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O enfraquecimento das condições de valorização do capital instalado na China e
no Brasil (e nos demais Brics, por supuesto), nos últimos dois anos, são as causas
mais profundas da crise financeira que atingem essas economias. A queda da
taxa de lucro se manifesta na queda da produção industrial, do consumo interno,
das exportações, e outras esferas da produção e circulação da economia real. E
agora impulsionam a debandada de capitais para o exterior. Dados divulgados no
início de setembro sobre o setor de manufatura da China mostraram o nível de
atividade industrial mais baixo em três anos, fazendo despencar bolsas de valores
em todo o mundo. No Brasil ocorre a mesma derrocada industrial.
Apesar das dificuldades de se obter números precisos sobre saída de dinheiro da
China, economistas ouvidos pelo The Wall Street Journal apontam que as
reservas da China em moeda estrangeira, por exemplo, que atingiram quase US$
4 trilhões no ano passado, encolheram em mais de US$ 341 bilhões desde então.
O Goldman Sachs Group Inc. menciona em nota a seus clientes a estabilidade do
Yuan e a fuga de capital como suas “maiores preocupações”. O banco estima que
o volume de dinheiro que deixou a China desde a inesperada desvalorização do
Yuan, em 11 de agosto, pode ter saltado para um valor entre US$ 150 bilhões e
US$ 200 bilhões. Já o banco J.P. Morgan Chase & Co. estima que os fluxos de
saída atingiram o que ele chama de a “notável cifra” de US$ 340 bilhões entre o
terceiro trimestre de 2014 e o segundo trimestre deste ano. O economista Larry
Hu, do banco de investimentos Macquarie Group. Ltd. calcula, por sua vez, um
montante de US$ 264 bilhões para o mesmo período.
No Brasil, o processo de fuga de capitais no mesmo período não fica nada atrás
da China. Em termos relativos ao tamanho da produção nacional, é ainda maior
que na maior montadora industrial do mundo. Dados atualizados do Banco
Central do Brasil sobre a posição de investimento internacional indicam que no
período Setembro/2014 a Julho/2015, o estoque de investimento externo direto
(IED) no país caiu de US$784,908 bilhões para US$681,126 bilhões. Em menos
de um ano, mais de 13% do estoque de IED bateu azas e voou. Isso tem uma
imensa importância qualitativa para entender a natureza da crise no Brasil e na
China. Essas saídas de IED das economias são compostas quase 100% de
“participações no capital”, quer dizer, na propriedade de empresas não
financeiras.
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carteira”, os investimentos em ações foram os mais atingidos com uma redução
de US$ 95 bilhões (30% do volume anterior).
Todos esses dados foram contabilizados pelo Banco Central antes do
rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard &Poor’s, há menos de
uma semana. Depois disso, os capitalistas certamente vão pisar mais forte no
acelerador para ficar o mais rapidamente possível longe da economia das
economias imergentes. Nem precisava deste incentivo da Standard &Poor’s.
Bem antes, os próprios capitalistas já tinham antecipado a desclassificação do
crédito brasileiro. Bem antes da desvalorização do Yen e da desclassificação do
Real o capital imperialista já havia carimbado a China e o Brasil com a sinistra
sentença: marcados para morrer.