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O Japão é o único pais no mundo onde existe uma palavra que significa “morrer a trabalhar”.
O perigo do Karoshi comparativamente às síndromes de exaustão é que este não apresenta
qualquer sintomatologia.
Karo significa excesso de trabalho. Shi é morte. Traços comuns entre os atingidos por este
mal: o excesso de horas de trabalho, a ausência de sintomas e a morte súbita.
Resultado mais comum: o acidente vascular cerebral (AVC) e o ataque cardíaco. De notar
que esses ocorrem, agora, em grande número entre jovens adultos. Este é um quadro que
começa a fazer sentido também por cá. Já pensou nisso?
Há mais de trinta anos que importamos conceitos e modelos de organização da escola de
administração japonesa. Just in Time, Kaizen, Kanban, Otakismo, Zero Defeitos, Qualidade
Total, de entre tantos outros. Por que não existiria a possibilidade de com eles vir também
o Karoshi?
A rotina profissional japonesa contempla um número de horas extra não remuneradas que
poderão ir, legalmente, até às 20 ou mais horas. A juntar a tudo isto, a coragem, a forte
determinação, o morrer com honra, fazem parte da cultura japonesa. O código samurai
aplicado à letra nas organizações traz as suas contrariedades…
A Civilização da Empatia
A natureza humana não está preparada para a rotina da exaustão. O nosso cérebro tem
um processo de segurança que é acionado quando estamos perante um perigo,
realmente, grave. Na maior parte dos casos isso acontece muito excecionalmente.
Quando tornamos a exaustão o nosso meio de vida, o sistema de alarme que deveria
funcionar exclusivamente nos casos de emergência está constantemente acionado.
Incapaz de relaxar, o desgaste é enorme. Isto, com as consequências que facilmente
poderemos perceber. Ante alguém que se esqueceu de si mesmo, esta é uma visão que
me parece suficientemente assustadora.
Quase todos estaremos de acordo se eu afirmar que nos encontramos a caminho da “Era
da Empatia Económica”. É importante perceber isso mesmo. Em especial, quando nos
referimos à tão esperada mudança na consciência do mundo das organizações.
Convém salientar que, modernamente, a economia se desloca no sentido de um processo
de reconversão produtiva. Ouve-se, agora, falar de economia do bem comum, economia
consciente, dharma marketing, capitalismo consciente, economia da comunhão, bitcoins,
comunidades utópicas de economia comum, moedas regionais, economia da partilha,
economia espiritual, movimento Foculari, etc. E tudo isto é um sinal claro das
possibilidades que o futuro nos trará.