Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Os Tratados: Entre 1951 (Tratado CECA) e 2001 (Tratado de Nice) foram assinados 16 tratados
onde se destacou o tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), o
tratado que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), o tratado que institui a Comunidade
Europeia da Energia Atómica (Euratom), o Ato Único Europeu (AUE), o Tratado da União Europeia
(TUE), o Tratado de Amesterdão e o Tratado de Nice. No que diz respeito à natureza e efeitos dos
tratados é essencial tomar como referência a jurisprudência do Tribunal de Justiça.
Princípios gerais do Direito: Têm sido integrados neste ordenamento jurídico através da
jurisprudência do Tribunal de Justiça. Esta jurisprudência tem vindo a socorrer-se dos princípios
gerais de Direito, dos princípios gerais de Direito Internacional e dos princípios gerais aos
ordenamentos jurídicos dos Estados-Membros como forma de integração de lacunas. O principio
geral de Direito que deve ser referido é o principio do estado de direito com os resultados do
principio da separação de poderes, principio da legalidade e o principio da tutela jurisdicional
efetiva. A segunda referência pertence ao principio da boa fé geralmente considerado como
consagrado o principio da cooperação e da igualdade.
Zona de Comercio Livre: O tratado de Roma pretende construir uma zona franca, sem direitos
aduaneiros beneficiando países exportadores mas a relutância dos Estados em abdicar da sua
soberania no comercio externo limita a comunidade a iniciar-se como uma zona de comercio livre.
Encontramos uma livre circulação de mercadorias, sem restrições quantitativas e sem direitos
aduaneiros entre os Estados que fazem parte dela, embora cada estado siga com a sua politica
aduaneira e comercial.
União Aduaneira: Uma união aduaneira (artigo 28º TFUE) comporta a livre circulação de
mercadorias em geral, independentemente da origem, desde que colocados em livre pratica nos
Estados membros (artigo 29º TFUE). O tratado de Roma nasce para acabar com as barreiras
alfandegarias e isso pressupõe uma pauta aduaneira comum (artigo 30º a 32º TFUE). Assim, a
circulação interna de bens e serviços é livre, a política comercial é uniformizada e os países
membros utilizam uma tarifa externa comum.
Mercado Comum: Superada a fase de união aduaneira, atinge-se uma forma mais elevada de
integração econômica, em que são abolidas não apenas as restrições sobre os produtos
negociados, mas também as restrições aos fatores produtivos (trabalho e capital).
Mercado Interno: É uma realidade correspondente a um grau superior de integração
económica: implica não só a livre circulação dos bens mas também a livre circulação de diversos
fatores de produção. A isto acresce-se a restrição de barreiras técnicas e alargam-se as politicas
comuns. Na construção do mercado interno a União Europeia dispõe hoje de competências
partilhadas com os Estados membros nos termos do artigo 4º nº2 alínea a) do TFUE.
União Económica: Caracteriza-se por uma política económica e monetária comum e um
sistema de câmbios fixos sob uma autoridade monetária comum (Banco Central Europeu). Reúne 3
elementos: moeda única, politica monetária unificada e o controlo comunitário de taxas de
cambio e reservas monetárias. Foi o Tratado de Maastrich que previu a construção faseada da
União Economia e Monetária e que teve 3 fases: a primeira fase que foi de coordenação e
liberalização financeira, a segunda fase que foi a criação de novas estruturas (como o instituto
monetário europeu) e a terceira fase que foi a transferência de responsabilidades.
União Política: Passa-se a adotar uma política monetária, fiscal, social e anticíclica uniforme,
bem como se delega a uma autoridade supranacional poderes para elaborar e aplicar essas
políticas. As decisões dessa autoridade devem ser acatadas por todos os estados membros.
O mercado comum criado pelo tratado de Roma que instituiu a Comunidade Europeia é
uma das fases de integração e caracteriza-se pela livre circulação de fatores produtivos. As
liberdades de circulação são um dos princípios bem como um dos fundamentos da Comunidade
Europeia e mantêm-se na União Europeia (artigo 3º nº 1, 1º e 3º do TUE). Cada liberdade só se
poderá explicar e só se realizará se for acompanhada por outras: a liberdade de circulação de
pessoas implica a liberdade de circulação de mercadorias e capitais.
Direito de circulação
Âmbito material: de acordo com o art 12º do TCE Âmbito subjetivo: os beneficiarios do direito de
apenas eram benefeciárias do direiro de circulaçao sao os nacionais dos estados membros (art
circulação as atividades de natureza economica. A 2º TFUE) mesmo que antes possuissem a
educação e o ensino não constituem uma nacionalidade de um terceira estado. Os familiares e
atividade economica por isso desde que respeite o dependentes dos beneficiarios diretos do direito de
principio da igualdade de tratamento previsto no circulacao tambem têm determinadas regalias:
art 18º do TFUE cada esado é livre de befeciam do direito de circulaçao como beneficiarios
regulamentar tais leis. indiretos
circulação de capitais
Implica aqui apenas a circulação do próprio
Liberdade de
Liberdade de
3º nº3 TUE)
do beneficiário. estado para outro ou, no interior de cada
Estado, qualquer transferência para um não
residente, englobando os movimentos de
capitais e os pagamentos correntes.
A EU é uma pessoa coletiva, porque tem personalidade jurídica. O direito interno não
reconhece expressamente a personalidade jurídica da UE mas, o tratado da UE reconhece a
personalidade jurídica de todos os estados membros da UE o que consequentemente atribui
personalidade jurídica à UE.
Para adquirir personalidade jurídica é necessário que exista um tratado que diga
expressamente que determinada associação adquire personalidade jurídica. É obrigatória a
existência desta disposição num tratado para que se possa afirmar que a associação em causa é
dotada de personalidade jurídica. Deste modo, não foi com o Tratado de Maastricht, em 1992,
que foi concebida à União Europeia personalidade jurídica. Só mais tarde no dia 1 de dezembro de
2009, é que a União Europeia ganha personalidade jurídica, com o tratado de Lisboa onde é
expressamente determinado que EU adquiriu personalidade jurídica.
Assim sendo, atualmente a EU é uma pessoa coletiva de direito internacional por inerência do
direito interno.
A EU é uma confederação
No conflito entre o direito interno e o direito da união europeia , prevalece o direito da união
europeia. Pois, os estados membros soberanos que compõem a união europeia transferiram a sua
soberania para a união europeia. O que significa que transferiram parte do poder legislativo,
executivo e jurídico para a união europeia.
Assim sendo, parte do poder legislativo dos estados soberanos passa a pertencer à união
europeia, o que significa que se o estado legislar sobre as matérias que transferiu para a união
europeia, essa lei no mínimo é nula e no máximo não existe. De tal forma que o direito interno
contrário á união europeia ou é nulo ou não existe, e o mesmo acontece com os atos do direito
interno, que quando são contrário aso direito da união europeia ou são nulos ou não existem.
1. É uma questão em que a doutrina diverge. Isto significa, que existem diferentes autores que
adotam diferentes posições apoiadas em argumentos diferente, por exemplo o Professor
Caramelo Gomes tem uma doutrina diferente da doutrina do Professor Gorjão Henriques.
2. Os conceitos jurídicos são diferentes dos conceitos políticos, á cerca da natureza da união
europeia.
- Conceitos jurídicos: Confederação; Federação; Organização Internacional;
- conceitos políticos: OPNI; Federação de Estados Nação;
Organizações internacionais- “São instituições criadas por estados, e algumas vezes por outros
sujeitos ( como a Santa Sé, e até outras organizações), destinadas a prosseguir, através de meios
permanentes e próprios os fins que lhes são comuns.”
Confederação- “Entidade supraestatal que pode ter personalidade jurídica internacional a par dos
estados confederados. Do pacto confederativo resulta uma entidade com órgãos próprios ( pelo
menos uma assembleia ou uma dieta confederal), mas não emerge um novo poder politico ou
uma autoridade com competência genérica, e daí ainda uma capacidade de direitos sempre
limitada ou condicionada”
Federação- “Entidade supraestatal que erige um novo estado e enquanto tal é assimilável a
qualquer outro estado” ( exemplo: os Estados Unidos da América que em termos de soberania
valem tanto como Portugal)
- Decisão por maioria com caracter obrigatório na ordem interna dos estados membros e
independência dos respetivos órgãos e dos seus membros;
≠
- “Intervenção esporádica das OI clássicas em domínios restritos, rigorosamente definidos de
atividades e de competências próprias dos estados”
-“ As competências que não sejam atribuídas à EU nos tratados pertencem aos estados
membros: Artigo 5º nº2 TUE;
“Nestes termos, resta então uma possibilidade, implícita no nosso entender (…) que é a
caracterização da EU como uma confederação: pois estamos perante uma evidente associação
de estados soberanos detentora ela própria de poderes soberanos que lhe foram transmitidos
pelos seus membros”
- “Os poderes da União derivam de um tratado internacional e só por outro tratado hão-de vir,
eventualmente, a ser alargados ou modificados”
- “Não há autoridades comunitárias de coerção, apesar dos poderes sancionatórios de que goza
a EU”
“ A EU é pois bem, mais do que uma organização internacional, mesmo de integração. E contém
elementos federalizastes, embora não chegue a ser um estado federal.
Sem dúvida, aproxima-se mais de uma confederação, com notas inéditas no confronto das
confederações clássicas, por conter elementos provenientes de outras estruturas.
Se a soberania dos estados surge reduzida ou diminuída pela expansão das atribuições da EU e
das matérias de interesse comum, pela união monetária (não total), pela convergência
económica e financeira (mas sem homogeneidade de sistemas tributários) e pelo peso acrescido
das decisões maioritárias , não fica substituída por um poder próprio da união”
Relativa a invocação de um direito de um particular que havia sido negado este solicita a
restituição do seu direito, baseado no artigo 12º do Tratado da CEE que corresponde agora ao
artigo 30º do respetivo tratado.
“Importador holandês, a quem os serviços alfandegários do seu pais haviam exigido direitos
aduaneiros de montante superior aos que incidiam sobre o produto em causa”.
O tribunal pode assim decidir que o artigo 12º, embora pela sua letra parecesse dirigido
unicamente aos Estados-Membros, irá produzir efeitos imediatos e origina na esfera dos
litigantes, direitos individuais que às jurisdições nacionais incumbe salvaguardar.´
Nota-se que, primeiramente, o tribunal de justiça não teve a preocupação de, nos seus
acórdãos, fornecer uma noção de aplicabilidade direta das normas comunitárias limitando-se a
enunciar as exigências a que a norma deveria satisfazer para pode ser considerada como
diretamente aplicável:
Positividade da norma: impõe-se que se trate de uma regra de direito positivo, de uma norma
precetiva e não meramente programática.
Suficiência da norma: a norma tem que produzir um efeito direto e que exprime uma regra de
direito positivo. Entende-se que a norma seja suficiente, que contenha os elementos necessários
para ser aplicada pelos tribunais nacionais à situação concreta.
Incondicionalidade da norma: para que uma norma passe a ser considerada como diretamente
aplicável é preciso que seja clara no sentido de impor aos estados uma obrigação incondicional.
No entanto, só no acórdão SIMMENTHAL é que se decidiu, pela primeira vez, fornecer uma
noção de aplicabilidade direta:
Vigência das normas comunitárias na ordem jurídica dos estados, sem sujeição a qualquer
processo nacional de receção (vigência automática).
Reconhecimento de um direito a favor daqueles que sejam titulares de relações jurídicas às
quais se aplique o direito comunitário.
Assim, todas as disposições do Direito da União Europeia que entram em vigor na União
Europeia inserem-se automaticamente, ou seja, as normas suscetíveis de criar direitos ou impor
obrigações aos particulares que os tribunais são chamados a salvaguardar quando surja um
diferendo nas relações entre particulares (efeito direto horizontal) ou entre estes e o Estado
(efeito direto vertical).
Mas esta faculdade de assim invocar uma normal da União Europeia perante os tribunais
significa que esta produz na esfera jurídica dos sujeitos de direito um efeito direto ou imediato.
A ampla noção de efeito imediato a tal ponto que as normas comunitárias não diretamente
aplicáveis, isto é, insuscetíveis de produzir na esfera jurídica individual o efeito de autorizar os
particulares a invoca-los constituem cada vez mais uma categoria residual em constante
regressão.
Caso português
Pensa-se que a constituição portuguesa reconheceu a primazia do direito internacional
(tanto de direito internacional geral ou como do direito internacional convencional) sobre as
disposições internas de nível ordinário. Em contrapartida, resulta da constituição de 1976 a
prevalência absoluta dos princípios e normas constitucionais sobre as disposições de origem
internacional.
Primazia do Direito Internacional sobre as disposições internas de nível ordinário
Primazia do Direito Internacional comum ou geral: O nº1 do artigo 8º declara que as normas e
princípios do direito internacional geral ou comum fazem parte integrante do direito português.
Por isso, se a lei interna prevalecesse em relação a uma norma de direito internacional ela seria
materialmente inconstitucional.
Primazia do Direito Internacional de origem convencional: A mesma razão pode, ser invocada
para justificar a primazia das normas internacionais de origem convencional: “estas, uma vez
incorporadas no ordenamento jurídico nacional vigoram na ordem interna.. enquanto
vincularem internacionalmente o estado português” artigo 8 nº2.