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Este é o espelho mágico onde Lewis Carroll adoraria ter dado aulas para Alice.

Ali ele poderia


ter mostrado a ela o jogo de equações através do qual ele poderia ter entrado no reino
encantado com mais facilidade do que entrando pela toca do coelho, como ela fez.

Alas! Os professores de colégio que nos ensinam óptica pouco fazem lembrar Lewis Carroll.
Eles conscientemente apresentam este ramo da física como uma ciência particular com seu
tema próprio e aplicações práticas. A ideia de que a ciência é uma linguagem, uma maneira de
explorar, muito parecida com a poesia e as artes, e que todos esses diferentes caminhos levam
a um único mistério, não parece ocorrer a eles. Por outro lado, quando eu era estudante, isso
já era uma ideia bem clara para mim. Eu já entendia que você poderia fazer a substituição de
anotações científicas para que os mesmos diagramas pudessem representar os processos de
pensamento mais diversos. O valor universal da geometria, sua significância, interior para a
mente e exterior para a realidade simultaneamente, me marcou profundamente. Todas as
possibilidades de construções metafísicas estão nessas figuras simples; e é lá que residem o
perigo e a tentação. Esses mesmos traços que são usados para resolver problemas práticos se
transformam em armadilhas. O objeto real e a imagem virtual podem ser revertidos de acordo
com nossa vontade. Esta liberdade não é algo particular da óptica; é a regra de todo o mundo
abstrato da matemática e resulta no jogo da inteligência, o jogo de Alice.

Mas fora das condições impostas pela mente, nada corresponde ao círculo, ao triângulo, a esta
sensação de movimento. Pelo contrário, em nossa experiência do mundo, todas as abstrações
desaparecem. Nada é reversível. As coisas têm uma situação, uma função e uma direção que
pertencem a elas. Se começarmos a acreditar que não é o homem que se aproxima da mesa,
mas a mesa que se aproxima do homem, que é o objeto que ilumina a lâmpada e não a
lâmpada que ilumina os objetos, nossas mentes são tomadas pela vertigem. São estes os
exemplos, que parecem grosseiros e caricatos, estão realmente distantes das perguntas que a
metafísica faz? Na óptica, é exatamente uma questão de metafísica quando consideramos que
as mesmas linhas representam tanto a trajetória da luz levando a energia exterior do mundo
para o olho e a distância do olhar que conseguimos projetar no espaço. As circunstâncias
ordinárias na vida não costumam levantar essas questões, mas elas se tornam essenciais tão
logo um evento incomum aconteça.

Algumas vezes, as imagens aparecem no espelho sem nenhum objeto exterior para explicá-la.
A sua percepção pode ser espontânea, ou coincidir com um estado emocional intenso, ou
suceder alguma forma de invocação cerimonial.

O que é você? Formas estranhas nas quais traços humanos se tornam trágicos ou cômicos e se
mesclam a formas animais? Visões daqueles ausentes que, exatamente no mesmo momento
estão se movendo em algum outro lugar, bem distantes? Silhuetas em movimento de seres
perdidos? O poder da imaginação? O poder particular de determinados espelhos? Ou mais
uma vez, as reflexões da existência real de anjos, demônios, fantasmas ou duplos populando o
espaço com sua presença invisível?

Onde reina o maravilhoso? É simplesmente a capacidade criativa da mente humana que se


torna consciente dele, o expressa, dá a ele uma forma, primeiro poética e depois plástica e
finalmente o transforma em objetos concretos? Ele pertence ao mundo externo? E somos
incapazes de apreendê-lo de forma ordinária, nossos sentidos entorpecidos pelos hábitos da
vida cotidiana? Ele não é interno e externo ao mesmo tempo, como um plano mais elevado
que pertence a uma realidade maior que compartilha apenas estreitas zonas inundadas com
os planos ordinários da existência, esses raros pontos de intersecção ou tangência que
correspondem a estados particulares da alma ou circunstâncias singulares? Eu vou reter a
última imagem, a mais generosa delas; ela nos convida a investigar as brechas deixadas na
parede da insensibilidade por essas irrupções de contato.

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