Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
17030315455472500000049235789
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRABALHO DA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO.
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
A Reclamante entende ser inconstitucional a Lei nº 9.958, art. 1º, que instituiu as
Comissões de Conciliação Prévia pelo art. 625-D da CLT, tendo em vista que as mesmas têm
representado, na prática, um entrave ao direito constitucional de livre acesso à Justiça,
consagrado no art. 5º, XXXV da CRFB/88.
Já se manifestou sobre a desnecessidade de submissão à Comissão de conciliação
Prévia o STF, em julgamento de 13/05/2009:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O fato da autora estar assistida por advogado particular, não lhe retira o direito à
concessão da Gratuidade de Justiça. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5º, LXXIV,
assegura a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos.
Insta mencionar ainda que a Gratuidade de Justiça não faz qualquer restrição ao
benefício ser concedido a quem está representado por advogado particular, ao contrário, o
próprio art. 99, §4º do CPC/15 c/c art.769 da CLT diz que “a assistência do requerente
por advogado particular não impede a concessão da gratuidade de justiça”, dizendo
ainda no §2º do art. 99 do CPC/15 que “O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver
nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.”
Ressalta ainda que a Instrução Normativa nº 39 do TST não aponta como inaplicável
os arts. 98, 99 e seguintes do CPC/15, relativos a gratuidade de Justiça, não abordando a
CLT o tema, logo, por força do art. 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito processual
comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título”
DA RELAÇÃO DE EMPREGO:
Além das infrações de paga por fora, supressão do intervalo intrajornada, não
pagamento de horas extras, etc, que serão comprovados em instrução, além de todo o lastro
probatório documental já juntado, esclarece a autora que a ré não cumpre os deveres
contratuais trabalhistas de depósito de FGTS e recolhimento ao INSS.
Ao efetuar consulta de seu saldo de FGTS para fins de obtenção de crédito imobiliário,
a autora percebeu que a ré deixou de depositar vários meses de FGTS em sua conta
vinculada, que A PARTIR DE OUTUBRO/2016 A RÉ NÃO FEZ MAIS NENHUM DEPÓSITO
FUNDIÁRIO. Da mesma forma não vem a ré efetuando o recolhimento previdenciário, tudo
conforme docs. anexos.
Ressalta ainda que no curso do contrato de trabalho houve efetiva diminuição salarial,
bem como as cobranças excessivas por vendas de cursos, descontos em vales transportes,
perseguições dentro da empresa, ausência de plano odontológico unicamente para autora
(embora todos os demais funcionários o tenham há tempos), bem como apropriação indevida
de vendas, acarretando um quadro de sofrimento laboral na autora, que encontra-se doente
e está com licença médica por tal motivo (vide atestados em anexo), sendo esta modalidade
de depressão causada pelo seu empregador.
Veja Exa, aqui não se trata de bis in idem, mas sim de pagamento de comissões
diferenciadas para estimular a competição e vendas para a ré. Como o comissionamento era
mensal E semanal, havia grande estímulo de vendas, fazendo o empregador lucrar
imensamente no negócio. Inclusive junta a autora, conforme anexo, comprovantes de
reconhecimento de pagamento de comissões por conversas de whatsapp, bem como
cobranças de metas, além de fotos da autora e outro funcionário com o dinheiro do pagamento
das comissões (também em anexo).
Informa a autora que tal situação perdurou desde sua contratação, ou seja, desde
13/08/2015 até Outubro/2016, quando a diretora da ré Vanessa Ribeiro deixou a empresa,
sendo reestruturado o comissionamento pelo sócio Davi, para o pagamento da comissão
mensal de R$2.500,00 para quem efetuasse 60 vendas, como é o caso da autora na maioria
das vezes, mais a média da comissão semanal de R$ 300,00/semana, pra quem batesse 15
vendas ou mais na semana, como também era o caso da autora. Nesse novo regramento de
pagamento das comissões, a autora passou a auferir a título de comissões: R$2.500,00
(comissão mensal) + R$ 1.200,00 (4x R$300,00, da comissão semanal), somando o total de
comissão de R$ 3.700,00, ou seja, tendo a autora efetiva REDUÇÃO SALARIAL de
R$934,00, continuando a receber tal valor por fora.
Perceba, Exa. que após Outubro/2016 houve mudança do parâmetro de cálculo das
comissões de forma unilateral e prejudicial aos empregados, caracterizando assim a redução
salarial, o que é vedado constitucionalmente, conforme art. 7º, VI da CRFB/88.
Informa ainda a autora que até a presente data não recebeu as comissões de
Dezembro/2016 e Janeiro/2017, razão pela qual requer o pagamento das mesmas, no valor
das comissões mensais + semanais total de R$ 4.634,00/mês. Esclarece a autora que outras
vendedoras receberam regularmente suas comissões, como as vendedoras Taís e Camila,
demonstrando assim clara diferenciação da ré com a autora.
A autora normalmente tinha 60% de aproveitamento nas vendas em seu nome, por
isso costumava receber a média de R$50,00 diários a título de prêmio por aproveitamento,
sempre recebendo por fora do contracheque e anotação na CTPS, porém de forma habitual.
Desta forma, na qualidade de contraprestação paga ao empregado pelo empregador, de
forma habitual, tem natureza salarial e deve ser integrada ao mesmo, com reflexos em RSR,
saldo salário, trezenos, férias +1/3, FGTS, 40% sobre o FGTS, horas extras, recolhimento
previdenciário e aviso prévio, além de seu reconhecimento e anotação na CTPS.
DAS GRATIFICAÇÕES:
Além das comissões e prêmio diário recebido pela autora, era ajustado que pelas
matrículas realizadas por indicação da autora na ré, a mesma ganharia a gratificação de
R$50,00 por matrícula, conforme comprovado pelo diretor Mauro (conversa pelo whatsapp
em anexo).
Desta forma, tem-se que a autora fazia em média 10 (dez) matrículas/mês por
indicação dela na ré, auferindo a título de gratificação mensal o valor de R$ 500,00, que
sempre foi pago por fora, sem jamais constar em contracheque ou CTPS.
Note ainda Exa, que as gratificações eram habituais, e por tal razão deve integrar o
salário da obreira, nos termos da Súmula 207 do STF:
Desta forma, verifica-se que desde Abril/2016 a autora recebe vale transporte inferior
ao necessário, infringindo a ré os art. 1º da Lei 1418/85 c/c art. 1º, I do Decreto 95247/87, que
dispõe que é dever do empregador fornecer vale transporte para o empregado deslocar-se de
sua residência ao labor, antecipando o valor em sua integralidade, o que não é feito pela ré
desde 04/2016.
A jornada de trabalho da autora sempre foi das 13:00h às 21:30h de segunda à sexta-
feira, e aos sábados das 13:00h às 17:00h, sempre com folgas aos domingos. A autora jamais
pôde gozar de 1 hora para alimentação, sempre gastando cerca de 30 minutos, posto que era
demandada estar sempre disponível para as vendas, além das altas cobranças de metas a
serem batidas. Mesmo quando a autora tentava de alimentar rapidamente na cozinha da ré,
a mesma era interrompida a voltar às vendas.
Esclarece a autora que registrava seu horário de entrada e saída regularmente na ré,
mas a reclamada tentava fazer a alteração dos registros no espelho de ponto, conforme pode-
se perceber no espelho de referência de 01/03/2016 à 23/03/2016, onde no campo
“Marcações Reg. no REP” consta regularmente a jornada cumprida pela autora, enquanto no
campo ao lado “Jornada Realizada” consta o horário de entrada da autora na “Ent. 1º período”,
o horário de saída da autora na “Ent. 2º período”, tentando a ré adulterar a marcação do meio
(“Sai 1º período”), gerando assim completa inconsistência de dados no mesmo doc. de
espelho de ponto.
Requer ainda que a reclamada apresente as folhas de ponto, nos termos do art. 74,
parágrafo 2ᵒ c/c Súmula 338, I do TST, tendo a ré mais de 10 funcionários.
DA TUTELA DE URGÊNCIA:
No caso vertente, segundo art. 300 do CPC c/c art. 769 da CLT, se demonstra a
probabilidade do direito autoral pela comprovação da falta de cumprimento das obrigações
contratuais por parte do empregador, pela ausência de recolhimento previdênciário, bem
como pela ausência do depósito do FGTS na conta vinculada da autora desde Outubro/2016,
tudo conforme documentos em anexo. Ressalta também que pelo NCPC, não é mais
necessário prova inequívoca do Direito, mas sim PROBABILIDADE do mesmo (art. 300,
caput, NCPC c/c art. 769 da CLT).
Desta forma, requer a autora que sejam expedidos ofícios para a habilitação da
mesma no seguro desemprego e expedição de alvará para saque do FGTS (ou na sua
impossibilidade, que seja efetuada a entrega das chaves de conectividade pela ré para o
saque), além da baixa em sua CTPS com data de 02/04/2017.
Pede a autora primeiramente a expedição pelo juízo do ofício e alvará, e não a
entrega das guias pelo empregador, posto que a CEF não faz a liberação do FGTS sem a
baixa da CTPS E homologação do TRCT, e uma vez não existindo o TRCT homologado no
caso em tela, mesmo que a ré entregue a chave de conectividade e as guias em juízo, como
não foi realizada a homologação da rescisão, a CEF não libera o saque do FGTS, assim
procedendo reiteradamente em inúmeros pedidos.
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
entre os profissionais respectivos;”
Verifica-se no caso em tela que a autora era vendedora, e recebia de fato de forma
mista, ou seja, com fixo + comissões + bônus + gratificação, conforme comprova
documentalmente e testemunhalmente.
Ocorre que para que os vendedores recebessem boas comissões e bons bônus, era
fundamental que batessem metas, sempre cobradas incessantemente pela ré.
Ocorre que o supervisor Alex utilizava seu posto de trabalho para desviar a autoria
das vendas, para assim diminuir as comissões e bônus da autora, e aumentar seus ganhos,
bloqueando o login e senha da autora, forçando-a assim a realizar as vendas através do seu
próprio login e senha (do Alex), apropriando-se assim da autoria das mesmas, e
consecutivamente da comissão e bônus provenientes delas.
Tendo em vista tal prática, a autora sempre reclamou da mesma, inclusive com os
superiores hierárquicos do supervisor Alex, levando o caso ao conhecimento de Diretor
Mauro, e do Presidente da Microcamp Cristiano Elsner, não tendo jamais a empresa se
posicionado quanto a prática de apropriação indevida das vendas com o desvio das
comissões + bônus para o supervisor da autora.
Se não fosse tal atitude na ré, a autora faturaria mais de comissões e bônus do que
normalmente recebia.
Através da funcionária Ana, só era lançado internamente para pagamento por fora à
autora as vendas em seu nome, e nunca as que efetuava com a senha do Alex, bem como
passou a efetuar o pagamento dos vales transportes em valores menores que o devido para
a autora se locomover (vide tópico “do pagamento a menor dos vales trsnaportes”), de forma
a causarem efetivos prejuízos à obreira, além de não efetivarem o plano odontológico
unicamente para a autora, conforme já detalhado no item anterior.
Verifica-se ainda que tão logo a autora percebeu que ocorriam alterações nas folhas
de ponto, a mesma também fez reclamação de tal prática junto a empresa, posto que
conforme pode-se perceber no espelho de referência de 01/03/2016 à 23/03/2016, onde no
campo “Marcações Reg. no REP” consta regularmente a jornada cumprida pela autora,
enquanto no campo ao lado “Jornada Realizada” consta o horário de entrada da autora na
“Ent. 1º período”, o horário de saída da autora na “Ent. 2º período”, tentando a ré adulterar a
marcação do meio (“Sai 1º período”), gerando assim completa inconsistência de dados no
mesmo doc. de espelho de ponto.
Por todo o exposto, faz juz a autora à reparação pelos danos morais causados, no
montante de R$20.000,00 (vinte mil reais).
DO RECOLHIMENTO DE INSS:
O fato da autora ter que dispender de seus recursos para fazer valer seu direito, fato
acarretado única e exclusivamente pelo réu, configura prejuízo material e, portanto, deve ser
indenizado pelo réu.
Desta forma, deve o réu arcar com o custo de 30% do valor total da condenação,
referente aos honorários contratuais.
Declara patrona do reclamante que as cópias juntadas aos autos conferem com os
originais e cópias apresentados pela autora à advogada, nos termos do art. 830, caput da
CLT.
DAS PUBLICAÇÕES:
Requer que todas as publicações sejam expedidas para a patrona LUANA CASSIA
DO CARMO FILGUEIRAS – OAB/RJ nº 147636.
DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer-se à V. Exa. a condenação da ré nos itens abaixo elencados,
aos quais deverão ser apurados em liquidação de sentença, com os respectivos juros e
correção legal:
3- Que seja concedido a inversão do ônus da prova no que for cabível, observados os
arts. 852-H e 818, ambos da CLT;
12- A declaração e o deferimento da rescisão indireta com base no art. 483, “d” da
CLT, com a devida baixa na CTPS com data de 02/04/2017, considerada projeção do aviso
prévio, nos termos da OJ nº 82 da SDI-1 do TST, considerando que o último dia da reclamante
à disposição do seu empregador foi em 28/02/2017, requerendo ainda o pagamento das
consequentes verbas rescisórias e direitos ainda devidos, conforme a seguir:
15- Que a ré seja condenada a reparação pelos danos morais causados, devido ao
ato discriminatório de não fornecimento de plano odontológico unicamente para a autora, no
valor de R$5.000,00;
16- Que a ré seja condenada a reparação pelos danos morais causados, devido a
perseguição no ambiente laboral, configurada por apropriação indevida de comissões + bônus
+ gratificação, aplicação de suspensões e advertências não fundamentadas, alteração de
folhas de ponto, pagamento a menor de vales transportes, difamação do nome da autora na
empresa, bem como todos os demais atos de pressão desmedida que levaram a autora ao
quadro comprovado pelo SUS de depressão por sofrimento laboral, no valor de R$20.000,00.
20- Requer que todas as publicações sejam expedidas para a patrona LUANA CASSIA
DO CARMO FILGUEIRAS – OAB/RJ nº 147636.
DO VALOR DA CAUSA
E. Deferimento.
OAB/RJ n° 147636