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DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
UNIVERSIDADE DE LISBOA
PALEONTOLOGIA
Curso Teórico
1º Tema
Sumário
1. Fóssil. Etimologia e evolução do conceito.
Aplicação como substantivo e adjectivo.
A palavra Fóssil deriva do termo "fossilis" referido pela primeira vez por
PLÍNIO (séc. I a.C.). A sua raiz "fossus", particípio passado de "fodere" (i.e. cavar),
significa literalmente "o que se extrai cavando". É com este significado que é recu-
perado e utilizado, em 1546, pelo renascentista engenheiro de minas, alemão,
George BAUER (de pseudónimo AGRICOLA, 1494-1555), na sua obra "De Natura
Fossilium". Para este naturalista o termo incluía qualquer objecto extraído do solo,
quer fosse de origem animal, vegetal ou mineral. Curiosamente este conjunto
heterogéneo de objectos naturais tem vindo a permanecer associado até aos nossos
dias, por exemplo, em algumas publicações de divulgação científica como sejam
guias ou manuais do naturalista.
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Marcas de ondulação ("ripple marks") - são formadas por conjuntos alinhados de cristas,
simétricas ou assimétricas, produzidas, em sedimentos arenosos, pela acção de
correntes costeiras e movimentos oscilatórios das ondas.
Dendrites - também conhecidas por "falsos fósseis" ou pseudofósseis, são produzidas pela
percolação de soluções aquosas, ricas em certos componentes minerais (geralmente,
óxidos de Manganés tais como o Psilomelano e a Pirolusite), através de pequenas
fissuras das rochas. Em certos tipos litológicos de tom claro, a precipitação destes
componentes químicos, de tons negros, define um padrão ramificado (com uma
geometria que só há pouco tempo começou a ser descrita como fractal) que
vulgarmente é confundido com vegetais fósseis. São, contudo, destituídos de
quaisquer evidências de nervuras ou de outras estruturas de origem vegetal.
Dunas fósseis - a sua estrutura e laminação, preservadas por cimentação (muitas vezes à
custa do carbonato de cálcio de conchas contidas no sedimento arenoso) indicam a
direcção dos ventos predominantes, na altura da sua formação. Estas estruturas
dunares, bem desenvolvidas em certos troços do nosso litoral, em especial no litoral
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Arriba fóssil – Trata-se de um elemento geomorfológico que se exprime por uma arriba em
tempos talhada pela erosão marinha mas em que, na actualidade, o mar já não chega
ao seu sopé. Exemplo: Arriba fóssil da Costa da Caparica.
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« Se se pensa que tais conchas são criadas, e continuam a ser criadas em semelhantes locais
[montanhas de Parma e Piacenza, em Itália] pela natureza do local e graça Divina (...) tal opinião é
impossível para o cérebro pensador porque os anos do seu crescimento podem ser contados nas
conchas [alusão às estrias de crescimento], e conchas grandes e pequenas podem ser observadas,
as quais não podiam ter crescido sem comida e não poderiam alimentar-se sem movimento e só
poderiam ter-se movimentado se tivessem pertencido a seres vivos »
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« E se se pensa que foi o Dilúvio que transportou tais conchas centenas de quilómetros do mar, tal
não poderia ter acontecido porque o Dilúvio foi consequência da chuva, e a chuva naturalmente
escorre da terra para o mar (...), e não transporta objectos mortos das praias para as montanhas. E
se disser que as águas do Dilúvio subiram acima das montanhas, o movimento de subida do mar
contra o curso dos rios teria sido tão lento que não poderia ter transportado em suspensão nada
mais pesado do que a água »
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Deste modo o seu âmbito, em sentido literal, pode ser expresso pela frase
"Estudo dos Seres Antigos". Como ciência, a Paleontologia engloba a análise
descritiva e interpretativa da vida, durante os períodos geológicos, através do estudo
dos fósseis.
O conceito de Paleontologia há muito estava presente no espírito de diversos
naturalistas. O naturalista suíço Konrad GESNER (1516-1565) instaurou pela
primeira vez os modos de procedimento no estudo dos fósseis como, por exemplo, a
necessidade de comunicar descrições e figuras em monografias e a necessidade em
se obterem colecções de comparação em museus. Por seu lado, o francês Georges
CUVIER (1769-1832) definiu os seus fundamentos científicos, granjeando-lhe o
epíteto de "Pai da Paleontologia". Contudo, o termo só em 1825 foi criado, por
Ducrotay de BLAINVILLE, e apenas em 1834 foi introduzido na literatura geológica,
por Fischer von WALDHEIM.
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