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DIREITO COMERCIAL
SOCIEDADES COMERCIAIS
Março de 2010
CASOS PRÁTICOS (NÃO RESOLVIDOS) DE DIREITO COMERCIAL
4.º- Cada sócio terá direito a receber, anualmente e no mínimo, 600 euros a título
de lucro.
Em princípio, os sócios participam nos lucros e nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores nominais
das respectivas participações no capital, salvo convenção em contrário, que estipule um direito especial aos lucros a
determinado ou determinados sócios. No entanto, as convenções estão condicionadas por certos limites: é nula a
clausula que exclua um sócio da comunhão nos lucros (artigo 22º, nº3).
Todavia, o direito à distribuição periódica de lucros carece de: aprovação do balanço, existência de lucros distribuíveis e
deliberação de distribuição. De facto, nem todo o lucro é distribuível. O artigo 33º, nº1 do CSC dispõe que “não podem
ser distribuídos aos sócios os lucros do exercício que sejam necessários para cobrir prejuízos transitados ou para
formar ou constituir reservas impostas pela lei ou pelo contrato de sociedade”, caso do regime da reserva legal, previsto
no artigo 295º do referido Código.
O nº2 do mesmo artigo proíbe a distribuição de lucros aos sócios, enquanto as despesas de constituição, de
investigação e de desenvolvimento não estiverem totalmente amortizadas, excepto se o montante das reservas livres e
dos resultados transitados for, pelo menos, igual ao dessas despesas não amortizadas. O artigo 32º consagra o
princípio da intangibilidade do capital social, não permitindo que sejam distribuídos aos sócios bens da sociedade
quando a situação líquida desta seja inferior à soma do capital e das reservas legais não distribuíveis ou se se tornasse
inferior em consequência da distribuição.
Os sócios têm direito a, pelo menos, metade do lucro distribuível, salvo cláusula do pacto social ou deliberação dos
sócios tomada por maioria de três quartos dos votos correspondentes ao capital social em assembleia-geral (artigos
217º e 294º). A deliberação sobre a aplicação de resultados deve partir de uma proposta devidamente fundamentada a
apresentar à assembleia pela administração (artigo 66º, nº2, alínea f)), na falta da qual a deliberação é anulável (artigo
69º, nº1). De facto, a distribuição de lucros ou de bens sociais só pode ser efectuada após deliberação de sócios (artigo
31º, nº1) e no caso de distribuição de lucros esta tem ser obrigatoriamente precedida de aprovação das contas.
No entanto, nas sociedades anónimas, podem ser feitos adiantamentos sobre lucros aos accionistas, desde que o
contrato de sociedade o autorize e sejam cumpridas as regras previstas no artigo 297º. Para além do direito aos lucros
do exercício, o sócio tem ainda direito aos lucros finais de exploração, que se traduz no direito a quinhoar nos bens da
sociedade, após terem sido garantidos os pagamentos aos credores e reembolsadas as entradas realizadas (artigo
156º).
Pede-se:
d) Os sócios quinhoarão nos lucros e nas perdas nas proporções de 50% para Abel,
30% para Berta e 20% para Dionísio. Caio não participará nos lucros. A cláusula é
inválida. À luz do artigo 22º nº 1 e 3, uma vez que na falta de preceito especial ou convenção em contrário, os
sócios participam nos lucros e nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores das respectivas
participações no capital. É nula a cláusula que proíba a participação dos sócios nos lucros e perdas da
sociedade, uma vez que viola o princípio da proibição do pacto leonino, segundo os artigos 22º nº3 do CSC
e 994º do código civil.
e) Abel terá direito a receber anualmente da sociedade uma quantia equivalente a 30%
do valor nominal das quotas de que for titular.
III - Aníbal Serpa, sua mulher Benedita e seus filhos Carlos e Diana,
pretendem constituir uma sociedade tendo por objecto o fabrico e venda de pão,
doces e confeitaria, tendo escolhido para o efeito a firma “Aníbal Serpa –
Panificadora Central, Lda”, sendo de 15.000,00 € o capital social.
Pretendem:
A segunda cláusula é inválida, à luz do artigo 28º, uma vez que só se pode realizar as entradas com bens de
dinheiro, nas sociedades por quotas.
A terceira cláusula é inválida, à luz do artigo 202º nº1 que não admite contribuições de indústria numa
sociedade por quotas.
b) Incluir no contrato social uma cláusula segundo a qual todos quinhoariam nos
lucros em partes iguais, sendo que Carlos ficaria isento de responder pelas perdas
sociais. A cláusula é inválida, à luz do artigo 22º nº3, e 994º do código Civil, uma vez que é nula a cláusula
que exclui um sócio de participar nas perdas da sociedade.
c) Que a sociedade possa vir a exigir aos sócios prestações suplementares até ao
dobro do capital social. A cláusula é válida, uma vez que as prestações suplementares só existem se o
contrato de sociedade o estipular, pelo que nos termos do artigo 210º nº3 alínea a), o contrato de sociedade
deve fixar o montante global das prestações suplementares. Neste caso concreto, a cláusula existente fixa,
desde já, o dobro do capital social. Logo, de acordo com o artigo 210º nº4, é essencial a menção referida na
alínea a) do número anterior.
Pergunta-se : É possível, face à lei, satisfazer todas e cada uma das pretensões da
família Serpa?
1.ª A sede social da sociedade será no local que os sócios vierem a escolher. A
cláusula é inválida à luz do artigo 9º nº1 alínea e), que estipula que do contrato de sociedade deve constar a
sede da sociedade.
2.ª O sócio Carlos realizará a sua quota através da transferência de propriedade de
um automóvel avaliado em 30.000 euros, transferência esta que ocorrerá no prazo
de seis meses a contar da constituição da sociedade. A cláusula é inválida nos termos do
artigo 26º nº1, visto que a entrada deve ser realizada até ao momento da celebração do contrato.
3.ª A sócia Ana contribuirá apenas como o seu trabalho e conhecimentos técnicos.
A terceira cláusula é inválida, à luz do artigo 202º nº1 que não admite contribuições de indústria numa
sociedade por quotas.
c) Poderá o sócio B exercer, por conta própria, uma actividade concorrente com a
da sociedade?
VIII - António, Bento e a sociedade «Domingues Fernandes & Companhia»
decidiram constituir a sociedade «António Domingues & Bento Rodrigues, Lda.»,
com o capital social de 30 000 euros, dividido em três cotas iguais.
Até à outorga do contrato de sociedade, cada sócio entrou apenas com 50%
da quota subscrita, tendo ficado estabelecido no pacto social que o montante em
dívida se venceria passados 12 meses.
XII - André, Bárbara, Carlos e Daniel pretendem constituir uma sociedade por
quotas para a prestação de serviços de tradução. Ficou acordado que a sociedade
se constituiria com um capital social de € 200.000,00, cabendo a cada um dos
sócios uma quota de € 50.000,00. Suponha que no momento da celebração do
contrato de sociedade, os André e Bárbara apenas desembolsam 80% do valor das
respectivas entradas, tendo-se vinculado no contrato a pagar o restante no prazo
de seis meses.
2.ª - As entradas dos sócios em dinheiro, estando nesta data realizadas pela
metade, serão realizadas quanto ao restante no prazo de seis anos.
3.ª – O sócio António terá direito a receber anualmente da sociedade, uma quantia
de € 2500, independentemente dos resultados que vierem a ser apurados.
Pede-se:
Aprecie a legalidade das cláusulas do pacto social.
XIV - Ana, Bento e Carlos pretendem constituir uma sociedade por quotas
destinada à prestação de serviços de arquitectura, admitindo vir também a abrir uma
loja de decoração de interiores. O capital social será de 6 000 euros, correspondente
a três quotas de igual valor, pertencendo uma a cada um dos sócios.
4.º- Cada sócio terá direito a receber, anualmente e no mínimo, 600 euros a título de
lucro.
Pede-se:
1.ª- Ana responderá ilimitadamente por dívidas sociais, responsabilidade essa que é
subsidiária relativamente à sociedade.
2.ª - Bento terá direito a receber anualmente da sociedade a quantia de 1 000 euros,
independentemente dos resultados que vierem a ser apurados.
1.ª
O sócio Bernardo responde solidária e ilimitadamente com a sociedade por dívidas
que esta venha a contrair.
2.ª
A sociedade terá a sua sede em lugar a designar futuramente pela gerência.
3.ª
O capital social a realizar em dinheiro é de 8.000 euros e corresponde à soma de
quatro quotas de igual valor, pertencentes a cada um dos sócios. Até à data da
celebração do contrato de sociedade, cada um dos sócios realizará apenas metade
da sua entrada.
4.ª
O sócio António não participará nos lucros, e a sócia Eduarda terá direito a receber
anualmente, a título de lucros 5.000 euros.