardava, cantava-se a quadra seguinte:
Mais uns momentos de espera e quando mesmo assim, nada lhes era dado, cantava-se
assim:
Trelinca o martelo
E torna a trelincar
- 19 -
O "Cambeiro em Loriga"
Há mais que uma forma para definir o "Cambeiro" . Originalmente, o Cambeiro era um
tronco de pinheiro alto e esguio que, em certas noites festivas, se fixava num lugar,
atando-lhe ramos que se incendiavam para iluminar o sítio.
De regresso ao adro, dá-se início ao leilão de todas essas ofertas, que revertem para o
culto e Festa anual de São Sebastião que actualmente se festeja no mês de Julho.
-1-
*** ***
-2-
Os Bicarões
Situado na Penha dos
Abutres, este local assim
chamado, tem haver
pela formação ali de
deslumbrantes quedas de
água, nomeadamente
no inverno, às quais o povo
se habituou a chamar de
"Bicarões".
Local verdadeiramente
paisagístico, bem como,
toda a área
envolvente, ali chegados,
dá-nos a sensação de
voltar-mos para
trás no tempo, de dezenas
ou até centena de anos
No verão todo aquele local
se torna aprazível,
encantador e belo,
mas no inverno torna-se
temeroso e arrepiante.
Hoje de difícil acesso,
tempos houve, de existirem
caminhos acessíveis
que davam a terras de
cultivo que existiam bem
perto dos "Bicarões".
Em tempos já muito
distantes, os "Bicarões" foi
cenário de um trágico
acidente, que a poesia do
povo ainda recorda.
Os Bicarões
*
Lá em cima nos Bicarões
Há lá um poço sem fundo
Caiu p´ra lá a Maria Emília
Que logo foi ter ao outro mundo
*
Ai que saudades
Ai que paixão
Dos tempos que
Já lá vão...
-3-
* Relato popular
As Ribeiras de Loriga
Os motivos paisagísticos que mais impressionam olhando esta vila, são, sem dúvida, os recortes cravados em
profundos vales onde correm, do nascente para o poente, as ribeiras Nave e São Bento, que ali se fazem
deslizar, velozes e sinuosas as águas cristalinas que se juntam ao fundo da Vila.Ali,a ribeira de Loriga recebe
a ribeira de S.Bento,e depois de darem um abraço de feição a um altar maravilhoso de intermináveis
socalcos,na colina onde se encontra situado o centro histórico de Loriga. Esta ribeira de Loriga recebe as
águas da ribeira de Alvoco e vai-se incorporar no rio Alva junto à povoação da Vide, e as àguas são levadas ao
rio Mondego e este as leva-as ao mar.
-4-
- A Ribeira de Loriga -
A Ribeira de Loriga é, sem dúvida, a de maior caudal, principiando na "Garganta" junto aos poços de Loriga.
Tem a particularidade de somente uma fábrica de lanifícios ter sido construída junto a ela, ao contrário da
ribeira de São Bento onde, de facto se implantou a maior força industrial desta Vila.
Ao longo do seu percurso as águas da ribeira de Loriga foram, desde sempre, muito utilizadas para regadio,
assim como, também, muito úteis na movimentação dos muitos moinhos de água que um pouco por todo o
seu percurso chegaram a existir. É também por esta ribeira, que os Loricenses têm uma certa atracção pois,
desde sempre, eras nas águas cristalinas dos muitos dos poços nela existentes, que a população mais
acorria para se banhar, o mesmo acontecendo hoje, ao ter sido nela construída a Praia Fluvial de Loriga.
São muitos os poços que se estendem ao longo do leito desta ribeira e que parecem estar ainda na memória
de todos, ficando mesmo para sempre na recordação, porque de todos eles parece haver histórias para
contar.- Açude; Zé Lages; Pinheiro; Caldeirão; Meninas; Moinhos; Da Olinda; Curilha; Courelas; Eras;
Caneladas; Aparício; Forte,que é o mais profundo; etc .
Tem, como afluente, um pequeno ribeiro chamado do "Cortiçor" que se forma junto ao poço do Bicarões e se
vai juntar a esta ribeira junto ao poço do Pinheiro (Moenda). São quatro, as pontes que sobre ela passam:-
Ponte do "Zé Lages" a Ponte Romana, a do Ribeiro da Ponte e ainda uma outra de passagem onde as duas
ribeiras se juntam. Estas últimas três unicamente para passagem de peões .
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Ribeira de São Bento (cenário no Verão) Ribeira de São Bento (cenário no Inverno)
Menos vistosa, teve em tempos passados um papel fulcral e importante na vida e progresso desta Vila pois,
foi junto a esta, que foram construídas a maioria das fábricas e, foram essas suas águas que durante muito
tempo fizeram movimentar as mesmas numa grande força de laboração.
Também as águas desta ribeira, eram muito aproveitadas para regadio, assim como ainda hoje isso acontece
e, foram também muito utilizadas para movimentar os muitos moinhos que existiram ao longo do seu curso.
Não sendo muito utilizada pelos banhistas, por causa da poluição provocada pelos detritos da fábricas, tinha
os poços do "Ariel" "Marrecos" e "Piorca" além dos açudes, que serviam mesmo assim para "Chapinhar" .
Tendo como afluente um pequeno ribeiro que a ela se junta nas Tapadas, esta ribeira tem, algumas pontes
que por sobre ela passam e que são:- a Ponte dos Leitões, a Ponte do "Porto", uma pequenina ponte com
poucos anos junto ao Regato, a Ponte do Moura Cabral e, outra ainda, onde as duas ribeiras se juntam, sendo
as três últimas, unicamente para passagem de peões.
***
Nota: -As ribeiras de Loriga são, pois, algo que faz parte do que a Natureza construiu para dar à vila de
Loriga um esplendor de beleza, de riqueza, de vida e sobrevivência das pessoas.
Os Balcões de Loriga
Os balcões de pedra que se vêem um pouco por todas as ruas, largos e becos de Loriga antiga, fazem parte
da arquitectura rural da povoação desde o seu início, e são um contributo para a tornar numa vila bela, típica e
verdadeiramente acolhedora.
Ao percorrer a Vila de Loriga, decerto irá reparar em muitos Balcões de pedra, que dão o acesso a muitas das
habitações, havendo, em tempos, muitos mais.
-6-
Hoje com a cimentação de muitos dos Balcões de pedra o que, de certa forma, representa um atentado à
arquitectura tradicional e pitoresca da vila, os Balcões de pedra vão perdendo, desse modo, a sua
originalidade secular.
No entanto ainda hoje podemos ver muitos na sua originalidade até alguns ornamentados com vasos de flores,
o que os torna ainda mais pitorescos e bonitos.
Depois de vencerem os
Cartagineses, os Romanos
chegaram à Península Ibérica no
século III A.C. e, após muito
tempo de guerras, conseguiram
conquistar todos os territórios à
volta do mar Mediterrâneo,
dominando todos os povos que aí
viviam, e formando um grande
império.
Os povos do centro e norte da
Península Ibérica, como os
Galaicos e os Lusitanos,
resistiram heroicamente à
ocupação romana, durante quase
200 anos, mas acabaram
também por ser vencidos.
Para responder às exigências do
modo de vida, nomeadamente as
deslocações dos exércitos
romanos, as trocas comerciais,
permitindo uma ligação mais
rápida entre as principais cidades
e ainda uma melhor ligação no
envio para Roma das riquezas e
impostos, os Romanos
procederam à construção de uma
rede de estradas e pontes, que Calçada Romana em Loriga
continuam a permanecer até hoje
entre nós.Todas as localidades
importantes ou potenciais,já
existentes ou criadas pelos
Romanos,foram ligadas por
estrada ao restante império.
Uma dessas estradas ligava
Lorica a Egitânia e Conímbriga.
No seu trajecto por esta
localidade, são ainda bem
visíveis, em muitos locais, alguns
troços da Calçada Romana que
passava sobre as duas ribeiras,
tendo os Romanos construído
duas pontes, uma das quais
ainda existente.
-8-
Ponte Romana de
Lorica
Situada sobre a Ribeira
das Naves e, muito
perto do local
chamado por
"Moenda", é uma ponte
de um só arco, sendo o
século primeiro antes
de Cristo a data da sua
construção.
Faz parte dos muitos
vestígios da presença
romana em
Loriga,nesta zona da
Serra da Estrela.
Em alguns locais desta
vila, ainda hoje se
podem admirar troços
de
calçada
romana,estrada que
ligava Lorica a Egitânia
e Conímbriga. Ponte Romana em Loriga (Século I a.C.)
Sobre a Ribeira de São
Bento, existiu também
uma outra ponte
romana que fazia parte
do mesma estrada, só
que essa não chegou
aos nossos dias.
Ruas históricas e
tradicionais
Ponte do
Porto
Construída em
1882,um pouco a
montante do local
onde existiu,até ao
século XVI,a antiga
ponte romana,
esta ponte original
de Loriga, é
popularmente
chamada "Ponte
do Arrocho" devido
à sua
configuração. Ponte do Porto
Toda ela
construída de
granito, fica
situada sobre a
Ribeira de São
Bento, ligando a
povoação
propriamente dita
ao pitoresco
"bairro" do
Porto,cujas casas
foram construídas
ao longo da antiga
estrada romana.
Era Loriga de outras eras, em que existiam alguns destes Fornos, onde a população ia cozer a Broa de milho,
ou quando nomeadamente nos festejos para a Páscoa, ali também faziam os tradicionais e saborosos bolos,
mais propriamente os Biscoitos; as Broinhas, o Bolo Negro, o Pão de Ló, entre outros.
Os seus arrendatários iam aos pinhais e aos baldios, buscar a lenha para o pleno funcionamento dos
mesmos. Nesses tempos, estes Fornos eram de importância vital para a população, grande parte das
pessoas cozia ali o pão para consumo doméstico, por isso, era como que uma tradição ver-se diariamente, o
vai e vem das "masseiras" a passar nas ruas
"Ohhhhhh!.... Senhora Mardocarmo!... Uuuu!..Uuuu!..Uuuu!.. Amasse!... Está na hora". Este serviço dos mais
singulares sistemas de comunicação com as freguesas, era assim que os arrendatários dos fornos, gritavam
para outros pontos afastados da Vila, avisando que o Forno já estava a ser aquecido e portanto dentro de um
prazo convencional, deviam trazer a "masseira" para forno.
Hoje os Fornos públicos fazem parte das memórias, mas muitos, ainda hoje se recordam, quando vindo dos
Fornos, as "masseiras" ao passarem, deixavam no ar, o aroma apetitoso da broa já cozida .
- 11 -
*** ***
Começou a funcionar no Verão de 1998, tendo sido inaugurada oficialmente no dia 27 de Julho de 1999.
O Secretário de Estado do Ambiente José Guerreiro, deslocou-se a Loriga para a inauguração oficial onde foi,
também hasteada a Bandeira Verde com a qual foi premiada, devido à excelente qualidade das suas águas.
Com análises efectuadas pela sub-região de Saúde da Guarda estas águas, de verdadeira pureza e límpidas,
"podem até ser bebidas sem qualquer tratamento" dão ainda maior relevo à atribuição da bandeira verde, pelo
facto de ter sido esta Praia a única no Distrito da Guarda a merecer tão elevada distinção.
Situada numa magnifica paisagem desta localidade e da Serra da Estrela, é na realidade um local atraente e
agradável para tempo de descanso e de laser, não havendo quem, dadas as condições, resista a dar um
mergulho naquelas águas cristalinas.
Obra realizada com custos na ordem dos 20 mil contos, dos quais 75% foram financiados pela Câmara, estão
ainda em curso outros projectos, que incluem a criação de infra-estruturas, que visem tornar ainda mais
apetecível aquele lugar e a Praia fluvial.É um belo local,onde são ainda visíveis o efeitos do glaciar que abriu o
belo Vale de Loriga,como por exemplo a abundância de rochas de grandes dimensões que foram arrastadas
do alto da serra.
O sonho, vindo de longe, de tornar aquele local um espaço de vida em termos de qualidade ambiental foi, pois,
concretizado. Os Loricenses estão orgulhosos e, por certo, sabem que o visitante encontrará neste lugar um
cenário grandioso, atraente e emotivo.
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Caixão da Moura
- 13 -
A "Moura"
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"Garganta" de Loriga
"Garganta de Loriga"
***
- 15 -
Quem não conhece a Serra da Estrela, mal pode imaginar o que ela tem de grandioso e impressionante.
Considerada como a mais bela de Portugal, não só pela vastidão do panorama que se pode desfrutar mas,
acima de tudo, pela prodigalidade da natureza ali tão exuberantemente evidenciada tendo, na "Garganta de
Loriga",o melhor da sua imponência e sedução.
De qualquer lado que ela seja vista na sua grandiosidade, é cingida por gigantescas e alcantiladas massas
graníticas dum cinzento-escuro, que lhes dão a forma de desmesurado V, onde deslumbra o granito talhado
pelo Glaciar que há milénios era Rei e Senhor das terras altas, cravando a sua marca numa paisagem de
vislumbrar, que hoje podemos identificar com extrema facilidade, nos granitos polidos, nas moreiras e blocos
erráticos.Ali,o Glaciar teve enormes dificuldades em rasgar o granito duro e compacto,ao contrário do que
aconteceu do lado oposto da serra,no Vale do Zêzere,surgindo os dois espectaculares vales glaciares da
Estrela,com características diferentes.
O espectáculo que a natureza nos oferece da "Garganta de Loriga" é dos mais surpreendentes e, perante o
qual, nos sentimos diminuídos e subjugados, como águia já impossibilitada de dominar o espaço nas alturas.
No inverno em dias tempestuosos, impressiona pelo roncar constante dos vagalhões das suas cascatas, mas,
quando o sol doirado desponta sobre aquelas enormes penhas, os seus sorrisos abertos recebem lá os bons
dias do lindo sol para depois despejar pelos vales e Vila dando, assim, sinal da nova vida que está chegando: -
uma nova Primavera a sorrir num reino de esplendor que é o Vale de Loriga.
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Os Moinhos de Loriga
Os Fontanários na Vila
Percorrendo algumas das artérias principais desta localidade, decerto não deixará de reparar nas fontes onde
a água cristalina cai dia e noite, como uma sinfonia sem fim. Numa placa de mármore nelas fixadas se poderá
ler:- Colónia Loricense de Manaus 1905-1907. O visitante pára, por momentos olha e ao ler tais legendas,
pensará, que apesar de estarem muito longe, os filhos de Loriga não se esqueceram da sua terra.
A Colónia dos Loricenses em Manaus, mesmo longe pela distância, não esquecia também as necessidades
dos seus conterrâneos e, assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da construção de Fontanários na sua
terra.
Em 6 de Agosto de 1905 dia da Festa da Nossa Senhora da Guia, alguns Loricenses reuniram-se na casa do
Sr. José da Cruz de Moura Pina, tendo decidido constituir uma comissão com vista à angariação de fundos no
sentido de abastecer a população de Loriga de água verdadeiramente potável e em condições perfeitamente
higiénicas. Essa comissão ficou assim constituída:- José da Cruz de Moura Pina, Presidente;- Manuel de
Jesus de Pina, Tesoureiro;- José Alves Nunes de Pina, Secretário.
As Fontanários de Loriga, são pois obras vivas do passado, doadas por esses Loriguenses que apesar de
estarem longe, amavam a terra que tinha sido seu berço, não esqueciam as carências nela existentes e
também as necessidades das suas famílias.
Aqui se regista a Lista conhecida, de todos aqueles que contribuíram para este grande melhoramento de
Loriga :
"José da Cruz de Moura Pina, Joaquim Gomes de Pina; Joaquim de Pina Pires; Joaquim Ambrósio de Pina;
António Ambrósio de Pina; José Ambrósio de Pina; António de Brito; Manuel de Jesus de Pina; Augusto
Mendes Gouveia; Joaquim Lopes Cecília; José Alves Nunes de Pina; António Alves Nunes de Pina; Emidio
Alves Nunes de Pina; Jeremias Alves Nunes de Pina; Joaquim de Pina Monteiro; António Pina Monteiro; José
Pina Monteiro; António Gomes Leitão; Abílio Santos Ferrito; José Gomes Luiz Lages; António Gomes Luiz
Lages; Afonso Duarte Jorge; Manuel de Moura Pina; João de Moura Pina; António de Moura Pina; Abílio Diogo
de Gouveia Albino Pinto Martins; António da Silva Páes; António Alves da Costa; Abílio Cardoso de Pina;
José Ambrósio de Pina; Abílio Fernandes Nogueira; João Luis de Moura; António Doas dos Santos; António
Luis de Moura Pina; Carlos Augusto da Costa; Olarias-proprietários Francisco Santos e José Duarte Pina;
Henrique de Moura (Joaquim); Olaria-proprietários José G. de Pina e José de Brito Pina; José Nunes Caçapo;
António Gonçalves de Pina; António de Brito Miguel; Manuel de Brito Inácio; José de Pina Pires Júnior;
António de Pina Monteiro; João Gonçalves de Brito (Alvoco); José Diogo Ferreira; António de Brito; António
Gomes Luiz; Joaquim Lopes de Brito; Alfredo da Costa; Abílio Duarte dos Santos; Manuel Pinto Abranches;
Germano Diniz (da Carvalha); Emília Mendes de Pina; João Fernandes de Moura; António Duarte dos Santos;
João Henrique Freire (da Barriosa); Joaquim Gomes de Brito (Alvoco); Henrique Pinheiro; João Luiz dos
Santos; Francisco de Brito Pinheiro; Plácido Nunes Amaro" .
Nota:-Fazem parte desta Lista mais alguns nomes, só que se encontram ilegíveis.
São três os Fontanários edificados na Vila :- Fonte do Adro; Fonte das Almas; Fonte do Porto .
*
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"As Râmbolas"
Nos anos doirados de grande laboração das fábricas de lanifícios em Loriga, tal como em outras localidades
industriais, as râmbolas constituíam um cenário curioso, hoje já muito pouco usual, tendo em conta o
progresso e tecnologia actual.
As Rambias ou, mais correcta e vulgarmente chamadas Râmbolas, eram compridas armações de madeira ou
ferro, munidas de escapulos, eram normalmente construídas nas zonas industriais junto das fábricas, onde se
punham compridas peças de pano a secar, servindo ainda como verdadeiros esticadores.
- 19 -
As Râmbolas nesta localidade, deixaram aos poucos com naturalidade de ter a primitiva utilidade e foram
desaparecendo desses mesmos locais onde tinham sido construídas. No entanto, continuam na memória de
muitos que, em crianças, ali saltavam, corriam e balouçavam, nunca pensando que um dia teriam um fim.
As Palheiras de Loriga
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"Alminhas"
Vozes do passado sibilando
vindo em ventos outonais
lembranças que vêm do além
em dissonâncias infernais.
Séculos, tempestades e noites
ecos de saudades profundos
num pensamento térreo
em outras eras, outros mundos.
À beira dos caminhos vêm
sombras que não voltaram
passos trémulos se extinguiram
lá para longe e não regressaram
Em linguagem de granito
eco surdo de mistificação sentida
mão em chamas se eleva
num espirito e ânsia incontida
*
Em frente dumas "Alminhas"
Não há decerto ninguém
Que não recorde saudoso
As Almas que Deus lá tem.
Rua de São Sebastião,antiga estrada romana (Junto ao Cemitério)
A "Carreira"
- 24 -
Este local de Loriga, tradicionalmente assim chamado, faz parte da Avenida Augusto Luís Mendes, hoje em
dia considerado um lugar central, havendo mesmo quem diga, ser a sala de visitas desta Vila.
O nome de "Carreira" como popularmente se conhece, vem já de há muitas dezenas de anos atrás, mais
precisamente, quando começou a haver em Loriga camionetas de transportes públicos, pois era este o local
onde chegavam e donde partiam essas carreiras, tal como acontece nos tempos de hoje.
Este local da Vila de Loriga, que em tempos longínquos começou por ser a entrada para esta povoação,
poderia ser visto de todos os mirantes, dali se avistando, também, paisagens inconfundíveis é, nos tempos
actuais, uma avenida bem central e ainda local de encontro dos que chegam e dos que partem.
Lugar de rara beleza, que uma certa geração loricense ainda recorda, num cenário de muitas árvores com um
certo porte, bem alinhadas de um lado e outro da avenida, que se estendia até ao "cabo da carreira". Nessa
extensão, num dos lados, corria silenciosamente a água de uma levada feita de pedra de granito envelhecidas
pelos tempos, onde muitos se sentavam principalmente no verão à sombra daquelas árvores, dando um
panorama inconfundível que não podia ser esquecido pelo desenhador, pintor ou fotografo de ocasião.
Nos primeiros anos da década de 70, foi este local tema de verdadeira transformação, numa perspectiva de
futuro, com a construção de muitas novas casas e num grande desenvolvimento comercial, daí o dizer-se que
é a avenida central de Loriga.
Este local de Loriga, ficou marcado na memória de uma certa geração de Loricenses, ao qual se habituou a
chamar "Carreira" que, apesar das muitas transformações porque já passou, irá, de certo, marcar as gerações
vindoiras.
As "Cruzes das
Alminhas" nos caminhos
Monumentos simbólicos que
sinalizam um lugar onde tenha
ocorrido morte inesperada e
violenta de alguém. Fazem parte
de um culto popular, que teve um
maior incremento a partir do
século XVII, com particular
incidência mais a norte do rio
Mondego.
Em Loriga, no lugar chamado "As
Calçadas"(calçada romana),
encontra-se um
desses monumentos, testemunho
do assassinato de
de uma mulher, em tempos há
muito distantes, quando por
aquele
local passava o acesso de e para
outras povoações.
Cruz na antiga estrada romana
Cemitério de Loriga
***
Fica situado sensivelmente a cerca de 600 metros do centro da vila e muito perto do recinto de N.S. da Guia.
A construção deste Cemitério, deveu-se na necessidade de proceder à substituição do cemitério então
existente, e que se situava onde é hoje o Largo do Santo António.
Em 1894, foi deliberado pela Câmara Municipal, a construção de um novo cemitério, vindo ao encontro dos
pedidos que há muito vinham sendo feitos, pelas autoridades administrativas de Loriga.
A trasladação dos restos mortais deste largo para o actual cemitério, só ficou concluída mais ou menos no
ano de 1927, havendo até relatos que dão conta de que, quando se iniciou a construção das casas naquele
largo, ali serem encontradas ossadas.
Com a aquisição dos lotes de terra, que a população vai adquirindo para sepultar os seus familiares, o
cemitério actual tem vindo a ficar sem espaços disponíveis. Assim, há alguns anos a esta parte, a autarquia
local desenvolveu esforços no sentido de encontrar uma solução,embora sem ser a melhor, tendo já concluído
num terreno ao lado o respectivo alargamento.
O Mirante de Loriga *
Socalcos "Courelas,Levadas e
Regos"
Os socalcos,conhecidos localmente por
courelas,são,juntamente com uma
complexa rede de irrigação,uma obra
gigantesca construída pelos Loricenses
ao longo de muitas centenas de
anos,transformando um vale belo mas
rochoso,num vale fértil.
Os Loricenses modelaram a paisagem
com os socalcos,e hoje eles são um
exlíbris da paisagem de Loriga.
Um pouco por todo o lado, nos
arredores da Vila
de Loriga, damos conta da existência de
Socalcos e de Levadas que
os antepassados um dia construíram
para encaminharem
as águas, necessárias para
movimentação das fábricas,
dos moinhos e, principalmente para as
colheitas.
As Levadas são, pois, estreitos canais
que transportam
a água, em muitos casos transformados
Lavadouro das Penedas
em aquedutos
quando o terreno assim o exige,
irrigando o solo palmo
a palmo e destinadas, como se disse, a
levar a água a todos
os locais onde fosse necessária.
As Levadas de Loriga, todas elas
construídas a partir
das ribeiras chegam, muitas delas, até à
povoação, onde as
suas águas se encaminham para depois
deslizarem nos regos
que ainda hoje podemos ver nas ruas.
Estes regos e levadas demonstram bem
Rego na Rua Coronel Reis
ao visitante,
ser Loriga uma região de muita e
preciosa água.
Uma curiosidade típica de algumas
Levadas de Loriga
era os lugares próprios, que nelas
existiam, que as
mulheres utilizavam para ali lavarem a
roupa.
Ribeira de Loriga
- 30 -
*** ***
A Serra da Estrela sendo a mais elevada de Portugal Continental com 1991 metros de altitude,
impõe-se por ser erguer bruscamente entre áreas aplanadas e pouco elevadas, a planície da
Beira Baixa a SE,conhecida por Cova da Beira e o planalto da Beira Alta a NW.
Do ponto de vista geológico é um afloramento granítico com cerca de 280 milhões de anos
(Paleozóico) entrecortado aqui e além por filões de quartezíticos, por depósitos glaciários e
fluvioglaciários e interrompido a NE por complexos xistograuvaquicos e anteordovícicos que
também o rodeia a Sul e a SW.
Presume-se datarem de cerca de 65 milhões de anos (Paleozóico) as principais linhas de fractura
que condicionaram grandemente o relevo e a estrutura actual da Serra da Estrela, bem como o
encaixe da rede hidrográfica da região, tendo-se verificado o levantamento tectónico somente no
final do Terciário (finais do Miocénico início do Pliocénico) por efeitos da orogenía Alpina que
submeteu o maciço a movimentos epirogénicos.
No tempo geológico, a Era Quaternária tem particular interesse, porquanto é nesse período que
decorre a evolução rápida do homem, se estabilizam os climas regionais, se define a forma
exterior da crosta terrestre nas zonas com cobertura glaciária.
Durante a última glaciação, uma acentuada baixa de temperatura invade a Europa e à
acumulação de sucessivas camadas de neve e de gelo nas elevações, seguiu-se o desprender e
deslizar vagaroso, para mais baixos níveis das enormes massas de gelo. As línguas de gelo
migrantes, com maior velocidade na parte central e arrastar vagaroso nas margens, fragmentam-
se e desenvolvem poderosas forças que arrancam, estriam, gastam e dão polimento às
superfícies em que deslizam.
Na Serra da Estrela a diversidade de línguas glaciárias existentes deveu-se sobretudo à
topografia pré-glaciárica e às condições climatéricas durante a glaciação. A posição do Sol no
verão relativamente à orientação dos vales bem como os ventos dominantes no inverno teriam
sido dois factores importantes dessa glaciação.
Nesta superfície onde houve gelos móveis, as rochas brilham ao sol devido ao seu polimento
provocado pela abrasão dos materiais por eles transportados. Este trabalho erosivo gerou no
terreno enormes degraus denominados escadarias de gigante, e rochas arredondadas lembrando
o dorso de ovelhas e por isso designadas de aborregadas. Um dos principais factores que
contribuíram para estas formas foi a direcção do movimento do gelo que no primeiro caso seria
perpendicular às fendas do granito e no segundo teria a mesma direcção.
Os glaciares que mais se afastaram atingiram o seu fim, ao encontrar menores declives e
temperaturas que os fundem. Morreram, deixando amontoados de calhaus mal rolados e detritos
que transportaram, que salpicaram a paisagem com o aparecimento de alongados e amontoados
blocos com tamanhos diversos, as moreiras, que constituíram a carga transportada pelos
glaciares, posteriormente depositada por perda de capacidade de transporte, assim como, alguns
blocos de grande dimensão designados por blocos erráticos, que foram deixados em locais
distantes da sua origem.
Como resultado de tais movimentos foi adquirida uma estrutura em degraus orientados,
evidenciando nos patamares os restos da aplanação primitiva, que foi modelada por diferentes
tipos de erosão, destacando-se na designada "Serra do Cântaros" a acção dos glaciares
Wurmianos (cerca de 27 mil anos).
A espectacular Garganta de Loriga,na parte elevada do vale com o mesmo nome,numa àrea
que ofereceu grande resistência à acção erosiva do glaciar.
O planalto do cimo da Estrela teria sido coberto por uma calote de gelo (cerca de 80 metros de
espessura, para alguns investigadores) da qual divergiram os antigos glaciares em número de
sete, muitos dos traços desses antigos glaciares encontram-se por toda a área da Serra e vão
desde circos gigantescos glaciares a vales com perfis em U.Os dois principais glaciares abriram
os mais espectaculares vales desse tipo,e são o Vale do Zêzere,no qual se encontra a vila de
-2-
Manteigas,e o Vale de Loriga,no qual se encontra a vila com o mesmo nome.Embora ambos os
vales tenham tido a mesma origem,do lado de Loriga o granito é mais sólido e compacto,pelo
que a erosão do glaciar foi diferente.Enquanto que do lado de Manteigas,o glaciar abriu um vale
caracterísico em U aberto,do lado de Loriga o vale é mais próximo de um V,com espectaculares
encostas escarpadas,e terminando num amplo vale escavado onde a resistência à erosão era menor
e onde foram depositadas enormes quantidades de rochas e de terra.Esse depósito deu origem à
colina onde surgiu Loriga há mais de dois mil e seiscentos anos,e onde está o centro histórico da vila.
Entre a Garganta de Loriga e o Covão do Meio,onde foi construída a Barragem de Loriga,a visão
deste vale,rasgado a custo no duro e compacto granito pelo glaciar,é impressionante,fazendo lembrar,
embora a uma escala muito menor,o Grande Cannyon nos EUA.Por cima da Barragem de Loriga,
na parte superior do Vale de Loriga,e dentro da àrea da freguesia,está a única estância e pistas de
esqui existentes em Portugal,um dos factos que contribuíram para que Loriga tenha o título de
Capital da Neve.
O valor paisagístico da Serra da Estrela impõe-se pela variedade do mosaico que a constitui, os
seus vales profundos divergindo dos cimos, dão à paisagem, pelo vigor do encaixe, uma
grandeza de montanha pincelada pela diversidade vegetal, ribeiras, lagoas, e no sopé, as
povoações em xisto ou em granito. Contudo, ganha especial importância numa área restrita, por
nela existir uma morfologia única no nosso país, devido à glaciação, a par de uma vegetação de
zimbro anão e cervum inigualável em qualquer outra paisagem portuguesa. É de salientar ainda a
quantidade de caos de blocos nas zonas periglaciares, comuns a todas as montanhas graníticas,
que contrasta com a sua inexistência nas zonas outrora cobertas de gelo.
Outrora,a Serra da Estrela estava coberta por vegetação luxuriante de uma floresta que se estendia
desde o sopé da serra até ao planalto superior.Porém,vestígios encontrados em alguns locais indicam
que,há poucos milhares de anos,ocorreu um gigantesco incêndio florestal que varreu toda a serra e
destruíu essa vegetação,que entretanto nunca mais recuperou nas àreas de maior altitude,devido
principalmente à consequente erosão rápida do solo.
Como se disse, vários são os vales de perfil transversal em U, modelados pelas massas de gelo
em movimento, cujos perfis longitudinais podem possuir socalcos deprimidos por vezes com
lagos correspondendo a troços de maior resistência à acção abrasiva do glaciar.
Um desses vales imponentes é o de Loriga, que começando na mais elevada altitude da Estrela,a
1991 metros, desce abruptamente até à Vide a 290 metros, acolhendo no seu percurso a vila e as
pequenas povoações como Cabeça, Casal do Rei, Muro.
Tendo como povoação central a Vila de Loriga a 7 Km da origem junto ao planalto da Torre, este
vale está cavado em nítidos e numerosos degraus bem acentuados que constituem planos de
aluvião arrelvados, e representam antigas lagoas assoreadas dispostas em série como pérolas
de colar, e ainda também todo um vale repleto de história, onde é bem visível os vestígios
glaciares, espécies vegetais raras duma floresta que cobria as encostas antes e após a
glaciação,e que,como já foi referido,foi violentamente destruída.
A permanência de muito desses vestígios glaciares, as marcas de pastores transumantes, um
mundo belo de socalcos que,juntamente com a complexa rede de irrigação,é uma obra gigantesca
construída pelos Loricences ao longo de muitas centenas de anos e que transformaram um vale belo
mas rochoso,num vale fértil.
Existe também o passado e o presente da duas vêzes centenária industria têxtil Loricense, sabendo-se
também que a Vila de Loriga é das povoações mais antigas da Serra da Estrela.
Vila de Loriga
Registos antigos da história de Loriga,uma localidade antiquíssima
Os Montes Hermínios, hoje Serra da Estrela, era uma região propícia para os grandes rebanhos
de gado e ao mesmo tempo uma fortaleza e trincheira bem conhecida dos pastores que se
fortaleciam na defesa destes seus territórios nas lutas contra os conquistadores, principalmente
contra o império Romano.Citando o grande poeta luso Camões,referindo-se ao Loricense Viriato,
estes pastores eram "destros mais na lança que no cajado",e a sua vida era dividida entre o
pastoreio do gado,agricultura e caça, e a luta.
Os Hermínius eram o centro da Lusitânia pré romana,a sua maior fortaleza,e onde os Romanos
tiveram mais dificuldades para ultrapassar a resistência lusitana pois ali vivia a tribo mais aguerrida.
Não foi por acaso que as pessoas foram atraídas por esta região, atraídas decerto pela beleza, a muita
quantidade de água existente e a luxuriante vegetação própria para pastorear os gados e para a caça.
Por isso não será difícil de compreender que este vale nesses longínquos tempos, quando a arborização
das encostas sustinham as terras imobilizadas, as águas pluviais não tinham ainda levado para
os campos de Coimbra e dali para o oceano, as milhares toneladas de terras em conjunto com o
calcário que anualmente para ali se deslocavam.Existem provas de que a presença humana no
-3-
As rochas de forma arredondada, que os geólogos designam com o nome técnico de glaciais
e que vemos em tão grande quantidade, nos lugares conhecidos por Bouqueira, S.Bartolomeu e
Fonte Sagrada,Chão da Ribeira, indicam-nos os efeitos da acção erosiva do galciar,quando encontrou
este terreno menos sólido que fica a nascente da freguesia.Essas rochas foram arrancadas à massa
granítica mais sólida,arrastados pelo glaciar,trazidos da parte mais alta do vale,e depositados nas àreas
onde o glaciar encontrou começou a encontrar terreno menos resistente à erosão.
Mas,de tudo o que se vai sabendo da história antiga de Loriga, não restam dúvidas, de que os
primeiros habitantes desta região de Loriga foram pastores e agricultures e que rápidamente cresceram em
comunidade e fundaram a povoação há mais de dois mil e seiscentos anos naquela colina entre ribeiras.
Os próprios rebanhos aumentaram prodigiosamente em pouco tempo, os homens
foram ampliando as suas rudimentares habitações segundo as suas necessidades, os cercados e
cortes para abrigo dos animais foram igualmente surgindo, o gado e o leite constituía o principal
alimento da população e a lã era o elemento indispensável para a indumentária.A primitiva povoação
castreja,estava localizada onde hoje existem a Igreja Matriz e a parte superior da Rua de Viriato,
sendo protegida por muros e paliçada de madeira.Da época pré-romana existe,por exemplo,uma
sepultura antropomórfica com cerca de dois mil e seicentos anos,num local que devido a esse facto é
conhecido por Campa.
Loriga, foi também uma importante povoação visigótica. Foram mesmo os Visigodos que
começaram a usar a versão actual de Lorica, nome romano da localidade, ou seja, Loriga,e foram
eles que construíram os primeiros templos cristãos.Um desses templos era uma ermida dedicada
a S.Gens,sendo hoje uma capela com orago de Nossa Senhora do Carmo.Com os séculos,os
Loricenses mudaram o nome de S.Gens para S.Ginês,sendo esse o nome dado ao bairro do
centro histórico da vila,que existe actualmente na àrea.
-4-
Pelourinho de Loriga(sec.XIII)
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Loriga, foi Sede de Concelho desde 1136,sendo infelizmente extinto em 28 de Outubro de 1855.
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A orgânica de Loriga até 1855
Tinha no seu governo civil:- Um Juiz Ordinário, dois Vereadores, um Procurador do Concelho,
Escrivão da Câmara, um Tabelião, um Alcaide, uma Companhia de Ordenanças com Capitão-
Mor e Sargento-Mor.
Possuía Câmara Municipal e Cadeia que, segundo consta, a espessura das suas paredes era de
1,80 metros. Em 1881, os registos dão-nos conta do local exacto onde se encontrava o referido
edifício:
".....na parça d´esta vila, que parte a nascente, poente e norte com via pública e do sul com José
dos Reis de Loriga".
Após a extinção do Concelho de Loriga (1855) o referido edifício serviu de escola primária do
sexo masculino, tendo depois sido comprado, na última década de 1890, pelo industrial
loricense Manuel Leitão, que depois o transformou, nessa altura encontrava-se já em ruínas.
Tinha ainda o Pelourinho,erigido no século XIII após ter recebido Foral do rei D.Afonso III.
Chegaram a fazer parte do Concelho de Loriga as povoações de:- Valezim; Sazes da Beira;
Vide; Alvoco da Serra; Teixeira; Cabeça e ainda pequenos lugares ou casais como eram assim
chamados.
O Concelho de Loriga começava na zona das Pedras Lavradas, até à Portela de Loriga (Arão)
onde fazia fronteira com o couto de S.Romão. De 1836 a 1855 ultrapassava a Portela por ter sido
nessa altura incluído Valezim e Sazes da Beira.
Alvoco da Serra deixou de pertencer ao Concelho de Loriga em 1514, data em que recebeu o
Foral de D.Manuel I, mas voltou a ser incluído novamente no mesmo em 1828.
Vide excluída do concelho de Loriga no século XVII,quando recebeu um foral tardio,mas
viria a ser novamente incluída no Município Loricense em 1834.
A Paróquia de Loriga foi correspondente à àrea do Município Loricense,e mesmo quando
algumas localidades do concelho adquiriram autonomia administrativa (entre os séculos XVI e XIX),
começando por Alvoco e seguindo-se Vide,estas localidades continuaram dependentes de Loriga
na administração eclesiástica.
Loriga pertencia,desde o século XII,à Vigariaria do Padroado Real,e a Igreja Matriz,dedicada a
Santa Maria Maior,foi mandada construír 1233 pelo rei D.Sancho II no lugar de um pequeno
templo visigótico,do qual foi aproveitada uma pedra que foi colocada numa das portas laterais.
A igreja era era um templo de estilo românico,com três naves,e traça exterior lembrando a Sé
Velha de Coimbra,tendo sido destruída pelo terramoto de 1755.Da primitiva igreja restam partes
das paredes laterais.
mea nem colham assy do vinho et linho como de todalhas outras nouidades e
fruitas.
E pagaram mais ao senhorio da dita Terra os foros de denheiro et ga-
linhas que algüas pessoas lhe pagam sem serem a ysso mais obrigados as pes-
soas que os ora nam pagam ficando rresguardado a hüs et aos outros quan
ao mostrarem foral lhe seer per elle guardada sua justiça. Nom ha montado
nesta Terra por quato no veraão amda com ho outro nosso da serra. Et no
Ynuerno nam ha hy nehü pasto. Os manihos sam do concelho com o foro da
Terra. A pensam do tabaliam pagase nesta vila. Da pena darma se leuaram du-
setos Reaes e as armas perdidas s quaaes penas se nom leuarem quando apu-
nnarem espada ou qualquer outra arma sem atirar, nem sem preposito em
Rexa noua tomarem praao ou pedra posto que fezerem mall et posto que de
proposito as tomem senom fazerem mal com ellas nam pagaram. Nem a pa-
gara moço de quinze annos pera baixo nem molher de qualquer idade e fi-
lhos et escravos tirarem sangue. Nem os que sem arma tirarem sangue com
bofetada ou punhada nem quem dfendimento de seu corpo ou por apartar e
estremar outros em arroydo tirarem armas posto que com ellas tirem sangue
hem escravos de qualquer idad que sem ferro tirar sangue. O gado do vento
he de direito Real et arrecadarsea na dita villa per nossa ordenaça com de-
caçam que a pessoa a cuja mão for ter escreuer a dez dias priemeiros seguin-
tes so pena de lhe ser demandado. Portagem no se levará mais no dito lu-
gar por que nam se mo trou titollo nem tall posse para se deve de levar. A
qual quer pessoa que for contra este nosso forall leuando mais dereitos dos
muy nomeados ou leuando destes mayores conthias das aquy decraradas ho
annos por degra dado hu anno ffora da villa et termo et mais pagara da ca-
trinta reaes por hu de todo que assy mais leuar. Et se a nom quizer leuar se
ja a metade pera os cativos et a outra para quem ho acusar. Et damos poder
a quall quer Justiça honde acontecer assy quiser como vintaneiros ou quadri
lheiros que sem mais proceso nemhordem de juizo sumariamente sabida a
verdade comdenem os culpados no dito caso de degredo et assy do denheiro
atee nous mill rreeas sem apelaçam nem agravo et sem disso poder conhecer
almoxarife nem contador nem outro oficial nosso de nossa fazena em caso
que o hy aja & seo senhorio dos ditos dereitos o dito forall quebrantar per si
ou outrem seja logo sospenso delles et da jurdicam do dito lugar se at uer
emquanto nossa merecê for & mais as pessoas que em seu noou por elle o
fazerem encorreram nas ditas peas e almoxarifes se primace e officiaes dos
ditos direitos que o assy nom comprire perderam os ditos officios et nam que-
ram mais os outros. & portantomandamos que todollas cousas contheudas
neste forall que nos poemos por ley se cumpram para sempre do theor do
quall mandamos fazer tres hü delles para a camada villa & outra para o Se-
nhorio dos ditos dereitos. & outra para a nossa torre do tombo pera em todo
tempo se poder tirar quall quer duvida que sobre isso possa sobrevir, dada
hanossa muy nobre et sempre leal cidade de Lisboa aos quinze dias do mes
de Fevereiro era do açimento de nosso Senhor ihü xpõ de myll quynhentos et
quatorze annos. E sobscprito por Fernam de Pina
Em oito folhas."
(Documento histórico de alta transcendência para Loriga, reproduzido na integra, respeitando o português
arcaico)
Uma das páginas do foral novo dado à vila de Loriga por D.Manuel I
Extinto Concelho de Loriga-Pasta n.1 -Livro n.2 - Folhas 193 e seguintes: Livro das
Sessões da Câmara de Loriga....
No ano de 1832, existiam nada menos de 796 concelhos no reino de Portugal. Por volta de 1855,
com a alteração orgânica do país, foi pensado acabar com alguns concelhos e até condados. Por
decreto-lei do ministro Passos Manuel, viriam a ser extintos, de uma só vez 455 municípios, onde
foi incluído o de Loriga. O reino, passou então a ter 341 concelhos que foram progressivamente
diminuindo. E, no ano de 1878, o país estava dividido em 17 Distritos e 299 concelhos, no
Continente e ilhas, dos quais 263 eram no Continente.
*
Nota:- Baseados em relatos e registos da época, sabemos que a extinção do concelho de Loriga,
não se deveu só ao facto da alteração orgânica do país.
Loriga que era sede de concelho desde o século XII, pagou caro o apoio dado aos
"absolutistas" contra os "liberais". Numa época em que a consciência democrática era inexistente,
havia retaliações para quem tinha ideias diferentes das de quem detinha o poder.
Por isso, sabe-se que a extinção do Concelho de Loriga, teve a ver com vingança politica
e interesses expansionistas de quem beneficiou com o facto,e não com motivos admistrativos,
por isso tal facto foi uma verdadeira injustiça que os Loricenses nunca esqueceram.
23 - Não há nesta freguesia lagoas, sim partem como termo, de que dão conta o prior de S.
Romão e o Vigário de Seia por serem do seu distrito. Há uma fonte chamada dos pérus? de
qualidade tão fria que não pode consentir uma mão dentro dela por espaço de cinco minutos.
24 - Não tem esta freguesia porto do mar.
25 - Não tem muros, nem precisa deles, porque ainda que venha todo o poder das armas do
mundo não derriba os setes cabeços.
26 - Padeceu ruína a Capela Mor desta Igreja em sua abóboda e paredes de tal sorte que não
conserva o Santíssimo Sacramento nem imagens algumas na dita Capela, pelo evidentíssimo
perigo que o restante se está vendo em cair a dita capela de que já dei duas contas à Mesa da
Consciência e tenho certeza de que foram entregues, porém até ao presente se não passou
provisão para se repararem as ditas ruínas, como também o retábulo da dita Capela que se acha
todo desbaratado e a casa da residência toda especada para a parte da rua, que já lhe caiu numa
grande parede por causa das ruínas que causou o grande terramoto do primeiro de Novembro de
mil setecentos e cinquenta e cinco: e mais algumas casas desta freguesia; as ruínas da Igreja e
casas da residência, é obrigado a mandar reparar o Excelentíssimo Senhor Monteiro-Mor deste
Reino, como Comendador que de presente é desta Igreja.
27 - Não há mais de que se faça memória que aqui possa dizer a estes interrogatórios.
Notícia da Serra deste termo e freguesia
1 - Chama-se esta Serra o Malhão da Estrela.
2 - Tem esta serra duas léguas de comprimento e uma de Largura. Principia à fonte dos pérus? e
acaba na Vila da Covilhã.
3 - O principal braço desta Serra um sitio onde estão duas fragas muito eminentes chamados os
Cântaros.
4 - Desta Serra nasce uma Ribeira chamada Ribeira dos Covelos, a qual vem por entre fragas
uma légua, passa junto desta Vila, esta de verão enche à tarde com muito ........................ por
respeito da muita neve que na mesma Serra se derrete, que em sitios se não acaba de derreter
em todo o verão. Corre esta de nascente para poente, mete-se na Ribeira d´Alva na Vila da Vide.
Esta Ribeira não tem navegação.
5 - Esta Serra não tem lugares nem povoações.
6 - Não há mais fontes notáveis neste distrito do que o que acima foi nomeado.
7 - Não consta haver nesta Serra minas de metais e menos canteiros de pedras ou de outros
materiais de estimação.
8 - Esta Serra tem plantas de Zimbro que dá suas bagas estimáveis para flatos e outras curas
medicinais; também nela nasce uma erva chamada argensana muito aprovada para dores
especialmente para mulheres; esta se cria sem cultura alguma, entre fragas muito despinhadas;
tem bastantes pastos para gados porém é infrutífera ainda que se cultive.
9 - Nesta serra não há mosteiros nem Igrejas e menos Imagens milagrosas.
10 - O seu temperamento é muito frio, porque nela se não pode estar quedo por maior calor que
faça. Nem qualidade ..................... alguma e só nela vão pastar gados miúdos de Agosto até
Setembro.
11 - Não há nela criações de gados nem outros animais.
12 - Não tem alagoas neste nosso termo porque elas pertencem a outros termos.
13 - Não sei que estas Serra tenha cousas mais dignas de memória; somente o avistar-se dela as
praias do mar.
Relação dos Ribeiros desta Terra
1 - Tem esta Freguesia duas Ribeiras que passam junto à Vila em distância de trinta passos: uma
delas é a que acima referi chamada dos Covelos nasce no Malhão da estrela e finaliza na Vila da
Vide distancia de três léguas do seu nascimento; a outra chamada Ribeira de S. Bento, principia
no mesmo cabeço de S. Bento, e finaliza ao fundo desta Vila meia légua de distância do seu
nascimento, encorpora-se com a dos Covelos.
2 - Nascem logo com bastantes águas e correm todo o ano.
3 - Não se metem Rios nem Ribeiros em estas duas que tenho dito.
4 - Não admitem navegação alguma.
5 - São estas duas Ribeiras muito arrebatadas em seu curso desde o nascente até ao fim delas.
6 - Correm ambas do nascente para o poente.
7 - A Ribeira dos Covelos cria algumas trutas desde esta Vila até à Vila da Vide; tem uns poços
aonde chamam o Castelejo aonde os pescadores se não animam a fundar? Por serem muito
perigosos pela altura colhenças? que tem e ser a água demasidamente fria e neles se tem
afogado vários pescadores.
8 - Nesta Ribeira não há pescarias nem se podem fazer; somente em o mês de Setembro, indo
cálido se costumam lançar algumas redes.
9 - Estas pescarias destas Ribeiras são livres em toda ela.
10 - Esta Ribeira não tem margens que se possam cultivar, tem algumas árvores de
medronheiros e também alguns castanheiros.
11 - Não tem virtudes as águas desta Ribeira mais do que serem frias demasiadamente.
12 - Estas Ribeiras sempre conservaram os seus nomes e conservam de presente.
13 - Já acima disse que estas Ribeiras se metem na Ribeira d´Alva e esta no Mondego e o
Mondego na Figueira e da Figueira vai para o mar.
14 - Não tem cachoeira, repressa nem açude, somente algumas levadas para moinhos.
15 - Tem a Ribeira do Covelos uma ponte de cantaria e três de pau; uma onde chamam a
canada, outra aonde chamam os pisões velhos e outra ao passar para o Casal da Cabeça e a de
cantaria está no caminho que vai para a Vila de Alvoco da Serra. A Ribeira de S. Bento também
tem três pontes de pau: uma chamada dos pisões novos, outra aonde chamam o porto, no
caminho que vem de Valezim para esta Vila e a outra aonde chamam a ponte do pez.
16 - Esta Terra e Ribeiras tem doze moinhos e três pisões, não há lagares nem noras nem outra
casta de engenhos alguns.
17 - Não consta que em tempo algum se tirasse ouro nem casta alguma de metais em as ditas
- 12 -
Ribeiras.
18 - Esta Vila e os moradores dela usam livremente das águas destes Ribeiros para alguma
hortinha que têm ou algum grão de milho mas é muito pouco porque não têm terra para produzir
por serem fragas.
19 - Já acima disse que estas Ribeiras distam três léguas de onde nascem aonde finalizam;
passam juntas a esta Vila, uma da parte do Norte e outra da parte do Sul em distância de trinta
passos e ambas juntas passam ao pé do Casal da Cabeça e também ao pé da Vila da Vide, onde
se mete na Ribeira d´Alva.
20 - Não sei cousas mais notáveis com que melhor possa descrever a planta desta terra, rios dela
e os cabeços desta
Fico m.tº. pronto para dar a execussão às ordens de Ex.mo e de Sua Real Magestade
Fidelíssima. Loriga 1 de Abril de 1758
Deb.mª.
Sub , gª. M.to Ob.diente
O Vigário João Roiz Ribeiro
*Este apontamento curioso do Vigário Roíz Ribeiro,ao mesmo tempo que aponta alguma realidade,
demonstra também muita ignorância deste sacerdote,em relação à Vila de Loriga e à Serra da Estrela.
A sua descrição de Loriga e da serra,incluíndo características,termos,nomes,situação,etc,deixam
muito a desejar,e tudo isso coroado com aquela afirmação de que da Serra da Estrela se avistam
as praias do mar!
Loriga,vila industrial
Desde o tempo dos Celtas e dos Lusitanos que os naturais desta localidade milenar se dedicavam,
até pela necessidade óbvia,a confeccionar as roupas a partir da lã que retiravam das suas ovelhas.
Mas no século XVI,essa actividade doméstica e artesanal próprias da época,já não se destinava
exclusivamente para uso próprio,e destinava-se também a abastecer toda a Região de Loriga
e Município Loricense.
Com a chamada revolução industrial,esta actividade artesanal transformu-se,a partir do início do
século XIX,numa indústria florescente.Tempos houve em que na Beira Interior só a Covilhã
ultrapassava Loriga em número de empresas,e a actual sede de concelho só ultrapassou Loriga
já nos anos cinquenta do século XX.
Até a chegada da energia eléctrica a Loriga,facto que ocorreu em 1909,as fábricas eram movidas
através de grandes rodas hidráulicas movimentadas pelas abundantes àguas das ribeiras.O
movimento era transmitido a tambores e correias que por sua vêz faziam movimentar os teares,
bobinadoras,e outras máquinas.
Fábrica do Regato (século XIX),um dos ícones da duas vêzes centenária indústria Loricense.
Poema a Loriga *
"Minha Terra Natal"
No ventre da montanha nasceste,
e te puseram o nome de Lorica.
Dos Celtas e dos Lusitanos foste baluarte.
De Viriato foste berço.
Quantos anos tens?...
Como nasceste?.. Como cresceste?..
A tua idade se perde na noite dos tempos,
e até o teu nome é milenar.
No rasto da tua história de séculos,
deixaste marcas de um honroso passado,
ainda hoje bem visíveis no teu burgo.
E quis a mãe natura emoldurar-te,
num quadro de fascínio e beleza,
tão real, que és uma festa para a vista.
Maravilha do Portugal desconhecido,
ainda hoje esperas que te lancem,
nos caminhos de um promissor futuro.
Vila industrial desde o início do século dezanove,
e os socalcos,falam do génio dos Loricenses.
Tu és montanha, granito, ravina, fraguedo,
cascata, ribeira, socalco, encosta, agreste,
com odor a rosmaninho, urze, giesta, alecrim.
No Verão és terna, fagueira, atraente,
hospitaleira, luz e cor, com cheiro a verde pinho.
E de espectaculares pores do Sol.
Na amenidade do Estio, ouve-se o canto
dos grilos e cigarras e o doce rumor
das tuas águas deslizantes rumo ao mar,
e dos trinados das aves que cantam.
Mas no Inverno, também és, tempestade,
torrente, nuvem, relâmpago, trovão, raio, corisco,
chuva, granizo, neve, gelo e frio intenso.
E continuarás crescendo dentro do espaço,
que a lei natureza te impôs por limite,
cabendo às vindoiras gerações que te esperam,
a preservação da tua imagem física,
continuada através dos tempos sem fim.
* Um Loricense
-1-
Com a chamada lei da "Separação" decretada pelo Ministro da justiça Dr. Afonso da Costa em 24 de Abril de 1911, do então
Governo Provisório, começava assim um novo capítulo da Igreja Católica em Portugal, lei esta que determinava a separação do
Estado da Igreja.
Esta nova lei veio acentuar ainda mais uma certa desconfiança que se vinha já verificando algum tempo nos meios do clero em
Portugal, por isso um pouco por todas as igrejas portuguesas foram aparecendo algumas ondas de protestos e de oposição.
É evidente que a situação no país nessa altura era muito conturbada, com a queda da monarquia e implantação da República, sob
efeitos do Governo Provisório, fazia pairar uma certa instabilidade a todos os níveis. As sistemáticas transformações que iam
acontecendo, veio a culminar numa certa perseguição à Igreja e aos seus Ministros de Deus, durante alguns anos e que foram de
triste memória para Portugal.
Em 1912 era pároco de Loriga o Sr. Padre Lages, sendo bem conhecida a sua enérgica posição contra o referido decreto, tendo até
elaborado um protesto escrito quando se procedeu em Loriga ao inventário dos bens da paróquia.
Pelo valor que representa vamos recuar a esses tempos, já há muito distantes e transcrever na integra a acta respeitante a esse
acto do Inventário dos bens da Igreja Paroquial de Loriga.
Arrolamento e inventário dos bens que se destinavam ao culto da Religião católica na freguesia de Loriga
"Aos quinze dias do mês de Janeiro de mil novecentes e dose neste logar e freguesia de Loriga, compareceu o Excelentissimo
Bacharel António Borges Pires, Presidente da Camara Municipal, servindo de Administrador deste concelho e Presidente da
comissão Concelhia do Eventário, comigo Amandio Rodrigues Frade, aspirante de Finanças deste concelho, servindo de secretário
da mesma Comissão, legalmente nomeado pelo respectivo secretário de Finanças e o cidadão António Cabral, casado proprietário
na qualidade de vogal da Junta da Paróquia desta freguesia e indicado pela Camara Municipal para fazer parte da referida
Comissão, a fim de se proceder ao arrolamento de todos os bens que teem sido destinados ao culto publico da Religião Católica
desta freguesia nos termos e para o efeito da lei da separação da Igreja do Estado, de vinte de Abril de mil novecentos e onse.
Pelo dito Presidente foi ornado o arrolamento de todos os bens existentes, a principiar pelos da igreja Matriz da freguesia. Nesta
altura pelo pároco encomendado da freguesia o cidadão António Mendes Cabral Lages, que se achava presente foi declarado que
desejava protestar contra o acto que se ia praticar, apresentando o seu protesto por escrito.
Pelo mesmo Presidente foi ordenado que o mesmo protesto fosse junto a este auto para os devidos efeitos, prosseguindo-se ao
arrolamento e verificando-se que os bens constam do seguinte: - Um edificio destinado à Igreja Matriz, da freguesia, com a sua
sacristia terrea, torre com dois sinos desiguais, uma sineta sem badalo, um relógio de pendulo e pesos, tendo também côro e
pulpito pia batismal quatro pias de àgua benta tudo feito de pedra vulgar e dois confessionarios de madeira de castanho. É
composto de cinco altares denominados: Altar-mór com tribuna dois nichos lateraes tendo cada um sua imagem chamadas
S.Domingos e S.Bento, e alem disso um crucifixo com a competente banqueta composta de seis castiçaes de madeira. Neste
altar está situado o Sacrario contendo a "Pixede" ou Vaso Sacramental.- Um altar lateral com as Imagens de Santa Luzia,
S.Nicolau e Santo Estevao, todas de pedra tendo tambem um Crucifixo e quatro castiçaes de madeira.- Outro altar lateral com as
Imagens do Sagrado Coração de Jesus e Menino Jesus, em madeira, tendo um Cruxifixo e quatro catiçaes de madeira.- Outro altar
com a Imagem da Senhora do Calvario e São João, de madeira tendo tambem um Crucifixo e dois castiçaes de madeira.- Outro
altar com a Imagem da Senhora do Rosário, em madeira, com Crucifixo e dois castiçaes de madeira.- Na casa que serve de
Sacristia existe uma comoda com dois gavetões, nos quaes estão os seguintes objectos: dois paramentos brancos de damasco,
dois ditos vermelhos do mesmo tecido; um dito roxo idem; um preto idem; um pontifical roxo idem; uma umbela idem; dois
missaes com suas estantes; um thuribulo de metal branco; dois calices: um de metal amarelo e outro com a base de estanho e a
copa de prata; uma Cruz procissional de estanho; uma caldeirinha de estanho para agua benta; trez campainhas de cobre e duas
lampadas de metal amarelo e um par de galhetas de vidro. Um palio de damasco preto; quatro lanternas de folha de flandes; Na
Sacristia existe mais uma Imagem do Senhor da Almas com a competente cruz de madeira e uma Custodia de metal amarelo.
Trez "Ambulas" de estanho. Todos os altares ja mencionados são construidos de castanho com obras de "talha". Em seguida
passou-se ao arrolamento das duas Capelas edificadas nesta povoação e conhecidas pela denominação de -Capela da Senhora da
Guia, á entrada da povoação na qual se acha levantado um Altar de madeira de pinho com a Imagem da Santa que dá o nome á
Capela, tendo um crucifixo e dois catiçaes de estanho, existindo nela dois paramentos de damasco e uma lampada de metal
amarelo.- Capela de São Sebastião edificada tambem á entrada da povoação, tendo um altar de madeira de castanho, com a
Imagem do Santo que lhe dá o nome, na qual está um Crucifixo com dois castiçaes de metal amarelo. Na povoação, ha mais duas
capelas por concluir sendo uma no sitio de S.Genez composta de paredes com o telhado e outra sita á Carreira, tendo somente as
paredes construidas. Seguidamente procedeu-se ao arrolamento e inventário das Capelas existentes nos logares anexos a esta
freguesia e que apenas é:- Uma erecta na povoação do Fontão sob a invocação de Santo António tendo um altar com a Imagem
do mesmo Santo em madeira um Crucifixo e dois castiçaes de madeira um paramento de damasco branco e um missal. Todos os
bens que em cima ficam descritos foram confiados nos termos do artigo cento e seis da citada lei á guarda e conservação da
Junta de Paroquia desta freguesia. E não havendo mais nada a mencionar se lavrou para os devidos efeitos este auto em
duplicado que vai ser assinado pelo presidente e pelo vogal depois de lido em voz alta por mim secretário que o escrevi. (aa)
António Borges Pires, António Cabral, Amandio Rodrigues Frade. -------------------------------------------------------------
Nota:- Este registo foi transcrito conforme se escrevia na época, por isso, aqui se manteve essa sua originalidade.
Foi António Pinto Ascensão, o pioneiro da exibição de filmes em Loriga o que, de certa forma, contribuiu para dar novos horizontes
aos jovens, numa altura em que a juventude em Loriga atingia números significativos. Foi de facto, na época, uma lufada de cultura
pois a maioria da população, principalmente os jovens, não sabiam o que era a 7ª.arte.
Em 1953, António Pinto Ascensão, então a trabalhar numa das fábricas de lanifícios, teve a ideia de iniciar a exibição de filmes em
Loriga, tendo convidado como sócio Manuel Matias, também este trabalhador fabril.
Assim, adquiriram à Philips uma máquina de projecção (máquina portátil com lâmpada de projecção de mil Volts, colocada em
tripé) e ainda uma instalação de som. António Pinto Ascensão chegou mesmo a efectuar um estágio, para aprender a trabalhar
com aquele equipamento.
Algum tempo depois, Manuel Matias desistiu da sociedade, tendo sido substituído por António Mendes Ascensão, (mais conhecido
por António "Alentejano"), tendo então sido criada a empresa "Cine-Ascensão", que se manteve em actividade até 1963.
-2-
Ao principio, as deslocações eram feitas em carro alugado ao "Zé Vicente". Mais tarde, em 1955 a empresa "Cine-Ascensão"
comprou uma carrinha Austin A-40, que passou a ser conduzida pelo senhor António Pinto Ascensão, que entretanto, tinha tirado a
carta de condução.
As bobines dos filmes eram alugadas a uma distribuidora, que as fazia chegar a Loriga na camioneta da carreira, juntamente com
os cartazes promocionais dos filmes a exibir, que eram colocados nas janelas do café do "Zé Maria" ou nas montras do café do
"Carlos Pina", situados na "Praça", na altura, o local central de Loriga.
As sessões do cinema em Loriga, decorriam no Salão Paroquial, mais conhecido por (Residência), que a empresa
"Cine-Ascensão" alugava e pelo qual pagava 20% da receita líquida ao senhor Padre Prata. As sessões realizadas em Loriga
tinham uma assistência na ordem de mais de uma centena de pessoas, esgotando, na maioria das vezes, a capacidade do Salão.
Entretanto, a empresa mandou fazer uma bancada de cadeiras articuladas, que depois iam descontando nas percentagens a pagar
ao senhor Padre Prata, ficando assim o Salão Paroquial apetrechado com este mobiliário classificado em duas categorias de
lugares: cadeiras e geral, estas de bancos compridos.
Em 1963 a empresa "Cine-Ascensão" foi extinta, tendo sido vendido todo o material e respectiva exploração a um senhor de Santa
Comba Dão, por 40 contos,
Quando da extinção da empresa, "Cine-Ascensão" passou a ser um senhor de Unhais da Serra, chamado Alfredo, a exibir os
filmes em Loriga, principalmente aos fins de semana, este senhor era já colaborador da empresa quando ali iam realizar as
sessões de cinema.
Mais tarde, passou a ser efectuada por um outro senhor também de Unhais da Serra, que passou a ser mais conhecido por
"Fernando de Unhais". Depois de este deixar de deslocar-se a Loriga, foi extinto por completo as sessões de cinema nesta vila.
Como curiosidade, os ajudantes de ambos estes senhores de Unhais da Serra, passaram a namorar com duas moças de Loriga
com quem vieram a casar.
Com os tempos, o designado cinema ambulante caiu em desuso, não só pelo aparecimento de novas tecnologias, mas também
porque, por causa desses homens que percorriam o país com a sua "lanterna mágica" muitas pessoas entusiasmaram-se e
começaram a criar salas para exibição. Ficam, no entanto, para a história os tempos do cinema em Loriga, guardado para sempre
na memórias de muitos.
Nota complementar
Quando do negócio entre o comprador de Santa Comba Dão e a empresa "Cine-Ascensão" o valor foi fixado, como se disse, em 40
contos. Como na altura o comprador não tinha o dinheiro disponível deu, como penhora, uma propriedade situada em Santa Comba
Dão.
Tempos depois, como o valor contratual não foi pago, a referida propriedade foi em praça. Apesar de haver alguns interessados, as
ofertas não chegavam ao valor dos 40 contos, o que obrigou os sócios da empresa "Cine-Ascensão" a arrematar a dita propriedade
por esse valor.
Entretanto, tendo reparado que na assistência havia alguém que tinha mostrado mais interesse, nomeadamente com mais ofertas,
no final dialogaram com o mesmo, conseguindo desta feita negociar a propriedade pelos valor dos 40 contos salvaguardando, assim
desta maneira, o negócio da empresa "Cine-Ascensão".
A actual Farmácia Popular de Loriga, tem sido, há muitas décadas, o único estabelecimento deste género em Loriga, que ficou
registado para história como sendo uma sucessão de outras farmácias em tempos já distantes.
Na última década do século XIX, a Vila de Loriga despertava para um novo desenvolvimento industrial. A evolução populacional era
também um facto, assim como era notório um crescimento comercial. Por isso, é no ano de 1893 que vamos encontrar os
primeiros registos da existência de uma farmácia em Loriga, apesar de muitos a considerarem não oficial.
A primeira farmácia, ou seja o primeiro farmacêutico em Loriga, foi o Senhor Herculano Rodrigues de Gouveia e Silva que esteve em
Loriga desde 1893 até 1919 ou 1920.
A partir de 1925, a farmácia teve um Senhor de apelido Rocha que se manteve nesta localidade até 1930, altura em que casando
com uma senhora do Paul para ali se transferiu bem como a farmácia.
Com a transferência desta farmácia e, como era de grande necessidade tão importante estabelecimento em Loriga, a firma
industrial Leitão & Irmão comprou no Fundão as estantes e medicamentos da farmácia Barata e contratou o farmacêutico Luiz
Magalhães Lemos Mesquita, para estar à frente da mesma.
-3-
Sucedeu-lhe outro farmacêutico o Senhor Zagalo Ilharco, que não estando na disposição de se calar ao que se estava a passar,
veio a descobrir a existência de uma sociedade, entre o médico local e o referido estabelecimento comercial, que mandavam vir de
Lisboa todos os medicamentos, que depois o médico passava aos seus doentes evitando assim de serem comprados na farmácia.
A Junta de Freguesia e a Sociedade Propaganda e Defesa de Loriga, reuniram-se para resolver todas as divergências existentes,
sendo nomeado uma comissão composta pelo Presidente da Junta, António Cabral Leitão, Presidente da S.P.D.de Loriga, José de
Brito Crisóstomo e o Presidente da Associação Católica de Operários, Padre António M.Cabral Lages.
Todas as divergências viriam a terminar, porque entretanto o médico em questão deixou a Vila de Loriga.
A Farmácia em Loriga, continuou durante anos a pertencer à firma Leitão & Irmão e, mais tarde, veio a ser adquirida por compra,
pela Dra. Amália Brito Pina, que foi sua proprietária durante mais de cinco décadas, passando a ter o nome de Farmácia Popular
de Loriga.
Em 30 de Junho de 1999, deixou de pertencer à Dra. Amália Brito Pina, sendo cedida e ser gerida em sociedade, passando a ser
Farmácia Popular de Loriga, Lda., com a direcção técnica da Senhora Dra. Paula Alexandra C. Rodrigues.
No ano de 2005, a Farmácia Popular de Loriga deixou de ser na Rua do Santo Cristo, onde durante décadas esteve sediada,
passando para a Rua Sacadura Cabral, antigo Café de muitas recordações para os loricenses.
Tempos houve, mais concretamente na década de 60, em que eram muitas as vozes que se faziam ouvir, no sentido de Loriga
passar a dispor de um espaço público (Casa Fúnebre) a favor da comunidade, onde as pessoas pudessem velar os seus defuntos.
A casa da Irmandade do
Santíssimo Sacramento e das
Almas, situada num local central
de Loriga (Adro da igreja) era
desde logo à partida o espaço
ideal, onde as instalações eram
adequadas para ser instalada a
Casa Fúnebre.
No entanto, eram também muitas
as vozes discordantes,
convencidos de que isso não fazia
sentido. E na época, alterar
comportamentos, hábitos e
preconceitos, tornava-se muito
complicado.
Por isso mesmo, as pessoas de
família não aceitavam de maneira
alguma, velar os seus ente
queridos, noutro local, que não
fosse nas suas próprias casas.
A dada altura, a casa da
Irmandade do Santíssimo
Sacramento e das Almas de
Casa Fúnebre de Loriga
Loriga, chegou mesmo a receber
algumas remodelações, passando
a dispor de um espaço pronto para
essa finalidade, no entanto, tardava
na sua utilização.
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Em meados da década de 70, faleceu em Lisboa, António Lopes Macedo, e o funeral realizou-se para Loriga, sua terra natal. A
família, desde logo, fez questão que o seu corpo fosse colocado naquele remodelado espaço para ser velado, tornando-se assim, o
primeiro defunto a utilizar a Casa Fúnebre de Loriga.
A partir de então a utilização deste espaço começou aos poucos a ser um facto, não tardando pois a começar a existir um
consenso generalizado, de que, uma Casa Fúnebre em Loriga era necessária e de importância vital para o velório dos defuntos.
** **
" O Bairro"
Construído no local conhecido por Vista Alegre, a este bairro foi dado o nome do mentor do projecto, Engenheiro Saraiva e Sousa.
No entanto, ao longos dos anos eram poucos aqueles que o assim chamavam pois, popularmente, era apenas referenciado por
"Bairro".
Após a segunda guerra mundial que tinha assolado a Europa, deu-se o despertar para uma nova vida e um novo progresso, e fez-se
sentir o desenvolvimento e evolução de certas actividades, nomeadamente a actividade industrial, a que Loriga não ficou alheia. Por
este facto, o aglomerado populacional desta localidade que, por volta de 1946, se cifrava já em cerca de 3.000 pessoas, debatia-se,
desde há muito, com grandes problemas de habitação.
Não é exagero dizer-se que muitas das casas existentes em Loriga, eram tristes tugúrios sem ar e luz onde se abrigavam famílias
numerosas onde, por vezes, a par de uma promiscuidade e uma vida moral menos sã, desfalece toda a existência da geração
pagando por vezes pesado tributo a doenças altamente contagiosas.
Foi, pois, com alegria, que por volta de 1946 a população recebeu a boa nova da construção de um bairro económico em Loriga,
cuja construção era comparticipada pelo Estrado, e para o qual foi destinado, desde logo, o local conhecido por Vista Alegre.
De imediato foram efectuados os respectivos projectos, não tardando muito a terem inicio as obras. No entanto, bem cedo se veio a
verificar o não prosseguimento a bom ritmo das mesmas, perante a passividade e a descrença da população, que viam chegar e
partir os operários, pondo em causa a construção do projectado bairro dentro da brevidade de que tanto se falava.
Apesar de tudo, a construção do Bairro tornou Loriga maior e mais rica e, o local onde foi construído era, de facto, do ponto de vista
estético, dos locais mais privilegiados e bonitos da vila. Visto de todo o lado, deu também um impulso para o progresso ficando, a
partir daí, a ideia de que o futuro da habitação de Loriga, era sair do algomerado das casas e da povoação propriamente dita.
Foi inaugurado no ano de 1953, com pompa e circunstâncias, estando presentes membros do governo, autoridades administrativas
regionais e locais, para além da população de Loriga, tendo sito atribuído ao Bairro o nome do engenheiro do projecto, que
procedeu ao "corte da fita" no acto solene dessa inauguração.
Décadas mais tarde e, por fim finalizadas as normas existentes e impostas como bairro económico e social, as casas foram sendo
adquiridas pelos seus moradores e também por outros, começando então a notar-se a remodelação das casas e por conseguinte a
alteração estética do Bairro, desaparecendo até a placa que ostentava o nome "Bairro Engº. Saraiva e Sousa" , para mais tarde ser
colocado uma outra com o nome de "Bairro da Vista Alegre", na realidade o primitivo nome daquele local.
** **
A partir da década de 1940, com apreço era notado um grande aumento populacional de Loriga, o seu movimento demográfico
continuava a um ritmo de crescimento cada vez maior, que muito se reflectia quando se começava a sentir as grandes carências
desta vila a todos os níveis, principalmente, social e habitacional.
Uma das carências era também a nível da educação, cada vez com mais crianças na idade escolar primária as salas existentes
eram defacto limitadas, desde sempre as autoridades locais faziam eco dessas necessidades aos organismos competentes.
Os Loricenses procuravam a todos os níveis a resolução deste problema escolar em Loriga, e por mais diligências que fizessem,
parecia ficar tudo esquecido na gaveta, o mesmo não se via noutras terras da região que viam satisfazendo essa necessidade e de
quando em vez se ia ouvindo falar de mais uma escola inaugurada, nomeadamente no concelho e, Loriga ia ficando para trás.
Foi pois com bastante alegria que se viu já na década 50, o início das obras para a construção de um edifício Escolar Primário em
Loriga, projecto com 8 Salas, que vinha satisfazer em muito esta carência e por conseguinte um melhor ensino.
Projecto elaborado pelo Sr. Engº. Saraiva e Sousa, que anos antes tinha sido também ele o autor do projecto da construção do
"Bairro" ao qual foi atribuído o seu nome, mas nestes tempos modernos foi dali retirado a lápida onde ostentava o nome, para ser
colocada naquele local uma outra com os dizeres de "Bairro da Vista Alegre" primitivo nome daquele lugar.
A Vila de Loriga ficou sempre com uma dívida de gratidão para com esta importante personagem, não só por estas obras aqui
focadas, como também ter doado uma verba de 3.800 contos para estrada que serve esta localidade e para a qual estavam
projectados trabalhos de rectificação e pavimentação.
Não obstante o tempo invernoso que se fazia sentir, foi pois com grande entusiasmo e calor patriótico que se realizou a
inauguração da Nova Escola Primária em Loriga, no dia 23 de Outubro de 1960, tendo a sessão solene decorrido no edifício escolar
com a presença dos Senhores:- Subsecretário das Obras Públicas, Governador Civil da Guarda; Presidente da Câmara Municipal
de Seia, Senhor Engº. Chefe dos Edifícios e Monumentos Nacionais da Zona Centro-Coimbra, Adjunto do Director Escolar do
Distrito da Guarda e outras entidades civis e religiosas, tendo todas estas personagens sido entusiasticamente recebidas por toda
a população, bem como pelas autoridades civis e organismos associativos da vila de Loriga.
Usaram da palavra todas estas individualidades, associadas na mesma palavra ao enalteceram a obra que ia ser naquele dia
inaugurada, dando assim um grande impulso ao ensino, merecendo Loriga desde à muito este grande melhoramento.
O Senhor Subsecretário das Obras Públicas, disse ainda estar emocionado pela recepção carinhosa e patriótica que lhe tinha sido
dispensada por todos os Loricenses, que passou a gravar bem no fundo do seu coração. Oraram ainda o Presidente da Junta de
Freguesia de Loriga, António Fernandes Leitão, num discurso longo a todos os títulos notável e oportuno, que encerrou com - Viva
a Pátria; Viva o Estado Novo; Viva a Escola.
Usou ainda da palavra a D. Alice de Almeida Abreu, na condição de ilustre Directora da Escola Feminina, que era dotada de
invulgares predicatos de oradora distinta.
Depois da inauguração desta Nova Escola, foi oferecido aos ilustres visitantes um "copo de água" que teve lugar na Sociedade de
Recreio e Turismo de Loriga, durante o qual usaram ainda da palavra o Revº. Vigário de Loriga, o Dr. Joaquim R. Leitão e outros,
tendo o Secretário da Junta de Freguesia, que mais uma vez a todos saudou, agradecendo a presença de todos na Vila de Loriga,
terminando com vivas entusiásticas a Portugal.
Já vai longe esse dia em que Loriga se vestiu em Festa na inauguração de um melhoramento pelo qual à muito se debatia, a
satisfação era grande entre os Loricenses, passando o ensino a dispor de novas salas com bom ar e luz e melhores comodidades,
sendo assim finalmente conseguido um sonho por muitos sonhado e para num maior enriquecimento de Loriga.
A Telescola em Loriga
O Curso Unificado da Telescola (C.U.T) era um curso do ensino oficial quanto à emissão e do ensino particular quanto à recepção e
exploração. O Funcionamento dos postos de recepção e a frequência dos alunos eram idênticos aos do ensino particular em
estabelecimento, embora sujeitos a regime especial.
O C.U.T destinava-se a alunos que frequentassem postos de recepção especialmente criados para esse efeito. As lições eram
organizadas na Telescola em Vila Nova de Gaia e emitidas do Porto, da Radiotelevisão Portuguesa.
Em 31 de Dezembro de 1964, o Decreto-Lei Nr. 46.135 cria e regulamenta o Instituto de Meios Audio-Visuais de Ensino. A Portaria
Nr. 21.113, de 17 de Fevereiro de 1965, cria o Curso Unificado da Telescola.
Perante tão grandes vantagens que oferecia o C.U.T. foi compreensível na época, o interesse despertado, um pouco por todo o
país. Criaram-se 500 postos de recepção, inscrevendo-se na Telescola milhares de alunos.
Decorria o ano de 1966, em Loriga há muito, que se defendia a legítima aspiração de se fundar um estabelecimento de Ensino
Secundário. A população da freguesia, e, sobretudo, a sua relativa importância industrial, justificava tal anseio.
Tendo a certeza de que se tratava de uma importante oportunidade, para o ensino em Loriga, foram logo dados os passos
necessários para promover esse projecto, nesta localidade.
Em Outubro de 1966, concretizou-se essa realidade, com a atribuição do Alvará à Fábrica da Igreja Paroquial de Loriga, que
promoveu a criação do posto de recepção e, ao qual, foi atribuído o Nr. 234.
Apesar de diversas circunstâncias, muitas famílias compreenderam o vasto alcance da Telescola e, de bom agrado, fizeram o
sacrifício de matricularem os seus filhos, tendo logo no início sido matriculados 21 alunos. Foram nomeados monitores, D. Amália
de Brito Pina e o Professor António Domingos Marques.
O Curso Unificado da Telescola (C.U.T.) era constituído pelas seguintes disciplinas correspondente ao ciclo preparatório do Ensino
Técnico Profissional e ao primeiro ciclo do Ensino Liceal:- Língua Pátria; História Pátria; Ciências Geográfico-Naturais; Matemática;
Desenho; Trabalhos Manuais; Religião e Moral; Canto Coral; Educação Física e Francês.
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Nos anos da primeira década de 1900, foi fundada a Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela, tendo sido inaugurada em 2 de
Janeiro de 1910, a primeira central que foi sediada na Senhora de Desterro.
Com a expansão cada vez maior da industria de lanifícios em Loriga e já com a electricidade não muito longe desta localidade, os
industriais locais começaram a movimentar-se no sentido de o mais rápido possível, trazer para Loriga essa grande fonte de
progresso e desenvolvimento, e de verdadeira necessidade para a população e indústrias.
Em Abril de 1911, precisamente no domingo de ramos, visitou Loriga o Sr.António Marques da Silva da Empresa Hidroeléctrica
para dar início à negociação com os industriais, às normas do contracto, com vista ao fornecimento da energia a esta povoação. As
negociações rapidamente ficaram concluídas, fazendo também parte do acordo, a colocação de 30 candeeiros de iluminação nas
ruas, para o que foi entregue a importância de três contos de reis (3.000$00) para . O estudo do terreno e os locais para a
colocação dos postos que deviam conduzir as linhas da energia desde a ermida da Senhora do Desterro até Loriga, era da autoria
da Empresa.
Foi então efectuada uma subscrição pública pela população local para arranjar a respectiva quantia, que com contributos de 5$00;
10$00; 15$00; 20$00; 30$00; 50$00; 100$00; 300$00 e 510$00, rapidamente foi possível reunir a importância necessária.
Finalmente em 15 de Novembro de 1912, foi inaugurada a electricidade em Loriga, um facto que foi contribuiu para o progresso da
vila e bem estar da população. Essa data ficou registado na história de Loriga, sublinhada pelo facto de ser umas das primeiras
localidades da região apossuir a luz eléctrica.
Aqui se regista a Lista conhecida, de todos aqueles que contribuíram para este grande melhoramento de Loriga:
"António Luiz Mendes & Filho; António Cabral; José Mendonça Cabral & Irmão; José Pinto das Neves Júnior; Leitão & Irmãos;
Amália Nunes de Pina; Padre António Mendes Lages: António Luiz de Brito Ignacio; José de Moura Pina; José de Pina Pires; José
de Pina Pires Júnior; Guilhermina Reis; José Mendes Luiz d´Abreu; José Luiz Duarte Pina; António Alves Anno Bom; Augusto
César Mendes Lages; José de Gouveia Cabral; Joaquim Nunes Luiz; António de Moura Romano; António João da Costa & Família;
Carlos Sinões Pereira & Família; Manuel Mendes Luiz d´Abreu; José de Brito Guimarães; Dr. Amorim da Fonseca; Professor Pedro
d´Almeida; Maria do Carmo Moura; Mateus de Moura Galvão; João Mendes Veloso; António Aparício Martins; José Fernandes
Carreira; José Gomes Luiz de Pina; Emygdio Manuelito; Manuel dos Santos Silva; Augusto Moura Galvão; José Fernandes Videira;
António Pinto de Moura; Emygdio Cardoso de Moura; Felizmina Simões; José Diogo Ferreira; Joaquim Luiz de Pina; António de
Pina Monteiro; José Dias Aparicio; Manuel de Moura Pina; António Nunes Luiz; Emygdio Antunes de Moura; Manuel de Moura
Barreiros; José Lopes Cardos dos Santos; Joaquim Machado Aparício; Manuel Fernandes Cassamelino; José Gomes Lopes;
Emygdio Fernandes Cazelho; José Luiz de Moura Pina; José dos Santos Moura". Consta ainda desta Lista vários anónimos.
Numa região onde a água existe com grande abundância, em tempos remotos, a carência de fontes de água potável em Loriga era
um facto. Nessa época já longínqua, esta localidade tinha apenas no perimetro do agregado familiar, duas fontes de água potável,
ou seja, águas represadas em que mergulhavam indistintamente cântaros, latões, baldes etc., por vezes sem o mínimo respeito
pelos perantes dos mais rudimentares preceitos higiénicos, sendo uma delas situada na Barroca e outra no lugar ainda hoje
conhecido por Fonte do Vale.
Nos arrabaldes havia outras a que o povo chamava do Regato, do Teixeiro e dos Amores, no entanto, essas eram menos utilizadas
por motivo da distância a que ficavam, sendo também águas que brotavam dos combros ou cômoros de propriedades regadias
filtradas pela terra.
No final do século XIX, o povo passou a aproveitar outros locais onde a água era potável, para assim se abastecer desse precioso
líquido.
Os emigrantes loricenses sediados no norte do Brasil, mais concretamente em Manaus, apesar da distância não esqueciam as
necessidades dos seus conterrâneos e assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da construção na sua terra, de Fontanários,
que viriam a ser edificadas nos primeiros anos do século XX: -Um na rua principal no local conhecido pelas "Almas" outro no Adro
da Igreja e um outro na Rua do Porto.
Construídos em locais estratégicos da povoação, a partir de então, e durante dezenas de anos e gerações, se tornou, no meio de
abastecimento de água que população necessitava para seu consumo.
Entretanto, as casas que iam sendo construídas ou mesmo remodeladas, passaram a ter abastecimento próprio, com
aproveitamento da água existente um pouco por todo o lado, por vezes canalizada através de longos percursos.
No princípio da década de 1970, o saneamento básico foi levado a efeito em Loriga, com as ruas e mesmo as paredes das casas a
serem esburacadas, trabalhos que se prolongaram durante alguns anos, onde a evidente impaciência da população, viria a ser
recompensada, com um dos maiores melhoramentos efectuados em Loriga e de uma certa importância vital para todos.
Passando a maioria das habitações a ter água canalizada, as Fontes de Loriga, deixaram de ter a mesma relevância que tinham
tido até então, no entanto, continuam bem vivas e ficarão para sempre gravadas na história desta localidade e da sua gente.
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Fontanários na Vila:
-Fonte do Adro; Fonte das Almas; Fonte do Porto-
Várias outras Fontes:
Fonte do Amores; Fonte dos Azeiteiros (Penedo de Alvôco); Fonte da Casa do Fogueteiro (Recinto N.S. da Guia); Fonte do Mouro
(Vila); Fonte das Penedas (Vila); Fonte do Reboleiro (Vila); Fonte do Santo António (Vila); Fonte do Recinto da Senhora da Guia;
Fonte da Senhora da Guia Nova; Fonte do Vale
(Vila); Fonte do Vinhô (Vila).
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Imprensa de Loriga
A existência de Jornais com voz Loricense é um facto que começou a existir já vai para um século. Na história de Loriga vão, pois,
encontrar-se alguns jornais que se fundaram, uns com mais duração do que outros, mas que deram relevo a esta localidade e à
sua população.
Alguns dos jornais que existiram, ou mesmo os existentes hoje em dia, curiosamente foram fundados fora de Loriga.
-Jornal "Echos de Loriga" - Publicado em Belém-Pará, fundado em 1906, por Jeremias Pina; José Lopes de Brito; Serafim da Mota,
e outros mais.
-Jornais "Voz de Loriga" e o "Povo de Loriga", foram editados a partir de 1908 no norte do Brasil pela Colónia Loricense alí radicada,
um com maior duração do que outro.
-Boletim "A Voz da Banda" -Publicado a partir de 1983, com pouca duração.
-Jornal "Noticias de Loriga" - Título já atribuído a um Jornal muito perto de sua publicação, em 1990, mas que não chegou a ser
publicado.
-A primeira publicação deste jornal remonta ao ano de 1949, tendo sido fundado em Lisboa por um grupo de bairristas Loricenses.
O seu primeiro número foi publicado em Março desse ano, onde se podia ler no prefácio da sua primeira página -Por tudo e por
todos - A bem de Loriga e da região.
-Foi seu primeiro Director o Sr.Dr.Carlos Bastos Leitão, que foi também um dos fundadores, a Redacção e Administração do Jornal
ficava situada na Rua Marquês da Fronteira nr.48-Lisboa.
-Foi interrompida a sua publicação tempos depois, voltando novamente a ser publicado em Maio do ano de 1958, desta feita como
Jornal Paroquial de Loriga, passando depois (há muitos anos a esta parte) a fazer parte orgânica dos Boletins Paroquiais da região
do Concelho.
-"A Neve" como jornal paroquial é propriedade da Fábrica e do Secretariado Paroquial de Loriga, sendo a sua Redacção sediada no
Largo do Adro, 16 - 6270-074 Loriga, Telef. 238/953204 sendo o Pároco em funções o Director e Editor do mesmo.
-Vivendo unicamente da boa vontade dos seus leitores, só assim é possível a sua sobrevivência, para que chegue como
mensageiro a qualquer parte do mundo onde vivam Loricenses.
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-Fundado em 1992 em Sacavém pela Associação dos Naturais e Amigos de Loriga, (ANALOR), tendo sido publicado o seu primeiro
número, como sendo o Nr. 0, em Junho desse mesmo ano.
-Um Jornal dentro da dimensão da Vila de Loriga e independente, era um sonho há muito acalentado, que foi tornado realidade após
a fundação da ANALOR, graças à grande vontade e iniciativa dos seus fundadores.
-Foi seu primeiro Director, Carlos Melo, tendo como Corpo Redactorial António José Leitão, Jorge Amaro e Pinto Gonçalves.
-De acordo com as directrizes seguidas pertence ao Presidente da ANALOR em funções ser em simultâneo Director do Jornal
"Garganta de Loriga"
-Inicialmente publicado trimestralmente, é actualmente de bimestral a sua publicação, dispondo já de um número razoável de
assinantes. Este Jornal é já uma presença certa que leva um "cheirinho" de saudade de Loriga e das suas gentes, a muitos dos
Loricenses e famílias espalhadas por Portugal e pelo mundo.
Propriedade, Redacção e Administração ANALOR, Rua Sport Sacavanense Lote 30, 2685-010 Sacavém
Telef. 21/9417640 - Fax. 21/9400515
e.mail: analor@netcabo.pt
http://analor.no.sapo.pt
"As Râmbolas"
Durante muito tempo, foi o método utilizado pelas fábricas de Loriga, para a secagem das peças de panos, cuja colocação requeria
um certo conhecimento e perícia por parte dos operários que a executavam com mestria. E assim as Râmbolas ficavam vestidas
as quais vistas dos Mirantes de Loriga, forneciam um cenário bem elucidativo da grande terra industrial que Loriga era.
As Râmbolas nesta localidade, deixaram aos poucos com naturalidade de ter a primitiva utilidade e foram desaparecendo desses
mesmos locais onde tinham sido construídas. No entanto, continuam na memória de muitos que, em crianças, ali saltavam,
corriam e balouçavam, nunca pensando que um dia teriam um fim.
Na década de 1920, a construção da estrada a ligar São Romão a Loriga, foi um dos maiores acontecimentos, passando esta vila a
estar ligada a outras regiões, e que foi de grande importância no desenvolvimento da industria local.
O primeiro automóvel a chegar a Loriga logo após a construção da estrada, era conduzido pelo Sr. José Morgado, de Seia, que viria
a repetir muitas mais viagens em serviço durante anos.
O primeiro carro que pertenceu a Loriga, foi para fazer "fretes" e pertencia à Fábrica da Redondinha, proprietária do Sr. Augusto
Luiz Mendes.
Logo a seguir, a firma Leitão Irmãos adquiria um "Peugeot", assim com uma camioneta "Rochet Sneider" que a população baptizou
por "Seixa".
***
Após a construção da Estrada para Loriga, alguns comerciantes e industriais organizaram-se e criaram uma empresa de
transportes "Garagem Comércio e Industria"
adquirindo "Chevrolete" para transportes de pessoas, sendo este o quarto automóvel em Loriga.
Em 1925, começou uma carreira com um pequeno autocarro, de que era proprietário Adelino Pereira das Neves, natural de Santa
Ovaia, o qual se radicou em Loriga e ali viveu até à sua morte.
Em 1931, transformou-se em empresa "Auto viação Serra da Estrela" já então com outras camionetas de passageiros que ia de
Loriga à estação de Nelas. Em 1948, esta empresa foi vendida à Companhia Hermínios, que passou a operar na região de Seia.
Entretanto em 1931, José Bonito, natural de Vila Nova de Gaia, mas residente em Canas de Senhorim, e que tinha sido contratado
para motorista da Fábrica Leitão & Irmãos, comprou duas camionetas, uma "Belix" de 24 passageiros e outra da marca
"Chevrolete" de 20 passageiros, começando assim uma outra carreira que passou a ir de Loriga-Nelas-Viseu.
Mais tarde esta carreira seria também vendida à Companhia Hermínios, passando José Bonito a ser empregado dessa empresa.
É na verdade de grande relevo o crescimento habitacional da Vila de Loriga, nas curiosamente a sua população tem vindo a diminuir
drasticamente, o que não deixa de ser um aspecto realmente preocupante.
Na entrada do século XXI a população efectiva residente em Loriga, ronda cerca das 1.700 pessoas. Se compararmos o índice
populacional de meio século atrás, vamos verificar um decréscimo sensivelmente na ordem de mais de 50%. Na verdade, nos finais
da década 40 a população residente em Loriga, chegou a atingir números significativos de muito perto dos 4.000 habitantes e,
seguramente, num ou noutro ano chegou mesmo a ultrapassar esses números, não tendo embora, os meios habitacionais de hoje.
Pode, por isso, considerar-se, que foi uma época de "quando a população de Loriga era mais".
O movimento demográfico desta localidade nesses tempos, atingia verdadeiros valores de crescimento. Anualmente era um
potencial facto o nascimento de largas dezenas de crianças, acontecendo até que em muitos desses anos, esse número se
elevava a mais de uma centena de nascimentos. Pode até dizer-se que, durante 10 anos, (1940 - 1950) o crescimento da
população foi superior a 400 pessoas.
Efectivamente, também não se pode ignorar nessa época "quando a população de Loriga era mais" os problemas e dificuldades
existentes nesta localidade, principalmente as grandes carências a nível de habitação que era, de facto um dado adquirido. Era raro
o agregado familiar que não tivesse 4,5,6 ou mais filhos, vivendo a maioria em casas relativamente pequenas para tanta gente.
Outro dos problemas e também grave era a escassez de professores face a tanta juventude em idade escolar, bem como a falta de
salas de aulas, uma vez que apenas funcionava uma escola para o sexo masculino e para o sexo feminino, em regime de
desdobramento, num prédio improvisado de escola. As autoridades administrativas e escolares dessa altura, há muito que se
debatiam para a construção de nova escola, levando anos de luta nessa reivindicação. No entanto, esse objectivo só se tornou
realidade em 23.10.1960, quando foi finalmente concluída e inaugurada uma nova escola com 8 salas.
A partir dos últimos anos da década 50 e princípios da década 60, o decréscimo da população nesta localidade começa a ser um
facto, que se deveu, por um lado, à crise da indústria de lanifícios, que originou desemprego e a consequente emigração dessa
população. Por outro lado,a falta de infra-estruturas, nomeadamente nas áreas do comércio e serviços, que permitissem, através do
mercado de trabalho, fixar a população, levou por isso muitos jovens a procurar trabalho nos grandes centros urbanos. Por outro
lado, ainda, porque a taxa de natalidade baixou, caminhando, à semelhança do resto do país para o padrão de dois filhos por
casal.
-1-
Algumas das Figuras mais destacadas da vila de Loriga,numa ideia de perpetuar a memória de todas
estas pessoas e ainda dar a conhecer às gerações vindoiras
todos aqueles que de alguma forma se destacaram,e/ou que contribuíram para a grandeza e para a
história desta maravilhosa vila portuguesa chamada
Loriga. (*)
*** ***
A Emigração
Desde os remotos tempos primitivos da humanidade, que os povos, nas suas constantes movimentações para outras paragens na
procura do seu próprio desenvolvimento, davam formação ao que se chama hoje emigração.
O movimento emigratório, é pois, um fenómeno desde que a vida existe na terra, e foi-se tornando cada vez mais concretizado, nas
conquistas, nas invasões, nos descobrimentos, guerras, miséria e tragédias de origens naturais da terra e ainda no surgimento de
Continentes, civilizações, línguas e povos.
**
A emigração é pois uma presença viva, tendo em conta e a certeza de uma necessidade real de existir nas sociedades, onde
também, representa uma constante movimentação de gentes e de povos para outras paragens ou para um refugio social mais
ambicioso.
As descobertas, as conquistas, as colonizações, são os meios mais significativos do começo da emigração portuguesa, no
entanto, é a partir do século XIX, que vamos encontrar os registos mais esclarecedores na história da emigração a partir de
Portugal. Se bem que no século anterior era já um facto consumado o movimento emigratório, só que nessa altura não eram ainda
principalmente os mais pobres que abandonavam o país, quem saía, eram os pequenos agricultores e também pequenos
comerciantes do norte e centro e ainda alguns intelectuais.
No início do século XIX a emigração passa então a ser uma realidade em grande força, passando a emigrar a população mais
pobre, quase sempre analfabeta e oriunda das actividades agrícolas, desempregados e mão de obra não totalmente qualificada.
Loriga é uma das terras da região da Serra da Estrela, que mais emigração espalhou pelas quatro partes do mundo. Parece não
haver dúvidas, que concreto, quando teve início a emigração dos loricenses, e alguns dados que se foram sabendo, sabe-se que
as primeiras pessoas a saírem de Loriga com destino às terras de Santa Cruz, ocorreu no século XVIII.
Nas primeiras décadas desse século, em Loriga, o espaço vital como hoje se diz, era restritíssimo para a população que
aumentava continuamente. A agricultura não atraia os jovens, muito por culpa do terreno irregular, apesar de existirem já algumas
fábricas, a industria, ainda não estava muito desenvolvida, que só veio a verificar-se décadas mais tarde.
A independência do Brasil em 1822 e a abolição da escravatura, foi o mote da mudança do estatuto de emigrante, que veio a ser
determinante na emigração portuguesa para aquele país, onde se pensa também que foi a partir de então que se iniciaram os
primeiros passos da emigração loricense.
Durante anos foi muita a população de Loriga que deixou sua terra com destino ao norte do Brasil, chegando mesmo a verificar-se
um certo êxodo emigratório finais do século XIX princípios do século XX.
O Brasil, durante décadas, continuou a ser o destino de muitos loricenses, onde se veio a formar uma grande colónia, hoje apesar
de serem já poucos os naturais desta localidade que ali se encontra, é significativo os descendentes que continuam a reconhecer
as origens dos seus antepassados.
Entretanto o espírito emigratório das pessoas de Loriga, continuava a verificar-se e sistematicamente continuavam a sair da sua
terra, procurando outros países, nomeadamente a Argentina e também o antigo ultramar português.
Após a II Guerra Mundial e as sequelas que deixou, muitos dos países europeus tinham a inevitável necessidade de trabalhadores
para o seu desenvolvimento.
Portugal confrontava-se com uma política, que não permitia a saída da sua população, no entanto, nas décadas 1950 e princípios
da 60, o aproveitamento da clandestinidade foi o mote para que muitos saíssem do país nomeadamente para a França, ficando para
a história o meio clandestino e aventureiro do "Salto" utilizado então com destino aquele país.
Foram alguns os loriguenses que empreenderam por este meio clandestino para irem para a França, nos primeiros anos da década
de 1960. Mas pouco tempo depois e com os países europeus na onda do desenvolvimento industrial, a política portuguesa
começou a ter uma outra postura. Foram efectuados alguns acordos que resultaram em fase disso, de uma maior abertura de
fronteiras em Portugal, deixando mesmo de existir uma política de "porta fechada" mas que na altura, era apenas destinada a todos
aqueles com o serviço militar cumprido.
Observa-se então um grande êxodo emigratório e assim grande parte da mão de obra de Loriga começa a sair para vários países
europeus, tratando-se de trabalhadores qualificadas ou não.
Este novo cenário da emigração loricense, quando ainda se tinha em pensamento para lá do oceano, agora toma a direcção da
europa para além dos Pirineus, e se a França foi o destino prioritário, logo de seguida se seguiram os outros países, Luxemburgo,
Alemanha, Suíça, Bélgica e Holanda.
A emigração portuguesa para Alemanha, teve início em 17 de Março de 1964, com a assinatura do "Acordo Relativo ao
Recrutamento e Colocação de Portugueses na República Federal da Alemanha. Segundo se sabe o primeiro habitante de Loriga a
sair para Alemanha foi Fernando António Mendes Alves, no dia 25 de Abril de 1965.
Apesar dos muitos regressos verificados, principalmente até pelos números dos últimos anos, em que muitos dos emigrantes
atingiram a idade da reforma, não devemos esquecer que mesmo assim, ainda são muitos os naturais de Loriga espalhados pela
europa, onde sobressai em grande escala a França, Alemanha, mas acima de tudo o Luxemburgo, onde a comunidade loricense
continua a ter um número significativo em relação a muitas outras terras.
Já neste século XXI, a emigração dos loricenses, continua ainda hoje a ser uma realidade, havendo sempre potenciais emigrantes,
mas hoje em dia e praticamente resume-se com destino aos países europeus, nomeadamente para o Luxemburgo, Alemanha e
também Suíça.
Falar na emigração é falar numa permanente história da vida, onde no entanto, com relativa facilidade se terá que identificar com
populações menos favorecidos na sua expressão social e económica e neste aspecto Loriga e, a região onde está inserida, esteve
sempre dentro destes parâmetros.
**
São registos antigos, que nos dão a conhecer, ter sido a partir das primeiras décadas do século XVIII, que os primeiros loricenses,
na condição de emigrantes, começaram a sair do país com destino ao norte do Brasil.
Alguns escritos mais esclarecedores dão-nos conta, que a emigração loricense começou a ter mais força, logo após o termo dos
conflitos das lutas liberais. Nessa época Loriga, politicamente, estava dividida entre as fracções de D.Miguel e D.Pedro,tendendo
para a primeira, por isso pensar-se que a saída também de alguns loricenses da sua terra poderá estar relacionado aos meios
políticos.Aliás,a posição política da maioria dos Munícipes Loricenses,serviu mais tarde como pedra de arremesso,e para uma
injusta vingança política por parte dos chamados "liberais",e que teve como grave consequência a extinção do Município de Loriga.
No entanto, tudo leva a crer que o principio da emigração loricense, se deva na necessidade da procura de uma vida melhor ou
mesmo o sustento para as suas famílias, ao mesmo tempo conseguir um meio económico, que a sua terra lhes não podia
proporcionar.
Foi a partir da segunda década do século XIX, que surge então o maior êxodo da emigração loricense, o destino era por norma a
cidade de Belém no norte do Brasil, pensa-se por ser mais perto e a viagem mais barata. Aqui nesta cidade se fixou a maioria para
não mais a abandonarem, enquanto outros se atreveram a subir em simples jamgadas o rio Amazonas para se fixarem na cidade
de Manáus.
Nessa altura uma viagem para o norte do Brasil, poderia custar 60$000 reis fortes ou 120$000 reis fracos, mas muitas da vezes até
muito menos 24$000 ou 28$000 reis, viagens estas feitas em veleiros com condições de conforto praticamente inexistentes.
Tendo em conta dos fracos recursos económicos, para custearem os custos das viagens, os emigrantes Loricenses estavam
sujeitos a condições de transporte onde a comodidade não existia e onde tudo de mau parecia existir, desde uma espécie de
dormitório quase sempre super-lotado construindo com tábuas beliches desmontáveis e dispostos em fila, as precárias condições
higiénicas e sanitárias que com frequência propagava doenças contagiosas e, o mal-estar (enjoo).
Com os balanços ininterruptos da embarcação e também o frio e, a escassa alimentação, originava por vezes a debilidade física e
com ela alguma doença. Só mesmo uma grande motivação de esperança de terem uma nova vida, lhes era possível conseguirem
ter a coragem e a força para enfrentarem toda uma viagem verdadeiramente em condições precárias e por vezes impróprias para
pessoas.
Esta movimentação emigratória para o continente americano, passou a ser uma realidade e ao mesmo tempo uma preocupação
para os governantes, tanto de Portugal como até dos outros países europeus, não só pelo movimento económico e por ventura um
grande negócio para os proprietários dos veleiros, mas acima de tudo pelas condições precárias de transporte que estes veleiros
faziam dos potenciais emigrantes, perante este estado de coisas, foram-se criando leis e em 1858 existia já em Portugal a lei §§ 1.
e 2. do artigo 25, de 1 de Maio que dava conta de uma inspectoria alfândega para quando da chegada dos veleiros ao Brasil e
respectiva verificação dessas condições
Depois de por vezes tormentosa viagem e em alguns casos de longos meses, era grande a ansiedade da chegada à terra
prometida, no entanto, para muitos ao chegarem era também a decepção, só querendo ter dinheiro para regressarem logo de
seguida à terra que os viu nascer apesar da longa viagem que tinham acabado de concluir.
Os primeiros emigrantes sujeitaram-se a trabalhos duros, tendo o clima como grande inimigo. Muitas da vezes nus até à cintura,
com uma tanga que lhes cobria o corpo até aos joelhos e a servir-lhes de sapatos uns pedaços de pau, o calor insuportável que os
fazia usar um farrapo de serapilheira que lhes servia de chapéu e ao mesmo tempo de rodilha para carregarem volumes à cabeça.
Apesar de todo um cenário de vida difícil, uma força interior parecia não fazer vergar os loricenses, pois estavam habituados a
enfrentar muitos desafios que a Serra por vezes lhe oferecia, tendo também no pensamento a sua família lá longe e uma visão
futura, aquela sua dedicação ao trabalho e a vontade de vencer, aos poucos foi progredindo e socialmente elevando-se na procura
de uma vida melhor, tendo sempre no pensamento a ideia de poder ganhar essa difícil vida que tinham escolhido emigrando.
No principio do século XX as colónias Loricenses em Belém e Manáus, eram sensivelmente iguais, vivendo já em qualquer uma
delas cerca de 300 pessoas mas uma década mais tarde devido a grande baixa do preço da borracha do amazonas muitos
começaram a abandonar a cidade de Manáus sediando-se a maioria na cidade de Belém.
Considerando ser essas paragens no norte do Brasil, as primeiras terras da emigração Loricense, aqueles primeiros filhos de Loriga
que ali chegaram estavam longe de imaginar que com a sua coragem, humildade e grande força de viver formaram uma grande
colónia, que foi sempre de um grande bairrismo com muitos benefícios doados à sua terra.
Se objectivo de vencer e regressar a Loriga era a ideia predominante e conseguido por muitos, foram muitos também aqueles que
não concretizaram o sonho de voltarem à sua querida terra que tanto adoravam, muitos mesmo nem sequer tinham imaginado que
a terra que tinham escolhido para uma vida melhor e dos seus, viria a ser também a terra da sua sepultura.
A emigração Loricense tem sido uma constante de geração em geração. Hoje espalham-se pelos cinco continentes. Actualmente,
apesar das notórias mudanças sociais e económicas em Portugal, os loricenses continuam a emigrar, como que, em continuação
da ideia emigratória dos primeiros emigrantes que deixaram Loriga, procurando outras terras para um a vida melhor.
**
Os primeiros loricenses começaram a emigrar para os países europeus, ainda na clandestinidade, por altura do ano de 1961-62,
tendo como destino mais concretamente a França, o que aliás era um fenómeno que vinha já acontecendo um pouco por toda a
região.
.Nesses tempos de autênticas aventuras, o meio utilizado era o "Salto" nome popularmente dado ao meio clandestino, para assim
conseguir a concretização do objectivo para chegar à França.
Anos mais tardes e quando deixou de existir uma politica de "porta fechada" passando a existir os meios legais para a saída com
destino a outros países, observa-se em Loriga um dos maiores êxodo de emigração, assim grande parte da mão de obra desta
localidade sai para os vários países europeus, tratando-se de trabalhadores qualificados ou não. Esta mão de obra destina-se
principalmente para o sistema das grandes industrias, actividades sazonais, construção civil, agricultura ou mesmo turismo.
Este novo cenário da emigração loriguense, quando ainda se tinha em pensamento para lá do oceano, agora toma a direcção da
europa para além dos Pirineus, tendo em conta que os países deste velho continente estavam em grande expansão económica,
começando por ser a França o país de destino prioritário, não tardando que se seguissem outros por ordem decrescente,
Luxemburgo, a República Federal Alemã, Bélgica, Holanda e Suíça.
Ao contrário dos emigrantes para lá do oceano que tinham na emigração uma perspectiva definitiva e de integração, os loricenses
que abandonavam a sua terra e o seu país para os países europeus, devido ao aspecto geográfico, nunca cortaram com as suas
origens e têm mesmo na emigração uma perspectiva temporal limitada, quer concretize ou não o pensamento que tem sempre
presente do regresso, por isso este factor de manutenção de relações regulares com a terra natal e um projecto permanente de
regresso ficam de uma maneira geral, ligados na origem da sua não total integração no país de acolhimento.
Outro factor desta mesma não integração e talvez mais complexa e determinante, deveu-se ao facto também em parte de que não
dependia só da vontade ou das decisões individuais, muitas das vezes dependia directamente da duração do contracto, da
conjuntura económica do país de destino ou do facto de ter de levar a família (particularmente os filhos) ou manter a ideia de
continuar a ter que deixar a sua família na sua terra e no seu país.
A partir de 1973 a emigração na europa tem uma profunda alteração, com a crise económica internacional que entretanto deflagra e
que conduz à politica da "porta fechada" nos países do destino normalmente procurados pelo fluxo emigratório, a partir de então
começa logo a descer consideravelmente o êxodo da saída dos loricenses, vivendo ou não na sua terra.
A maior oferta de postos de trabalho, melhores remunerações, melhores condições de vida, melhor assistência social na doença e
na velhice e melhores condições ao ensino e formação profissional dos seus filhos, era a motivação que levou os loricenses,
durante três décadas, a concentraram-se na ideia emigratória para a europa.
O emigrante loriguense na europa, onde quer que se encontre, não esquece a sua terra onde uma certa mística os atrai às suas
origens, na perspectiva de um dia regressar. A aquisição de uma casa foi sempre um dos primeiros objectivos, que fez recordar o
desenvolvimento habitacional de Loriga, quando da emigração brasileira.
Com a previsão da entrada do nosso país no Mercado Comum europeu nos primeiros anos da década de 1980, um fenómeno no
âmbito da emigração se fez sentir, desta feita o regresso para muitos.
Pelo facto do levantamento dos fundos dos descontos sociais em alguns países, antes da integração de Portugal na EU em Janeiro
de 1986, como também, porque para muitas famílias emigradas na europa o ciclo se fechou e tinham entretanto realizado o seu
projecto ou quer ainda também por terem sido aliciados pelos chamados "subsídios de regresso" ,concedidos em alguns países de
acolhimento, muitos portugueses começaram a regressar à sua origem, os loricenses não fugiram à regra.
Alguns regressos foram-se verificando só que desta feita não só eles, como também seus filhos entretanto nascidos nesses países
de acolhimento e que por isso para estes foi uma outra integração a outro meio a outra terra.
No entanto, no regresso à sua terra um problema os esperava a todos, o momento económico em Loriga e na região, não era
capaz de dar resposta a uma normal integração e por conseguinte, muitos dos regressados mais tarde se aperceberem da
frustação do regresso e foi por isso notório um novo pensamento de emigrar.
Na última década do século XX, a realidade emigratória passou a ser bem diferente, com Portugal dentro do chamado comboio da
europa, o estatuto de emigrante passou a não ser o mesmo, como foi nesses tempos da verdadeira emigração.
Com uma politica europeia sem existência de fronteiras e por isso de livre circulação de cidadãos dentro da Comunidade, apesar de
existirem ainda restrições na procura de trabalho em cada um desses países, continuou em Loriga e na região a existir uma forte
motivação para partirem, principalmente os filhos que não lhes parecia fácil a uma total integração sabendo que no estrangeiro
poderiam ter melhor condições de vida.
No entanto, não deixa de ser curioso o facto de continuar a existir ainda hoje em Loriga pretendentes a emigrar, neste caso
concreto apenas em números reduzidos, só que desta feita, esta onda de pensamento para emigrar, em parte, continua a existir
pelo facto da crise e falta de trabalho que continua a ressentir-se nesta vila até à pouco ainda bem industrializada.
Na história da emigração de Loriga, não restam dúvidas que tem que figurar para sempre estas duas fases emigratórias loricense, a
brasileira e europeia, num mesmo potencial económico e social, mas o mesmo não se poderá dizer na integração nos respectivos
países de acolhimento, que enquanto além-mar a integração foi na generalidade, para a europeia apenas se deverá concretizar à
segunda geração.
-5-
Canção de Saudade
Refrão
Percorre a Vila
Vai à Senhora da Guia
A Padroeira
Por quem temos devoção
Sobe o mirante
Onde tudo é magia
E levará Loriga no coração.
Após alguns anos de longo percurso, foi aprovada na Assembleia da República em 30 de Junho de 1989, a lei da confirmação da
categoria de Vila a Loriga. Fez-se, assim, justiça a Loriga e aos Loricenses que reclamavam há muito este acto,para acabar com
dúvidas,e que se foi festejado com duas descargas de foguetes.
***
A confirmação da categoria de Vila a Loriga, através da lei de 1989, foi a consagração oficial e legal deste acto.Aliás,Loriga nunca
perdeu a categoria de vila,nem mesmo quando lhe foi roubada a sede de concelho. Para os Loricenses, Loriga foi sempre
considerada uma Vila, não só pelo seu elevado número de habitantes, mas pelas estruturas fabris, culturais, comerciais, sociais
nelas existentes, como também por já ter sido, em tempos, Sede de Concelho, como o atesta uma da
nota com Ref. 880-Po. G733, da Câmara Municipal do Concelho de Seia, enviada à Junta de Freguesia de Loriga com data de 15
de Março de 1961 que a seguir se transcreve:
Para os devidos efeitos, transcrevo a V.Exa. o texto do ofício Nr.918-Po. M-1/6, de 13 do mês em curso, que o Governo Civil deste
Distrito dirigiu a esta Câmara Municipal, a cerca do assunto designado em epígrafe:
"Quanto à consulta que me foi formulada sobre a legitimidade da categoria de vila que a povoação de Loriga reivindica, informo
V.Exa. de que, o meu parecer, se podem agrupar em três grupos os núcleos populacionais a que assiste o direito de usar aquele
título e que posso a enumerar:
1. As sédes de concelho, conforme determina o Art.12., § 1., do Código Administrativo.
2. As localidades a que, por diploma especial posterior, tenha sido atribuída aquela categoria, tais como Ermezinde (Decreto-Lei
Nr.28.142), Luso (Decreto-Lei Nr.28.142), etc.
3. Todas as outras povoações que haviam adquirido aquele título anteriormente, designadamente por decreto, carta régia ou outros
diplomas legais que não podem considerar-se revogados pelo Código Administrativo em virtude de a categoria de vila não ter sido
restringida, apenas, às actuais sedes de concelho".
-------------------------------
Em face do exposto e porque não existe qualquer lei que tenha tirado a categoria de Vila às povoações deste último grupo, entendo
que deve ser respeitado o título de Vila de Loriga, antiga sede de um concelho extinto, reivindica com toda a legitimidade.
Pelo exposto, esta Câmara muito se congratula com a decisão que faz respeitar o título de Vila dado a Loriga.
A Bem da Nação
O Presidente de Câmara
Ass) Joaquim Fernandes F. Simões
-6-
Saudades de Loriga *
* Pinal
Correndo pelas ribeiras Teus prados verdejantes Loriga sempre foi linda
Entre caminhos e montes Com milho embandeirado Mas com neve é um espanto
Regam courelas e malhadas São cenário fascinante Quando vista do mirante
Cruzando as tuas pontes. Que merece ser pintado. Toda coberta de branco.
P´la beleza que encerra Da Tresposta do Fontão Mas esta vila serrana
No Pisão do Barroel Ela parece um altar Não tem somente magia
Também lhe deu foral de vila Com seu belo Santuário Tem também o doce encanto
El-Rei D. Manuel. Onde a gente vai rezar. De Nossa Senhora da Guia.
Ano Fog
os
18 88 80 16
64 5 8 93
1527 78
18 97 92 18
78 4 4 98
1706 200
18 11 94 20
90 48 5 93
1755 158
19 12 97 22
00 54 4 28
1826 272
19 14 10 24
11 16 46 62
1835 314
19 13 97 23
20 42 4 16
1862 448
19 13 19 24
30 60 61 21
A partir de 1864, os registos das
populações já se contabilizava através dos 19 14 11 25
Habitantes, no entanro, durante alguns anos ainda eram 40 09 39 48
registados os Fogos (lares).
19 15 14 29
Ano Fog 50 69 12 81
os
19 14 12 26
1864 394 60 20 75 95
1878 428 19 11 95 20
70 05 5 60
1890 526
19 95 87 18
80 1 4 25
No ano de 1755, quando do tremor
de terra que assolou e destruiu
grande parte da capital do país, foi 19 * * 16
efectuado uma contabilização mais 91 64
concreta onde ficou registado Loriga possuir:
158 Fogos e 400 habitantes
19 * * 16
99 55
Junho/98
M ovimento Demográfico
1978 34 20 22
1979 42 12 18
1980 29 9 22
1981 27 15 28
1982 23 22 32
22
1983 18 27
1984 30 20 37
1985 22 22 21
1986 22 19 22
1987 16 16 37
1988 32 11 26
1989 17 7 24
1990 17 12 26
1991 26 21 34
1992 19 10 18
1993 18 9 35
1994 19 8 19
1995 13 13 26
1996 18 6 25
1997 15 8 31
1998 6 12 26
1999 12 8 25
-9-
À Minha Terra *
"Loriguês"
Termo linguístico que os Loricenses criaram, que não sendo oficializado, define num falar e numa aplicação de palavras em número
significativo, muito usuais principalmente em tempos passados, em que muitas delas são exclusivas e originais de Loriga.
Vocabulário de Palavras *
- 10 -
-Abaléu - abalou Abrólio - que fala muito -Escurrupichar - Beber o resto Esgaziado - conduzir depressa
-Àcata - à procura Acarta - carrega -Esguelha - de lado Esfeijoar - queda aparatosa
-Achadiço - esquisito Aforricar - estragar/chapéu de chuva -Engalinhado - cheio de frio Esmoer - fazer a digestão
-Afunda - fisga Agaçar - atiçar -Espertel - esperto (a) Esprugar - descascar
-Agancha - arame/conduzir um arco Aganchar - elevar/subir -Esqueixada - côdea da broa levantada Esterlicada - muito magra
-Aiche - pequeno ferimento Airoso - simpático -Estiado - parou de chover Estrotegar - torcer o pé
-Aljabardado - mal feito Altarrão - muito alto (rapaz) -Esturricada - queimada/torrada Fariseu - mau
-Altarrona - muito alta (rapariga) Alvadiço - atiradiço -Farregodilhas - traquino/mexido Fedelho - traquino/ pequeno
-Alveirada - deixou de chover -Fedor - mau cheiro Fedúncio - reles
-Amerzundado - instalado/não fazer nada Amorcegado - ensonado -Felexo - traque Forcalhas - fintas
-Amolancar - estragar Amulagado - amolgado -Fuderices - bisbolhetices Funfar - choramingar
-Ancho - vaidoso Ao calhas - qualquer maneira -Furda - local onde está o porco Gadelha - cabelo grande/despenteado
-Apilarado - bem trajado Apoquento - aflijo -Galheta - rasteira Garnacha - aguardente
-Aqueitar - abrigar Arangar - a dizer/resmungar -Girom - vai embora Gosma - interesseiro
-Arremelgado - com sono Arrenegar - aborrecer -Grolda - falar muito Guieira - vento frio
-Arriaga - mal vestido Assorriar - fazer troça -Guimpar - gemer/sofrimento Hirejo - ateu
-Atinor - à sorte Atizanar - enervar -Imonado - entufado Impar - gemer continuamente
-Atoleimado - tolo Atramoucado - bruto/doido -Incóspia - ordinária Ingrimanço - pessoa desluzida
-Atroado - louco Aturo - aguento -Inté - até Jabardo - sujo, porco
-Augada - chuvada Augado - triste, insatisfeito -Jinela - janela Lambão - comilão
-Augua - água Aventar - deitar fora -Lambisgóia - pessoa espantada Lamuria - choramingueira
-Aversas - ao contrário Avezada - habituada -Lapacheiro - sujidade (lama/liquídos) Lesma - escarro grande
-Badalhoco - muito sujo -Lêvedar - fermentar Lixado - encravado
-Bachicar - molhar com água Baieta - barbeiro -Loijão - cave debaixo do sobrado Lôrpa - comilão
-Bailique - construção abarracada Balcão - escadaria de pedra -Malina - mau cheiro Malcriado - mal educado
-Baraço - corda fina Barandão - malandro -Maldrácia - maldade Malhão - queda
-Barduça - nevoeiro Barrela - limpeza completa -Mardocarmo - Maria do Carmo Marreco - pato
-Basto - espesso Bátega - chuvada -Márronia - mau feitio Martóla - cabeçudo
-Bate-cú - cair de c u Barriga de alqueiro - barrigudo -Mecha - dinheiro Medrar - crescer
-Barromão - vadio Bedelho - pequeno "um centavo" -Mê Filho - meu filho Melena - cabeleira grande
-Beijinhas - vagens/feijão verde Beirito - um pouco (liquido) -Mestrunço - mal feito Meixão - papula na pele
-Berreiro - chorar muito Bico d´obra - coisa difícil -Meixões - fridas Mexa - depressa
-Biscalhito - pedaço muito pequeno Biscalho - pedaço pequeno -Miga - petisco Migalho - pequena porção
-Bichos carpinteiros - não parar quieto Biscórdia - pessoa interesseira -Miscaros - cogumelos Miúfa - medo
-Bocana - chorar muito alto Bolsa - pessoa baixa e gorda -Mixordeiro - provocador Mocotó - mal arranjada
-Bonrar - faltar à palavra Borda - local menos fundo num poço -Mocho - triste/calado Moinante - vadio Monco - ranho
-Borleca - porca Borna - morna -Mouca - surda Murça - cabelo grande
-Borrar - sujar Borrega - ferimento com pus -Nalgadas - palmadas/nalgas Odepois - depois
-Bosta - excremento de vaca Bostela - crosta de ferida -Pagem - amigo(a)/companheiro(a) Paleio - conversa
-Bota - deita Botelha - abóbora -Palitos - fósforos Pão Miado - pão de centeio
-Braveira - chorar muito (feroz) Breter - derramar -Passéu - passou Peisé - pois é
-Briol - frio Broca - mentira -Penca - nariz grande Pelanquim - varanda
-Broxa - prego pequeno Bugia - fogão de ferro/aquecimento -Perdigoto - Salpicos de saliva Perrice - chorar muito/irritado
-Bugiar - vai passear Burrega - bolha -Pertelinho - muito perto Pessinar - benzer
-Cacarecos - utensílios velhos Caganátias - -Pia abaixo - ir para baixo Pia acima - ir para cima
excremento/coelhos/ratos/burro s -Pirísca - velocidade/rapidez Pirralho - pequeno
-Caganeira - diarreia Cagalhoeiro - não guarda segredos -Pisco - comer pouco Pitróleo - Petróleo
-Cagueiro - cu grande Calcamunhas - palerma -Poaceira - poeira Postigo - janela pequenina
-Calhão - parte mais funda dum poço Calhandrona - bisbilhoteira/má -Pujeca - vagina Pugês - miúdo/pequeno
-Calhau - pedra grande Calhoada - pedrada -Rabadela - vento forte Quêda - parada
-Calhorras/Feijocas - feijão grande Camangulão - vadio -Queicho - coxo Queirela - courela
-Cancha - dar um passo largo Carvalhó - queda/cambalhota -Queisa - coisa Queizito - bocadito
-Casquilho - Objectos plasticados Catancho - catrino -Quezilha - hábito/maneira/modo
-Catrapiscar - espreitar Chaleira - cafeteira -Quilhado - prejudicado Quinté - que até
-Chapinhar - bater na água Cheiriço - chouriço -Rabecada - raspanete Rabicho - Rabo
-Chícharos - feijão frade Chicória - Bica (café) -Rapa barbas - vento gelado Rebisco - jogo de esconder
-Chiqueiro - fazer lixo Chusma - muito/montão -Relêgo - calma, cuidado Respigo - pedaço de cacho de uvas
-Chuviscar - beirolar Codito - pequeno pedaço de pão -Rilhar - trincar carne dura Ripote - gato preto
-Coirão - ordinária Combaro - muro/courela -Roçar - esfregar o chão Saibete - sabor ligeiro
-Compinchas - más companheiras Corada - branquear ao sol/roupa -Salsear - sujar Sassericar - não estar quieto
-Cramunha - fazer barulho Crolório - feitio -Selamurdo - calado Sertã - frigideira
-Cruzeta - cabide móvel Cueiros - fraldas -Soltura - diarreia Sumisso - desaparecimento
-Curgimão - pessoa indesejável Cuspinho - saliva -Taleiga - saca de pano Talisca - buraco na parede
-Debrucar - virar um objecto Degredo - problema/complicação -Tareca - esperta/faladora Tarrisada - risada
-Deido (a) - doido (a) Derramado - esperto, curioso -Teituçada - tropeçada Tezicar - arreliar
-Derrancado - zangado Desancar - palmadas no cu -Tísica - magra/doente Trelecas - conchas, conquilhas
-Desavergonhado - mau Desobrigar - confessar (Quaresma) -Topetada - bater com os dedos do pé
-Despertina - esperta (sem sono) Destrambulhado - sem juízo -Trambêlo - juízo Tramenho - solução/geito
-Desvão - sótão Dinqueiro - nu -Trampa - excremento Trelincar - som das campainhas
-Embarricar - jogar p´ra sitios dificeis Emgadelha - sem chapéu -Trêpelos - grelos Trigamilho - pão de trigo
-Encagaitado - bem vestido Enchixarrado - vaidoso -Trilhar - comer Trinque - chaves da porta
-Encrenca - que arranja problemas Enfadado - cansado -Troca Tintas - trapalhão Troncamaronca - à toa
-Enlazeirado - cheio de frio Ensertado - aberto -Trôpesso - andar com dificuldade
-Esbaguchados - frutos rebentados Esbarroncar - queda dum muro -Umbela - chapéu (chuva/sol) Xé-xé - maluco
-Esbijar - esticar Esborralhar - desmanchar -Xi Coração - abraço forte Velar - Adorar
-Esbreicelada - loiça partida/esmurrada Esbrinçar - partir loiça -Veneta - fúria Ventaneira - vento forte
-Escairado - inflamado (nariz) Escaleira - escadaria/balcão
-Escarrolada - bem lavada/roupa
* 301 Nota:A maioria destas palavras e termos,fazem parte da língua portuguesa mais antiga,muitas destas
palavras deixaram de ser utilizadas correntemente mas continuam a fazer parte do rico vocabulário
português.Nos restantes casos foram alteradas ou criadas localmente,mas ambas as situações ficaram a
dever-se ao isolamento a que Loriga esteve sujeita durante muitos séculos.
I - Linguajar em "Loriguês"
- 11 -
"Lorigada" "Lorigaitas"
Encontro de convívio e amizade entre Expressão popular que se aplica,
loricenses, concretamente
num almoço tradicional e unicamente com fora de Loriga, quando num encontro
gastronomia de Loriga ocasional,
loricenses, recordam a sua terra .
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Nomes de Famílias
Registo dos apelidos existentes em Loriga. Apesar de alguns destes apelidos serem muito vulgares entre os Loriguenses, isso não
quer dizer que pertençam à mesma família.
-Paixão
-Abreu -Dias -Lopes -Pala s
-Alves -Cruz -Lourenço -Paulo
-Amaral -Farias -Lucas -Penas
-Amaro -Félix -Luis -Pereira
-Ambrósio -Fernandes -Macedo -Pina
-Antunes -Ferrão -Madeira -Pinheiro
-Aparício -Ferreira -Marques -Pinto
-Ascensão -Ferrito -Marta -Pires
-Brito -Figueiredo -Martins -Plácido
-Cabral -Florêncio -Melo -Portela
-Calado -Fonseca -Mendes -Prata
-Cardoso -Freire -Moenda -Ramos
-Carreira -Galvão -Moita -Ramalho
-Casegas -Garcia -Monteiro -Reis
-Claro -Gonçalves -Mota -Ribeiro
-Coelho -Gouveia -Moura -Romano
-Conde -Guimarães -Mourita -Santos
-Constância -Jesus -Neves -Saraiva
-Correia -Jorge -Nogueira -Silva
-Carreira -Lages -Nunes -Silvestre
-Costa -Leal -Oliveira -Simão
-Crisóstomo -Leitão -Ortigueira -Varão
-Cruz -Lemos
-Veloso
Telhados Velhinhos
A roupa a secar
A neve caindo
Crianças sorrindo
E a gente a cantar
Hó terra tão linda
Que há que não diga
Saloias da serra
E cristãs da terra
É assim Loriga
Disse uma graça na ponte
Corre veloz até à fonte
E chega logo à "Carreira"
Lá vai ele como louca
Andando de boca em boca
Percorrendo a terra inteira
Dizem que a aldeia é grande ve l á
Mas se é grande não parece
Na rua é um formigueiro
Desde a ponte à "Carreira"
Toda a gente se conhece
* Eugénio Luís Pina dos Santos. -Emigrante loricense na Alemanha, que apesar de estar longe não esquecia sua terra. Poema dedicado a Loriga, publicado no
Jornal "A Neve" (Março 2003) a pedido do mesmo, pouco tempo antes do seu falecimento.
- 13 -
Loriga e Sacavém
e.mail: analor@netcabo.pt
e.mail: gargantaloriga@netcabo.pt
Em 1 de Junho de 1996
procedeu-se à Geminação de Loriga e Sacavém,
sendo nesse ambito assinado pelas respectivas
Juntas
os acordos de cooperação.
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Ano 1952
Primeiro Rancho Folclore Loricense, criado em Sacavém
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Canção de Loriga
I V IX
Para rever a minha terra Caixão da moura e os poços Do Reboleiro lembranças
Pensei sobre ela falar Até a nossa ribeira Do Vinhô só recordar
Fica na encosta da serra São de Loriga são nossos Da Barroca outras andanças
É Loriga. É um altar Produtos de brincadeira Do passado é bom falar
II VI X
Da Portela do arão De beleza de penedas O que fica por lembrar
Até Loriga avistar E mesmo a Fonte do Vale A volta, o Porto e outros
Não é nenhuma ilusão Fonte do Mouro, Represas Poço Zé Lages, brincar
É lindo é de encantar São encantos sem igual Recordações de garotos
III VII XI
Paisagem que faz inveja Já penso no alto da serra Penso que está tudo dito
Saudade que se sentia Penha dos Abutres, Gato E para mim foi um prazer
Em rever aquela igreja São coisas da nossa terra Solto agora o meu grito
De Nossa Senhora da Guia Bem lindas com neve e mato Deixem Loriga crescer.
IV VIII
Passando a Ponte Nova A Casa dos Ingleses
Todo o espanto que encerra E também o Surgaçal
Do trovador sua trova São encantos e belezas
Doa cantos à nossa terra Que não existe nada igual * José Ferreira
Como que escondida no meio das serras, a cerca de 8 Km. de Loriga fica situada a pitoresca localidade do Fontão.Esta bela aldeia
de xisto,qual "Piódão" da Serra da Estrela (embora não tenha sido tão divulgada),foi fundada no século XVI por uma família de
pastores e agricultores que escolheram aquele pequeno e acolhedor vale para se fixarem. Desde sempre foi um anexo da Vila de
Loriga, nas memórias desta localidade escritas em 1755, pelo Vigário João Roiz Ribeiro, em que já era feita referência ao casal do
Fontão.
O visitante chegando a esta pequena terra, onde as casas construídas de xisto dão um panorama diferente, pensa ter chegado a
um mundo onde a natureza é a rainha e onde o silêncio apenas parece ser interrompido pelas águas cristalinas que deslizam pelos
campos e riachos, nos fazendo sentir uma certa paz de espirito. Tal cenário faz-nos esquecer o progresso e que, para lá dos
montes altos, existe outro mundo, outra vida.
A sua população, vivendo essencialmente da agricultura, tem ainda na comercialização da resina e Apicultura um meio de
actividade e subsistência. Através dos tempos, no entanto, tem sido esquecida e abandonada pelos poderes autárquicos e, a prova
mais visível desse facto, é a continuada falta de dignos acessos. Este era um direito que os seus habitantes sempre reclamaram,
sendo até, muitas das vezes os próprios a construir os existentes, bem como, a respectiva conservação.Finalmente,em 2005,foi
alargada e pavimentada a estrada de acesso,ficando esta bela aldeia com acessos dignos.
No tempos actuais, o Fontão de Loriga, é bem o exemplo da desertificação com a qual se vai debatendo o interior do país, com a
saída da sua população para outras localidades. O movimento demográfico e bem sentido na sistemática diminuição da sua
população que, comparativamente com as décadas de 40 e 50, em que havia mais de quatro dezenas de crianças na escola local,
hoje não existe uma única estando por esse motivo a escola fechada. Em 1999, a população residente no Fontão, era apenas em
11 pessoas.
Anualmente é realizada a Festa em Honra de N. S. da Ajuda, uma festa com tradição, presentemente levada a efeito em Agosto,
sendo então muitos os ausentes a visitar a sua terra.
O local conhecido pelo "Bardo dos Lobos" muito perto da Malhada é, sem dúvida, um dos lugares mais panorâmicos, onde se pode
vislumbrar não só o Fontão de Loriga como outras paisagens serranas.
A Igreja de Loriga
***
Sabe-se, em concreto, que a Igreja Matriz foi mandada construír em 1233 pelo rei D.Sancho II,na Paróquia de Loriga,que então
pertencia à Vigariaria do Padroado Real.Era um templo românico de três naves,dedicado a Santa Maria Maior,com traça exterior
lembrando a Sé Velha de Coimbra.
Sabe-se que a data de 1233, inscrita numa pedra colocada por cima de uma das portas laterais da igreja actual, nos confirma a
sua longa existência, tendo em conta o facto de essa pedra ser visigótica e pertencer a um antigo e pequeno templo que existia no
local.
A Igreja foi dedicada desde logo a Santa Maria Maior, um templo românico cuja traça tinha semelhança com a da Sé de Coimbra.
É a partir do século XVI que se conhece , em mais profundidade, a história da história da Igreja Matriz de Loriga,pois a maioria dos
documentos referentes a este templo são posteriores a esse século.Sabe-se até por relatos antigos o registo de que, o subsolo da
igreja, sacristia e adro, estão cheios de ossadas, uma vez que na Idade Média, era norma segundo o uso cristão desses tempos,
merecerem os defuntos sepultura eclesiástica, que era propriamente na igreja e nos terrenos em redor da mesma.Sabe-se também
que, no ano de 1851, ter sido sepultado ao fundo dos degraus do altar-mor o Reverendo Sebastião Mendes de Brito, pároco de
Loriga.
A Igreja de Loriga, através do que se conhece, já foi por diversas vezes destruída sofrendo, por isso, diversas transformações, tendo
em conta os desabamentos ocorridos em virtude de terramotos que assolaram o país.
Assim, em 1755, aquando do grande terramoto que abalou o país, onde Lisboa ficou completamente destruída, a igreja de Loriga
desabou.
No Dicionário Geográfico, da autoria do Padre Cardoso, mandado elaborar por ordem do Marquês de Pombal, por ocasião do
terramoto de 1755, vamos encontrar registos descritos onde o pároco de Loriga, João Roiz Ribeiro, nos diz:
"A Parochia está situada no meio da Villa ..... O Orago desta freguesia he a Senhora Santa Maria Mayor. A Egreja tem sinco
altares, hum as Sam Bento, houtro de Santa Luzia, houtro de Nossa Senhora do Rozário e o houtro das Almas. Tem huma só nave
e nam tem Irmandade alguma ....Padeceu de ruína a capella mor desta Egreja em sua abóbeda e paredes desta sorte, que nam
conservao Santíssimo Sacramento nem imagens algumas na dicta capela, de que já dei duas contas à mesa da consiensia e
tenho a certeza de que foram entregues. ......." (1)
Sendo novamente reconstruída, após o terramoto de 1755, já não conservou a mesma feição arquitectónica da anterior, no entanto,
os registos dão-nos conta do seguinte:
"...era de estilo romano, com três naves, tecto artesoado com altares correspondentes à traça do templo .... A entrada para a torre
e coro era feita pelo cheio da parede virada a nascente, por escadaria (interior) que partia da porta lateral..."
No século seguinte, no mês de Setembro do ano de 1882, novamente se fez sentir no centro do país um tremor de terra e, por
conseguinte também muito sentido em Loriga, o qual pareceu, em principio, não ter grande gravidade. Só que as consequências
viriam mais tarde, quando todos pareciam já ter esquecido. Em Novembro seguinte, e quando era celebrada a missa, estalou a viga
mestra da igreja tendo, de imediato, sido efectuada a desocupação do templo e retirando algumas imagens e outros artigos. Só no
fim do dia aconteceu o desabamento quase completo, tendo apenas ficado em pé a torre, apesar de muito danificada.
Em 1884 foram terminados os trabalhos da reconstrução da igreja, que a população local, toda unida, levou a efeito, chegando aos
tempos actuais, passando desde então a manter a mesma estrutura com uma ou outra modificação de conservação que foi
acontecendo.
No ano de 1929 foi ainda a igreja de Loriga, cenário de tragédia, quando desabou um "palanque" construído em anexo ao coro,
resultando a morte de 2 pessoas e alguns feridos principalmente crianças.
A Igreja de Loriga tem, além do altar principal, mais quatro altares, todos eles considerados de rara beleza, bem como as imagens
que ali figuram. Tem também coro e ainda uma torre onde os seus sinos fazem chegar bem longe os seus sons.
Houve, em tempos, a ideia de construir uma nova igreja noutro local da Vila, no entanto, essa ideia não prevaleceu, mantendo-se a
actual que, apesar de pequena, é uma igreja antiga, bonita, verdadeiramente acolhedora e digna de ser visitada.
Pensa-se ter sido a primeira oferta dos beneméritos emigrantes Loricenses no norte do Brasil. Remota ao século XIX, mais
precisamente da década de 1870. Esta prenda foi doada à igreja de Loriga por uma família, quando do regresso à Pátria e à sua
terra, tendo sido adquirida em Lisboa.
Para registo aqui se menciona a família de emigrantes loricenses que doou à Igreja da sua terra, a Lâmpada do Santíssimo
Sacramento, desde sempre muito admirada na igreja de Loriga, pelas pessoas que a visitam:
"José Joaquim dos Reis, esposa Maria Águeda Mendes Lemos e respectivos filhos, e ainda um sobrinho de seu nome António
Reis".
(1) in Padre Cardoso, Dicionário Geográfico, 1758, fl. 1149 (transcrição original)
Nota:- Não se realiza Festa exclusivamente dedicada à Nossa Senhora de Fátima em Loriga.
***
A veneração à Nossa Senhora da Guia nesta localidade de Loriga, surgiu nos meados do século XIX, ideia trazida pelos
"Cartagenos", nome dado aos negociantes de lã que iam por outras terras do país; nomeadamente pelo norte, vender as peças
tecidas manualmente.
Esses "Cartagenos", nas suas andanças comerciais viram no Minho, mais precisamente em Vila do Conde junto à foz do Rio Ave,
uma ermida em honra de Nossa Senhora da Guia, padroeira dos pescadores. Quando em Loriga se pensou construir uma capela
em louvor da Virgem, como nessa altura os Loricenses começavam a sair, emigrando para o Brasil, o nome escolhido foi o de
N.S.da Guia, que passou a ser, nesta vila, a padroeira dos emigrantes.
Nos primeiros anos da década de 1880, sendo o povo de Loriga muito devoto, de muita fé e de muita coragem, quando se procedia
às obras da reconstrução da Igreja matriz destruída em consequência de um abalo de terra verificado nesta região da Beira, de
imediato o pensamento da construção da capela tomou ainda maior forma. O monte "Gemuro", que emerge da ribeira de São Bento
foi o escolhido. Situado a nordeste da povoação, a pouco mais de um quilómetro do centro da Vila, era porventura o local mais
indicado. No entanto, não foi uma escolha pacifica, originando muitos conflitos e confusões, que só o tempo viria a saldar.
Aquele lugar conhecido por "Gemuro", era uma passagem dos proprietários dos pinhais e que servia também de caminho de
acesso à freguesia da Cabeça, sendo terreno plano, soalheiro e de boas vistas. Ali se juntava o povo aos domingos, nas tardes de
verão, para descansar dos rudes trabalhos da semana sendo, ainda, um verdadeiro miradouro para o monte do Colcorinho,
sobretudo no domingo do Espírito Santo e quando da celebração da festa de N.S. das Preces em Vale Maceira.
A família Marques Guimarães, proprietários daquela terra e pinhais, não via com bons olhos o ajuntamento de estranhos nas sua
terras. Mas o povo, cada vez mais sentia-se atraído por aquele local, para os seus convívios familiares, de lazer e descanso.
Quanto mais os donos procuravam defender os seus direitos, mais o povo parecia tomar conta daquele lugar e, movidos pela ideia
da construção da capela, começaram mesmo a derrubar os pinheiros e a terraplenar o terreno. Nem mesmo as autoridades
administrativas locais conseguiram demover o povo a desistir do fim que tinha em vista, passando desde logo esse lugar a
chamar-se por Senhora da Guia. Nessa época, era paroco de Loriga o Sr.Padre Matias.
Em 1884, foi concluída a construção da capela, feita de pedra de xisto. Esta capela durou cerca de 40 anos e tinha a entrada
principal virada para a povoação. A primeira festa em honra de N.S. da Guia realizou-se nesse mesmo ano, em 06 de Outubro, para
depois passar-se a realizar sempre no primeiro domingo de Agosto.
No inverno, aquele local era frequentemente assolado por ventos fortes e enxurradas de águas, o que fez com que a capela primitiva
fosse ficando muito degradada. Em 1917-18, como não parecia oferecer segurança, após mais de três décadas de existência,
pensou-se na sua demolição tendo, para o efeito, sido constituída uma comissão, com a finalidade de dar início à construção de
uma nova capela. Foi então demolida a primitiva capela e edificado uma outra que ficaria concluida por volta do ano de 1921.
É esta a capela que chegou até aos nossos dias, com as medidas de 9,30 X 6,90 metros, tem ao longo de todos estes anos de
existência, conhecido várias transformações tendo já pouco a ver com a inicialmente edificada.
Os relatos da época dizem, que a festa realizada após a construção da nova capela, foi de verdadeira emoção e alegria. Era então
pároco de Loriga, o Monsenhor António Gouveia Cabral e, no rosto de todos os presentes, era bem visível esse contentamento por
terem proporcionado uma digna capela à Virgem que, do seu andor, parecia dizer ao menino que olhava sua Mãe:- "Vê como meus
filhos me amam"
O recinto da N.S.da Guia é, na verdade, hoje em dia, a "coroa" da Vila de Loriga e digna de ser vista por todos os visitantes. A
capela de N.S. da Guia e a Virgem tem, sem dúvida, o grande afecto dos emigrantes Loricenses espalhados pelo mundo.
A imagem da Virgem, tão bela e expressiva foi feita para os lados de Braga e data da construção da primitiva capela. Chegou até
bastante antes da capela estar concluída.
Existe uma outra imagem - Nossa Senhora da Guia pequenina - que devia vir para Loriga por volta de 1901-1902. A razão desta
segunda imagem é a seguinte:
O dia da festa, excepto o primeiro ano (1884), sempre se realizou no primeiro domingo de Agosto. De manhã, muito cedo, a
imagem vinha em procissão da Capela para a Igreja, regressando para a sua capela cerca do meio dia. Acontecia que muitos
romeiros, alguns de longes terras, vinham até à capela cumprir as suas promessas e dar as suas esmolas e não encontravam a
Imagem da Virgem o que bastante os desconsolava. Foi por isso que se mandou fazer outra imagem que substituísse, na
ausência, a primitiva imagem de Nossa Senhora da Guia, como hoje ainda isso acontece.
A Festa em honra de Nossa Senhora da Guia, realiza-se anualmente no primeiro Domingo de Agosto.
Para além do acto religioso em que é relevante a magestosa procissão e missa campal, tem como complemento também a parte
musical, que decorre normalmente no recinto e também na vila.
É a maior Festa que se realiza em Loriga e a que mais visitantes atraia a Loriga, nomeadamente os Loricenses espalhados pelo
país e pelo mundo.
As mordomias nomeadas, levam a efeito vários eventos, tendo ao longo do ano a preocupação de angariar receitas, não só para a
realização da Festa anual, mas também ter sempre presente fundos para despesas pontuais, obras e restauro da Capela, Coreto,
Casa do Fogueteiro e ainda a conservação de toda a área envolvente do recinto e rampa de acesso.
-4-
***
Bem mesmo no centro do Bairro de São Ginês, quase que passando despercebida a capela dedicada à Nossa Senhora do Carmo,
muito bem guardada e protegida pelos moradores desse lugar pitoresco de Loriga, continua a manter a firme postura de capela de
bairro, sendo bem patente o orgulho que os moradores locais têm na sua capela.
Vem de longe a existência da capela naquele local,já que o templo primitivo ali existente foi uma ermida visigótica dedicada a
S.Gens,santo a que os Loricenses mudaram o nome para S.Ginês,talvêz por ser mais fácil de pronunciar. Sabe-se que em 1758
ainda era dedicada a San Gens, pensando-se até, que resistiu ao grande terramoto de 1755, que nesse ano assolou o nosso país e
arrasou quase totalmente Lisboa.
Sabe-se portanto, que a capela actual não é a primitiva uma vez que, por estar em vias de ruir, seria reconstruída. Mesmo assim,
durante alguns anos, esteve só com paredes e telhado e, só depois de ser feito o altar, foi restituída ao culto em 1938.
Para quem não saiba, muito boa gente poderá ser induzida no erro de que, a data de 1909, inscrita na fachada por cima da porta,
corresponde à data da existência da capela naquele local. Na verdade não é assim, pois, na realidade, a data corresponde a uma
de algumas reconstruções que esta capela foi tendo ao longo da sua existência.
Sabe-se da existência de poucas habitações naquele local quando a ermida foi construída, estando escrito que ela se situava ao
"lado da vila". Por conseguinte, o povoado de Loriga mal ali chegava, sabendo-se que, durante muitos séculos, o povo português,
muito religioso e crente construía as ermidas normalmente em locais fora dos povoados. Do que parece não restar dúvidas, é que a
capela foi ali edificada em honra de São Gens e, por isso mesmo, aquele local passou a ser chamado precisamente com a versão
Loricense desse mesmo nome, topónimo que ainda hoje se mantém.
Apesar da capela não ser cenário de grandes festas em honra da sua Virgem, como decerto acontece com outras festas religiosas
que se realizam em Loriga, não é por isso menosprezada. Se recuarmos a tempos distantes veremos que esta capela foi
fundamental e de grande utilidade em situações infelizmente trágicas acontecidas nesta localidade.
No século passado, mais precisamente em 1881, quando por motivo de um novo tremor de terra que se fez sentir na região da
Beira, a igreja matriz viria a ruir, esta capela foi utilizada na realização de alguns actos religiosos. Já no século XX, quando da grave
epidemia que aconteceu em Loriga no ano de 1927, na capela da Senhora do Carmo, foi improvisado um balneário, sendo dotada
com banheiras e água canalizada. Nesta altura, a capela estava praticamente desactivada religiosamente, pois apenas tinha as
paredes e o telhado e, essa adaptação em balneário, foi importante na luta dessa epidemia.
A capela de Nossa Senhora do Carmo é, presentemente, digna de uma visita devendo, em minha opinião, fazer parte do roteiro dos
visitantes de Loriga, que decerto não deixarão de admirar, na amplitude do altar em madeira ornamentada, a beleza da imagem da
Virgem, bem como outras imagens antigas e de muito valor, onde não poderia faltar o São Gens, precisamente o patrono deste
Bairro. É uma capela que, apesar de antiga, respira modernidade, graças aos cuidados que os moradores do Bairro de S. Ginês lhe
dedicam.
Nota do Autor:-Simbólicamente como que só pertencente aos moradores de S.Ginês, é realmente digno de registo e de louvor
toda esta boa gente daquele meu bairro, no empenhamento e conservação desta capela naquele local, com mais de dois séculos
de existência, mantendo assim em continuidade o sonho desses nossos antepassados, que ao edificar com fé este lugar de culto,
sabiam que as gerações vindoiras continuariam a perpetuar o que então tinham idealizado.
Foi de comum acordo pelos moradores do Bairro de S. Ginês, a realização de dois em dois anos de uma Festa, unicamente
religiosa, em honra da Nossa Senhora do Carmo, .
No dia 4 de Junho de 2000, realizou-se a primeira Festa, um primeiro evento que fez engalanar em festividade o típico bairro de
S.Ginês. Teve como momento mais alto, a bonita procissão, que percorreu as ruas da vila, sendo o andor da N. S. do Carmo
transportado pelos elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Esta Festa foi levada a efeito, numa organização conjunta com os moradores do Bairro das Penedas, que consideram-se como um
anexo do Bairro de S.Ginês.
Ficará ainda como registo, o facto, de o "velho" Terreiro da Lição, ter sido pela primeira vez cenário de um concerto de música, que
a Banda de Loriga ali efectuou nesse dia.
São Sebastião
***
Apesar de pouco se saber sobre a razão da construção da capela de São Sebastião naquele local, remonta há mais de três
séculos a sua existência. Em recortes antigos e relacionados à década de 1750, era referenciada como estando situada a
"duzentos passos distantes da povoação no caminho para Valezim" (Estrada Romana de Lorica), na qual não faziam festa ou
romaria alguma.
Segundo essa descrição, para essa época, a capela ficava longe da povoação, se tivermos em conta a existência de outras
capelas já a ficarem rodeadas pelo povoado, com era os casos das capelas de Santo António e S.Gens, actualmente N.S. do
Carmo. Efectivamente pensa-se ter existido uma boa razão para a construção de uma ermida naquele local.
Os relatos antigos vêm dizer que, sendo o caminho e trajecto de Loriga para outras povoações, aquele local era um lugar aprazível,
de descanso, onde corria abundante água. Ali os viajantes paravam, por momentos, para descansar e, ao mesmo tempo, oravam
pela viagem que estavam prestes a iniciar ou, aqueles que ao chegarem, ali paravam orando e agradecendo a viagem que tinham
acabado de efectuar.
A primitiva capela construída em pequenas dimensões, era o protótipo da ermida isolada em lugar de passantes, havendo até uma
certa preocupação de a mesma ser resguardada o mais possível das más condições climáticas. Ao ser edificada em honra desse
Santo, poderá estar relacionado o facto de, nessa época, e um pouco por todo o lado, ser muito comum a veneração ao mártir São
Sebastião, passando mesmo aquele lugar a ser assim chamado.
Com os tempos, aquele local bem como a capela já foram cenário de muitas alterações.A primitiva estrada romana deixou de ser
utilizado e foi vandalizada no local em nome do "progresso", em consequência, nova capela mais moderna foi também construída,
esta sobreposta à antiga.
As Festas em honra de São Sebastião, por estranho que pareça, não se realizam na sua capela mas sim na vila. Houve tempos,
até, que nem sempre era realizada, ao contrário do que acontece hoje, que se realiza anualmente. É uma festa grandiosa e uma
das maiores que se efectuam em Loriga, realizando-se no verão, em data o mais próximo possivel da Festa da Nossa Senhora da
Guia.
Uma tradição em honra deste Santo, que através dos tempos se vai mantendo, é o peditório realizado com o "Cambeiro", um
mastro alto, em madeira, ornamentado com penduradores em ferro, que percorre as ruas da Vila, e onde as pessoas penduram as
suas ofertas:- chouriços; morcelas; presuntos; carne; pão; queijos; feijão; grão; milho etc., sendo estas ofertas leiloadas em evento
efectuado no largo da igreja.
Ao contrário das outras capelas já referidas, existentes em 1758, e que com os tempos foram ficando dentro da povoação de
Loriga, a de São Sebastião, apesar de mais de dois séculos já passados, continua fora e isolada, apesar de visível do casario da
Vila que dela se foi aproximando. O seu patrono é, pois uma presença viva dos antepassados Loricenses que idealizaram aquele
local e a construção da capela. E se, em tempos distantes, se pensa que abençoava os viajantes que por ali passavam, continua
hoje a ser a benção para muitos outros que ali passam para a última viagem, mas esta, uma viagem sem regresso.
Visitar a capela de São Sebastião é também importante, pelo seu valor histórico e cultural, fazendo mesmo parte do itinerário
turístico desta vila.
A Festa em honra de São Sebastião, realiza-se em Julho. Para além do acto religioso é também efectuada festa musical, que
decorre na vila e que normalmente atrai sempre muitos visitantes.
As mordomias anualmente nomeadas, levam a efeito vários eventos, tendo ao longo do ano a preocupação de angariar receitas,
não só para a realização da Festa anual, mas também ter sempre presente fundos para obras de restauro e conservação da
Capela.
Uma característica em honra do S. Sebastião em Loriga, é o tradicional peditório com o "Cambeiro" que se realiza anualmente em
Janeiro.
***
Situada no local conhecido por Redondinha, esta capela faz parte do Solar com o mesmo nome,datado do século XVII e, foi
mandada construir pelo Industrial Augusto Luís Mendes, dono de todas aquelas terras envolventes naquele local de Loriga. Esta
capela destinava-se ao culto religioso particular e familiar.
Foi construída nos primeiros anos do século XX, sendo benzida em 1907, pelo Arcebispo-Bispo diocesano, Dom Manuel Vieira de
Matos, que na altura se encontrava de visita a Loriga.
Apenas num ou noutro caso, excepcionalmente, esta capela chegou a estar ao serviço da comunidade loricense, podendo aqui
lembrar, por exemplo, quando em determinada época, os jovens ali se reuniam em retiros, para a preparação da Profissão de Fé.
No entanto, através dos muitos anos da sua existência, e por se identificar como particular, não era um lugar de culto da população
local, tal como acontece com as outras capelas desta vila.
Em tempos já distantes, nomeadamente durante a época áurea da vida da família Augusto Luís Mendes, esta capela conheceu, na
realidade, uma certa actividade religiosa, sobretudo enquanto este industrial foi vivo. Ali eram realizadas missas, baptizados,
casamentos, velórios e ainda outros eventos religiosos, assim como, uma vez por mês, estava aberta a toda a população que ali
quisesse assistir à missa dominical
Durante estas últimas longas décadas, esteve sempre praticamente fechada, havendo no entanto, por parte dos seus proprietários,
a preocupação na sua conservação, continuando a manter bem viva, a memória dos antigos proprietários daquela zona de Loriga, a
quem esta localidade muito ficou a dever.
Hoje em dia encontra-se totalmente fechada, continua a pertencer aos descendentes da família desse grande industrial, Augusto
Luís Mendes, estando actualmente a tomar conta da mesma, o Sr. Fernando Pais de Amaral Mendes.
Não se realiza Festa em honra da Nossa Senhora da Auxiliadora em Loriga, apesar da existência desta capela dedicada a esta
Virgem.
Talvez por se tratar de um acapela a nível particular e familiar, nunca existiu conhecimento de Festas a nível comunitário, no
entanto, tem-se conhecimento de uma ou outra Festa ali realizada pelo seu proprietário
-7-
***
A Capela de Santo António encontrava-se situada no Largo do Santo António, nome pelo qual hoje é conhecido devido à
localização da Capela, mas que popularmente, e durante muitos anos, foi também chamado por Largo da " Carvalha".
A capela ali existente era muito antiga, sabendo-se que a sua construção vinha já do século XIV. Em escritos existentes de 1758,
faz-se referência a esta capela, como situada ao cimo da vila confirmando-se, assim, que quando foi construída, o povoado de
Loriga não era ainda para lá deste local.
Na década de 1880, a capela do Santo António, passou a substituir a Igreja Matriz em todos os cultos religiosos, por motivo desta
ter ruido, quando foi sentido em Loriga, um forte sismo.
A primitiva Capela tinha alpendre e campanário, que nada tinha a ver com a capela que chegou aos nossos dias, precisamente até
à sua demolição, ocorrida na década de 1970, aquando da modernização daquele local e ainda da "Carreira".As colunas desse
alpendre sustentam o coro da Igreja Matriz,depois da reconstrução desta após o sismo de 1755.
A capela naquele local,existiu a par do antigo cemitério de Loriga. Depois da construção do novo e actual cemitério, nos últimos
anos da década de 1890, e após total trasladação dos restos mortais, esta capela foi ficando em estado de degradação.
Foi reedificada, por altura do ano de 1920, passando a ter as medidas de 10,20 metros por 6,20 metros, sendo restituída ao culto
em 1923. No entanto, em Junho de 1925 foi interdita pelo Prelado, interdição que durou até princípios de Maio de 1927.
Nas últimas décadas da sua existência, foram poucas as actividades religiosas ali realizadas e, aos poucos, foi ficando degradada
e mesmo abandonada. Já em projecto a respectiva demolição, e já com algumas obras a decorrer naquele local, esteve iminente
ruir completamente, pondo mesmo em perigo a população local ao passar ali, tendo feito eco disso, o jornal diário "Jornal de
Noticias" em 15 de Abril de 1974.
Entretanto, a imagem do Santo António, já há muito que tinha sido transferida para a Igreja Paroquial, onde hoje ainda se
encontra.
Esteve ainda projectada a construção de nova capela invocativa a este Santo, não no mesmo local (que viria a gerar bastante
polémica) mas sim na Fonte do Mouro, onde chegou mesmo a ser iniciada a respectiva construção, no entanto, pouco tempo
depois, esse projecto foi definitivamente posto de parte,devido principalmente a obstáculos criados pelo então pároco de Loriga.
Nota: - Em 1975 foi demolida a capela do Santo António em Loriga. Com o estado de degradação cada vez mais acentuado, já
algum tempo antes a imagem do Santo tinha dali sido retirada, passando para a Igreja Matriz, onde se encontra, colocado na
capela da Nossa Senhora de Fátima.
Entretanto, naquele local foi edificado um pequeno monumento com a imagem de Santo António, simbolizando assim a capela ali
existente durante séculos e, ainda o nome daquele lugar chamado Largo de Santo António.
A Festa em honra de Santo António, realiza-se em Junho. Para além do acto religioso é também efectuada festa musical, que
decorre na vila precisamente no local onde outrora estava edificada a capela dedicada a este Santo,e é uma das maiores festas de
Loriga.
As mordomias anualmente nomeadas, é caracterizada pelo principio de serem incorporadas por jovens, nomeadamente
namorados, por isso se dizer que Santo António é casamenteiro.
Ao longo do ano a comissão de festas leva a efeito vários eventos, no sentido de angariar receitas para efectuar a tradicional festa.
** **
Senhora da
Guia
Nossa Mãe
clemente
**** Protegei ****
Loriga
Iluminai sua
gente.
-2-
-A devoção a Nossa Senhora da Guia começou a ter uma maior implantação em Loriga,
nos anos antecedentes a 1884, ano da construção da primeira capela.
-Os negociantes Loricenses de lã, nas suas viagens pelo Minho, viram junto à Foz de um
rio uma ermida em honra dessa Virgem e desde logo pensaram também poderem ter na
sua terra uma capela em sua honra.
-O local onde está situada a capela de Nossa Senhora da Guia, era outrora conhecido
pelo monte de "Gemuro"
-A primeira festa em honra de N.S.da Guia foi realizada em 6 de Outubro do ano 1884, e
desde então passou a ser realizada todos os anos no 1º. Domingo de Agôsto.
-Apenas no ano de 1939 a festa não foi realizada, por motivo de um contencioso
existente entre o Pároco da época e os seus paroquianos.
**** ****
Coro
Ó Padroeira amorosa
Clara estrela Mãe Pia
Dai-nos a Benção
bondoso
Virgem Senhora da Guia
Verso 7
E lá da Celeste altura
De vosso Trono e luz
Dai-nos Paz e ventura
Do vosso Amado Jesus
**
O cântico
"Ó
Padroeira
Amorosa"
cantava-se
e ainda
hoje se
canta à
Senhora da
Nazaré na
cidade de
Belém-Pará
-Brasil.
A história
da
introdução
do cântico
"Ó
Padroeira
Amorosa"
na Festa da
Nossa
Senhora da
Guia em
Loriga
remota ao
ano de
1950.
Nesse ano
e de visita à
sua terra, o
loriguense
Sr. António
Nunes
Brito,
emigrado
na cidade
de Belém
-Pará, em
conversa
com o
Senhor
António
Pinto
Ascensão,
então
maestro da
Banda
Filarmónica
de Loriga,
falou no
referido
cântico, e
desde logo
surgiu a
ideia de o
adaptar à
Nossa
Senhora da
-5-
**** ****
Avé, Avé, doce Mãe Avé, Avé, doce Mãe Avé, Avé, doce Mãe
Agora que estamos Vós sois alegria e a bonança Aqui juntos à profia
Convosco A Santa Mãe de Jesus Escutai a nossa mensagem
Unidos na Procissão Nossa guia e nossa Neste dia de festa e
Nós seguimos-te com esperança romagem
devoção
Ave, Avé, doce Mãe Avé, Avé, doce Mãe Avé, Avé, doce Mãe
Que a Vossa estrela Dai-nos um coração p´ra É tempo de testemunhar
brilhante amar Que somos todos irmãos
Ilumine o nosso povo Saúde e sabedoria E a todos unir nossa mãos.
E também os nossos E o pão nosso de cada dia.
emigrantes.
Versos do Loricense Carlos. A. Pinto (Agosto 1988) - Adaptados à música da canção "Joana" de Marco
Paulo
-7-
Verso a Nossa
Senhora da Guia*
Antes de adormecer
Louvo-te em sons
musicais
Como canto de
pardais
Que oiço ao
amanhecer
É em ti que me
protejo
Se me sinto sem
abrigo
Sei que estás
sempre comigo
Dás a mão quando
fraquejo
Loriga 1884-1984
Orestes Gomes Aparício; António Ferreira Penas; Carlos José Brito Moura; José Simões
Moura; Emílio Lopes Brito; José Jorge Romano; José Mendes Dias Aparício; António
Ferreira da Silva; Joaquim Lemos Pinto; Adelino Manuel Martins de Pina e Carlos Lucas
Antunes Fernandes.
Viva a festa, viva a festa Todo o mundo vem para a Na praça está tudo cheio
De Nossa Senhora da Guia rua Nem sequer há um lugar
Para a gente de Loriga Há foguetes a estoirar São muitos os emigrantes
Não há melhor romaria A Banda já está no adro A procissão vai passar
Os sinos estão a tocar
Estas quadras foram elaboradas para o Primeiro Centenário da Festa de Nossa Senhora da
Guia (1984)
Emigrantes no Brasil
Grandes beneméritos para N.S. da Guia
A Comunidade Loricense em Pará do Brasil, que se foi formando ainda antes de meados
do século XIX foi, desde sempre, de um grande bairrismo, sendo bem visíveis os vários
contributos em prol da sua terra e que ficarão, para sempre registados na história de
Loriga.
Esses contributos traduzem-se em obras edificadas um pouco por toda a Vila,
nomeadamente os fontanários, sendo ainda impulsionadores de muitas iniciativas
bastantes significativas. A benemerência desta comunidade Loricense no Pará, Brasil,
que apesar da distância, não esqueceu a sua Vila e a sua Padroeira, é sobretudo dirigida
a favor de Nossa Senhora da Guia, onde vamos encontrar muitas dessas obras e
contributos, das quais me apraz aqui registar algumas:
Guião vermelho
Oferecido em 1888, tendo um pau muito alto que seria depois cortado quando da
inauguração da electricidade em Loriga.
(É desconhecida a Lista dos nomes que contribuíram nesta iniciativa)
Sempre com um verdadeiro sentimento religioso, era grande a devoção dos emigrantes
Loricenses no norte do Brasil pela sua igreja em Loriga e pela Nossa Senhora da Guia
que era Padroeira dos navegantes e que passaram a chamar também a sua Padroeira
por quem tinha verdadeira fé e sempre presente nas suas orações.
Esta oferta foi uma ideia surgida em 1905, de imediato levada em prática, que consistia
na aquisição da Cruz e uma Caldeirinha, para o Santíssimo Sacramento, não só para ser
usada na procissão da Nossa Senhora da Guia, como também em todas as outras
procissões a realizar em Loriga. Assim no ano seguinte (1906) foi possível tornar-se em
realidade essa ideia, que passou depois a ser muito admirada nas procissões,
Como registo aqui se mencionam os nomes de todos aqueles que contribuíram para a
respectiva aquisição e que constam de um mapa, impresso na cidade do Pará orlado de
vinheta e encimado com a Coroa (Escudo) nacional e que diz: "Relação dos Benfeitores
que concorreram para o beneficio de uma Cruz de Prata, oferecida ao S.
Sacramento pela Colónia Loricense residente no Pará em 1905": Oferecida em 1906
pelos loricenses sediados em Manaus, sendo benzida oito dias antes da festa da N.S.
da Guia.
"Francisco Aparício Pereira; Manuel Ferreira da Silva; José Jorge de Abreu; Manuel
Gomes Aparício; António Gouveia; Manuel Nunes Ferreira; José Martins; António
Gonçalves de Pina; Joaquim de Brito Prata; António Alves Ano Bom; José dos Santos
Moura; Albano Mendes Ribeiro; António Pinto de Moura; Augusto de Moura Galvão; José
Macedo Junior; José Gomes Aleixo; João dos Santos Manulito; José Nunes Amaro;
José de Brito Antunes; José Mendes Cardoso; Manuela Lopes; José Aparício de Brito;
António de Brito Macedo; Joaquim Fernandes Conde; José Elias Correia Júnior; António
Cardoso de Moura; José Paixão; José Mateus-Fontão; José Gomes de Abreu; Fernando
Lucas; António Pinto Luiz; José Pinto Luiz; António Oliveira; Emidio dos Santos
Manulito; José Luiz Amaro; Emidio Gomes Lages; António Lopes Vide; José Lopes de
Pina; António de Moura Pina; José dos Santos Ferrito; José de Brito Lourenço; António
Gomes de Melo; João Aparício Carvalho; António Luiz dos Santos; Sebastião
Fernandes; José Fernandes Prata; António Gomes Lages; António Pinto Caçapo Junior;
João Gomes Francisco; Augusto Ribeiro; Francisco Gonçalves Pina; Plácido da Cruz
Arrifana; António Duarte Gouveia; Manuel Fernandes Caçamelho; Pedro António Calado;
Augusto Cardoso de Pina; José Cardoso de Pina; António João Luiz; Joaquim João;
António de Brito Crisóstomo; Augusto Fernandes Conde; António Aparício de Brito;
António Ramalho da Costa Brito; José Duarte Pina; Plácido Gomes Aparício; António
Luiz do Banco; Plácido dos Santos Ferrito; António de Brito Braga; José Lemos de
Moura; Augusto Duarte dos Santos; António Duarte dos Santos; Emidio Gomes Cazalho;
António da Silva Sampaio; João Diogo Gouveia; José da Costa Serralheiro; Manuel dos
Santos; António Alves Ferreira; António Nunes de Pina; Luciano dos Santos Aparício;
José Lopes de Brito Antunes; Augusto Pinto e Francisco Martins da Mota"
*
- 12 -
Altar da Capela
Mandado edificar em 1953 este belo altar a retábulo de mármore com motivos alegóricos
à Ladainha da Virgem .
É digno de realce e digno de admirar este belo altar em honra de Nossa Senhora da
Guia, obra valiosa e artística. Toda uma fachada de parede da capela feita em mármore
com oito painéis onde destaca aquele belíssimo altar.
Iniciativa a cargo do Centro Loricense em Belém do Pará. Sendo extensa a Lista de
oferta desta briosa e bairrista Colónia de Loricenses residentes no norte do Brasil, onde
todos quiseram contribuir com o seu donativo para a colocação de um altar na capela da
sua padroeira.
Bandeira Processional
Foi de verdadeira devoção, a oferta desta rica e artística Bandeira Processional para a N.
S. da Guia, cuja imagem foi pintada com grande fidelidade no estandarte. Esta doação
foi feita em 1960 quando de uma das suas visitas à sua terra, por Sr. Joaquim Dias da
Silva e sua esposa D. Carolina Mendes da Silva, emigrantes Loricenses em Belém-Pará.
Tinham sido também estes Loricenses que numa das suas anteriores visitas a Loriga,
tinham oferecido uma linda toalha pintada, para o altar da N. S. de Fátima na igreja
matriz.
"Desculpa, Virgem-Mãe , Nossa Senhora, que te escreva, esta carta, em que te diga o que
mais quer dizer-te, nesta hora, o filho mais humilde de Loriga.
Da minha terra vim para o deserto, porque é sempre deserto a terra alheia. Mas, se te
lembro, sinto-me tão perto, como se fosse ver-te à minha aldeia.
Sei que, ao longo da vida, não me esqueces. Sei que não me abandonas um só dia. Ouves,
no céu, a voz das minhas preces. Mesmo a distância, O teu olhar me Guia.
Não me larga a saudade. Quando penso no velho lar beirão em que nasci, Logo molho de
lágrimas o lenço, como posto a chorar ao pé de ti.
Porque faz bem chorar na dor sofrida. Porque faz bem chorar na solidão, recordando o altar
da tua ermida a que nos anda preso no coração.
Daqui te evoco à sombra do pinhal, saindo à rua sobre o teu andor, ou eu já não trouxesse
Portugal a cantar-me no sangue, em teu Louvor.
Mas o que o berço deu, jamais se apaga. O que aprendemos a rezar outrora é que nos cura
o mal de cada chaga que se nos rasga pelo mundo fora.
O trabalho não custa. O que nos pesa, o que mais cá por dentro nos arrasa é comermos o
pão da nossa mesa, sem que seja ao calor da nossa casa
Mas tu não faltas. É contigo apenas que nos juntamos em família amiga, como nas claras
tarde das novenas, ao replicar dos sinos de Loriga.
Faz, Senhora, que um dia volte a ver-te, como nos tempos em que minha mãe me levava a
teus pés, para dizer-te o que não te diria mais ninguém.
Se longe estou, que seja passagem e depressa regresse ao teu pinhal, para florir de novo a
tua imagem, e nunca mais sair de Portugal".
11.VII.82
P. Moreira das Neves
**
- Ano de 1935 - Uma controvérsia comissão
- 14 -
Neste ano e pela primeira vez, surge um grupo de pessoas intitulando-se como comissão
para organizar a Festa de N. S. da Guia, contrariando como até então se procedia, em
que as festas religiosas estavam a cargo do Pároco local
Foram mesmo espalhadas em Loriga e freguesias vizinhas uma publicação com a
programação seguinte:
"Tradicionais e grandiosos festejos em honra da Virgem N.S. da Guia pela comissão das
festas da Vila de Loriga. Realisam-se nos dias 3 e 4 de Agosto as importantes Festas
da Vila à Virgem N. S. da Guia, padroeira dos Loricenses ausentes, indubitavelmente
uma das mais concorridas deste distrito, constando o seguinte programa:
Dia 4 - Diversos divertimentos mundanos, bem como várias surpresas que acabam de
movimentar a festa." *
Escusado será dizer que perante isto, surgiu um contencioso entre o Padre Lages, na
altura Pároco de Loriga e os membros dessa comissão e também alguma população,
sendo dado conhecimento e mesmo enviado o respectivo programa ao Senhor Bispo da
Guarda, que por sua vez enviou ao Pároco de Loriga a seguinte Portaria:
**
- Ano 1939 - O Ano em que não houve Festa
- 15 -
Desde à quatro anos atrás que continuava a existir um certo contencioso, entre o Padre
Lages e alguma população, com esta a não conformar-se pela proibição existente de não
ser permitido arraiais populares nas festas de cariz religioso.
Este contencioso teve maior proporção, neste ano de 1939, que levou a não ser realizada
a Festa em honra de Nossa Senhora da Guia.
Consta que na noite anterior à Festa da N.S. da Guia, por volta da meia-noite, alguns
populares dirigiram-se para o recinto da festa deitando alguns foguetes, chamando a
atenção da população, para que ouvissem os seus protestos.
Foi dado disso conhecimento ao Senhor Bispo da Guarda, que por sua vez fez chegar ao
Senhor padre Lages o seguinte comunicado:
"Revm. Sr.
Queira dizer-nos:
1º. O que se passou na noite de Sábado último?
2º. O que resolveram fazer: fizeram ou não a festa religiosa?
3º. Justifiquem o que tiverem feito.
4º. Será preciso interditar os promotores do que se fez? Houve realmente promotores? E
quantos?
Deus guarde Va. Reva.
Guarda, 7 de Agosto de 1939
Assinado) José Bispo da Guarda" *
Nota:- Consta no entanto que 15 dias depois houve uma celebração na capela, ao que
parece, em substituição da festa.
Nossa Senhora
da Guia
Tem um Menino
na mão
Tem um Menino
a que, um dia
Deu todo o seu
coração.
Nossa Senhora
da Guia
Mostra ao seu
povo uma
estrela.
Causa da
nossa alegria
Não há
Senhora mais
bela.
Nossa Senhora
da Guia
Foi num pinhal
que se ergueu.
E no pinhal, à
porfia
Cantam as
aves no Céu.
Nossa Senhora
da Guia
Jamais
esquece
ninguém.
Trás sempre o
olhar de vigia
A quem lhe
reza do Além...
Reza-lhe tu,
emigrante
Reza-lhe tu e
confia.
Nunca te larga
um instante
Nossa Senhora
da Guia
Loriga
Fernando Luis Silva Mendes Fernandes
Joaquim Antunes Pina
Pedro Nuno Brito Mendes
Manuel Carlos Santos Ferreira
Eduardo José Pereira Pina
Fernando Marques da Silva
Lisboa
Fernando Brito Calado
Gabriel Alves Gouveia
Aveiro
José Manuel Almeida Ribeiro
Gouveia
Rogério Marque Figueiredo
Europa
Jorge Vicente Pina Gouveia
-1-
Banda de Loriga
Solar da Redondinha
Rua da Redondinha, 6270-107 Loriga
Apartado 1022
Telef.238/951088
E.mail: s_m_loriguense@sapo.pt
A criação de uma Banda de Música Filarmónica em Loriga, começou a surgir em 1904, passando a partir de
então a ser assunto obrigatório das conversas dos Loricenses. Era grande a expectativa e o contentamento da
população para que a existência da Filarmónica fosse uma realidade. Nesse mesmo ano começou a dar os
primeiros passos, no entanto, só em 1905, se veio a concretizar a sua fundação.
***
***
Por alvará de 5 de Julho de 1971, foi esta Sociedade Loricense agraciada com o titulo:
MEMBRO HONORARIO DA ORDEM BENEMERENCIA e legalizada oficialmente em 8.11.1979, sendo
considerada AGREMIACÃO CULTURAL DE UTLIDADE PÚBLICA, pelo Decreto-Lei Nr.480/77 conforme consta
do despacho publicado no Diário da República II Série Nr.95 de 24 de Abril de 1990.
-2-
** **
-Este primeiro uniforme foi arranjado por Joaquim Gomes e foi em casa deste que se efectuaram os primeiros
ensaios.
-Apresentou-se pela primeira vez em público no dia da Festa da N.S.da Guia em 1906.
-Os primeiros instrumentos foram adquiridos por subscrição pública e custaram 456 mil reis.
-O primeiro regente da Banda, foi o músico espanhol João Martinez, que era operário dos Lanifícios em Loriga.
-Durante estes longos anos da sua existência, muitos foram, e dedicados, os regentes que passaram pela
Banda, dos quais aqui se mencionam os respectivos nomes:
***
***
-De entre as colectividades de Loriga é, sem dúvida a Banda Filarmónica, a maior embaixatriz, de Loriga, pelo
brilhantismo e qualidade das actuações onde quer que se desloque prestigiando, assim, o nome da sua terra.
-Essencialmente vocacionada para festas,inclusivé Festas Religiosas, é ao longo do ano, solicitada por muitas
localidades, sendo raro o mês que não abrilhante com a sua presença as Festas locais. No entanto, quando
solicitada, procura também marcar presença noutros eventos, nomeadamente de índole cultural.
-Com a saída para a África, do senhor Carlos Simões Pereira, então o regente, a Banda esteve sem actividade,
inclusive mesmo encerrada.
Os instrumentos e o fardamento foram "encaixotados" e entregues à Junta de Freguesia, mas no ano seguinte
e por iniciativa do senhor António Brito Pereira (António Barriosa) a Banda voltou a abrir as suas portas e à sua
actividade normal, para contentamento de toda a população.
-Foi em Setembro de 1948 que, pela primeira vez, a Banda se deslocou até junto da grande Comunidade
Loricense residente em Sacavém, onde fez parte do programa da Festa da Nossa Senhora da Saúde, que ali se
realiza anualmente.
-Boletim "A Voz da Banda" - Publicado a partir de 1983, com pouca duração.
***
1956 - Banda de Loriga um ano depois das Bodas de Ouro da sua Fundação
-4-
***
Realizou-se em Julho de 1999, uma deslocação aos Açores. Foi a primeira deslocação, para fora do
Continente, da grande embaixatriz de Loriga, que se traduziu num enorme êxito. A actuação da Banda de
Loriga na Ilha de S. Miguel nos Açores ficou a dever-se ao esforço e verdadeiro bairrismo levado a efeito pelo
Loricense Dr.José Prata Aparício, o "Zeca Prata", como é reconhecido pelos amigos, e que há anos se
encontra radicado nos Açores. Um mês depois (em Agosto) no dia da Festa da N. Senhora da Guia, os
músicos da Banda prestaram uma singela e merecida homenagem a este seu conterrâneo, ao qual ofereceram
uma lembrança, como prova de gratidão, a que se juntou a grande assistência presente no recinto da N.S da
Guia, com uma grande e afectuosa ovação.
***
Foi uma Festa a deslocação da Banda ao Luxemburgo inserida nas comemorações do 10 de Junho Dia de
Portugal e das Comunidades, que se realizaram no Luxemburgo mais precisamente na capital
(Ville-Luxemburgo), nos dia 10.11.e 12 de Julho de 2005.
A Banda Musical de Loriga efectuou dois concertos, em terras do Luxemburgo. Um no dia 11 pelas 14 horas na
"Place d´Armes" e outro no dia 12 pelas 12 horas na "Place Guillaume"
Tocou ainda por breves minutos, assim como, foi também entrevistado o seu presidente Joaquim Moura, no
programa televisivo PORTUGAL NO CORAÇÃO, que estava a ser transmitido para Portugal pela RTP e também
para todo o mundo através da RTPinternacional.
Foram muitos os loricenses presentes, vindos também dos países vizinhos como, Alemanha, Suíça, França,
Bélgica, Holanda, percorrendo mesmo largas centenas de quilómetros, para estarem presentes nesta
deslocação memorável da sua Banda.
Foi com uma estreita colaboração e numa união de forças entre a Direcção e a Comunidade Loricense no
Luxemburgo, que foi possível concretizar esta deslocação, que passou a fazer parte no historial da Banda de
Loriga.
No mês de Agosto no domingo da Festa da Nossa Senhora da Guia, durante o concerto da Banda, a comissão
nomeada em representação da comunidade loricense no Luxemburgo, entregou à direcção da Sociedade
Recreativa e Musical Loricense, um donativo de 2.000€, valor do saldo apurado, após o pagamento das
despesas, relacionado à deslocação da Banda àquele país. Por sua vez foi oferecido àquela comissão uma
oferta (salva de prata) como prova de gratidão pela maneira amiga como foram recebidos pela comunidade
loricense radicada no Luxemburgo. Uma grande e afectuosa ovação se fez ouvir pela grande assistência
presente no recinto.
***
***
-8-
Várias eventos foram levados a efeito durante o Ano 2006, inseridos nas Festividades do Centenário da Banda
de Loriga, que a data se comemorou no dia 1 de Julho de 2005. O dia 29 de Janeiro de 2006, foi data oficial
para inicio das comemorações.
-No dia 29 de Janeiro 2006, deslocou-se à vila de Loriga a consagrada Banda de Manteigas, para saudar e
apresentar os parabéns à Sociedade Recreativa e Musical Loricense, pela passagem do seu 1º. Centenário.
Neste dia foi benzida uma viatura de transporte, para a Banda e sua Escola de Música, com capacidade para
9 lugares.
-No dia 19 de Fevereiro 2006, foi a vez da Banda da vila de Carvalho, região da Covilhã, visitar Loriga no mesmo
contexto das Festividades.
Neste dia foi comunicado oficialmente a aquisição de alguns instrumentos, nomeadamente, 1 Tuba de
chaves, 1 Bombardino; 1 Trompa de harmonia, 1 Trombone de varas e 3 Clarinetes.
-No dia 26 de Março deslocou-se a Loriga, a Banda:- Sociedade Artística Musical 20 de Julho de Santa
Margarida do Arrabal (Distrito de Leiria)
-No dia 2 de Abril foi a vez da Banda do CCD da Câmara Municipal de Oeiras.
-No dia 1 de Julho 2006, deslocou-se a Loriga a Banda da Armada, que pelas 21,30 Horas, fez um concerto do
Polidesportivo aberto de Loriga, que marcará o ponto alto das comemorações do Centenário da Banda de
Loriga.
Neste dia foi também um momento alto com a estreia do novo fardamento da Banda.
* * *
Dia 14 - Sexta-Feira
Dia 21 - Sábado (Enterro do Senhor)
Dia 25 - Sábado LORIGA
RABAÇAL (Feira do Queijo)
(Meda) SEIA
* *
*
Dia 16 - Domingo
(Ressurreição)
Dia 26 - Domingo LORIGA
CANAS
DE
SENHORIM *
* Dia 23 - Domingo
PÓVOA DO VARZIM
Dia 28 - terça-Feira
*
(Carnaval )
CANAS
DE
SENHORIM
- 10 -
*
* *
Dia 20 - Domingo
PALA Dia 24 - Domingo
(Pinhel) GUARDA - GARE
* *
Dia 27 - Domingo
FRÀDIGAS
* As deslocações e actuações da Banda, que consta neste mapa são contratos já efectuados e confirmados.
Direcção
Presidente - Joaquim Gonçalves Moura
Assembleia Geral Vice-Presidente - António Fonseca Moura
Presidente - António Maurício Moura Secretário - Joaquim António Bonifácio de
Mendes Almeida
Conselho Fiscal
Presidente - José Manuel Almeida Pinto
Vice-Presidente - António Manuel Saraiva Tesoureiro - José Gabriel Marques Garcia
Secretário - Emídio Cristóvão Santos Brito
Lopes 1º Vogal - Eduardo José Pereira Pina
Relator - Fernando António Brito Mendes
1º Secretário - José Moura Marques 2º Vogal - Augusto Domingos Galvão
2º Secretário - Jorge Santos Marques 3º Vogal - Joaquim Florêncio Palas
4º Vogal - José Carlos Figueiredo Campos
5º Vogal - João Carlos Martins da Silva
Maestro:- Jorge Manuel Reis Pereira. Trompas:- Rui Moura; Nuno Galvão.
Contra-Mestre:- Miguel Gonçalves. Trombonos:- Jorge Marques; Joaquim Brito; Pedro Santos;
Flautas:- Maia João; Filipa Amaral. Carlos Lucas.
Clarinetes:- Ricardo Calado; Rui Calado; Daniel Pereira; Bombardinos:- Jorge M. Mendes; Micael Ferreira;
António S. Conde; José Nunes Dias; Filipa Pereira; José S. Fernandes.
Juliana Gonçalves; Ana Isabel Pereira; Contra-Baixos:- Carlos Marques; António Ferreira.
António M. Ferreira; Tiago César. Tubas:- Ricardo Santos; José Carlos Conde.
Sax-Soprano:- Sérgio Martinho. Lira:- Sílvia Pereira.
Sax-Alto:- Miguel Gonçalves; Emanuel C. Pinto; Ricardo Moura. Percussão:- José Augusto; Pedro Dias; Joel Santos;
Sax-Tenores:- Tiago Abrantes; Roberto Ferreira. Manuel Gonçalves, João Paulo.
Sax-Baritono:- Jão M. Pereira. Porta Estandarte: - Mário Pires Costa.
Fliscorne:- António Carlos Dias.
Trompetes;- José Aparício Fernandes; Fernando Jorge Pereira;
Nuno Fernandes; Luis Maia; Diogo André .
Acontecimentos de Relevo
A Banda de Loriga foi convidada a participar nos grandes festejos realizados no mês de Julho, em Coimbra, nas Festas da Rainha
Santa, e entre 14 Bandas, a de Loriga foi convidada para executar o Hino Nacional a Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa, D.
Manuel Gonçalves Cerejeira, na recepção efectuada nos Paços do Concelho da cidade de Coimbra.
Foi-lhe ainda entregue, o melhor coreto para o concerto na Praça Velha. Foi um dos grandes êxitos na existência na Banda de Loriga.
A Banda de Loriga é convidada a participar na Feira Franca de S. Mateus, em Viseu, no chamado domingo franco do mês de
Setembro, para ali dar um concerto na feira perante milhares de pessoas, que não se cansaram de aplaudir a banda, durante a
actuação que durou cerca de 3 horas.
Êxito já assinalado durante a tarde no desfile pelas ruas da cidade de Viseu.
Na visita de inauguração às instalações do Grupo de Detecção e Alerta n.º 13, da Força Aérea Portuguesa, aquartelado na Torre da
Serra da Estrela, por sua Excelência o Senhor Presidente da República, Almirante Américo Tomaz, a Banda de Loriga prestou-lhe as
boas vindas ao nosso concelho em Seia, na Praça da República. Acompanhava a comitiva o Ministro da Guerra, General Santos
Costa, entre muitos outros governantes.
A Banda de Loriga é convidada a participar nas festas de Miranda do Douro, tendo sido a deslocação mais distante que efectuou
dentro do território nacional, até aquela data. Realizou ali concertos em despique com uma das melhores bandas civis da altura, a
Banda de Santa Marinha do Zêzere.
A Banda de Loriga foi ainda solicitada para cantar a missa solene na Catedral de Miranda do Douro. Durante os 3 dias que
permaneceu em Miranda do Douro, a Banda ficou alojada nas instalações da Barragem de Miranda do Douro.
*
- 12 -
A Banda de Loriga recebe em Loriga, no lugar da carreira, sua Excelência o Ministro da Educação, Prof. José Hermano Saraiva, a
quem executou o Hino da Maria da Fonte, que se quedou perante a Banda, cumprimentando-a na pessoa do maestro da altura. Esta
vinda a Loriga destinou-se a inaugurar a Escola C+S Dr. Reis de Leitão, actualmente assim designada.
A Banda de Loriga é convidada a deslocar-se às Minas da Panasqueira, para executar o Hino Nacional a Sua Excelência, o Senhor
Presidente da República, Almirante Américo Tomaz, que em sentido ouviu o Hino à frente da nossa Banda.
Estes festejos, destinaram-se à inauguração da enorme lavandaria moderna, para lavagem de minerais. A Banda alegrou ainda
durante todo o dia estes grandes festejos dedicados às inaugurações.
Em 1 de Outubro de 1994, a Banda esteve presente nas comemorações do Dia Mundial da Música realizado em Oeiras. Um evento
relevante onde stiveram presentes também outras Bandas.
*
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www.bvloriga.no.sapo.pt
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***
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ZO-03 CB 1 16.Abril.19 3 60 5 20
82 elementos
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Direcção
Presidente - António José
A. Conde
Secretário - Jorge Santos
Assembleia Geral Marques Conselho Fiscal
Presidente - Manuel Tesoureiro - José Gabriel Presidente - Carlos Alberto
Mendes H.de Lemos M. Garcia D.C.Saraiva
1º. Secretário - Romeu Vogais - Carlos Moura Secretário - José Prata
F.M. Ribeiro Marques e Amaral
2º. Secretário - António Carlos Manuel Brito Lucas Relator - Jorge Arménio P.
Manuel D.A.Costa Suplentes - José Figueiredo
Francisco L. Romano;
Carlos Jorge C. Amaro e
Leonardo
Tomé Caçapo de Brito
Apontamentos de Noticias
-6-
07.09.99
Exmos.Senhores,
Direcção, Comando e Corpo Activo da Associação dos Bombeiros
Voluntários de Loriga
Apartado 1016
6270-906- Loriga
21.05.2001
Queimadas
AO 1945
AO 1990
Patrocinadores
http://ciberduvidas.sapo.pt/search.php?keyword=loriga&image.x=13&image.y=10 05-11-2009
-1-
?
Vila de Loriga
Alguns dos números de Telefones Úteis
-Bombeiros Voluntários de
Loriga - 238/953255
-Posto Médico de Loriga-
238/953136
-Farmácia Popular de Loriga-
238/953138
-Doutor A.Crespo -
238/953102
Serviços de Urgência: -Doutor A.Nolasco -
238/953417
-Hóspital de Seia -
238/320700
-Serviço Nacional de Urgência
112
Comércio e Indústria
****
Empreendimento Turistico
"Vicente" Café Montanha
Quartos Luxuosos e panoramicos (Aida Jesus Matos Neves)
Café, Restaurante, Snack Bar, Rua Sacadura Cabral
Mini-Mercado 6270-108 Loriga
Estrada Nacional Nr.231 -Vista Alegre Telef.238/953177
6270-080 Loriga
Telef. 238/953127
-2-
Loripão
Industria e Comercialização de Pão Lda.
Especialidades regionais
Vasto Sortido de Pastelaria Fina e Bolos de Aniversário
Av. Augusto Luis Mendes * 6270-075 Loriga
Telef. 238/953323
Pensão Cristóvão
"Lorisnooker" Dormidas/Almoços/Jantares
Bar-Jogos Rua Sacadura Cabral, 48 * 6270-108 Loriga
Av.Augusto Luis Mendes,14-D c/ v. Telef. 238/953312
6270-075 Loriga * Telef. 238/953614 Carros de Aluguer Telef.
238/954077-953669
Café-Restaurante "Império"
Ermelinda Maria M. Alves Mendes
Av.Augusto Luis Mendes,17 * 6270-075 Loriga
Telef. 238/953175
"Montanha e Loricense"
"Scorpião" Papelaria
-Mini-Mercado-
Bijutaria, Perfumaria, Brinquedos
Emidio Cristóvão Santos
Novidades, Brindes etc.
Rua Conego Nogueira
Rua Sacadura Cabral, 60
6270 - Loriga
6270-108 Loriga
Telef. 238/954061-954098
Telef. 238/953333
- Fax. 238/954062
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Talho Charcutaria
"Neve & Sol"
Rua Coronel Reis ( Amoreira) Nr.1
6270-090 Loriga - Telef. 238/953481
Muito mais destas infra-estruturas existem em Loriga,e estes são apenas alguns dos
registos principais. Para qualquer outra informação ou qualquer outra necessidade de
interesse, por favor consultar com os meios habituais.
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*****
Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Loriga - Avenida Augusto Luís
Mendes - 6270-075 Loriga - Tlf.238953456
*****
Loripão - Óptimo pão regional e todo o tipo de pastelaria - Avenida
Augusto Luís Mendes - 6270-075 Loriga - Tlf.238953323
*****
Padaria Popular - Óptimo pão regional - Rua Sacadura Cabral -
6270-108 Loriga - Tlf.238953143
*****
Farmácia Popular de Loriga - Rua Sacadura Cabral - 6270-108 Loriga -
Tlf.238953138
*****
Grupo Desportivo Loricense - Rua de Viriato - 6270-103 Loriga
gdl@clix.pt - Tlf.238953173
*****
Metalúrgica Vaz Leal,SA - Fundição - Avenida Vista Alegre -
6270-080 Loriga - Tlf.238954014/802 Fax.238954073
*****
Sociedade Têxtil Moura Cabral,SA -
Lanifícios,fiação,tinturaria,acabamentos - Rua da Fândega - Apartado
1 - 6270-073 Loriga - Tlf.238954008 ppc Fax.238954035
*****
Empresa de Malhas Têxtil Lorimalhas - Avenida
Augusto Luís Mendes - Apartado 4 - 6270-075 Loriga
-Tlf.238954083/046 Fax.238954072
*****
Empresa de Malhas Pinto Lucas - Rua do Regato - 6270-099 Loriga -
Tlf.238949000 Fax.238949009
*****
Jomabril-Empresa de Malhas Pinto Lages,Lda - Rua da Redondinha -
6270-107 Loriga - Tlf.238954081 Fax.238954081
*****
Garagem Loricense - Mecânica Geral Automóvel - Avenida Augusto Luís
Mendes,2 - 6270-076 Loriga - Tlf.239953223/953325 Tlm.966880180
*****
Centro de Assistência Paroquial de Loriga - Largo do Adro,16 -
6270-074 Loriga - Tlf.238953191
*****
Casa de Repouso de Nossa Senhora da Guia - Escorial - 6270-080
Loriga - Tlf.238951855 - Fax.238951859
*****
Socorro Paroquial Loricense - Rua de Viriato - 6270-103 Loriga
Pároco da Vila de Loriga - Largo do Adro - 6270-074 Loriga -
Tlf.238953204
*****
Cooperativa Popular - Rua D.Afonso Henriques - 6270-104 Loriga -
Tlf.238953220
*****
-3-
Bem-vindos a Loriga
A próxima vêz que fôr à Serra da Estrela, e se ainda não conhece,não
se esqueça que a serra não é apenas a subida para a Torre,seja pela
Covilhã ou por Seia.Quem conhece e visita apenas essa parte da Serra
da Estrela,tem ou fica com uma ideia muito limitada do que é a
serra,e conhece pouco do muito que ela tem para mostrar.
Se a sua deslocação fôr pelo lado de Coimbra,pode ter o privilégio
de subir o belíssimo vale glaciar de Loriga,com as suas encostas
verdejantes.Antes de chegar à vila de Loriga,passará pelas belas
aldeias de Muro,Casal do Rei e Cabeça.Aldeias nas quais o xisto
ainda domina nas paredes das suas casas,aninhadas no Vale de
Loriga,envolvidas numa beleza calma,repousante,inesquecível.
A subida pelo Vale de Loriga começa na aldeia de Vide ( à qual se
chega pelo IP3,EN17 e EN 230 (IC6),e as encostas vão surgindo cada
vêz mais altas,à medida que o vale vai estreitando e depois
alargando,tornando-se amplo para receber o casario da vila de
Loriga,que já é visível.A aldeia de Cabeça ficou para trás e
encontra uma estrada mais larga,é a EN 231,e o local chama-se ( já
era assim no século XII ) Portela de Loriga,também conhecida
actualmente por Portela do Arão.Ali vira à direita e em breve está a
entrar na vila.
A descida do Vale de Loriga,o caminho inverso,também é espectacular.
Em alternativa,pode utilizar a EN338 a partir da aldeia de
Vide,seguindo um percurso menos interessante mas mais rápido,lateral
em relação ao Vale de Loriga.Esta estrada passa pela Portela de
Loriga.
Pelo lado da Covilhã,sai da A 23,apanha a EN 230 no Tortosendo,passa
por Unhais da Serra até encontrar um amplo cruzamento,num local
conhecido por Pedras Lavradas.Entrou na Região de Loriga,na àrea do
antigo Município de Loriga.Aí vira à sua direita, começando a
percorrer uma das mais belas encostas da Estrela, passa por Alvoco
da Serra,e a subida termina na entrada do Vale de Loriga.A vista
torna-se mais abrangente,mais bela,está no Mirante de Loriga.
Pare,aproxime-se da berma da estrada ( existe um terraço ),e
contemple a beleza esmagadora que tem diante de si.Lá em baixo,o
casario da vila estende-se pelo imponente vale,juntamente com muitas
centenas de socalcos,uma obra gigantesca feita pelos loricenses ao
longo de muitas centenas de anos.Socalcos que,aliados a uma complexa
rede de irrigação, transformaram um vale pedregoso num vale fértil.A
imponência desta obra gigantesca é mais visível na colina onde se
ergue o centro histórico da vila,local onde,há mais de dois mil e
seiscentos anos surgiu a povoação.A colina ergue-se entre duas
ribeiras,qual ilha,um local sem dúvida bem escolhido pelos
antepassados dos loricenses.Desça e seja bem-vindo à vila.
Pelo lado de Seia,apanhe a EN 231 na direcção da Covilhã,entre na
Região de Loriga passando pela bonita e histórica aldeia de Valezim
e entre no Vale de Loriga pela Portela de Loriga.Através da EN
-2-
ESTATUTOS
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
CAPÍ TULO I
1. A Associação dos Naturais e Amigos de Loriga, nestes Estatutos designada por ANALOR, é uma
associação de carácter regional, constituída por pessoas singulares, naturais ou não de Loriga, e
pessoas colectivas, sediadas ou não em Loriga.
2. A ANALOR, fundada em 5 de Março de 1987, tem sede na cidade de Sacavém, na Rua Sport Grupo
Sacavenense, Lote 30 – Loja 4, Quinta do Património, podendo por deliberação da Assembleia
Geral e por proposta da Direcção, criar Delegações e nomear delegados ou seus representantes
em qualquer localidade do território nacional ou do estrangeiro.
Artigo 2º - Finalidades
b) Organizar, participar, apoiar e divulgar as iniciativas que de alguma forma contribuam para a
divulgação das potencialidades, tradições, usos e costumes e para a promoção do
desenvolvimento sócio-cultural de Loriga, do seu concelho e da sua região.
a) A cooperação com as entidades sediadas em Loriga e na região em que se insere, assim como
com as dos locais em que tenha a sua sede, delegações, delegados e representantes.
2
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
c) A criação e manutenção de meios de divulgação das suas actividades, assim como do que
respeite ao conhecimento e promoção de Loriga e da sua região.
CAPÍ TULO I I
DOS ASSOCI ADOS, DA SUA ADMI SSÃO, DOS SEUS DI REI TOS E DEVERES
Artigo 3º - Admissão
2. Os menores de 16 anos podem ser associados desde que exista prévia autorização de um dos pais,
encarregado de educação ou representante legal, na falta ou inibição de algum daqueles .
3. As pessoas colectivas devem estar legalmente constituídas para poderem ser aceites como
associadas.
b) Podem ser declarados associados honorários as pessoas ou entidades que tenham prestado
serviços relevantes á ANALOR, a Loriga ou à comunidade loriguense, desde que publicamente
reconhecidos.
c) Podem ser declarados associados beneméritos as pessoas ou entidades que mereçam distinção
pela doação de bens materiais ou outros valores de análoga natureza, quando particularmente
importantes.
§ único
Cabe à Assembleia Geral da ANALOR, sob proposta devidamente fundamentada da Direcção ou de
pelo menos quinze associados, declarar a qualidade de associado honorário ou de associado
benemérito .
Artigo 4º - Direitos
a) Elegerem e, com excepção dos associados pessoas colectivas, serem eleitos para quaisquer
cargos dos Órgãos Sociais.
3
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
b) Frequentarem as instalações e participar nos eventos promovidos pela ANALOR, sendo este
direito extensível a familiares.
h) Recorrerem para a Assembleia Geral nas situações e nos termos previstos estatutariamente.
2. A capacidade para exercer os direitos de requerer, eleger, ser eleito e participar nas Assembleias
Gerais adquire-se aos dezasseis anos de idade.
Artigo 5º - Deveres
b) Zelar pelos interesses da ANALOR, promovendo por todos os meios ao seu alcance, o seu
prestígio e engrandecimento.
d) Comunicar, para efeitos de actualização, as alterações verificadas nos dados do seu registo de
associado.
3. Perde a qualidade de associado aquele que, não estando dispensado nos termos destes Estatutos,
e tendo deixado de pagar as suas quotas por período superior a doze meses e não as venha a
pagar no prazo de trinta dias, após ter sido avisado por correio ou por outro meio passível de
prova.
4. A readmissão de associado, se essa qualidade tiver sido perdida nos termos do número anterior,
obriga ao pagamento de todas as quotas em falta, acrescido de um quarto desse valor.
4
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
CAPÍ TULO I I I
DAS SANÇÕES
Artigo 6 º - Penalidades
a) Advertência verbal.
b) Advertência registada.
c) Suspensão até 180 dias dos direitos de associado.
d) Expulsão.
2. As penalidades podem ser aplicadas aos associados nos casos de infracção aos presentes Estatutos
e quando incorram, designadamente, em :
a) Conduta que atente contra o bom nome da ANALOR ou dos seus associados, particularmente
quando estes integrem os seus Órgãos Sociais.
b) penalidade de suspensão até trinta dias, que admite recurso para a Assembleia Geral.
5. Com excepção da penalidade de advertência verbal, a aplicação das demais sanções serão
antecedidas de processo disciplinar, nos termos legais
7. Os recursos, que nunca terão efeitos suspensivos, serão obrigatoriamente objecto de deliberação
na primeira reunião da Assembleia Geral que venha a ser convocada após a data da aplicação da
sanção, não devendo porém decorrer período superior a 180 dias entre a comunicação da sanção
e a realização da Assembleia Geral.
5
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
CAPI TULO I V
a) A Assembleia Geral.
c) A Direcção.
d) O Conselho Fiscal.
3. Com excepção da Assembleia Geral, pela sua própria natureza, nenhum Órgão Social poderá
manter-se sem que estejam preenchidos mais de metade dos seus lugares, sem prejuízo destes
poderem ser ocupados pelos membros suplentes.
8. No exercício das suas funções são deveres de cada um dos Órgãos Sociais cumprir e fazer cumprir
os Estatutos, o Regulamento e as deliberações dos demais Órgãos Sociais.
1. A Assembleia Geral é o Órgão Social supremo da ANALOR e as suas deliberações, conformes com
a lei e estes Estatutos, obrigam os Órgãos Sociais e os associados .
6
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
2. Podem participar na Assembleia Geral todos os associados da ANALOR no pleno gozo dos seus
direitos, não sendo permitida qualquer forma de representação, excepto no que respeita aos
associados pessoas colectivas que se poderão fazer representar por um procurador.
b) Até ao final do mês de Fevereiro, para apreciação e votação do Relatório e Contas da Direcção
e do parecer do Conselho Fiscal, relativos ao ano anterior e, bienalmente, para eleição dos
Corpos Sociais.
5. A Assembleia Geral extraordinária é convocada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, por
sua iniciativa ou a requerimento da Direcção ou do Conselho Fiscal.
6. A reunião extraordinária da Assembleia Geral também pode ser requerida por, pelo menos,
cinquenta associados no pleno gozo dos seus direitos.
7. A reunião da Assembleia Geral extraordinária deverá ser convocada no prazo máximo de quarenta
e cinco dias contados a partir da recepção do requerimento.
§ único
Os requerentes ausentes ficam inibidos, pelo prazo de dois anos, de poder requerer nova
convocatória, caso a Assembleia Geral não tenha reunido devido à sua não comparência.
10. As deliberações da Assembleia Geral apenas podem ser impugnadas nos termos da Lei e destes
Estatutos.
a) A aprovação dos Estatutos, assim como as suas alterações, serão efectuadas em sessão
extraordinária convocada única e expressamente para esse fim.
7
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
d) Assinar as actas das reuniões e zelar pelo cumprimento das deliberações da Assembleia Geral.
h) Substituir interinamente a Direcção no caso de renúncia desta ou perda de mandato por falta
de quorum.
8
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
g) Nomear comissões que tenha por necessárias para o prosseguimento das actividades que
visem os objectivos estatutários da ANALOR e a realização do seu programa de candidatura.
i) Obrigar a Associação, sendo para o efeito necessárias as assinaturas de, pelo menos, dois dos
seus membros, um dos quais o seu Presidente ou de quem o substitua nos termos dos
Estatutos.
§ único
Em documentos que originem a movimentação de contas bancárias tituladas pela Associação é
obrigatório que uma das assinaturas seja a do Tesoureiro.
9
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
b) Dar parecer sobre o Relatório e Contas antes de serem presentes à Assembleia Geral.
d) Assistir às reuniões da Direcção quando o entender necessário, embora sem direito a voto.
3. O Conselho Fiscal reúne sempre que convocado pelo seu Presidente e, pelo menos, uma vez por
trimestre.
4. As deliberações do Conselho Fiscal são tomadas por maioria dos seus elementos, com voto de
qualidade do Presidente em caso de empate.
5. Os membros do Conselho Fiscal são solidariamente responsáveis pelos seus actos e por quaisquer
irregularidades cometidas pela Direcção ou algum dos seus membros, sempre que deles tenham
conhecimento e não tomem as medidas indispensáveis à salvaguarda da disciplina e da legalidade.
6. Para o exercício das sua funções o Conselho Fiscal terá acesso a todos os documentos da ANALOR,
nomeadamente às actas da Direcção e da Assembleia Geral.
Quando algum dos Órgãos perca o mandato por falta de quorum necessário ao seu funcionamento,
nos termos estatutários, a Mesa da Assembleia Geral desenvolverá as diligências apropriadas para a
convocação de Assembleia Geral Eleitoral Extraordinária, para a eleição do respectivo Órgão.
10
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
CAPÍ TULO V
1. A Assembleia Geral Eleitoral é convocada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, com
antecedência não inferior a trinta dias nem superior a quarenta e cinco, não podendo fazer parte
da respectiva Ordem de Trabalhos qualquer outra matéria.
2. A Assembleia Geral Eleitoral funcionará ininterruptamente, no dia marcado, por um período mínimo
de quatro horas e máximo de oito, em horário que constará obrigatoriamente da convocatória.
1. As listas de candidaturas terão de, obrigatoriamente, ser completas, isto é, compostas pelo
número de candidatos, efectivos e suplentes, necessários ao preenchimento dos lugares dos
Órgãos Sociais da Associação.
3. Só poderão ser candidatos as pessoas singulares, no pleno gozo dos seus direitos e que sejam
associados há pelo menos seis meses à data da candidatura e que não estejam sob processo
disciplinar em curso à data do sufrágio.
4. Não poderão ser candidatos os associados que, com regularidade, desempenhem tarefas
remuneradas pela ANALOR.
até pelo menos dez dias antes da data do acto eleitoral que os publicitará aos associados,
designadamente por afixação na Sede Social.
6. A apresentação de listas só poderá ser subscrita ou pela Direcção cessante ou por um número de
associados, não inferior a trinta, no pleno gozo dos seus direitos.
1. A votação é secreta e presencial, devendo o boletim de voto ser dobrado em quatro antes de ser
depositado na urna.
11
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
Após o encerramento da Assembleia Geral Eleitoral proceder-se-á ao escrutínio dos votos e serão
proclamados logo os resultados da votação, mediante a afixação da correspondente acta em lugar
apropriado para o efeito nas instalações da Sede da ANALOR.
A tomada de posse dos membros eleitos para os Órgãos Sociais é conferida pelo Presidente da Mesa
da Assembleia Geral cessante e deverá ocorrer até ao décimo quinto dia posterior ao acto eleitoral.
CAPÍ TULO VI
a) Vincular a ANALOR a compromissos de valor incerto e a todos relativamente aos quais não seja
possível, no futuro, pôr-lhes termo.
b) Dar em nome da ANALOR e a favor de terceiros quaisquer fianças ou garantias por actos ou
negócios que não respeitem às actividades e interesses da ANALOR.
2. Os casos omissos nestes Estatutos serão resolvidos, nos termos da lei e dos princípios gerais do
direito, em reunião plenário dos Presidentes da Mesa da Assembleia Geral, da Direcção, do
Conselho Fiscal.
12
Aprovados em Assembleia Geral realizada em 13 de Maio de 2000
d) Outras receitas.
2. Para efeitos do funcionamento da Assembleia Geral prevista no número anterior será admitida
quer a votação presencial, quer a votação por correspondência, esta nos termos a definir em
Regulamento a elaborar pela Direcção.
Por deliberação da Direcção, pode a ANALOR estabelecer formas de cooperação e assistência com o
I NATEL – I nstituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores,
designadamente através da sua filiação naquele organismo com o estatuto de Centro de Cultura e
Desporto.
Os presentes Estatutos entram em vigor no dia seguinte ao da sua aprovação pela Assembleia Geral.
13
Núcleo de Loriguenses Apoiantes
do Progresso e Desenvolvimento de Loriga
(Movimento de Opinião Formal)
Rua Sacadura Cabral, 47 A
6270 – 108 Loriga
in www.loriga.de (fonte)
Percorrendo algumas das artérias principais desta localidade, decerto não deixará de reparar
nas fontes onde a água cristalina cai dia e noite, como uma sinfonia sem fim. Numa placa de
mármore nelas fixadas se poderá ler: - Colónia Loriguense de Manaus 1905-1907. O visitante
pára... por momentos olha... e ao ler tais legendas, pensará, que, os filhos de Loriga não se
esqueceram da sua terra, apesar de estarem longe.
A Colónia dos Loriguenses em Manaus, mesmo longe pela distância, não esquecia também as
necessidades dos seus conterrâneos. Assim pensaram levar a bom termo a iniciativa da
construção de Fontanários na sua terra.
Os Fontanários de Loriga, são pois obras vivas do passado, doadas por esses Loriguenses que
apesar de estarem longe, amavam a terra que lhes tinha sido berço, não esqueciam as
carências nela existentes e as necessidades das suas famílias.
Aqui se registam os nomes de todos aqueles que contribuíram para este grande melhoramento
de Loriga.
"José da Cruz de Moura Pina; Jeremias Alves Nunes de Pina; Emigdio Alves Nunes de Pina;
Manoel de Jesus de Pina; Augusto Mendes Gouveia; António Ambrósio de Pina; Albino Pinto
Martins; António da Silva Páes; António Alves da Costa; Abílio Cardoso de Pina; José Ambrósio
de Pina; Abílio Fernandes Nogueira; Manuel de Brito Pinheiro; João Luis de Moura; António
Dias dos Santos; António Luis de Moura Pina; Carlos Augusto da Costa; Olarias-proprietários
Francisco Santos e José Duarte Pina; Henrique de Moura (Joaquim); J.António & Irmãos
(Fontão); Olaria-proprietários José G. de Pina e José de Brito Pina; José Nunes Caçapo;
António Gonçalves de Pina; António de Brito Miguel; Manuel de Brito Inácio; Joaquim de Pina
Pires; António Gomes Leitão; José de Pina Pires Júnior; António de Pina Monteiro; José Alves
do Torno; João Gonçalves de Brito (Alvoco); José Diogo Ferreira; António de Brito; Domingos
Maria da Costa Veiga; José Alves Martins José; António Gomes Luiz; Joaquim Lopes de Brito;
Núcleo de Loriguenses Apoiantes
do Progresso e Desenvolvimento de Loriga
(Movimento de Opinião Formal)
Rua Sacadura Cabral, 47 A
6270 – 108 Loriga
Joaquim Alves da Costa; António Marques Luis; José Gomes Martins; Plácido Nunes Amaro;
Francisco de Brito Pinheiro; João Luis de Moura; Henrique Pinheiro; Joaquim Gomes de Brito
(Alvoco); Abílio Duarte dos Santos; António Duarte dos Santos; Abílio Diogo de Gouveia;
Manuel Pinto de Abranches; Germano Diniz (da Carvalha); João Henrique Freire (da Barriosa);
Emília Mendes de Pina; João Fernandes de Moura, Joaquim Gomes de Pina; Joaquim
Ambrósio de Pina; Joaquim Lopes Cecília; José Alves Nunes de Pina; António Alves Nunes de
Pina; Joaquim de Pina Monteiro; António Pina Monteiro; José Pina Monteiro; Abílio Santos
Ferrito; José Gomes Luiz Lages; António Gomes Luiz Lages; Afonso Duarte Jorge; Manuel de
Moura Pina; João de Moura Pina; António de Moura Pina; Abílio Cardoso de Pina; José
Ambrósio de Pina; José Diogo Ferreira; Joaquim Lopes de Brito; Alfredo da Costa; João Luiz
dos Santos"
Nota:-Fazem parte desta Lista mais três nomes, só que se encontram ilegíveis.
Existem muitas outras pessoas que contribuíram para a construção dos Fontanários, além dos
nomes que constam, estes transmitidos via verbal por um Loriguenses residente no Brasil e,
que se encontram inseridos nos registos das memórias do senhor Padre Lages, sobre o título
"Para Constar".
Numa região onde a água existe com grande abundância, a carência de fontes de água potável
em Loriga era um facto. Nessa época já longínqua, esta localidade tinha apenas no perimetro
do agregado familiar, duas fontes de água potável, mas represadas, em que mergulhavam
indistintamente cântaros, latões, baldes etc., por vezes sem o mínimo dos rudimentares
preceitos higiénicos, sendo uma delas situada na Barroca e outra no lugar ainda hoje
conhecido por Fonte do Vale. A Fonte do Vinhô é também uma das mais antigas.
Na periferia, havia outras a que o povo chamava do Regato, do Teixeiro e dos Amores, no
entanto, essas eram menos utilizadas por motivo da distância a que ficavam, sendo também
águas que brotavam dos combros ou cômoros de propriedades regadias, mas filtradas pela
terra .No final do século XIX, o povo passou a aproveitar outros locais onde a água era potável,
para assim se abastecer desse precioso líquido.
Passando a maioria das habitações a ter água canalizada, as Fontes de Loriga, deixaram de
ter a mesma relevância que tinham tido até então. No entanto, continuam bem vivas e ficarão
para sempre gravadas na história desta localidade e da sua gente.
Núcleo de Loriguenses Apoiantes
do Progresso e Desenvolvimento de Loriga
(Movimento de Opinião Formal)
Rua Sacadura Cabral, 47 A
6270 – 108 Loriga
Fonte do Porto
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Fontão de Loriga
A mais bela aldeia de xisto,e na Serra da Estrela
Gentílico:Loricense ou loriguense
Orago:Santa Maria Maior
Código Postal:6270
Vila
Acordos de geminação:
________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_________________________
Brasão de Loriga - Coat of arms
Heráldica Loriguense
__________________________________________________________________
Limites aproximados da área do antigo Município Loricense, entre 1136 e 1828, e entre
1828 e 1855, respectivamente.
As seis freguesias que rodeiam Loriga,e que fazem parte da Associação de Freguesias da Serra da
Estrela,com sede nesta vila.
Alvoco da Serra
Alvoco da Serra é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 37,57 km² de área e 646 habitantes
(2001). Densidade: 17,2 hab/km².
A freguesia é constituída por cinco localidades: Alvoco da Serra (sede da freguesia), Outeiro da Vinha,
Vasco Esteves de Baixo, Vasco Esteves de Cima e Aguincho.
Alvoco da Serra recebeu foral de D. Manuel I em 17 de Fevereiro de 1514,data em que deixou de pertencer
ao concelho de Loriga. Foi vila e sede de concelho entre esta data e 1828, ano em que o concelho foi
extinto. Tinha, em 1801, 667 habitantes. Entre 1828 e 1855 pertenceu novamente ao concelho de Loriga,
após o que passou a integrar o concelho de Seia.
Cabeça
Cabeça é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 8,55 km² de área e 229 habitantes (2001).
Densidade: 26,8 hab/km². Durante muitos anos foi conhecida como São Romão de Cabeça.Até ao século
XIX pertenceu ao concelho,à paróquia e à freguesia de Loriga.
A sua população vive em grande parte da agricultura e da pastorícia.
António de Almeida Santos, ministro em vários Governos, ex-presidente da Assembleia da República, filho
de uma loricense, nasceu em Cabeça, numa época em que a sua mãe dava aulas na escola primária local.
Sazes da Beira
Sazes da Beira é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 6,39 km² de área e 341 habitantes
(2001). Densidade: 53,4 hab/km².
A primeira fixação definitiva deu-se (supõe-se) no século XV, no lugar chamado de "Sazes Velho".
Em 1527 tinha a aldeia 65 pessoas. No entanto e continuando à procura de proximidade da água levou à
fundação do que é hoje a aldeia de Sazes da Beira propriamente dita. Não se sabe a data da fundação da
sua freguesia/paróquia, mas sabe-se que foi no início do século XVIII.Em 1731 é edificada a sua Igreja
Matriz.
Desde a sua fundação, Sazes pertenceu sempre ao concelho de Sandomil até à extinção deste em 1836,
data em que passou a pertencer ao município de Loriga.No meio de todas as remodelações administrativas
sofridas (em que Sandomil esteve prestes a pertencer ao concelho de Loriga), a freguesia de Sazes
(correspondente a todo o território da sua paróquia) pertenceu ao concelho de Loriga até 1855,data em que
este foi extinto.
Teixeira
Teixeira é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 12,88 km² de área e 233 habitantes (2001).
Densidade: 18,1 hab/km².
Pertenceu ao concelho de Loriga até 1514 data em que Alvoco da Serra recebeu foral de D. Manuel I,
passando depois a fazer parte do novo concelho da Vide no início do século XVII.
Voltou a ser incluída no município de Loriga, com a extinção do concelho de Vide em 1834, e até 1855.
Passa então para o concelho de Seia ao qual pertence actualmente.
Valezim
Valezim é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 10,94 km² de área, 382 habitantes (2001) e
densidade populacional de 34,9 hab/km².
A hipótese mais aceite é que o nome provém de vallecinus (palavra do latim para vale pequeno).
Curiosamente, uma antiga lenda sobre a origem do nome de Valezim nasceu de um facto histórico real
relacionado com Loriga. Diz a lenda: "Tendo sido expulsos de Loriga, os mouros chegaram àquele vale e
exclamaram: Neste vale sim! As duas palavras foram unidas dando origem ao nome Valesim." De facto os
mouros foram expulsos de Loriga, mas não falavam português.
As principais actividades económicas da população estão ligadas à agricultura e pastorícia, turismo de
habitação e à construcção civil.
O seu primeiro foral é atribuído em 1201, por D. João de Foyle. Em 1514 é renovado por D. Manuel I, e
passa constituir um concelho formado apenas pela freguesia da sede. Entre os anos de 1836 e 1855
pertenceu ao concelho de Loriga.
Nessa data foi integrado no concelho de Seia, onde pertence.
A sua maior festividade é em honra de Nossa Senhora da Saúde, realizada anualmente, no primeiro
Domingo de Setembro.
Vide
Vide é uma freguesia portuguesa da Região de Loriga, com 51,25 km² de área e 843 habitantes (2001),
com uma densidade populacional de 16,4 hab/km².
Está situada na zona centro do país, no Parque Natural da Serra da Estrela, a uma distância de 25 Km da
Torre.
A freguesia engloba as seguintes e pequenas povoações anexas:
Abitureira,Baiol,Balocas,Baloquinhas,Barreira,Barriosa,
Barroco da Malhada,Borracheiras,Carvalhinho,Casal do Rei,Casas Figueiras,Cide, Chão
Cimeiro,Coucedeira,Costeiras,Fontes do Cide,Foz da Rigueira,Foz do
Vale,Frádigas,Gondufo,Lamigueiras,Malhada das Cilhas,Monteiros,Muro
,Obra,Outeiro,Ribeira,Rodeado,Sarnadinha,Silvadal e Vale do Cide.
Pertenceu ao concelho de Loriga até ao início do século XVII,época em que recebeu foral.Foi vila e sede de
concelho até ao início do século XIX (1834), tendo nessa época passado a pertencer novamente ao
município loriguense até 1855, ano em que foi integrado no concelho de Seia. Em 1801 era constituído
apenas pela freguesia da sede e tinha 750 habitantes.
Últimos estudos, levados a cabo em 2002, confirmam que o povoamento do Vale de Loriga em cujo extremo
se encontra Vide, remonta aos finais do Paleolítico Superior.
Entre as zonas de Entre-águas e de Ferradurras, nesta freguesia, há alguns núcleos rochosos que possuem
várias inscrições rupestres, os maiores descobertos até agora, que foram objecto de estudo por parte da
Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica, e que segundo os traços gerais apresentados,
pertencem à Idade do Bronze. A aldeia da Vide tem vários acessos sendo os principais a EN 230, que vem
de Oliveira do Hospital, e a EN 238, na Portela de Loriga, cruzamento com a EN 231 que liga Loriga a Seia.
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-1-
Nos começos do século XV, já longe da época das conquistas e numa fase pós recepção do direito comum em que existiu o renascimento do direito romano
ocasionado pela ideia medieva de ressurreição do Império Romano, Portugal começava a sentir bem viva a necessidade de uma compilação que fixasse e
sistematizasse, devidamente, as várias fontes de direito, em principio aplicáveis (Corpus Iuris Civilis, as Siete Partidas, o Corpus Iuris Canonici, etc).
Para além destas fontes de direito de origem não nacional (direito canónico e romano) o rei, directa ou indirectamente, monopolizava agora a criação do
Direito, legislando em abundância.
Porém as dificuldades de transmissão do conhecimento existiam e nem sempre os povos abrangidos por essas normas legais, tinham noção efectiva da sua
existência, ou pior ainda, desconheciam qual a hierarquia do quadro das fontes e desconheciam qual a norma vigente e aplicável ao caso concreto.
A primeira tentativa para acabar com essa situação passou pelas Ordenações Afonsinas, que tentaram soluciona a urgente necessidade de sistematização que o
direito português requeria; ficara, no entanto, por resolver o modo de assegurar o seu efectivo conhecimento e vigência em todo o país.
Vai ser no reinado de D. Manuel que, de novo se encarará o problema da divulgação das Ordenações do Reino.
Ao contrário dos seus antecessores, a solução deste monarca vai ser facilitada pela descoberta da imprensa, que, em Portugal, fizera a sua aparição em 1487.
Assim, em 1504, saiu o Regimento dos Oficiais das Cidades, Vilas e Lugares destes Reinos, primeiro ensaio para a publicação e divulgação de leis gerais no
reino.
Impunha-se, nesse momento, a tarefa de pôr em letra de forma as Ordenações. Todavia, como mais de cinquenta anos tinham decorrido sobre a compilação
afonsina, tornava-se necessário um trabalho de revisão e actualização do seu texto, tendo em atenção a legislação extravagante publicada.
Nesta mesma época, também no campo do direito foraleiro se impunha uma reforma. Por um lado, com o correr dos tempos, tinham sido promulgadas muitas
leis gerais, que haviam revogado grande parte do conteúdo dos velhos forais. Por outro lado, a parte dos forais, não revogada, estava, em absoluto,
desactualizada, já porque, no respeitante a prestações e isenções tributárias, se tornava difícil a sua aplicação, em virtude de datarem de há alguns séculos e se
concretizarem em pesos, medidas e moedas fora de uso, já porque as constantes depreciações da moeda, e a legislação de expediente criada para actualizar o
valor das prestações, gerara explicável confusão.
Assim, nas Cortes começadas em Coimbra, em 1472 e terminadas em Évora, no ano seguinte, dizem os representantes dos conselhos que “os Foraes de cada
Lugar per onde se mais rege e governa voso Reino, estes são oje em dia, e asy todos, ou moor parte falseficados, antrelinhados, rotos, não autorisados, e os
tirão do seu próprioentender, nem são interpricados a uso, e costume dora. Não são conforme a alguns artigos, e Ordenações vosas”.
Pedem então ao monarca que examine e extirpe “as burlas e enganos de taes Foraes”, mandando recolher à Corte “todos os Foraes de vosso Reino, que huum
não fique, posto que diguão os de algum Lugar, que não se aggravão, ou não querem sobre ello requerer”.
Vai D. Manuel dar satisfação às insistências dos povos e em 1497, nomeia uma comissão composta pelo chanceler-mor Rui Boto, pelo Dr. João Façanha e
por Fernão de Pina, ordenando que “todos os ditos foraes sejam entregues e enviados se ainda (…) alguns são por enviar (…)”.
Em 1520, terminou a obra de reforma dos forais. Estes forais reformados por D. Manuel, chamados forais novos ou manuelinos, e que deixaram de conter
normas respeitantes à administração, ao direito e processo civil e penal – matérias estas, agora, versadas na legislação geral – passam, assim, a regular, apenas
residualmente, os encargos e prestações devidas pelos concelhos ao rei ou aos senhores.
É neste contexto que se integra o “novo” Foral de Loriga.Sim,porque o foral que D.Manuel I concedeu a Loriga não foi o primeiro que esta vila teve,mas foi o
complemento dos forais concedidios em 1136,1249 e 1474.
-2-
Por ordem de D. Manuel e primeiramente por ordem de D. João II, foram recolhidos todos os forais velhos do reino para serem reformados e agrupados no
novo enquadramento legal.
Verificamos que, a partir da reforma manuelina, os forais deixaram de ter características de estatutos de direito local, para apenas conterem normas
reguladoras dos encargos e prestações devidos ao rei ou aos donatários das terras.
Com o evoluir dos tempos e das ideias, também as fontes de direito em Portugal foram alternando, mas, os forais mantiveram-se em vigor no território nacional
mesmo nos períodos mais conturbados.
Nem no período iluminista ou das luzes (século XVIII), época por excelência da Razão e do racionalismo, onde a fonte primordial do direito era a Razão
(iluminada) ou no período subsequente das invasões francesas, foram colocados em causa.
Porém, ao aproximar-se o fim do século XVIII, Melo Freire denunciava a necessidade de os forais serem objecto de tratamento legislativo, ordenando aos
Governadores do Reino que se ocupassem dos meios “com que poderão supprimir os foraes, que são em algumas partes do reinode um pezo intolerável ”.
Em 12 de Março de 1811, são dadas ordens no sentido de os corregedores examinarem os excessos dos forais e após a Revolução de 1820, nas
Constituintes, discute-se, com vigor, a reforma dos forais, que são vistos como “um dos muitos parasitas, violadores do direito de propriedade e do princípio
de igualdade dos cidadãos perante a lei”.
A revolução liberal estava em marcha e tinha como pretensão primordial instaurar a igualdade política e jurídica. Por isso atacava as estruturas políticas,
enfrentando o absolutismo monárquico dava o golpe de misericórdia no já decadente regime senhorial que tinha a sua expressão no chamado direito feudal.
Os forais, reminiscências desse direito em decadência eram também colocados em causa. Ainda que o desejo de muitos fosse a sua completa extinção, assim
não veio a acontecer, pois, só em 13 de Agosto de 1832 por Decreto (um dos célebres) de Mouzinho da Silveira, vieram a ser revogados todos os forais,
tributos ou pensões foraleiras, impostos pelos Reis ou Donatários da Coroa ou Fazenda.
Por fim, em Junho de 1846, uma Lei do dia 22 completou a obra de Mouzinho, colocando definitivamente uma pedra sobre algo que "fazia lei” desde o início
da nossa nacionalidade.
-3-
-1-
Loriga
Loriga é uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Seia, com 36,52 km² de
área e 1 670 habitantes (2001). Densidade: 34,8 hab/km².
Breve história
Fundada originalmente no alto de uma colina entre ribeiras onde hoje existe o
centro histórico da vila, o seu nome primitivo,anterior à chegada dos
romanos,era Lobriga. O local foi escolhido há mais de dois mil e seiscentos
anos, devido à facilidade de defesa,à abundância de agua e de pastos, bem como
ao facto de a vegetação abundante nas terras mais baixas providenciarem alguma
caça. Desta forma estava garantido o sustento a uma comunidade constituída
fundamentalmente por pastores e agricultores, que fizeram parte de uma das
tribos mais aguerridas da Lusitânia.
O nome veio,da localização da povoação,do seu protagonismo e dos seus
habitantes,nos Hermínios (actual Serra da Estrela) na resistência lusitana, o
que levou os romanos a porem-lhe o nome de Lorica (antiga couraça guerreira). É
um facto que os romanos lhe deram o nome de Lorica e deste nome derivou Loriga
(designação iniciada pelos Visigodos), e que tem o mesmo significado. É um caso
raro, em Portugal, de um nome bimilenar, facto que justifica que a couraça seja
a peça central e principal do brasão histórico da vila.
Situada na parte Sudoeste da Serra da Estrela, a sua beleza paisagística é o
principal atractivo de referência. Os socalcos e sua complexa rede de irrigação
são um dos grandes ex-libris de Loriga, uma obra gigantesca construída pelos
Loricenses ao longo de muitas centenas de anos e que transformou um vale belo,
mas rochoso, num vale fértil.
Em termos de património, destacam-se a ponte e a estrada romanas século I a.C.,
uma sepultura antropomórfica século VI a.C., a Igreja Matriz (século XIII,
reconstruída), o Pelourinho (século XIII,reconstruído), o Bairro de São Ginês
(São Gens) com origem anterior à chegada dos romanos, a Rua da Oliveira, pela
sua peculiaridade, e a Rua de Viriato que tem o nome do herói lusitano Viriato,
a que a lenda,a tradição local,e alguns documentos encontram origens na
freguesia. A estrada romana e uma das duas pontes (a outra ruíu no século XVI
após uma grande cheia na Ribeira de S. Bento), com as quais os romanos ligaram
Lorica ao restante império, merecem destaque. A estrada romana ligava Lorica a
Egitânia (Idanha-a-Velha),Talabara (Alpedrinha),Sellium (Tomar),Scallabis
(Santarém),Olisipo (Lisboa) e a Longóbriga (Longroiva),Verurium
(Viseu),Balatucellum (Bobadela),Conímbriga (Condeixa-a-Velha) e Aemínium
(Coimbra).
Também o Bairro de São Ginês ( S. Gens )é um ex-libris de Loriga, e nele
destaca-se a capela de Nossa Senhora do Carmo construída no local de uma antiga
ermida visigótica precisamente dedicada àquele santo. Quando os romanos
chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos: O maior, mais antigo e
principal, situava-se na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua
de Viriato, e estava fortificado com muralhas e paliçada. No local do actual
Bairro de S.Ginês (S.Gens), existiam já algumas habitações encostadas ao
promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma
ermida dedicada àquele santo.
Loriga era uma paróquia pertencente à Vigariaria do Padroado Real e a Igreja
Matriz foi mandada construir em 1233 pelo rei D. Sancho II. Esta igreja, cujo
-2-
orago era já o de Santa Maria Maior,e que se mantém, foi construída no local de
um outro antigo templo, do qual foi aproveitada uma pedra com inscrições
visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o adro. De estilo
românico, com três naves, e traça exterior lembrando a sé velha de Coimbra, esta
igreja foi destruída pelo sismo de 1755, dela restando apenas partes das paredes
laterais.
O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a
residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes do
edifício da Câmara Municipal construído no século XIII. Um emissário do Marquês
de Pombal esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que
aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não chegou de
Lisboa qualquer auxílio.
Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde o início do século XIX, chegou a ser
uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior, e a actual sede de
concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do século XX.Tempos houve em
que,só Covilhã ultrapassava Loriga em número de empresas.Nomes de empresas,tais
como;Regato,Redondinha,Fonte dos Amores,Tapadas,Fândega,Leitão & Irmãos,Augusto
Luis Mendes,Lamas,Nunes Brito,Moura Cabral,Lorimalhas,etc,fazem parte da rica
história industrial desta vila.
A sua história é, aliás, um exemplo das consequências que os confrontos de uma
guerra civil podem ter no futuro de uma localidade e de uma região. Loriga tinha
a categoria de sede de concelho desde o século XII, tendo recebido forais em
1136 ( João Rhânia, senhorio das Terras de Loriga durante cerca de duas décadas,
no reinado de D.Afonso Henriques ), 1249 ( D.Afonso III ), 1474 ( D.Afonso V ) e
1514 ( D.Manuel I ) , mas, por ter apoiado os Absolutistas contra os Liberais na
guerra civil portuguesa, teve o castigo de deixar de ser sede de concelho em
1855.
Foi no mínimo um caso de injusta vingança política,numa época em que não existia
democracia e reinavam o compadrio e a corrupção,e assim começou o declínio de
toda a Região de Loriga (antigo concelho).Se nada de verdadeiramente eficaz for
feito, começando pela vila de Loriga, esta região estará desertificada dentro de
poucas décadas,o que,tal como em relação a outras relevantes terras históricas
do interior do país,será concerteza considerado como uma vergonha
nacional.Confirmaria também a existência de graves e sucessivos erros nas
políticas de coesão,administração e ordenamento do território.
A àrea onde existem as actuais freguesias de Alvoco da Serra, Cabeça, Sazes da
Beira, Teixeira, Valezim, Vide, e as mais de trinta povoações anexas, pertenceu
ao Município Loricense.A vila de Loriga,situa-se a vinte quilómetros da actual
sede de concelho, e algumas freguesias da sua região situam-se a uma distância
muito maior.
A Região de Loriga,àrea do antigo Município Loricense,constitui também a
Associação de Freguesias da Serra da Estrela,com sede na vila de Loriga.
Loriga e a sua região possuem enormes potencialidades turísticas,e as únicas
pistas e estância de esqui existentes em Portugal,estão localizadas na àrea da
freguesia da vila de Loriga.
Acordos de geminação
Loriga celebrou acordo de geminação com:
* a cidade de Sacavém, no concelho de Loures, em 1 de Junho de 1996.
-3-