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Roland Barthes - A Câmara Clara - – Editora Nova Fronteira, Paris.

França 1980
Eliete Martins
Disciplina: Teoria do jornalismo

Roland Barthes (Cherbourg, 12 de novembro de 1915 — Paris, 26 de Março de 1980) foi um


escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês. É considerado um dos mais
importantes pensadores contemporâneos, representante do pós-estruturalismo e do
desenvolvimento da semiótica. Com o livro “Mitologias”, conhecido como a bíblia dos
estudiosos da comunicação, fez com que Barthes ganhasse reconhecimento. Foi professor
titular da cátedra de Literatura Semiológica no Collège de France em 1977, onde promoveu
seminários, sempre lotados. No mesmo ano, publicou uma de suas obras mais conhecidas,
“Fragmentos de um discurso amoroso”. Faleceu aos 65 anos vítima de um atropelamento
ocorrido em frente ao Collège de France em París.

A Câmara Clara.

Foi o último livro publicado por Barthes no ano em que viria falecer. Não é um
tratado de fotografia mas é muito sobre o que Barthes tinha de impressão sobre o signo,
sobre a produção de sentido da fotografia. Barthes logo no início explica que tinha
curiosidade em saber como a fotografia se distinguia da comunidade das imagens. Para
isso tentou constituir um corpus através da classificação das tais fotografias mas segundo
ele a fotografia se esquiva. Concluiu que o que a Fotografia reproduz ao infinito só ocorre
uma vez. Sendo o particular absoluto. O Tal,(tal foto e não a foto) em suma, a Tique ou a
ocasião. (pag. 12-13.)
Numa relação deste tipo, a foto não chega a ser portadora de uma mensagem,
apenas apresenta algo, confronta. E aquele que olha não interpreta, é confrontado. A
fotografia tem algo de Tautológico, ou seja, ela é o que é. (p. 15)
Ele conclui que a desordem e o dilema pela vontade de escrever sobre Fotografia,
refletiam uma espécie de desconforto: o de ser um sujeito jogado entre duas linguagens:
uma expressiva e outra crítica. (p. 18). Depois ele observa que uma foto pode ser objeto
de três práticas (ou de três emoções, ou de três intenções: Fazer, suportar, olhar. Nesse
processo o Operador é o Fotográfo, o Spectator são as pessoas que olham essas
fotografias e o alvo, aquele que é fotografado é chamado de Spectrum. Tal nome deve se
a uma relação com o espetáculo. (p. 20)
Tecnicamente a fotografia está no entrecruzamento de dois processos distintos:
Um de ordem química que trata da ação da luz sobre certas substâncias. Outro de ordem
física: Trata-se da formação da imagem através de um dispositivo óptico (a câmera no
caso).
As experiências que tinha Barthes era do Spectator e do Spectrum, visto que
nunca se colocou no lugar do fotografo, ou o operador. (p. 21-22)
Ele revela que vê fotos por toda a parte como todo mundo. As mesmas não passam de
imagens seu modo de aparição é o tudo-o-que-vier (ou o tudo-o-que-for) mas das que
foram avaliadas, reunidas em álbuns ou revistas e que passaram pelo filtro da cultura, em
algumas ele constatava que nele provocavam pequenos júbilos como se estas remetessem
a um centro silenciado, um bem erótico ou dilacerante, enterrado nele mesmo e que
outras eram indiferentes.(p. 31)
Constatava que no fundo não gostava de todas as fotos de um fotografo e dá o
exemplo da foto de Stieglitz mais conhecida – o terminal dos bondes a cavalo, New York,
1893- que o encantava. “tal foto de Mapplethorpe (fotografo americano reconhecido por
seu trabalho em preto e branco) me induzia a pensar que eu tinha encontrado o meu
fotografo, mas não, não gosto de todo Mapplethorpe. (p.32)
Eu via muito bem que estavam em questão movimentos de uma subjetividade fácil, que
acaba logo, assim que a exprimimos. (p. 35)
Barthes decide tomar como guia da sua análise a atração que sentia sobre certas
fotos. Só precisava decidir como a chamaria (34-35). Decide então que chamaria a
atração de aventura. “O principio da aventura permite-me fazer a Fotografia Existir”. (p.
36). Essa atração que faz com que a foto exista é nomeada como “uma animação”. A
própria foto não é em nada animada, mas ela me anima: é o que toda aventura produz.
(p.37)
Ao analisar fotos do mesmo repórter, o holandês Koen Wessing Sarthes descobre
uma certa dualidade, sendo este o motivo pelo qual as fotos prendiam a sua atenção.
(p.40). O que experimentei em relação a essas fotos tem a ver com um afeto médio. Eu
não via em francês palavra que exprimisse essa espécie de interesse humano; mas em
latim acho que essa palavra existe: é o studium que quer dizer a aplicação a uma coisa, o
gosto por alguém [...] é pelo studium que me interesso por muitas fotografias, quer as
receba como testemunho políticos, quer as aprecie como bons quadros históricos: pois é
culturalmente que participo das figuras, das caras, dos gestos, dos cenários, das ações.
O segundo elemento vem quebrar o studium. Dessa vez não sou eu que vai buscá-
lo, é ele que parte da cena como uma flecha e vem me transpassar. Em latim existe uma
palavra para designar essa ferida, essa picada, essa marca feita por um instrumento
pontudo; essa palvra remete a idéia de pontuação e em que as fotos de que falo são de
fato como que pontuadas [...] . Esse segundo elemento chamarei então de punctum, que
também significa picada, pequeno buraco, pequena mancha, pequeno corte e também
lance de dados. O punctum é esse acaso que, nela me punge (mas também me mortifica,
me fere). (45-46)
Studium é o campo vasto do desejo indolente, do interesse diversificado, do
gosto inconseqüente: gostou, não gosto, I like, I don’t like. O studium é da ordem do to
like e não do to Love. (p. 47). A fotografia pode ser unária quando transforma a realidade
sem duplicá-la, sem fazê-la vacilar. Ela tem tudo para ser banal na medida em que a
unidade da composição é a primeira regra é a primeira regra da retórica vulgar: “o tema,
diz um conselho aos fotógrafos amadores, deve ser simples, livre de acessórios amadores,
deve ser simples, livre de acessórios inúteis: isso tem um nome, a busca da unidade”(p.
66)
Para Sartre o Punctum é algo que parece decorrer da própria imagem, algo que
lhe toca independentemente daquilo que seu olhar busca. “Com muita freqüência o
punctum é um detalhe ou seja um objeto parcial. Assim dar exemplo de punctum é de
certo modo entregar-me. (p. 69). Todavia o punctum não leva em consideração a moral
ou o bom gosto; o punctum pode ser mal educado. Willian Klein fotografou os garotos de
um bairro italiano de New York (1954).; é comovente, engraçado mas o que vejo com
obstinação são os maus dentes do garoto.
Duane Michaels fotografou Andy Warhol: retrato provocante, já que Andy Warhol
esconde o rosto com as mãos. Não tenho vontade alguma de comentar esse jogo de
esconde ( isso faz parte do studium) pois para mi Andy Warhol não esconde mais nada;
ele me dá a ler abertamente suas mãos: e o punctum não é o gesto, é a matéria um pouco
repelente dessas unhas, espatuladas, ao mesmo tempo mole e sem cutícula. (p. 75)
O Studium está sempre codificado, o punctum não. Nadar, em sua época (1882)
fotografou Savorgnan de Brazza cercado por dois jovens negros vestidos de marinheiros;
um doso dois grumetes, curiosamente colocou a mão da coxa de Brazza; esse gesto
incôngruo tem tudo para fixar meu olhar, constituir um punctum. E no entanto não é um
punctum pois imediatamente, quer queira ou não, eu codifico a postura como bizarra (o
punctum para mim, são os braços cruzados do segundo grumete). (p. 82)
Vejamos a fotografia de Queen Victoria feita por George W. Wilson em 1863. Ela
está sob um cavalo, cuja garupa sua saia cobre dignamente. Esse é o interesse histórico, o
studium. Ao lado dela está um auxiliar de kilt (saia) que segura a rédea a da montaria: é o
punctum pois mesmo que eu não conheça bem a posição social desse escocês (criado,
estribeiro), vejo bem sua função: velar pelo bom comportamento do animal. O punctum
faz o personagem vitoriano sair da fotografia, ele provê essa foto de um campo cego.
(p.89).
Em resumo Studium se refere a uma leitura com critérios e objetivos definidos,
algo que tem mais a ver com uma metodologia para a abordagem da imagem, seja ela
qual for.O punctum seria, então, um detalhe na imagem que, por uma força que concentra
em si, atinge o leitor e lhe mobiliza involuntariamente o afeto.

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