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Diálogo do porquê da arte na Educação

-Oi, estou com uma dúvida, podes me ajudar a resolvê-la?


-Oi, sim, talvez... Qual é a tua dúvida?
-A professora fez uma pergunta difícil. Ela quer saber qual a função da arte na
pesquisa educacional (considerada ciência) desde a perspectiva das Filosofias da Diferença.
-Parece uma questão cabeluda, mas vamos tentar ajudar por partes. Primeiro
questionando acerca do que é a arte na sociedade em que vivemos? Sabemos que ela, a arte,
é a expressão das vontades do homem, dos desejos, medos, receios, alegrias, afetos. Um
exemplo: quando os homens das sociedades primitivas iam caçar, antes desenhavam na
parede da caverna um mamute. Ou seja, eles desejavam caçar um mamute, e isso os
alimentaria talvez o inverno inteiro. Antes de representar a carne, a arte rupestre deixava
passar através da expressão a vontade da caça, atrelada à vida: a caça aumentaria a
potência da vida e seu grau de agir.
Porém, traremos um outro exemplo. Quando a vida se torna mais complexa, cheia
de tarefas, teorias, surgindo uma confusão de coisas para se dar conta. Estamos falando de
um modo de vida burguês. Foi na esteira do Iluminismo que se deu a Revolução Industrial,
que criou essa forma de viver.
O Iluminismo condiz com uma fase em que o pensamento é prioritariamente
racional. Como a igreja se enfraqueceu e com ela a fé (Deus está morto! diz Nietzsche), seria
a razão e a moral que guiariam o caminho dos homens. Porém, tal modo de pensamento
deixou de lado as questões do corpo, as questões do sensível, delegando à arte o campo
estético. Estético, pois é aí que a sensibilidade está implicada.
Assim, enquanto os iluministas criavam seus conceitos e teorias a partir do rigor da
razão, os artistas experimentavam a sensação. Isso não quer dizer que os últimos não
pensavam ou eram irracionais, pelo contrário: ambos pensavam, mas de modos diferentes.
Os artistas, talvez mais que os filósofos, mostravam a vida não apenas como ela é, mas
como ela poderia ser de forma imanente. Como quando Manet pinta sua Olympia, releitura
da famosa figura da Vênus. O quadro mostra uma mulher nua, e pela primeira vez ela olha
para o espectador. Assim, podemos dizer que a mulher sai de uma postura contemplativa, e
torna-se ativa. Tanto socialmente, culturalmente e politicamente. A arte cria, nesse
momento, outra paisagem psicossocial, pois permite uma nova forma de olhar com menos
repressão moral, modificando um segmento da sociedade.

Figura 1 Olympia, Manet (1863). Fonte: http://www.manet.org/

Talvez já possamos afirmar outra coisa. É nesta contemporaneidade que, a partir


dos anos 1960, os filósofos, sobretudo os da diferença, tentam romper a barreira entre razão
x sensação. A fenomenologia já havia tratado do sensível, como quando Merleau Ponty
afirma: somos carne do mundo! O que os nossos amigos da diferença fazem é pensar junto
da filosofia também a sensação. Porém, o que é sensação?
Sensação são os efeitos da força no nosso corpo, por exemplo: não sentimos a força
da gravidade, mas temos a sensação de que algo nos comprime, quando deitamos em um
assoalho duro, ou mesmo no chão de concreto. Ou quando encontramos uma pessoa, e temos
a sensação de alegria ou tristeza. Ou até quando assistimos um filme, e os signos que ele
emite (pura força) causam em nosso corpo uma sensação de euforia, abandono, amor,
esperança, e nos debulhamos em lágrimas. Sensação é, então, aquilo que captamos no corpo
a partir das forças que se movimentam nos encontros que fazemos.
Quando há tal fluxo de força que passa pela gente e produz uma sensação nova,
chamamos de experiência estética. Pois algo deformou, bagunçou, esculhambou o sensível,
que o impediu de significar. De dizer: isso é isso, aquilo é aquilo. Ou seja, o impediu de
representar.
Partimos então em busca de novos modos de dizer da sensação, por isso criamos
uma língua estrangeira na própria língua, um estilo que nos convém pra dizer daquilo que
passa. Enfim, é para poder expressar que criamos, como os homens que produziam suas
pinturas rupestres. E estamos sempre, ou quase sempre, em busca de um mamute: um
mamute de linguagem, um mamute de sentido, que faça nossa vida vibrar. Vibramos
porque pensamos. Vibramos porque produzimos um novo sentido para nossos problemas.
Somos, desde há muito tempo, caçadores.
-Acho que estou entendendo. Mas agora, como podemos juntar tudo isso com a
pesquisa em educação?
-Pois bem, usaremos um pouco de lógica nessa etapa. Sabemos que a educação é
uma área do campo científico. Sabemos também que o campo científico foi, quase que
predominantemente, influenciado pelas ideias racionalistas. Logo, a educação está cheia de
movimentos racionalizantes.
Não nos esqueçamos: foi o Iluminismo e a Revolução Industrial que causaram um
BUM na ciência. Causaram também um BUM nas cidades, onde o proletariado chegava
para trabalhar. Assim, com o exôdo rural foram necessários outros modos de educar
atrelados aos novos modos de viver da época.
Nessa sociedade capitalista, pós-Revolução Industrial, surgiram as ideias de
organização de Frederick Taylor e Henri Ford, que previam para as fábricas uma produção
serializada, homogênea, por repetição. Impossível seria não evocar na memória a imagem
de um Charles Chaplin em meio às engrenagens, roldanas, alavancas, parafusos e vários
aparatos industriais.

Figura 2 Cena do filme Tempos Modernos (1936). Fonte: https://catracalivre.com.br/

Essa ideia fabril contaminou a escola, e saímos de uma era industrial carregados de
“tiques” modernos. Disciplina, divisão por séries, avaliação por desempenho, entre ouras
coisas que conhecemos bem. Mesmo que as teorias críticas tenham tentado nos salvar, algo
ficou bem claro: ninguém nos salvaria. Somos um processo, nos subjetivamos em meio às
possibilidades que nossa época nos oferece.
Porém, podemos escolher, ainda, trabalhar de forma diferente em certas ocasiões.
Se a sensação desencadeada na experiência estética é aquilo que faz pensar e criar novos
modos de dizer, ver e de ser, sendo tudo isso potencializado pela arte, por que não
reivindicá-la também para nós, que pensamos educação? Ao invés de pintarmos um quadro
e transformarmos ele em mercadoria, por que não vivermos como uma obra de arte em sala
de aula? Por que não educarmos a fim de produzirmos também experiências estéticas? Por
que não trazer a arte para pensar a matemática, a história, a filosofia, a sociologia, e outras
áreas fins?
Parece que é aí que a arte entra na educação: enquanto produtora de novos modos
de sentir que obriguem o pensamento a pensar e a criar sentido. Como quando Deleuze se
pergunta e ao mesmo tempo se responde: “o que força a lançar-se em tal direção, a traçar
tal caminho sempre inesperado? Não há grande pensador que não passe por crises, elas
marcam as horas de seu pensamento” (DELEUZE, 2013, p. 122). Assim, afirmamos, que
tais crises podem ser criadas pelo encontro com os signos da arte e pela experiência estética
aí desencadeada que, no campo da educação, possa fazer aprender e apreender de forma
diferente.

Bibliografia:

DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34, 2013.

>> Sugiro dar mais força a forma de expressão usada na arte q produz diferença. Como isso
se relaciona com a linguagem usada, predominantementemente, na educação. O q a arte
tem pra ensinar, nessa direção, à educação?

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