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Tradução: Projeto DRRR!! | http://comoeporque.wordpress.com/
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Prólogo
“Ei, ei, ei! Você está em casa, né Seiji? Eu vim hoje também! Ah não, você se esqueceu
de destrancar a porta! Assim eu não posso entrar!”
Alerta, alerta. Estou no meio de um ataque de uma stalker. Ela já está há um tempo
batendo na porta do meu quarto, mas não tentou nenhuma vez usar o interfone. Que
ideia é essa?
“A porta está trancada! Será que você está dormindo? Kya! É a primeira vez que visito
um garoto dormindo!”
Atenção, atenção. Atenção para o que eu fiz semana passada. Salvei uma garota do
interior de um gangster. Conversando, descobri que a partir de amanhã iremos para o
mesmo colégio. Como que eu me livro dessa? E pensar que a outra garota que estava
junto com ela quando eu a salvei era extremamente educada.
“Eu na verdade, na verdade... já gosto de você há muito tempo, Seiji! Você se lembra?!
No exame de admissão eu sentei ao seu lado! Na minha direita estava sentado um
garoto chamado Ryuugamine1. Que nome, né?! Por causa disso, quis saber o nome de
quem estava à esquerda. Quando olhei, foi amor à primeira vista! É por isso que me
lembrei de seu nome! Só que eu não tive coragem e acabei não falando nada, mas...
quando você me salvou aquele dia eu sabia que era o destino! Então eu arrumei
coragem! Por isso, por isso, deixa eu te ver, Seiji. Me mostre uma cara feliz, por favor,
por favor!”
Perigo, perigo. Essa garota ficou me seguindo e aparece todo dia. Mesmo que eu fale
para ela ir embora, ela não escuta. Já é a milésima vez que eu a ouço gritando na
minha porta.
“Será que você não está bem?! Por isso que não pode sair? Isso não é bom! É uma
emergência, abra a porta depressa! Sabe, desde o exame de admissão eu pesquisei
várias coisas! Sobre seu aniversário, sua família...”
Polícia, polícia. Vou chamar a polícia. Se eu disser isso ela desiste por hoje.
Desde o ataque já se passaram 3 horas. Como a garota já devia ter voltado pra casa,
resolvi fazer compras numa loja de conveniência. Enquanto eu pegava pasta de dente e
uma revista, me passou pela cabeça a imagem daquela garota-denpa2. A primeira
impressão é de uma garota bonita, com um toque de maturidade. Talvez a palavra
“dama” seja mais exata. Por que uma garota como ela não tem namorado...? Hoje eu
senti na pele a resposta desta pergunta.
Mesmo sendo bonita eu recuso. Se eu quisesse uma namorada talvez fosse diferente...
mas agora eu não tenho o menor interesse. Porque eu já tenho uma namorada.
Mas o que será que eu vou fazer amanhã na cerimônia de abertura? Fui pensando
nisso enquanto andava numa rua estreita a caminho de casa.
Se eu tiver que ver aquela garota todo dia, seria melhor nem ir pro colégio. Ah, é isso,
agora eu tenho uma namorada. Ela é calma, diferente daquela garota, e bonita. Se eu
É melhor desistir de trabalhar na empresa dela. Parece que ela se relaciona com
pessoas sem a matriz saber. Como os subordinados que vieram hoje, que mesmo vendo
uma pessoa morta agiram conforme as ordens. Isso com certeza não é bom.
Não quero trabalhar com essas pessoas más. Pode ser que eu mesmo vire uma pessoa
má.
Se eu for uma pessoa má e a polícia me prender, ela irá se sentir solitária. Não posso
deixar que isso aconteça.
Enquanto eu terminava meu cup noddles, observava os subordinados limpando a
mancha de sangue da parede sem expressão em seus rostos.
Ah, que cup noddles ruim.
Está é uma história muito perturbadora.
Uma história de amor perturbadora.
♂♀
O jovem corria no estacionamento no meio da noite. Em sua mão direita, ele segurava
com mais força o cano de metal, já aquecido pelo corpo. Porém, o suor frio fez com que
sua aderência diminuísse.
Não havia uma alma viva no perímetro, apenas alguns carros esperando por seus
donos.
Em volta do jovem, havia um silêncio absoluto, seus ouvidos só escutavam os próprios
passos, sua respiração pesada, e também o crescente som de seu coração batendo.
Correndo entre as colunas de concreto, o jovem com jeito de gângster gritou.
“...Mer... merd... merda! Merda! Puta merda! Eu vou morrer!”
Embora a raiva não aparecesse mais nos olhos do jovem, as palavras que saiam de sua
boca demonstravam medo.
Até este momento, a tatuagem em sua nuca representava o medo de seus oponentes.
Agora, a tatuagem estava distorcida com o medo do próprio gângster. Então, a
♂♀
«Já faz um bom tempo que se ouve falar disso, como se fosse uma lenda urbana.
Quando os celulares passaram a ter câmeras, muitas pessoas tiraram fotos e num
instante virou sucesso»
[ Ah, eu conheço essa. Mas não é lenda urbana nem nada. Parece que é só uma gangue
de motociclistas1. Embora ele não corra em grupo ]
«Sendo um motoqueiro e correr com os faróis apagados me parece uma tremenda
idiotice»
«Isto é, se ele for humano»
【Não vejo onde você quer chegar...】
«Ah, bem... Na verdade ele parece mais um monstro!»
♂♀
♂♀
【?】
【Kanra? O que aconteceu?】
♂♀
“...?”
A 『Sombra』 se movia de forma estranha em frente ao gângster e ao líder.
Ela colocou a arma de choque, que há pouco obtivera, cuidadosamente em cima do
banco da moto.
--- Então era realmente difícil usar duas armas ao mesmo tempo.
Foi essa a conclusão do gângster, mas no instante seguinte a 『Sombra 』 segurou o
cassetete com as duas mãos ---
E o torceu como se fosse feito de papel.
“Quê...?”
Ao verem isso, como era de se esperar, os dois apresentaram a mesma expressão de
espanto. Que truque foi usado para fazer isso? O corpo da 『 Sombra 』 era do tipo
esguio, não se poderia imaginar que ela teria esse tipo de força.
Mesmo que com isso a 『 Sombra 』 tenha ficado sem arma --- a preocupação dos
gângsters aumentava à medida que seu senso de realidade dissipava.
Frente à 『Sombra』 desarmada, o gângster se colocou ao lado da cerca, com o cano de
metal em mãos. Ao ver a ação de seu colega, o líder mais uma vez assumiu sua postura
segurando a faca.
Os dois suaram frio. E essa era a única sensação que os mantinha conscientes à
realidade à sua frente.
“Que é isso...? Está nos ameaçando?”
O líder tentou puxar conversa fiada enquanto via o bastão retorcido--- mas uma gota
de suor caiu em sua boca, que ele engoliu sonoramente. Já o gângster nem se atreveu a
olhar, ele apenas segurou o cano de ferro com mais força, respirando pesadamente.
Escutando sua própria respiração, o gângster logo percebeu que suas pernas, costas e
dentes estavam tremendo. Parece que a performance exagerada teve um ótimo efeito
como 『ameaça』.
Como se quisesse conferir suas expressões de perto, a 『 Sombra 』 silenciosamente
começou a ir naquela direção.
“Finalmente desarmado, tenho que admirar sua coragem.”
Ao contrário do gângster que fora intimidado, o líder parecia agora estar decidido.
Seus olhos brilhavam e, com faca em punhos, se aproximou da 『Sombra』.
Estavam a 3 metros de distância. Mais dois passos e estaria ao alcance da faca.
Ga-san é o tipo de pessoa que atacaria no momento certo.
Sabendo disso, o gângster pensou em ajudá-lo e foi atrás dele, empunhando o cano de
Aquilo era completamente preto. Mais negro que a mais profunda escuridão. Ele
absorvia toda a luz a seu redor, parecia se mover como um ser vivo. Esse objeto, criado
por aquela ondulação negra, era aterrorizante demais para o Japão de agora.
No entanto, com a 『Sombra』de roupa de motociclista o segurando, o objeto parecia
se adaptar ao cenário.
O objeto que aparecia nas mãos da 『Sombra』 mergulhava na escuridão e, para quem
via, tinha uma conexão devastadora com a 『morte』.
Praticamente do mesmo tamanho da altura da própria 『Sombra』--- era uma enorme
foice de dois gumes.
♂♀
♂♀
♂♀
♂♀
“Aaaahhhhhhhh!?”
Diante da mudança para o pior, o que o gângster sentiu mais não foi medo, mas sim
perplexidade.
As diversas palavras pairaram sobre sua mente, mas se dissolveram como uma bolha
antes de ele poder pensar profundamente.
O que deveria ser mais surpreendente é alguém sair sem ferida alguma depois de ter
sido mandado pelos ares por um carro, mas o gângster não estava em condições de
reparar nisso.
E então ---- assim como antes, uma fumaça negra saia das costas da 『 Sombra 』 ,
materializando-se em uma enorme foice.
A perplexidade começava a se transformar em medo, o gângster estava prestes a soltar
um grito de desespero.
Mal o grito começou e o gângster pôde sentir um golpe em sua garganta.
E o mundo do gângster entrou em black-out.
♂♀
MP 【Hein】
MP 【Ah, já saiu. Boa noite】
MP 【Ah, que seja】
♂♀
Montado sobre uma moto escura sem faróis havia uma 『 Sombra 』 com forma
humana.
Ela costurava entre os carros --- e passou na frente dos dois sem fazer som algum.
“!?”
Depois de alguns segundos, o motor roncou de novo. Mas no instante seguinte ficou em
silêncio novamente, havendo apenas o leve som dos pneus no asfalto. Podia-se achar
que o motor havia parado, mas a velocidade da moto não diminuía --- na verdade,
parecia até que estava acelarando.
Era, com certeza, uma existência incomum, e uma sensação surreal ocorria ao se ouvir
o som do motor. Cerca de metade dos que andavam por ali pararam para ver a
『Sombra』 com expressões peplexas.
Então ... Mikado sentiu seu corpo começar a tremer gradualmente.
Não era medo, mas um tipo de entusiasmo que controlava seu corpo inteiro.
--- Vi algo incrível.
Quando um passou pelo outro, Mikado olhou para o fundo do capacete. Ele espiou o
interior, mas como ele não viu nenhum movimento, não conseguiu sentir nenhum
olhar vindo do capacete.
♀♂
“Bom trabalho!”
Ao entrar na cobertura do condomínio, um jovem de jaleco branco a recebeu. O jovem
tinha por volta de 25 anos e, apesar de estar vestindo um jaleco sob medida, não se via
nenhum equipamento médico dentro do apartemento. Neste apartemento mobiliado
com luxo, o jovem se destacava.
Se destacando tanto quanto o jovem, a 『Sombra』 entrou de forma irritada em um
quarto ao fundo.
“Ei ei, parece que você está nervosa. Isso não é bom, você precisa ingerir cálcio.”
Falando isso, o jovem foi em direção a um canto do apartamento e puxou a cadeira da
mesa do computador. Ele sentou, virou em direção à tela e pôde escutar o som de
teclas vindo do quarto ao fundo.
Ao mesmo tempo, uma mensagem apareceu na tela na frente do jovem de jaleco. Os
dois computadores aparentemente estavam em rede.
『Está dizendo que eu devo comer casca de ovo?』
“Ah, será que isso adiantaria? Eu não conheço muito de nutrição então não sei se a
absorção de cálcio de casca de ovo é boa. Além disso nem sei onde seu cérebro está
localizado ou nem mesmo se cálcio é necessário para seu organismo. Falando nisso,
como você come?”
O homem de jaleco não tocou em seu teclado, apenas perguntou diretamente em voz
alta. Sem indagar sobre isso, o Motoqueiro Sem-cabeça respondeu fazendo barulho em
seu teclado.
Há cerca de 20 anos atrás --- Celty acordou no meio de uma montanha e percebeu que
parte de sua memória estava faltando.
Essas partes eram a razão de suas ações e memórias a partir de um certo ponto no
passado --- as memórias das quais tinha certeza era que ela era um Dullahan, cujo
nome era Celty Sturluson, e como usar suas habilidades. Ao acariciar as costas do
cavalo sem-cabeça que ali estava --- Celty se deu conta que sua cabeça desaparecera.
O que mais a surpreendeu na hora foi 『eu não usava minha cabeça para pensar?!』,
mas em seguida percebeu que conseguia sentir a presença de sua 『cabeça』.
Pensando em sua condição, Celty chegou a uma conclusão. Sua consciência estava
presente tanto em seu 『 corpo 』 quanto em sua 『 cabeça 』 , e que as partes que
faltavam de sua memória estariam em sua 『cabeça』.
Celty decidiu-se imediatamente. Para entender o sentido de sua existência ela iria
recuperar sua cabeça. Agora era esse seu propósito. Havia a possibilidade de que a
cabeça tivesse decidido deixar o corpo, mas no fim, ela teria que encontrar a cabeça
para ter certeza.
Seguindo os vestígios deixados, ela perseguiu sua cabeça, mas --- parecia que ela tinha
embarcado em um navio e ido ao exterior. Celty prontamente investigou qual era o
destino e se infiltrou em um navio com o mesmo destino, o Japão, mas seu cavalo e
carruagem foram um problema.
Tanto o corpo do cavalo quanto a carruagem possuiam a magia da Dullahan, então ela
poderia fazer com que eles desaparecessem, --- mas depois disso, para onde eles iriam?
Essa memória estava dentro da 『cabeça』. Depois de considerar ela não foi capaz de
fazê-los deseparecer, mesmo sabendo como se fazia. Divagando a respeito do assunto
ela chegou num ferro-velho perto do porto.
Então --- foi ali que ela encontrou o item perfeito. Em uma forma que fundia o cavalo e
a carruagem, os transformou em uma motocicleta negra sem faróis.
Desde o começo o trabalho de hoje era especial, Shinra o trouxe no começo da noite.
Um membro de um certo grupo de Ikebukuro havia sido sequestrado. É um trabalho
que deveria ser deixado para a polícia, mas parecia ser realmente urgente, pois
entraram em contato diretamente por mensagem de celular.
Os sequestradores eram os subordinados dos subordinados dos subordinados de uma
empresa corrupta. Eles entregavam os imigrantes ilegais e crianças que fugiam de
casa sequestrados para um grupo acima do deles. A intenção dos sequestros era
desconhecida, provavelmente várias atividades que necessitavam de 『 humanos 』
como suprimentos. É possível que a organizaçao dos superiores dos superioes de seus
superiores os usassem para realizar experimentos em humanos, ou ainda que os
superiores de seus superiores os tivessem usando para realizar negócios obscuros. Já
seus superiores imediatos deviam estar apenas atrás de dinheiro, os usando como
mão-de-obra barata.
Mesmo sem saber o motivo, parecia que um de seus amigos, um imigrante ilegal havia
sido sequestrado. Celty chegou a questionar o fato de ele ser um imigrante ilegal, mas
alguém sem rosto nem identidade como ela não poderia falar nada.
No fim, ela derrotou os gângsters e em seguida verificou a van. Depois de conferir que
a vítima estava a salvo, bastava enviar uma mensagem a Shinra que o trabalho
estaria terminado. Depois disso, Shinra iria contactar diretamente o grupo que o
requisitou. Ela não sabe o que aconteceria com os sequestradores que deixara
Celty se banhava no banheiro esfumaçado. Seus seios tinham um belo formato e seu
abdômem era definido. Seu corpo seria perfeito para ser modelo, mas, em contraste, a
ausência da cabeça transmitia algo de sombrio.
Passando sabonete com seus dedos pela sua pele de seda, Celty voltou sua atenção ao
espelho.
Era uma visão surreal uma mulher sem-cabeça se banhando em bolhas de sabão, mas
essa visão não mais a intrigava.
No começo, no tempo em que ela estava na Irlanda, não havia o costume de tomar
banho, mas depois de vir ao Japão ela logo habituou-se a isto. Na realidade seu corpo
não produzia sujeira nem suor, --- mas pensando em toda a sujeira externa que se
acumulava pelo corpo, ela não conseguia mais imaginar uma vida sem tomar banho.
--- Será que isso quer dizer que meus valores são os mesmo de um humano?
Falando abertamente, o que diferenciava os valores de Celty, como uma Dullahan, aos
de humanos --- ela sempre se questionou a respeito disso. Na época em que ela tinha
recém chegado ao Japão, estava bastante confusa a respeito de vários assuntos, mas
ela havia sido fortemente influenciada pelos japoneses.
Ultimamente, ela se via pensando diversas vezes em Shinra como alguém do sexo
oposto. No início ela não entendia bem o que isto significava, mas --- aos poucos
percebeu: 『 ah, então esta é a sensaçao de se apaixonar 』 . Mas Celty não era uma
garota adolescente, então isto não afetou particularmente sua vida.
No entanto, --- quando eles estavam assistindo televisão e Shinra ria da mesma cena
que ela, por algum motivo ela ficava feliz.
--- Eu possuo os mesmos valores de um humano. Tenho o mesmo coração que os
humanos. E posso entender e transmitir sentimentos para os humanos. Disso eu tenho
certeza.
Pelo menos é nisso em que ela acreditava.
O Colégio Raira era uma instituição privada de Ensino Médio localizada ao sul de
Ikebukuro.
A área do campus não era muito extensa, mas graças a um bom aproveitamento de seu
espaço os estudantes não tinham a impressão de o colégio ser pequeno. Como a escola
ficava próxima à Estação de Ikebukuro, era uma localização conveniente para aqueles
que morassen nos subúrbios de Tóquio e, por esse motivo, as inscrições para o exame
de admissão cresciam a cada ano. E justamente por a cada ano haver mais inscrições,
estava cada vez mais difícil de se entrar nela, então pode-se dizer que Mikado e os
demais entraram na hora certa.
O prédio da escola era alto, o que permitia aos alunos uma vista magnífica dos
arredores, embora uma parte fosse ofuscada pelo edifício Sunshine 60 logo a sua
frente. E atrás do colégio havia o Cemitério Zoshigaya que, embora estivesse numa
área de grande movimento, possuía uma atmosfera sombria.
Depois da cerimônia de abertura, Mikado e Masaomi foram para suas respectivas
turmas para uma simples reunião de classe.
"Mikado Ryuugamine. Prazer em conhecê-los."
Durante as apresentações pessoais, Mikado se perguntou se tirariam sarro de seu
nome, mas após dizer seu nome não houve reação nenhuma. Os jovens da mesma
idade do Mikado não pareciam se importar com o nome dos outros.
Ao contrário de Mikado, que prestava atenção às apresentações pessoais de seus
colegas. Alguns faziam alguma piada após a apresentação, alguns que sentavam-se
imediatamente após dizer o nome e outros já estavam dormindo em suas carteiras.
Mas entre todas essas pessoas, a que chamou a atenção de Mikado foi uma bela garota
chamada Anri Sonohara. Ela era delicada, mais do que as demais garotas, usava
óculos e tinha a pele clara. Mas a aura que ela exalava era severa e parecia repelir
outras pessoas e rejeitar qualquer aproximação.
"Anri Sonohara."
Sua voz era quase inaudível, mas soou claramente nos ouvidos do Mikado. A
impressão que Mikado teve foi de que ela exalava um ar de requinte. Todos os demais
não passavam de 'meros estudantes colegiais'. Não havia ninguém que parecesse ser
um aluno exemplar,e também não havia nenhum delinquente.
Além de Sonohara, outra coisa que lhe chamou a atenção foi uma pessoa ausente. Era
uma garota chamada Mika Harima. Porém Mikado pensou que deveria ser um
resfriado ou outra doença e logo deixou o assunto para lá.
No entanto, quando o professor anunciou sua ausência, Mikado notou que a Anri
Sonohara virou-se para a carteira vazia com uma expressão preocupada.
A aula terminou sem que nada de anormal acontecesse e Mikado se encontrou com o
Masaomi, que havia ficado na turma vizinha.
Os piercings do Masaomi eram bastante chamativos, mas não se destacavam na
multidão. Ou talvez o fato de a escola permitir que seus alunos se vestissem
"Uau! Olha o tanto de mangá! Estou impressionado! Esta loja, Toranoana... tem mais
mangá aqui do que todos os livros da livraria da minha cidade. Só de mangá!
"É, tem várias outras lojas que vendem um monte de mangá aqui em Ikebukuro. Como
a Animeto, a Comic Plaza e várias outras. Se você quiser outros tipos de livros, o
melhor é ir pra Junkudo. É uma loja enorme de nove andares que vende só livros."
Depois de comprar o que queriam, os dois caminharam pela 60 Street em direção à
Sunshine 60.
"Mas eu nunca ia imaginar que você fosse conhecer pessoas como eles."
"Você está falando da Karisawa e do Yumasaki? Qual é, você não pensou que eu só
fosse conhecer pessoas com cabelo tingido, piercings e que cheirassem cola, né? Bem,
pra falar a verdade eles são meio estranhos, mas se você for legal com eles, vai ver que
são gente boa."
"Hein? Entendo..."
Apesar de Mikado ter achado isso um pouco estranho, não queria perguntar a respeito
e deixou para lá.
"Ah sim. Eu saio bastante, então posso te levar pra qualquer tipo de loja, tem uma que
vende roupas usadas bem barato. Ou ainda bares e hotéis. E se você quiser pechinchar
com algum ambulante, deixa comigo!"
Mikado sabia que iria gostar da vista da rua, então ele ficava se lembrando o tempo
todo de olhar para cima.
As coisas que mais chamavam a atenção na 60 Street eram um enorme outdoor
eletrônico que havia no prédio do Cinema Sunshine e as paredes ao lado do Cinema
Sunshine, repletos de cartazes de filmes. A princípio, Mikado pensou que os posteres
fossem impressos, mas ele ficou impressionado ao saber que eles haviam sido copiados
à mão meticulosamente de fotografias.
Enquanto ele observava atentamente ao seu redor, ele decidiu ver se não havia
nenhuma loja interessante, quando subitamente percebeu que havia algo que chamava
mais a atenção do que o enorme prédio.
"Hein?"
Mikado viu um homem negro tentando angariar clientes. Só isso não era incomum na
Rua 60 -- o que era estranho era sua aparência. Ele devia ter mais de 2 metros de
altura e tinha músculos que pareciam de um lutador profissional. E o mais
surpreendente de sua aparência eram suas roupas. Ele estava vestido como um um
chef japonês e tentando atrair clientes.
Enquanto Mikado o encarava boquiaberto, o enorme homem se virou para ele.
"Quanto tempo, meu jovem."
"? ! ? !"
Era a primeira vez que Mikado o via, mas ele agia como se fossem velhos conhecidos.
Ele não sabia como reagir. Será que isso queria dizer que sua vida tranquila em
Tóquio havia chegado no fim? Quando Mikado começou a sentir-se aflito---
"Simon, quanto tempo! Como você está?"
As palavras do Masaomi dissiparam o medo de Mikado, e a atenção do homem voltou-
se a ele.
"Ei, Kida, comer sushi? Dou desconto. Sushi, OK?"
"Ah, estou sem dinheiro. Agora estou no colegial, espere eu arranjar um trabalho.
Quando eu receber, te pago!"
"Não dá. Se eu te deixar comer de graça, vou virar alga-marinha nas planícies da
Rússia."
"Alga-marinha na terra, huh?"
Os dois conversaram animadamente e, quando a conversa acabou, ele acenou pro
homem e foi embora. Mikado o seguiu com pressa e se virou para olhar. O enorme
homem, chamado Simon, estava acenando em sua direção. Sem saber o que fazer,
Mikado apenas acenou com a cabeça e continuar a andar.
"Yo."
Foi um cumprimento bastante caloroso. Era uma voz segura, sem nenhum traço de
incerteza, como se o céu azul estivesse dizendo 'oi', extremamente animador.
Foi um cumprimento tão radiante, mas no momento em que o Masaomi escutou
aquela voz, sua expressão mudou como se ele tivesse sido atingindo por milhares de
flechas. Ele suou frio e virou-se cautelosamente para a fonte da voz.
Ao ver a reação de Masaomi, Mikado também se virou. Era um jovem vivaz. Ele tinha
traços delicados, mas ainda assim tinha um ar de maturidade e competência, ou para
ser mais exato, ele parecia ser 'nobre'. Seus olhos eram gentis e pareciam poder
abrigar tudo, e pareciam transpirar todos os tipos de sentimentos. Juntamente com
seus trajes, ele parecia ser alguém de personalidade forte, mas ainda assim não
parecia haver nada alarmante sobre ele. Na verdade, ele passava um ar de incerteza.
Pela sua aparência era difícil determinar qual era sua idade, provavelmente vinte e
poucos anos, mas Mikado não conseguiu ter certeza.
"Quanto tempo, Masaomi Kida."
Encarado o homem que o chamara pelo nome completo, Masaomi tinha uma expressão
que Mikado nunca havia visto, e engoliu em seco.
"É... é mesmo... oi."
Ver Masaomi gaguejar fez com Mikado ficasse sem ter o que pensar por um momento.
-- É a primeira vejo Kida assim...
Medo e repugnância surgiram em seus olhos, mas ele estava fazendo de tudo para
encobrir com sua expressão.
"Esse uniforme é da Raira? Conseguiu entrar, hein? Primeiro dia? Parabéns."
As felicitações do homem foram um tanto quanto indiferentes, mas isso não quer dizer
que fossem desprovidas de qualquer emoção. Era como se ele estivesse usando o
mínimo de emoção possível (mas ela não era ausente) em sua voz. Simples assim.
"Ah sim. Obrigado."
"Eu não fiz nada."
"É raro te ver em Ikebukuro..."
"É, eu vou me encontrar com uns amigos. E quem é esse?"
Quando ele disse isso, olhou para Mikado e seus olhos se encontraram. Normalmente,
Mikado teria olhado para alguma outra coisa, mas agora era incapaz de quebrar o
contato. Era como se caso ele desviasse o olhar, ele não seria reconhecido por esse
pessoa. Mikado não sabia porque queria ser reconhecido, e pôde apenas permanecer
Foram alguns poucos dias, mas as palavras 『 quero voltar pra casa 』 saíram
completamente de seu vocabulário.
A multidão fria, que ele pensara ser indiferente, hoje eram como santos marchando
vigorosamente à sua frente.
-- Da próxima vez vai acontecer algo de emocionante. Com certeza! A aventura que eu
tanto desejava está começando. Como nas novelas ou mangás. Vai acontecer aqui, sem
dúvida.--
Esses pensamentos distorcidos fizeram os olhos de Mikado brilharem, e fez surgir
esperanças para sua vida dali para frente.
Porém - nenhuma das pessoas com as quais Izaya se encontrou acabou realmente
cometendo suicídio. Isso fez com que ele ficasse um tanto quanto 'decepcionado'.
Os jornais adoravam fazer cobertura de casos de suicídio, especialmente os que vêm
acontecendo recentemente, nos quais as pessoas se encontram na internet em sites
para cometer suicídio juntas. No entanto, a mídia não cobria os casos de suicídio
individuais, que somam cerca de trinta mil pessoas nos últimos anos.
No que eles pensavam quando decidiram morrer? Não havia outra saída? Ou ainda,
por quem eles queriam morrer? Quando alguém decide morrer, seu coração está
repleto de que tipo de desespero?
Izaya Orihara amava os humanos mais do que qualquer outra coisa, e ainda assim,
ansiava por essas respostas.
Mas, ele não se encontrava com essas pessoas para convencê-las a não se matar. AE o
motivo das pessoas que se encontraram com Izaya não terem cometido suicídio não era
porque elas não tinham intenção de morrer e estavam apenas se divertindo, tampouco
era porque elas haviam dado para trás.
A verdadeira natureza de Izaya estava aos poucos se revelando, por detrás de seu
disfarce tranquilo.
Após ouvir os motivos para o suicídio, Izaya finalmente falou novamente, fazendo
outra pergunta.
"Então, o que vão fazer depois de morrer?"
Diante de uma pergunta tão inesperada, as duas mulheres congelaram e então
encaram Izaya.
"Uh... você quer dizer no paraíso?"
―Ela já decidiu se matar e ainda quer ir pro paraíso. Que audácia. Mas é claro, é esse
tipo de coisa que torna os humanos tão interessantes.
"Você acredita em vida após a morte, Nakura?" a outra mulher perguntou a Izaya.
Nakura era nome falso que Izaya escolheu ao acaso. Izaya balançou sua cabeça para a
pergunta e perguntou a ela, "Então você acredita em vida após a morte?"
"Acredito. Mas não em um mundo após a morte, eu acho que as pessoas se tornam
fantasmas vagando neste mundo..."
"Eu não acredito. Depois de morrer não há nada, apenas a escuridão... mas é bem
melhor que isto aqui."
Ao ouvir suas respostas, Izaya fez um enorme 'X' dentro de sua cabeça.
---- Ah, que decepção. Realmente decepcionante. Uma perda de tempo. Nível de
estudantes de oitava série. Os ateus da vez passada haviam sido bem mais
Deixando o resto do trabalho com Celty, Izaya respirou fundo o ar de Ikebukuro, que
parecia ser de algumas semanas atrás, e foi embora.
Como eram as mulheres com os quais ele havia se encontrado? Como estavam
vestidas? Eram bonitas ou feias? A maquiagem estava bem feita ou não? Como era a
voz delas? Por que elas queriam morrer? E ainda, se elas sequer tinham a intenção de
morrer - ele já tinha esquecido tudo.
Izaya Orihara era um ateu absoluto. Ele não acreditava em espíritos nem em vida
após a morte. E por isso que ele queria tanto entender os humanos, e por isso ele
desenvolveu um interesse tão grande por eles, e também era a razão pela qual ele
podia pisar neles.
Izaya não tinha interesse algum por pessoas que não precisassem ser entendidas.
Ele só havia andado por dez minutos, mas já havia esquecido completamente o nome
das duas que queriam cometer suicídio.
Ele era um informante, informação irrelevante iria apenas atrapalhá-lo.
―Estava escrito 'Mikado Ryuugamine', e era o nome do jovem que ele conhecera hoje---
Há vinte anos, o tio de Namie conseguiu uma espécime que parecia uma cabeça
humana. Ela era bonita, como se estivesse viva, parecia estar dormindo. Ter a cabeça
de uma garota como espécime podia soar macabro, mas realmente não parecia nada
cruel, era como se a cabeça fosse um ser vivo completo.
Namie, que tinha apenas cinco anos de idade, obviamente não sabia que a cabeça
havia sido contrabandeada.
Se ela tivesse sido trazida por meios lícitos, com certeza teria sido interditada na
alfândega.
♂♀
—Kanra conectou-se –
Já era de tarde em Ikebukuro. Uma van estava estacionada em uma rua um pouco
afastada da cidade. Os vidros da van eram escuros, não dava para dizer se havia
alguém dentro ou não.
Neste espaço estranho que acabara de aparecer, fez-se o som de uma batida, junto com
os gritos de um jovem.
O gângster implorou da forma mais educada que podia, com seu rosto roxo.
Ele era o gângster que, cerca de 24 horas atrás, fez a Celty voar ao passar com um
carro por ela, e foi ele também quem provara a fúria da foice da Celty. E quando ele
acordou, estava na parte de trás de uma van desconhecida. Ele estava amarrado e mal
podia se mover. Não havia bancos na parte de trás da van, e o chão estava coberto com
um carpete cinza. E o homem a sua frente o estava interrogando repetidamente desde
que voltara.
Se ele não respondesse em três segundos levaria um soco na cara, e mesmo que
respondesse que não sabia, levaria um soco na cara.
E depois da agressão, tudo isso iria se repetir no instante seguinte. Já fazia três horas
que isso estava acontecendo.
--Mesmo que eu não saiba quem é esse cara, pelo menos a 'sombra' não está aqui. Mas
ainda assim, eu não sei dizer se a 'sombra' está com eles ou não.
Na van estava apenas o homem que estava a sua frente e um cara no banco do
motorista, que usava um chapéu e estava chupando balas de menta. Estava tocando
música clássica em um volume razoável dentro do carro, então mesmo que ele gritasse,
as pessoas na rua não ficariam desconfiadas.
---Se a 'sombra' estiver aqui, eu estou morto. Eu provavelmente já teria falado tudo. Ao
que parece, esse cara é uma pessoa normal. Pelo menos não sinto nada de estranho
como aquela coisa de ontem. E ficar com esses caras ainda é bem melhor do que ter o
'pessoal de cima' dando um jeito em mim. E eu tenho sorte da polícia não ter me
prendido. Mesmo sem saber quem é esse cara, se eu não disser para quem estou
trabalhando não tem problema. Vai dar tudo certo. Eu só preciso continuar apanhando
e ele vai achar que eu não sei nada. Além disso, eles provavelmente não vão ser
drásticos e me matar---
"É melhor você desembuchar agora. Eu sou que nem você. Seguindo ordens 'de cima'.
Nem preciso explicar que você entende, certo? Os caras de cima querem informações,
então eles me fazem perguntar pra você. Os 'caras de cima' disseram que você não
entrou em contato e que acabou arranjando problemas."
---Parece que esse cara tem alguns contatos no submundo, hein. Que merda, se ele
quer trabalhar em outro território deveria pelo menos dizer oi para os figurões antes!
"Mas já que você não disse nada mesmo depois de ter apanhado tanto, provavelmente
não seja um mafioso. Se você fosse, teria entrado em contato com seus superiores e eles
entrariam em negociação --- então o assunto seria entre eles e os nossos superiores.
Mas como você não fez isso quer dizer que não tem ninguém como a gente te dando
apoio, hein?"
"Ei, isso é pro sue próprio bem! Desembucha! Olha, eu não vou te machucar. É melhor
você se apressar---"
"Eu te ~ fiz ~ esperar~! Shimada, como tá a situação? Ele disse alguma coisa?"
Ao ver quem era, o homem chamado Shimada fez uma cara de desagrado e suspirou.
"Seu tempo acabou, o prêmio de consolação chegou. Ele é todo seu, Yumasaki. Apesar
de eu sentir pena dele."
"Ei~ ei~ Por que você fez algo tão idiota? De tantas pessoas pra sequestrar, você tinha
que sequestrar justo o Kaztano."
--- Entendo. Então esses caras são amigos dele uh... ei, mas eles não são japoneses?
Como? Qual a relação entre eles? Não me diga que eles se conheceram fora do país?
"Hyaya, já que você não falou nada, sinto muito, mas vou ter que te torturar um
pouco." Ao dizer isso, o garoto tirou alguns livros de bolso da mochila:
"Hyaya, é o aniversário de onze anos da Dengeki Bunko, então o seu vai ser um
Dengeki! Você só precisa escolher um livro e nós te torturaremos mentalmente de
acordo com o conteúdo do livro que você escolher. Normalmente deixamos que as
pessoas escolham entre algumas histórias em quadrinhos do Super-Homem, mas já
que compramos um pacote de Dengeki Bunko hoje... hahaha."
"Hein?"
Talvez fosse a intenção do garoto, mas o delinquente não tinha a menor ideia do que
ele estava falando e ficou mudo.
Havia diversos livros à sua frente, e eles eram light novels com belas ilustrações nas
capas. Este delinquente só havia lido mangás, então quando viu as light novels as
confundiu com mangás.
--- O que ele tá planejando? Tortura mental? Não me faça rir. Ele até pediu pra que eu
escolhesse um livro. O que diabos ele quer que eu faça? Merda, isso não é uma
excursão escolar em que você vai num parque de diversões!
Havia regozijo no olhar do garoto, ainda assim ele estava falando sério. E de alguma
forma, o garoto estava segurando um martelo prateado em suas mãos, reafirmando
seu ponto.
Quando o delinquente percebeu que ele estava falando sério, começou a procurar
freneticamente pelo livro que parecia menos perigoso. --- Puta que pariu! Por que eu
estou numa situação dessas?! O que será que o Ga-san faria? Merda, eu só tenho que
escolher um livro... definitivamente não vou pegar 'Anjo Concussão Dokuro-chan'.
Apesar de ter uma garota na capa não é difícil adivinhar o que vão fazer comigo... e
este 'Double Brid'... V? ...Que tipo de livro é esse? Pera lá, esse garoto tem uma
bandana na cabeça. Eles vão me matar?! Merda, qual eu escolho...
"É mais divertido usar Shukichi durante o dia. Ah~ Dokuro-chan também é uma boa
pedida."
O delinquente estava totalmente atônito, para ele os dois estavam falando numa
língua estranha e totalmente incompreensível desde o começo. Mas ele não era o único.
O cara da frente que tinha os olhos aguçados como os de um assassino estava
chupando balas de menta e também tinha uma expressão aflita em seu rosto. Mas---
"Ei, Yumasaki e Karisawa. Escutem bem. Eu não sou inteligente e nem leio livros.
Então não entendo uma palavra do que vocês tão falando. Mas se lembrem de uma
coisa..."
"Podem fazer o que quiserem, só não usem gasolina no carro como da última vez."
Depois do que Togusa disse, o garoto recolheu a contra gosto alguns livros.
--- Ga-gasolina?!
Ao perceber que estava pensando pequeno demais, ficou ainda mais difícil pro
delinquente escolher um livro. Olhando pros livros restantes ele era incapaz de
determinar qual deles faria com que sua tortura mental fosse a com menos dor. E
depois de pensar, ele concluiu que independente do conteúdo do livro que ele
escolhesse, aqueles dois achariam uma forma insana de distorcê-lo.
"Hein?" O que é? Nós não vamos dizer o que vai acontecer na tortura mental! Isso é
confidencial."
Ao escutar a pergunta, o garoto pensou por um tempo, bateu seu punho na palma da
outra mão e respondeu.
"Esse? Provavelmente eu iria pegar uma talhadeira, e usar ela no seu pé até que ele
coubesse num sapato de cristal."
Frustrado, o delinquente fechou seus olhos e pegou um livro ao acaso. Quando ele
abriu os olhos, ele viu que o título do livro estava em inglês, com um subtítulo em
japonês. A ilustração da capa era bastante detalhista.
"Hyayaya, quantos pedaços será que vamos precisar enfiar até conseguirmos ver coisas
que normalmente não vemos?... experimento COMEÇOU."
Então, a garota segurou a cabeça do delinquente perplexo e o forçou a abrir seu olho
esquerdo. Nesse momento, o delinquente conseguia ter uma ideia do que ia acontecer
com ele.
"Espera! Espera aí espera aí! Isso... não tem graça! Ei! Espera! Pare aaaahhhh!"
"Crianças, não tentem isso em casa~ Mas... ninguém iria tentar uma coisa dessas de
qualquer forma."
A expressão do Yumasaki ficava cada vez mais séria, e Karisawa perguntou pra ele
casualmente, "E aquelas pessoas que dizem que cometeram homicídio por influência
de anime a mangá?"
"Não não não, você tem que ser clara pro Sr. Delinquente aqui não entender mal. Não
tem nada de errado com mangás ou light novels~ Afinal mangá e light novels não
podem se defender, então toda a culpa cai em cima do lado que fica em silêncio. É como
se num roubo numa igreja culpassem as estátuas pelo delito."
O delinquente ainda gritava 'Pare por favor!', 'me poupem!' e coisas assim enquanto os
dois continuavam a conversa sem sentido. Mas o garoto estava ignorando
completamente seus pedidos e lentamente, mas sem hesitar, aproximava o caco do
espelho do olho do delinquente.
"O que fazemos não tem nada a ver com mangás ou light novels ou filmes ou anime ou
pais ou escola. Sendo direto, é porque não somos normais. Se não existissem mangás
ou lightt novels, nós poderíamos usar algumas novelas de época, ou até mesmo os
livros de Soseki Natsume, ou algum desses materiais educacionais que as autoridades
promovem~ Imagino qual seria a reação do governo nesse caso!"
"Pare gggaaaaaaaaaaaahh!"
"Além disso, alguém que põe a culpa na influência dos mangá pelo o que fez não pode
se chamar de um fã de mangá."
"Dotachin!"
"Ka-Kadota."
A expressão dos dois ficou humilde e eles se endireitaram. Parecia que o recém-
chegado era superior dos dois. O homem chamado Kadota encarou o delinquente e se
virou aos dois.
"Isso é o que vocês chamam de tortura mental?" ele perguntou. Quando o sangue jorrar
vai sujar os livros, seus idiotas."
"Des... desculpa."
--- Um traidor?! Quem?! Ga-san? Não, não pode ser. Então quem pode ser? Droga, isso
não é bom. Eu já era. O que diabos está acontecendo?!
"Só metade deles falou, mas logo logo vamos conseguir mais. Então não precisamos
mais de você."
--- Não precisam mais, então vão me deixar ir? Por favor, faça isso! Já que eu vou estar
na lista negra para que o 'pessoal da companhia' tome conta, eu também vou ter que
fugir pra algum outro lugar.
"Espera! Não, espera por favor! Eu... eu falo! Eu falo qualquer coisa. Eu falo qualquer
coisa que eles não disseram! Então por favor, por favor, por favor não me matem!"
"Entendo. Mesmo vocês se vestindo assim ainda são considerados parte da classe
operária, certo?"
"Então uma empresa falida está sequestrando pessoas para conduzir experimentos
nelas? Que história mal contada é essa?
Apesar de ter dito isso Kadota não duvidou das palavras do delinquente. Afinal,
alguém prestes a morrer provavelmente não iria mentir. E havia alguns rumores a
respeito da Farmacêutica Yagiri.
Depois do Kadota descer da van, Shimada, que já estava fora, lhe fez uma pergunta.
"Ei Kadota, você acha que o que os outros disseram... foi mentira?"
Primeiramente, Shimada fez uma cara de dúvida, mas sorriu quando entendeu tudo.
"Bem, é bem melhor do que deixar o Yumasaki lidar com isso. Eu gosto bastante da
Dengeki Bunko, então quando vejo eles sujarem os livros deles assim é de partir o
coração."
"Ah... falando nisso, desde que entramos nos Dollars é a primeira vez que fazemos algo
assim, né? Apesar de termos feito pelo Kaztano. Mas sem os Dollars a gente não teria
conhecido ele..."
Foi assim que Kadota pensou no começo, mas no final das contas passou a ser tão
natural que ele até os ajudaria a encontrar um emprego e se estabelecerem. Nesse
grupo, exceto ele, todos trabalhavam.
O próprio Kadota conhecia algumas pessoas do submundo, mas não era associado a
nenhuma organização, e portanto nunca fizera algo particularmente espetacular. Mas
um dia, alguém que queria recrutar esse grupo mandou um e-mail para seu líder,
Kadota. O conteúdo do e-mail era bem simples, apenas perguntava se eles queriam se
juntar aos Dollars.
Não havia nenhuma restrição ou regra, e tudo que eles precisavam fazer era dizer que
eram membros dos Dollars--- condições muito estranhas. Não havia nenhum benefício
visível para qualquer uma das partes, mas os Dollars eram um grupo bastante famoso
em Ikebukuro, e eles poderem dizer ser parte deles seria interessante. Kadota não
estava muito interessado, mas foi levado pelo entusiasmo dos demais e finalmente
aceitou entrar.
--- O problema é que eu sou muito mole. Droga, até Shizuo Heiwajima conseguiu um
emprego.
No começo, Kadota achou que fosse alguém que tivesse seu e-mail pregando uma
peça--- ele não imaginava que um dia após ter aceitado o convite, ele veria seu nick
aparecendo no site dos Dollars.
"Sei lá."
"Hein?"
"Bem, pra ser sincero eu nunca encontrei com o líder desse grupo. Há vários grupos
menores dentro do principal, mas a pessoa no topo do topo nunca se revelou."
Quem criaria uma organização dessas? Kadota estava curioso a respeito disso. Apesar
de ser desconfortável ser liderado por alguém que ele não sabia nem o nome nem como
era, não ter ninguém no topo também queria dizer que você não estaria 'abaixo de
ninguém'.
Se você quer saber quem faria uma coisas dessa, só tem uma pessoa--- Izaya Orihara.
--- Quando eu estava em Ikebukuro nós nos encontramos algumas vezes. Ele era um
filho-da-mãe e me deu o apelido idiota de Dotachin. Agora até a Karisawa me chama
assim
Quando seus pensamentos começaram a convergir para aquele nome, Kadota percebeu
que pensar a respeito dos 'caras de cima' inexistentes não traria nada de bom, então
deveria parar de pensar sobre isso.
Não importa o tipo de coisa que a gente faça, o número total e o poder desse grupo
ainda serão insignificantes. Somos apenas uma aparição passageira nesta cidade que
sempre muda.
Se essa ilusão eram os Dollars ou não, ninguém poderia ter certeza antes de seu
desaparecimento---