Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
EP518.RE.JR204
JAR-A-62-000.001-RE-R0
fev/2011
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JARI - PA/AP
Rev.: R1
Número Hydros:
Projeto Verificado Aprovado fev/11
EP518.RE.JR204
Rev.: E AMB SH/MAU HU Data de Emissão
EP518.RE.JR204 i
PREFÁCIO
Este documento consubstancia os resultados da Avaliação Ambiental Integrada da Bacia
Hidrográfica do Rio Jari, situada entre os estados do Pará e Amapá, em atendimento ao
despacho No 3077, de 29 de dezembro de 2006, do processo No 48500.006617/2006-93, da
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, que autorizou a sua realização à
Empresa de Pesquisa Energética - EPE.
Os estudos de inventário em pauta foram realizados pela Empresa de Pesquisa Energética -
EPE, no âmbito da Diretoria de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais. Os estudos
de engenharia foram supervisionados e fiscalizados pela Superintendência de Projetos de
Geração e os socioambientais pela Superintendência de Meio Ambiente. Esses estudos
foram desenvolvidos em conjunto com a empresa HYDROS ENGENHARIA Ltda.,
contratada pela EPE para esta finalidade.
Estes estudos de inventário hidrelétrico foram iniciados em 17 de abril de 2007, através do
contrato CT-EPE-054, de acordo com os critérios e diretrizes estabelecidos no Manual de
Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas – Versão 2.0 - nov/1997, editado pela
Centrais Elétricas Brasileiras S. A. – ELETROBRÁS e concluídos conforme a nova edição
do mesmo manual, edição 2007, editado pelo Ministério de Minas e Energia - MME.
Além da Empresa de Pesquisa Energética – EPE e Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL, colaboraram significativamente, com o fornecimento de dados e informações
básicas para o desenvolvimento dos trabalhos, diversas instituições que atuam na região,
entre as quais se destacam: Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental -
AHIMOR; Agência Nacional de Águas - ANA; Centro Técnico e Operacional de Manaus
do Sistema de Proteção da Amazônia - CTO/Mn-SIPAM; Companhia de Eletricidade do
Amapá - CEA; Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM; Conselho das
Aldeias Waiãpi - APINA; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA;
Fundação Nacional de Saúde - FUNASA; Fundação Nacional do Índio - FUNAI; Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá -
RURAP; Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena - IEPÉ; Instituto de
Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá - IEPA; Instituto de Terras do
Pará - ITERPA; Instituto do Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá - IMAP;
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN; Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA; Instituto Nacional de Meteorologia - INMET;
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA; Instituto Socioambiental - ISA;
Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG; Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da
Universidade Federal do Pará - NAEA/UFPA; Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca,
Floresta do Amapá – SEAF/AP; Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio
Ambiente do Pará - SECTAM/PA; Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá -
SEMA/AP; Secretaria de Estado de Planejamento do Amapá - SEPLAN/AP; Secretaria
Extraordinária dos Povos Indígenas do Amapá - SEPI/AP; Sistema de Proteção da
Amazônia - SIPAM; Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia - SIVAM; Universidade
Federal do Amapá - UNIFAP; Universidade Federal do Pará – UFPA.
O presente documento constitui-se na edição final do relatório referente à Avaliação
Ambiental Integrada da alternativa de partição de queda selecionada nos Estudos de
Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Jari, conforme previsto na cláusula
Hydros
EP518.RE.JR204 ii
Hydros
EP518.RE.JR204 iii
Hydros
EP518.RE.JR204 v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1-1 – Localização da Bacia do Rio Jari no Território Brasileiro ....................................1
Figura 1.3-1 – Local de Implantação dos Aproveitamentos que Compõem a Alternativa de
Divisão de Queda Selecionada ...........................................................................................8
Figura 2-1 – Fluxograma das etapas da AAI e sua interface com as etapas do Inventário ......10
Figura 2-2 – Temas-síntese e subáreas .....................................................................................11
Figura 3.1-1 – Distribuição Espacial das Estruturas Geomorfológicas, Áreas Protegidas, Áreas
Antropizadas e Infraestrutura da Bacia do Rio Jari..........................................................15
Figura 3.1-2 – Subáreas do tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos .........18
Figura 3.2-1 – Subáreas do tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres....................23
Figura 3.3-1 – Detalhamento das Áreas Antropizadas no Sul da Bacia do Rio Jari ................27
Figura 3.3-2 - Mapa da Divisão Política e Administrativa.......................................................29
Figura 3.3-3 – Divisão da Bacia em Subáreas da Socioeconomia ...........................................33
Figura 3.4-1 - Mapa das Terras Indígenas e Aldeias................................................................36
Figura 4.1.2-1 – Fluxograma da análise de sensibilidade ........................................................43
Figura 4.1.3.1.2-1 – Mapa de Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos
..........................................................................................................................................52
Figura 4.1.3.2.2-1 – Mapa de Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres..........63
Figura 4.1.3.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade Negativa da Socioeconomia ...............................78
Figura 4.1.3.3.4-1 – Mapa da Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia.......................85
Figura 4.1.3.4.2-1 – Mapa de Sensibilidade das Populações Indígenas...................................91
Figura 5.1.1-1 – Metodologia Geral para Elaboração do Cenário Prospectivo da Bacia do Rio
Jari ....................................................................................................................................94
Figura 5.1.5-1 Pontos de Desmatamento Amazônia Legal – Percurso Recente das Frentes
Madeireiras .....................................................................................................................109
Figura 5.1.5-2 Municípios da Amazônia Legal Mais Desmatados em Outubro de 2009 ......110
Figura 5.1.5-3 - Zonas e pólos madeireiros na Amazônia Legal em 2009.............................111
Figura 5.1.5-4 - Expansão da fronteira madeireira na Amazônia, 2004.................................112
Figura 5.1.5-5 - Eixos de transporte e produção de madeira na Amazônia, 2004..................112
Figura 5.1.5-6 - Desmatamento acumulado de 2000 a 2009 segundo o PRODES ................113
Figura 5.1.5-7 – Localização de Recursos Minerais no Âmbito da Bacia .............................116
Figura 5.1.5-8 - Linhas de Transmissão Projetadas ...............................................................117
Figura 5.1.6-1 – Disponibilidade de ADOAs na bacia do rio Jari e seu entorno ...................119
Figura 5.1.6-2 - Áreas de Pesquisa Mineral no Interior de Unidades de Conservação ..........122
Hydros
EP518.RE.JR204 vi
Hydros
EP518.RE.JR204 vii
Figura 5.4.3.1-1 – Mapa da Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ..243
Figura 5.4.3.2-1 – Mapa da Fragilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres ..............246
Figura 5.4.3.3-1 – Mapa da Fragilidade da Socioeconomia...................................................249
Figura 5.4.3.3-2 – Mapa da Potencialidade da Socioeconomia..............................................251
Figura 5.4.3.4-1 – Mapa da Fragilidade das Populações Indígenas .......................................253
Figura 6.1-1 – Quadro Referencial para Sustentabilidade como articulador entre a comparação
de cenários e as diretrizes e recomendações...................................................................267
Hydros
EP518.RE.JR204 viii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5.1.3-1 – Taxas de Crescimento Populacional Estimado para o Brasil, Região Norte e
Estados do Pará e Amapá, 2010 – 2030 ...........................................................................99
Gráfico 5.1.4-1 – Evolução da estrutura produtiva dos municípios da bacia do rio Jari........102
Gráfico 5.1.4-2 - Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do Rio
Jari, 1996 – 2007 (Preços Constantes) ...........................................................................103
Gráfico 5.1.5-1 Participação (%) dos Estados da Amazônia Legal no Desmatamento e na
Degradação Florestal - Outubro de 2009........................................................................107
Gráfico 5.1.6-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ Atual nos municípios da bacia do rio Jari
........................................................................................................................................125
Gráfico 5.1.7-1 - Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ nos municípios da bacia do rio Jari no
Cenário 2030 ..................................................................................................................131
Hydros
EP518.RE.JR204 ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.2–1 Estudos Anteriores...............................................................................................3
Quadro 3.1–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese “Recursos
Hídricos e Ecossistemas Aquáticos” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari .........................19
Quadro 3.2–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese “Meio
Físico e Ecossistemas Terrestres” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari..............................24
Quadro 3.3–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese
“Socioeconomia” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari .......................................................34
Quadro 4.1.2-1– Composição de Indicadores de Sensibilidade por Tema...............................43
Quadro 4.1.2-2– Composição de Variáveis por Indicador de Sensibilidade............................44
Quadro 4.1.2-3 – Composição de Graus de Sensibilidade para cada Tipo de Variável...........45
Quadro 4.1.3.1.2-1 – Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por
Subárea .............................................................................................................................53
Quadro 4.1.3.2.2-1 – Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por subárea ...64
Quadro 4.1.3.3.2-1 – Sensibilidade Negativa da Socioeconomia por Subárea ........................79
Quadro 4.1.3.3.4-1 – Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia por Subárea................86
Quadro 4.1.3.4.2-1 – Sensibilidade das Populações Indígenas na Bacia .................................92
Quadro 5.2.2-1 – Indicadores de Sensibilidade Ambiental por Temas-síntese da Bacia do Rio
Jari ..................................................................................................................................140
Quadro 5.2.3.1-1 – Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por
Subárea para o Cenário 2030..........................................................................................145
Quadro 5.2.3.2-1 – Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por Subárea para
o Cenário 2030 ...............................................................................................................150
Quadro 5.2.3.3.2-1 – Sensibilidade Negativa da Socioeconomia por Subárea para o Cenário
2030 ................................................................................................................................163
Quadro 5.2.3.3.4-2 – Integração dos Indicadores de Sensibilidade Positiva da Socioeconomia
........................................................................................................................................168
Quadro 5.2.3.3.4-1 – Sensibilidade Positiva da Socioeconomia por Subárea para o Cenário
2030 ................................................................................................................................171
Quadro 5.2.3.4-1 – Sensibilidade das Populações Indígenas na Bacia para o Cenário 2030.174
Quadro 5.3.3-1– Composição da Intensidade dos Impactos Socioambientais .......................192
Quadro 5.3.4-1 – Indicadores de Impacto Socioambiental selecionados por Tema-Síntese..194
Quadro 5.3.4.1-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Recursos Hídricos e
Ecossistemas Aquáticos..................................................................................................195
Quadro 5.3.4.2-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Meio Físico e Ecossistemas
Terrestres ........................................................................................................................199
Hydros
EP518.RE.JR204 x
Hydros
EP518.RE.JR204 xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.3-1 – Alternativas selecionadas nos Estudos Preliminares do Inventário Hidrelétrico
da Bacia do Rio Jari............................................................................................................7
Tabela 4.1.3.1.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Qualidade da Água ...........................................................................................................48
Tabela 4.1.3.1.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Aquáticos....................................................................................................50
Tabela 4.1.3.2.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Geológica..........................................................................................................................55
Tabela 4.1.3.2.1-2 – Dados Geológicos e Geomorfológicos que Compõem a Variável “Áreas
Suscetíveis a Instabilização de Maciços” .........................................................................56
Tabela 4.1.3.2.1-3 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à
Erosão do Solo..................................................................................................................58
Tabela 4.1.3.2.1-4 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Terrestres....................................................................................................61
Tabela 4.1.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa dos Modos de Vida ...........................................................................................67
Tabela 4.1.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Organização Territorial ................................................................................70
Tabela 4.1.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Pressão Populacional....................................................................................72
Tabela 4.1.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Base Econômica ...........................................................................................74
Tabela 4.1.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Positiva Atual dos Recursos Naturais...............................................................................81
Tabela 4.1.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico ..................................................83
Tabela 4.1.3.4.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade das
Condições Etno-ecológicas ..............................................................................................88
Tabela 4.1.3.4.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Integridade Sociopolítica..................................................................................................89
Tabela 5.1.2.-1 Cenário Macroeconômico do Setor Elétrico Brasileiro, 2005 – 2030, Taxas
Anuais Médias de Crescimento do PIB............................................................................97
Tabela 5.1.2.-2 - Cenário Macroeconômico Regionalizado, Estimativa de Crescimento do PIB
Nacional e da Região Norte, 2007 – 2016 (Crescimento médio anual %).......................98
Tabela 5.1.2.-3 - Cenário Macroeconômico Regionalizado, Taxas de Crescimento do Produto
Interno Bruto, Estimativa para o Período 2007/2030 – Alternativa Cenário Referencial
(EPE) ................................................................................................................................98
Hydros
EP518.RE.JR204 xii
Tabela 5.1.3-1 - Taxas de Crescimento Populacional Estimado para a Região Norte e Estados
do Pará e Amapá, 2009 - 2030 .........................................................................................99
Tabela 5.1.3-2 – Estimativa da população dos municípios da bacia do rio Jari - atual e 2030
........................................................................................................................................100
Tabela 5.1.4-1 Evolução Comparativa do Produto Interno Bruto da Região Norte e dos
Municípios da Bacia do Rio Jari, 1996 – 2007 (em valores absolutos – R$ de 2000)...101
Tabela 5.1.4-2 Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do Rio Jari,
1996 – 2007 (Preços Constantes) ...................................................................................104
Tabela 5.1.4-3 - Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do Rio
Jari, 1985 – 2007 (Preços Constantes) ...........................................................................105
Tabela 5.1.4-4 - Utilização das terras nos estabelecimentos agropecuários dos municípios da
bacia do rio Jari, 2006. (em hectares).............................................................................106
Tabela 5.1.6-1 – Área de Cada Município e Área do Município Inserida na Bacia Hidrográfica
do Rio Jari.......................................................................................................................118
Tabela 5.1.6-2 - Área Disponível para Ocupação Antrópica – ADOA, nos Municípios da
Bacia ...............................................................................................................................118
Tabela 5.1.6-3 – Áreas da RDS Iratapuru por município.......................................................120
Tabela 5.1.6-4 – Áreas da FLOTA Paru por município .........................................................120
Tabela 5.1.6-5 – Estimativa das áreas do Grupo ORSA por município.................................123
Tabela 5.1.6-6 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual nos municípios¹ da bacia do rio Jari
........................................................................................................................................124
Tabela 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios¹ da bacia do rio Jari no
Cenário 2030 ..................................................................................................................131
Tabela 5.1.8-1 – Valor adicionado pelo setor primário a partir da expansão das atividades
agropecuárias e extrativas vegetais.................................................................................136
Tabela 5.1.8-2 Estimativa do PIB da Região Norte e dos Municípios da Bacia do Rio Jari no
Horizonte do Projeto.......................................................................................................137
Tabela 5.2.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Qualidade da Água .........................................................................................................142
Tabela 5.2.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Aquáticos..................................................................................................143
Tabela 5.2.3.2-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Geológica........................................................................................................................146
Tabela 5.2.3.2-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à
Erosão do Solo................................................................................................................147
Tabela 5.2.3.2-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Terrestres..................................................................................................148
Tabela 5.2.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa dos Modos de Vida para o Cenário de 2030 ...................................................152
Tabela 5.2.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Organização Territorial para o Cenário de 2030 ........................................154
Hydros
EP518.RE.JR204 xiii
Hydros
EP518.RE.JR204 xiv
LISTA DE SIGLAS
Sigla Descrição
AAD Avaliação Ambiental Distribuída
AAI Avaliação Ambiental Integrada
AHE Aproveitamento Hidrelétrico
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
AP Amapá
APA Área de Proteção Ambiental
Área Prioritária para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de
APCB
Benefícios da Biodiversidade Brasileira
APP Área de Preservação Permanente
BE Base Econômica (quando se refere ao componente-síntese)
CAER Companhia de Águas e Esgotos de Roraima
CEA Companhia Energética do Amapá
COM Custo Anual de Operação e Manutenção
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do
CPRM
Brasil
CRE Custo Unitário de Referência de Energia
CRF Custo de Referência de Ponta
CUR Custo Unitário de Referência
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EIA Estudo de Impacto Ambiental
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras
ELETRONORTE Centrais Elétricas do Norte do Brasil
ENERAM Estudos Energéticos da Amazônia
EPE Empresa de Pesquisa Energética
ESEC Estação Ecológica
FEMACT Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Roraima
FLONA Floresta Nacional
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GEA Governo do Estado do Amapá
Coordenação Executiva do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro
GERCO/AP
do Estado do Amapá
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICB Índice Custo Benefício
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
Hydros
EP518.RE.JR204 xv
Sigla Descrição
IDH-E Índice de Desenvolvimento Humano - Educação
IDH-L Índice de Desenvolvimento Humano - Longevidade
IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IDH-R Índice de Desenvolvimento Humano - Renda
IEPA/AP Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPA Índices Parasitários Anuais
IQA Índice de Qualidade da Água
ISA Indicador de Sensibilidade Ambiental
ISA Instituto Sócio Ambiental
ITERAIMA Instituto de Terras e Colonização de Roraima
ITERPA/PA Instituto de Terras do Pará
IUCN International Union for Conservation of Nature
JDC Juros Durante a Construção
MFET Meio Físico e Ecossistemas Terrestres (quando se refere ao tema-síntese)
MMA Ministério do Meio Ambiente
MS Ministério da Saúde
MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MV Modos de Vida (quando se refere ao componente-síntese)
MW Megawatt
MWh Megawatt-hora
NA Nível d’água
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
OT Organização Territorial (quando se refere ao componente-síntese)
PA Pará
PA Projeto de Assentamento
PARNA Parque Nacional
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PI Potência Instalada
Populações Indígenas (quando se refere ao tema-síntese ou ao
PI
componente-síntese)
PIB Produto Interno Bruto
PN Parque Nacional
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
PROBIO
Brasileira
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
REBIO Reserva Biológica
Hydros
EP518.RE.JR204 xvi
Sigla Descrição
RESEX Reserva Extrativista
Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos (quando se refere ao tema-
RHEA
síntese)
SE Socioeconomia (quando se refere ao tema-síntese)
Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado
SECTAM/PA
do Pará
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEPLAN Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento de Roraima
SETEC/AP Secretaria da Ciência e Tecnologia do Estado do Amapá
SIG Sistema de Informação Geográfica
SINV Sistema de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas
SIUC Sistema de Informação de Unidades de Conservação
SIVAM Sistema de Vigilância da Amazônia
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
TI Terra Indígena
TR Tempo de Residência
UC Unidade de Conservação
UHE Usina Hidrelétrica
USGS United States Geology Services
ZA Zona de Amortecimento
ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico
Hydros
EP518.RE.JR204 1
1 INTRODUÇÃO
Hydros
EP518.RE.JR204 2
1.1 OBJETIVOS
Nos estudos de Avaliação Ambiental Integrada – AAI, o objeto de estudo é a mesma bacia
dos Estudos do Inventário Hidrelétrico, mas tem objetivos diferentes, porém,
complementares.
Nos Estudos de Inventário Hidrelétrico, o objetivo era a comparação e a seleção da melhor
alternativa de divisão de queda, que apresentassem o máximo de potencialidade energética,
menor custo econômico e menor impacto socioambiental, levando em consideração um
cenário de utilização múltipla da água na bacia.
Os Estudos de Inventário Hidrelétrico procuraram, portanto, dentro dos critérios adotados, a
indicação da alternativa de divisão de queda mais interessante na bacia hidrográfica, de modo
a permitir a programação das ações subsequentes, com vistas ao atendimento das demandas
do mercado de energia elétrica do sistema interligado.
Já o objetivo principal dos estudos de AAI é avaliar as condições de suporte dos meios natural
e antrópico, do ponto de vista da sua capacidade para receber o conjunto dos aproveitamentos
hidroelétricos que compõem a alternativa de divisão de queda selecionada.
A AAI procura avaliar o grau de sensibilidade que a bacia apresenta e os efeitos cumulativos
e sinérgicos, resultantes dos impactos relativos ao conjunto dos aproveitamentos. Neste
aspecto, consideram-se os cenários atual e a longo prazo (2030), de acordo com a evolução
que os diferentes atores, em especial socioeconômicos, possam apresentar na bacia.
Esta forma de abordagem permite que o setor elétrico, ainda na fase de planejamento, possa
atuar num nível estratégico, definindo ações futuras. A partir da montagem dos cenários
referidos e de modo a prevenir danos e obter um quadro de sustentabilidade socioambiental
desejável na região, os estudos de AAI têm como resultado a elaboração de diretrizes a serem
incorporadas nos futuros estudos socioambientais dos aproveitamentos hidrelétricos.
Hydros
EP518.RE.JR204 3
Item Discriminação
Hydros
EP518.RE.JR204 4
Item Discriminação
Engenharia – Mar/2000
Hydros
EP518.RE.JR204 5
por um conjunto de elementos existentes incluindo seus atributos, isto é, as funções que
exercem nos processos e suas interações. A análise envolveu os processos físico-bióticos,
sociais, culturais, econômicos e políticos, suas interações e rebatimentos espaciais, com
enfoque multi e interdisciplinar.
Procurou-se evidenciar as questões de maior relevância que emergiram das interações
aproveitamento hidroenergético/alternativa e área de estudo. Desta forma, a avaliação dos
impactos socioambientais permitiu comparar as alternativas e indicar as principais questões
socioambientais relacionadas aos aproveitamentos e ao conjunto dos aproveitamentos,
considerando todos os aproveitamentos implantados simultaneamente. Nesse sentido, foram
estudados os efeitos cumulativos e sinérgicos, entendidos como efeitos resultantes da
combinação de uma ou mais ações socioambientais com outras, destacando-se os efeitos
permanentes, já que os temporários extinguem-se ao longo do tempo.
Para os custos socioambientais, foram estimados os custos que serão efetivamente
internalizados no custo de implantação dos aproveitamentos, que foram incorporados nos
índices custo/benefícios: custos de controle, de mitigação, de compensação, de
monitoramento, institucionais, entre outros. A busca pela maximização da eficiência
econômica e energética e a minimização dos impactos socioambientais negativos no processo
de comparação e seleção da alternativa requereram da equipe técnica uma análise quantitativa
combinada com a análise qualitativa multidisciplinar, com estabelecimento de critérios e
procedimentos recomendados no Manual de Inventário Hidrelétrico de 2007.
Como resultado, nos estudos preliminares, foram propostas alternativas de divisão de queda
para o aproveitamento do potencial hidrelétrico, sendo estimados os custos e impactos
socioambientais negativos associados à sua utilização, com base em dados e informações
primárias e secundários. Com base nos critérios socioambientais, energéticos e econômicos
adotados, foram selecionadas as 22 alternativas mais atraentes, examinadas, em maior detalhe,
na fase subsequente. Foram contemplados 6 (seis) locais de barramento no curso d’água
principal, ou seja, no rio Jari e 2 (dois) locais de barramento nos seus contribuintes, sendo 1
(um) no rio Iratapuru e 1 (um) no rio Ipitinga. Os locais de barramento, quando factíveis,
contemplaram variações de cota de coroamento dos barramentos.
Ao final dos estudos preliminares, as alternativas foram comparadas e as não competitivas ou
dominadas foram descartadas, tomando como base a eliminação de alternativas com baixo
desempenho, sob o ponto de vista socioambiental e energético-econômico.
Nos estudos finais, determinou-se um conjunto de aproveitamentos que representam o
potencial hidroelétrico socioambiental e economicamente aproveitável da bacia. Esta fase foi
caracterizada pelo aprofundamento dos estudos, a partir das avaliações dos impactos
socioambientais positivos e da realização de levantamentos secundários complementares e de
campo, para os aproveitamentos das alternativas de divisão de queda selecionadas na fase de
estudos preliminares. Seguindo estas etapas, foram selecionadas 5 alternativas, que
contemplaram 6 (seis) sítios de barramento no rio Jari, porém nenhum sítio nos seus
contribuintes, pois não identificou-se nenhum local interessante.
Hydros
EP518.RE.JR204 7
Potência
Nível d’água Reservatório
Alternativa Aproveitamento Local instalada
(m) (km2)
(MW)
Macaquara 205,0 rio Jari 33,9 154,3
Para a escolha final da alternativa, foi realizada uma hierarquização das alternativas, segundo
o índice de preferência, obtido pela soma ponderada do índice custo/benefício energético e do
índice de impacto socioambiental negativo. A esta hierarquização, foi incorporada uma
análise adicional referente aos impactos positivos, que advirão com a implantação do
empreendimento, resultando no índice de preferência modificado. Os pesos foram
estabelecidos considerando a importância de um elemento em relação ao outro.
Ao final, o índice de preferência modificado indicou que a melhor alternativa de divisão de
queda é aquela denominada Alternativa JR-R6’, que contempla 3 (três) aproveitamentos no
rio Jari. Esta alternativa de partição de queda contempla os aproveitamentos denominados
AHE Açaipé B na cota 86,00 m, AHE Urucupatá na cota 150,00 m e AHE Carecuru na cota
107,00 m, totalizando cerca de 1.360 MW de potência instalada.
Hydros
EP518.RE.JR204 8
³
53°W
Cota 150
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!!
!
! ! !
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
! !
! !
!!
!!
!
!
!!!
Amapá
!
!
! !
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
! !
Eixo Urucupatá !!
!
! !
0°30'N 0°30'N
!
!
!
!
!!!
!!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!!
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!! !! !
!
!!
!
!!
!
!!
!
!!
!! !
!
!
!!
!
!!
!!
!!
!!
!!
!
!!
!!
!
!!
!!!
!
!!
!!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!!
!!
!!
!!
!!
!!
!!
!!
!
! !
!
!!!!!!!!
!!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!!
!
!
!!
! !
!
!!!!!!!!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
! !
!
Cota 107
!!
!
!!
!
!
!
!
!
[
!!
!
!
!
]]
!
!
!
!
]
!
] ] ] !
]
]
Pará
!
! !
!
]] ]
]
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
]
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !! !
!
!
!! !!
!
!! !
!
!
!
R
!
!
!! !
!
!
!
!
! !
R
!
! !
! ! !
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!
! !
!!
!! !!
!
!
!
!
!
!
! !! !
!
! !
!
! !! !
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
!
! !
!
!
! !
!
!
R
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
FLOTA Parú !!
!!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!!
!
!
!!
!
!
! !
0° 0°
!
!
]
]
! !
]
!
!
]
]]
! !
]
!
!
! !
!
!
]] ]
Cota 86
!
Eixo Carecuru
!
!
!
! !
]]
]
]
]
!
!
! !
! !
!
! !
]
! !
!
Conveções Cartográficas ]
]
!
!
Demais Áreas !
!
]
]
] !
!
Geomorfologia Estrutural
]]]
!
!
P! Sede Municipal !
!
]]
]
!
!
[ Crista Assimétrica
! Povoado
]
]
! !
! Outras Localidades
]
!
! !
! !
! !
Crista Simétrica
!
!
]]
]
] ]Faceta
]
! !
]
Triangular de Falha !
]
!
Legais
]
!
!
]
]
Linha de Cumeada
! !
Unidades de Conservação
KKK Marcas de Enrugamentos
! !
Estadual
]
]
! !
FLOTA Parú
]
]
!
!
]]
REBIO Maicuru
!
Cordão ou Dique
!
!
]
] ]
] ]
!
!
]
!
!
PN Montanhas do Tumucumaque
]
! !
Linha de Cumeada
]
!
!
!
!
Eixo Açaipé
!
!
!
! ! !
!
! !
! !
!
!
km
!
!
!
0 5 10 20 30 40
53°W
Hydros
EP518.RE.JR204 9
2 ESTRUTURA METODOLÓGICA
A Figura 2-1 a seguir apresenta as grandes etapas da AAI e sua interface com o Inventário.
1
Resultante da agregação dos Componentes-síntese Modos de Vida, Organização Territorial e Base Econômica
dos Estudos de Inventário.
2
Nesta AAI, as Populações Indígenas mereceram um tema-síntese à parte devido à predominância e à relevância
dessas populações dentro do contexto socioambiental da bacia, desempenhando um grande papel, tanto em
termos de extensão territorial, como na conservação do meio biótico (Ecossistemas Aquático e Terrestre),
diferentemente de outros estudos de Avaliação Ambiental Integrada desenvolvidos pela EPE. Na bacia do rio
Branco, a população indígena é numerosa e constitui uma das populações menos contatadas com a sociedade
envolvente, se comparada com povos indígenas de outros estados do país.
Hydros
EP518.RE.JR204 10
Figura 2-1 – Fluxograma das etapas da AAI e sua interface com as etapas do Inventário
Hydros
EP518.RE.JR204 11
- Caracterização
- AAD – Avaliação Ambiental Distribuída
- AAI – Avaliação Ambiental Integrada
Hydros
EP518.RE.JR204 12
Voltando para a Figura 2-1, após a conclusão da etapa de Caracterização, tem-se a etapa de
AAD. Esta etapa corresponde à avaliação da Sensibilidade Socioambiental do Cenário Atual.
Na análise de Sensibilidade, são identificadas, para cada tema-síntese, as regiões da bacia que
terão maior ou menor capacidade de reagir quando afetadas pela ação antrópica.
Finalmente, na etapa de AAI, é realizada a avaliação espacial e temporal dos cenários de
desenvolvimento socioeconômico, no horizonte de 20 anos (i.e., 2030), com e sem a
implantação da alternativa selecionada. Para tanto, primeiramente elaborou-se o Cenário
Macroeconômico 2030, tendo como referências os Planos Nacionais e Decenais de Energia,
as tendências de crescimento populacional e do PIB, entre outras variáveis. Partindo-se deste
Cenário Macroeconômico, a análise de Sensibilidade Socioambiental do Cenário 2030 foi
elaborada utilizando-se os mesmos indicadores da análise de Sensibilidade Socioambiental do
Cenário Atual, porém, com índices e localização no espaço atualizados conforme o Cenário
Macroeconômico. Os Impactos dos aproveitamentos selecionados, por sua vez, são
identificados e avaliados principalmente a partir da espacialização ponderada dos impactos
esperados e avaliados no Inventário, com destaque para seus efeitos sinérgicos e cumulativos
quando estes aproveitamentos são implantados concomitantemente ou operam em conjunto. A
análise de Fragilidades e Potencialidades foi feita a partir do cruzamento das áreas de
sensibilidade identificadas em cada tema-síntese, com a espacialização dos impactos
decorrentes do conjunto de aproveitamentos da alternativa selecionada. Nesta etapa, são
destacados também os conflitos potenciais decorrentes da implantação de tais
empreendimentos.
Ao final da etapa de Fragilidades e Potencialidades, realizou-se uma análise comparativa dos
cenários socioambientais, resgatando informações relevantes que foram analisadas nas etapas
anteriores. A análise comparativa permitiu o melhor entendimento do contexto da evolução
dos cenários socioambientais e auxiliou a formulação do Quadro Referencial para
Sustentabilidade esperado para a bacia, que teve como referências os dispositivos legais e
normativos, como as áreas legalmente protegidas federais e estaduais, os zoneamentos
ecológico-econômicos do Pará e Amapá e as informações obtidas nos estudos. Baseando-se
neste quadro, foram elaboradas as Diretrizes e Recomendações que nortearão as ações a
serem tomadas para subsidiar o processo de licenciamento ambiental e a implantação dos
empreendimentos e assim como a sustentabilidade socioambiental da bacia.
Com a finalidade de divulgar os estudos da AAI junto aos órgãos governamentais dos estados
do Amapá e do Pará a aos diversos segmentos representativos da população de ambos os
estados e de coletar subsídios e informações para o aperfeiçoamento da AAI e o
desenvolvimento dos estudos subsequentes, é prevista a realização de um seminário de
divulgação da AAI. Ao relatório final da AAI serão adicionadas as informações coletadas
neste seminário.
Hydros
EP518.RE.JR204 13
O rio Jari escoa na direção NW-SE, limitando geograficamente os estados do Amapá e Pará.
A nascente do rio situa-se na Serra do Tumucumaque, na fronteira do Brasil com o Suriname,
nas chamadas Colinas do Amapá.
Seus principais contribuintes são: (i) pela margem direita, de montante a jusante, o igarapé
Paruzinho, o rio Ipitinga, o rio Carecuru e o igarapé Carucaru ou Caracaru; e (ii) pela margem
esquerda, de montante a jusante, os rios Curapi, Culari, Cuc, Mapari, Noucouru e Iratapuru.
Todos os rios que compõem a bacia do rio Jari são derivados da região do Escudo Arcaico das
Guianas (Desenho Nº EP518.A1.JR-08-015, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-
PA – Estudo de Inventário Hidrelétrico - Mapa da Rede Hidrográfica - Planta”).
Nas proximidades da confluência com o rio Ipitinga, a aproximadamente 200 m de altitude,
após a confluência com os rios Cuc e Mapari, associado ao afloramento de rochas dos
Planaltos Residuais do Amapá, há o alargamento de seu curso e a formação de diversas ilhas e
cachoeiras.
O trecho entre a confluência do rio Ipitinga até a confluência do igarapé Carucaru é definido
como médio curso, caracterizado por várias quedas d’água, com declividade em torno de 10 a
30%, que inviabiliza a navegação. O curso inferior do rio Jari é delimitado pela confluência
do igarapé Carucaru, até a sua confluência com o rio Amazonas. Essa região se caracteriza
como uma planície, com declividade quase nula, onde ocorrem as áreas alagáveis.
O regime hidrográfico da bacia do rio Jari é definido por um período de cheia, entre os meses
de março a julho, onde a maior cheia ocorre normalmente no mês de maio. Os períodos mais
secos compreendem os meses entre outubro a dezembro, sendo comumente outubro o mês
mais seco.
A bacia do rio Jari se insere na Província Hidrogeológica do Escudo Setentrional e Amazonas.
Ela apresenta um domínio de substrato alterado e um sistema de aqüífero fissural, o qual é
formado por rochas alteradas e/ou fraturadas, onde a circulação da água se faz nas fraturas,
fendas e falhas, abertas devido ao movimento tectônico. A capacidade de acumulação de água
dessas rochas é baixa, pois está relacionada com a quantidade de fraturas, aberturas e
intercomunicações, permitindo a infiltração e fluxo da água. Depreende-se, assim, que o
volume de água armazenada no subsolo é pobre, para dar atendimento às diversas
necessidades de abastecimento atuais e potenciais (humano, agrícola, animal, etc.).
A qualidade da água armazenada no subsolo, devido aos processos de filtragem que ocorrem
quando da passagem da água pelos poros e fraturas das rochas, é usualmente boa, porém é
possível ser afetada pela contaminação de elementos químicos eventualmente presentes nas
rochas.
Hydros
EP518.RE.JR204 14
No que se refere aos aspectos de qualidade de água constata-se o nível de qualidade da água é
bastante elevado, decorrentes da alta conservação da vegetação nativa e da baixíssima
ocupação antrópica observada na bacia em estudo. Seus rios possuem baixa quantidade de
material em suspensão, são oligotróficos e possuem pH ácido, enquadrando-se como rios de
águas claras na classificação de Sioli (1950).
As ações antrópicas são observadas, de forma mais avançada, somente na porção sul da bacia,
decorrentes de implantação de um grande projeto de reflorestamento, porém sem
comprometer os parâmetros de qualidade da água, devido à grande disponibilidade de água
nesse trecho do rio.
Hydros
EP518.RE.JR204 15
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
]
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
2°N !
!
!
2°N
!
!
!
!
!!
!
! !
! !
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
! !!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
! ! !
! !
K
!
K
!
!
!
!
Amapá
!
!
!
!
K
!
!
!
!
K
!
!
!
!
!
!
! !
!!
!
!
!
!
!!
! ! !
!
!
!
! ! !!
! !
!
!!
! !
!
!!
!
! ! !
!!
!!
!
T.I. Rio Paru D'Este
!
!
!!
!
!!
!
T.I. Waiãpi
!
!
! !
!!
!
!
! !
!
!
! !
!!
! !
!
!!!!
!
! !
!
!!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
!
!
]
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!!
!
!!
!
!
!
!
! !
!!
!!
!!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!!
!! !!
!
!
!
!!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!!
Pará
!
!
!! !
!
!
!! !! !!
!!
!!
!!
! !
!
!
!
!
FLOTA Paru
!!
!
! !
!
!!
!
!
!
!
!
[
!
!! !
!
! !
]
!
!
!
!
]
0° 0°
!
]
]]
! !
!
!
]
]
! ! !
!
]]]
] ESEC Jari
!
] !
]
!
!
]]
!
!
]
!
!
!
!
]
] ]
!
]
!
Conveções Cartográficas
]
!
!
] !!
!
Demais Áreas da Bacia ! !
! !
!
Hidrografia Principal
!
] ]
!
!
]
P Sede Municipal
!
Geomorfologia Estrutural !
! !
RESEX do
]
!
! Povoado
!
!
!
] !
R
!
! !
! !
! Outras Localidades
!
!
!
!
! !
!
! !
! !
! !
!
Crista Simétrica ! !
!
!
R
! !
! !
!
!
!
! !
! !
!
! !
! !
! !
!!
!
!
!
!
Estadual
KKK Marcas de Enrugamentos
! !
!!
!!
! ! !
!! ! !
FLOTA Paru
!
Ressalto
!
!
!
REBIO Maicuru
!
! !
!
Cordão ou Dique !!
R
Unidades
!
de Conservação Federal
!
Escarpa Erosiva
!
Terras Indígenas !
Vale ou Sulco Estrutural
! !
!
2°S Áreas Antropizadas Infra - Estrutura 2°S
!
Culturas Cíclicas !
! Rodovias
! !
Pecuária
! (pastagens) Via não Pavimentada
!
! km
Reflorestamento Eucalipto Outras Estradas
! !
0 15 30 60 90 120
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 16
De forma semelhante à que ocorre com a maioria dos grandes afluentes do Amazonas, o rio
Jari apresenta dois trechos distintos: o trecho inferior, a jusante das cachoeiras, de águas
tranqüilas e sob o controle do rio Amazonas, navegável até mesmo por grandes embarcações;
e o trecho superior, de forte declividade, onde estão presentes numerosos travessões rochosos
que formam corredeiras e saltos de considerável altura. O rio Jari é navegável, em termos
comerciais, até a cachoeira de Santo Antônio, localizado pouco a montante da área urbana do
município de Laranjal do Jari. O trecho com possibilidade de navegação marítima alcança a
localidade denominada Mulungu, situada a jusante de Laranjal do Jari, onde se situa o porto
fluvio-marítimo do empreeendimento Jari Celulose. A montante deste trecho, o rio é utilizado
basicamente pela população local para suas atividades de extrativismo na mata, não havendo
vias de acesso terrestres para a porção do alto e médio Jari. Por este motivo, apesar do
potencial concernente ao ecoturismo na região pela abundância de cachoeiras e corredeiras,
esta ainda é uma atividade incipiente na bacia, que se concentra na região da cachoeira Santo
Antônio.
Apresenta-se, a seguir, o mapa com as delimitações das subáreas deste tema-síntese, bem
como o quadro com as principais características que as distinguem.
Hydros
EP518.RE.JR204 18
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!! !
2°N ! !
2°N
!
!
! !
!
!
!
! !
! ! !
!!
! ! ! !
! !
!
!
!
!
!
!
I
!
! !
!!
!
!
! !
! ! !
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
Amapá
! !
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
Pará
II
!
!
! !
!
!
!!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Legenda
! !
!!
! !
! !
!
!
!
!
III
! !
Área de Drenagem
!
! !
!
! !
! !
!
!
! !
!
!
Hidrografia Principal
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
! !
!
! !
! ! !
! !
!!
!
! !
!
! !
! !
! !
!
!!
!
!
!!
!
! !
! !
!! ! !! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!! !
!
SubÁrea I
SubÁrea II
2°S 2°S
SubÁrea III
km
0 15 30 60 90 120
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 19
Ocorrência de
espécies sensíveis
Mata alagável
Área de menor Qualidade ótima; à ocupação
I – Ambientes concentrada em
declividade e difícil acesso antrópica do
Altamente alguns trechos às
maior Densidade garante sua meio, o que indica
Conservados margens do rio
de Drenagem qualidade o alto grau de
Jari
conservação do
local
Ictiofauna
Área de maior
diferenciada da
declividade, com
Mata alagável subárea III, uma
abundância de Qualidade ótima;
concentrada em vez que a
II – Ambientes cachoeiras e difícil acesso
alguns trechos às cachoeira Santo
Encachoeirados corredeiras. garante a sua
margens do rio Antonio pode se
Densidade de qualidade
Jari comportar como
Drenagem
uma barreira
heterogênea
natural
Migração
ascendente de
peixes
Área de menor
migratórios
declividade. Qualidade boa, Extensa área de
provavelmente
Apesar disso, porém está sujeita mata alagável;
limitada pela
destaca-se a à maior alguns trechos
III – Ambientes cachoeira Santo
cachoeira Santo degradação degradados pela
Inundáveis Antônio, que
Antônio. devido à maior urbanização,
pode se constituir
Densidade de ocupação pecuária e
em uma barreira
Drenagem antrópica na bacia silvicultura
natural à
intermediária
migração de
várias destas
espécies.
Hydros
EP518.RE.JR204 20
A região onde se insere a bacia hidrográfica do rio Jari é de domínio da Floresta Ombrófila
Densa, onde há predominância do clima Equatorial Quente Úmido com 1 a 2 meses secos. As
variações deste tipo florestal estão condicionadas aos fatores geomorfológicos, edáficos e
altitudinais locais.
Na porção norte na bacia, o substrato geológico é caracterizado predominantemente pela Suíte
Intrusiva Água Branca, alternando para o Complexo Tumucumaque (Desenho Nº
EP518.A1.JR-02-013, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de
Inventário Hidrelétrico - Mapa Geológico - Planta”). Sob o ponto de vista geomorfológico,
apresenta uma grande uniformidade, no qual domina o compartimento Colinas do Amapá,
sendo encontradas apenas pequenas manchas dos Planaltos Residuais do Amapá (Desenho Nº
EP518.A1.JR-02-014, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de
Inventário Hidrelétrico - Mapa Geomorfológico - Planta”). Os solos também apresentam certa
uniformidade. Toda a margem esquerda do rio Jari apresenta Latossolos Vermelho-Amarelos
que, na margem oposta ocorrem entremeados a manchas de Argissolos Vermelho-Amarelos
(Desenho Nº EP518.A1.JR-02-012, intitulado “Mapa Pedológico: Classes de Solos - Planta”).
As Florestas Ombrófilas Densas revestem todo esse espaço geográfico, em um contínuo
florestal que se diferencia, na escala de trabalho adotada, apenas pelas variações topográficas
e pelas características do dossel. De modo geral apresenta árvores emergentes a oeste e norte,
diferenciando-se a centro e a leste pela uniformidade do dossel (Desenho Nº EP518.A1.JR-
08-009, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de Inventário Hidrelétrico
- Mapa de Cobertura Vegetal e Uso do Solo - Planta”).
Essa aparente homogeneidade de florestas densas de terra firme é interrompida apenas pelas
linhas de drenagem, que condicionam a presença de Florestas Aluviais. Estas são contíguas às
florestas de terra firme, não constituindo, portanto, fator de solução de continuidade. Ainda,
em correspondência às Colinas do Amapá, ocorrem manchas de vegetação arbustiva,
identificadas como Refúgios Vegetacionais Arbustivos, em meio às extensas Florestas
Ombrófilas.
À exceção da Terra Indígena Waiãpi e das Terras Indígenas do Tumucumaque e Rio Paru
d’Este todo o restante da porção norte da bacia encontra-se protegida na forma de Unidades
de Conservação de proteção integral, representadas pelo Parque Nacional Montanhas do
Tumucumaque e pela Reserva Biológica do Maicuru (Figura 3.1-1). Essa ampla área
apresenta-se em bom estado de conservação, sem alterações antrópicas significativas.
Na porção central da bacia, o substrato geológico é caracterizado predominantemente pelo
Complexo Tumucumaque, associado a manchas de outras origens. Do ponto de vista
geomorfológico, apresenta certa gradação, variando do compartimento Colinas do Amapá até
aproximadamente a foz do rio Mapari, a partir de onde aos poucos cede lugar aos Planaltos
Residuais do Amapá. Estes, por sua vez, fazem contato com a Depressão Periférica da
Amazônia Setentrional.
Os solos, por sua vez, apresentam um padrão de uniformidade em toda a margem esquerda do
rio Jari, onde são encontrados os Latossolos Vermelho-Amarelos. Na margem oposta, estes
ocorrem entremeados a manchas de Argissolos Vermelho-Amarelos, que se desenvolvem em
correspondência à Depressão Periférica. Também na margem direita, pequenas manchas de
Neossolos Litólicos podem ainda ser observadas nas proximidades do rio Carecuru.
Hydros
EP518.RE.JR204 21
Sobre esse espaço geográfico, assim como na porção norte da bacia, há o predomínio das
Florestas Ombrófilas Densas, eventualmente entremeadas por Florestas Aluviais nas linhas de
drenagem. Distintamente do norte da bacia, a sudoeste dessa porção central, manchas de
Florestas Ombrófilas Abertas intercalam-se à Floresta Ombrófila Densa, quebrando o extenso
domínio florestal denso.
A presença de extensas unidades de conservação de uso sustentável (à exceção da Estação
Ecológica do Jari) é fator indicativo do uso antrópico futuro que, ainda que brando e
delimitado em planos de manejo, determinará alterações no padrão original da composição e
organização das comunidades biológicas. A porção central da bacia representa então uma
extensa faixa de amortecimento entre o setor sul da bacia, com elevado nível de antropização
(para os padrões da bacia como um todo), e o setor norte, altamente preservado.
A fauna de vertebrados terrestres nas porções norte e central da bacia é assinalada pela grande
riqueza de espécies e elevado número de táxons endêmicos que caracterizam a região
zoogeográfica do nordeste da Amazônia (Centro Guyana). Entretanto, deve-se ressaltar que a
heterogeneidade ambiental reconhecida para os ambientes amazônicos caracteriza e
condiciona a distribuição das espécies de vertebrados terrestres.
A porção sul da bacia hidrográfica em análise, compreendendo o baixo curso do rio Jari e a
área drenada pelos afluentes desse trecho, onde se destaca o igarapé Carucaru, é caracterizada
por um substrato geológico em faixas onde se alternam, no sentido norte para sul, o Grupo
Trombetas, a Formação Maecuru, a Formação Ererê, o Grupo Curuá, o Grupo Barreiras, que
prevalece em relação aos demais, os Terraços Holocênicos e os Aluviões Holocênicos.
Eventualmente há o aparecimento do Diabásico Penatecaua e com mais freqüência a
Cobertura Detrito-Laterítica Paleogênica.
Do ponto de vista geomorfológico, os terrenos são caracterizados por três compartimentos. O
Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Amazonas localiza-se a norte e em contato com
a Depressão Periférica, enquanto o Planalto do Uatumã-Jari situa-se mais ao sul. Ao longo
dos cursos d’água de maior porte, bem como no extremo sul da bacia, até a foz do rio Jari,
observa-se, ainda, a Planície Amazônica.
O substrato pedológico é caracterizado por um mosaico de solos, onde se intercalam
Latossolos Amarelos e Latossolos Vermelho-Amarelos, Argissolos e localmente, Neossolos
Litólicos. Ao longo dos canais hídricos de maior porte, como o rio Jari e o igarapé Carucaru, e
na porção final da bacia hidrográfica, estão presentes Gleissolos.
Nessas condições fisiográficas desenvolvem-se Florestas Ombrófilas Densas Submontanas, de
Terras Baixas e Aluviais, intercaladas com manchas de Florestas Ombrófilas Abertas e
extensas áreas de reflorestamento de eucalipto, presentes predominantemente na margem
direita do rio Jari. Na porção mais ao sul, na planície, sobre Gleissolos, a floresta é substituída
por Formações Pioneiras. Núcleos urbanos também se concentram nessa porção da bacia.
A presença marcante de formações sob grande influência da dinâmica dos cursos d’água,
como as Florestas Aluviais e as Formações Pioneiras, condiciona uma fauna com
características particulares. Um grande número de táxons se associa preferencialmente a estes
ambientes, sendo um número relativamente pequeno de espécies compartilhadas com outras
formações como aquelas de terra firme.
Portanto, um mosaico de diferentes feições de Floresta Ombrófila, associado à presença de
Formações Pioneiras, ao qual se intercalam extensos reflorestamentos e núcleos urbanos,
marcam essa porção da bacia, onde, à exceção de um pequeno trecho ocupado pela Reserva
Extrativista (RESEX) Rio Cajari, no limite leste, não se verificam áreas legalmente protegidas
na forma de Unidades de Conservação e nem de Terras Indígenas. Essa porção da bacia
Hydros
EP518.RE.JR204 22
representa uma marcante ruptura na continuidade original, formada por uma paisagem
naturalmente heterogênea sob influência antrópica cujas características determinam um
padrão contrastante com o restante da bacia.
Apresenta-se, a seguir, o mapa com as delimitações das subáreas deste tema-síntese, bem
como o quadro com as principais características que as distinguem.
Hydros
EP518.RE.JR204 23
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
! !
!
!
I
! !
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
Pará
II
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
Legenda
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
Área de Drenagem
III
!
! !
!
! !
!
!
!
!
! !
Hidrografia Principal
!
! ! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
! !
!!
!!
! !
!! !! !
!
!
!
! !
!
!!
Subárea I
Subárea II
2°S 2°S
Subárea III
km
0 15 30 60 90 120
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 24
Quadro 3.2–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese “Meio Físico e Ecossistemas Terrestres” da Bacia
Hidrográfica do Rio Jari
Unidades de
Subárea Aspectos Fisiográficos Vegetação Espécies identificadas típicas da fauna Conservação/Tipo de
proteção
Hydros
EP518.RE.JR204 25
Unidades de
Subárea Aspectos Fisiográficos Vegetação Espécies identificadas típicas da fauna Conservação/Tipo de
proteção
Vegetais e de Usos Antrópicos
Florestas Ombrófilas
colinas e vales encaixados (a Herpetotheres cachinnans (acauã), Patagioenas
Densas Submontana, de
norte), e planície (a sul), plumbea (pomba-amargosa), Brotogeris chrysoptera
Terras Baixas e
formados por rochas (periquito-de-asa-dourada), Piaya cayana (alma-de-
Aluviais, com manchas Pequenas porções da
cristalinas e sedimentares, gato), Pteroglossus aracari (araçari-de-bico-branco),
de Florestas Ombrófilas RESEX do Rio Cajari /
respectivamente. Os solos Taraba major (chorá-boi), Legatus leucophaius
Abertas, extensas áreas Uso sustentável
apresentam-se em mosaicos, (bem-te-vi-pirata), Tityra cayana (anambé-branco-
de reflorestamento de
onde se intercalam Latossolos, de-rabo-preto), Turdus leucomelas (sabiá-barranco),
Eucaliptus e Formações
Argissolos, Gleissolos e Tachyphonus cristatus (tiê-galo) e Dacnis cayana
Pioneiras
localmente, Neossolos. (saí-azul).
Hydros
EP518.RE.JR204 26
3.3 SOCIOECONOMIA
A organização territorial da bacia do rio Jari decorre de duas formas de ocupação: a primeira,
onde estão concentradas as principais estruturas territoriais devido ao Projeto Jari; a segunda
formada por Unidades de Conservação - UCs e Terras Indígenas – TIs, onde a ocupação
antrópica é rarefeita e basicamente de populações indígenas. A primeira está situada na
porção sul da bacia, correspondendo a cerca de 20% da sua área, e a segunda situada nas
porções central e setentrional da bacia, correspondendo a praticamente 80% de toda a área da
bacia.
Hydros
EP518.RE.JR204 27
³
53°W 52°W
!!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
! !
0° 0°
! !
]
! !
]
! !
! !
RDS Rio Iratapuru
! !
!
!
]
!
]
! ! !
]
! !
!
!
]
!
]]
!
!
FLOTA Parú
!
]]
]
!
]] ]
!
!
!
] ]
! !
]
!
!
]
]
!
]
!
]
!
!
! !
]
! !
]
]
!
!
]
]
!
!
] Amapá
!
!
]
]
!
!
] ]
] RESEX do Rio Cajari
]
! !
ESEC Jari ] ! !
! ] ]
!
!
] !
!
!
! !
!
! ! !
!
! !
!!
! !
]
]
! !
] !
!
!
!
!
! !
!
]
! !
]
!
!
!
!!
]
]]
!
]
Pará
]
!
!
!
!
! !
R
! !
!
! !
! !
!
! !
!
!
!
! !
] !
!
!
! !
! !
! ! R
!
!
! !
! !
1°S 1°S
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
! ! !
!
! ! ! !
!
! ! !
! !
! !
!
! !
!
! !
! !
!
! ! ! !
!
! ! !
!
!
! ! ! ! !
! ! !
!
!
!
! ! !
!
!
! !
! !
!
! !
!
!
!
! !
Conveções Cartográficas
!
! !
!
!
!
!!
!
!
! ! !
!
! !
!! ! !
! !
! !
! !
!
!
! ! !
P Sede Municipal
!
[ Crista Assimétrica
!
!
! Povoado
!
!
!
! !
! !
! !
!
Crista Simétrica
!
! Outras Localidades
!
]
!
!
!
!
!
!
Legais
! !
!
!
Linha de Cumeada
!
! !
!
!
! !
! !
!
!
! ! !
Unidades de Conservação
! !!
Estadual R
Figura 3.3-1 – Detalhamento das Áreas Antropizadas no Sul da Bacia do Rio Jari
Hydros
EP518.RE.JR204 28
Na bacia do rio Jari, o acesso a localidades rurais interiores é difícil, pois o principal meio de
circulação na região ainda é o rio Jari. Entre todos os trechos, o baixo rio Jari é o que oferece
melhores condições de navegabilidade e permite o acesso ao rio Amazonas, sendo navegável
tanto para as embarcações fluviais tradicionais da região como para navios marítimos. Isso
coloca a região em contato com os grandes portos da região norte e com portos de outros
continentes, para o escoamento de produtos industrializados de relevância econômica nacional
e internacional. Os contribuintes e igarapés da bacia complementam a grande rede de
navegação fluvial, utilizados pelas comunidades locais, em especial as populações ribeirinhas.
Em termos de sistema rodoviário federal, a única via existente é a BR-156, não pavimentada,
cujo traçado corta o estado do Amapá, conectando a sede de Laranjal do Jari/AP à capital
estadual Macapá. Quanto ao sistema rodoviário estadual a única via existente conecta a vila
Monte Dourado, onde está a Jari Celulose, à sede do município de Almeirim, situada fora da
bacia do rio Jari. Além destas existem estradas vicinais que conectam os núcleos
populacionais rurais da bacia aos núcleos urbanos.
Hydros
EP518.RE.JR204 29
54°W 52°W
!
!
!
! !
SURINAME
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
GUIANA FRANCESA
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
! !
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
! ! !
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
! !
! !
2°N 2°N
!
!
!
!
!
!
!!
! !
! !
! !
! !
! !! ! ! !
! ! ! !
!
!
! !
!
! !
!
! !
!
!
! !
!
! !
!
!!
!
Laranjal do Jari
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
AMAPÁ
! !
! !
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
!
! ! !
!
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
! !
PARÁ Almeirim
!
!
!!
!
!
!
!
!
! !
! !
! !
0° Mazagão 0°
! !
!
!
!
!
! ! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!!
! !
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
! !
! !
! !
! !
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
! !
Vitória do Jari
! !
!!
! !
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! ! ! !
! !
!!
! ! !
! !
! !
!
!
!!
!
!
! ! ! !
!!
! !
!
!
! !
! ! !
! !
! !
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!! ! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
!
!!
!!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
! ! ! !
!
! !
!
! ! ! ! !
!
km
0 10 20 40 60 80
54°W 52°W
Legenda
Área de Drenagem Municípios - Bacia do Rio Jari
Almeirim Mazagão
Hidrografia Principal
Laranjal do Jari Vitória do Jari
Hydros
EP518.RE.JR204 30
empresa Jari Celulose. Suas atividades agrícolas se concentram no entorno das aglomerações
urbanas, predominando as culturas alimentares de subsistência, tais como as da mandioca,
arroz, milho e feijão, além de pecuária pouco expressiva, com predomínio do rebanho
bufalino. Os pequenos excedentes da produção são comercializados nos núcleos próximos.
No restante da bacia, especialmente, nos alto e médio cursos do rio Jari, é muito reduzida a
antropização. Ali se destacam as UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável, cobertas por
florestas densas, contínuas e intocadas, e de TIs, não existindo qualquer infraestrutura. Nas
TIs, a organização do território só tem relevância sob ponto de vista das populações
indígenas. Na TI Waiãpi, situada na região nordeste da bacia, há infraestrutura aeroviária de
pequeno porte, que atende as populações indígenas e funcionários de entidades
governamentais e de Organizações Não Governamentais – ONGs. As poucas e rarefeitas
ocupações não indígenas, existentes nas áreas cobertas por florestas densas, são acessadas
somente por via aérea, com a utilização de pistas de pouso clandestinas para pequenas
aeronaves, em garimpos situados na região do rio Ipitinga, contribuinte do rio Jari, cujos
modos de vida caracterizados por Santos (2008) são como os de “povos da floresta”,
populações que vivem essencialmente do extrativismo disperso e esporádico de produtos
naturais existentes em florestas em áreas institucionalizadas como UCs, em locais de difícil
acesso3.
Destaca-se ainda, nesta porção da bacia, um amplo potencial econômico representado por
reservas minerais e florestais, bem como por atrações turísticas. Em grande parte, esse
potencial está legalmente destinado ao usufruto das etnias indígenas ou para a preservação e
estudo.
No interior e no entorno das UCs de Uso Sustentável, há um grande campo para a exploração
desses potenciais, especialmente a produção mineral e a exploração sustentada da madeira,
bem como para as atividades agro-extrativistas. Nelas, constatam-se, atualmente, a presença
de atividades de coleta e extração da castanha–do-brasil, coleta e beneficiamento do açaí e a
produção de palmito de buriti, as principais produções comerciais das famílias residentes nas
comunidades rurais. Essas são constituídas por ribeirinhos, que vivem predominantemente do
extrativismo, da pesca e da caça, além da agricultura de subsistência, destacando-se as
comunidades de Santo Antônio da Cachoeira e São Francisco de Iratapuru, esta última
localizada no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru. As
populações se distinguem na bacia, por apresentarem alto nível de organização social, pois
formam cooperativas que constituem o suporte para produção, beneficiamento e escoamento
dos produtos extraídos das matas (castanha-do-brasil), além de serviços de educação na
própria comunidade.
O rio Jari e seus afluentes, as vias e as estradas vicinais constituem os elementos da
estruturação do território. São os responsáveis pela circulação e comunicação, na porção sul
da bacia, habitada por uma população ribeirinha, com modo de vida essencialmente rural,
situada às margens do rio Jari e seus afluentes, em especial na região da planície amazônica
da bacia, próxima à confluência do rio Jari e com o rio Amazonas. Ali se destacam as
comunidades ribeirinhas Paga Dívida e Jarilândia, as mais antigas, pois nasceram juntamente
com o Projeto Jari. Essa população tira proveito das várzeas, desenvolvendo atividades
relacionadas com a pecuária (criação de gados bovinos e bufalinos, em moldes semi-
3
São populações que pela natureza da atividade desenvolvida, de difícil localização e pela pouca
representatividade numérica, não são ainda contabilizadas sistematicamente pelas instituições de pesquisa.
Hydros
EP518.RE.JR204 32
Hydros
EP518.RE.JR204 33
54°W 52°W
!
!
!
! !
SURINAME
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
GUIANA FRANCESA
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
! !
!
! !
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
! ! !
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
2°N 2°N
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!!
! !
! !
! !! ! ! !
! ! ! !
!
!
! !
!
! !
!
! !
I
!
!
! !
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
AMAPÁ
! !
! !
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
!
! ! !
!
!
!
!!
!
!
!
! !
!
! ! !
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
II
! !
PARÁ
!
!
!!
!
!
!
!
!
! !
! !
! !
0° 0°
! !
!
!
!
!
! ! ! !
III
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!!
! !
!
!
! !
!
!
! !
IV
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
! !
! !
! !
! !
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
! !
! !
!
!
! !
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
V
!
!
! !
!
!
!
! ! ! !
! !
!!
! ! !
! !
! !
!
!
!
!
! !
!
!
! !
! !
! !
!
!
! !
! ! !
! !
! !
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!! ! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
!
! !
!
!
!
! !
!
!
!
!!
!!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
! ! ! !
!
! !
!
! ! ! ! !
!
km
0 10 20 40 60 80
54°W 52°W
Legenda
Área de Drenagem Subáreas - Avaliação Ambiental Integrada
Subárea I Subárea IV
Hidrografia Principal Subárea II Subárea V
Subárea III
Hydros
EP518.RE.JR204 34
Terras Indígenas
Waiãpi, Rio Paru
Território estruturado
d'Este e Parque do
por aldeias indígenas Atividades
População Tumucumaque, Parque
I conectadas por indígenas de
indígena Nacional Montanhas
circulação fluvial e subsistência
do Tumucumaque e
pista de pouso
Reserva Biológica
Maicuru
Atividades
População industriais,
Território estruturado
predominantem comerciais e de
por núcleos urbanos
ente urbano- serviços em áreas
polos da bacia Reserva Extrativista do
IV industrial e urbanas e
conectados por Rio Cajari
populações atividades de
circulação fluvial e
rural e agropecuária de
rede rodoviária
ribeirinha subsistência em
áreas rurais
Hydros
EP518.RE.JR204 35
Na bacia em análise foram identificadas três Terras Indígenas, situadas uma no estado do
Amapá e duas no Pará, a saber:
TI Waiãpi: onde vive a etnia Waiãpi (denominação também grafada Wajãpi, Uaiampi,
Waiampi, Oiampi). Localiza-se na porção nordeste da bacia, no estado do Amapá. Na Guiana
Francesa, os Waiãpi residem na faixa de fronteira com o Brasil, na margem esquerda do rio
Oiapoque. Co-habitavam também com famílias do povo Aparai e Wayana nas Terras
Indígenas Parque de Tumucumaque e Paru d’Este (Gallois; Grupioni, 2003).
TI Parque do Tumucumaque: onde vivem as etnias Aparai e Wayana, Txutyana, Kaxuyana,
Tiriyó, um pequeno grupo Waiãpi, e há registro de povos isolados. Localiza-se na porção
noroeste da bacia, no estado do Pará. As aldeias se localizam fora da bacia em análise4.
TI Paru d’Este: onde vivem as etnias Aparai e Wayana, e Waiãpi. Localiza-se na porção oeste
da bacia, no estado do Pará. As aldeias se localizam também fora da bacia em análise.
4
As caracterizações detalhadas dos povos que vivem nas TIs Parque do Tumucumaque e TI Paru d´Este
encontram-se descrita no diagnóstico socioambiental.
Hydros
EP518.RE.JR204 36
Hydros
EP518.RE.JR204 37
As três Terras Indígenas têm seus territórios homologados, que dão direito legal ao uso do
povo que ali vive atualmente. No presente estudo, os Wãiapi mereceram menção especial,
pois as aldeias estão presentes na bacia, ao contrário de outros povos. Estes, embora parte de
suas terras esteja inserida na bacia em análise, a freqüência de uso desta porção inserida na
bacia deve ser reduzida, fazendo parte da área de perambulação menos freqüente que as
porções não inseridas na bacia em análise.
No caso dos povos Wãiapi, a área total da TI é de cerca de 600.000 ha e cerca de 58% está
inserida na bacia; o número total das aldeias na TI é de 48 aldeias e 19 estão inseridas na
bacia; o total de indivíduos na TI é de cerca de 800 indivíduos, e tomando como hipótese que
as aldeias têm o mesmo número de indivíduos, cerca de 400 indivíduos vivem na bacia em
análise.
Os povos Wãiapi são originários do baixo Xingu até chegarem à ocupação atual, onde
conseguiram conquistar a homologação de suas terras. São remanescentes de um povo outrora
muito mais numeroso, constituído por vários grupos independentes com população total
estimada, para o início do século XIX, em cerca de seis mil pessoas.
O forte isolamento que resultou dos processos de migração os levou a serem considerados
quase extintos, já nas décadas de 1930 e 1940. A migração em ondas sucessivas levou à
ocupação de regiões geográficas distintas e a diferentes experiências de contatos intertribais, o
que acabou por consolidar sua subdivisão em três subgrupos principais, com diferenças
culturais entre si: o do Jari/Cuc, o do Oiapoque, e os subgrupos do Amapari.
Os Waiãpi do Oiapoque absorveram aspectos das culturas Caribe, com que têm contato
próximo. Os Waiãpi do Amapari – foco principal deste estudo, de outro lado, permaneceram
mais isolados do que outros grupos e ainda retêm a cultura considerada a mais autêntica do
povo Waiãpi. Seus modo de vida e tradições diferenciam-se significativamente daqueles dos
povos da Guiana Francesa, em função do padrão de adaptação ecológica à região de serras do
noroeste do Amapá, e não às margens de rios, caso dos Waiãpi do Oiapoque.
O contato oficial com os indígenas do Amapari ocorreu em 1973, na ocasião em que a equipe
da FUNAI preparava os trabalhos de abertura da rodovia Perimetral Norte (BR-210), que
cruzaria áreas ocupadas pelos Waiãpi. Os graves conflitos resultaram na interrupção dos
trabalhos de construção da estrada.
Somente na década de 1990, os Waiãpi começam a constituir a relação política formal com a
sociedade envolvente, formando em 1994 o Conselho das Aldeias Waiãpi, constituído por
chefes de família. Em 1996, é obtida a homologação do território. A TI Waiãpi corresponde à
área de ocupação tradicional, sendo considerada o “berço dos Waiãpi”.
Uma das manifestações tradicionais que começa a ser utilizada como expressão de identidade
grupal é a rica linguagem de grafismos empregada no corpo e em objetos. A língua e suas
particularidades regionais são também expressões de identidade. No entanto, elas podem vir a
perder seu significado, em função do avanço rápido do uso do português e da cultura da
sociedade envolvente, principalmente entre a população masculina jovem.
O atributo “mobilidade” é o que melhor define o princípio norteador das relações sociais e
ambientais. Ela é intrínseca à prática extensiva do sistema de agricultura denominada de corte
e queima (o roçado). A mobilidade no sistema decorre do período de pousio, necessário para
recuperação de fertilidade e em que novas roças são abertas, refletindo, no âmbito da
organização social, os processos de formação de novas aldeias.
Hydros
EP518.RE.JR204 38
Hydros
EP518.RE.JR204 39
5
CAMPBELL, A. T. Getting to know Waiwai: an Amazonian Ethnography. New York, NY: Routledge,
1995.
Hydros
EP518.RE.JR204 40
grupos étnicos e com a sociedade envolvente, o que lhes têm favorecido no suprimento de
suas necessidades e atendimento de suas aspirações enquanto indivíduos e enquanto grupo.
Hydros
EP518.RE.JR204 41
Hydros
EP518.RE.JR204 42
4.1.2 METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a análise de sensibilidade foi baseada nos estudos de Avaliação
Ambiental Integrada desenvolvidos pela EPE entre 2006 e 2008, em especial o estudo para a
bacia do Rio Doce. Para a análise da bacia do rio Jari, foram necessárias algumas adaptações,
que resultaram das discussões entre profissionais que integraram a equipe multidisciplinar do
presente Estudo.
Inicialmente, foram identificados os Indicadores de Sensibilidade Ambiental – ISA,
obedecendo ao princípio básico de expressar os aspectos relevantes identificados para a bacia
e representar espacialmente a sensibilidade socioambiental, com possibilidade de
extrapolação temporal das informações (cenários futuros), indicando assim a capacidade de
manutenção do sistema socioambiental na bacia.
Os Indicadores de Sensibilidade selecionados preliminarmente foram submetidos a uma
análise de consistência pela equipe multidisciplinar, que se ateve a avaliar os Indicadores de
Sensibilidade dentro do tema-síntese e dentro do sistema socioambiental da bacia. Esses
indicadores refletem as sensibilidades mais relevantes da bacia, com relação a cada tema-
síntese: Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, Meio Físico e Ecossistemas Terrestres,
Socioeconomia e Populações Indígenas.
Para garantir o máximo de objetividade na espacialização de informações, foi levada em
consideração a disponibilidade de dados e informações relevantes mapeáveis e a possibilidade
da extrapolação temporal das informações.
Para cada tema-síntese foi definido um conjunto de Indicadores de Sensibilidade Ambiental,
que por sua vez resultam da agregação de um conjunto de Variáveis. Essas Variáveis foram
plotadas em mapas, cuja agregação resultou no mapa do Indicador de Sensibilidade. A
agregação dos mapas dos Indicadores de Sensibilidade, por sua vez, resultou no mapa de
Sensibilidade Socioambiental do tema-síntese. A figura a seguir apresenta de forma gráfica os
procedimentos adotados.
Hydros
EP518.RE.JR204 43
Hydros
EP518.RE.JR204 44
n
Onde ∑p
i =1
ISAi =1
Ainda, para possibilitar a diferenciação de graus de sensibilidade numa mesma variável, cada
uma das Variáveis selecionadas foi classificada em cinco graus de sensibilidade: Muito Baixo,
Baixo, Médio, Alto e Muito Alto. Para efeito de comparação, os graus foram definidos
considerando parâmetros internos à bacia, ou valores estabelecidos por normas técnicas,
instituições governamentais ou pesquisa acadêmica. Como exemplos, têm-se o índice de
Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, estabelecido pela ONU, e o número de
leitos/habitante, estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.
A determinação dos graus, quando se tratou de valores numéricos, foi considerada a partir das
médias aritméticas, atribuída ao valor central o grau médio, permitindo definir os demais
graus com a variação que ocorre no entorno deste valor. Entretanto, quando se verificou que
houve uma concentração muito grande dos valores em uma única classe, optou-se por aplicar
nova redistribuição dos valores, objetivando maior espalhamento dos dados nas classes
existentes.
Desta forma, para a definição dos graus de sensibilidade para cada variável fez-se recurso a
parâmetros:
• Regional: utilização de escala de valores que a variável apresenta na região
amazônica, conforme dados gerados no Diagnóstico Socioambiental;
• Nacional: as referências utilizadas foram aquelas adotadas pelo IBGE, MS, MMA, etc;
Hydros
EP518.RE.JR204 45
Grau Grau
Variável Classes de Avaliação Parâmetro
Qualitativo Numérico
Muito
1 Sensibilidade muito baixa
Baixo
Baixo 2 Sensibilidade baixa
Variável j Bacia
Médio 3 Sensibilidade média
Alto 4 Sensibilidade alta
A partir da determinação consensual dos pesos e dos graus de sensibilidade de cada Variável,
foi formado o banco de dados em SIG, que permitiu gerar os mapas correspondentes a cada
Indicador de Sensibilidade por tema–síntese. Estes mapas foram objeto de análise criteriosa
por parte da equipe técnica multidisciplinar, com o intuito de dirimir possíveis inconsistências
nos indicadores de sensibilidade e realizar a reponderação dos valores aplicados às variáveis
quando fosse necessário.
Após este processo, os mapas dos indicadores de sensibilidade foram agregados e sobrepostos
em Mapas de Sensibilidade Integrada dos temas-síntese definidos para a bacia. Esta agregação
foi realizada através de ponderação e posterior soma dos valores de sensibilidade de cada
indicador, visando representar sua importância relativa dentro do tema-síntese. Novamente, os
mapas resultantes foram alvo de uma análise criteriosa por parte da equipe técnica para
checagem de possíveis inconsistências.
De acordo com a modelagem proposta, neste item são apresentadas as planilhas contendo os
Indicadores de Sensibilidade Ambiental selecionados por Tema-síntese, as Variáveis
correspondentes, os Pesos correspondentes a cada Variável e os Graus de Sensibilidade
adotados em cada Variável, bem como os Parâmetros adotados para definição dos Graus.
Hydros
EP518.RE.JR204 46
Hydros
EP518.RE.JR204 47
A bacia do rio Jari apresenta alto grau de conservação em quase sua totalidade. Isto se deve à
dificuldade de acesso e à instituição de áreas legalmente protegidas, como Terras Indígenas e
Unidades de Conservação, em grande parte do seu território. A porção norte da bacia destaca-
se pelo altíssimo grau de conservação, havendo inclusive registros de ocorrência de espécies
de vertebrados aquáticos sensíveis à ocupação antrópica e com algum grau de ameaça de
extinção.
Os rios são considerados de águas claras, com presença de igapós especialmente no médio e
baixo curso do rio Jari. Este tipo de vegetação marginal, típica de rios de águas claras e pretas,
possui grande importância biológica na manutenção dos ecossistemas aquáticos da região,
uma vez que rios com tais características são pobres em fito e zooplâncton, sendo as árvores
da mata alagável as fornecedoras da maioria dos alimentos dos animais aquáticos
(BARRELLA et al., 2000).
A abundância de cachoeiras e corredeiras é notável, sendo esta característica uma das causas
da baixa ocupação da bacia. Dentre as cachoeiras, destacam-se a cachoeira Santo Antônio,
localizada ao sul da bacia e a cachoeira Macaquara, localizada em região mais ao norte na
bacia. A qualidade da água na bacia como um todo varia de ótima a boa, apresentando alguns
sinais de contaminação apenas nas proximidades do núcleo urbano de Laranjal do Jari, apesar
de o nível da qualidade da água do seu entorno ainda ser considerado bom.
Hydros
EP518.RE.JR204 48
Tabela 4.1.3.1.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da Qualidade da Água
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DA QUALIDADE DA ÁGUA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Aldeias indígenas
2 Vilas, núcleos, povoados e outras localidades
IBGE/SIVAM,
Efluentes 0,6 3 Entorno de áreas urbanizadas (raio de 5 km) Bacia
2004
4 -
5 Áreas Urbanizadas
1 -
2 -
IBGE/SIVAM,
Uso do Solo 0,4 3 Pecuária e agricultura de subsistência Bacia
2004
4 Silvicultura de eucaliptos
5 Áreas Urbanizadas
Hydros
EP518.RE.JR204 49
Hydros
EP518.RE.JR204 50
Tabela 4.1.3.1.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Área de preservação permanente em área urbana/urbanizada
2 -
Entorno dos Corpos IBGE/SIVAM, Área de preservação permanente em regiões de pastagens, lavoura e
0,7 3 Bacia
D’Água 2004 vegetação secundária
Área de preservação permanente ao longo de rios em regiões de
4
vegetação natural
5 Área de preservação permanente em nascentes e ilha fluvial
Áreas sem comprovação de ocorrência de espécies endêmicas,
1
IUCN, 2009; migratórias ou em risco de extinção
Espécies Endêmicas, BERNARD, 2 -
Migratórias ou em Risco 0,3 2008; 3 - Existência
de Extinção NOGUEIRA, 4 -
2010
Áreas de ocorrência de espécies endêmicas, migratórias ou em risco de
5
extinção
Hydros
EP518.RE.JR204 51
Hydros
EP518.RE.JR204 52
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!! !
2°N ! !
2°N
!
!
! !
!
!
!
! !
! ! !
!!
! ! ! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
I
!
! !
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
! !
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
II
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!!
! !
! !
!
!
!
!
! !
Legenda
IIIP Laranjal do Jari
!
! !
!
! !
! !
Vitória do Jari
!
!
P
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
!
!
!
!
! ! !
!
! !
! !
! ! !
!!
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! ! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 53
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade baixa na maior parte da subárea, principalmente pela ausência de
ocupação antrópica na região, muito embora haja registros de ocorrência de espécies
I endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Sensibilidade média principalmente ao longo
do rio Jari
Hydros
EP518.RE.JR204 54
A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta-se como parte integrante da matriz florestal
amazônica, que, em função da relativa homogeneidade do substrato apresenta um continuum
florestal de grande expressão territorial. A reduzida acessibilidade no território da bacia faz
com que haja baixa ocupação antrópica e, consequentemente, alto grau de preservação. Essas
características condicionam elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas,
tanto da flora quanto da fauna.
A bacia conta com consideráveis extensões de áreas legalmente protegidas, constituídas por
seis Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, que, juntas, ocupam a bacia quase na
sua totalidade. A porção sul é a uma exceção, onde praticamente não há áreas protegidas,
porém, em função da sua importância biológica, também é considerada prioritária para a
conservação da biodiversidade.
Desse modo, as porções norte e central da bacia abarcam um patrimônio biológico bem
preservado. No entanto ainda é muito pouco conhecido do ponto de vista científico. Ao sul,
nos setores mais rebaixados da bacia hidrográfica, em função das variações geológicas,
geomorfológicas e pedológicas, ocorrem diferentes formações vegetais e zonas de transição
entre elas. A esse mosaico natural se sobrepõem extensas áreas de reflorestamento de
eucalipto, bem como a presença de núcleos urbanos, contrastando com as composições e
estruturas complexas e diversificadas da floresta ombrófila.
a) Sensibilidade Geológica
A matriz do Indicador de Sensibilidade Geológica, com suas Variáveis, Pesos e Graus, está
apresentada na tabela a seguir.
Hydros
EP518.RE.JR204 55
Hydros
EP518.RE.JR204 56
Hydros
EP518.RE.JR204 57
A matriz do Indicador de Sensibilidade à Erosão do Solo, com suas Variáveis, Pesos e Graus,
está apresentada na tabela a seguir.
Hydros
EP518.RE.JR204 58
Tabela 4.1.3.2.1-3 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à Erosão do Solo
INDICADOR DE SENSIBILIDADE À EROSÃO DO SOLO
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 até 50 m Bacia
2 -
Geomorfologia e
0,25 IBGE, 2004 3 50 a 100 m
entalhamento das drenagens
4 100 a 150 m
5 maior que 150 m
1 Latossolos Vermelho-Escuro Bacia
2 Latossolos Vermelho-Amarelo
Erodibilidade 0,25 IBGE, 2004 3 Latossolos Amarelo
4 Argissolos Vermelho-Amarelo e Gleissolo
5 Neossolos Litólicos
1 R até 409,1 Bacia
2 -
HYDROS,
Erosividade 0,25 3 R entre 409,1 e 478,4
2010
4 -
5 R acima de 478,4
1 Florestas Ombrófilas Bacia
2 Vegetação Secundária, Reflorestamento
Cobertura Vegetal e Uso do
0,25 IBGE, 2004 3 Áreas urbanas
Solo
4 Refúgios vegetacionais arbustivos, Formações Pioneiras
5 Lavouras e Pastagens
Hydros
EP518.RE.JR204 59
Hydros
EP518.RE.JR204 60
Hydros
EP518.RE.JR204 61
Tabela 4.1.3.2.1-4 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 -
2 Área de amortecimento da UC de Uso Sustentável (10 km)
Unidades de
0,45 IBAMA, 2006 3 Área de amortecimento da UC de Proteção Integral (10 km) Nacional
Conservação
4 UC de Uso Sustentável
5 UC de Proteção Integral
1 -
Áreas Prioritárias para 2 Insuficientemente conhecida
Conservação da 0,15 PROBIO, 2007 3 Alta Nacional
Biodiversidade 4 Muito alta
5 Extremamente alta
1 -
2 Vegetação secundária
Integridade de Habitats
e Presença de Espécies 0,40 IBGE, 2004 3 Florestas Ombrófilas Abertas Regional
Endêmicas ou Raras Florestas Ombrófilas Densas, Contato Savana/Floresta Ombrófila e
4
Formações Pioneiras
5 Refúgios Vegetacionais
Hydros
EP518.RE.JR204 62
Hydros
EP518.RE.JR204 63
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! ! !
!
!
!
! ! !
!
!
!
! !
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! ! !
2°N !
2°N
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !!
! !
! ! !
!
!
!
!
!
I
!
!
!
!
! !
!
!
!!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! ! ! !!
!
!!
! !
!
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
Amapá
!
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!!
! !
! !
II
!
!
!
!
!
!
0° 0°
!
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! ! !
!!
! !
! !
!
!
!
!
! !
Legenda
III!P Laranjal do Jari
!
!
!
!
!
!
Vitória do Jari
! !
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
!
!
! !
!
!
! !
! !
!
! !
!
!
!
! !
!
!!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!
!
! !
!! !!
!
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 64
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade alta a muito alta nas áreas das Unidades de Conservação de Proteção
I Integral, de títulos minerários e de maior erodibilidade
Sensibilidade variando de média a alta. Área de Unidades de Conservação de Uso
II Sustentável. Alta sensibilidade na porção oeste devido à presença de Unidade de
Conservação de Proteção Integral, de recursos minerais e alta erodibilidade
Sensibilidade variando de média a alta. Região antropizada, de reflorestamento, porém
III com alta sensibilidade geológica, principalmente na porção norte, e alta erodibilidade
na porção sul
Hydros
EP518.RE.JR204 65
4.1.3.3 Socioeconomia
Hydros
EP518.RE.JR204 66
Para avaliar a sensibilidade negativa dos Modos de Vida da população da bacia do rio Jari,
foram selecionadas as variáveis6 de maior expressão. Vale ressaltar que os dados referentes à
população indígena foram abordados em item específico, sendo portanto retiradas as Terras
Indígenas dos mapas de Modos de Vida.
As variáveis estão apresentadas na matriz do Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos
de Vida, com seus Pesos e Graus, na tabela a seguir:
6
As variáveis selecionadas são as variáveis utilizadas na Avaliação Socioambiental dos estudos de Inventário
Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.
Hydros
EP518.RE.JR204 67
Tabela 4.1.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DOS MODOS DE VIDA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0,80 a 1,00
Atlas do 2 0,71 a 0,80
Desenvolvimento
IDH-M 0,15 3 0,61 a 0,70 Bacia
Humano do Brasil
(2000) 4 0,51 a 0,60
5 0,00 a 0,50
1 0 a 300 habitantes
2 301 a 1.000 habitantes
População* 0,25 IBGE, 2007 3 1.000 a 5.000 habitantes Bacia
4 5.000 a 10.000 habitantes
5 10.000 a 50.000 habitantes
1 0 a 100 hab/km²
2 101 a 500 hab/km²
Densidade Populacional** 0,10 IBGE, 2007 3 501 a 1.500 hab/km² Bacia
4 1.501 a 2.000 hab/km²
5 2.001 a 2.500 hab/km²
IBGE (2003); 1 Presença Incipiente de Comunidades Ribeirinhas
GERCO/AP 2 -
Presença de Comunidades
0,50 (2005); 3 - Bacia
Ribeirinhas
GEA/SETEC/ 4 -
IEPA (2004)
5 Presença de Comunidades Ribeirinhas
* Os dados sobre a população foram retirados dos setores censitários, por município.
** A densidade populacional foi calculada através da relação entre a população e a área do setor censitário
Hydros
EP518.RE.JR204 68
O IDH foi adotado como variável em razão de constituir-se como indicador consagrado para
avaliação de desempenho social e do seu respaldo junto à comunidade científica e à opinião
pública internacionais. Ele foi utilizado para subsidiar a diferenciação dos municípios quanto
ao seu grau de sensibilidade nas condições de vida, tendo em vista o parâmetro estabelecido
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD7.
Para avaliar a sensibilidade em relação ao IDH, em cinco graus, os intervalos adotados foram
baseados nas classes de IDH estabelecidos pelo PNUD.
Outra variável selecionada refere-se à população, rural e urbana. A partir da população média
da bacia, foram distribuídos graus médio, baixo e alto que correspondem à média estabelecida
pelo PNUD, de modo a permitir a diferenciação de um município a outro. Os valores aquém
ou além da média estabelecida pelo PNUD foram enquadrados nos graus muito baixo ou
muito alto. A população inserida na bacia foi calculada através dos setores censitários,
proporcionalmente à área dos setores inseridos na bacia. No entanto, foram excluídas desta
contagem as áreas de Terra Indígena.
Outra variável para avaliação da sensibilidade dos modos de vida é a “Densidade
Populacional”, que indica onde a população está concentrada na bacia. Essa variável, assim
como a variável “População”, foi calculada através dos setores censitários, e os graus variam
de 1 a 5 conforme os intervalos apresentados na tabela anterior.
Entre as populações presentes na bacia, outra variável considerada importante foi a
identificação de comunidades locais tradicionais, anteriores à instalação do projeto Jari
Celulose, constituídas por ribeirinhos. Do ponto de vista dos modos de vida, esses grupos são
vulneráveis a intervenções externas e, portanto, mais sensíveis, em razão das condições de
vida precárias e da relativa ausência do poder público.
O critério para verificar a sensibilidade da bacia foi considerar grau 1 para os setores
censitários que apresentam incipiência ou nenhuma comunidade tradicional, ou para os quais
não existam dados, e grau 5 para aqueles que apresentam comunidades ribeirinhas.
7
De acordo com o PNUD, são considerados como de baixo desenvolvimento humano, os municípios que têm
seu IDH-M situado no intervalo de 0,0 a menos de 0,5; como médio desenvolvimento humano aqueles que têm o
IDH-M situado no intervalo entre 0,5 a menos de 0,8 e como alto desenvolvimento humano, os que se situam no
intervalo entre 0,8 e 1,0.
Hydros
EP518.RE.JR204 69
Hydros
EP518.RE.JR204 70
Tabela 4.1.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Organização Territorial
Hydros
EP518.RE.JR204 71
Hydros
EP518.RE.JR204 72
Tabela 4.1.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA PRESSÃO POPULACIONAL
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0 a 100 hab/km2
2 101 a 500 hab/km2
Densidade Populacional 0,30 IBGE, 2007 3 501 a 1.500 hab/km2 Bacia
4 1.501 a 2.000 hab/km2
5 2.001 a 2.500 hab/km2
1 menor que 0,01
Crescimento Populacional (Taxa 2 0,01 a 1,00
IBGE,2007;
Anual de Crescimento 2000-2007 0,25 3 1,01 a 3,00 Bacia
IBGE, 2000
em %) 4 3,01 a 3,50
5 3,51 a 4,00
1 0 hab em área urbana
2 1 a 10.000 hab em área urbana
Taxa de Urbanização em hab 0,15 IBGE, 2007 3 10.001 a 20.000 hab em área urbana Bacia
4 20.001 a 40.000 hab em área urbana
5 40.001 a 50.000 hab em área urbana
1 Entorno de trecho fluvial navegável (buffer 500 m)
2 -
Proximidade de Infraestrutura IBGE, 2003; 3 Entorno de estradas locais e ramais (buffer 750 m)
0,30 Bacia
Viária HYDROS, 2010*
4 Entorno de ferrovias (buffer 500m)
Entorno de hidrovia e de estrada federal ou estadual
5
(buffer 2,0 km)
* Baseado na restituição aerofotogramétrica do Estudo de Inventário Hidrelétrico.
Hydros
EP518.RE.JR204 73
8
As variáveis selecionadas são as variáveis utilizadas na Avaliação Ambiental dos estudos de Inventário
Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.
Hydros
EP518.RE.JR204 74
Tabela 4.1.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Base Econômica
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA BASE ECONÔMICA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0 a 20 milhões
2 21 a 50 milhões
PIB Setor Primário Municipal
0,10 IBGE, 2007 3 51 a 150 milhões Bacia 1
(reais)
4 151 a 400 milhões
5 401 a 500 milhões
1 0 a 150 milhões
2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário
0,25 IBGE, 2005 3 301 a 600 milhões Bacia 1
(reais)
4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 Restrita
Grau de Aptidão Agrícola: das 2 ----
áreas não incluídas em TIs e UCs
0,10 IBGE, 2006 3 Regular Nacional
de Proteção Integral e área
utilizada pela Orsa Florestal 4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo
2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável
área de floresta nativa não 0,15 IBGE, 2006 3 Médio (área florestada na RDS) Bacia
incluídas em UCs de PI e TIs 4 Alto (área florestada na FLOTA)
Muito alto área florestada fora das UCs de Uso Sustentável (+ PA) –
5
Orsa Florestal
1 Material de uso na construção civil Nacional
Potencial Mineral: Áreas com 0,15 CPRM, 2004 2 Insumos para agricultura
potencial mineral 3 Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e semimetais
Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
4
minerais industriais
Hydros
EP518.RE.JR204 75
Hydros
EP518.RE.JR204 76
Para as variáveis relacionadas aos PIBs do setor primário9 e dos setores secundário10 e
terciário atribuíram-se, respectivamente, os pesos 0,10 e 0,25, em função da
representatividade do PIB (MÜLLER, 1995). Desta forma, quanto maior a representatividade
e participação do PIB de um município no total da bacia, maior será a sensibilidade do
município em relação à outro de menor representatividade e participação no PIB total da
bacia. Para representação espacial dos PIBs, foram consideradas somente as áreas onde são
permitidas as atividades econômicas ou existe registro das mesmas, desconsiderando-se as
áreas de vegetações secundárias, refúgio florestal e formação pioneira.
À exceção de “Grau de Aptidão Agrícola (das áreas não incluídas em TIs e UCs de proteção
integral)”, para outras variáveis foram distribuídos os graus de sensibilidade de acordo com a
ocorrência dos valores desta variável na bacia. Seguindo o mesmo critério adotado nas duas
primeiras variáveis, à faixa de maior valor foi atribuído o grau 5 (maior sensibilidade) e à de
menor valor o grau 1 (menor sensibilidade). Os graus criados para a Aptidão Agrícola foram
de acordo com o nível de utilização e do grau de facilidade de manejo do solo para a
exploração agrícola, já adotados pelo IBGE (2006). Assim, os solos sem aptidão nenhuma
apresentam menor sensibilidade e aqueles com boa aptidão, a despeito da utilização de
tecnologias de médio e alto níveis, foram considerados como os de maior sensibilidade.
Para a variável “Potencial Florestal Sustentável” foram consideradas as áreas florestadas com
potencialidade para exploração sustentável de floresta, isto é, áreas florestadas excluídas as
áreas de proteção legal (TIs e UCs de Proteção Integral, onde é proibida a exploração e Orsa
Florestal, onde já ocorre a exploração Econômica). Os graus foram estabelecidos segundo a
disponibilidade de áreas de floresta nativa passíveis de exploração econômica sustentável
inseridas na bacia. Desta forma, a área florestada que apresenta a maior disponibilidade de
exploração, recebeu o grau maior, do que outro município com menor disponibilidade de
floresta e que recebeu grau 1 por apresentar menor sensibilidade.
Esse critério também foi adotado para a variável “Potencial Mineral”, conforme o banco de
dados da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, considerando-se a potencialidade real para
exploração mineral, isto é, contabilizando todos os locais excluídos os locais situados nas
áreas de proteção legal (UC de proteção integral e TI, onde a exploração é proibida). Os graus
foram estabelecidos segundo o valor comercial do minério existente. Desta forma, a presença
de metais nobres recebeu o grau 5, de maior sensibilidade, e a presença de minerais utilizáveis
na construção civil recebeu o grau 1, de menor sensibilidade.
Na variável “Presença de Agricultura Familiar” foram consideradas as áreas com atividades
de agricultura e pecuária de subsistência com ou sem excedente de produção voltado à
comercialização. Atribuiu-se o grau 5 às áreas com maior concentração de produtores rurais
associados com produção familiar e grau 1 às áreas com menor concentração de agricultura
familiar na bacia.
9
De acordo com Müller (1995), o sistema de produção primária compõe um processo dinâmico e quando é
atingido imediatamente pelo advento da formação do reservatório de uma usina hidrelétrica, as terras e
benfeitorias são desvalorizadas, interrompendo linhas de crédito e inibindo a criação de novos investimentos
tecnológicos, em tempos muito anteriores ao período de desapropriações efetivas de áreas atingidas.
10
“As unidades industriais situadas fora da área de inundação são indiretamente afetadas pelo reservatório
quando deixam de contar com produtos procedentes de áreas inundadas ou quando seu pessoal, residente na
bacia hidrográfica, foi relocado para outras regiões” e “O setor terciário é quem perceberá o maior impacto
indireto, notadamente quando a população rural por ele atendida for relocada” (MÜLLER, 1995).
Hydros
EP518.RE.JR204 77
Em relação aos usos predominantes na bacia adotou-se a variável “Uso do Solo” para
representar espacialmente a localização das principais atividades econômicas na bacia. Para
tanto, consideraram-se os usos do solo atuais de forma a possibilitar a avaliação da
sensibilidade, atribuindo-se peso 0,15 à variável.
Hydros
EP518.RE.JR204 78
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
I
! !
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
Pará
! !
!
II
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 79
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade muito baixa a baixa, por ser formada por terras indígenas (onde o uso dos
recursos naturais é destinado às populações indígenas) e unidades de conservação de
I
proteção integral (onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana,
admitindo apenas o uso indireto dos atributos naturais)
Sensibilidade baixa, por ser formada por unidades de conservação de uso sustentável,
onde o desenvolvimento de atividades é controlado (a exploração dos recursos naturais
II
deve garantir a perenidade dos mesmos, mantendo a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos de forma socialmente justa e economicamente viável)
Sensibilidade muito baixa, por ser formada por unidade de conservação de proteção
III integral (onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana, admitindo
apenas o uso indireto dos atributos naturais)
Sensibilidade predominantemente média, por ser área antrópica, contando com quase
IV todas as localidades e sedes municipais da bacia, diversidade de atividades
socioeconômicas, e infraestrutura de circulação e comunicação da bacia
Sensibilidade predominantemente média, mas mais baixa que a subárea anterior, por
conter localidades rurais, onde a população vive de pecuária e agricultura de
V
subsistência e sensibilidade baixa na várzea, onde é desenvolvida agricultura de
subsistência
A sensibilidade positiva foi definida a partir da análise das principais características quanto à
possibilidade de exploração e de expansão de atividades socioeconômicas no contexto da
bacia. Procurou-se identificar aqueles setores ou recursos socioeconômicos expressivos,
existentes na bacia, ainda não explorados ou subexplorados, que possam ser ativados ou
otimizados.
A seleção dos indicadores da sensibilidade positiva socioeconômica foi baseada na
caracterização socioambiental, em especial da estrutura socioeconômica e dos estudos de AAI
já desenvolvidos pela EPE em 2007, tendo resultado nos seguintes indicadores para a bacia do
rio Jari: a disponibilidade atual dos recursos naturais para exploração (CNEC-ARCADIS
TETRAPLAN, 2007) e a compensação financeira do setor elétrico (SONDOTÉCNICA,
2007).
Hydros
EP518.RE.JR204 80
Estes acusaram como exploráveis a madeira, em função de extensas áreas de floresta nativa, o
minério, em função da presença expressiva de minérios de valor econômico ainda sob as
terras do Pará e Amapá, e a outra variável não menos importante que outras, as áreas passíveis
de serem utilizadas para atividades econômicas, em especial as agropecuárias.
A área passível de exploração econômica foi estabelecida como sendo a área da bacia
subtraída das áreas com proteção legal, onde o desenvolvimento de atividades econômicas é
proibido ou controlado. A matriz do Indicador de Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos
Naturais, com suas Variáveis, Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir:
Hydros
EP518.RE.JR204 81
Tabela 4.1.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos Naturais
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Restrita
2 ----
ITERAIMA,
Grau de Aptidão Agrícola 0,15 3 Regular Científico
2005
4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo
2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável
áreas de floresta nativa não 0,55 IBGE, 2006 3 Médio (área florestada da RDS) Bacia
incluídas em UCs de PI e TIs 4 Alto (área florestada da FLOTA)
Muito alto (área florestada sem ser das UCs + PA – Orsa
5
Florestal)
1 Material de uso na construção civil
2 Insumos para agricultura
Potencial mineral: áreas com Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e
0,30 CPRM, 2004 3 Nacional 1
potencial mineral semimetais
Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
4
minerais industriais
5 Metais nobres
1
Valor comercial relativo ao produto mineral.
Hydros
EP518.RE.JR204 82
Para cada variável utilizaram-se fontes de dados relacionados à sensibilidade positiva atual
dos recursos naturais existentes na bacia, referentes a recursos naturais disponíveis, mas não
utilizados total ou parcialmente, cujos atributos podem interagir com afluxos de capitais
produtivos/investimentos e desencadear ciclos de crescimento socioeconômico (CNEC-
ARCADIS TETRAPLAN, 2007).
Na variável “Grau de Aptidão Agrícola (das áreas não incluídas em TIs e UCs de Proteção
Integral)” foram distribuídos os graus de sensibilidade positiva segundo as condições físico-
químicas e topográficas que propiciam ou não a prática de agropecuária numa determinada
área. Adotou-se grau 5 para áreas aptas e grau 1 onde a potencialidade para o
desenvolvimento de atividade é menor. Os graus da Aptidão Agrícola foram estabelecidos
segundo os níveis tecnológicos possíveis para a utilização da terra, definidos pelo IBGE11.
Para a variável “Potencial Florestal Sustentável” foram consideradas as áreas de floresta
nativa com potencialidade para exploração sustentável de floresta, isto é, áreas florestadas
excluídas as áreas de proteção legal (TIs e UCs de Proteção Integral, onde é proibida a
exploração). Dessas áreas de floresta nativa prevê-se a possível exploração do potencial
econômico por meio de exploração florestal sustentável. Os graus foram estabelecidos
segundo a disponibilidade de áreas de floresta nativa passíveis de exploração econômica da
bacia. Desta forma, a área que apresenta a maior disponibilidade de área florestada passível de
exploração recebeu o grau maior do que a de menor disponibilidade e que recebeu grau de
menor sensibilidade.
Em relação ao Potencial Mineral, utilizou-se o banco de dados da CPRM – Serviço Geológico
do Brasil, para a determinação da potencialidade para exploração mineral, isto é,
contabilizando todos os locais excluindo-se os locais situados nas áreas protegidas (UC de
Proteção Integral e TIs). Os graus foram estabelecidos segundo o valor comercial dos
minérios cuja existência é indicada pelo CPRM.
11
Descrição com mais detalhes no Indicador de Sensibilidade Ambiental da Base Econômica da Socioeconomia.
Hydros
EP518.RE.JR204 83
Tabela 4.1.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor
Elétrico
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA À COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELO SETOR ELÉTRICO
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1
Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e
2
Pecuária
Uso do Solo 0,50 IBGE, 2006 Produção madeireira e mineral /Culturas Cíclicas / Policultura Bacia
3
Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1 0 a 150 milhões
2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário
0,30 IBGE, 2007 3 301 a 600 milhões Bacia 1
(reais)
4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 0,80 a 1,00
Atlas do 2 0,71 a 0,80
Desenvolvimento
IDH-M 0,20 3 0,61 a 0,70 Bacia
Humano do
Brasil (2000) 4 0,51 a 0,60
5 0 a 0,50
1
Referente ao PIB dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari 2005.
Hydros
EP518.RE.JR204 84
Para cada variável utilizou-se uma fonte de dados relacionados à Sensibilidade Positiva à
Compensação Financeira nos municípios integrantes da bacia, sendo utilizado o município
como unidade territorial para a espacialização das variáveis do indicador, excetuando-se as
áreas de TIs e de UCs de Proteção Integral. Estas variáveis representam a sensibilidade
positiva das economias locais ao acréscimo de arrecadação dos municípios decorrentes da
implantação dos empreendimentos hidrelétricos (SONDOTÉCNICA, 2007).
Em relação aos usos predominantes na bacia adotou-se a variável “Uso do Solo” que é a
representação espacial das principais atividades econômicas na bacia. Para tanto,
consideraram-se os usos do solo atuais.
Para a variável “PIB Setor Secundário e Terciário” foram considerados os PIBs do IBGE, por
município, agregando os setores secundário e terciário. As faixas foram criadas segundo os
valores dos PIBs atuais.
Finalmente, a variável “IDH-M” representa as condições de vida da população (IBGE). Os
graus foram estabelecidos adotando-se 5, ou seja, o maior, para municípios com IDH-M mais
baixo e grau 1, o menor, para municípios em que as condições de vida são melhores,
representadas por IDH-M maior, na bacia.
Hydros
EP518.RE.JR204 85
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
I
! !
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! ! ! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
Pará
! !
!
II
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 86
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade muito baixa ou nula por tratar-se de unidades de conservação de proteção
I integral, onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana, admitindo
apenas o uso indireto dos atributos naturais
Sensibilidade positiva média e baixa, por tratar-se de unidades de conservação de uso
II sustentável onde a utilização dos recursos naturais é permitida de forma controlada (a
sensibilidade de área de mineração é alta, da FLOTA é média e RDS é baixa)
Sensibilidade muito baixa ou nula por tratar-se de unidade de conservação de proteção
III integral, onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana, admitindo
apenas o uso indireto dos atributos naturais
Sensibilidade baixa com concentração antrópica, com IDH médio, diversidade
IV
econômica e infraestrutura
Sensibilidade baixa por tratar-se de áreas de várzea, onde a economia é baseada na
V
subsistência, com IDH-M baixo
Hydros
EP518.RE.JR204 87
A bacia em análise apresenta três Terras Indígenas: Waiãpi, Parque do Tumucumaque e Paru
d´Este. Os povos que vivem nestas terras têm seus modos de vida considerados como um dos
mais preservados em relação à maioria dos povos indígenas do país.
Na bacia em análise, estas TIs são circundadas por Unidades de Conservação, que funcionam
como um território de proteção à ocupação destas áreas e assim dificultam as possíveis
invasões de suas TIs por parte da população não indígena.
A TI Waiãpi tem 19 de suas 48 aldeias e cerca de 800 indivíduos na bacia. O território é
considerado de alta densidade, se comparado com outras TIs, localizadas na margem esquerda
do rio Amazonas. A demarcação das TIs e as assistências providas pela FUNAI e FUNASA,
em especial na área médico-sanitária, auxiliaram na promoção dos recentes crescimentos da
população.
Atualmente, estes povos são muito organizados e articulados com diversas entidades
associativas, em especial das organizações governamentais e não governamentais, nacionais e
internacionais, que dão apoio na defesa dos direitos e preservação da identidade indígena.
Mesmo no passado recente, o nível de conscientização dos seus direitos e da organização
social e política chegaram a barrar a passagem da BR 210, conhecida como a Perimetral
Norte, em suas terras.
A sobreposição ou a proximidade de Terras Indígenas com as áreas de potencial mineral e
madeireiro coexistindo com as condições precárias da população das regiões norte e nordeste
do país que buscam as melhores condições de vida nestas áreas ainda inexploradas são a fonte
geradora da maioria dos conflitos existentes na região da bacia. Na maioria das vezes estas
explorações ocorrem de forma clandestina e predatória, nas próprias terras indígenas ou nas
unidades de conservação que as circundam.
Entre os povos das três TIs, os Waiãpi são os que têm mais contato com a sociedade
envolvente. Os mais jovens, especialmente os homens, têm tido mais contato não só com
outros povos, mas também com não indígenas, ocorrendo como consequência algumas
alterações em seus valores. No entanto, ainda não há registro de alterações profundas que
demonstrem um rompimento com o povo a que pertencem. Estes jovens, por dominarem as
duas línguas e terem adquirido conhecimentos tanto indígena como não indígena, muitas
vezes se tornam professores e líderes de suas próprias aldeias, representando-as nas reuniões
interétinicas e nas reuniões com a sociedade envolvente. Mas seus valores caracterizadores
como povos indígenas ainda são preservados, como o hábito de ouvir os mais velhos, tidos
como os mais experientes, tornando-os conselheiros e dirigentes do povo indígena.
Hydros
EP518.RE.JR204 88
12
Os indicadores e as variáveis selecionadas são as utilizadas nas Avaliações Ambientais dos estudos de
Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz
parte.
Hydros
EP518.RE.JR204 89
13
Ministério da Saúde – Projeto Saúde Yanomami 1991 Brasília. Apesar de esta referência abordar uma etnia de
outra bacia hidrográfica, foi a única referência encontrada para indicar a sensibilidade em função da densidade
populacional, adotada para a bacia do rio Jari.
Hydros
EP518.RE.JR204 90
Considerando-se os povos entre si, no que se refere à variável Condições de Saúde, os Aparai
e Wayana, que vivem nas TIs localizadas a noroeste, são os que apresentam menor
sensibilidade quando comparados com os Waiãpi, que vivem na TI Waiãpi localizada a
nordeste, recebendo o grau 2.14. Os primeiros são menos suscetíveis às doenças que os
segundos, em função da inserção destes povos no interior da TI, e da assistência médica que
recebe da FUNASA. Os segundos apresentam uma densidade alta e a despeito de UCs no
entorno, estão mais sujeitos ao contato com as populações não indígenas, que são
transmissores de algumas doenças passíveis de morte potencialmente letais para a população
indígena.
Na variável Conflitos Externos, foram considerados buffers distintos, de acordo com a
distância em relação ao limite externo das TIs. Quanto maior a distância, menos sensíveis
estarão as populações indígenas aos conflitos externos. Quanto mais próximos, mais sensíveis
estarão as populações indígenas aos conflitos externos. As distâncias adotadas são as da área
de perambulação das populações indígenas, isto é, 15 km. Caso o conflito externo ocorrer na
TI, a sensibilidade é máxima, isto é, grau 5. Caso o conflito ocorrer no raio superior a 45km
(múltiplo de 15 km), a sensibilidade é mínima, isto é, grau 1.
Para os Conflitos internos, foram consideradas as características de cada povo. Da mesma
forma que na variável Condições de Saúde, os Aparai e Wayana, das TIs localizadas a
noroeste, são os que apresentam menor sensibilidade quando comparados com os Waiãpi15,
recebendo o grau 2. Nos primeiros, suas estruturas socioeconômicas e culturais são menos
suscetíveis aos conflitos internos que os segundos.
14
A caracterização sociopolítica e cultural dos povos indígenas da bacia do rio Jari encontra-se descrita no
Diagnóstico Socioambiental do componente-síntese Populações Indígenas dos estudos de Inventário Hidrelétrico
da bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.
15
As características dos povos indígenas encontram-se descritas no Diagnóstico Socioambiental do componente-
síntese Populações Indígenas dos estudos de Inventário Hidrelétrico da bacia do rio Jari, do qual o presente
estudo faz parte.
Hydros
EP518.RE.JR204 91
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! ! ! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
Pará
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
P
!
!
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
P Sedes Municipais
!
!
!
!
!
! !
!
!!
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 92
Hydros
EP518.RE.JR204 93
O rio Jari é navegável até a cachoeira de Santo Antônio, a cerca de 110 km da foz. A
montante, uma série de cachoeiras impede a navegação e dificulta a penetração de atividades
produtivas mais densas, aspecto para o qual contribui também a ausência de qualquer outra
infraestrutura viária. Essa porção da bacia está praticamente toda ocupada por Unidades de
Conservação e Terras Indígenas (alto e médio curso), fato que adicionalmente vem
contribuindo para inibir a intensificação e manter dispersas as explorações mineral e
madeireira.
Desse modo a organização econômica presente na bacia é pouco densa e está concentrada em
seu baixo curso, onde o acesso aos recursos naturais foi facilitado pelo relevo plano e a
navegabilidade dos rios. Destaca-se aí a presença de um importante núcleo empresarial
altamente verticalizado que explora recursos florestais e minerais e cuja produção é voltada
para o mercado externo e, em menor proporção, para o nacional. Apesar da ausência de
encadeamentos produtivos, a implantação desse núcleo em área de população rarefeita
provocou um proporcionalmente importante adensamento em seu entorno, com forte grau de
urbanização. As atividades agrícolas se concentraram no entorno das novas aglomerações
urbanas, predominando as culturas alimentares (mandioca, arroz, milho e feijão) e, entre as
lavouras permanentes, apenas a banana. A pecuária é também pouco expressiva, com
predomínio do rebanho bubalino e voltada ao consumo local.
As atividades tradicionais de caráter agro-extrativista, como a coleta e extração da castanha-
do-brasil e do açaí e a produção de palmito de buriti, realizadas em áreas florestais,
permaneceram dispersas e só mais recentemente vem sendo organizadas com o surgimento de
diversas cooperativas que agrupam os pequenos produtores e agregam valor à produção.
Na porção a montante da cachoeira Santo Antônio, ainda muito pouco antropizada, destaca-se
a presença de um amplo potencial econômico constituído por reservas minerais e florestais.
Em grande parte, esse potencial encontra-se institucionalmente destinado ao usufruto das
etnias indígenas e para a preservação e estudo. Nas Unidades de Conservação que permitem
usos sustentáveis há um grande campo para a exploração desses potenciais, especialmente a
produção mineral e a exploração sustentada da madeira, bem como para as atividades agro-
extrativistas.
Os estudos de diagnóstico e caracterização socioambiental indicam que a capacidade de
expansão física para as atividades agropecuárias e de reflorestamento encontra-se restrita, em
especial dentro dos padrões definidos pelo Código Florestal. Paralelamente, o atual baixo grau
de exploração do potencial existente nas UCs de Uso Sustentável pode ser visto como uma
situação provisória e que tende a alterar-se. As grandes reservas minerais – presentes
especialmente na Reserva Biológica (REBIO) Maicuru e na Floresta Estadual (FLOTA) do
Paru, já estão sendo prospectadas e diferentes atores econômicos se mobilizam para viabilizar
sua exploração. Outro vetor que se orienta para a bacia do Jari e seu entorno imediato é a
frente madeireira, cujas regiões produtoras tradicionais têm seus estoques dilapidados em
função da exploração predatória. É dentro desse contexto que foi desenvolvido o presente
prognóstico que se inicia pelo cenário prospectivo tendencial.
Hydros
EP518.RE.JR204 94
Decenal de Energia Elétrica 2007 – 2016, ambos elaborados pelo Ministério de Minas e
Energia contando com o apoio da Empresa de Pesquisa Energética. Para a elaboração desses
documentos, especialmente do PNE 2030, foram somados aportes das mais importantes
instituições científicas do país, assim como de entidades e corporações de corte setorial -
abarcando um amplo conjunto de fontes e contribuições, de modo que o resultado pode ser
considerado como tendo ultrapassado o corte setorial, apesar de ter sido patrocinado pelo
Setor Elétrico.
A partir desses parâmetros, foram desenvolvidas correlações entre as estimativas de
desenvolvimento da Região Norte e dos três municípios englobados na bacia do rio Jari,
estabelecendo uma vinculação direta entre a expectativa de crescimento das atividades
produtivas na bacia e os cenários nacional e regional do Setor Elétrico.
Essa amarração foi desenvolvida com base nas séries históricas do Valor Adicionado, –
relativas à bacia e à Região Norte - tendo-se projetado para o horizonte do estudo a evolução
do uso e ocupação do solo e as transformações correlatas na estrutura produtiva. Considerou-
se, desse modo, que o cenário a ser projetado deveria traduzir os efeitos das tendências
evolutivas dos principais aspectos socioambientais e de seu rebatimento espacial, isto é, da
dinâmica territorial - incluindo as áreas de preservação ambiental e disponíveis para ocupação
antrópica. No aspecto demográfico foram adotadas como parâmetros as projeções realizadas
pelo IBGE para os estados do Pará e Amapá e que também são assumidas pelo MME/EPE.
Vale ressaltar que, ao adotar como parâmetro as taxas estimadas pelo Setor Elétrico,
significativamente elevadas para o conjunto do país e, particularmente, para a Região Norte, o
cenário elaborado para a bacia do rio Jari incorpora uma tendência de crescimento econômico
capaz de contribuir – respeitando suas tendências, potencialidades e limites, para a efetivação
de um processo de crescimento sustentado de âmbito regional e nacional.
Dadas as características específicas da bacia do rio Jari, resumidamente apresentadas no texto
introdutório, podem ser inferidas as diferenças entre a porção sul – com superfície
proporcionalmente reduzida, sem limitações especiais de uso, com boa acessibilidade e
polarizada por uma estrutura agroindustrial e extrativista verticalizada, já apresentando um
potencial de expansão limitado, e a porção norte – mais ampla, de ocupação rarefeita e com
baixo grau de antropização, carente de acessos viários e com diferentes dispositivos legais e
normativos de limitação de uso. Por essa razão, procurou-se evitar a aplicação de modelos
essencialmente quantitativos e baseados na aplicação de técnicas estatísticas. Desse modo as
análises foram centradas na pesquisa e identificação das relações existentes entre os fatores
envolvidos e em sua integração num contexto mais amplo de investigação, considerando
especialmente os seguintes aspectos:
• Economia de enclave;
• Contexto regional e macro-regional;
• Potencial de desenvolvimento com predominância de variáveis endógenas;
• Potencial de desenvolvimento com predominância de variáveis exógenas;
• Exploração sustentável das Unidades de Conservação – flexibilidade e oportunidade;
• Frente madeireira: avanço e consolidação;
• Exploração das grandes províncias minerais.
Hydros
EP518.RE.JR204 96
Como resultado dessas análises foi possível confirmar a tendência antevista de incorporação
de parcelas territoriais da porção norte da bacia, especificamente das Unidades de
Conservação de Uso Sustentável, à economia regional. Para tanto, deverá contribuir
substancialmente, a conjuntura positiva de médio e longo prazo para o mercado de celulose,
madeiras e minerais como a bauxita, com potencial para continuar a induzir o avanço das
frentes de expansão da exploração associadas a esses setores.
Nos subitens a seguir, são apresentados os pressupostos adotados para cada fase da
metodologia geral, em especial as particularidades locais, que resultaram na definição da Área
Disponível para Ocupação Antrópica na bacia, que corresponde às áreas passíveis de
ocupação, expansão e consolidação de atividades econômicas, dentro do conceito de
sustentabilidade socioambiental. A partir destas áreas disponíveis, foram adotados parâmetros
que possibilitaram a definição de atividades tendenciais, que foram traduzidas no mapa de uso
do solo 2030, apresentado no final deste item.
De acordo com o explicado acima, foram tomados por base os parâmetros macroeconômicos
considerados no Plano Nacional de Energia Elétrica PNE 2030 (EPE/MME, 2006), assim
como no Plano Decenal de Energia Elétrica 2007 – 2016, que desenvolvem cenários
regionalizados. Assumiram-se como base preliminar as projeções relativas à Região Norte do
país.
Considerando diferentes níveis de sucesso no enfrentamento dos grandes obstáculos ao
crescimento sustentado - reformas estruturais, eliminação / mitigação dos grandes gargalos na
infraestrutura e significativo aumento da produtividade dos fatores, o PNE projeta para o
período 2005 - 2030 um crescimento médio anual do Produto Interno Bruto do país de 5,1%
(perspectiva otimista), contra 3,8% para a média mundial, variando entre 4,1% e 3,2% ao ano
no cenário intermediário – contra 3,0% da média mundial. Na hipótese pessimista, ambos se
igualariam com um crescimento de 2,2% ao ano.
Para atingir esse ritmo de crescimento as projeções do PNE apostam num alto desempenho da
Agropecuária, que deverá manter taxas de crescimento semelhantes a dos Serviços, sendo
ambas superiores ao da Indústria, como pode ser observado na Tabela 5.1.2-1, na seqüência.
Para alcançar essas elevadas taxas, as projeções do PNE incorporam elementos de correção da
tendência de crescimento econômico de médio prazo – atravessada por uma série de crises
internacionais cujos reflexos levaram a significativas reduções no ritmo das atividades
produtivas do país – principalmente quando comparadas com as taxas históricas de
crescimento de longo prazo, e que também se refletem no cenário regionalizado.
Hydros
EP518.RE.JR204 97
Tendo em vista que essas projeções foram elaboradas antes da crise financeira internacional
de 2008/09, a EPE procedeu a uma reavaliação da demanda de energia elétrica pelo efeito da
redução das exportações e demais impactos sobre a economia e consumo das famílias, cujo
resultado foi a redução da taxa de crescimento prevista para 2009 de 4% para 2% e, de 4,1%
contra os anteriores 4,8% para o período 2.009 – 2013, mantendo-se o restante inalterado.
A partir desses parâmetros e com base no Plano Decenal 2007 – 2016 do Setor Elétrico foi
considerado o contexto para a Região Norte, apresentando-se como questões tanto a
adaptação às projeções nacionais revistas após a crise financeira internacional, como sua
extensão para o horizonte do projeto.
As projeções para a Região Norte, baseadas num detalhamento das projeções nacionais do
Setor Elétrico, estimaram a evolução do PIB com base na elasticidade histórica da região no
contexto do crescimento da economia do país, tendo ainda por referências os grandes
investimentos públicos e privados previstos (obras inseridas no PAC e grandes investimentos
privados), assumindo um ritmo de crescimento significativamente superior ao da média do
país.
Desse modo, o fator de crescimento regionalizado relativo ao período 1985/2002 - que serviu
de base para as projeções e cujas taxas anuais médias de crescimento real foram de
respectivamente 2,29% para o Brasil e 4,01% para a Região Norte, foi particularmente
aumentado dentro da consideração de que:
Como pode ser observado na Tabela 5.1.2-2, a seguir, as taxas projetadas para a Região Norte
são significativamente superiores à média, levando a que a participação proporcional dessa
Hydros
EP518.RE.JR204 98
região no PIB nacional deva se elevar – no cenário de mais alto crescimento, dos atuais 5,87%
para 6,81%.
De acordo com o cenário nacional corrigido, as taxas de crescimento da Região Norte para o
ano de 2009 e para o período 2009 -2013 foram adequados ao cenário “pós crise” financeira
internacional, por meio da aplicação de redutores proporcionais aos do cenário nacional,
assim como, estendidos temporalmente para o horizonte do projeto, como pode ser observado
na Tabela 5.1.2-3, a seguir.
Hydros
EP518.RE.JR204 99
2,50
Brasil
Região Norte
2,00
taxa de crescimento (% aa)
Pará
Amapá
1,50
1,00
0,50
0,00
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
ano
Para o Estado do Pará, como pode ser observado na Tabela 5.1.3- 1, a seguir, tanto as taxas
como a tendência são muito semelhantes, observando-se para o Amapá taxas também
declinantes, porém cerca de 50% superiores à média regional.
O método para as estimativas das populações das Unidades de Federação do IBGE tem como
princípio fundamental a subdivisão de uma área maior, cuja estimativa já se conhece, em n
áreas menores, de tal forma que seja assegurada ao final das estimativas das áreas menores a
reprodução da estimativa, previamente conhecida, da área maior através da soma das
estimativas das áreas menores. A área maior é a projeção da população do Brasil, que por sua
vez foi feita com base no método das componentes demográficas, onde fecundidade,
mortalidade e migração interferem na composição da população futura (OLIVEIRA, 2004).
Na elaboração do cenário prospectivo, adotou-se o mesmo princípio que norteou as
estimativas das populações das Unidades de Federação do IBGE. Assim, considerou-se que
Hydros
EP518.RE.JR204 100
Tabela 5.1.3-2 – Estimativa da população dos municípios da bacia do rio Jari - atual e
2030
Períodos Atual¹ 2030²
Almeirim 31.192 37.328
Laranjal do Jari 40.357 51.914
Vitória do Jari 11.519 14.818
Municípios da bacia do rio Jari 83.068 104.059
(¹) Fonte dos dados primários: IBGE (2009) (²) Estimado a partir de IBGE - Projeção da População por Sexo e
Idade para o Período 1980 - 2050 - Revisão 2008.
A maior parte desta população reside na área urbana. Em 2000, registrou-se que 74% da
população dos municípios integrantes da bacia do rio Jari residia na zona urbana, observando-
se que, naquele ano, as maiores taxas de urbanização eram apresentadas por Laranjal do Jari,
com 94% de taxa de urbanização. Essas taxas têm apresentado comportamento crescente nos
três municípios da bacia, conforme tendência observada para os estados do Pará, Amapá e
para o Brasil como um todo. Destaca-se, no entanto, que a sede municipal de Almeirim
localiza-se fora dos limites da bacia do rio Jari. Estima-se que pouco menos de 30% da
população urbana deste município seja residente do Distrito de Monte Dourado, localizado na
bacia do rio Jari.
Entre 1996 e 2007 a participação do PIB dos atuais municípios de Vitória do Jari, Laranjal do
Jari e Almeirim, no PIB da Região Norte mostrou-se decrescente, reduzindo-se de 0,93% para
0,56%. Esse descenso deveu-se ao fato de que enquanto a Região Norte crescia em média a
uma taxa de 4,57% aa, a somatória do PIB dos municípios da bacia aparece no início e no
final do período com praticamente o mesmo montante em termos reais. Para essa
estabilização contribuiu decisivamente o desempenho do Município de Almeirim, cuja
economia é fortemente dominante no contexto da bacia.
Hydros
EP518.RE.JR204 101
Este município que como visto sedia um grupo de empresas altamente verticalizadas
originárias do Projeto Jari, respondia, em 1996, por 92,75% do PIB da bacia e por 0,86% do
PIB de toda a Região Norte, despencando estas participações para respectivamente 55,8% e
0,32% em 2007. Aparece como particularmente crítico o período 2002 – 2007 quando o PIB
municipal decresce continuadamente, com um ritmo médio de 12,72% aa negativos. No
restante da bacia o município de Laranjal do Jari e, posteriormente Laranjal do Jari e Vitória
do Jari – sendo o último desdobramento do primeiro, com agregado econômico inicialmente
muito reduzido - elevaram sua participação no PIB da Região Norte de 0,07% em 1996 para
0,25% em 2007. No período 2002 – 2007, enquanto o PIB de Almeirim apresentava taxas
negativas, o restante da bacia mantinha crescimento próximo ou ligeiramente superior ao da
média regional, como pode ser observado na Tabela 5.1.4-1, a seguir.
Tabela 5.1.4-1 Evolução Comparativa do Produto Interno Bruto da Região Norte e dos
Municípios da Bacia do Rio Jari, 1996 – 2007 (em valores absolutos – R$ de 2000)
1996 2001 2002 2007
Região Norte 46.722.673,97 52.332.909,56 57.533.885,21 76.445.510,51
Almeirim/PA 403.539,54 363.400,72 475.663,11 240.825,92
Laranjal do Jari/AP 31.737,33 101.184,53 104.789,72 146.223,95
Vitória do Jari/AP - 30.859,20 33.199,19 44.046,92
Total Municípios 435.276,87 495.444,45 613.652,02 431.096,79
Participação proporcional na Região Norte - %
Região Norte 100 100 100 100
Almeirim/PA 0,86 0,69 0,83 0,32
Laranjal do Jari/AP 0,07 0,19 0,18 0,19
Vitória do Jari/AP - 0,06 0,06 0,06
Total Municípios 0,93 0,95 1,07 0,56
Taxa geométrica média anual de crescimento - %
1996/2001 2001/2002 2002/2007
Região Norte 2,29 9,94 5,85
Almeirim/PA -2,07 30,89 -12,72
Laranjal do Jari/AP 26,10 3,56 6,89
Vitória do Jari/AP - 7,58 5,82
Total Municípios 2,62 23,86 -6,81
Fonte: IBGE
Hydros
EP518.RE.JR204 102
Gráfico 5.1.4-1 – Evolução da estrutura produtiva dos municípios da bacia do rio Jari
100%
90%
80%
70%
Primário
60%
Secundário
50%
Terciário
40%
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007
Hydros
EP518.RE.JR204 103
Almeirim
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007
Laranjal do Jari
100%
90%
80%
70%
60% Primário
50% Secundário
40% T erciário
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007
Vitória do Jari
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007
Hydros
EP518.RE.JR204 104
O Setor Terciário presente na bacia é concentrado nas sedes dos três municípios envolvidos
assim como na sede distrital de Monte Dourado. É de corte tradicional e constituído quase
exclusivamente por pequenas unidades com baixa capitalização e elevado grau de
informalidade. Seu principal segmento é o Poder Público, representado pelas administrações
municipais. Suas taxas de crescimento em termos reais no último quinquênio considerado, são
negativas para Almeirim e de cerca de + 7% para os dois outros municípios. Para estes, com
agregados reduzidos, as taxas, apesar de elevadas, são pouco significativas e estão
diretamente vinculadas ao incremento populacional. Para a média dos municípios da bacia o
incremento do Terciário foi de apenas 1,85% aa, como pode ser observado na Tabela 5.1.4-3,
a seguir.
Hydros
EP518.RE.JR204 105
Com relação às atividades primárias o resultado para o conjunto da bacia é também negativo
no último quinquênio (-13,5% aa), movimento que também foi puxado por Almeirim
(-19% aa), sobrepondo-se ao crescimento real de cerca de 10% aa ocorrido nos dois outros
municípios. Observando a utilização das terras nos três municípios considerados (ver
Tabela 5.1.4-4 a seguir), verifica-se claramente que a estrutura produtiva rural presente em
Laranjal e Vitória do Jari é ainda extremamente incipiente: as áreas de lavouras e de pastagens
somadas resultam em cerca de 1.000 hectares e o total da área dos estabelecimentos
agropecuários nestes dois municípios ocupa somente 2% da área do município não delimitada
como TI ou UC16. Em Almeirim as lavouras são também reduzidas, predominando
amplamente pastagens extensivas. Neste município, os estabelecimentos agropecuários
ocupam 10% da área do município não delimitada como TI ou UC.
16
Em Laranjal do Jari, 95% da área do município corresponde a Terras Indígenas ou Unidades de Conservação,
restando 5% de sua área total para todas as demais atividades. Somente 2% destes 5% é ocupado pelos
estabelecimento agropecuários, ou seja, 0,1% da área do município é ocupada por estes estabelecimentos. Em
Vitória do Jari, o percentual do município delimitado como UC ou TI é de 34% e em Almeirim, 89%. Uma
discussão mais detalhada é apresentada no item 5.1.6.
Hydros
EP518.RE.JR204 106
Tabela 5.1.4-4 - Utilização das terras nos estabelecimentos agropecuários dos municípios
da bacia do rio Jari, 2006. (em hectares)
Laranjal do Jari
Almeirim (PA) Vitória do Jari (AP)
Utilização das Terras (AP)
Abs. % Abs. % Abs. %
Lavouras¹ 3.718 2,31 196 6,20 355 11,86
Pastagens² 56.908 35,33 875 27,68 400 13,37
Matas³ 94.732 58,82 2.090 66,12 2.237 74,77
Aquicultura4 81 0,05 0 0,00 0 0,00
Construções, benfeitorias
2.599 1,61 0 0,00 0 0,00
ou caminhos
Terras sem utilização
(degradadas ou
3.016 1,87 0 0,00 0 0,00
inaproveitáveis para
agropecuária)5
Total 161.054 100,00 3.161 100,00 2.992 100,00
Fonte: IBGE. Censo Agropecuário, 2006.
(1) Lavouras permanentes, temporárias e cultivo de flores, inclusive hidroponia e plasticultura, viveiros de
mudas, estufas de plantas e casas de vegetação e forrageiras para corte. (2) Pastagens naturais, plantadas
(degradadas e em boas condições). (3) Matas e/ou florestas naturais destinadas à preservação permanente ou
reserva legal, matas e/ou florestas naturais, florestas plantadas com essências florestais e áreas em sistema
agroflorestal, também usadas para lavouras e pastoreio de animais. (4) Tanques, lagos, açudes e/ou área de águas
públicas para exploração da aquicultura. (5) Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas, etc) e terras
inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, areais, pedreiras, etc)
Destaca-se claramente desse contexto que o núcleo das atividades produtivas presentes na
bacia é constituído basicamente pelas atividades econômicas de cunho empresarial centrada
em três company-towns – núcleos de produção e gestão, que se desenvolveram
independentemente do seu entorno imediato e mesmo de seu entorno regional pois, além da
matéria prima extraída localmente, seus fluxos de insumos industriais/produtos dependem e
orientam-se para outros mercados. Originárias do Projeto Jari estas empresas constituem
atualmente entidades independentes, com as seguintes identificações básicas:
Hydros
EP518.RE.JR204 107
Fonte: Imazon/SAD
Hydros
EP518.RE.JR204 108
setor madeireiro extraiu 24,5 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, o equivalente a
cerca de 6,2 milhões de árvores.
Essa matéria-prima gerou 10,4 milhões de metros cúbicos de madeira processada (tábuas,
produtos beneficiados, laminados, compensados etc.) e após o processamento foi destinada,
tanto para o mercado doméstico (64%), como para o externo (36%). Em particular, as
exportações tiveram um incremento muito significativo, passando de US$ 381 milhões em
1998 para US$ 943 milhões em 2004. O número de empregos gerados (diretos e indiretos)
aumentou de 353 mil em 1998 para 379 mil empregos em 2004. Estima-se, nesse contexto,
que atualmente pelo menos 5% da população economicamente ativa da Amazônia Legal
trabalhe direta ou indiretamente com a atividade madeireira. O Pará é o principal Estado
produtor de madeira amazônica, respondendo por 45% do total produzido. O Pará também
concentra 51% das empresas madeireiras e gera 48% dos empregos da indústria madeireira da
Amazônia.
b) A questão do desmatamento
Em termos espaciais pode ser mapeado o avanço do desmatamento e das frentes madeireiras –
representadas em seu estágio inicial pela ação de toreros e a multiplicação das pequenas
serrarias que realizam o desdobramento inicial da madeira. Como pode ser observado na
Figura 5.1.5-1, a seguir, houve migração da atividade madeireira em direção ao oeste do Pará,
sudeste do Amazonas e extremo noroeste do Mato Grosso.
Hydros
EP518.RE.JR204 109
Fonte: Imazon/SAD
Figura 5.1.5-1 Pontos de Desmatamento Amazônia Legal – Percurso Recente das
Frentes Madeireiras
Dentre os dez municípios que mais desmataram na Amazônia Legal em outubro 2009, a
metade - São Félix do Xingu - 12,0 km², Óbidos – 7,7 km², Almeirim -5,1 km², Altamira –
5,0 km² e Oriximiná – 4,2 km², pertence ao Estado do Pará, podendo destacar-se da
Figura 5.1.5-2 a seguir, que a atividade madeireira já pode ser considerada como intensa na
vizinhança imediata da área de estudo e em parte de seu território.
Hydros
EP518.RE.JR204 110
Fonte: Imazon/SAD
Figura 5.1.5-2 Municípios da Amazônia Legal mais desmatados em outubro de 2009
Com o incremento e avanço das frentes de exploração, o número de pólos madeireiros subiu
de 72 (em 1998) para 82 (em 2004), elevando-se paralelamente o número de empresas, de
2.570 para 3.132, ocorrendo as maiores concentrações nos estados do Pará, Mato Grosso e
Rondônia.
Como pode ser observado na Figura 5.1.5-3, afora Belém, o maior pólo madeireiro do Pará
(Pólo Leste que responde por 21% da madeira processada na Amazônia Legal) ainda é
centralizado por Paragominas, daí descendo no sentido do Bico de Papagaio (Belém –
Brasília e PA-222). Nesse ponto se bifurca, continuando no sentido sul, onde se forma o Pólo
Sul do Pará (com participação proporcionalmente reduzida – 1%), bem como, avançando para
oeste no sentido do município de Tailândia e do entorno do reservatório de Tucuruí e
continuando ao longo da rodovia Transamazônica. Nesse último transcurso constitui-se no
Pólo Centro do Pará (com participação de 6%) que se liga com o Pólo Oeste Pará (5%), que é
uma continuação da frente que se origina no norte do Mato Grosso, ao longo da BR-163
(Cuiabá – Santarém). No seu extremo norte essa frente já ultrapassou a calha do rio
Amazonas e se encontra ativa nos municípios de Oriximiná, Óbidos, Alenquer e Monte
Alegre, alongando-se no sentido de Almeirim.
Hydros
EP518.RE.JR204 111
Fonte: Imazon
Figura 5.1.5-3 - Zonas e pólos madeireiros na Amazônia Legal em 2009
Nas Figuras 5.1.5-4 e 5.1.5-5 a seguir, o avanço da frente madeireira é apresentado, tanto
numa perspectiva cronológica, como através dos principais eixos de produção e transporte.
Em relação ao primeiro aspecto destaca-se o fato de que a frente madeireira amazônica tem
origem, há mais de 30 anos, no grande arco de desmatamento, que se estende de Rondônia até
o sudeste do Pará, passando pelo noroeste do Tocantins e do Maranhão. Sucedem-se duas
outras fases, relativas respectivamente aos períodos de 10 a 30 anos passados e menos de 10
anos, correspondendo a este último movimento, o avanço da frente madeireira no sentido da
bacia do Jari. Em termos de eixos de transporte/produção, o segmento final desta bacia se
integra no eixo estuarino, que permeia a hidrovia entre Manaus e Belém.
Por último, a representação espacial do desmatamento acumulado do período 2000 – 2009
monitorado pelo PRODES (Figura 5.1.5-6), permite visualizar os efeitos do avanço das
frentes madeireiras e a contribuição da bacia e de seu entorno.
Hydros
EP518.RE.JR204 112
Fonte: Imazon
Figura 5.1.5-4 - Expansão da fronteira madeireira na Amazônia, 2004
Fonte: Imazon
Figura 5.1.5-5 - Eixos de transporte e produção de madeira na Amazônia, 2004
Hydros
EP518.RE.JR204 113
Fonte: PRODES
Figura 5.1.5-6 - Desmatamento acumulado de 2000 a 2009 segundo o PRODES
Hydros
EP518.RE.JR204 114
a) Potencialidade florestal
Em termos territoriais é fácil visualizar que a porção mais ao norte, composta por Unidades de
Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas, malgrado a presença de algumas
atividades clandestinas, tende a manter seu atual elevado grau de preservação, conservando
sua destinação para usufruto das etnias indígenas e para a preservação e estudo de seus
recursos naturais. Apenas alterações substantivas na regulamentação do uso do solo e subsolo
nas Terras Indígenas, assim como do estatuto das Unidades de Conservação de Proteção
Integral presentes na bacia, poderiam viabilizar outra destinação de uso para esses territórios.
Estudos divulgados pelo Governo do Amapá sobre a concentração de madeira comercializável
- açapú, macacaúba, andiroba, pau mulato, cedro, maçaranduba, angelim, sucupira, entre
outras - indicam um potencial equivalente a 170 metros cúbicos por hectare. Na exploração de
recursos florestais destaca-se também o potencial para o extrativismo vegetal que gerou a
institucionalização de importantes reservas e projetos de extrativismo sustentado.
Por se tratar de um cenário de longo prazo e de temas atualmente debatidos pela sociedade -
existindo inclusive um projeto de lei em tramitação no Legislativo que trata da
regulamentação da exploração de recursos naturais presentes em TIs, formas localizadas e
pontuais de exploração dos recursos presentes nestes territórios não são descartáveis a priori,
mas não serão consideradas neste prognóstico, que toma por referência básica a legislação
atualmente vigente. Já para UCs que permitem uso sustentável, existe um grande potencial
para a ampliação das atividades antrópicas, com ênfase para a produção mineral, a exploração
sustentada da madeira e para as atividades agroextrativistas.
Destaca-se nesse contexto que a criação em 2005/6, no norte do Pará, de Unidades de
Conservação de Uso Sustentável de alçada estadual, fez parte de uma estratégia de prévio
disciplinamento e controle da exploração dos recursos naturais, especialmente dos recursos
madeireiros. De acordo com dirigentes da Imazon, esta teria sido a primeira vez em que o
Estado brasileiro, em vez de se debruçar sobre as sequelas, tratou de se prevenir contra uma
exploração dos recursos naturais acompanhada de forte degradação ambiental.
A seguir são apresentadas as potencialidades existentes de exploração florestal nas Unidades
de Conservação de Uso Sustentável.
Hydros
EP518.RE.JR204 115
• FLOTA do Paru
Seu território pode ser objeto de concessão para a exploração de recursos madeireiros e de
outros produtos florestais, existindo especulações, desde o momento de sua
institucionalização, de que existiria a possibilidade de se tornar um grande pólo de produção
madeireira através de projetos de exploração sustentável.
b) Potencialidade mineral
No que se refere ao potencial mineral presente na bacia do rio Jari, registra-se o Distrito
Bauxitífero-Caulínico de Almeirim/Jari, destacando-se em Vitória do Jari as jazidas de caulim
do Morro do Filipe e os depósitos de bauxita refratária da Serra do Acapuzal, exploradas
respectivamente pelas empresas CADAM e Santa Lucrécia. As reservas nacionais de caulim
são estimadas atualmente em 1,7 bilhões de toneladas, 70% das quais localizadas no Pará e
Amapá.
Uma ampla porção dos municípios de Laranjal do Jari e Almeirim está assentada na Província
Metalogenética do Amapá/NW do Pará. Além das áreas já exploradas observa-se a presença
de unidades geológicas com vocação mineral representadas pelas sequência tipo Greenstone
Belt com destaque para a ocorrência de ouro, tendo-se constatado a presença de garimpos
clandestinos – especialmente no entorno do rio Cupixi na bacia do rio Amapari. Como pode
ser observado na Figura 5.1.5-7 a seguir, os principais minerais presentes na bacia são o ouro,
a bauxita e o caulim, sendo o primeiro explorado na forma de garimpos clandestinos – pois
está localizado na porção norte, principalmente em Unidades de Conservação de Proteção
Integral/ Terras Indígenas. O caulim e a bauxita refratária, localizados na porção sul são,
como visto, explorados de modo empresarial. Nesse contexto a eventual identificação de
reservas de bauxita, suficientemente competitivas para atrair novos investimentos, seria a
principal alternativa para ampliação da estrutura produtiva nesta porção.
Hydros
EP518.RE.JR204 116
Área de Drenagem
Alumínio Prata
Oceano Atlântico
Cobalto Ferro
Calcário Caulim
Diamante Cobre
Cromo Mármore
Manganês Níquel
Ouro Demais
Estrôncio Minerais
0° 0°
5°S 5°S
55°W 50°W 45°W
c) Potencialidade hidroenergética
Por último, destaca-se o potencial hidroenergético, que também se concentra na porção norte.
Observa-se que já está definido o traçado da linha de transmissão que deverá integrar ao
sistema interligado nacional a energia não consumida localmente que será produzida pela
UHE Santo Antônio do Jari em construção pelo Consórcio Amapá Energia, como pode ser
observado na Figura 5.1.5-8, a seguir.
.
Hydros
EP518.RE.JR204 117
Hydros
EP518.RE.JR204 118
As áreas denominadas de Áreas Disponíveis para Ocupação Antrópica foram definidas como
aquelas que não se situam em Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Estão incluídas
na ADOA, portanto, as Áreas de Preservação Permanente e as Áreas de Reserva Legal,
cabendo destacar que intervenções nestas áreas são permitidas somente em condições muito
restritas.
Em Laranjal do Jari, a ADOA corresponde a somente 5% da área total do município. Se
considerada somente a ADOA inserida na bacia, este percentual cai para 3,6%. Em Almeirim,
embora 20,9% do município esteja disponível para ocupação antrópica, somente 6,4% do
município refere-se a ADOA na bacia do rio Jari. Vitória do Jari, por outro lado, dispõe de
66,4% de ADOA, com 36,6% na bacia do rio Jari. Ressalta-se, entretanto, que a área deste
município é bem reduzida se comparada aos demais municípios da bacia, de modo que a
ADOA de Vitória do Jari em termos absolutos é bem semelhante à ADOA de Laranjal do Jari
(Tabela 5.1.6-2).
Tabela 5.1.6-2 - Área Disponível para Ocupação Antrópica – ADOA, nos Municípios da
Bacia
Área do
ADOA na ADOA na
Municípios – UF município ADOA (ha) ADOA (%)
bacia (ha) bacia (%)
(ha)
Hydros
EP518.RE.JR204 119
Legenda
Guiana Francesa
Suriname Projeto de Assentamento
Municípios da Bacia
! !
!
Limite Internacional
!
! !
Área de Drenagem
Guiana Francesa
UC de Proteção Integral
Terras Indígenas
Almeirim
0° Mazagão 0°
Vitória do Jari
5°S 5°S
55°W 50°W 45°W
17
Atualmente não há consenso sobre o tamanho da população da UC. O número de famílias cadastradas na base
de dados do INCRA refere-se ao número de beneficiários, que não necessariamente coincide com o número de
famílias, já que em uma mesma família pode haver vários beneficiários, desde que tenham maioridade. Em
contraposição com os dados do INCRA, pode-se citar a contagem da população segundo setores censitários
(IBGE, 2007), na qual considerando que cada domicílio é residido por uma família, a UC apresenta 552 famílias
residentes (PICANÇO, 2009).
Hydros
EP518.RE.JR204 120
na bacia, sendo a maior parte (76,4%) em Laranjal do Jari (ver Tabela 5.1.6-3) e o
restante (16,1%) no município de Mazagão.
- A FLOTA Paru, com 3.612.914 ha, prevista para ser utilizada para Exploração
Sustentada de Produtos Florestais madeireiros e não madeireiros e de recursos
minerais tem 31,4% de seu território inserido na bacia, no Município de Almeirim
(Tabela 5.1.6-4).
Laranjal do Vitória do
RDS Iratapuru Almeirim Mazagão Total
Jari Jari
Laranjal do Vitória do
FLOTA Paru Almeirim Mazagão Total
Jari Jari
Hydros
EP518.RE.JR204 121
Uma segunda fonte, ISA18, informa que esta proposta está sendo estudada em nível regional,,
com envolvimento de equipes do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Universidade Federal
do Pará, que estão consolidando um diagnóstico sobre a biodiversidade da área, de modo que
a proposta não seja criar um enclave econômico, mas que seja parte de um projeto de
desenvolvimento da Calha Norte.
Uma terceira fonte, IBRAM19, informa que os deputados da Comissão de Mineração e Meio
Ambiente, DNPM, CPRM, IBRAM, Rio Tinto e demais, acenam com esta proposta da
possibilidade de exploração de jazidas minerais nas UCs, no sentido de fomentar a economia
na Calha Norte, cuja qualidade de vida da população é ainda baixa e muito baixa.
Na bacia do rio Jari, tal permuta ocorreria na área de drenagem do rio Ipitinga, demarcada
como REBIO, onde atualmente há atividade garimpeira. Outras áreas fora da bacia,
pertencentes à REBIO e à ESEC Grão Pará seriam repassadas para a FLOTA Paru, onde estão
localizadas amplas reservas de bauxita. Essas áreas já foram prospectadas pela multinacional
Rio Tinto, que poderia viabilizar sua exploração. Destaca-se ainda que no âmbito dessa
proposta, grande parte dos 400.000 ha da FLOTA do Paru a serem convertidos em REBIO
seriam demarcados no extremo norte da FLOTA, área inserida na bacia do rio Jari (ver
Figura 5.1.6-2 a seguir).
REBIO de Maicuru
APA Upauon-Açú
5°S 5°S
55°W 50°W 45°W
18
Disponível em http://www.socioambiental.org Acesso em 04.08.10
19
Disponível em http://www.ibram.org.br Acesso em 04.08.10
Hydros
EP518.RE.JR204 122
Caso se efetive uma permuta desse tipo, dos cerca de 1,13 milhões de ha da FLOTA Paru
inseridos na bacia do Jari uma porção substancial poderia ser perdida (até 400 mil ha),
obtendo-se, em compensação, a possibilidade de explorar o potencial mineral existente no rio
Ipitinga. Embora os dados disponíveis demonstrem a viabilidade econômica para a
garimpagem, não se sabe ainda a quantidade de minérios existentes nos locais identificados
nos mapas para uma exploração em escala industrial. Embora a área de pesquisa mineral na
bacia não seja tão significativa quanto em nível regional, a alteração dos limites e usos nas
UCs pode alterar significativamente a possibilidade de exploração das jazidas minerais na
bacia do rio Jari.
Hydros
EP518.RE.JR204 123
³
53°W 52°W
0° 0°
Amapá
! Laranjal do Jari
P
Monte DouradoR
P Vitória do Jari
!
1°S 1°S
Pará
Legenda
Área de Drenagem
Hidrografia Principal
Estação Ecológica
Área de eucalipto
Reserva Legal km
0 10 20 40 60 80
53°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 124
A partir dos dados apresentados, tomando por base as informações do Grupo Orsa, pode-se
concluir que esse grupo tem a posse de uma área extensa e que extrapola os limites da bacia,
incluindo toda a sua porção sul, não restando nenhum espaço para outras atividades. Caso se
considere os dados do ITERAIMA, parte da porção sul da bacia pode vir a apresentar uma
exploração econômica possivelmente diferente daquela organizada pelo Grupo ORSA.
Para o cenário de ocupação da bacia destaca-se que é reduzida a área potencial para a
expansão de atividades produtivas, uma vez que a totalidade das ADOAs já se encontra
dividida entre reflorestamento de eucaliptos, áreas com manejo florestal sustentável, Reserva
Legal e Área de Preservação Permanente.
Essa questão interfere também na possibilidade de consolidação das áreas em que atualmente
se pratica cultura de subsistência, associada à pecuária e à exploração madeireira em pequenas
propriedades (Tabela 5.1.6-6, Gráfico 5.1.6-1 e Figura 5.1.6-5). Por exemplo, em Laranjal do
Jari, uma parte das áreas com essa ocupação típica situa-se no Projeto de Assentamento
Casulo/ Maria de Nazaré Souza Mineiro, com 3.000 ha e capacidade para cerca de 100
famílias. Até 2007, 97 famílias já haviam sido assentadas neste PA.
Tabela 5.1.6-6 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual nos municípios¹ da bacia do rio
Jari
TIPO DE USO Almeirim Laranjal do Jari Vitória do Jari Total
Mancha Urbana (ha) 900 900 100 1.900
Pecuária (pastagens) (ha) 1.700 0 0 1.700
Reflorestamento de Eucalipto
114.900 300 14.200 129.400 4
(ha)²
Lavouras (ha) 34.100 8.500 4.300 46.900
Vegetação Secundária (ha) 20.700 0 400 21.100
Vegetação nativa (ha)³ 7.123.700 3.086.900 1.294.100 11.504.700
Total (ha) 7.296.000 3.096.600 1.313.100 11.705.700
(¹) Mazagão não foi considerado, pois somente uma pequena área de seu território se encontra na bacia do rio
Jari (²) JARI Celulose (³) Inclui área de 505.400 ha de Manejo da ORSA Florestal no município de Almeirim,
áreas legalmente protegidas (TIs e UCs) e possíveis áreas de Reserva Legal, além de APPs que atualmente
encontram-se com cobertura vegetal nativa. APPs sem cobertura vegetal nativa estão contabilizadas nas demais
categorias de uso do solo (4) Cerca de metade desta área (61.000 ha) refere-se à área operacional plantada, e a
outra metade (60.000 ha) à área operacional a plantar, segundo Relatório de Sustentabilidade do Grupo ORSA de
2008. Acredita-se que o mapeamento do reflorestamento de eucaliptos disponíveis na base cartográfica do IBGE
inclua toda a área operacional. A Jari Celulose tem autorização para plantio em cerca de 132.000 ha
(RADOVAN; FONSECA, 2007), de modo que se acredita que não haverá expansão dessas áreas.
Hydros
EP518.RE.JR204 125
Gráfico 5.1.6-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ Atual nos municípios da bacia do rio
Jari
Mancha Urbana
Laranjal do Jari
Almeirim
Hydros
EP518.RE.JR204 126
Hydros
EP518.RE.JR204 127
Hydros
EP518.RE.JR204 129
Hydros
EP518.RE.JR204 130
Tabela 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios¹ da bacia do rio Jari no
Cenário 2030
TIPO DE USO Almeirim Laranjal do Jari Vitória do Jari Total
Mancha Urbana (ha) 900 900 100 1.900
Pecuária (pastagens) (ha) 1.700 0 0 1.700
Reflorestamento de Eucalipto
114.900 300 14.200 129.400
(ha)²
Policultura diversificada (ha)³ 105.500 15.500 4.600 125.600
4
Vegetação Secundária (ha) 0 600 23.000 23.600
5
Vegetação nativa (ha) 7.073.000 3.079.300 1.271.200 11.423.500
Total (ha) 7.296.000 3.096.600 1.313.100 11.705.700
(¹) Mazagão não foi considerado, pois somente uma pequena área de seu território se encontra na bacia do rio
Jari (²) JARI Celulose (³) Inclui lavouras atuais, vegetação secundária atual entre Monte Dourado e Munguba,
área ao longo das rodovias PA-254 e PA-425, e pequenas áreas no interior da chamada “Subzona de
Reaproveitamento de Áreas Alteradas com Predominância de Solos de Baixa Fertilidade Natural”. (4)
Revegetação em áreas de exploração de caulim e bauxita. (5) Inclui área de 505.400 ha de Manejo da ORSA
Florestal no município de Almeirim, áreas legalmente protegidas (TIs e UCs) e possíveis áreas de Reserva Legal,
além de APPs que foram consideradas como apresentando cobertura vegetal nativa no cenário 2030. APPs sem
cobertura vegetal nativa estão contabilizadas nas demais categorias de uso do solo.
Gráfico 5.1.7-1 - Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ nos municípios da bacia do rio Jari
no Cenário 2030
Mancha Urbana
Vitória do Jari Pecuária (pastagens)
Reflorestamento de Eucalipto
Policultura diversificada
Vegetação Secundária
Laranjal do Jari
Almeirim
área (ha)
Hydros
EP518.RE.JR204 132
(*) As áreas de vegetação nativa incluem áreas não exploráveis e exploráveis de produtos florestais - madeireiros
e não madeireiros. Para visualizar UCs e TIs, ver Figura 5.1.7-2.
Figura 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios da bacia do rio Jari no
Cenário 2030
Hydros
EP518.RE.JR204 133
Em comparação com a situação atual as alterações previstas podem ser divididas de acordo
com a porção da bacia a ser afetada. As principais alterações tendem a ser:
• Na Porção Centro-Norte
Na porção centro norte da bacia a abertura de acessos deverá viabilizar a exploração das
Unidades de Conservação de Uso Sustentável, com os seguintes quantitativos potenciais:
- exploração sustentável de recursos não madeireiros numa área potencial de cerca de
610 mil hectares, atualmente disponível, porém carente de acesso e com muito baixa
intensidade de uso (RDS Iratapuru). Considerou-se no horizonte do presente estudo, a
possível exploração de 66% do potencial identificado, a ser definida por planos de
manejo;
- exploração sustentável de recursos madeireiros e não madeireiros de uma área
potencial de 2,11 milhões de hectares, atualmente sem acessos (FLOTA Paru).
Considerou-se, no horizonte do presente estudo, a possível exploração, a ser definida
por planos de manejo, de 33% do potencial identificado.
• Na Porção Sul
Na Figura 5.1.7-2, apresentam-se o uso do solo previsto para o cenário 2030, mantendo-se a
cobertura florestal das áreas de proteção legal cuja exploração será desenvolvida de modo
sustentado (UCs de Uso Sustentável), com a preservação da cobertura florestal nativa.
Hydros
EP518.RE.JR204 134
!
!
³
!
!
!
!
!
! !
!
!
SURINAME
!
!
!
!
GUIANA FRANCESA
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
! !
!
! !
!
! ! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
2°N 2°N
!
!
!
!!
! !
!!
! ! !
! ! ! ! !
!!
!
!! !
!!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
! !
! !
Amapá
!
!!
!
!
!
!
! !
!
!
1°N 1°N
!!
!!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!!
Pará !
!
! !
!
!
!!
!
!
! !
!
!
Legenda
!
!
!
!
!
!
0° UC de Proteção Integral 0°
! !
! !
UC de Uso Sustentável
!
! ! !
!
!
!
Terras Indígenas
! !
!
!
Hidrografia Principal
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
Área Urbana
! !
!
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
! ! !
!
! !
! ! ! !
Pecuária
! ! !
!
! ! ! !
! !
!
!!
!
! !
! !
! !
! !
!
!
! !
!
!!
!
!
!
! !
!
!! !
! !
! !
!
Reflorestamento de Eucalipto
!
! !
!
! !
!
! !
!
!
!
!
!
! !
Vegetação Secundária ! ! !
!
!
!
!! ! ! !
! !
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!! !
exploração sustentável
Área Florestada sem
explororação de recursos 0 12,5 25 50 75 100 km
Hydros
EP518.RE.JR204 135
Hydros
EP518.RE.JR204 136
Para os padrões reflorestamento (no caso de eucalipto) e de manejo florestal de mata nativa de
cunho empresarial, foram selecionadas estruturas de custos e rendimentos que foram
utilizadas para se aproximar da conceituação do Valor Adicionado, obtendo-se os seguintes
valores:
Com base nessas aproximações estimou-se que no horizonte do projeto o Valor Adicionado
pelas atividades agropecuárias e extrativas vegetais no âmbito da bacia poderá atingir, a
preços de 2007, 808 milhões de reais (Tabela 5.1.8-1).
Tabela 5.1.8-1 – Valor adicionado pelo setor primário a partir da expansão das
atividades agropecuárias e extrativas vegetais
Geração de
valor Valor adicionado¹
Atividade do setor primário Áreas (ha)
adicionado (R$)
(R$/ha/ano)
Exploração sustentável de produtos
840.340 60,00 50.420.400
florestais não madeireiros
Exploração sustentável de recursos
1.207.500 410,00 495.075.000
madeireiros
Policultura Diversificada 127.300 475,00 60.467.500
Reflorestamento (Eucalipto) 129.400 1.560,00 201.864.000
TOTAL 2.304.540 - 807.826.900
(¹) Preços de 2007
A partir desse valor procurou-se estabelecer uma hipótese plausível de evolução do conjunto
da economia da bacia por meio da estimação do crescimento dos demais grandes setores de
atividades. Dada a elevada flutuação das participações proporcionais no passado recente –
como visto entre 1996 e 2007 o peso do setor secundário variou de 77% a 31% e o terciário de
Hydros
EP518.RE.JR204 137
14,9% a 60,3%, oscilando o primário entre 7,6% a 11,3%, - essa estimação foi essencialmente
qualitativa e apoiada na pesquisa de similaridades com regiões que já passaram por processos
semelhantes, adequando-se os indicadores obtidos às especificidades da região.
Considerou-se que com o tipo de evolução indicada, a bacia do rio Jari e os municípios que
dela fazem parte teriam um componente muito forte nas extrações vegetal e mineral que
deverão crescer mais rapidamente que os demais setores, alcançando uma participação de
25% no PIB no horizonte do projeto. Estimou-se também que o setor secundário, núcleo da
atividade econômica da bacia, alimentado pelo crescimento da atividade extrativa, deveria
manter uma participação de pelo menos 40%, restando para os serviços uma participação de
35%. Considerando este esboço e a manutenção da participação da extração mineral em cerca
de 5% do montante do VA do setor primário, o PIB dos municípios da bacia em 2030 tenderá
a ser de R$ 3.394,83 milhões de reais.
Nesse contexto, como pode ser observado na Tabela 5.1.8-1 a seguir, a taxa geométrica média
anual de crescimento do PIB da bacia no período 2007 – 2030 será de 7,26%, superior à do
conjunto da Região Norte, elevando sua participação proporcional de 0,51% para 0,69%.
Tabela 5.1.8-2 Estimativa do PIB da Região Norte e dos Municípios da Bacia do Rio Jari
no Horizonte do Projeto
Hydros
EP518.RE.JR204 138
Hydros
EP518.RE.JR204 139
5.2.2 METODOLOGIA
Hydros
EP518.RE.JR204 140
Hydros
EP518.RE.JR204 141
20
Áreas não delimitadas como Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Para mais detalhes, ver item 5.1. –
Cenário Prospectivo da Bacia do Rio Jari.
Hydros
EP518.RE.JR204 142
Tabela 5.2.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da Qualidade da Água
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DA QUALIDADE DA ÁGUA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Aldeias indígenas
2 Vilas, núcleos, povoados e outras localidades
IBGE/SIVAM,
Efluentes 0,6 3 Entorno de áreas urbanizadas (raio de 5 km) Bacia
2004
4 -
5 Áreas Urbanizadas
1 -
IBGE/SIVAM, 2 -
Uso do Solo 0,4 2004 3 Pecuária e agricultura de subsistência Bacia
HYDROS, 2010 4 Silvicultura de eucaliptos
5 Áreas Urbanizadas
Hydros
EP518.RE.JR204 143
Tabela 5.2.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Área de preservação permanente em área urbana/urbanizada
2 -
Entorno dos Corpos IBGE/SIVAM, Área de preservação permanente em regiões de pastagens, lavoura e
0,7 3 Bacia
D’Água 2004 vegetação secundária
Área de preservação permanente ao longo de rios em regiões de
4
vegetação natural
5 Área de preservação permanente em nascentes e ilha fluvial
Áreas sem comprovação de ocorrência de espécies endêmicas,
1
IUCN, 2009; migratórias ou em risco de extinção
Espécies Endêmicas, BERNARD, 2 -
Migratórias ou em Risco 0,3 2008; 3 - Existência
de Extinção NOGUEIRA, 4 -
2010
Áreas de ocorrência de espécies endêmicas, migratórias ou em risco de
5
extinção
Hydros
EP518.RE.JR204 144
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!! !
2°N ! !
2°N
!
!
! !
!
!
!
! !
! ! !
!!
! ! ! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
I
!
! !
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
! !
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
II
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!!
! !
! !
!
!
!
!
! !
Legenda
IIIP Laranjal do Jari
!
! !
!
! !
! !
Vitória do Jari
!
!
P
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
!
!
!
!
! ! !
!
! !
! !
! ! !
!!
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! ! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 145
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade baixa na maior parte da subárea, principalmente pela ausência de
ocupação antrópica na região, muito embora haja registros de ocorrência de espécies
I endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Sensibilidade média principalmente ao longo
do rio Jari
Hydros
EP518.RE.JR204 146
Hydros
EP518.RE.JR204 147
Tabela 5.2.3.2-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à Erosão do Solo
INDICADOR DE SENSIBILIDADE À EROSÃO DO SOLO
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 até 50 m Bacia
2 -
Geomorfologia e
0,25 IBGE, 2004 3 50 a 100 m
entalhamento das drenagens
4 100 a 150 m
5 maior que 150 m
1 Latossolos Vermelho-Escuro Bacia
2 Latossolos Vermelho-Amarelo
Erodibilidade 0,25 IBGE, 2004 3 Latossolos Amarelo
4 Argissolos Vermelho-Amarelo e Gleissolo
5 Neossolos Litólicos
1 R até 409,1 Bacia
2 -
HYDROS,
Erosividade 0,25 3 R entre 409,1 e 478,4
2010
4 -
5 R acima de 478,4
1 Florestas Ombrófilas Bacia
2 Vegetação Secundária, Reflorestamento
Cobertura Vegetal e Uso do
0,25 IBGE, 2004 3 Áreas urbanas
Solo
4 Refúgio vegetacional arbustivo, Formações Pioneiras
5 Lavouras e Pastagens
Hydros
EP518.RE.JR204 148
Tabela 5.2.3.2-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 -
2 Área de amortecimento da UC de Uso Sustentável (10 km)
Unidades de
0,45 IBAMA, 2006 3 Área de amortecimento da UC de Proteção Integral (10 km) Nacional
Conservação
4 UC de Uso Sustentável
5 UC de Proteção Integral
1 -
Áreas Prioritárias para 2 Insuficientemente conhecida
Conservação da 0,15 PROBIO, 2007 3 Alta Nacional
Biodiversidade 4 Muito alta
5 Extremamente alta
1 -
2 Vegetação secundária
Integridade de Habitats
IBGE, 2004 3 Florestas Ombrófilas Abertas
e Presença de Espécies 0,40 Regional
HYDROS, 2010 Florestas Ombrófilas Densas, Contato Savana/Floresta Ombrófila e
Endêmicas ou Raras 4
Formações Pioneiras
5 Refúgios Vegetacionais
Hydros
EP518.RE.JR204 149
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! ! ! !
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
!
! !
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! ! !
!
! !
!
!
!
! !
!
!
! !
I
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
!
!
!!
! ! !
!
! !
!
!
! !
! !
!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
! !
!
!
!!
II
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
Legenda
III!P Laranjal do Jari
!
! !
!
! !
Vitória do Jari
! !
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
!
!
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! !
! !
!
! !
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 150
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade alta a muito alta nas áreas das Unidades de Conservação de Proteção
I Integral, de títulos minerários e de maior erodibilidade e média nas demais áreas
5.2.3.3 Socioeconomia
Hydros
EP518.RE.JR204 151
Para avaliar a sensibilidade negativa dos Modos de Vida da população da bacia do rio Jari,
foram selecionadas as variáveis que apresentassem a maior expressividade. Vale ressaltar que
os dados referentes à população indígena foram abordados no item específico e por esta razão,
as Terras Indígenas foram retiradas do mapa de Modos de Vida.
As variáveis para o cenário macroeconômico de 2030 estão apresentadas na matriz do
Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida, com seus Pesos e Graus, na tabela a
seguir:
Hydros
EP518.RE.JR204 152
Tabela 5.2.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida para o Cenário de
2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DOS MODOS DE VIDA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
HYDROS, 2010 1 0,80 a 1,00
(cenário 2030 e 2 0,71 a 0,80
IDH-M 0,15 Atlas do 3 0,61 a 0,70 Bacia
Desenvolvimento
4 0,51 a 0,60
Humano do Brasil
(2000) 5 0,00 a 0,50
1 0 a 300 habitantes
HYDROS, 2010 2 301 a 1.000 habitantes
População* 0,25 (IBGE, 2007 e 3 1.001 a 5.000 habitantes Bacia
IBGE, 2008) 4 5.001 a 10.000 habitantes
5 10.001 a 50.000 habitantes
1 0 a 100 hab/km²
HYDROS, 2010 2 101 a 500 hab/km²
Densidade Populacional** 0,10 (IBGE, 2007 e 3 501 a 1.500 hab/km² Bacia
IBGE, 2008) 4 1.501 a 2.000 hab/km²
5 2.001 a 2.500 hab/km²
HYDROS, 2010 1 Presença incipiente de Comunidades Ribeirinhas
(cenário 2030 2 -
Presença de Comunidades IBGE (2003); 3 -
0,50 GERCO/AP Bacia
Ribeirinhas 4 -
(2005);
GEA/SETEC/ Presença de Comunidades Ribeirinhas
5
IEPA (2004)
* Os dados sobre a população foram projetados conforme IBGE (2008) para os setores censitários;
** A densidade populacional foi calculada através da relação entre a população e a área do setor censitário
Hydros
EP518.RE.JR204 153
Hydros
EP518.RE.JR204 154
Tabela 5.2.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Organização Territorial para o
Cenário de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Trechos fluviais navegáveis (buffer 350 m)
IBGE, 2003; 2 -
GEA/SETEC:EPA 3 Entorno de estradas locais (buffer 300 m)
Infraestrutura Viária 0,25 Bacia
2004, Hydros 4 Entorno de ferrovias (buffer 500 m)
2008
Entorno de hidrovias e de estradas de acesso a pólos regionais localizadas
5
fora da bacia (buffer 750 m)
1 -
2 Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e Pecuária
IBGE 2004 Produção madeireira e mineral / |Culturas Cíclicas / Policultura
Usos do solo 0,35 3 Bacia
Hydros 2010 Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1 Outras localidades (buffer 350 m)
2 Núcleo (buffer 500 m)
Graus de Centralidade 0,20 IBGE, 2003 3 Povoado (buffer 750 m) Científico
4 Vila (buffer 1km)
5 Sedes municipais (centros locais) (buffer 2km)
1 Áreas sem restrição para ocupação
IBAMA, 2006; 2 Áreas com zoneamento ambiental (Amapá e Pará)
Mecanismos de Gestão FUNAI; 2006;
0,20 3 Unidades de Conservação de Uso Sustentável (Amapá e Pará) Regional
Regional SECTAM, 2005;
IEPA, 2007 4 -
5 Terras Indígenas, Unidades de Conservação de Proteção Integral
* Estaqueamento dos rios inspecionados em visitas de campos de geotecnia no Estudo de Inventário Hidrelétrico.
Hydros
EP518.RE.JR204 155
Hydros
EP518.RE.JR204 156
Tabela 5.2.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional para o
Cenário de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA PRESSÃO POPULACIONAL
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0 a 100 hab/km²
2 101 a 500 hab/km²
IBGE, 2007;
Densidade Populacional 0,30 3 501 a 1.500 hab/km² Bacia
IBGE, 2008
4 1.501 a 2.000 hab/km²
5 2.001 a 2.500 hab/km²
1 menor que 0 %
Crescimento Populacional (Taxa 2 0 a 1,00 %
Anual de Crescimento 2000-2007 0,25 IBGE, 2007-2030 3 1,01 a 3,00 % Bacia
%) 4 3,00 a 3,50 %
5 3,51 a 4,00 %
1 0 hab
2 1 a 10.000 hab
IBGE, 2007;
Taxa de Urbanização 0,15 3 10.001 a 20.000 hab Bacia
IBGE, 2008
4 20.001 a 40.000 hab
5 40.001 a 50.000 hab
1 Entorno de trecho fluvial navegável* (buffer 500 m)
IBGE, 2003; 2 -
Proximidade de Infraestrutura Bacia
0,30 HYDROS, 2010* 3 Entorno de outras estradas (buffer 750 m)
Viária
4 -
5 Entorno de hidrovia e de estrada federal (buffer 2,0 km)
* Baseado na restituição aerofotogramétrica do Estudo de Inventário Hidrelétrico.
Hydros
EP518.RE.JR204 157
21
As variáveis selecionadas são as variáveis utilizadas na Avaliação Ambiental dos estudos de Inventário
Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.
Hydros
EP518.RE.JR204 158
Tabela 5.2.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Base Econômica para o Cenário de
2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA BASE ECONÔMICA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0a 20 milhões
HYDROS, 2 21 a 50 milhões
PIB Setor Primário Municipal 2010 (cenário
0,10 3 51 a 150 milhões Bacia 1
(reais) 2030); IBGE,
2008 4 151 a 400 milhões
5 401 a 500 milhões
1 0 a 150 milhões
HYDROS, 2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário 2010 (cenário
0,25 3 301 a 600 milhões Bacia 2
(reais) 2030); IBGE,
2008 4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 Restrita
2 ----
Grau de Aptidão Agrícola: das
0,10 IBGE, 2006 3 Regular Nacional 3
áreas não incluídas em TIs e UCs
4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo (área florestada na RDS)
HYDROS, 2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável :
2010 (cenário
áreas de floresta nativa não 0,15 3 Médio (área florestada na FLOTA, na ADOA, PA – Ora Florestal) Bacia 4
2030); IBGE,
incluídas em UCs de PI e TIs 4 Alto
2006
5 Muito alto
1 Material de uso na construção civil Nacional 5
Potencial Mineral: Áreas com 0,15 CPRM, 2004 2 Insumos para agricultura
potencial mineral 3 Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e semimetais
Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
4
minerais industriais
Hydros
EP518.RE.JR204 159
Hydros
EP518.RE.JR204 160
Hydros
EP518.RE.JR204 162
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
! !
I
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
Pará
! !
!
II
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 163
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade predominantemente baixa, por ser formada por Unidades de Conservação
de proteção integral, onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta,
I admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais, e sensibilidade muito baixa nas
Terras Indígenas, onde as populações indígenas têm atividades e modos de vida que não
fazem parte da socioeconomia tratada.
Sensibilidade predominantemente baixa a média, por ser formada por Unidades de
Conservação de uso sustentável, onde as variáveis estudadas estão vinculadas com o
desenvolvimento de atividades socioeconômicas previsto no cenário, baseado na
II exploração controlada de recursos naturais. A margem direita apresenta sensibilidade
mais alta que a margem esquerda, pois a primeira é constituída por FLOTA onde está
prevista a exploração florestal (madeira) e a segunda por ser constituída de RDS onde
está prevista a exploração florestal não madeireira.
Sensibilidade baixa, por ser formada por Unidade de Conservação de proteção integral,
III onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta, admitindo apenas o uso
indireto dos recursos naturais.
Sensibilidade predominantemente baixa a média onde as variáveis estão vinculadas com
a expansão de atividades agrícolas previstas no cenário; sensibilidade média a alta em
IV núcleos populacionais, em especial nas sedes municipais. É onde permanecerá ainda a
maior concentração de população, maior diversidade de atividades socioeconômicas e
melhor infraestrutura
Sensibilidade predominantemente baixa a média, onde as variáveis estão vinculadas
com o desenvolvimento de atividades agropecuárias e agrícolas diversificadas em
pequenas propriedades, conforme previsto no cenário, com presença de porções de
V sensibilidade muito baixa nas várzeas onde o desenvolvimento de atividades
econômicas é mais difícil
A Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais para o cenário de 2030 visa avaliar a
disponibilidade de recursos naturais mais expressivos para exploração econômica, baseada na
sensibilidade positiva atual.
Devido às restrições de uso das TI e UCs de Proteção Integral, que admite pouca interferência
humana, considerou-se que não haverá exploração econômica nestas áreas. Já em UCs de Uso
Sustentável, onde a atividade econômica é permitida, desde que possa garantir a perenidade
dos recursos naturais, de forma socialmente justa e economicamente viável, a área passível de
exploração econômica foi estabelecida como a área resultante da bacia subtraída das TIs e
Hydros
EP518.RE.JR204 164
Hydros
EP518.RE.JR204 165
Tabela 5.2.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais para o Cenário
de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Restrita
2 ----
Grau de Aptidão Agrícola 0,15 IBGE, 2006 3 Regular Científico 1
4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo (área florestada na RDS)
HYDROS, 2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável:
2010 (cenário Médio (área florestada na FLOTA, na AOA, PA – Orsa
áreas de floresta nativa não 0,55 3 Bacia 2
2030); IBGE, Florestal)
incluídas em UCs de PI e TIs
2006 4 Alto
5 Muito alto
1 Material de uso na construção civil
2 Insumos para agricultura
HYDROS, Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e
Potencial mineral: áreas com 3
0,30 2010 (cenário semimetais Nacional 3
potencial mineral
2030); CPRM, Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
2004 4
minerais industriais
5 Metais nobres
1
Nível de manejo: A= baixo nível tecnológico; B = médio nível tecnológico; C = alto nível tecnológico;
2
Referente ao Potencial madeireiro dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari, exceto em áreas de UCs de PI e TIs;
3
Valor comercial relativo ao produto mineral.
Hydros
EP518.RE.JR204 166
Hydros
EP518.RE.JR204 167
Tabela 5.2.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor
Elétrico para o Cenário de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA À COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELO SETOR ELÉTRICO
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 -
Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e
2
HYDROS, 2010 Pecuária
Uso do Solo 0,50 (cenário 2030); Produção madeireira e mineral / Culturas Cíclicas / Policultura Bacia
IBGE, 2006 3
Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1 0 a 150 milhões
HYDROS, 2010 2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário (cenário 2030);
0,30 3 301 a 600 milhões Bacia 1
(reais) IBGE, 2008);
IBGE, 2007 4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 0,81 a 1,00
HYDROS, 2010 2 0,71 a 0,80
IDH-M 0,20 (cenário 2030); 3 0,61 a 0,70 Bacia
IBGE, 2008 4 0,51 a 0,60
5 0 a 0,50
1
R Referente à população urbana dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari.
Hydros
EP518.RE.JR204 168
Ao indicador Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais foi atribuído um valor menor que
o indicador Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico. Os recursos
naturais são finitos, como é o caso dos recursos minerais, ou limitados pela exigência do
manejo adequado para exploração, como é o caso de recursos florestais e mesmo de cultivo
agrícola. Para a Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico, a
despeito da compensação ocorrer somente durante o período correspondente à vida útil do
Hydros
EP518.RE.JR204 169
Hydros
EP518.RE.JR204 170
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
! !
I
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! ! ! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
Pará
! !
!
II
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 171
Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade muito baixa por se tratar de Unidades de Conservação de proteção
I integral, onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta, admitindo
apenas o uso indireto dos recursos naturais.
Sensibilidade predominantemente baixa por se tratar de Unidades de Conservação de
uso sustentável, onde é prevista a exploração econômica controlada dos recursos
II
naturais (média nas áreas de exploração mineral, baixa na RDS e média baixa na
FLOTA)
Sensibilidade muito baixa por se tratar de Unidade de Conservação de proteção integral,
III onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta, admitindo apenas o uso
indireto dos recursos naturais.
Sensibilidade predominantemente baixa com variações, sendo baixa na margem
IV esquerda (policultura), mais baixa na margem direita e baixa nas áreas de exploração de
eucalipto.
Sensibilidade predominantemente baixa e média baixa, onde são previstas expansão e
V consolidação de atividades econômicas diferenciadas, mas previstas no cenário
macroeconômico
Hydros
EP518.RE.JR204 172
Hydros
EP518.RE.JR204 173
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
Pará
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
P
!
!
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
P Sedes Municipais
!
!
!
!
!
! !
!
!!
Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 174
Hydros
EP518.RE.JR204 175
De acordo os resultados dos estudos do Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Jari, a melhor
alternativa de partição de queda do ponto de vista energético econômico e socioambiental foi
a Alternativa JR-R6’, que contempla 3 (três) aproveitamentos no rio Jari, conforme
apresentado nas Figuras 5.3.2-1 e 5.3.2-2. Nessas figuras, além dos três AHEs mencionados,
encontra-se também representada a UHE Santo Antônio do Jari, cujos estudos e serviços de
engenharia já se encontram em fase de projeto básico. Este aproveitamento foi considerado
como um ponto fixo na cascata do rio Jari.
Hydros
EP518.RE.JR204 176
Hydros
EP518.RE.JR204 177
Figura 5.3.2-2 – Esquema de Partição de Queda da Alternativa Selecionada nos Estudos de Inventário
Hydros
EP518.RE.JR204 178
O arranjo geral concebido para este aproveitamento, localizado no rio Jari, a 362,80 km de
sua foz, terá o nível do reservatório na cota 150,00 m. As estruturas de concreto do vertedouro
estão previstas para se localizarem no lado esquerdo do leito do rio e a tomada d’água/casa de
força, na margem direita do rio, sendo o restante do barramento completado com barragem de
terra.
A barragem de CCR, com comprimento de crista total de 74,0 m e coroamento na elevação
154,00 m, tem altura máxima de 41,9 m e altura média de 29,4 m. Junto à estrutura do
vertedouro e tomada d’água, são previstas transições para seções em enrocamento, de modo a
otimizar o comprimento do muro de encosto.
Para a execução das estruturas de concreto e barragem no leito, o rio é desviado por meio de
túneis de desvio, situados na ombreira esquerda, lançando-se as ensecadeiras de segunda fase.
Foi considerada para dimensionamento das obras de desvio a vazão de 2.669 m³/s, que
corresponde ao pico da cheia com período de retorno de 25 anos.
O vertedouro previsto é do tipo de superfície, com comportas e ogiva alta. A estrutura foi
dimensionada para a vazão decamilenar, cujo pico é de 5.349 m³/s, resultando em 7 vãos de
10,45 m de largura por 10,85 m de altura. A dissipação de energia é feita por bacia com
ressalto hidráulico.
Hydros
EP518.RE.JR204 179
A estrutura da tomada d’água está incorporada à da casa de força, e é formada por 3 blocos
com 2 aberturas cada, providas de grades e comportas.
A casa de força, do tipo externa abrigada, contém 3 unidades geradoras formadas por
conjuntos de turbina Kaplan/gerador de eixo vertical, totalizando a potência instalada de
aproximadamente 291,5 MW.
A figura a seguir apresenta o arranjo geral do aproveitamento Urucupatá.
O espelho d’água do reservatório será de 13,7 km² de área e 131,3 x 106 m³ de volume.
Haverá formação de cerca de 17 ilhas no interior do reservatório, que somam cerca de 1 km²
de área. Embora a área do reservatório, incluindo as ilhas formadas em seu interior, totalize
14,7 km², a área efetiva de inundação (descontando-se a área do leito do rio e as áreas
emersas) será somente de 4,6 km² (Figura 5.3.2.1-2).
Hydros
EP518.RE.JR204 180
O reservatório será de regularização, com depleção de 2,15 m, volume útil de 24,0 x 106 m³ e
tempo de recomposição do volume útil de 0,5 dia. No nível d’água mínimo, seu espelho
d’água será de 11,58 km², havendo, portanto, 2,1 km² de área de margem sujeita à variações
no nível d’água em função da regularização. As profundidades máxima e média do
reservatório serão de, respectivamente, 31,8 m e 9,5 m. A vazão média de longo termo no
eixo do AHE é de 584,3 m³/s. As pequenas dimensões do reservatório e as altas vazões do rio
resultam em um tempo de residência somente de 2,6 dias, indicando que haverá intensa
circulação de água no interior do reservatório e baixa probabilidade de estratificação térmica.
Utilizando-se o número de Froude densimétrico22 como parâmetro de avaliação de tendência
de estratificação térmica em reservatórios, tem-se que o reservatório do AHE Urucupatá
enquadra-se na categoria de regime misturado (Fd=1,3>1).
A vegetação predominante na região onde se localiza o aproveitamento é Floresta Ombrófila
Densa Submontana Dossel Emergente, com presença também de Floresta Ombrófila Densa
Aluvial Dossel Uniforme. A Figura 5.3.2.1-3 apresenta o aspecto geral da vegetação da área
do reservatório, com destaque para a cachoeira Urucupatá, que empresta o nome para o
aproveitamento e que será inundada pelo reservatório.
22
O número de Froude densimétrico (Fd) baseia-se na comparação entre a força de inércia do fluxo que
atravessa o reservatório e a força gravitacional que tende a manter a estabilidade densimétrica. Quanto menor o
Fd, maior a tendência à estratificação. A tendência para a estratificação foi classificada segundo classes
propostas por BENETTI e TUCCI (2006), a saber: tendência forte (Fd≤0,1), média (0,1<Fd≤0,3) e fraca
(0,3<Fd≤1) para estratificação. Para Fd>1, considerou-se regime misturado.
Hydros
EP518.RE.JR204 181
Hydros
EP518.RE.JR204 182
O arranjo geral concebido para este aproveitamento, localizado no rio Jari a 274,9 km de sua
foz, terá o reservatório na cota 107,00 m e prevê que as estruturas de concreto do vertedouro e
da tomada d’água/casa de força estejam situadas na margem direita do rio, sendo o restante do
barramento completado com barragem de terra.
Para a execução da barragem no leito, o rio será desviado pela estrutura do vertedouro, através
de adufas, lançando-se as ensecadeiras de segunda fase. Foi considerada, para o
dimensionamento das obras de desvio do rio, a vazão de 3.544 m³/s, que corresponde ao pico
da cheia com período de retorno de 25 anos.
A barragem de terra, com comprimento de crista de 1.837,9 m e coroamento na elevação
111,00 m, tem altura máxima de 30,30 m e altura média de 21,20 m. Junto à estrutura do
vertedouro e tomada d’água, são previstas transições para seções em enrocamento, de modo a
otimizar-se o comprimento do muro de encosto.
O vertedouro previsto é do tipo de superfície, com comportas e ogiva alta. A estrutura foi
dimensionada para a vazão decamilenar, cujo pico é de 7.101 m³/s, resultando em 7 vãos de
11,50 m de largura por 12,15 m de altura. A dissipação de energia é feita por bacia com
ressalto hidráulico.
A casa de força, do tipo externa abrigada, contém 3 unidades geradoras formadas por
conjuntos de turbina Kaplan/gerador de eixo vertical, totalizando a potência instalada de
240,2 MW.
A figura a seguir apresenta o arranjo geral do aproveitamento Carecuru.
O reservatório terá espelho d’água de 194,9 km² de área e 1.309,2 x 106 m³ de volume.
Haverá formação de cerca de 50 ilhas no interior do reservatório, que juntas somam cerca de
56 km² de área. A área do reservatório, incluindo as ilhas formadas em seu interior, totalizará
Hydros
EP518.RE.JR204 183
251,2 km², e a área efetiva de inundação, descontando-se a área do leito do rio e as áreas
emersas, será de 155,8 km² (Figura 5.3.2.2-2).
O reservatório será de regularização, com depleção de 1,17 m, volume útil de 204,2 x 106 m³
e tempo de recomposição do volume útil de 3 dias. No nível d’água mínimo, seu espelho
d’água será de 171,64 km², havendo, portanto, 23,2 km² de área de margem sujeita às
variações no nível d’água em função da regularização. As profundidades máxima e média do
reservatório serão de, respectivamente, 19,6 m e 6,6 m. A vazão média de longo termo no
eixo do AHE é de 775,7 m³/s. Utilizando-se o número de Froude densimétrico como
parâmetro de avaliação de tendência de estratificação térmica em reservatórios, tem-se que o
reservatório do AHE Carecuru enquadra-se na categoria de regime misturado (Fd=1,9>1). Seu
tempo de residência também é relativamente baixo (19,5 dias). Há de se destacar, no entanto,
que 22,4% da área do reservatório corresponde a ilhas fluviais que reduzirão a superfície de
contato entre o vento e o espelho d’água, diminuindo a contribuição do vento na circulação
das camadas superiores do reservatório. Embora a ocorrência de ilhas esteja associada a
regiões mais rasas do reservatório, não se descarta a possibilidade de ocorrência de
estratificação térmica em trechos do reservatório protegidos da ação do vento e mais distantes
do fluxo principal.
A vegetação predominante na região onde se localiza o aproveitamento é Floresta Ombrófila
Densa Submontana Dossel Uniforme e Floresta Ombrófila Densa Submontana Dossel
Emergente, com presença de Floresta Ombrófila Densa Aluvial Dossel Uniforme
(Figura 5.3.2.2-3).
Hydros
EP518.RE.JR204 184
Hydros
EP518.RE.JR204 185
O arranjo geral concebido para este aproveitamento, localizado no rio Jari a 194,8 de sua foz,
terá o reservatório na cota 86,00 m e prevê que as estruturas de concreto do vertedouro e da
tomada d’água/casa de força estejam situadas na margem direita do rio, sendo o restante do
barramento completado com barragem de CCR.
A barragem de CCR, com comprimento de crista de total de 460,1 m e coroamento na
elevação 90,00 m, tem altura máxima de 66,40 m e altura média de 46,5 m.
Para a execução das estruturas de concreto e barragem no leito, o rio será desviado por meio
de túneis, situados na ombreira esquerda, lançando-se as ensecadeiras de segunda fase. Foi
considerada, para o dimensionamento das obras de desvio do rio, a vazão de 4.277 m³/s, que
corresponde ao pico da cheia com período de retorno de 25 anos.
O vertedouro previsto é do tipo de superfície, com comportas e ogiva alta. A estrutura foi
dimensionada para a vazão decamilenar, cujo pico é de 8.570 m³/s, resultando em 7 vãos de
12,20 m de largura por 13,10 m de altura. A dissipação de energia é feita por estrutura tipo
salto de esqui.
A casa de força, do tipo externa abrigada, contém 5 unidades geradoras formadas por
conjuntos de turbina Francis/gerador de eixo vertical, totalizando a potência instalada de
831,1 MW.
A figura a seguir apresenta o arranjo geral do aproveitamento Açaipé.
O espelho d’água do reservatório será de 293,4 km² de área e 4.226,8 x 106 m³ de volume.
Haverá formação de cerca de 250 ilhas no interior do reservatório, que juntas somam cerca de
40,1 km² de área. A área do reservatório, incluindo as ilhas formadas em seu interior, totaliza
Hydros
EP518.RE.JR204 186
333,5 km² e a área efetiva de inundação, descontando-se a área do leito do rio e áreas emersas,
será de 241,1 km² (Figura 5.3.2.3-2).
O reservatório será de regularização, com depleção de 3,45 m, volume útil de 916,7 x 106 m³
e tempo de recomposição do volume útil de 11,3 dias. No nível d’água mínimo, seu espelho
d’água será de 244,83 km², havendo, portanto, 48,6 km² de área de margem sujeita às
variações no nível d’água em função da regularização. As profundidades máxima e média do
reservatório serão de, respectivamente, 55,5 m e 14,0 m. A vazão média de longo termo no
eixo do AHE é de 936,2 m³/s. O tempo de residência será de 52,3 dias. Utilizando-se o
número de Froude densimétrico como parâmetro de avaliação de tendência de estratificação
térmica em reservatórios, tem-se que o reservatório do AHE Açaipé enquadra-se na categoria
de tendência fraca à estratificação, muito embora esteja muito próximo do limite para ser
enquadrado como tendência média à estratificação (0,3<Fd=0,34<1).
A vegetação predominante na região onde se encontra o aproveitamento é Floresta Ombrófila
Densa Submontana Dossel Uniforme e Floresta Ombrófila Densa Submontana Dossel
Emergente, com presença de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (área de Tensão
Ecológica) (Figura 5.3.2.3-3).
Hydros
EP518.RE.JR204 187
Hydros
EP518.RE.JR204 188
A usina hidrelétrica (UHE) Santo Antônio do Jari, localizada na cachoeira Santo Antônio
(Figura 5.3.2.4-1), no sul da bacia do rio Jari, encontra-se em fase mais avançada de projeto,
já tendo obtido a licença prévia pelo IBAMA em 08 de dezembro de 2009.
Segundo o Projeto Básico revisado (2008) o aproveitamento possui queda bruta de 27,1 m,
nível do reservatório na cota 30 m, espelho d’água equivalente a 31,7 km2 (Figura 5.3.2.4-2).
A operação será praticamente a fio d’água, havendo deplecionamento de 0,90 m, e volume
útil de 28,8 x 106 m³. As profundidades máxima e média do reservatório serão de,
respectivamente, 19 m e 9,5 m. A vazão média de longo termo no eixo do AHE é de
1.017 m³/s. O tempo de residência será de somente 1,5 dia. Seu reservatório enquadra-se na
categoria de regime misturado conforme índice de Froude densimétrico.
A vazão sanitária será mantida através de uma soleira rebaixada no vertedouro, permitindo a
passagem de 45m³/s. Quando o reservatório for deplecionado abaixo do NA máx normal El.
30,00 m, a vazão sanitária será mantida através de abertura parcial de comportas das adufas
construídas para a etapa de desvio do rio. Essa vazão será responsável pela manutenção da
vazão afluente sobre a cachoeira Santo Antônio.
Hydros
EP518.RE.JR204 189
Assim como nos demais AHEs, dois municípios de duas Unidades da Federação terão seus
territórios atingidos pelo reservatório: Laranjal do Jari-AP (margem esquerda) e Almeirim-PA
(margem direita), nas quais somente áreas rurais são atingidas. Cerca de 450 pessoas serão
atingidas, dentre as quais inclui-se a comunidade Iratapuru. Estima-se que serão gerados cerca
de 2.500 empregos diretos e 1.500 indiretos.
O AHE não atinge Unidades de Conservação nem Terras Indígenas.
A instalação da UHE está prevista em duas fases. Na primeira fase, operando isoladamente,
está prevista a geração de 100 MW, porém, a geração da UHE Santo Antônio deverá atingir
300 MW ao final da segunda fase, quando houver a interligação com o sistema Tucuruí-
Macapá-Manaus. A energia será suficiente para abastecer cerca de 1,5 milhões de habitantes,
com início de geração de energia previsto para 2015.
Hydros
EP518.RE.JR204 190
5.3.3 METODOLOGIA
Hydros
EP518.RE.JR204 191
Hydros
EP518.RE.JR204 192
A integração entre a Significância e a Intensidade foi feita pelo produto entre estas variáveis.
O produto resultante foi normalizado pelo produto do valor máximo em módulo da
Significância e o valor máximo de intensidade (i.e., cinco). A normalização resultante foi
ainda ajustada para que a variação dos valores associados aos impactos ficasse entre um valor
maior que zero e cinco (em módulo).
Para realizar a espacialização dos valores atribuídos ao produto normalizado entre a
significância e a intensidade dos impactos, foram definidas áreas de abrangência a partir da
identificação de elementos geográficos que pudessem representar a extensão dos efeitos.
Estas áreas de abrangência são dependentes de cada tipo de impacto, embora haja impactos
que apresentem áreas de abrangência idênticas ou muito semelhantes como aqueles
relacionados à inundação provocada pelo empreendimento. Assim, para a espacialização dos
impactos foram gerados polígonos em ambiente SIG correspondentes às áreas de abrangência
dos indicadores de impacto de cada aproveitamento, a partir dos quais foi possível identificar
as áreas em que ocorrem os efeitos cumulativos e sinérgicos desses impactos.
Nesta abordagem, considerou-se que haveria efeitos cumulativos entre impactos de mesma
natureza (i.e., avaliados no mesmo indicador de impacto) sempre que existisse mais de um
aproveitamento na bacia. Assim, as áreas em que os aproveitamentos estiverem mais
próximos entre si, há concentração de efeitos cumulativos.
Hydros
EP518.RE.JR204 193
Hydros
EP518.RE.JR204 194
Hydros
EP518.RE.JR204 195
Para este tema-síntese foram utilizados quatro indicadores de impacto considerados como
representativos do impacto negativo do empreendimento. Estes indicadores foram
selecionados de forma que abrangessem tanto a escala, local quanto a regional. Os impactos
associados ao tema-síntese são apresentados novamente no quadro a seguir, mas
acompanhado de justificativas e descrições qualitativas de cada indicador de impacto
selecionado.
Hydros
EP518.RE.JR204 196
estivesse isolado, ou seja, há efeito sinérgico nesta área. Embora cada tipo de sobreposição
resulte em um efeito diferente, considerou-se, de maneira conservadora, que haveria efeitos
sinérgicos sempre que houvesse sobreposição de áreas de abrangência.
Hydros
EP518.RE.JR204 197
o valor da importância (na componente significância) deste impacto foi diminuída em relação
aos demais impactos.
Visto que o rio Jari é um rio de águas claras, para a avaliação de intensidade deste impacto
considerou-se que a alteração no regime de vazões teria um efeito mais pronunciado aos
ecossistemas aquáticos que a alteração no transporte de sedimentos. Assim, a intensidade em
cada um dos aproveitamentos foi avaliada pelo tempo de recomposição de volume útil do
reservatório. Cabe destacar, no entanto, que embora todos os AHEs do rio Jari apresentem
regularização de vazões, o tempo de recomposição do volume útil de todos os AHEs é de
menos de duas semanas.
Tanto as alterações no regime de vazões quando as alterações no transporte de sedimentos não
se comportam como resultantes somente do impacto cumulativo dos aproveitamentos que
compõem um esquema de partição de queda, mas sim como resultado da interação entre os
reservatórios que compõem um sistema de reservatórios em cascata, havendo, portanto,
sinergia entre os impactos causados por diferentes AHEs.
23
Podem ocorrer variações na operação do reservatório quando este encontra-se numa cascata de
aproveitamentos em relação ao que seria quando este encontra-se isolado. Tais variações na operação, como, por
exemplo, o deplecionamento, influenciam na qualidade da água.
Hydros
EP518.RE.JR204 198
trófico dos AHEs a montante, e quanto menor for a distância entre os AHEs (STRAŠKABA
et al., 1993). A alguma distância abaixo da barragem, as condições do rio retomam suas
características naturais, como se ele não tivesse sido barrado. A distância para esta
recuperação é chamada distância de reinício (WARD apud TUNDISI; TUNDISI, 2008).
Assim, caso o reservatório do AHE a jusante se inicie a uma distância superior à distância de
reinício do barramento a montante, as alterações na qualidade da água serão equivalentes a
que seriam caso o AHE fosse isolado.
Para este tema-síntese, foram considerados quatro indicadores de impacto que representam o
impacto negativo do empreendimento em duas escalas: local e regional. Os indicadores
24
Ottobacias da ANA. A divisão utilizada pode ser visualizada no Mapa da Densidade de Drenagem
(Desenho nº EP518.A1.JR-08-020).
Hydros
EP518.RE.JR204 199
selecionados para avaliar efeitos locais são relativos à supressão de vegetação e os indicadores
de efeitos regionais são relativos à interferência nos habitats.
Hydros
EP518.RE.JR204 200
Este indicador teve por finalidade apontar os impactos associados à construção de acessos
para os canteiros de obras, de forma que quanto maior a extensão das vias de acesso a serem
construídas, maior será o impacto.
O desmatamento ou supressão de vegetação resultante da construção de estradas/vias de
acesso e da vila de operários pode ser considerado pequeno quando comparado com a área
alagada de um aproveitamento. Entretanto é importante salientar que a abertura de
estradas/vias de acesso na Amazônia funciona como via de entrada à ocupação, determinando
favorecendo a ampliação dos desmatamentos e aumento da exploração de recursos naturais.
A análise considerou não apenas a extensão da via de acesso projetada entre o eixo da
barragem e o sistema viário mais próximo, como também uma faixa afetada ao longo das
margens das vias de acesso correspondente a 500 m para cada lado da via.
Hydros
EP518.RE.JR204 201
Este indicador de impacto tem como objetivo avaliar a interferência em áreas legalmente
protegidas no caso, as Unidades de Conservação, que ocupam, junto com as TIs, cerca de
80% da bacia.
A implantação dos empreendimentos, incluindo todas as obras necessárias, amplia as
possibilidades de penetração e de ocupação antrópica sem planejamento em áreas de
Unidades de Conservação. Sobretudo quando são consideradas questões como a carência de
fiscalização nestas áreas, a pressão para exploração de minérios e a possibilidade de
surgimento de novas comunidades populacionais que poderão se acomodar ao longo das vias
de acesso.
De acordo com o SNUC (Lei nº 09.985/00), a intervenção em Unidades de Conservação é
permitida em UCs de Uso Sustentável e em zonas de amortecimento, como é o caso da
Floresta Estadual do Paru e RDS Rio Iratapuru. Além de elevada biodiversidade, estas áreas
apresentam alto potencial para uso florestal sustentável, por abrigar florestas de valor
econômico, ao mesmo tempo que apresentam potencialidade para as oportunidades de renda e
emprego. Além destas UCs de Uso Sustentável, a UC de Proteção Integral Estação Ecológica
do Jari também será atingida por um dos aproveitamentos.
Desta forma, apesar da prevista exploração econômica da UC, a redução de habitats e
fragmentação da paisagem decorrentes da implantação dos empreendimentos ganham uma
dimensão importante. Uma vez que os impactos podem ser estendidos por toda a UC,
considerou-se a área de abrangência deste indicador a UC em que se insere o reservatório.
Hydros
EP518.RE.JR204 202
Este indicador visa mensurar as interferências nas redes sociais, culturais e econômicas
estabelecidas nas comunidades e que possam provocar transformações nos seus modos de
vida, na sua estrutura produtiva e em outros aspectos da vida social (SONDOTÉCNICA,
2007a). Estas transformações seriam decorrentes não só de perda de áreas de produção e de
interferências nas infraestruturas viárias e sociais, entre outros.
Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência a subárea da
socioeconomia, em função da homogeneidade dos aspectos socioeconômicos da mesma
representada por algumas comunidades que ocupam áreas próximas a rios e cursos d’água,
vivendo da exploração de recursos naturais baseada em redes de cooperação comunitária. Esta
situação ocorre com a população ribeirinha da RDS do rio Iratapuru que será afetada pelo
AHE Santo Antonio. O acesso da população da RDS aos núcleos urbanos e outras localidades
pelo rio Jari será afetado pelo AHE Santo Antonio, interferindo no contato da comunidade
com outras localidades, mesmo que seja por um período temporário. Dessa forma, será
necessária a criação de alternativa de via de circulação que reconecte a população da RDS aos
núcleos e outras localidades.
Hydros
EP518.RE.JR204 204
Embora algumas comunidades rurais possam não ser atingidas pelo empreendimento, as redes
de relacionamento comunitário e de agricultura familiar podem ser afetadas, em função da
rede de relacionamento que estas comunidades tinham com as que foram afetadas pelo
empreendimento, desencadeando um processo de desestruturação, como é o caso da
comunidade na RDS do Rio Iratapuru, no rio Iratapuru.
Tendo em vista que os aproveitamentos localizam-se no mesmo rio e em sequência, as áreas
de abrangência dos aproveitamentos Urcupatá e Carecuru se sobrepõem, devendo ocorrer
efeitos sinérgicos, além de cumulativos. No entanto esta subárea apresenta uma densidade
populacional ínfima, por ser uma UC de uso sustentável de difícil acesso. Portanto os efeitos
tanto cumulativos como sinérgicos são muito pequenos. Para o aproveitamento Açaipé, que se
localiza a jusante, a sua área de abrangência sobrepõe parcialmente com a área de abrangência
dos aproveitamentos anteriores. Considerando que a densidade populacional é ínfima, embora
haja efeitos cumulativos e sinérgicos, são igualmente ínfimos. Já para o aproveitamento Santo
Antônio, verifica-se a sobreposição, embora parcial, da sua área de abrangência com a do
aproveitamento Açaipé e onde se verifica a presença das comunidades não só ribeirinhas, mas
também da grande maioria das comunidades rurais e urbanas do vale do rio Jari. Desta forma,
prevê-se que os efeitos cumulativos e sinérgicos são maiores que nas situações anteriores. A
rede comunitária tem relação direta com o sistema de produção e modos de vida,
desencadeando efeitos multiplicadores, significativos, em termos de impactos negativos.
O indicador tem por fim avaliar as interferências negativas nos sistemas de circulação,
comunicação de pessoas e transportes de bens e mercadorias, utilizadas no nível local ou
regional, causadas pela inundação de trechos destas vias. Elas constituem vias necessárias
para a manutenção e desenvolvimento da vida social e econômica das populações,
especialmente daquelas que vivem em comunidades isoladas (MÜLLER, 1995), sem as quais
não se pode conceber o desenvolvimento socioeconômico. Para tanto, foram selecionadas as
vias de circulação afetadas pelo empreendimento, cujas modalidades representam o nível de
fluxo presente e de importância social e econômica na região.
Tomando-se como referência os fluxos de pessoas e mercadorias da bacia, para este indicador
de impacto, adotou-se como área de abrangência a subárea da socioeconomia, embora as vias
atingidas diretamente afetadas estejam localizadas numa área menor e localizadas muito
próximas ao AHE e à sua APP (gerada pelo enchimento do reservatório). A subárea onde se
localiza o empreendimento, que apresenta homogeneidade na socioeconomia, será afetada
pela perda de trechos fluviais navegáveis, devido ao bloqueio físico aos fluxos gerado pelo
AHE.
Da mesma forma que apresentado para o indicador anterior, para os aproveitamentos a
montante, Urucupatá e Carecuru, embora os efeitos cumulativos e sinérgicos sejam previstos
em função da sobreposição das suas áreas de abrangência, são considerados ínfimos, em
função da baixa densidade demográfica. Para os aproveitamentos a jusante, Açaipé e Santo
Antônio, são previstos efeitos cumulativos e sinérgicos maiores em função não só da
sobreposição das suas áreas de abrangência, mas da densidade populacional da mesma. Não
só as vias rodoviárias serão afetadas, mas principalmente a via fluvial, da qual não só a
comunidade da bacia se vale para a circulação e comunicação, mas também as empresas do
Projeto Jari que utilizam o rio para escoamento de sua produção. As vias de circulação tem
Hydros
EP518.RE.JR204 205
relação direta com o sistema de produção e modos de vida da população, apresentando desta
forma efeitos multiplicadores em termos de impactos negativos.
Hydros
EP518.RE.JR204 206
Hydros
EP518.RE.JR204 207
Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência o(s) setor(es) censitário(s)
afetados pelo barramento do AHE, onde se concentrarão as atividades para a implantação dos
AHEs.
Segundo a metodologia adotada, tendo em vista a sobreposição das áreas de abrangências
(setores censitários onde se localizam as barragens) dos aproveitamentos Carecuru e
Urucupatá, prevê-se não só efeitos cumulativos mas também sinérgicos. O mercado de
trabalho deverá ser extinto tão logo termine a obra, em especial em função da UC que se
sobrepõe ao setor censitário.
O aproveitamento Açaipé tem sua área de abrangência sobreposta com a do Santo Antônio,
prevendo-se efeitos além dos cumulativos, sinérgicos. Ao contrário dos dois aproveitamentos
anteriores, estes setores censitários não só apresentam sede municipal de Laranjal do Jari, mas
também a vila Monte Dourado, sede do Projeto Jari. Estes setores são os que apresentam a
maioria da população do vale do rio Jari. Tendo em vista que embora o mercado de trabalho
tenda a diminuir com o término da obra, o ápice da dinamização do mercado de trabalho que
ocorre com o pico da construção deverá impulsionar o aquecimento da economia destes
setores censitários em função da presença de dois aproveitamentos nos mesmos setores.
Normalmente ocorre uma demanda de serviços inexistentes ou precários na obra,
especialmente alimentação, hotelaria e lazer, além dos serviços à família, como educação,
saúde, habitação, saneamento, entre outros. A dinamização do mercado tem uma relação
direta com o aumento de renda, com a conseqüente melhoria de qualidade de vida, que resulta
em efeitos positivos significativos.
Hydros
EP518.RE.JR204 208
Para este tema-síntese foram considerados dois indicadores de impacto que representam a
influência negativa do empreendimento nas populações indígenas. Os impactos associados ao
tema-síntese são apresentados novamente no quadro abaixo. Em seguida, são apresentadas
suas respectivas justificativas e descrições.
Hydros
EP518.RE.JR204 209
Hydros
EP518.RE.JR204 210
25
A avaliação da Significância do Impacto abordou esta definição de sinergia, já que a sinergia entre impactos
de mesma natureza quando oriundos de aproveitamentos distintos foi abordado na sobreposição de suas
respectivas áreas de abrangência, explicitado na descrição de cada indicador.
26
Sondotécnica 2007: Avaliação Ambiental Integrada –AAI dos aproveitamentos hidrelétricos na bacia do rio
Doce
Hydros
EP518.RE.JR204 212
Magnitude
Foma de Incidência Distributividade Tempo de Incidência Prazo de Permanência Probabilidade
Indireto 1 Local 1 Mediato 1 Temporário 1 Pouco Provável 1
Direto 2 Regional 2 Imediato 2 Permanente 3 Provável 2
Certa 3
Importância
Sinergia Reversibilidade Relevância
Menor 1 Reversível 1 Muito Pequena 1
Maior 3 Irreversível 3 Pequena 2
Média 3
Grande 4
Muito Grande 5
Sentido
Negativo -1
Positivo +1
Significância
Hydros
EP518.RE.JR204 213
Sentido (Negativo/Positivo -
(Temporário/ Permanente -
Pequena/Pequena/Média/G
Provável/Provável/Certa -
(Local/Regional - LO/RE)
Sinergia (Maior/Menor -
(Direto/Indireto - DI/IN)
(Reversível/Irreversível)
Prazo de Permanência
rande/Muito Grande -
Probabilidade (Pouco
Tempo de Incidência
Forma de Incidência
(Mediato/Imediato -
Relevância (Muito
Significância
Distributividade
Reversibilidade
MP/P//G/MG)
Importância
NE/PO)
PP/PR/CE)
Magnitude
MA/ME)
ME/IM)
TE/PE)
Impactos Ambientais
Hydros
EP518.RE.JR204 214
Sentido (Negativo/Positivo -
(Temporário/ Permanente -
Pequena/Pequena/Média/G
Provável/Provável/Certa -
(Local/Regional - LO/RE)
Sinergia (Maior/Menor -
(Direto/Indireto - DI/IN)
(Reversível/Irreversível)
Prazo de Permanência
rande/Muito Grande -
Probabilidade (Pouco
Tempo de Incidência
Forma de Incidência
(Mediato/Imediato -
Relevância (Muito
Significância
Distributividade
Reversibilidade
MP/P//G/MG)
Importância
NE/PO)
PP/PR/CE)
Magnitude
MA/ME)
ME/IM)
TE/PE)
Impactos Ambientais
Desestruturação de redes
IMP 12 comunitárias, de agricultura familiar DI 2 RE 2 IM 2 TE 1 PR 2 9 ME 1 R 1 M 3 5 NE -1 -45
e assentamentos rurais
IMP 13 Comprometimento da acessibilidade DI 2 RE 2 IM 2 TE 1 CE 3 10 ME 1 R 1 P 2 4 NE -1 -40
Comprometimento de área com
IMP 14
potencial para produção
DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 ME 1 IR 3 P 2 6 NE -1 -66
IMP 15 Geração de conflitos sociais IN 1 RE 2 IM 2 TE 1 PR 2 8 MA 3 R 1 MG 5 9 NE -1 -72
IMP 16* Aumento da arrecadação tributária DI 2 RE 2 IM 2 PE 3 CE 3 12 ME 1 IR 3 M 3 7 PO 1 84
Dinamização do mercado de
IMP 17*
trabalho
DI 2 LO 1 IM 2 TE 3 CE 3 9 ME 1 R 1 P 2 4 PO 1 36
IMP 18* Melhoria da infraestrutura DI 2 RE 2 IM 2 PE 3 PR 2 11 ME 1 IR 3 P 2 6 PO 1 66
Comprometimento das condições
IMP 19
etno-ecológicas
IN 1 RE 2 ME 1 PE 3 PR 2 9 MA 3 IR 3 G 4 10 NE -1 -90
Comprometimento da unidade
IMP 20
político-cultural
IN 1 RE 2 ME 1 TE 1 PR 2 7 ME 1 R 1 G 4 6 NE -1 -42
* Impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja:
tema-síntese Populações Indígenas.
Hydros
EP518.RE.JR204 215
Sinergia na tabela
nº de interações
de significância
IMP 20
IMP 19
IMP 18
IMP 17
IMP 16
IMP 15
IMP 14
IMP 13
IMP 12
IMP 11
IMP 10
IMP 09
IMP 08
IMP 07
IMP 06
IMP 05
IMP 04
IMP 03
IMP 02
IMP 01
Indicador de Impacto
Hydros
EP518.RE.JR204 216
Sinergia na tabela
nº de interações
de significância
IMP 20
IMP 19
IMP 18
IMP 17
IMP 16
IMP 15
IMP 14
IMP 13
IMP 12
IMP 11
IMP 10
IMP 09
IMP 08
IMP 07
IMP 06
IMP 05
IMP 04
IMP 03
IMP 02
IMP 01
Indicador de Impacto
Comprometimento da
IMP 13
acessibilidade
0 0 0 0 0 1 1 -- 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 ME
Comprometimento de área com
IMP 14
potencial para produção
0 0 0 0 0 1 -- 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 4 ME
IMP 15 Geração de conflitos sociais 1 0 0 0 0 -- 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 14 MA
Aumento da arrecadação
IMP 16
tributária
0 0 1 1 -- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 ME
Dinamização do mercado de
IMP 17
trabalho
0 0 1 -- 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 ME
IMP 18 Melhoria da infraestrutura 0 0 -- 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 ME
Comprometimento das
IMP 19
condições etno-ecológicas
1 -- 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 10 MA
Comprometimento da unidade
IMP 20
político-cultural
-- 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 5 ME
0: sinergia presente; 1: sinergia ausente
Hydros
EP518.RE.JR204 217
Hydros
EP518.RE.JR204 218
Hydros
EP518.RE.JR204 220
Hydros
EP518.RE.JR204 221
Intensidade
Impactos Ambientais Aproveitamentos
Tipo Santo Antônio do
Urucupatá Carecuru Açaipé
Jari
Interferência nos habitats MW 291,5 240,2 831,1 300
IMP 08 decorrente da instalação das Potência categoria Médio Médio Alto Médio
vias de acesso à obra nota 3 3 4 3
FLOTA do Paru,
FLOTA do Paru e FLOTA do Paru e
- RDS Iratapuru e -
Interferência em áreas UC atingida pelo RDS Iratapuru RDS Iratapuru
IMP 09 ESEC do Jari
legalmente protegidas reservatório
categoria Alto Alto Muito Alto Muito Baixo
nota 4 4 5 1
MW 291,5 240,2 831,1 300
Alteração no quadro
IMP 10 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
epidemiológico
nota 3 3 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Perda do patrimônio natural e
IMP 11 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
arqueológico
nota 2 4 4 3
Desestruturação de redes km² 13,68 194,86 293,4 31,7
IMP 12 comunitárias, de agricultura Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
familiar e assentamento nota 2 4 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Comprometimento da
IMP 13 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
acessibilidade
nota 2 4 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Comprometimento de área
IMP 14 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
com potencial para produção
nota 2 4 4 3
Hydros
EP518.RE.JR204 222
Intensidade
Impactos Ambientais Aproveitamentos
Tipo Santo Antônio do
Urucupatá Carecuru Açaipé
Jari
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
IMP 15 Geração de conflitos sociais Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
nota 2 4 4 3
km² 291,5 240,2 831,1 300
Aumento da arrecadação
IMP 16 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
tributária
nota 3 3 4 3
MW 291,5 240,2 831,1 300
Dinamização do mercado de
IMP 17 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
trabalho
nota 3 3 4 3
-- -- -- -- --
Melhoria do sistema
IMP 18 Melhoria da infraestrutura categoria -- -- -- Muito Baixo
viário
nota -- -- -- 1
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Comprometimento das
IMP 19 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
condições etno-ecológicas
nota 2 4 4 3
MW 291,5 240,2 831,1 300
Comprometimento da unidade
IMP 20 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
político-cultural
nota 3 3 4 3
* Indicadores de impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja:
tema-síntese Populações Indígenas.
Hydros
EP518.RE.JR204 223
Significância (Sig)
Santo Antônio
Santo Antônio
Urucupatá
Urucupatá
Carecuru
Carecuru
Impactos Ambientais
do Jari
do Jari
Açaipé
Açaipé
Variável de
Intensidade
IMP 01 Alteração na diversidade e biota aquática local -121 Área do reservatório 2 4 4 3 1,83 3,67 3,67 2,75
Tempo de
IMP 02 Alterações a jusante da barragem -40 recomposição do 1 1 1 1 0,30 0,30 0,30 0,30
volume útil
IMP 03 Alteração na qualidade da água -121 Tempo de Residência 1 3 4 1 0,92 2,75 3,67 0,92
Alteração na diversidade e biota aquática
IMP 04
regional
-100 Área do reservatório 2 4 4 3 1,52 3,03 3,03 2,27
IMP 05 Supressão de vegetação pelo reservatório -121 Área do reservatório 2 4 4 3 1,83 3,67 3,67 2,75
UC atingida pelo
IMP 09 Interferência em áreas legalmente protegidas -132 reservatório
4 4 5 1 4,00 4,00 5,00 1,00
IMP 10 Alteração no quadro epidemiológico -42 Potência 3 3 4 3 0,95 0,95 1,27 0,95
IMP 11 Perda do patrimônio natural e arqueológico -99 Área do reservatório 2 4 4 3 1,50 3,00 3,00 2,25
Hydros
EP518.RE.JR204 224
Significância (Sig)
Santo Antônio
Santo Antônio
Urucupatá
Urucupatá
Carecuru
Carecuru
Impactos Ambientais
do Jari
do Jari
Açaipé
Açaipé
Variável de
Intensidade
IMP 13 Comprometimento da acessibilidade -40 Área do reservatório 2 4 4 3 0,61 1,21 1,21 0,91
Comprometimento de área com potencial para
IMP 14
produção
-66 Área do reservatório 2 4 4 3 1,00 2,00 2,00 1,50
IMP 15 Geração de conflitos sociais -72 Área do reservatório 2 4 4 3 1,09 2,18 2,18 1,64
IMP 16 Aumento da arrecadação tributária 84 Potência 3 3 4 3 1,91 1,91 2,55 1,91
IMP 17 Dinamização do mercado de trabalho 36 Potência 3 3 4 3 0,82 0,82 1,09 0,82
Melhoria do sistema
IMP 18 Melhoria da infraestrutura 66 0 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,50
viário
Comprometimento das condições etno-
IMP 19
ecológicas
-90 Área do reservatório 2 4 4 3 1,36 2,73 2,73 2,05
IMP 20 Comprometimento da unidade político-cultural -42 Potência 3 3 4 3 0,95 0,95 1,27 0,95
* Indicadores de impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja:
tema-síntese Populações Indígenas.
Hydros
EP518.RE.JR204 225
26
Ottobacias da ANA
Hydros
EP518.RE.JR204 226
Após os impactos terem sua Significância e sua Importância valorada e sua Abrangência
espacial delimitada, eles assumem o papel de indicadores que podem ser integrados em um
ambiente SIG – Sistema de Informações Geográficas, permitindo sua espacialização e
posterior cruzamento com os mapas de Sensibilidade Ambiental.
Hydros
EP518.RE.JR204 227
27
Para a abordagem das Populações Indígenas, o Manual do Inventário das bacias Hidrográficas recomenda a
utilização da TI ou bacia como unidade territorial de análise.
Hydros
EP518.RE.JR204 228
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
I
! !
!
! !
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
! ! !
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
II
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
Legenda
IIIP Laranjal do Jari
!
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Impacto
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
A Subárea I se caracteriza por apresentar alto grau de conservação dos ambientes aquáticos,
fato este explicado pela dificuldade de acesso e pela existência do Parque Nacional
Montanhas do Tumucumaque. Já a Subárea II destaca-se por apresentar uma série de
corredeiras e cachoeiras e ocupação antrópica incipiente (prática de extrativismo mineral e
vegetal). Por fim, a Subárea III se evidencia pela extensa cobertura de vegetação inundável,
com trechos degradados pela urbanização, pecuária e silvicultura.
O impacto sobre a Subárea I é muito baixo devido à ausência de áreas de abrangência de
impactos que a atinjam. Tal situação é extremamente favorável à manutenção do altíssimo
grau de preservação apresentado por esta Subárea.
A Subárea II, por sua vez, apresenta os maiores índices de impacto ambiental devido à
interferência direta de três dos aproveitamentos planejados para a bacia rio Jari. Nesta
subárea, o aproveitamento Açaipé destaca-se por apresentar reservatório relativamente
extenso (espelho d’água de 245 km²), dendrítico, com tempo de residência superior a 50 dias
(52,3 dias) e tendência à estratificação térmica. Por outro lado, o aproveitamento Urucupatá
destaca-se por apresentar reservatório tão reduzido (espelho d’água de 14 km²) que mesmo
em sua área do reservatório seus impactos não ultrapassam a escala de impacto médio.
Finalmente, a Subárea III é diretamente impactada pela UHE Santo Antônio do Jari. Embora
seu reservatório também apresente proporções relativamente reduzidas (32 km² de espelho
d’água) com predominância de zona de rio, os efeitos nesta subárea não se reduzem aos
impactos isolados desta usina. Esta subárea inclui o trecho do rio Jari localizado mais a
jusante na bacia, sendo afetado pelos impactos decorrentes de AHEs localizados a montante,
como a alteração no regime de vazões resultante da regularização, a alteração no transporte de
sedimentos, e principalmente a alteração na qualidade da água.
Hydros
EP518.RE.JR204 230
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N !
!
2°N
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! ! !
!
! !
!
!
!
I
! !
!
! !
!!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!!
!
! !
!
!!
! ! !
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!!
!
!!
!
!
!
!
! !
! !
! !
Amapá
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!!
!
!
!!
II
!
!
!
!
!
!
!
0° 0°
!
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
Legenda
III!P Laranjal do Jari
!
!
! !
! !
! !
Vitória do Jari
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
!
!
! !
!
!
! !
! ! !
! !
!
! !
! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Impacto
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 231
A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta baixa ocupação antrópica, condicionando um alto
grau de preservação, com elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas, tanto
da flora quanto da fauna.
Os aproveitamentos da alternativa selecionada atingirão, de maneira geral, as regiões central e
centro-sul da bacia. Estas áreas correspondem a uma matriz florestal densa, que é
gradativamente substituída por outros tipos de vegetação nas regiões das várzeas dos rios e a
sul. Desta maneira, a principal fitofisionomia a ser atingida pelos aproveitamentos é a Floresta
Ombrófila Densa Submontana, que na região de várzea é substituída por Floresta Ombrófila
Densa Aluvial e na região centro-sul por Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e
Floresta Ombrófila Aberta Submontana.
Tendo em vista que as florestas amazônicas compõem um dos mais diversos ecossistemas
mundiais e que a bacia apresenta elevado grau de preservação de seus habitats, parte da
biodiversidade regional poderá ser alterada ou perdida com a supressão de trechos de sua
cobertura vegetal.
Além disso, com as mudanças decorrentes da implantação das obras, é provável que se
intensifique o ainda incipiente processo de fragmentação da vegetação da região. Além dos
processos impactantes associados aos reservatórios, ressalta-se que outros processos
impactantes ocorrerão, como, por exemplo, instalações de canteiro de obras e infraestrutura
associadas, e consequente aumento do fluxo humano na região. Dependendo da intensidade
destes processos, pode ocorrer a ruptura da conectividade entre as áreas naturais, fundamental
para a manutenção da fauna e da flora.
Portanto, os maiores impactos ocorrem na área de entorno do reservatório e das vias de
acesso, representando a perda direta da biodiversidade local. Além disso, há os impactos que
extrapolam os limites do AHE, sendo os mais expressivos os que ocorrem nas Unidades de
Conservação atingidas (Subárea II), que são afetadas por quase todos os aproveitamentos
propostos.
Hydros
EP518.RE.JR204 232
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
I
! !
!
! !
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! ! ! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
! !
Amapá
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
II
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Impacto
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 233
Hydros
EP518.RE.JR204 234
A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta baixa ocupação antrópica, que se concentra na
porção sul da bacia. É ali que estão presentes as sedes municipais e comunidades rurais, além
da presença do Projeto Jari que é a base de sustentação econômica da bacia.
Já as porções norte e central da bacia possuem pouca presença humana, à exceção das
populações indígenas e populações não indígenas que vivem de extrativismo vegetal, em
especial na RDS Iratapuru, de forma dispersa e sazonal.
Os aproveitamentos da alternativa selecionada atingirão, de maneira geral, as regiões central e
centro-sul da bacia. Estas áreas correspondem, portanto, à área de pouquíssima presença
humana, afetando muito pouco as atividades socioeconômicas, que são esporádicas e de
pouco significado econômico. Haverá perda do patrimônio natural e arqueológico e área com
potencial para produção, mas pouca alteração na estrutura de redes comunitárias, de
agricultura familiar e assentamentos rurais, com pouca geração de conflitos.
Portanto, os impactos mais significativos ocorrem na área do reservatório e seu entorno,
representando a perda direta da área potencial de exploração vegetal tanto da FLOTA do Paru
(potencial madeireiro) como da RDS Iratapuru (potencial florestal não madeireiro).
Hydros
EP518.RE.JR204 235
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
I
! !
!
! !
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
! !
Amapá
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
II
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Impacto
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 236
Hydros
EP518.RE.JR204 237
A bacia hidrográfica do rio Jari embora apresente baixa ocupação antrópica, que se concentra
quase que exclusivamente na porção sul da bacia, será beneficiada pelo aumento da
arrecadação tributária, da dinamização do mercado, em especial nas áreas dos
empreendimentos e certa melhoria na infraestrutura na subárea IV.
A população de cada município poderá se beneficiar da possibilidade de emprego na obra,
durante toda a fase de execução da obra, com forte reflexo na subárea IV, onde se concentra a
população da bacia. Desta forma, a qualidade de vida da população tanto urbana quanto rural
deve melhorar de forma significativa.
Portanto, os impactos negativos mais significativos embora ocorram na área do reservatório e
seu entorno, os impactos positivos ocorrem de forma geral nos municípios que abrigam os
AHEs, em função da arrecadação e com reflexo de dinamização do mercado na região de
concentração da população da bacia.
Hydros
EP518.RE.JR204 238
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! ! ! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
! !
Amapá
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
P
!
!
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
P Sedes Municipais
!
!
!
!
!
! !
!
!!
Graus de Impacto
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 239
Impacto predominantemente muito baixo na bacia em geral e impacto médio nos reservatórios e
seus entornos, pois os aproveitamentos estão localizados fora das TIs
Os impactos negativos para as Populações Indígenas são referentes às dimensões dos AHEs e
trechos a montante que poderão caracterizar-se como vias de circulação fora das TIs. As áreas
dos reservatórios e seus entornos causarão alterações nos ecossistemas aquáticos e terrestres,
vitais às populações indígenas para manutenção de seus modos de vida, com possíveis
alterações nas condições etno-ecológicas e unidades político-culturais
Os impactos serão indiretos e regionais, pois os aproveitamentos não chegam a atingir
nenhuma TI da bacia. No entanto os impactos causados pelos empreendimentos nos seus
respectivos locais apresentam relevância, principalmente se considerados no contexto das
populações indígenas, cujos ecossistemas bióticos são alterados, mesmo fora de suas TIs.
O fato é que as populações indígenas têm o hábito da perambulação, que pode ocorrer fora
das TIs. Elas mantêm complexas redes de intercâmbio social, tanto entre os povos das TIs,
como entre povos externos à bacia.
O AHE Urucupatá de pequenas dimensões em termos de reservatório (13,7 km2), é o menos
impactante, apesar da proximidade à TI. O mais impactante é o AHE Açaipé que, embora
esteja mais distante da TI, é o que tem maior área de reservatório (293,4 km2). Por fim, o
AHE Carecuru, apresenta impacto intermediário, pois tem área do reservatório de 194,9 km2.
Hydros
EP518.RE.JR204 240
5.4.2 METODOLOGIA
Hydros
EP518.RE.JR204 241
Estes mapas foram analisados objetiva e criteriosamente pela equipe técnica multidisciplinar,
com o intuito de checar, revisar e consolidar a consistência da abrangência e da intensidade de
manifestação da fragilidade em cada subárea e na bacia do rio Jari.
Hydros
EP518.RE.JR204 242
A porção norte da bacia permanecerá com seu atual nível de conservação devido à ausência
de aproveitamentos na área e à baixa ocupação antrópica atual e prevista.
Na porção central da bacia, a presença do aproveitamento Urucupatá com baixo tempo de
residência resulta em um reservatório não estratificado com boa qualidade da água, desde que
seja feita a remoção prévia da vegetação inundada. A melhoria da acessibilidade e
infraestrutura ocasionará maior ocupação da região central da bacia, mas seus efeitos sobre os
ecossistemas aquáticos não deverão ser tão acentuados devido ao gerenciamento a que a
região está submetida por ser Unidade de Conservação de Uso Sustentável.
Cerca de 18 km a jusante do barramento do AHE Urucupatá, a presença dos AHEs Carecuru e
Açaipé afetarão negativamente a qualidade da água principalmente nas épocas de menor
vazão. A qualidade da água comprometida se fará sentir também na UHE Santo Antônio do
Jari, pelos efeitos sinérgicos dos aproveitamentos em cascata. A exposição das margens
devido à regularização dos AHEs Carecuru e Açaipé podem ocasionar processos erosivos. A
ocupação das margens de ambos os reservatórios, no entanto, não deverão ser tão acentuadas
devido ao gerenciamento a que a região está submetida por se tratar de Unidades de
Conservação. É na vizinhança destes dois aproveitamentos (incluindo suas sub-bacias) que se
observa o aumento da fragilidade da subárea. Ao longo do rio Jari, este aumento de
fragilidade é ainda mais acentuado, devido ao impacto direto sobre áreas de alta sensibilidade,
como ilhas fluviais, vegetação marginal e áreas de corredeiras associadas à ocorrência de
espécies sensíveis, como a ariranha.
A UHE Santo Antônio do Jari apresenta reservatório relativamente pequeno e baixo tempo de
residência. Se considerada isoladamente, seus impactos seriam locais e não tão significativos,
já que haveria boa circulação de água dentro do reservatório. Num sistema de
aproveitamentos em cascata, no entanto, há de se considerar que a qualidade da água de seu
reservatório será altamente influenciada pela qualidade da água dos AHEs a montante,
especialmente do AHE Açaipé. Há de se destacar, ainda, que a fragilidade representada no
entorno da UHE Santo Antônio do Jari está associada a um cenário 2030 no qual a ocupação
de seu entorno é basicamente o manejo florestal. Assim, caso a ocupação antrópica evolua de
forma diferente (e.g., com desmatamento para agropecuária), a fragilidade do entorno desta
UHE seria maior, evidentemente.
A implantação de tantos empreendimentos que dependem dos mesmos núcleos urbanos como
apoio (Laranjal do Jari ou Monte Dourado, no extremo sul da bacia) pode resultar em
crescimento desordenado dos núcleos urbanos, que por sua vez exercerão pressão sobre os
ecossistemas aquáticos. Por outro lado, a melhoria da infraestrutura local favorecerá o
desenvolvimento do ecoturismo e da pesca esportiva, especialmente na cachoeira Santo
Antônio, cuja vazão foi garantida no dimensionamento dos aproveitamentos durante o Estudo
de Inventário Hidrelétrico.
Hydros
EP518.RE.JR204 243
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
!
I
! !
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
II
!
!
! !
!
! !
!
Pará
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
Legenda
IIIP Laranjal do Jari
!
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Fragilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 244
Subáreas Fragilidade
Hydros
EP518.RE.JR204 245
Os aproveitamentos propostos para a bacia do rio Jari atingirão, de maneira geral, as regiões
central e centro-sul da bacia. Estas áreas correspondem a uma matriz florestal densa, que é
gradativamente substituída por outros tipos de vegetação nas regiões das várzeas dos rios.
Desta maneira, a principal fisionomia a ser atingida pelos aproveitamentos é a Floresta
Ombrófila Densa Submontana, que na região de várzea é substituída por Floresta Ombrófila
Densa Aluvial. Outra fisionomia atingida é a Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas, uma
área de relevante interesse ecológico, por tratar-se de uma área de Tensão Ecológica.
Hydros
EP518.RE.JR204 246
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
! ! ! !
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
!
! !
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! ! !
!
! !
!
!
!
! !
!
!
! !
I
!
!
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
!
!
!!
! ! !
!
! !
!
!
! !
! !
!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
! !
!
!
!!
II
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
Legenda
III!P Laranjal do Jari
!
! !
!
! !
Vitória do Jari
! !
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
!
!
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! !
! !
!
! !
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
!
!
!
!
! !
! !
!
P Sedes Municipais
Graus de Fragilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 247
Quadro 5.4.3.2-1 – Fragilidade dos Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por Subárea
Subáreas Fragilidade
Fragilidade variável, sendo alta no entorno dos reservatórios e das vias de acesso, nas
II Unidades de Conservação, principalmente a ESEC do Jarí, assim como em áreas de
recursos minerais e de alta erodibilidade e média alta no restante da subárea
III Fragilidade baixa, chegando a média principalmente na porção norte, devido à alta
sensibilidade geológica. Alta fragilidade no entorno da via de acesso
Hydros
EP518.RE.JR204 248
5.4.3.3 Socioeconomia
Hydros
EP518.RE.JR204 249
5.4.3.3.1 Fragilidade
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
I
! !
!
! !
! !
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!!
! ! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
! !
!
!
!
!
! !
Amapá
! !
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
II
!!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Fragilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Subáreas Fragilidade
Fragilidade baixa por ser Unidade de Conservação de proteção integral, sem presença
III
humana, sendo parcialmente atingida pelo aproveitamento Açaipé
Hydros
EP518.RE.JR204 251
5.4.3.3.2 Potencialidade
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
I
! !
!
! !
! !
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
! !
Amapá
!
!
!
! !
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
II
!!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
III
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
IV !P
! !
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
V
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
Subáreas - Socioeconomia
!
!
!
!
! !
!
!!
!
P Sedes Municipais
Graus de Potencialidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 252
Subáreas Potencialidade
Potencialidade muito baixa na subárea formada por UCs de proteção integral e TIs, e
I onde não há perspectivas para o desenvolvimento de atividades socioeconômicas, além
de não estar ali previsto qualquer aproveitamento
Potencialidade baixa por ser formada por UC de proteção integral, onde não há
III potencialidade para desenvolvimento socioeconômico, embora conte com a presença
parcial do aproveitamento Açaipé
Potencialidade entre baixa a muito baixa, pois a subárea apresenta pouca potencialidade
para desenvolvimento socioeconômico em função da várzea, além de não contar com
V
nenhum aproveitamento; a margem esquerda (município de Vitória do Jarí onde não há
aproveitamento) tem menor potencialidade que a margem direita
Hydros
EP518.RE.JR204 253
³
54°W 52°W
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
2°N ! !
2°N
!
! !!
!
!
!
! !
! ! !
! !
! ! !
!
!
! ! !
!
!
! !
!
! !
!!
!
!
!
! !
! ! !
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
! ! ! ! !
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
!
!
! !
!
!
! !
! !!
!!
!
! !
!
!
!
!
! !
! !
! !
Amapá
!
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
Pará
! !
!
!
!
!
!
!
!!
!
!
!
!
!
!
! !
0° 0°
! !
!
!
! ! !
!
!
!
!
!
!
!
! !
!
!
!
!
!
!
!!
! !
!
!
!
!
!
! !
P
!
!
!
! !
Vitória do Jari
!
!
!
!
P
!
! !
!
!
Área de Drenagem
! !
! !
!
!
! ! !
! !
!
! !
! ! !
! !
!
!
! !
Hidrografia Principal
! !
!!
!!
! !
!! !!
!
!
!
P Sedes Municipais
!
!
!
!
!
! !
!
!!
Graus de Fragilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100
54°W 52°W
Hydros
EP518.RE.JR204 254
Hydros
EP518.RE.JR204 255
5.4.4 CONFLITOS
comercializa os produtos extraídos da floresta por meio de cooperativas que dão suporte
técnico e administrativo aos seus associados, que poderão se sentir lesados pela implantação
dos AHEs.
Entre as porções central e sul da bacia, está previsto o AHE Açaipé 86, cujo reservatório
alagará uma porção das UCs de uso sustentável e parte da ESEC do Jari, de Proteção Integral,
o que poderá gerar conflitos com órgãos gestores das UCs e com os ribeirinhos.
Pelo fato de dois aproveitamentos, Urucupatá e Carecuru, estarem localizados nas UCs e
próximos à TI Waiãpi, poderá haver conflito não só com órgãos gestores, mas com
instituições não governamentais, e com as populações indígenas. Este conflito poderá ocorrer
em função de divergências quanto à implantação dos empreendimentos. Observa-se que existe
um instrumento legal que possibilita a implantação de UHEs nas UCs, denominado
“desafetação”28. A aplicação deste instrumento deverá ser discutida pelos órgãos competentes
(MMA, MME, ICMBio e outros) e este poderá inclusive ser substituído por medidas
compensatórias.
A porção sul da bacia, região de planície amazônica, é a que tem a população concentrada nas
sedes municipais de Laranjal do Jari-AP, de Vitória do Jari-AP e nas vilas Monte Dourado e
Munguba. As atividades econômicas são também desenvolvidas nesta planície. É nesta
parcela territorial da bacia que as populações desenvolvem atividades ligadas ao Projeto Jari e
atividades de subsistência. Estas populações podem ser atraídas para se tornarem mão-de-obra
das usinas, provocando conflitos com os novos migrantes atraídos pelas obras.
Nesta porção sul, existem registros de conflitos fundiários, especialmente na área pertencente
ao município de Almeirim-PA. Trata-se de áreas utilizadas pelos antigos moradores que não
possuem registros legais que sirvam de garantia para o uso de terras para a moradia e
desenvolvimento de atividades de sustento.
Finalmente, na porção do extremo sul, algumas comunidades vivem de extrativismo, criação
de gado e agricultura de subsistência. A coexistência de comunidades tradicionais e
imigrantes atraídos pelas obras pode criar conflitos de diversas ordens.
É importante registrar que apesar da precariedade da região, existem associações de classe,
que promovem a articulação e o entendimento entre diferentes grupos sociais de modo a
garantir melhores condições de vida.
A seguir é apresentado um quadro com as entidades associativas existentes na bacia.
28
Instrumento previsto no Art. 22, § 7º da Lei nº 9.985, de 18/07/2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Este parágrafo permite a desafetação ou redução dos limites de
uma unidade de conservação através de lei específica.
Hydros
EP518.RE.JR204 257
Municípios –
Entidades Sociais
UF
Associação dos Moradores do Bairro do Agreste
Movimento Reggae do Laranjal do Jari-MOREJAR
Fórum de Desenvolvimento Local Sustentável - FDLIS
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Laranjal do Jari-
SINTRACOVAJA
Associação dos Artesãos de Laranjal do Jari -ARTELAJA
Associação Comercial e Industrial de Laranjal do Jari-ACILAJA
Laranjal do
Jari/AP Grupo Melhor Idade do Jari
Casa das Parteiras de Laranjal do Jari
Centro Comunitário do Assentamento Nazaré Mineiro
Anjos da Guarda – Fundação Orsa
Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru -
COMARU
Cooperativa Mista dos Produtores Agroextrativistas de Laranjal do Jari -
COMAJU
Hydros
EP518.RE.JR204 258
- Cenário atual;
- Cenário 2030 sem empreendimentos;
- Cenário 2030 com empreendimentos.
Informações mais detalhadas a respeito do primeiro cenário (atual) podem ser encontradas nos
itens 3 - Caracterização da Bacia por Tema-síntese e 4.1 - Avaliação de Sensibilidade
Socioambiental - Cenário Atual. Informações mais detalhadas a respeito do segundo cenário
podem ser encontradas nos itens 5.1 - Cenário Prospectivo da Bacia do Rio Jari (Tendencial)
e 5.2 - Avaliação de Sensibilidade Socioambiental 2030. E, finalmente, os itens 5.3 -
Avaliação dos Impactos Socioambientais 2030 e 5.4 - Avaliação das Fragilidades e
Potencialidades Socioambientais 2030 abordam os aspectos do cenário 2030 com
empreendimentos.
Os quadros apresentam as principais características de cada cenário socioambiental, por tema-
síntese.
Hydros
EP518.RE.JR204 259
Hydros
EP518.RE.JR204 260
Hydros
EP518.RE.JR204 261
Hydros
EP518.RE.JR204 262
Hydros
EP518.RE.JR204 263
A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta uma acessibilidade limitada, resultando em uma
ocupação antrópica incipiente. Além disso, grande parte da área da bacia encontra-se
legalmente protegida sob a forma de Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Desse
modo, há um elevado grau de preservação dos ecossistemas aquáticos e terrestres,
especialmente nas regiões centro e norte da bacia, que apresentam elevada biodiversidade.
Esse quadro peculiar da bacia favorece a manutenção dos modos de vida das populações
indígenas que vivem nas TIs, situadas nas suas porções noroeste e nordeste. O uso antrópico
concentra-se na porção sul da bacia, com economia de subsistência, à exceção do Projeto Jari,
que apresenta alto nível de capitalização e economia voltada à exportação.
No cenário macroeconômico tendencial, estima-se que ocorrerá um crescimento vegetativo da
população como um todo, além da expansão de atividades primárias, baseadas na exploração
de recursos florestais (madeireira e não madeireira) e na policultura, além da expansão das
atividades do Projeto Jari. Desta forma, estima-se que poderá haver um aumento da pressão
antrópica na bacia.
Na porção centro-norte, a projeção macroeconômica considerou o aumento da exploração dos
recursos naturais (madeireira e não madeireira) nas Unidades de Conservação de Uso
Sustentável (FLOTA Paru e RDS Iratapuru), mantendo-se inalteradas as condições de
preservação das UCs de Proteção Integral e das TIs. Embora esta exploração deva ser
realizada de forma sustentável, haverá pressão nos ecossistemas aquáticos e terrestres,
dinamização do mercado de trabalho e aproximação de populações não indígenas com as TIs.
No cenário futuro com a implantação de empreendimentos, vislumbram-se as seguintes
situações:
- O AHE Urucupatá, embora apresente pequenas dimensões de reservatório, é o que se
localiza mais a montante na cascata de aproveitamentos. É, portanto, o aproveitamento
que requer a construção da via de acesso mais extensa dentre todos os aproveitamentos
avaliados, sendo ainda, o que se localiza mais próximo à TI Waiãpi. Tal situação cria a
necessidade de controle rigoroso da entrada e saída da mão de obra contratada pelo
empreendimento, além da educação ambiental da mesma com foco aos ecossistemas
aquáticos e terrestres e às populações indígenas, destacando-se a necessidade de
consciência quanto aos riscos socioambientais;
- O AHE Carecuru, por sua vez, apresenta área de reservatório significativamente superior à
do AHE Urucupatá. Os impactos do AHE Carecuru relacionados com a implantação das
vias de acesso serão menores que os do Urucupatá. No entanto, os impactos relacionados
ao reservatório serão mais acentuados;
- A implantação do AHE Açaipé será a mais impactante do ponto de vista do meio biótico:
além da área do reservatório ser relativamente extensa, apresenta tendência à
estratificação térmica e afeta diretamente uma UC de Proteção Integral (ESEC do Jari). É
também a obra que atrairá o maior contingente populacional na região, de modo que
haverá necessidade de ampliação da oferta de serviços básicos no município de Laranjal
do Jari e no Distrito de Monte Dourado;
- Finalmente, a UHE Santo Antônio do Jari, que também apresenta uma reduzida área de
reservatório, é a única localizada totalmente fora dos limites de UCs na bacia. Seus
impactos são relativamente reduzidos, devendo-se destacar que, devido à proximidade aos
povoamentos da área, é o único aproveitamento que permitirá o uso múltiplo da água na
bacia.
Hydros
EP518.RE.JR204 264
Hydros
EP518.RE.JR204 265
6 CONCLUSÕES
O Quadro Referencial para a Sustentabilidade da bacia deve ser entendido como o conjunto
de premissas adotadas para se alcançar um cenário desejável de desenvolvimento sustentável
para a bacia, considerando a implantação dos empreendimentos da alternativa de partição de
queda selecionada nos Estudos de Inventário. Este cenário desejável expressa o
desenvolvimento socioeconômico associado ao princípio de conservação socioambiental29.
Embora a alternativa selecionada seja considerada como a melhor dos pontos de vista técnico,
econômico e socioambiental, a AAI se propõe a investigar os impactos cumulativos e
sinérgicos passíveis de ocorrerem no futuro, em decorrência da implantação e operação dos
aproveitamentos que a compõem. Sistematizado o cenário prospectivo no qual são
identificadas as fragilidades socioambientais decorrentes desse processo, são indicadas
diretrizes e recomendações com dois propósitos básicos: o primeiro visa subsidiar os futuros
estudos e ações dos agentes do setor elétrico para a implantação e operação dos
aproveitamentos hidrelétricos e, o segundo, pretende oferecer contribuições para a atuação
dos organismos públicos responsáveis pela gestão da bacia. Ambos os propósitos são
orientados para a sustentabilidade da bacia.
A preocupação quanto à construção das usinas hidrelétricas está associada aos impactos
negativos oriundos da formação de reservatórios, com a perda permanente da vegetação e
biodiversidade locais, a alteração dos recursos naturais, além dos resultados de investimentos
financeiros, com divisão dos custos e dos benefícios nem sempre satisfatórios do ponto de
vista dos atores envolvidos
Por outro lado, convém lembrar que a energia deve ser considerada como um dos principais
fatores de desenvolvimento socioeconômico, principalmente em regiões isoladas e com perfil
de desenvolvimento humano baixo, em sua grande maioria.
29
O conceito de desenvolvimento sustentável no contexto do planejamento elétrico é baseado em algumas
premissas: “... o meio ambiente deve ser considerado como um capital natural crítico [grifo nosso], sendo esta
noção aplicável tanto ao consumo direto – por exemplo, ar respirável – como a manutenção de um fluxo de
produção – por exemplo, uso de combustíveis fósseis. A primeira vertente está relacionada à análise da
qualidade do recurso e a segunda, à quantidade. Em ambos os casos, as futuras gerações devem contar com
capital natural [grifo nosso] em quantidade e qualidade iguais ou maiores do que as que estão disponíveis para
a presente geração.” (EPE, 2006). Portanto, a sustentabilidade existe quando inserida no contexto do processo de
planejamento, em que os recursos naturais, entendidos como capital natural, são utilizados, de modo a garantir o
sustento em quantidade e qualidade iguais ou superiores às futuras gerações. O conceito do capital natural crítico
é abordado por LENZI (2006) da seguinte forma: “... capital natural crítico [grifo nosso] diz respeito a
materiais, processos ou serviços ambientais que são essenciais à sobrevivência e ao bem-estar humanos e que
não podem ser produzidos pelos seres humanos. O que não impede que eles não possam vir a sofrer o impacto de
nossas práticas ou a ser objeto de nosso controle.” É nesse conceito que os recursos hídricos são concebidos
como capital natural crítico, essenciais à sobrevivência (abastecimento, irrigação, controle de cheia, etc), ao bem
estar humano (energia, navegação, lazer, etc), em que os estudos de Inventário Hidrelétrico das Bacias
Hidrográficas devem considerá-lo para a seleção de alternativas de divisão de queda.
Hydros
EP518.RE.JR204 266
Hydros
EP518.RE.JR204 267
Hydros
EP518.RE.JR204 268
Referência principal:
Recursos Hídricos e Ecossistemas
Referências específicas:
Aquáticos
Referência principal:
Integridade do meio físico e preservação da diversidade de Ecossistemas Terrestres
Meio Físico e Ecossistemas Terrestres
Referências específicas:
- preservação da diversidade florística e faunística nas UCs de Proteção Integral, em
especial no PARNA Montanhas do Tumucumaque;
- manutenção do fluxo gênico das espécies de fauna e flora, através da preservação/
criação de corredores biológicos, principalmente nas áreas de reflorestamento de
eucaliptos e nas áreas de exploração de caulim e bauxita;
- conservação do solo e da paisagem natural, sobretudo nas áreas utilizadas para lavoura,
situadas em regiões de aptidão agrícola regular e baixa, cujo substrato é definido por
latossolos amarelos e gleissolos, requerendo cuidados especiais em relação à erosão;
- promoção da educação ambiental como forma de alcançar o desenvolvimento
sustentável;
- manutenção das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal;
- compatibilização entre a extração de recursos florestais e minerais e a conservação da
flora e da fauna nas UCs de Uso Sustentável.
Hydros
EP518.RE.JR204 269
Tema-
Quadro Referencial
síntese
Referência Principal:
Promoção do desenvolvimento socioeconômico, considerando as gerações futuras
Referências Específicas:
- implementação de empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento
socioeconômico, de modo racional e com a melhor tecnologia disponível, considerando as
condições locais
- ocupação planejada e controlada no entorno dos empreendimentos, em especial nas
Unidades de Conservação;
- otimização na utilização de recursos naturais, considerando a vocação regional e as
potencialidades identificadas em áreas já exploradas e não exploradas;
- acessibilidade aos conhecimentos técnicos avançados, aliados aos financiamentos e
facilitada, em especial, às populações tradicionais;
- respeito às características físicas dos locais em que serão implantados os
aproveitamentos, de modo a evitar processos erosivos. Nas áreas destinadas às lavouras,
oferta de assistência técnica aos produtores rurais em virtude destas se situarem em áreas
Socioeconomia
Hydros
EP518.RE.JR204 270
Tema-
Quadro Referencial
síntese
Referência Principal
Contribuir para a autonomia da população indígena com direitos preservados nas suas TIs
e conservação dos recursos naturais para a manutenção dos seus modos de vida e unidades
sociopolíticas
Populações Indígenas
Referências Específicas:
- respeito aos limites das TIs Waiãpi, Parque Indígena Tumucumaque e Rio Paru d’Este;
- conservação de recursos naturais suficientes, essenciais para a sobrevivência das
populações indígenas;
- conservação da unidade sociopolítico-cultural de cada povo indígena;
- preservação da diversidade étnica;
- manutenção da saúde da população indígena;
- conservação das culturas e hábitos indígenas;
- conservação da consciência da população indígena quanto a seus direitos e
responsabilidades nas questões relativas às condições socioambientais nas suas respectivas
TIs.
Hydros
EP518.RE.JR204 271
Por sua vez, o controle da ocupação no entorno dos AHEs garantiria a manutenção da
vegetação e da qualidade da água, limitando os impactos dos aproveitamentos àqueles
intrinsecamente relacionados à formação do reservatório; ou àqueles relacionados à
implantação da infraestrutura necessária (e.g., vias de acesso); e não aos associados à
ocupação de seu entorno (e.g., supressão de APP, lançamento de efluentes).
As UCs de Proteção Integral estariam destinadas exclusivamente à proteção dos ecossistemas
naturais. Destaca-se, neste caso, o PARNA Montanhas do Tumucumaque, localizado na área
mais ao norte da bacia, e praticamente intacto com relação à ocupação antrópica.
Nas áreas localizadas fora de limites de UCs, como é o caso da UHE Santo Antônio do Jari,
vislumbra-se uma situação em que o reservatório seja utilizado também para usos múltiplos.
Neste caso, destacam-se a aquicultura, a pesca e o lazer. A ocupação de seu entorno seria
restrita às infraestruturas de acesso e a floresta seria explorada sob regime de manejo
sustentável.
Nas áreas com ocupação antrópica, mas fora da área de influência direta da UHE Santo
Antônio do Jari, prevê-se uma situação em que as florestas, de maneira geral, serão mantidas,
uma vez que são restritas as condições de aptidão agrícola dos solos nessa região. A
conservação destas florestas terá papel imprescindível na conservação do solo e da paisagem
natural. Foram identificadas somente algumas manchas de solos com maior fertilidade em
meio a extensas áreas de solos de baixa fertilidade. Também nessas áreas, as florestas seriam
exploradas sob regime de manejo sustentável. A educação ambiental, neste caso, deverá
cumprir um papel essencial, não só como garantia para a conservação das florestas, como
também para a melhoria das condições de vida da população cuja renda depende desse
extrativismo. Nas áreas destinadas ao reflorestamento de eucaliptos e à exploração mineral,
delineia-se uma situação em que corredores biológicos cumpririam a função da conservação e
manutenção de fluxos gênicos.
A melhoria nas condições de vida poderá ser alcançada pelo desenvolvimento agrícola,
previsto no cenário macroeconômico 2030, juntamente com a implantação dos
aproveitamentos da alternativa selecionada. Para alcançar a sustentabilidade socioambiental
desejada, os empreendimentos deverão ser concebidos e executados segundo processos
racionais de construção e logística e com a melhor tecnologia disponível, respeitando a
biodiversidade existente da região. Desta forma, as áreas do entorno dos reservatórios, na
maioria constituída pelas Unidades de Conservação de Uso Sustentável, deverão ter ocupação
restrita, somente para as necessidades essenciais do empreendimento; e o desenvolvimento de
atividades econômicas deve ser compatível com os objetivos definidos conforme cada
categoria de Unidades de Conservação. Em função das condições socioambientais vigentes, o
quadro referencial procura oferecer subsídios para a formulação de Diretrizes e
Recomendações que orientem a busca pela melhoria de condições de vida das comunidades
que vivem na bacia.
Hydros
EP518.RE.JR204 272
Sempre que uma proposição tiver relação com dois ou mais temas-síntese, esta apresentará
mais de um símbolo.
Para maior objetividade dessas interações, foram também concebidas outras proposições em
função de lacunas percebidas, como por exemplo, a gestão e o acompanhamento integrado de
ações, lacuna esta que poderia ser preenchida pela atuação de agências de bacia, ainda
inexistentes na maior parte das sub-bacias amazônicas.
Destaca-se, ainda, que as diretrizes e recomendações são contribuições ao processo de
licenciamento, não lhes cabendo a indicação de licenciamento deste ou daquele
aproveitamento. Esta é uma atribuição exclusiva dos órgãos de licenciamento e dos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente.
São apresentadas a seguir as Diretrizes e Recomendações, acompanhadas de justificativas, da
indicação de instituições envolvidas, do período de aplicação e de sua abrangência espacial.
Hydros
EP518.RE.JR204 273
Hydros
EP518.RE.JR204 274
O uso múltiplo da água foi uma das premissas adotadas na elaboração do Plano Nacional de
Recursos Hídricos. A implantação de um reservatório cuja finalidade principal é a geração de
energia oferece numerosas possibilidades de usos múltiplos. No caso da bacia do rio Jari, a
formação de reservatórios em regiões em que se prevê expansão da atividade de silvicultura
pode ser um facilitador para implantação de sistemas de irrigação. Além disso, a aquicultura
pode servir como complemento à renda das famílias de extrativistas. No caso do
aproveitamento Santo Antônio do Jari é imprescindível que as atividades de lazer e turismo
associadas à cachoeira Santo Antônio sejam mantidas. Os demais aproveitamentos da bacia
(Urucupatá, Carecuru e Açaipé) não estão contemplados por esta diretriz, pois estão inseridos
em Unidades de Conservação e qualquer outro uso além da geração de energia para o
reservatório dependerá do Plano de Manejo de cada unidade.
Nesse sentido, recomenda-se:
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições locais de pesquisa e universidades, ONGs, prefeituras.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área de influência direta do aproveitamento
Hydros
EP518.RE.JR204 275
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa locais e universidades.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Bacia, a montante da cachoeira Santo Antônio do Jari
A bacia do rio Jari, apresenta, a grosso modo, boa parte de seu território recoberto por
Argissolos e Latossolos, numa faixa que se estende do noroeste ao sudeste da bacia. Apenas
na porção sul é que se observa a ocorrência de Gleissolos e Neossolos Litólicos. De modo
geral, os latossolos se caracterizam por serem bastante desenvolvidos e porosos, apresentando
pequena descontinuidade textural entre seus horizontes, sendo pouco susceptíveis à erosão. Já
os Argissolos se destacam por apresentarem grande descontinuidade textural entre seus
horizontes, com acúmulo de argila em seu horizonte B, o que os torna bastante susceptíveis à
erosão. Ao se levar em conta que a implantação do AHE Urucupatá ocorrerá em área de
Latossolos, os riscos de desencadeamento de processos erosivos são pouco prováveis. Porém,
as implantações das UHE’s Santo Antônio do Jari e Açaipé ocorrerão em áreas de Argissolos
e ao se levar em conta a área da UHE Açaipé (aproximadamente 333 km²), torna-se
Hydros
EP518.RE.JR204 276
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, SEMAs
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área do aproveitamento
Hydros
EP518.RE.JR204 277
Vale ressaltar que a jusante da UHE Santo Antonio há influência do regime hidrológico do rio
Amazonas e da maré sobre as flutuações de nível d’água, porém, nos trechos entre
aproveitamentos da cascata, pode-se minimizar os efeitos nas vazões gerenciando a operação
dos reservatórios de montante.
Nesse sentido, recomenda-se:
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, SEMAs, universidades.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área do aproveitamento e região a jusante
• Fauna e Flora
A bacia hidrográfica do rio Jari faz parte da matriz florestal amazônica. Devido à baixa
ocupação da bacia, apresenta-se altamente preservada. Esse alto grau de preservação
condiciona elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas, tanto da flora
quanto da fauna. Entretanto, assim como a maior parte da floresta amazônica, grande parte
dessa biodiversidade ainda é desconhecida.
Tendo em vista que as florestas amazônicas compõem um dos mais diversos ecossistemas
mundiais e que a bacia apresenta elevado grau de preservação de seus habitats, parte da
biodiversidade regional poderá ser alterada ou perdida com a supressão de trechos de sua
cobertura vegetal. Desse modo, é importante que sejam adotadas as diretrizes a seguir
discriminadas:
Hydros
EP518.RE.JR204 278
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, universidades, ONGs, Ministério do Meio
Ambiente.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e área da bacia como um todo.
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, universidades, ONGs, indústrias
madeireiras, Ministério do Meio Ambiente.
Período de Aplicação: Planejamento Licitação/Concessão e Implantação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e área da bacia como um todo.
Hydros
EP518.RE.JR204 279
A bacia conta com considerável extensão de áreas legalmente protegidas, constituída por seis
Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, as quais, juntas, ocupam a bacia quase na
sua totalidade. Excetua-se a porção sul, onde áreas protegidas estão praticamente ausentes,
porém, em função da sua importância biológica, é considerada prioritária para a conservação
da biodiversidade.
A existência dessas áreas legalmente protegidas é de suma importância para a manutenção da
alta diversidade existente na bacia. Portanto, algumas medidas devem ser tomadas, de modo a
garantir a conservação dessas áreas, conforme a diretriz a seguir:
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, universidades, ONGs, Ministério do Meio
Ambiente.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e área da bacia como um todo.
6.2.1.3 Socioeconomia
• População Afetada
Hydros
EP518.RE.JR204 280
30
http://www.socioambiental.org/UC/1350/ambiental acesso em 05.11.10
31
No caso da comunidade São Francisco do rio Iratapuru (RDS Iratapuru), a maioria dos trabalhadores tem
residência fixa na sede municipal de Laranjal do Jari, onde vivem seus familiares. A comunidade, que possui
cerca de 200 pessoas, conta com assistência técnica e financeira de organizações não governamentais,
notadamente do setor de cosméticos, como, por exemplo, da Natura. Conta com a infraestrutura necessária para a
permanência dos trabalhadores e pequeno grupo de familiares (8 famílias), além do posto do IBAMA. Este
acompanha a vida da população e possui instalação para acomodação de pesquisadores na UC. Os produtos
naturais da área, coletados pela comunidade recebem beneficiamentos nas próprias instalações da Cooperativa
Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru – COMARU, implantada na UC, para serem encaminhados
às sedes municipais e depois para Belém. Esta cooperativa é a única organização formal da RDS.
Outro exemplo da comunidade que vive na beira do rio, embora não pertencente à UC, é a Comunidade
Cachoeira Santo Antônio, localizada a jusante da cachoeira Santo Antônio. Esta comunidade, de cerca de
27 famílias, apresenta uma organização social e política bem estruturada cujo líder, eleito pela comunidade, faz
as articulações internas e externas de modo a atender as necessidades da população. Esta comunidade vive no
sistema de cooperação mútua, por meio da agricultura de subsistência e do extrativismo vegetal. Complementa
as suas necessidades por meio das mercadorias disponíveis nas sedes municipais. Cabe destacar que as
instalações e os serviços básicos (educação e saúde) são muito bons, por terem sido implantados pela Jari
Celulose, como compensação pela implantação da futura usina hidrelétrica na cachoeira Santo Antônio.
Hydros
EP518.RE.JR204 281
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, ICMBio, órgãos estaduais de meio ambiente, associações de
produtores rurais, cooperativas locais e futuro Comitê de Bacia
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão e Implantação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento, e a bacia como um todo de modo a
selecionar o novo local de “remanejamento”.
• Comunicação Social
Muitas das dificuldades entre populações afetadas podem se tornar conflitos, devendo ser
evitados ou minimizados se o canal de relacionamento entre o concessionário e a sociedade
local for suficientemente eficaz. É importante que a população que vive de extrativismo
vegetal tenha conhecimento do aproveitamento de forma correta, sobretudo de seus efeitos
negativos e dos programas de compensação e mitigação concebidos para as etapas de
implantação e operação da usina. Possíveis benefícios poderão também ser obtidos por meio
de negociações entre o concessionário e a comunidade.
O conhecimento prévio do aproveitamento expressa a importância do respeito que o
concessionário/empreendedor, neste caso entendido como promotor de estudos e proprietário
do aproveitamento, tem com a população afetada. Embora a usina seja de interesse nacional, a
população local deve ser notificada através dos meios de comunicação disponíveis,
especialmente da comunicação direta e pessoal, quando de sua implantação efetiva.
Outro fator importante no relacionamento com a comunidade é a coerência e a transparência
das informações em todas as etapas de implantação da usina, de modo a evitar boatos e
interpretações duvidosas. É importante inclusive a compreensão por parte da população
quanto à limitação técnica e até mesmo legal que o concessionário tem para solucionar alguns
problemas fora de sua alçada. A solução mais interessante é sempre a articulação e a
harmonização de interesses entre os setores envolvidos.
Por fim, mesmo após a implantação da usina, o canal de comunicação deve permanecer
aberto, no sentido de evitar eventuais problemas não previstos.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:
Hydros
EP518.RE.JR204 282
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, ICMBio, órgãos estaduais de meio ambiente, associações de classe
e de produtores rurais, universidades e ONGs, futuro Comitê de Bacia.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e na bacia
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, prefeituras municipais, universidades e ONGs.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Hydros
EP518.RE.JR204 283
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, governos municipais e estaduais, FUNAI, IPHAN, universidades,
ONGs e associação de classes.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão e Implantação
Abrangência: Aproveitamento e seu entorno imediato
Hydros
EP518.RE.JR204 284
O relacionamento do setor elétrico com outros setores, nos diversos níveis (federal, estadual,
municipal e a sociedade civil), é essencial para o êxito na implantação de usinas hidrelétricas.
A articulação se faz ainda mais necessária para o caso dos aproveitamentos hidrelétricos da
alternativa selecionada, uma vez que se localizam na região amazônica, em especial, em áreas
de proteção legal. Esta articulação é necessária, sobretudo, para a compatibilização de
interesses relativos às necessidades energéticas nacionais e regionais e à preservação dos
recursos naturais e da biodiversidade da Amazônia.
A falta ou insuficiência de entendimentos com outros setores, para o caso das usinas
hidrelétricas em pauta, em especial quanto ao atendimento às questões relativas à
sustentabilidade socioambiental, incorrerá na possibilidade de não aproveitamento do
potencial energético dos aproveitamentos identificados nos estudos de Inventário
desenvolvidos pelo setor elétrico.
As articulações com outros setores referem-se a todos os temas-síntese apresentados neste
trabalho, devido à interdependência entre eles. Um dos aspectos considerados importante é o
compromisso do setor elétrico com o entorno do reservatório. O monitoramento do entorno,
que deverá fazer parte da definição do Plano de Manejo, de responsabilidade do ICMBio,
exige a elaboração do PACUERA - Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de
Reservatório Artificial. O objetivo deste planejamento será de coibir a ocupação desordenada
e indesejada, associada ao desencadeamento de outros efeitos negativos indesejáveis.
Tendo em vista o interesse do setor elétrico na implantação de aproveitamentos hidrelétricos,
dentro do quadro referencial para sustentabilidade socioambiental, entende-se que todos os
programas relativos aos aspectos socioambientais serão formulados na etapa dos estudos de
viabilidade técnica e econômica/EIA. Nesta etapa, cabe ainda ao setor elétrico, por atribuição
legal, realizar gestões junto a órgãos ambientais e demais entidades diretamente envolvidas
com o processo de licenciamento ambiental, visando a obtenção da LP. Esta é também a
oportunidade para promover a integração necessária entre os diversos interesses setoriais.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:
Hydros
EP518.RE.JR204 285
Instituições Envolvidas:
MME, EPE, ANEEL, IBAMA, Secretarias Estaduais e Municipais de Planejamento e Meio
Ambiente e futuro Comitê de Bacia
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Bacia Hidrográfica
De acordo com a Política Nacional dos Recursos Hídricos, o planejamento e gestão dos
recursos hídricos de uma bacia hidrográfica devem ser orientados por um comitê
interdisciplinar e multisetorial, que possa compatibilizar os usos múltiplos dos recursos
hídricos da bacia.
Nesse sentido, recomenda-se:
Instituições Envolvidas:
ANA, órgãos setoriais, e empreendedores
Período de Aplicação: Logo após a aprovação dos Estudos de Inventário Hidrelétrico da
Bacia do Jari.
Abrangência: Bacia
Hydros
EP518.RE.JR204 286
Instituições Envolvidas:
ANA
Período de Aplicação: Ínício o quanto antes, com manutenção e operação no longo prazo
Abrangência: Bacia
Instituições Envolvidas:
ANA, SEMAs.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção e operação no longo prazo
Hydros
EP518.RE.JR204 287
Instituições Envolvidas:
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Prefeituras, ONGs, comunidades tradicionais,
escolas, instituições de pesquisa locais, universidades e futuro comitê da bacia.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção das atividades no longo prazo
Abrangência: Área da bacia, em especial onde predominam os grupos sociais mais carentes.
Hydros
EP518.RE.JR204 288
O alto grau de preservação da bacia do rio Jari é responsável por sua elevada riqueza e grande
diversidade de espécies de flora e fauna. Muitas vezes essa biodiversidade é desconhecida,
devido à escassez de estudos na bacia, para a qual são propostas as diretrizes:
Instituições Envolvidas:
Instituições de pesquisa, universidades, ONGs, Ministério do Meio Ambiente.
Período de Aplicação: Início o quanto antes
Abrangência: Área da bacia como um todo
Hydros
EP518.RE.JR204 289
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, Universidades, ONGs, Ministério do
Meio Ambiente.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção das atividades no longo prazo
Abrangência: Unidades de Conservação e Áreas Prioritárias para Conservação da
Biodiversidade.
A bacia em estudo apresenta uma ocupação humana incipiente e localizada em sua porção sul.
Com as mudanças decorrentes da implantação das obras, é provável que se intensifique o
ainda incipiente processo de fragmentação da vegetação da região. Além dos processos
impactantes associados aos reservatórios, ressalta-se que outros processos impactantes
ocorrerão como, por exemplo, instalação de canteiro de obras e infraestrutura associadas e,
consequentemente, aumento do fluxo populacional na região. Dependendo da intensidade
desse processo pode ocorrer a ruptura da conectividade entre as áreas naturais, fundamental
para a manutenção da fauna e da flora. São propostas as seguintes diretrizes:
32
Instrumento previsto no Art. 22, § 7º da Lei nº 9.985, de 18/07/2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Este parágrafo permite a desafetação ou redução dos limites de
uma unidade de conservação através de lei específica.
Hydros
EP518.RE.JR204 290
Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias públicas e privadas, INCRA, associações de produtores rurais,
prefeituras municipais, secretarias estaduais de planejamento, universidades, ONGs e
associações de classe.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção das atividades no longo prazo
Abrangência: Área da bacia como um todo
6.2.3.3 Socioeconomia
Hydros
EP518.RE.JR204 291
Instituições Envolvidas:
Prefeituras municipais, secretarias estaduais de planejamento, universidades, ONGs e
associações de classes.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Conjunto da Bacia
Hydros
EP518.RE.JR204 292
Instituições Envolvidas:
FUNAI, FUNASA, Associações de Representação de Populações Indígenas, Governos
Municipais, ONGs.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação.
Abrangência: Entorno Mediato e Bacia
Hydros
EP518.RE.JR204 293
7 ANEXOS
Hydros
EP518.RE.JR204 295
Hydros
EP518.RE.JR204 297
O Seminário para divulgação pública da Avaliação Ambiental Integrada da bacia do rio Jari
foi realizado no dia 09 de dezembro de 2010, das 14:00 às 18:00 horas, no auditório do CETA
Ecotel, localizado à Rua do Matadouro, 640, Distrito da Fazendinha, Macapá/AP.
7.2.1 OBJETIVO
Hydros
EP518.RE.JR204 298
Hydros
EP518.RE.JR204 300
HYDROS ENGENHARIA
Coordenação Geral dos Estudos
Hideaki Ussami (Engenheiro Civil)
Equipe Técnica
Adalberto José Monteiro Júnior (Biólogo)
Bruno Forni (Técnico de Edificações)
Dora Cerruti (Antropóloga)
Edson Alves Filho (Geógrafo)
Fernando Mendonça d´Horta (Engenheiro Florestal)
Heidi Ishihara (Engenheiro Eletricista)
Lisandro Juno Soares Vieira (Biólogo)
Hydros
EP518.RE.JR204 301
Hydros
EP518.RE.JR204 302
Hydros