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Fontes do Direito da União Europeia

 Os Tratados: Entre 1951 (Tratado CECA) e 2001 (Tratado de Nice) foram assinados 16 tratados
onde se destacou o tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), o
tratado que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), o tratado que institui a Comunidade
Europeia da Energia Atómica (Euratom), o Ato Único Europeu (AUE), o Tratado da União Europeia
(TUE), o Tratado de Amesterdão e o Tratado de Nice. No que diz respeito à natureza e efeitos dos
tratados é essencial tomar como referência a jurisprudência do Tribunal de Justiça.

 Direito derivado: O Direito da União Europeia derivado inclui os atos unilaterais da


comunidade suscetíveis de produzir efeitos normativos. Inclui-se aqui os seguintes:
Os regulamentos são o instrumento da uniformização de legislações. Trata-se do acto mais
intensamente comunitário, é utilizado normalmente na execução das políticas comunitárias e
na união aduaneira. Tem caracter geral e é obrigatório em todos os seus elementos e
diretamente aplicável em todos os Estados-Membros.
A diretiva é o instrumento de harmonização de legislações. A realização de objetivos atribuídos
à comunidade implica muitas vezes que esta tenha que intervir, legislando, em matérias
acessórias, indispensáveis. A diretiva não substitui qualquer ato normativo nacional, tem um
prazo de transposição, ou seja, um determinado prazo em que os Estados-Membros deverão
legislar de forma a reproduzir os efeitos inicialmente previstos na diretiva. Ao prazo de
transposição acresce, por vezes, o período de transição que consiste num período de
adaptação em que todos os objetivos estabelecidos têm de ser realizados pelos Estados-
Membros de forma parcelar.
As decisões são actos comunitários obrigatórios em todos os seus elementos para os
destinatários que designar. À primeira vista parece que as decisões são despromovidas de
efeitos normativos.
As recomendações e pareceres são classificados como actos não obrigatórios.

 Jurisprudência do Tribunal de Justiça: Este papel é desempenhado pela jurisprudência


prejudicial e pela jurisprudência em ações por incumprimento, desempenhando as restantes vias
processuais um papel menos importante.

 Princípios gerais do Direito: Têm sido integrados neste ordenamento jurídico através da
jurisprudência do Tribunal de Justiça. Esta jurisprudência tem vindo a socorrer-se dos princípios
gerais de Direito, dos princípios gerais de Direito Internacional e dos princípios gerais aos
ordenamentos jurídicos dos Estados-Membros como forma de integração de lacunas. O principio
geral de Direito que deve ser referido é o principio do estado de direito com os resultados do
principio da separação de poderes, principio da legalidade e o principio da tutela jurisdicional
efetiva. A segunda referência pertence ao principio da boa fé geralmente considerado como
consagrado o principio da cooperação e da igualdade.

 Princípios gerais da ordem jurídica comunitária: Na base da construção constitucional da


Comunidade Europeia está presente o principio de separação de poderes, o principio do estado de
direito, o principio da legalidade e o principio da igualdade. No que diz respeito à ordem jurídica
comunitária a soma de todos estes imperativos manifesta-se no principio da efetividade.

 Direito Internacional: Há que referir diversas situações possíveis, nomeadamente, a


convenções internacionais celebradas entre os Estados-Membros em consequência das suas
obrigações comunitárias, as restantes convenções internacionais celebradas entre os Estados-
Membros, fora do quadro comunitário e as convenções internacionais celebradas pela própria
Comunidade Europeia.

Objetivos da União Europeia


Todos os tratados comunitários institutivos visavam os mesmos objetivos iniciais: expansão
económica, aumento do nível de vida dos cidadãos e uma união pacifica entre os povos
europeus. Atualmente, os objetivos da União Europeia estão previstos no artigo 2º e 3º nº1 e nº5
do Tratado da União Europeia.
A criação da Comunidade Económica Europeia (CEE) teve objetivos económicos, sociais,
políticos como objetivos a curto prazo e a criação de uma União Europeia de carater federal como
objetivo a longo prazo. Para a construção de uma União Europeia a CEE assentava numa união
aduaneira que progressivamente se transformou num mercado comum em 1993. Hoje, a União
Europeia estabelece um mercado interno nos termos do artigo 3º nº3 do TUE e já não uma união
económica e monetária nos termos do artigo 3º nº4 do TUE.
A definição dos objetivos de uma organização internacional reveste-se de uma importância
fundamental na medida em que permite delimitar a sua esfera de competências com o rigor
necessário; apurar com segurança o sentido e alcance dos textos que a regem; avaliar da
adequação dos meios ou instrumentos de ação de que a organização dispõe para o cumprimento
desses objetivos.
Os objetivos imediatos da Comunidade Europeia eram de caráter marcadamente económico
e social. O tratado da União Europeia veio explicitar o objetivo de reforço da coesão económica e
social sobretudo pormenorizar o estabelecimento da União Económica e Monetária até à moeda
única.
Procura-se um desenvolvimento são, continuo e partilhado por todos os Estados membros,
de que possam beneficiar todos os setores da economia e as diversas regiões da União Europeia.
Um desenvolvimento a eliminar as crises e as perturbações económicas.
Como meios para atingir os objetivos propostos como instrumentos na fase da integração. A
Comunidade Europeia atravessou diversos momentos de evolução através das chamadas fases de
integração, momentos evolutivos de integração económica. Distinguimos por isso 5 fases de
integração económica:

 Zona de Comercio Livre: O tratado de Roma pretende construir uma zona franca, sem direitos
aduaneiros beneficiando países exportadores mas a relutância dos Estados em abdicar da sua
soberania no comercio externo limita a comunidade a iniciar-se como uma zona de comercio livre.
Encontramos uma livre circulação de mercadorias, sem restrições quantitativas e sem direitos
aduaneiros entre os Estados que fazem parte dela, embora cada estado siga com a sua politica
aduaneira e comercial.
 União Aduaneira: Uma união aduaneira (artigo 28º TFUE) comporta a livre circulação de
mercadorias em geral, independentemente da origem, desde que colocados em livre pratica nos
Estados membros (artigo 29º TFUE). O tratado de Roma nasce para acabar com as barreiras
alfandegarias e isso pressupõe uma pauta aduaneira comum (artigo 30º a 32º TFUE). Assim, a
circulação interna de bens e serviços é livre, a política comercial é uniformizada e os países
membros utilizam uma tarifa externa comum.
 Mercado Comum: Superada a fase de união aduaneira, atinge-se uma forma mais elevada de
integração econômica, em que são abolidas não apenas as restrições sobre os produtos
negociados, mas também as restrições aos fatores produtivos (trabalho e capital).
 Mercado Interno: É uma realidade correspondente a um grau superior de integração
económica: implica não só a livre circulação dos bens mas também a livre circulação de diversos
fatores de produção. A isto acresce-se a restrição de barreiras técnicas e alargam-se as politicas
comuns. Na construção do mercado interno a União Europeia dispõe hoje de competências
partilhadas com os Estados membros nos termos do artigo 4º nº2 alínea a) do TFUE.
 União Económica: Caracteriza-se por uma política económica e monetária comum e um
sistema de câmbios fixos sob uma autoridade monetária comum (Banco Central Europeu). Reúne 3
elementos: moeda única, politica monetária unificada e o controlo comunitário de taxas de
cambio e reservas monetárias. Foi o Tratado de Maastrich que previu a construção faseada da
União Economia e Monetária e que teve 3 fases: a primeira fase que foi de coordenação e
liberalização financeira, a segunda fase que foi a criação de novas estruturas (como o instituto
monetário europeu) e a terceira fase que foi a transferência de responsabilidades.
 União Política: Passa-se a adotar uma política monetária, fiscal, social e anticíclica uniforme,
bem como se delega a uma autoridade supranacional poderes para elaborar e aplicar essas
políticas. As decisões dessa autoridade devem ser acatadas por todos os estados membros.

O mercado comum criado pelo tratado de Roma que instituiu a Comunidade Europeia é
uma das fases de integração e caracteriza-se pela livre circulação de fatores produtivos. As
liberdades de circulação são um dos princípios bem como um dos fundamentos da Comunidade
Europeia e mantêm-se na União Europeia (artigo 3º nº 1, 1º e 3º do TUE). Cada liberdade só se
poderá explicar e só se realizará se for acompanhada por outras: a liberdade de circulação de
pessoas implica a liberdade de circulação de mercadorias e capitais.

Direito de circulação

Âmbito material: de acordo com o art 12º do TCE Âmbito subjetivo: os beneficiarios do direito de
apenas eram benefeciárias do direiro de circulaçao sao os nacionais dos estados membros (art
circulação as atividades de natureza economica. A 2º TFUE) mesmo que antes possuissem a
educação e o ensino não constituem uma nacionalidade de um terceira estado. Os familiares e
atividade economica por isso desde que respeite o dependentes dos beneficiarios diretos do direito de
principio da igualdade de tratamento previsto no circulacao tambem têm determinadas regalias:
art 18º do TFUE cada esado é livre de befeciam do direito de circulaçao como beneficiarios
regulamentar tais leis. indiretos

Âmbito territorial: corresponde ao territorio


dos 27 estados membtos (artigo 52º TUE), ou
melhor, à area geografica sobre a qual exerce
a sua soberania.
A livre circulação de capitais refere-se a

circulação de capitais
Implica aqui apenas a circulação do próprio

(art. 63º a 66º TFUE e


circulação de serviços
(art. 56º a 62º TFUE)

objeto do serviço e não do prestador nem qualquer transferência de valores de um

Liberdade de
Liberdade de

3º nº3 TUE)
do beneficiário. estado para outro ou, no interior de cada
Estado, qualquer transferência para um não
residente, englobando os movimentos de
capitais e os pagamentos correntes.

Os direitos aduaneiros são impossições A liberdade de circulação e de permanência

Liberdade de circulação de pessoas


pecuniárias que incidem sobre mercadorias no território dos Estados membros é
mercadorias(art. 28º, 34º e 35º

quando transpõem as fronteiras. inerente à qualidade de cidadão europeu,


Liberdade de circulação de

Os encargos de efeitos equivalente a no entanto, o conteúdo da liberdade de


circulação não é idêntico em todas as
(art. 20º e 21º TFUE)
direitos aduaneiros são todas as medidas
fiscais, parafiscais, comerciais, situações (art. 2º TCE). Podem ser:
administrativas ou outras que existem de - Trabalhadores (art. 45º a 48º TCE)- a livre
modo a entravar as trocas entre estados circulação de trabalhadores diz respeito às
TFUE)

membros. atividades assalariadas.


As restrições quantitativas são quotas ou - Direito de estabelecimento (art. 49º a 55º
contigentes fixados pelas administraçoes TFUE)- diz respeito a atividades não
nacionais que restrigem a importaçao ou assalariadas de uma forma permanente
exportação de mercadoras em quantidade independente e duradoura noutro estado
ou valor. membro.
Há restrições à liberdade de circulação de - Livre prestação de serviços (art. 56º a 62
mercadorais previstas no artigo 36º TFUE TFUE)- diz respeito a atividades nao
nomeadamente justificadas por razões de assalariadas exercidas de uma forma
ordem pública, segunrança e saúde. ocasional noutro estado membro diferente
daquele onde se situa o centro da atividade.

ATENÇÃO: Existem restrições às liberdades de circulação de forma a evitar a penetração na


Comunidade de sujeitos que não tenham com ela qualquer vinculo real e efetivo. São aqui
possíveis as mesmas restrições previstas no artigo 36º TFUE nomeadamente justificadas por
razões de ordem pública, segurança e saúde nos termos do art. 45º nº3 e 52º nº1 TFUE. Há ainda
uma restrição especifica prevista no art. 45º nº4 TFUE relativa À liberdade de circulação de
trabalhadores no que diz respeito aos empregos na administração pública.
Natureza jurídica da EU
A EU é uma pessoa coletiva

A EU é uma pessoa coletiva, porque tem personalidade jurídica. O direito interno não
reconhece expressamente a personalidade jurídica da UE mas, o tratado da UE reconhece a
personalidade jurídica de todos os estados membros da UE o que consequentemente atribui
personalidade jurídica à UE.

Para adquirir personalidade jurídica é necessário que exista um tratado que diga
expressamente que determinada associação adquire personalidade jurídica. É obrigatória a
existência desta disposição num tratado para que se possa afirmar que a associação em causa é
dotada de personalidade jurídica. Deste modo, não foi com o Tratado de Maastricht, em 1992,
que foi concebida à União Europeia personalidade jurídica. Só mais tarde no dia 1 de dezembro de
2009, é que a União Europeia ganha personalidade jurídica, com o tratado de Lisboa onde é
expressamente determinado que EU adquiriu personalidade jurídica.

Assim sendo, atualmente a EU é uma pessoa coletiva de direito internacional por inerência do
direito interno.

A EU é uma confederação

A EU é uma associação de estados soberanos do tipo confederação. Isto significa que os


estados membros desta associação transferiram uma parte do seu poder soberano para a
associação, ou seja, uma parte da soberania dos estados membros foi transferida para EU, por
exemplo a soberania monetária, a soberania aduaneira, entre outras soberanias que foram
também transferidas dos estados membros para a EU, por este motivo se considera a EU como
uma confederação.

Primazia do direito da União Europeia

No conflito entre o direito interno e o direito da união europeia , prevalece o direito da união
europeia. Pois, os estados membros soberanos que compõem a união europeia transferiram a sua
soberania para a união europeia. O que significa que transferiram parte do poder legislativo,
executivo e jurídico para a união europeia.

Assim sendo, parte do poder legislativo dos estados soberanos passa a pertencer à união
europeia, o que significa que se o estado legislar sobre as matérias que transferiu para a união
europeia, essa lei no mínimo é nula e no máximo não existe. De tal forma que o direito interno
contrário á união europeia ou é nulo ou não existe, e o mesmo acontece com os atos do direito
interno, que quando são contrário aso direito da união europeia ou são nulos ou não existem.

Duas ideias centrais:

1. É uma questão em que a doutrina diverge. Isto significa, que existem diferentes autores que
adotam diferentes posições apoiadas em argumentos diferente, por exemplo o Professor
Caramelo Gomes tem uma doutrina diferente da doutrina do Professor Gorjão Henriques.
2. Os conceitos jurídicos são diferentes dos conceitos políticos, á cerca da natureza da união
europeia.
- Conceitos jurídicos: Confederação; Federação; Organização Internacional;
- conceitos políticos: OPNI; Federação de Estados Nação;
Organizações internacionais- “São instituições criadas por estados, e algumas vezes por outros
sujeitos ( como a Santa Sé, e até outras organizações), destinadas a prosseguir, através de meios
permanentes e próprios os fins que lhes são comuns.”

Confederação- “Entidade supraestatal que pode ter personalidade jurídica internacional a par dos
estados confederados. Do pacto confederativo resulta uma entidade com órgãos próprios ( pelo
menos uma assembleia ou uma dieta confederal), mas não emerge um novo poder politico ou
uma autoridade com competência genérica, e daí ainda uma capacidade de direitos sempre
limitada ou condicionada”

Federação- “Entidade supraestatal que erige um novo estado e enquanto tal é assimilável a
qualquer outro estado” ( exemplo: os Estados Unidos da América que em termos de soberania
valem tanto como Portugal)

Então, segundo estas definições, qual é a natureza juridica da união europeia?


 Será a união europeia uma organização internacional?

- Decisão por maioria com caracter obrigatório na ordem interna dos estados membros e
independência dos respetivos órgãos e dos seus membros;

- Mas, “ intervenções sistemáticas e permanentes” da EU em “vastos domínios que


anteriormente dependiam da competência exclusiva dos estados” + Existência de
competências partilhadas (logo, inflação constante da esfera de competências da EU)


- “Intervenção esporádica das OI clássicas em domínios restritos, rigorosamente definidos de
atividades e de competências próprias dos estados”

 Será que EU é uma federação?

- As competências pertencem ao poder central em primeira instância, que delegá-las-ia aos


Estados federados em matérias especificas.

-“ As competências que não sejam atribuídas à EU nos tratados pertencem aos estados
membros: Artigo 5º nº2 TUE;

- Haveria um orçamento comum aos vinte e oito estados membros;

- Os estados federados podem abandonar o estado federal: Artigo 50º TUE;

 Será que a EU é uma confederação?

- Haveria apenas um tratado comum;

- Haveria instituições mínimas;


Posição do Prof. Doutor Caramelo Gomes:

“Nestes termos, resta então uma possibilidade, implícita no nosso entender (…) que é a
caracterização da EU como uma confederação: pois estamos perante uma evidente associação
de estados soberanos detentora ela própria de poderes soberanos que lhe foram transmitidos
pelos seus membros”

Fatores chave que justificam a doutrina do Prof. Doutor Caramelo Gomes:

- “Os poderes da União derivam de um tratado internacional e só por outro tratado hão-de vir,
eventualmente, a ser alargados ou modificados”

- “Não há um poder constituinte europeu, porque não há um povo europeu”

- “Não há um território da EU”

- “Não há autoridades comunitárias de coerção, apesar dos poderes sancionatórios de que goza
a EU”

Posição do Prof. Doutor Jorge Miranda

“ A EU é pois bem, mais do que uma organização internacional, mesmo de integração. E contém
elementos federalizastes, embora não chegue a ser um estado federal.

Sem dúvida, aproxima-se mais de uma confederação, com notas inéditas no confronto das
confederações clássicas, por conter elementos provenientes de outras estruturas.

Se a soberania dos estados surge reduzida ou diminuída pela expansão das atribuições da EU e
das matérias de interesse comum, pela união monetária (não total), pela convergência
económica e financeira (mas sem homogeneidade de sistemas tributários) e pelo peso acrescido
das decisões maioritárias , não fica substituída por um poder próprio da união”

Princípios do Direito da União Europeia


1) Princípio do efeito direto
Foi encarado pelo TJUE como um principio essencial da ordem jurídica da União Europeia.
Consiste na possibilidade de os trabalhadores assalariados, empresários industriais,
comerciantes, profissionais independentes de invocar perante as jurisdições nacionais as
disposições dos tratados e dos atos emanados das instituições da União Europeia e, portanto, de
fazer valer os seus direitos.
Como poderia um particular fazer vingar direitos ou interesses legítimos, fundados no
direito da União Europeia, que tivessem sido ofendidos na ordem jurídica? Viste que só em
casos excecionais o DIP autoriza os particulares a invocarem as suas normas na ordem jurídica
interna dos Estados, o TJUE acabou por adotar uma solução, dispondo apoio nos tratados, lhe
permitiu assegurar aplicabilidade direta.

Exemplo- Acordão Van Gend En Loos:

Relativa a invocação de um direito de um particular que havia sido negado este solicita a
restituição do seu direito, baseado no artigo 12º do Tratado da CEE que corresponde agora ao
artigo 30º do respetivo tratado.
“Importador holandês, a quem os serviços alfandegários do seu pais haviam exigido direitos
aduaneiros de montante superior aos que incidiam sobre o produto em causa”.
O tribunal pode assim decidir que o artigo 12º, embora pela sua letra parecesse dirigido
unicamente aos Estados-Membros, irá produzir efeitos imediatos e origina na esfera dos
litigantes, direitos individuais que às jurisdições nacionais incumbe salvaguardar.´
Nota-se que, primeiramente, o tribunal de justiça não teve a preocupação de, nos seus
acórdãos, fornecer uma noção de aplicabilidade direta das normas comunitárias limitando-se a
enunciar as exigências a que a norma deveria satisfazer para pode ser considerada como
diretamente aplicável:
 Positividade da norma: impõe-se que se trate de uma regra de direito positivo, de uma norma
precetiva e não meramente programática.
 Suficiência da norma: a norma tem que produzir um efeito direto e que exprime uma regra de
direito positivo. Entende-se que a norma seja suficiente, que contenha os elementos necessários
para ser aplicada pelos tribunais nacionais à situação concreta.
 Incondicionalidade da norma: para que uma norma passe a ser considerada como diretamente
aplicável é preciso que seja clara no sentido de impor aos estados uma obrigação incondicional.
No entanto, só no acórdão SIMMENTHAL é que se decidiu, pela primeira vez, fornecer uma
noção de aplicabilidade direta:

 Vigência das normas comunitárias na ordem jurídica dos estados, sem sujeição a qualquer
processo nacional de receção (vigência automática).
 Reconhecimento de um direito a favor daqueles que sejam titulares de relações jurídicas às
quais se aplique o direito comunitário.
Assim, todas as disposições do Direito da União Europeia que entram em vigor na União
Europeia inserem-se automaticamente, ou seja, as normas suscetíveis de criar direitos ou impor
obrigações aos particulares que os tribunais são chamados a salvaguardar quando surja um
diferendo nas relações entre particulares (efeito direto horizontal) ou entre estes e o Estado
(efeito direto vertical).
Mas esta faculdade de assim invocar uma normal da União Europeia perante os tribunais
significa que esta produz na esfera jurídica dos sujeitos de direito um efeito direto ou imediato.
A ampla noção de efeito imediato a tal ponto que as normas comunitárias não diretamente
aplicáveis, isto é, insuscetíveis de produzir na esfera jurídica individual o efeito de autorizar os
particulares a invoca-los constituem cada vez mais uma categoria residual em constante
regressão.

2) Princípio do primado do Direito da União Europeia


O raciocínio que permite justificar a primazia absoluta do direito da União Europeia, uma
vez proclamado pelo TJUE, os tribunais nacionais tenham acabado por admiti-lo e acatá-lo. O
direito da União Europeia apresenta-se como um ordenamento autónomo, isto é, distinto tanto
da ordem jurídica internacional como da ordem jurídica dos estados.
Embora emanados de uma fonte autónoma, as normas da União Europeia, são, como
vimos, integradas na ordem jurídica interna dos Estados-membros sem que seja necessárias
quaisquer medidas nacionais de receção.
Investido na qualidade de juiz europeu que deve fazer o juiz nacional se verificar a
oposição entre uma disposição de origem interna e outra emanada da União Europeia? O juiz
de um estado federado está incumbido de aplicar tanto o direito do seu estado como o direito
da federação, não existe qualquer duvida. No entanto, a ordem jurídica da União Europeia não
constitui uma federação de estados.
O primado do direito da União Europeia era de uma importância decisiva para o futuro da
União Europeia instituída pelos tratados de Roma ou o direito da União Europeia era aceite
como hierarquicamente superior ao direito interno ou estaria condenada a não sobreviver
senão como categoria residual.
Ao instituir a União Europeia, um grupo de estados decidira pôr em chama um processo de
transformação profundo da situação economica, social e politica, colocando-os numa perfeita
igualdade tanto às obrigações impostas como aos direitos reconhecidos. Portanto, a aceitação
da sua primazia sobre qualquer norma interna contrária era uma condição irrecusável.
Exemplo- Acórdão Costa/ Eiuel:
Está contida toda numa teoria geral das relações entre o direito da União Europeia e o
direito interno. O tribunal de justiça sublinha que o primado da regra comunitária se manifeste
em relação a todas as normas nacionais, quaisquer que elas sejam, anteriores ou posteriores.
Assim, cabe ao juiz nacional proteger os direitos conferidos aos particulares pelo direito
comunitário, incumbe-lhe uma vez chamada a julgar, a obrigação de aplicar o direito
comunitário, deixando inaplicado qualquer disposição contrária da lei nacional.
O tribunal acrescenta a exigência dos normas do direito comunitário se apliquem de pleno
direito no mesmo momento e com efeitos em todo o território da comunidade.
A primazia do direito da União Europeia sobre as disposições constitucionais dos Estados-
Membros
A superioridade do direito comunitário sobre as normas de nível constitucional dos
Estados-Membros foi implicitamente afirmada pelo TJUE. No acórdão SIMMENTHAL, o tribunal
de justiça declara que o juiz nacional incumbido de aplicar o direito comunitário tem o dever de
lhe assegurar plena eficácia.
Fazendo o balanço do Acórdão Costa/ Eiuel pode concluir-se que:
 O direito da União Europeia beneficia de uma primazia de facto sobre as normas internas
ordinárias que se aponham, dado que esta oposição implica a inconstitucionalidade de tais
normais e a sua consequente erradicação do sistema jurídico italiano.
 O direito da União Europeia não beneficia de uma primazia absoluta sobre a ordem
constitucional italiana pois há na constituição certos princípios essenciais e designadamente o
principio da proteção dos direitos fundamentais.

Caso português
Pensa-se que a constituição portuguesa reconheceu a primazia do direito internacional
(tanto de direito internacional geral ou como do direito internacional convencional) sobre as
disposições internas de nível ordinário. Em contrapartida, resulta da constituição de 1976 a
prevalência absoluta dos princípios e normas constitucionais sobre as disposições de origem
internacional.
Primazia do Direito Internacional sobre as disposições internas de nível ordinário
 Primazia do Direito Internacional comum ou geral: O nº1 do artigo 8º declara que as normas e
princípios do direito internacional geral ou comum fazem parte integrante do direito português.
Por isso, se a lei interna prevalecesse em relação a uma norma de direito internacional ela seria
materialmente inconstitucional.
 Primazia do Direito Internacional de origem convencional: A mesma razão pode, ser invocada
para justificar a primazia das normas internacionais de origem convencional: “estas, uma vez
incorporadas no ordenamento jurídico nacional vigoram na ordem interna.. enquanto
vincularem internacionalmente o estado português” artigo 8 nº2.

A primazia da constituição portuguesa sobre as normas de origem internacional


O artigo 277º nº1 “são inconstitucionais as normas que infrinjam o disposto na
constituição ou os princípios nela consignados” e por força do artigo 204º, taos normas não
podem ser aplicadas pelos tribunais.
Na verdade a constituição de 1976 institui um sistema de controle de
constitucionalidade tão rigoroso que não tolera uma norma contraria aos princípios e
disposições constitucionais, qualquer que seja a sua origem (interna ou internacional).
O controle da constitucionalidade das normas de origem internacional
O controlo prévio à constituição dos tratados ou acordos internacionais não é
obrigatório. O presidente da república é apenas autorizado a solicitá-lo ao tribunal
constitucional ao qual depois se impõe vetar o decreto de aprovação do acordo ou recusar a
retificação do tratado que contenha disposições contrárias à constituição.
No caso de um tratado aprovado pela Assembleia da Republica a decisão desfavorável
do tribunal constitucional pode porém ser ultrapassada desde que a Assembleia renove a sua
aprovação pela maioria qualificada artigo 279º nº4.
O controle à posteriori
Está previsto no artigo 280º nº1 e 281º nº1 proíbem com efeito aos tribunais em geral,
sob controlo do tribunal constitucional, que apliquem qualquer norma contrária à constituição e
o artigo 280º nº3 prevê a fiscalização da constitucionalidade das normas constantes da
convenção internacional. Esta fiscalidade traduz um menos prazo das exigências próprias da
ordem jurídica internacional uma vez que não se contentando com a fiscalização preventiva, as
normas podem ver a sua aplicação recusada mesmo depois de serem integradas na ordem
interna, relembrando sempre que qualquer tratado vincula partes. Assim, a CRP não comporta a
aceitação da primazia absoluta do direito da União Europeia na medida em que pretende
proteger os princípios fundamentais do Estado de Direito Democrático e, por isso, consagra uma
reserva à primazia do Direito da União Europeia.

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