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Introdução
Neste trabalho descreve-se a abordagem utilizada para a disciplina de Física oferecida aos
estudantes do primeiro ano do curso de Arquitetura da Escola de Engenharia de São Carlos,
USP. O programa compreende tópicos importantes para a formação dos profissionais de
arquitetura, como os de equilíbrio estático, energia, transferência de calor, acústica e
iluminação. O programa é desenvolvido em um semestre com uma carga horária de 3 horas
semanais.
O ensino de física para arquitetura tem sido considerado sempre um grande desafio. Na
literatura encontram-se poucos relatos sobre o assunto [1] e há poucos textos específicos de
física para arquitetura [2]. As principais dificuldades que um docente encontra numa
disciplina deste tipo são a enorme abrangência dos tópicos e a reduzida carga horária da
disciplina. Os assuntos no programa da disciplina aparecem de forma fragmentada,
dificultando assim, que os conceitos envolvidos em cada unidade sejam inseridos num
contexto mais amplo. Além disso, existe uma certa resistência dos estudantes aos conteúdos
de física e de matemática, vistas como disciplinas trabalhosas onde o estudante não sempre
consegue ver a utilidade prática. Ensinar física para os estudantes de arquitetura requer,
então, adaptar conteúdo e os métodos de ensino de forma que o aluno/a desenvolva o
interesse ao relacionar este conteúdo à sua prática específica na arquitetura. Neste trabalho
descrevemos sucintamente o conteúdo programático da disciplina e as estratégias adotadas
no seu ensino.
Organização da disciplina
O objetivo geral do programa foi estabelecer uma relação entre a física e a arquitetura para
a prática profissional do arquiteto/a. Assumimos que os alunos têm uma boa base em
matemática e em física de ensino médio, ou seja, que eles estão familiarizados com as Leis
de Newton, sistemas oscilantes, óptica e noções de calor e termodinâmica. Dada a limitação
de tempo para um tratamento formal dos assuntos, optamos por uma abordagem diferente,
introduzindo os conceitos fundamentais e ilustrando-os com demonstrações e exemplos,
dando ênfase as aplicações relacionadas à arquitetura. Nas aulas expositivas demos menos
ênfase a dedução matemática de fórmulas e dedicamos a maior parte do tempo à discussão
de aplicações, exercícios e problemas. Esta escolha se deu devido ao pouco tempo
disponível para fazer listas de exercícios por parte dos estudantes, devido à grade curricular
do curso.
Um esforço especial foi realizado no sentido de mostrar ao estudante de arquitetura, que ele
tem capacidade de resolver problemas utilizando as ferramentas matemáticas que ele
domina. Procuramos durante todo a disciplina, incentivá-los a fazer cálculos de ordens de
grandeza de forma a desenvolver neles uma atitude mais quantitativa em relação ao projeto
arquitetônico. Ao mesmo tempo, estimulamos uma atitude crítica, um questionamento
reflexivo em relação aos resultados numéricos obtidos de seus cálculos e estimativas. Essa
atitude de avaliação crítica é uma habilidade para a qual os estudantes estão
desacostumados no ensino médio (o vestibular incentiva o fazer mecânico) e que deve ser
resgatada.
Numa das aulas se deu especial importância às noções básicas sobre a estrutura e
constituintes da matéria (vidros, plásticos e polímeros, cerâmicas, cimentos e concretos)
[7,8]. Outra aula, dedicada as estações do ano e a iluminação solar, foi realizada no
observatório astronômico do Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP-São
Carlos (www.cdcc.sc.usp.br). Lá os estudantes assistiram a uma exposição sobre o assunto
e depois fizeram uma atividade prática analisarando a trajetória do sol nas diferentes
estações do ano de uma determinada cidade no Brasil.
Resultados e Conclusões
A avaliação da disciplina foi realizada com base em duas provas (peso 1 cada) e dos
relatórios dos trabalhos em grupo (peso 1). As provas continham de quatro a cinco
problemas, podendo conter uma questão conceitual. A prática reflexiva era exercitada
propondo na prova a solução detalhada de um problema específico (um cálculo de uma
estrutura, por exemplo) e questionando sobre o resultado fornecido, especificamente se suas
dimensões pareciam estar corretas. Isto exigiu do aluno, além do domínio conceitual, uma
visão crítica.
Referências bibliográficas
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2. G.J. Salamo, J.A. Brewer, J.A. Berry, Physics for architects. American Journal of
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3. R.C. Hibbeler, Structural Analysis, 3rd edition, Prentice Hall (1995)
4. P.A. Tipler, Física, Vol. 1: Mecânica, Oscilações e ondas, Termodinâmica. Editora LTC
(2000)
5. R.A. Serway, Física, Vol. 1 e 2. 3a Edição. Editora LTC (1996)
6. D. Halliday, R. Resnick, K.S. Krane, Física 1 e 2. 4 a Edição. Editora LTC (1996)
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10. E. Cruz da Costa, Acústica Técnica, Editora Edgard Blücher (2003)
11. T.D. Rossing, The Science of Sound. 2nd edition. Addison Wesley (1990)
12. V. de Araujo Moreira, Iluminação e Fotometria. Editora Edgard Blücher (1993)
13. E. Okuno, I.L. Caldas, C. Chow, Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. Editora
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14. W.R. Stine, Applied Chemistry, 3rd edition. Lexington, Mass. DC Heath (1994)