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BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JARI – PA/AP

Bacia Hidrográfica do Rio Jari – PA/AP

ESTUDOS DE INVENTÁRIO HIDRELÉTRICO


RELATÓRIO FINAL

AAI – AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA


VOLUME 1/2

EP518.RE.JR204
JAR-A-62-000.001-RE-R0

fev/2011
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JARI - PA/AP

ESTUDOS DE INVENTÁRIO HIDRELÉTRICO

F 15/02/11 Emissão Final AMB HU


E 26/01/11 Incorporação das contribuições do Seminário Público AMB HU
D 18/11/10 Emissão Final AMB HU
C 26/10/10 Conforme parecer recebido em 15/10/10 AMB HU
B 01/10/10 Conforme parecer recebido em 08/09/10 AMB HU
A 24/08/10 Emissão Inicial AMB HU
Revisão No Data Descrição Sucinta Elaboração Aprovação
Título: Contrato Nº
EPE – 054
Número EPE:
AAI – AVALIAÇÃO AMBIENTAL
INTEGRADA
JAR-A-62-000.001-RE-R1

Rev.: R1
Número Hydros:
Projeto Verificado Aprovado fev/11
EP518.RE.JR204
Rev.: E AMB SH/MAU HU Data de Emissão
EP518.RE.JR204 i

PREFÁCIO
Este documento consubstancia os resultados da Avaliação Ambiental Integrada da Bacia
Hidrográfica do Rio Jari, situada entre os estados do Pará e Amapá, em atendimento ao
despacho No 3077, de 29 de dezembro de 2006, do processo No 48500.006617/2006-93, da
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, que autorizou a sua realização à
Empresa de Pesquisa Energética - EPE.
Os estudos de inventário em pauta foram realizados pela Empresa de Pesquisa Energética -
EPE, no âmbito da Diretoria de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais. Os estudos
de engenharia foram supervisionados e fiscalizados pela Superintendência de Projetos de
Geração e os socioambientais pela Superintendência de Meio Ambiente. Esses estudos
foram desenvolvidos em conjunto com a empresa HYDROS ENGENHARIA Ltda.,
contratada pela EPE para esta finalidade.
Estes estudos de inventário hidrelétrico foram iniciados em 17 de abril de 2007, através do
contrato CT-EPE-054, de acordo com os critérios e diretrizes estabelecidos no Manual de
Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas – Versão 2.0 - nov/1997, editado pela
Centrais Elétricas Brasileiras S. A. – ELETROBRÁS e concluídos conforme a nova edição
do mesmo manual, edição 2007, editado pelo Ministério de Minas e Energia - MME.
Além da Empresa de Pesquisa Energética – EPE e Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL, colaboraram significativamente, com o fornecimento de dados e informações
básicas para o desenvolvimento dos trabalhos, diversas instituições que atuam na região,
entre as quais se destacam: Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental -
AHIMOR; Agência Nacional de Águas - ANA; Centro Técnico e Operacional de Manaus
do Sistema de Proteção da Amazônia - CTO/Mn-SIPAM; Companhia de Eletricidade do
Amapá - CEA; Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM; Conselho das
Aldeias Waiãpi - APINA; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA;
Fundação Nacional de Saúde - FUNASA; Fundação Nacional do Índio - FUNAI; Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá -
RURAP; Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena - IEPÉ; Instituto de
Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá - IEPA; Instituto de Terras do
Pará - ITERPA; Instituto do Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá - IMAP;
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN; Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA; Instituto Nacional de Meteorologia - INMET;
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA; Instituto Socioambiental - ISA;
Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG; Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da
Universidade Federal do Pará - NAEA/UFPA; Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca,
Floresta do Amapá – SEAF/AP; Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio
Ambiente do Pará - SECTAM/PA; Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá -
SEMA/AP; Secretaria de Estado de Planejamento do Amapá - SEPLAN/AP; Secretaria
Extraordinária dos Povos Indígenas do Amapá - SEPI/AP; Sistema de Proteção da
Amazônia - SIPAM; Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia - SIVAM; Universidade
Federal do Amapá - UNIFAP; Universidade Federal do Pará – UFPA.
O presente documento constitui-se na edição final do relatório referente à Avaliação
Ambiental Integrada da alternativa de partição de queda selecionada nos Estudos de
Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Jari, conforme previsto na cláusula
Hydros
EP518.RE.JR204 ii

5.11 do contrato de prestação de serviços firmado entre a EPE e a Hydros. Os trabalhos


realizados estão apresentados em 2 (dois) volumes, tal como discriminados a seguir:

-Volume 1/2 - AAI– Textos


- Volume 2/2 – AAI – Mapas

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SUMÁRIO – VOLUME 1/2


1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 1
1.1 OBJETIVOS .....................................................................................................2
1.2 ESTUDOS ANTERIORES ..............................................................................3
1.3 INVENTÁRIO HIDRELÉTRICO DA BACIA DO RIO JARI ....................5
2 ESTRUTURA METODOLÓGICA .............................................. 9
3 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA ............ 13
3.1 RECURSOS HÍDRICOS E ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS ...................13
3.2 MEIO FÍSICO E ECOSSISTEMAS TERRESTRES..................................20
3.3 SOCIOECONOMIA ......................................................................................26
3.4 POPULAÇÕES INDÍGENAS .......................................................................35
4 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DISTRIBUÍDA (AAD) .............. 41
4.1 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL.....................41
4.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................41
4.1.2 METODOLOGIA ................................................................................................42
4.1.3 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL POR TEMA E POR
SUBÁREA...........................................................................................................45
5 AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL INTEGRADA (AAI)..... 93
5.1 CENÁRIO PROSPECTIVO DA BACIA DO RIO JARI (TENDENCIAL)
..........................................................................................................................93
5.1.1 METODOLOGIA GERAL ....................................................................................94
5.1.2 PARÂMETROS MACROECONÔMICOS ...............................................................96
5.1.3 PARÂMETROS DEMOGRÁFICOS .......................................................................98
5.1.4 EVOLUÇÃO ECONÔMICA DOS MUNICÍPIOS DA BACI DO RIO JARÍ NO
CONTEXTO DA REGIÃO NORTE E DE SUAS PRINCIPAIS ATIVIDADES
PRODUTIVAS ...................................................................................................100

5.1.5 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE CRESCIMENTO DOS ESTADOS DE PARÁ E AMAPÁ


E DA BACIA DO RIO JARÍ – FATORES ENDÓGENOS E EXÓGENOS .................107

5.1.6 DELIMITAÇÃO DA ÁREA POTENCIAL DE EXPANSÃO DAS ATIVIDADES


ECONÔMICAS NA BACIA DO RIO JARI ...........................................................117
5.1.7 USO DO SOLO PROSPECTIVO 2030 ................................................................130
5.1.8 ESTIMAÇÃO DO VALOR AGREGADO, CONSIDERANDO A EFETIVA
EXPLORAÇÃO DAS ÁREAS DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DE ÁREAS JÁ
ANTROPIZADAS ...............................................................................................135

5.2 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE 2030 ..139


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5.2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................................. 139


5.2.2 METODOLOGIA .............................................................................................. 139
5.2.3 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE 2030 POR TEMA-
SÍNTESE E POR SUBÁREA ................................................................................ 140

5.3 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ........................ 175


5.3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................................. 175
5.3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS APROVEITAMENTOS................................................ 175
5.3.3 METODOLOGIA .............................................................................................. 190
5.3.4 SELEÇÃO DOS INDICADORES DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS .................. 193
5.3.5 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ........................................... 210
5.4 AVALIAÇÃO DA FRAGILIDADE E POTENCIALIDADE
SOCIOAMBIENTAL...................................................................................240
5.4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................................. 240
5.4.2 METODOLOGIA .............................................................................................. 240
5.4.3 AVALIAÇÃO DAS FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES POR TEMA E SUBÁREA
........................................................................................................................ 242
5.4.4 CONFLITOS ..................................................................................................... 255
5.5 ANÁLISE COMPARATIVA DE CENÁRIOS SOCIOAMBIENTAIS .. 258
6 CONCLUSÕES........................................................................... 265
6.1 QUADRO REFERENCIAL DE SUSTENTABILIDADE........................ 265
6.2 DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES ..................................................... 272
6.2.1 DIRETRIZES AOS EMPREENDEDORES/CONCESSIONÁRIOS ........................... 274
6.2.2 DIRETRIZES AO SETOR ELÉTRICO ................................................................ 284
6.2.3 RECOMENDAÇÕES AOS DEMAIS ATORES RELACIONADOS À BACIA DO RIO
JARI ................................................................................................................ 285
7 ANEXOS .......................................................................................................293
7.1 ANEXO 1 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................... 293
7.2 ANEXO 2 – SEMINÁRIO PARA DIVULGAÇÃO PÚBLICA DA AAI 297
7.3 ANEXO 3 – EQUIPE TÉCNICA ................................................................ 300

Hydros
EP518.RE.JR204 v

LISTA DE FIGURAS
Figura 1-1 – Localização da Bacia do Rio Jari no Território Brasileiro ....................................1
Figura 1.3-1 – Local de Implantação dos Aproveitamentos que Compõem a Alternativa de
Divisão de Queda Selecionada ...........................................................................................8
Figura 2-1 – Fluxograma das etapas da AAI e sua interface com as etapas do Inventário ......10
Figura 2-2 – Temas-síntese e subáreas .....................................................................................11
Figura 3.1-1 – Distribuição Espacial das Estruturas Geomorfológicas, Áreas Protegidas, Áreas
Antropizadas e Infraestrutura da Bacia do Rio Jari..........................................................15
Figura 3.1-2 – Subáreas do tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos .........18
Figura 3.2-1 – Subáreas do tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres....................23
Figura 3.3-1 – Detalhamento das Áreas Antropizadas no Sul da Bacia do Rio Jari ................27
Figura 3.3-2 - Mapa da Divisão Política e Administrativa.......................................................29
Figura 3.3-3 – Divisão da Bacia em Subáreas da Socioeconomia ...........................................33
Figura 3.4-1 - Mapa das Terras Indígenas e Aldeias................................................................36
Figura 4.1.2-1 – Fluxograma da análise de sensibilidade ........................................................43
Figura 4.1.3.1.2-1 – Mapa de Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos
..........................................................................................................................................52
Figura 4.1.3.2.2-1 – Mapa de Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres..........63
Figura 4.1.3.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade Negativa da Socioeconomia ...............................78
Figura 4.1.3.3.4-1 – Mapa da Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia.......................85
Figura 4.1.3.4.2-1 – Mapa de Sensibilidade das Populações Indígenas...................................91
Figura 5.1.1-1 – Metodologia Geral para Elaboração do Cenário Prospectivo da Bacia do Rio
Jari ....................................................................................................................................94
Figura 5.1.5-1 Pontos de Desmatamento Amazônia Legal – Percurso Recente das Frentes
Madeireiras .....................................................................................................................109
Figura 5.1.5-2 Municípios da Amazônia Legal Mais Desmatados em Outubro de 2009 ......110
Figura 5.1.5-3 - Zonas e pólos madeireiros na Amazônia Legal em 2009.............................111
Figura 5.1.5-4 - Expansão da fronteira madeireira na Amazônia, 2004.................................112
Figura 5.1.5-5 - Eixos de transporte e produção de madeira na Amazônia, 2004..................112
Figura 5.1.5-6 - Desmatamento acumulado de 2000 a 2009 segundo o PRODES ................113
Figura 5.1.5-7 – Localização de Recursos Minerais no Âmbito da Bacia .............................116
Figura 5.1.5-8 - Linhas de Transmissão Projetadas ...............................................................117
Figura 5.1.6-1 – Disponibilidade de ADOAs na bacia do rio Jari e seu entorno ...................119
Figura 5.1.6-2 - Áreas de Pesquisa Mineral no Interior de Unidades de Conservação ..........122

Hydros
EP518.RE.JR204 vi

Figura 5.1.6-3 – Abrangência da JARI Celulose....................................................................122


Figura 5.1.6-4 – Uso das Terras na área do Grupo ORSA .....................................................123
Figura 5.1.6-5 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo atual na porção sul da bacia do rio Jari..126
Figura 5.1.6-6 – Zoneamento Ecológico Econômico do Pará e do Amapá............................129
Figura 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios da bacia do rio Jari no
Cenário 2030 ..................................................................................................................132
Figura 5.1.7-2– Mapa de Uso e Ocupação do Solo Prospectivo e Áreas Institucionais ........134
Figura 5.2.3.1-1 – Mapa de Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos –
Cenário 2030 ..................................................................................................................144
Figura 5.2.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres – Cenário
2030 ................................................................................................................................149
Figura 5.2.3.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade Negativa da Socioeconomia – Cenário 2030 ...162
Figura 5.2.3.3.4-1 – Mapa de Sensibilidade Positiva da Socioeconomia – Cenário 2030 .....170
Figura 5.2.3.4-1 – Mapa de Sensibilidade das Populações Indígenas – Cenário 2030 ..........173
Figura 5.3.2-1 – Eixos dos aproveitamentos da Alternativa Selecionada nos Estudos de
Inventário – Planta..........................................................................................................176
Figura 5.3.2-2 – Esquema de Partição de Queda da Alternativa Selecionada nos Estudos de
Inventário........................................................................................................................177
Figura 5.3.2.1-1 – Arranjo Geral do AHE Urucupatá - Planta...............................................179
Figura 5.3.2.1-2 – Reservatório do AHE Urucupatá no NA máximo - Planta.......................180
Figura 5.3.2.1-3 –Cachoeira Urucupatá..................................................................................181
Figura 5.3.2.2-1 – Arranjo Geral do AHE Carecuru - Planta.................................................182
Figura 5.3.2.2-2 – Reservatório do AHE Carecuru no NA máximo - Planta.........................183
Figura 5.3.2.2-3 – Aspecto geral da área do reservatório do AHE Carecuru.........................184
Figura 5.3.2.3-1 – Arranjo Geral do AHE Açaipé - Planta ....................................................185
Figura 5.3.2.3-2 – Reservatório do AHE Açaipé no NA máximo - Planta ............................186
Figura 5.3.2.3-3 – Visão geral da área do reservatório do AHE Açaipé ................................187
Figura 5.3.2.4-1 – Cachoeira de Santo Antônio .....................................................................188
Figura 5.3.2.4-2 – Reservatório do AHE Santo Antônio – Planta .........................................189
Figura 5.3.3-1 – Fluxograma da avaliação de impactos .........................................................191
Figura 5.3.5.1-1 – Valores utilizados na composição da Significância dos Impactos
Socioambientais..............................................................................................................212
Figura 5.3.5.2-2 – Mapa de Impacto do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres ...................230
Figura 5.3.5.2-3 – Mapa dos Indicadores de Impacto Negativo na Socioeconomia ..............232
Figura 5.3.5.2-4 – Mapa dos Indicadores de Impacto Positivo na Socioeconomia................235
Figura 5.3.5.2-5 – Mapa dos Indicadores de Impacto das Populações Indígenas ..................238
Figura 5.4.2-1 – Fluxograma da análise de Fragilidades e Potencialidades...........................241

Hydros
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Figura 5.4.3.1-1 – Mapa da Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos ..243
Figura 5.4.3.2-1 – Mapa da Fragilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres ..............246
Figura 5.4.3.3-1 – Mapa da Fragilidade da Socioeconomia...................................................249
Figura 5.4.3.3-2 – Mapa da Potencialidade da Socioeconomia..............................................251
Figura 5.4.3.4-1 – Mapa da Fragilidade das Populações Indígenas .......................................253
Figura 6.1-1 – Quadro Referencial para Sustentabilidade como articulador entre a comparação
de cenários e as diretrizes e recomendações...................................................................267

Hydros
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5.1.3-1 – Taxas de Crescimento Populacional Estimado para o Brasil, Região Norte e
Estados do Pará e Amapá, 2010 – 2030 ...........................................................................99
Gráfico 5.1.4-1 – Evolução da estrutura produtiva dos municípios da bacia do rio Jari........102
Gráfico 5.1.4-2 - Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do Rio
Jari, 1996 – 2007 (Preços Constantes) ...........................................................................103
Gráfico 5.1.5-1 Participação (%) dos Estados da Amazônia Legal no Desmatamento e na
Degradação Florestal - Outubro de 2009........................................................................107
Gráfico 5.1.6-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ Atual nos municípios da bacia do rio Jari
........................................................................................................................................125
Gráfico 5.1.7-1 - Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ nos municípios da bacia do rio Jari no
Cenário 2030 ..................................................................................................................131

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LISTA DE QUADROS
Quadro 1.2–1 Estudos Anteriores...............................................................................................3
Quadro 3.1–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese “Recursos
Hídricos e Ecossistemas Aquáticos” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari .........................19
Quadro 3.2–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese “Meio
Físico e Ecossistemas Terrestres” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari..............................24
Quadro 3.3–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese
“Socioeconomia” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari .......................................................34
Quadro 4.1.2-1– Composição de Indicadores de Sensibilidade por Tema...............................43
Quadro 4.1.2-2– Composição de Variáveis por Indicador de Sensibilidade............................44
Quadro 4.1.2-3 – Composição de Graus de Sensibilidade para cada Tipo de Variável...........45
Quadro 4.1.3.1.2-1 – Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por
Subárea .............................................................................................................................53
Quadro 4.1.3.2.2-1 – Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por subárea ...64
Quadro 4.1.3.3.2-1 – Sensibilidade Negativa da Socioeconomia por Subárea ........................79
Quadro 4.1.3.3.4-1 – Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia por Subárea................86
Quadro 4.1.3.4.2-1 – Sensibilidade das Populações Indígenas na Bacia .................................92
Quadro 5.2.2-1 – Indicadores de Sensibilidade Ambiental por Temas-síntese da Bacia do Rio
Jari ..................................................................................................................................140
Quadro 5.2.3.1-1 – Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por
Subárea para o Cenário 2030..........................................................................................145
Quadro 5.2.3.2-1 – Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por Subárea para
o Cenário 2030 ...............................................................................................................150
Quadro 5.2.3.3.2-1 – Sensibilidade Negativa da Socioeconomia por Subárea para o Cenário
2030 ................................................................................................................................163
Quadro 5.2.3.3.4-2 – Integração dos Indicadores de Sensibilidade Positiva da Socioeconomia
........................................................................................................................................168
Quadro 5.2.3.3.4-1 – Sensibilidade Positiva da Socioeconomia por Subárea para o Cenário
2030 ................................................................................................................................171
Quadro 5.2.3.4-1 – Sensibilidade das Populações Indígenas na Bacia para o Cenário 2030.174
Quadro 5.3.3-1– Composição da Intensidade dos Impactos Socioambientais .......................192
Quadro 5.3.4-1 – Indicadores de Impacto Socioambiental selecionados por Tema-Síntese..194
Quadro 5.3.4.1-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Recursos Hídricos e
Ecossistemas Aquáticos..................................................................................................195
Quadro 5.3.4.2-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Meio Físico e Ecossistemas
Terrestres ........................................................................................................................199

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Quadro 5.3.4.3-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Socioeconomia......................201


Quadro 5.3.4.4-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Populações Indígenas............208
Quadro 5.3.5.1-1 – Valores utilizados na composição da Intensidade dos Impactos
Socioambientais..............................................................................................................218
Quadro 5.3.5.1-2 – Impactos Socioambientais e suas respectivas Abrangências, por Tema-
Síntese.............................................................................................................................226
Quadro 5.3.5.2-1 – Indicadores de Impacto dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos
por Subárea .....................................................................................................................229
Quadro 5.3.5.2-2 – Indicadores de Impacto do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por
Subárea ...........................................................................................................................231
Quadro 5.3.5.2-3 – Indicadores de Impacto Negativo da Socioeconomia por Subárea .........233
Quadro 5.3.5.2-4 – Indicadores de Impacto Positivo da Socioeconomia por Subárea...........236
Quadro 5.3.5.2-5 – Indicadores de Impacto Negativo das Populações Indígenas..................239
Quadro 5.4.3.1-1 –Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por Subárea
........................................................................................................................................244
Quadro 5.4.3.2-1 –Fragilidade dos Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por subárea .......247
Quadro 5.4.3.3-1 –Fragilidade da Socioeconomia por subárea..............................................250
Quadro 5.4.3.3-2 – Potencialidade da Socioeconomia por subárea .......................................252
Quadro 5.4.3.4-1 – Fragilidade das Populações Indígenas na Bacia......................................254
Quadro 5.4.5-1 - Entidades Associativistas............................................................................257
Quadro 5.5-1 – Comparação de Cenários Socioambientais – Recursos Hídricos e
Ecossistemas Aquáticos..................................................................................................259
Quadro 5.5-2 – Comparação de Cenários Socioambientais – Meio Físico e Ecossistemas
Terrestres ........................................................................................................................260
Quadro 5.5-3 – Comparação de Cenários Socioambientais – Socioeconomia.......................261
Quadro 5.5-4 – Comparação de Cenários Socioambientais – Populações Indígenas ............262
Quadro 6.1-1 – Quadro Referencial para Sustentabilidade por Tema-síntese .......................268

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LISTA DE TABELAS
Tabela 1.3-1 – Alternativas selecionadas nos Estudos Preliminares do Inventário Hidrelétrico
da Bacia do Rio Jari............................................................................................................7
Tabela 4.1.3.1.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Qualidade da Água ...........................................................................................................48
Tabela 4.1.3.1.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Aquáticos....................................................................................................50
Tabela 4.1.3.2.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Geológica..........................................................................................................................55
Tabela 4.1.3.2.1-2 – Dados Geológicos e Geomorfológicos que Compõem a Variável “Áreas
Suscetíveis a Instabilização de Maciços” .........................................................................56
Tabela 4.1.3.2.1-3 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à
Erosão do Solo..................................................................................................................58
Tabela 4.1.3.2.1-4 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Terrestres....................................................................................................61
Tabela 4.1.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa dos Modos de Vida ...........................................................................................67
Tabela 4.1.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Organização Territorial ................................................................................70
Tabela 4.1.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Pressão Populacional....................................................................................72
Tabela 4.1.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Base Econômica ...........................................................................................74
Tabela 4.1.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Positiva Atual dos Recursos Naturais...............................................................................81
Tabela 4.1.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico ..................................................83
Tabela 4.1.3.4.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade das
Condições Etno-ecológicas ..............................................................................................88
Tabela 4.1.3.4.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Integridade Sociopolítica..................................................................................................89
Tabela 5.1.2.-1 Cenário Macroeconômico do Setor Elétrico Brasileiro, 2005 – 2030, Taxas
Anuais Médias de Crescimento do PIB............................................................................97
Tabela 5.1.2.-2 - Cenário Macroeconômico Regionalizado, Estimativa de Crescimento do PIB
Nacional e da Região Norte, 2007 – 2016 (Crescimento médio anual %).......................98
Tabela 5.1.2.-3 - Cenário Macroeconômico Regionalizado, Taxas de Crescimento do Produto
Interno Bruto, Estimativa para o Período 2007/2030 – Alternativa Cenário Referencial
(EPE) ................................................................................................................................98

Hydros
EP518.RE.JR204 xii

Tabela 5.1.3-1 - Taxas de Crescimento Populacional Estimado para a Região Norte e Estados
do Pará e Amapá, 2009 - 2030 .........................................................................................99
Tabela 5.1.3-2 – Estimativa da população dos municípios da bacia do rio Jari - atual e 2030
........................................................................................................................................100
Tabela 5.1.4-1 Evolução Comparativa do Produto Interno Bruto da Região Norte e dos
Municípios da Bacia do Rio Jari, 1996 – 2007 (em valores absolutos – R$ de 2000)...101
Tabela 5.1.4-2 Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do Rio Jari,
1996 – 2007 (Preços Constantes) ...................................................................................104
Tabela 5.1.4-3 - Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do Rio
Jari, 1985 – 2007 (Preços Constantes) ...........................................................................105
Tabela 5.1.4-4 - Utilização das terras nos estabelecimentos agropecuários dos municípios da
bacia do rio Jari, 2006. (em hectares).............................................................................106
Tabela 5.1.6-1 – Área de Cada Município e Área do Município Inserida na Bacia Hidrográfica
do Rio Jari.......................................................................................................................118
Tabela 5.1.6-2 - Área Disponível para Ocupação Antrópica – ADOA, nos Municípios da
Bacia ...............................................................................................................................118
Tabela 5.1.6-3 – Áreas da RDS Iratapuru por município.......................................................120
Tabela 5.1.6-4 – Áreas da FLOTA Paru por município .........................................................120
Tabela 5.1.6-5 – Estimativa das áreas do Grupo ORSA por município.................................123
Tabela 5.1.6-6 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual nos municípios¹ da bacia do rio Jari
........................................................................................................................................124
Tabela 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios¹ da bacia do rio Jari no
Cenário 2030 ..................................................................................................................131
Tabela 5.1.8-1 – Valor adicionado pelo setor primário a partir da expansão das atividades
agropecuárias e extrativas vegetais.................................................................................136
Tabela 5.1.8-2 Estimativa do PIB da Região Norte e dos Municípios da Bacia do Rio Jari no
Horizonte do Projeto.......................................................................................................137
Tabela 5.2.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Qualidade da Água .........................................................................................................142
Tabela 5.2.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Aquáticos..................................................................................................143
Tabela 5.2.3.2-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Geológica........................................................................................................................146
Tabela 5.2.3.2-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à
Erosão do Solo................................................................................................................147
Tabela 5.2.3.2-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos
Ecossistemas Terrestres..................................................................................................148
Tabela 5.2.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa dos Modos de Vida para o Cenário de 2030 ...................................................152
Tabela 5.2.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Organização Territorial para o Cenário de 2030 ........................................154

Hydros
EP518.RE.JR204 xiii

Tabela 5.2.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade


Negativa da Pressão Populacional para o Cenário de 2030............................................156
Tabela 5.2.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Negativa da Base Econômica para o Cenário de 2030...................................................158
Tabela 5.2.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Positiva dos Recursos Naturais para o Cenário de 2030 ................................................165
Tabela 5.2.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade
Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico para o Cenário de 2030..........167
Tabela 5.2.3.4-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade das
Condições Etno-ecológicas ............................................................................................172
Tabela 5.2.3.4-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da
Integridade Sociopolítica................................................................................................172
Tabela 5.3.2-1 - Principais características dos aproveitamentos ............................................178
Tabela 5.3.5.1-1 – Composição da Significância dos Impactos Socioambientais .................213
Tabela 5.3.5.1-2 – Composição da Sinergia na matriz de Significância dos Impactos
Socioambientais..............................................................................................................215
Tabela 5.3.5.1-3 – Composição da Intensidade dos Impactos Socioambientais ....................220
Tabela 5.3.5.1-4 – Significância e Intensidade dos Impactos Socioambientais .....................223

Hydros
EP518.RE.JR204 xiv

LISTA DE SIGLAS
Sigla Descrição
AAD Avaliação Ambiental Distribuída
AAI Avaliação Ambiental Integrada
AHE Aproveitamento Hidrelétrico
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
AP Amapá
APA Área de Proteção Ambiental
Área Prioritária para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de
APCB
Benefícios da Biodiversidade Brasileira
APP Área de Preservação Permanente
BE Base Econômica (quando se refere ao componente-síntese)
CAER Companhia de Águas e Esgotos de Roraima
CEA Companhia Energética do Amapá
COM Custo Anual de Operação e Manutenção
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do
CPRM
Brasil
CRE Custo Unitário de Referência de Energia
CRF Custo de Referência de Ponta
CUR Custo Unitário de Referência
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EIA Estudo de Impacto Ambiental
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras
ELETRONORTE Centrais Elétricas do Norte do Brasil
ENERAM Estudos Energéticos da Amazônia
EPE Empresa de Pesquisa Energética
ESEC Estação Ecológica
FEMACT Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Roraima
FLONA Floresta Nacional
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GEA Governo do Estado do Amapá
Coordenação Executiva do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro
GERCO/AP
do Estado do Amapá
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICB Índice Custo Benefício
IDH Índice de Desenvolvimento Humano

Hydros
EP518.RE.JR204 xv

Sigla Descrição
IDH-E Índice de Desenvolvimento Humano - Educação
IDH-L Índice de Desenvolvimento Humano - Longevidade
IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IDH-R Índice de Desenvolvimento Humano - Renda
IEPA/AP Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IPA Índices Parasitários Anuais
IQA Índice de Qualidade da Água
ISA Indicador de Sensibilidade Ambiental
ISA Instituto Sócio Ambiental
ITERAIMA Instituto de Terras e Colonização de Roraima
ITERPA/PA Instituto de Terras do Pará
IUCN International Union for Conservation of Nature
JDC Juros Durante a Construção
MFET Meio Físico e Ecossistemas Terrestres (quando se refere ao tema-síntese)
MMA Ministério do Meio Ambiente
MS Ministério da Saúde
MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MV Modos de Vida (quando se refere ao componente-síntese)
MW Megawatt
MWh Megawatt-hora
NA Nível d’água
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
OT Organização Territorial (quando se refere ao componente-síntese)
PA Pará
PA Projeto de Assentamento
PARNA Parque Nacional
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PI Potência Instalada
Populações Indígenas (quando se refere ao tema-síntese ou ao
PI
componente-síntese)
PIB Produto Interno Bruto
PN Parque Nacional
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
PROBIO
Brasileira
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
REBIO Reserva Biológica
Hydros
EP518.RE.JR204 xvi

Sigla Descrição
RESEX Reserva Extrativista
Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos (quando se refere ao tema-
RHEA
síntese)
SE Socioeconomia (quando se refere ao tema-síntese)
Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado
SECTAM/PA
do Pará
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEPLAN Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento de Roraima
SETEC/AP Secretaria da Ciência e Tecnologia do Estado do Amapá
SIG Sistema de Informação Geográfica
SINV Sistema de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas
SIUC Sistema de Informação de Unidades de Conservação
SIVAM Sistema de Vigilância da Amazônia
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
TI Terra Indígena
TR Tempo de Residência
UC Unidade de Conservação
UHE Usina Hidrelétrica
USGS United States Geology Services
ZA Zona de Amortecimento
ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico

Hydros
EP518.RE.JR204 1

1 INTRODUÇÃO

O presente documento, intitulado “Estudo de Inventário Hidrelétrico do Rio Jari – PA/AP –


Avaliação Ambiental Integrada” está diretamente associado ao documento
nº EP518.RE.JR201-D intitulado “Estudo de Inventário Hidrelétrico do Rio Jari – PA/AP -
Relatório Final”. Deverá, portanto, ser entendido como parte do Estudo de Inventário
Hidrelétrico do Rio Jari – PA/AP, no qual também foram realizados estudos socioambientais
que permitiram a definição da alternativa de partição de queda para a bacia.
A bacia hidrográfica do rio Jari situa-se na região amazônica, parte setentrional da bacia do
rio Amazonas, próximo à sua foz, no oceano Atlântico. Apresenta cerca de 57.000 km2 de
área e ocupa as áreas dos municípios de Almeirim, no estado do Pará, e Laranjal do Jari,
Vitória do Jari e Mazagão, no estado do Amapá.
O rio Jari é um importante contribuinte da margem esquerda do rio Amazonas, que faz a
divisa natural dos estados do Pará e do Amapá, tal como se apresenta na figura a seguir,
intitulada “Localização da Bacia do Rio Jari no Território Brasileiro”.

Figura 1-1 – Localização da Bacia do Rio Jari no Território Brasileiro

Neste Estudo de Inventário Hidrelétrico concluiu-se que a melhor alternativa de partição de


queda é aquela denominada Alternativa JR-R6’, que contempla 3 (três) aproveitamentos no
rio Jari. Esta alternativa de partição de queda contempla os aproveitamentos denominados
Açaipé B na cota 86,00 m, Urucupatá na cota 150,00 m e Carecuru na cota 107,00 m,
totalizando cerca de 1.360 MW de potência instalada.

Hydros
EP518.RE.JR204 2

1.1 OBJETIVOS

Nos estudos de Avaliação Ambiental Integrada – AAI, o objeto de estudo é a mesma bacia
dos Estudos do Inventário Hidrelétrico, mas tem objetivos diferentes, porém,
complementares.
Nos Estudos de Inventário Hidrelétrico, o objetivo era a comparação e a seleção da melhor
alternativa de divisão de queda, que apresentassem o máximo de potencialidade energética,
menor custo econômico e menor impacto socioambiental, levando em consideração um
cenário de utilização múltipla da água na bacia.
Os Estudos de Inventário Hidrelétrico procuraram, portanto, dentro dos critérios adotados, a
indicação da alternativa de divisão de queda mais interessante na bacia hidrográfica, de modo
a permitir a programação das ações subsequentes, com vistas ao atendimento das demandas
do mercado de energia elétrica do sistema interligado.
Já o objetivo principal dos estudos de AAI é avaliar as condições de suporte dos meios natural
e antrópico, do ponto de vista da sua capacidade para receber o conjunto dos aproveitamentos
hidroelétricos que compõem a alternativa de divisão de queda selecionada.
A AAI procura avaliar o grau de sensibilidade que a bacia apresenta e os efeitos cumulativos
e sinérgicos, resultantes dos impactos relativos ao conjunto dos aproveitamentos. Neste
aspecto, consideram-se os cenários atual e a longo prazo (2030), de acordo com a evolução
que os diferentes atores, em especial socioeconômicos, possam apresentar na bacia.
Esta forma de abordagem permite que o setor elétrico, ainda na fase de planejamento, possa
atuar num nível estratégico, definindo ações futuras. A partir da montagem dos cenários
referidos e de modo a prevenir danos e obter um quadro de sustentabilidade socioambiental
desejável na região, os estudos de AAI têm como resultado a elaboração de diretrizes a serem
incorporadas nos futuros estudos socioambientais dos aproveitamentos hidrelétricos.

Hydros
EP518.RE.JR204 3

1.2 ESTUDOS ANTERIORES

Os primeiros estudos de aproveitamentos hidrelétricos na região da bacia do rio Jari foram


desenvolvidos pela Companhia Energética do Amapá – CEA, com vista ao aproveitamento do
potencial energético do rio Iratapuru, por meio de uma usina hidrelétrica do tipo Pequena
Central Hidrelétrica – PCH.
Os estudos e projetos desenvolvidos no rio Iratapuru, contribuinte da margem esquerda do rio
Jari, localizado próximo à cidade de Laranjal do Jari, foram desenvolvidos pela empresa
THEMAG Engenharia, em 1984, resultando no Estudo de Viabilidade da UHE Senador
Manoel Valente Flexa, que propunha a potência instalada total de 9,0 MW, sendo 3,0 MW na
primeira etapa do empreendimento.
Em 1984, a LEME Engenharia desenvolveu para a Companhia do Jari – JARI, os primeiros
estudos com vista ao aproveitamento do potencial hidrenergético do rio Jari, no local
denominado cachoeira do Santo Antônio do Jari, cujos resultados foram apresentados no
documento intitulado “Usina Hidrelétrica Santo Antônio – Relatório de Projeto”.
Não são conhecidos outros estudos ou projetos relacionados com o aproveitamento do
potencial hidrelétrico da bacia do rio Jari, a não ser aqueles relacionados com o
aproveitamento do potencial hidrenergético do rio Iratapuru e da cachoeira de Santo Antonio
do Jari, acima descritos.
Após os primeiros estudos realizados pela LEME Engenharia, descritos acima, são registrados
diversos outros estudos, sempre relacionados com o aproveitamento do potencial hidrelétrico
da cachoeira do Santo Antônio do Jari, no rio Jari, discriminados no quadro a seguir:

Quadro 1.2-1 – Estudos Anteriores

Item Discriminação

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio – Documentação Técnica para Instruir


1 Pedido de Autorização para Geração de Energia – Companhia do Jari – Leme
Engenharia – Jan/1985

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio – Relatório de Projeto – Volume I – Texto


2
– Companhia do Jari – Leme Engenharia – Out/1986

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio –Relatório de Projeto – Volume II –


3
Desenhos – Companhia do Jari – Leme Engenharia – Out/1986

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio – Relatório de Impacto do Meio Ambiente


4
– Fase I – SA-EA-001 – Companhia do Jari – Leme Engenharia

5 UHE Santo Antônio – Desenhos – Jari Energética S.A. – Leme Engenharia

UHE Santo Antônio – Atualização do Projeto Básico – Implantação de Três


6 Unidades de 33,3 MW – Volume I – Texto – 6.191-RE-G00-001 – Jari
Energética S.A. – Leme Engenharia – Mar/2000

7 UHE Santo Antônio – Atualização do Projeto Básico – Relatório Final –


Volume II – Desenhos – 6.191-RE-G00-001 – Jari Energética S.A. – Leme

Hydros
EP518.RE.JR204 4

Item Discriminação
Engenharia – Mar/2000

UHE Santo Antônio – Revisão do Projeto Básico – Implantação de Cinco


8
Unidades de 33,3 MW – Jari Energética S.A. – Jan/04

Revisão dos Aspectos Energéticos do Projeto UHE Santo Antônio – Jari


9
Energética S.A. – Jan/04

UHE Santo Antônio – Atualização Estudos Hidrológicos e Energéticos –


10 Primeira Etapa – Estudos Hidrológicos – 6.419-RE-G00-001 – Empresa
Comercializadora de Energia – Leme Engenharia – Ago/2007

UHE Santo Antônio do Jari – Revisão do Projeto Básico – PI 300 MW –


11 Estudos de Revisão do Projeto Básico – Vol. 1 – Texto – 6419-RT-G10-002-a1
– Jari Energética S.A. – Leme Engenharia – Janeiro/2008

Hydros
EP518.RE.JR204 5

1.3 INVENTÁRIO HIDRELÉTRICO DA BACIA DO RIO JARI

Para permitir o desenvolvimento adequado dos estudos de AAI, é fundamental a compreensão


dos principais critérios que nortearam a seleção da alternativa de divisão de queda, constituída
por um grupo de aproveitamentos hidrelétricos selecionados, objeto de análise da AAI.
Os critérios básicos acima mencionados abrangeram aspectos socioambientais da bacia e os
aspectos técnico-econômicos do conjunto de aproveitamentos que compõem a alternativa.
Os estudos de inventário hidrelétrico foram desenvolvidos em duas fases, a saber: estudos
preliminares e estudos finais, nos quais os aspectos energéticos, econômicos e
socioambientais foram estudados de forma integrada.
Para a escolha de locais barráveis, foram observados todos os trechos em corredeiras e quedas
de água, além de trechos que apresentassem estreitamentos acentuados de vales. Para cada
eixo de barragem foi determinado o maior nível de água que o reservatório pudesse atingir.
Esses locais foram caracterizados em plantas e perfis dos rios, de modo a permitir a
formulação das possíveis alternativas. Os critérios para formulação de alternativas
dependeram da avaliação técnica dos parâmetros topográficos, geológicos, geotécnicos,
hidrológicos e socioambientais. Além destes critérios, foram adotados critérios para arranjos.
Estes foram concebidos com posicionamento de todos os elementos do empreendimento de
maneira a combinar a segurança necessária e as facilidades de operação e manutenção com o
custo global mais baixo, seguindo-se uma diretriz conservadora de adoção de arranjos
robustos.
Para os estudos econômicos, foram considerados a vida útil das instalações, o custo anual de
investimento, CRE - custo unitário de referência de energia, que é o custo de geração em
R$/MWh, que corresponde ao custo de produção de energia pura no sistema de referência
considerado, num horizonte de longo prazo. Além destes, foram considerados o CRF, CUR e
COM. O primeiro é o Custo de Referência de Ponta, expresso em valor em R$/KW/ano, que
corresponde ao custo de instalação de ponta pura no sistema de referência considerado, num
horizonte de longo prazo. O segundo é o Custo Unitário de Referência, expresso em
R$/MWh, que corresponde ao custo de longo prazo no sistema de referência considerado para
a produção de energia a um fator de capacidade F, resultante da combinação da fonte de
energia e da fonte de ponta do sistema referência. O último é o Custo Anual de Operação e
Manutenção, expresso em R$/kW/ano, custo necessário para operação e manutenção de
usinas hidrelétricas.
Para o dimensionamento e custo dos aproveitamentos, foram adotados critérios distintos na
fase de estudos preliminares e estudos finais.
Nos estudos preliminares, determinaram-se as dimensões externas das principais estruturas
para efeito de elaboração de croqui do arranjo geral dos aproveitamentos. Foram estimados os
custos de obras civis e equipamento em grandes blocos para montagem básica do orçamento
do aproveitamento.
Nos estudos finais, com informações mais detalhadas de topografia e condições geológicas, os
arranjos foram mais elaborados, com pré-dimensionamentos hidráulicos e equipamentos.
Foram determinadas as quantidades de serviços, suprimentos e equipamentos de cada
estrutura. Alguns custos foram obtidos com valores globais, de forma paramétrica.
Para os estudos socioambientais, o diagnóstico socioambiental e a avaliação de impactos
foram de fundamental importância, pois se concebeu a bacia como um sistema, constituído
Hydros
EP518.RE.JR204 6

por um conjunto de elementos existentes incluindo seus atributos, isto é, as funções que
exercem nos processos e suas interações. A análise envolveu os processos físico-bióticos,
sociais, culturais, econômicos e políticos, suas interações e rebatimentos espaciais, com
enfoque multi e interdisciplinar.
Procurou-se evidenciar as questões de maior relevância que emergiram das interações
aproveitamento hidroenergético/alternativa e área de estudo. Desta forma, a avaliação dos
impactos socioambientais permitiu comparar as alternativas e indicar as principais questões
socioambientais relacionadas aos aproveitamentos e ao conjunto dos aproveitamentos,
considerando todos os aproveitamentos implantados simultaneamente. Nesse sentido, foram
estudados os efeitos cumulativos e sinérgicos, entendidos como efeitos resultantes da
combinação de uma ou mais ações socioambientais com outras, destacando-se os efeitos
permanentes, já que os temporários extinguem-se ao longo do tempo.
Para os custos socioambientais, foram estimados os custos que serão efetivamente
internalizados no custo de implantação dos aproveitamentos, que foram incorporados nos
índices custo/benefícios: custos de controle, de mitigação, de compensação, de
monitoramento, institucionais, entre outros. A busca pela maximização da eficiência
econômica e energética e a minimização dos impactos socioambientais negativos no processo
de comparação e seleção da alternativa requereram da equipe técnica uma análise quantitativa
combinada com a análise qualitativa multidisciplinar, com estabelecimento de critérios e
procedimentos recomendados no Manual de Inventário Hidrelétrico de 2007.
Como resultado, nos estudos preliminares, foram propostas alternativas de divisão de queda
para o aproveitamento do potencial hidrelétrico, sendo estimados os custos e impactos
socioambientais negativos associados à sua utilização, com base em dados e informações
primárias e secundários. Com base nos critérios socioambientais, energéticos e econômicos
adotados, foram selecionadas as 22 alternativas mais atraentes, examinadas, em maior detalhe,
na fase subsequente. Foram contemplados 6 (seis) locais de barramento no curso d’água
principal, ou seja, no rio Jari e 2 (dois) locais de barramento nos seus contribuintes, sendo 1
(um) no rio Iratapuru e 1 (um) no rio Ipitinga. Os locais de barramento, quando factíveis,
contemplaram variações de cota de coroamento dos barramentos.
Ao final dos estudos preliminares, as alternativas foram comparadas e as não competitivas ou
dominadas foram descartadas, tomando como base a eliminação de alternativas com baixo
desempenho, sob o ponto de vista socioambiental e energético-econômico.
Nos estudos finais, determinou-se um conjunto de aproveitamentos que representam o
potencial hidroelétrico socioambiental e economicamente aproveitável da bacia. Esta fase foi
caracterizada pelo aprofundamento dos estudos, a partir das avaliações dos impactos
socioambientais positivos e da realização de levantamentos secundários complementares e de
campo, para os aproveitamentos das alternativas de divisão de queda selecionadas na fase de
estudos preliminares. Seguindo estas etapas, foram selecionadas 5 alternativas, que
contemplaram 6 (seis) sítios de barramento no rio Jari, porém nenhum sítio nos seus
contribuintes, pois não identificou-se nenhum local interessante.

Hydros
EP518.RE.JR204 7

Tabela 1.3-1 – Alternativas selecionadas nos Estudos Preliminares do Inventário


Hidrelétrico da Bacia do Rio Jari

Potência
Nível d’água Reservatório
Alternativa Aproveitamento Local instalada
(m) (km2)
(MW)
Macaquara 205,0 rio Jari 33,9 154,3

Desespero B 180,0 rio Jari 241,5 249,6


JR-R2’ Melé A 150,0 rio Jari 128,6 374,3
Carecuru 107,0 rio Jari 194,9 240,2
Açaipé B 86,0 rio Jari 293,4 831,1
Melé A 150,0 rio Jari 128,6 374,3
JR-R3’
Carecuru 107,0 rio Jari 194,9 240,2
Macaquara 205,0 rio Jari 33,9 154,3

Desespero B 180,0 rio Jari 241,5 249,6


JR-R4’ Urucupatá 150,0 rio Jari 13,7 291,5
Carecuru 107,0 rio Jari 194,9 240,2
Açaipé B 86,0 rio Jari 293,4 831,1
Urucupatá 150,0 rio Jari 13,7 291,5
JR-R6’ Carecuru 107,0 rio Jari 194,9 240,2
Açaipé B 86,0 rio Jari 293,4 831,1
Macaquara 205,0 rio Jari 33,9 154,3

Urucupatá 150,0 rio Jari 13,7 291,5


JR-R7’
Carecuru 107,0 rio Jari 194,9 240,2
Açaipé B 86,0 rio Jari 293,4 831,1

Para a escolha final da alternativa, foi realizada uma hierarquização das alternativas, segundo
o índice de preferência, obtido pela soma ponderada do índice custo/benefício energético e do
índice de impacto socioambiental negativo. A esta hierarquização, foi incorporada uma
análise adicional referente aos impactos positivos, que advirão com a implantação do
empreendimento, resultando no índice de preferência modificado. Os pesos foram
estabelecidos considerando a importância de um elemento em relação ao outro.
Ao final, o índice de preferência modificado indicou que a melhor alternativa de divisão de
queda é aquela denominada Alternativa JR-R6’, que contempla 3 (três) aproveitamentos no
rio Jari. Esta alternativa de partição de queda contempla os aproveitamentos denominados
AHE Açaipé B na cota 86,00 m, AHE Urucupatá na cota 150,00 m e AHE Carecuru na cota
107,00 m, totalizando cerca de 1.360 MW de potência instalada.

Hydros
EP518.RE.JR204 8

³
53°W
Cota 150
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Eixo Urucupatá !!

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0 5 10 20 30 40

53°W

Figura 1.3-1 – Local de Implantação dos Aproveitamentos que Compõem a Alternativa


de Divisão de Queda Selecionada

Hydros
EP518.RE.JR204 9

2 ESTRUTURA METODOLÓGICA

A estrutura metodológica desta AAI seguiu as referências metodológicas estabelecidas no


Manual de Inventário Hidrelétrico 2007, os estudos de AAI desenvolvidos pela EPE de 2006
a 2008, e as premissas apresentadas no seminário promovido pela EPE, no Rio de Janeiro, em
julho de 2009. Foram introduzidas, no entanto, algumas adaptações a esta metodologia,
decorrentes principalmente do fato desta AAI ser parte de um Inventário Hidrelétrico e da
bacia do Jari apresentar particularidades quando comparada a outras bacias em que foram
realizadas AAIs.
O desenvolvimento da AAI partiu da compreensão inicial de quatro temas-síntese que, de
forma geral, agregam e integram as características dos componentes-síntese desenvolvidos no
Diagnóstico Socioambiental do Estudo de Inventário, quais sejam:
- Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos
- Meio Físico e Ecossistemas Terrestres
- Socioeconomia1
- Populações Indígenas2

A Figura 2-1 a seguir apresenta as grandes etapas da AAI e sua interface com o Inventário.

1
Resultante da agregação dos Componentes-síntese Modos de Vida, Organização Territorial e Base Econômica
dos Estudos de Inventário.
2
Nesta AAI, as Populações Indígenas mereceram um tema-síntese à parte devido à predominância e à relevância
dessas populações dentro do contexto socioambiental da bacia, desempenhando um grande papel, tanto em
termos de extensão territorial, como na conservação do meio biótico (Ecossistemas Aquático e Terrestre),
diferentemente de outros estudos de Avaliação Ambiental Integrada desenvolvidos pela EPE. Na bacia do rio
Branco, a população indígena é numerosa e constitui uma das populações menos contatadas com a sociedade
envolvente, se comparada com povos indígenas de outros estados do país.
Hydros
EP518.RE.JR204 10

Figura 2-1 – Fluxograma das etapas da AAI e sua interface com as etapas do Inventário

Hydros
EP518.RE.JR204 11

O fluxograma apresenta à esquerda, as principais etapas referentes aos estudos


socioambientais de um Inventário Hidrelétrico, e à direita, as principais etapas da AAI.
Observa-se que a AAI apresenta ainda uma divisão em três grandes etapas:

- Caracterização
- AAD – Avaliação Ambiental Distribuída
- AAI – Avaliação Ambiental Integrada

A etapa de Caracterização subdivide-se em duas etapas: caracterização da bacia e divisão da


bacia em subáreas por tema-síntese. A primeira consistiu na apresentação dos aspectos mais
relevantes da etapa de Diagnóstico Socioambiental do Inventário, quando foi realizado um
levantamento detalhado e atualizado da bacia em estudo destacando-se, inclusive, os conflitos
existentes e potenciais na bacia. A segunda consistiu na compartimentação da bacia em
recortes territoriais que apresentassem características similares quando analisados sob a ótica
de um determinado tema-síntese, conforme apresentado na Figura 2-2. A este recorte deu-se o
nome de subárea, em analogia à divisão de subáreas por Componente-síntese realizada no
Inventário. As subáreas dos temas-síntese visam auxiliar a análise da bacia de forma
espacializada, sendo utilizadas em todos os mapas das etapas subsequentes desta AAI. Assim
como nos Estudos de Inventário, destaca-se que o Tema-síntese Populações Indígenas não
apresenta definição de subáreas devido à descontinuidade dos processos relativos a este tema.
Neste caso, considerou-se uma única unidade espacial de análise, ou seja, toda a área de
estudo, onde estão localizadas as Terras Indígenas.

Figura 2-2 – Temas-síntese e subáreas

Hydros
EP518.RE.JR204 12

Voltando para a Figura 2-1, após a conclusão da etapa de Caracterização, tem-se a etapa de
AAD. Esta etapa corresponde à avaliação da Sensibilidade Socioambiental do Cenário Atual.
Na análise de Sensibilidade, são identificadas, para cada tema-síntese, as regiões da bacia que
terão maior ou menor capacidade de reagir quando afetadas pela ação antrópica.
Finalmente, na etapa de AAI, é realizada a avaliação espacial e temporal dos cenários de
desenvolvimento socioeconômico, no horizonte de 20 anos (i.e., 2030), com e sem a
implantação da alternativa selecionada. Para tanto, primeiramente elaborou-se o Cenário
Macroeconômico 2030, tendo como referências os Planos Nacionais e Decenais de Energia,
as tendências de crescimento populacional e do PIB, entre outras variáveis. Partindo-se deste
Cenário Macroeconômico, a análise de Sensibilidade Socioambiental do Cenário 2030 foi
elaborada utilizando-se os mesmos indicadores da análise de Sensibilidade Socioambiental do
Cenário Atual, porém, com índices e localização no espaço atualizados conforme o Cenário
Macroeconômico. Os Impactos dos aproveitamentos selecionados, por sua vez, são
identificados e avaliados principalmente a partir da espacialização ponderada dos impactos
esperados e avaliados no Inventário, com destaque para seus efeitos sinérgicos e cumulativos
quando estes aproveitamentos são implantados concomitantemente ou operam em conjunto. A
análise de Fragilidades e Potencialidades foi feita a partir do cruzamento das áreas de
sensibilidade identificadas em cada tema-síntese, com a espacialização dos impactos
decorrentes do conjunto de aproveitamentos da alternativa selecionada. Nesta etapa, são
destacados também os conflitos potenciais decorrentes da implantação de tais
empreendimentos.
Ao final da etapa de Fragilidades e Potencialidades, realizou-se uma análise comparativa dos
cenários socioambientais, resgatando informações relevantes que foram analisadas nas etapas
anteriores. A análise comparativa permitiu o melhor entendimento do contexto da evolução
dos cenários socioambientais e auxiliou a formulação do Quadro Referencial para
Sustentabilidade esperado para a bacia, que teve como referências os dispositivos legais e
normativos, como as áreas legalmente protegidas federais e estaduais, os zoneamentos
ecológico-econômicos do Pará e Amapá e as informações obtidas nos estudos. Baseando-se
neste quadro, foram elaboradas as Diretrizes e Recomendações que nortearão as ações a
serem tomadas para subsidiar o processo de licenciamento ambiental e a implantação dos
empreendimentos e assim como a sustentabilidade socioambiental da bacia.
Com a finalidade de divulgar os estudos da AAI junto aos órgãos governamentais dos estados
do Amapá e do Pará a aos diversos segmentos representativos da população de ambos os
estados e de coletar subsídios e informações para o aperfeiçoamento da AAI e o
desenvolvimento dos estudos subsequentes, é prevista a realização de um seminário de
divulgação da AAI. Ao relatório final da AAI serão adicionadas as informações coletadas
neste seminário.

Hydros
EP518.RE.JR204 13

3 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA

A caracterização socioambiental apresentada neste estudo de AAI é um resumo dos


levantamentos apresentados no Diagnóstico Socioambiental dos Estudos de Inventário
Hidrelétrico da bacia do rio Jari. O Diagnóstico Socioambiental, em versão completa,
encontra-se disponibilizado em conjunto com este relatório de AAI.

3.1 RECURSOS HÍDRICOS E ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

O rio Jari escoa na direção NW-SE, limitando geograficamente os estados do Amapá e Pará.
A nascente do rio situa-se na Serra do Tumucumaque, na fronteira do Brasil com o Suriname,
nas chamadas Colinas do Amapá.
Seus principais contribuintes são: (i) pela margem direita, de montante a jusante, o igarapé
Paruzinho, o rio Ipitinga, o rio Carecuru e o igarapé Carucaru ou Caracaru; e (ii) pela margem
esquerda, de montante a jusante, os rios Curapi, Culari, Cuc, Mapari, Noucouru e Iratapuru.
Todos os rios que compõem a bacia do rio Jari são derivados da região do Escudo Arcaico das
Guianas (Desenho Nº EP518.A1.JR-08-015, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-
PA – Estudo de Inventário Hidrelétrico - Mapa da Rede Hidrográfica - Planta”).
Nas proximidades da confluência com o rio Ipitinga, a aproximadamente 200 m de altitude,
após a confluência com os rios Cuc e Mapari, associado ao afloramento de rochas dos
Planaltos Residuais do Amapá, há o alargamento de seu curso e a formação de diversas ilhas e
cachoeiras.
O trecho entre a confluência do rio Ipitinga até a confluência do igarapé Carucaru é definido
como médio curso, caracterizado por várias quedas d’água, com declividade em torno de 10 a
30%, que inviabiliza a navegação. O curso inferior do rio Jari é delimitado pela confluência
do igarapé Carucaru, até a sua confluência com o rio Amazonas. Essa região se caracteriza
como uma planície, com declividade quase nula, onde ocorrem as áreas alagáveis.
O regime hidrográfico da bacia do rio Jari é definido por um período de cheia, entre os meses
de março a julho, onde a maior cheia ocorre normalmente no mês de maio. Os períodos mais
secos compreendem os meses entre outubro a dezembro, sendo comumente outubro o mês
mais seco.
A bacia do rio Jari se insere na Província Hidrogeológica do Escudo Setentrional e Amazonas.
Ela apresenta um domínio de substrato alterado e um sistema de aqüífero fissural, o qual é
formado por rochas alteradas e/ou fraturadas, onde a circulação da água se faz nas fraturas,
fendas e falhas, abertas devido ao movimento tectônico. A capacidade de acumulação de água
dessas rochas é baixa, pois está relacionada com a quantidade de fraturas, aberturas e
intercomunicações, permitindo a infiltração e fluxo da água. Depreende-se, assim, que o
volume de água armazenada no subsolo é pobre, para dar atendimento às diversas
necessidades de abastecimento atuais e potenciais (humano, agrícola, animal, etc.).
A qualidade da água armazenada no subsolo, devido aos processos de filtragem que ocorrem
quando da passagem da água pelos poros e fraturas das rochas, é usualmente boa, porém é
possível ser afetada pela contaminação de elementos químicos eventualmente presentes nas
rochas.
Hydros
EP518.RE.JR204 14

No que se refere aos aspectos de qualidade de água constata-se o nível de qualidade da água é
bastante elevado, decorrentes da alta conservação da vegetação nativa e da baixíssima
ocupação antrópica observada na bacia em estudo. Seus rios possuem baixa quantidade de
material em suspensão, são oligotróficos e possuem pH ácido, enquadrando-se como rios de
águas claras na classificação de Sioli (1950).
As ações antrópicas são observadas, de forma mais avançada, somente na porção sul da bacia,
decorrentes de implantação de um grande projeto de reflorestamento, porém sem
comprometer os parâmetros de qualidade da água, devido à grande disponibilidade de água
nesse trecho do rio.

Hydros
EP518.RE.JR204 15

³
54°W 52°W
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0 15 30 60 90 120

54°W 52°W

Figura 3.1-1 – Distribuição Espacial das Estruturas Geomorfológicas, Áreas Protegidas,


Áreas Antropizadas e Infraestrutura da Bacia do Rio Jari

Hydros
EP518.RE.JR204 16

Os índices de qualidade da água (IQA) calculados na bacia, inclusive em pontos localizados


próximo de áreas de ocupação humana, indicam qualidade boa a ótima (Desenho Nº
EP518.A1.JR-08-035, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de
Inventário Hidrelétrico - Mapa da Qualidade da Água - Planta”). Alguns dados, como nitrato
e coliformes fecais, no entanto, sinalizam a ocupação desordenada e o lançamento de dejetos
no rio em locais específicos no baixo curso da bacia.
Por se tratar de rios com águas predominantemente claras e ácidas, pobres em minerais, as
florestas alagáveis da bacia do rio Jari que mais se destacam são as de Igapó. Nessas florestas
marginais, a diversidade de trepadeiras, epífitas e herbáceas é alta.
Nas proximidades do rio Ipitinga e no baixo curso do rio Jari, ocorrem florestas justafluviais
uniformes, com predominância de faveiras. Ainda no seu baixo curso, observa-se um
intrincado mosaico de canais, ilhas, furos e paranás, onde predomina Vegetação Pioneira de
Influência Fluvial, alternando-se formações arbóreas e herbáceas, de acordo com o regime
sazonal de inundação a que se encontra submetida (Desenho Nº EP518.A1.JR-08-009,
intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de Inventário Hidrelétrico - Mapa
de Cobertura Vegetal e Uso do Solo - Planta”).
A vegetação marginal constitui um elemento importante para a manutenção da vida faunística,
servindo de abrigo, como alimento direto ou por meio do ciclo de detritos. Destaca-se, ainda,
a existência de uma série de espécies de valor econômico nas matas alagáveis, como a
seringueira (Hevea brasiliensis), a sorva (Couma sp.), a andiroba (Carapa guianensis), a
maçaranduba (Manilkara huberi), o buriti (Mauritia flexuosa) e o ticum (Licania sp.), que
produzem borracha, alimentos, óleos, resinas e fibras de grande importância econômica.
A riqueza ictiofaunística da bacia do rio Jari é considerada intermediária para os padrões
amazônicos, provavelmente pelo fato dos estudos serem concentrados no sul da bacia, na
calha dos rios principais. A inacessibilidade às partes central e norte da bacia faz com que tais
regiões apresentem poucos estudos. Há predominância de Characiformes e Siluriformes,
conforme o padrão amazônico. Há indícios de ocorrência de peixes migratórios, cuja rota de
migração deve se estender, da confluência do rio Jari com o rio Amazonas, até a cachoeira
Santo Antônio, que devido às suas características pode se constituir numa barreira natural à
passagem dos peixes. Ressalta-se o alto grau de conservação apresentado na parte norte da
bacia, onde há registros de ocorrência de espécies como a lontra, a ariranha, e o jacaré
caimão-de-cara-lisa.
A Amazônia é conhecida por sua grande disponibilidade hídrica e a bacia do rio Jari não
difere do padrão amazônico. Associada à baixa densidade demográfica da região, a
disponibilidade hídrica específica na bacia do rio Jari atualmente é mais de 10 vezes superior
à disponibilidade hídrica nacional, situação extremamente confortável segundo padrão
adotado pela ONU, e que se manterá no cenário elaborado para 2030.
A demanda de água para usos consuntivos na bacia em estudo é de somente 0,32% da vazão
média do rio Jari, indicando uma grande capacidade de expansão de usos consuntivos da água
na bacia. O maior uso é o da irrigação, com 96%, utilizado predominantemente para a
plantação de eucalipto no município de Almeirim, seguida pelo abastecimento urbano, com
3%.
Dentre os usos não consuntivos, o controle de cheias não se apresenta como um uso
alternativo de reservatórios na bacia do rio Jari, uma vez que os municípios da bacia são mais
afetados pelas vazões do período de cheia do rio Amazonas do que das cheias do rio Jari e
seus afluentes.
Hydros
EP518.RE.JR204 17

De forma semelhante à que ocorre com a maioria dos grandes afluentes do Amazonas, o rio
Jari apresenta dois trechos distintos: o trecho inferior, a jusante das cachoeiras, de águas
tranqüilas e sob o controle do rio Amazonas, navegável até mesmo por grandes embarcações;
e o trecho superior, de forte declividade, onde estão presentes numerosos travessões rochosos
que formam corredeiras e saltos de considerável altura. O rio Jari é navegável, em termos
comerciais, até a cachoeira de Santo Antônio, localizado pouco a montante da área urbana do
município de Laranjal do Jari. O trecho com possibilidade de navegação marítima alcança a
localidade denominada Mulungu, situada a jusante de Laranjal do Jari, onde se situa o porto
fluvio-marítimo do empreeendimento Jari Celulose. A montante deste trecho, o rio é utilizado
basicamente pela população local para suas atividades de extrativismo na mata, não havendo
vias de acesso terrestres para a porção do alto e médio Jari. Por este motivo, apesar do
potencial concernente ao ecoturismo na região pela abundância de cachoeiras e corredeiras,
esta ainda é uma atividade incipiente na bacia, que se concentra na região da cachoeira Santo
Antônio.
Apresenta-se, a seguir, o mapa com as delimitações das subáreas deste tema-síntese, bem
como o quadro com as principais características que as distinguem.

Hydros
EP518.RE.JR204 18

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54°W 52°W
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Amapá
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Pará
II
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Legenda
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III
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Área de Drenagem
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Hidrografia Principal
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Subáreas - Ecossistemas Aquáticos


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SubÁrea I

SubÁrea II
2°S 2°S
SubÁrea III
km
0 15 30 60 90 120
54°W 52°W

Figura 3.1-2 – Subáreas do tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

Hydros
EP518.RE.JR204 19

Quadro 3.1–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese


“Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari

Fisiografia Qualidade da Vegetação Vertebrados


Subárea
Fluvial Água Marginal Aquáticos

Ocorrência de
espécies sensíveis
Mata alagável
Área de menor Qualidade ótima; à ocupação
I – Ambientes concentrada em
declividade e difícil acesso antrópica do
Altamente alguns trechos às
maior Densidade garante sua meio, o que indica
Conservados margens do rio
de Drenagem qualidade o alto grau de
Jari
conservação do
local

Ictiofauna
Área de maior
diferenciada da
declividade, com
Mata alagável subárea III, uma
abundância de Qualidade ótima;
concentrada em vez que a
II – Ambientes cachoeiras e difícil acesso
alguns trechos às cachoeira Santo
Encachoeirados corredeiras. garante a sua
margens do rio Antonio pode se
Densidade de qualidade
Jari comportar como
Drenagem
uma barreira
heterogênea
natural

Migração
ascendente de
peixes
Área de menor
migratórios
declividade. Qualidade boa, Extensa área de
provavelmente
Apesar disso, porém está sujeita mata alagável;
limitada pela
destaca-se a à maior alguns trechos
III – Ambientes cachoeira Santo
cachoeira Santo degradação degradados pela
Inundáveis Antônio, que
Antônio. devido à maior urbanização,
pode se constituir
Densidade de ocupação pecuária e
em uma barreira
Drenagem antrópica na bacia silvicultura
natural à
intermediária
migração de
várias destas
espécies.

Hydros
EP518.RE.JR204 20

3.2 MEIO FÍSICO E ECOSSISTEMAS TERRESTRES

A região onde se insere a bacia hidrográfica do rio Jari é de domínio da Floresta Ombrófila
Densa, onde há predominância do clima Equatorial Quente Úmido com 1 a 2 meses secos. As
variações deste tipo florestal estão condicionadas aos fatores geomorfológicos, edáficos e
altitudinais locais.
Na porção norte na bacia, o substrato geológico é caracterizado predominantemente pela Suíte
Intrusiva Água Branca, alternando para o Complexo Tumucumaque (Desenho Nº
EP518.A1.JR-02-013, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de
Inventário Hidrelétrico - Mapa Geológico - Planta”). Sob o ponto de vista geomorfológico,
apresenta uma grande uniformidade, no qual domina o compartimento Colinas do Amapá,
sendo encontradas apenas pequenas manchas dos Planaltos Residuais do Amapá (Desenho Nº
EP518.A1.JR-02-014, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de
Inventário Hidrelétrico - Mapa Geomorfológico - Planta”). Os solos também apresentam certa
uniformidade. Toda a margem esquerda do rio Jari apresenta Latossolos Vermelho-Amarelos
que, na margem oposta ocorrem entremeados a manchas de Argissolos Vermelho-Amarelos
(Desenho Nº EP518.A1.JR-02-012, intitulado “Mapa Pedológico: Classes de Solos - Planta”).
As Florestas Ombrófilas Densas revestem todo esse espaço geográfico, em um contínuo
florestal que se diferencia, na escala de trabalho adotada, apenas pelas variações topográficas
e pelas características do dossel. De modo geral apresenta árvores emergentes a oeste e norte,
diferenciando-se a centro e a leste pela uniformidade do dossel (Desenho Nº EP518.A1.JR-
08-009, intitulado “Bacia Hidrográfica do Rio Jari/AP-PA – Estudo de Inventário Hidrelétrico
- Mapa de Cobertura Vegetal e Uso do Solo - Planta”).
Essa aparente homogeneidade de florestas densas de terra firme é interrompida apenas pelas
linhas de drenagem, que condicionam a presença de Florestas Aluviais. Estas são contíguas às
florestas de terra firme, não constituindo, portanto, fator de solução de continuidade. Ainda,
em correspondência às Colinas do Amapá, ocorrem manchas de vegetação arbustiva,
identificadas como Refúgios Vegetacionais Arbustivos, em meio às extensas Florestas
Ombrófilas.
À exceção da Terra Indígena Waiãpi e das Terras Indígenas do Tumucumaque e Rio Paru
d’Este todo o restante da porção norte da bacia encontra-se protegida na forma de Unidades
de Conservação de proteção integral, representadas pelo Parque Nacional Montanhas do
Tumucumaque e pela Reserva Biológica do Maicuru (Figura 3.1-1). Essa ampla área
apresenta-se em bom estado de conservação, sem alterações antrópicas significativas.
Na porção central da bacia, o substrato geológico é caracterizado predominantemente pelo
Complexo Tumucumaque, associado a manchas de outras origens. Do ponto de vista
geomorfológico, apresenta certa gradação, variando do compartimento Colinas do Amapá até
aproximadamente a foz do rio Mapari, a partir de onde aos poucos cede lugar aos Planaltos
Residuais do Amapá. Estes, por sua vez, fazem contato com a Depressão Periférica da
Amazônia Setentrional.
Os solos, por sua vez, apresentam um padrão de uniformidade em toda a margem esquerda do
rio Jari, onde são encontrados os Latossolos Vermelho-Amarelos. Na margem oposta, estes
ocorrem entremeados a manchas de Argissolos Vermelho-Amarelos, que se desenvolvem em
correspondência à Depressão Periférica. Também na margem direita, pequenas manchas de
Neossolos Litólicos podem ainda ser observadas nas proximidades do rio Carecuru.

Hydros
EP518.RE.JR204 21

Sobre esse espaço geográfico, assim como na porção norte da bacia, há o predomínio das
Florestas Ombrófilas Densas, eventualmente entremeadas por Florestas Aluviais nas linhas de
drenagem. Distintamente do norte da bacia, a sudoeste dessa porção central, manchas de
Florestas Ombrófilas Abertas intercalam-se à Floresta Ombrófila Densa, quebrando o extenso
domínio florestal denso.
A presença de extensas unidades de conservação de uso sustentável (à exceção da Estação
Ecológica do Jari) é fator indicativo do uso antrópico futuro que, ainda que brando e
delimitado em planos de manejo, determinará alterações no padrão original da composição e
organização das comunidades biológicas. A porção central da bacia representa então uma
extensa faixa de amortecimento entre o setor sul da bacia, com elevado nível de antropização
(para os padrões da bacia como um todo), e o setor norte, altamente preservado.
A fauna de vertebrados terrestres nas porções norte e central da bacia é assinalada pela grande
riqueza de espécies e elevado número de táxons endêmicos que caracterizam a região
zoogeográfica do nordeste da Amazônia (Centro Guyana). Entretanto, deve-se ressaltar que a
heterogeneidade ambiental reconhecida para os ambientes amazônicos caracteriza e
condiciona a distribuição das espécies de vertebrados terrestres.
A porção sul da bacia hidrográfica em análise, compreendendo o baixo curso do rio Jari e a
área drenada pelos afluentes desse trecho, onde se destaca o igarapé Carucaru, é caracterizada
por um substrato geológico em faixas onde se alternam, no sentido norte para sul, o Grupo
Trombetas, a Formação Maecuru, a Formação Ererê, o Grupo Curuá, o Grupo Barreiras, que
prevalece em relação aos demais, os Terraços Holocênicos e os Aluviões Holocênicos.
Eventualmente há o aparecimento do Diabásico Penatecaua e com mais freqüência a
Cobertura Detrito-Laterítica Paleogênica.
Do ponto de vista geomorfológico, os terrenos são caracterizados por três compartimentos. O
Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Amazonas localiza-se a norte e em contato com
a Depressão Periférica, enquanto o Planalto do Uatumã-Jari situa-se mais ao sul. Ao longo
dos cursos d’água de maior porte, bem como no extremo sul da bacia, até a foz do rio Jari,
observa-se, ainda, a Planície Amazônica.
O substrato pedológico é caracterizado por um mosaico de solos, onde se intercalam
Latossolos Amarelos e Latossolos Vermelho-Amarelos, Argissolos e localmente, Neossolos
Litólicos. Ao longo dos canais hídricos de maior porte, como o rio Jari e o igarapé Carucaru, e
na porção final da bacia hidrográfica, estão presentes Gleissolos.
Nessas condições fisiográficas desenvolvem-se Florestas Ombrófilas Densas Submontanas, de
Terras Baixas e Aluviais, intercaladas com manchas de Florestas Ombrófilas Abertas e
extensas áreas de reflorestamento de eucalipto, presentes predominantemente na margem
direita do rio Jari. Na porção mais ao sul, na planície, sobre Gleissolos, a floresta é substituída
por Formações Pioneiras. Núcleos urbanos também se concentram nessa porção da bacia.
A presença marcante de formações sob grande influência da dinâmica dos cursos d’água,
como as Florestas Aluviais e as Formações Pioneiras, condiciona uma fauna com
características particulares. Um grande número de táxons se associa preferencialmente a estes
ambientes, sendo um número relativamente pequeno de espécies compartilhadas com outras
formações como aquelas de terra firme.
Portanto, um mosaico de diferentes feições de Floresta Ombrófila, associado à presença de
Formações Pioneiras, ao qual se intercalam extensos reflorestamentos e núcleos urbanos,
marcam essa porção da bacia, onde, à exceção de um pequeno trecho ocupado pela Reserva
Extrativista (RESEX) Rio Cajari, no limite leste, não se verificam áreas legalmente protegidas
na forma de Unidades de Conservação e nem de Terras Indígenas. Essa porção da bacia
Hydros
EP518.RE.JR204 22

representa uma marcante ruptura na continuidade original, formada por uma paisagem
naturalmente heterogênea sob influência antrópica cujas características determinam um
padrão contrastante com o restante da bacia.
Apresenta-se, a seguir, o mapa com as delimitações das subáreas deste tema-síntese, bem
como o quadro com as principais características que as distinguem.

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54°W 52°W

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Amapá

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Pará
II
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Legenda
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Área de Drenagem
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Hidrografia Principal
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Subáreas - Ecossistemas Terrestres


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Subárea I

Subárea II

2°S 2°S
Subárea III
km
0 15 30 60 90 120

54°W 52°W

Figura 3.2-1 – Subáreas do tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

Hydros
EP518.RE.JR204 24

Quadro 3.2–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese “Meio Físico e Ecossistemas Terrestres” da Bacia
Hidrográfica do Rio Jari

Unidades de
Subárea Aspectos Fisiográficos Vegetação Espécies identificadas típicas da fauna Conservação/Tipo de
proteção

Aves: curica-caica (Pionopsitta caica), araçari-


I – Continnum Florestal Norte

Cotas elevadas com formas de


miudinho (Pteroglossus viridis), pica-pau-de-colar-
relevo em colinas e morros
dourado (Veniliornis cassini), borralhara-do-norte
cujo substrato geológico é Florestas Ombrófilas
(Frederickena viridis), choquinha-de-barriga-parda
definido por rochas cristalinas. Densas Aluvial, PARNA Montanhas do
(Myrmotherula gutturalis), mãe-de-taoca-de-
Os solos são Montana e Submontana, Tumucumaque / Proteção
garganta-vermelha (Gymnopithys rufigula),
predominantemente e manchas de Refúgios integral, REBIO do
caneleiro-da-guiana (Pachyramphus surinamus) e
Latossolos que, na margem Vegetacionais Maicuru / Proteção integral
gralha-da-guiana (Cyanocorax cayanus).
direita do rio Jari ocorrem Arbustivos
Mamíferos: preguiça-de-garganta-amarela (Bradypus
entremeados a manchas de
tridactylus), caiarara (Cebus olivaceus) e parauacu
Argissolos.
(Pithecia pithecia)

Cotas elevadas com formas de


II– Continnum Florestal Central

Aves: curica-caica (Pionopsitta caica), araçari-


relevo em colinas e morros
miudinho (Pteroglossus viridis), pica-pau-de-colar-
cujo substrato geológico é
dourado (Veniliornis cassini), borralhara-do-norte
definido por rochas cristalinas.
Florestas Ombrófilas (Frederickena viridis), choquinha-de-barriga-parda FLOTA do Paru / Uso
Os solos são
Densas Aluvial e (Myrmotherula gutturalis), mãe-de-taoca-de- sustentável, RDS do Rio
predominantemente
Submontana, e manchas garganta-vermelha (Gymnopithys rufigula), Iratapuru / Uso sustentável,
Latossolos que, na margem
de Floresta Ombrófila caneleiro-da-guiana (Pachyramphus surinamus) e ESEC do Jari / Proteção
direita do rio Jari ocorrem
Aberta gralha-da-guiana (Cyanocorax cayanus). integral
entremeados a manchas de
Mamíferos: preguiça-de-garganta-amarela (Bradypus
Argissolos e nas proximidades
tridactylus), caiarara (Cebus olivaceus) e parauacu
do rio Carecuru ocorrem
(Pithecia pithecia)
Neossolos

Hydros
EP518.RE.JR204 25

Unidades de
Subárea Aspectos Fisiográficos Vegetação Espécies identificadas típicas da fauna Conservação/Tipo de
proteção
Vegetais e de Usos Antrópicos

Relevo de baixas altitudes, em Aves associadas a ambientes alterados:


III–Mosaico de Formações

Florestas Ombrófilas
colinas e vales encaixados (a Herpetotheres cachinnans (acauã), Patagioenas
Densas Submontana, de
norte), e planície (a sul), plumbea (pomba-amargosa), Brotogeris chrysoptera
Terras Baixas e
formados por rochas (periquito-de-asa-dourada), Piaya cayana (alma-de-
Aluviais, com manchas Pequenas porções da
cristalinas e sedimentares, gato), Pteroglossus aracari (araçari-de-bico-branco),
de Florestas Ombrófilas RESEX do Rio Cajari /
respectivamente. Os solos Taraba major (chorá-boi), Legatus leucophaius
Abertas, extensas áreas Uso sustentável
apresentam-se em mosaicos, (bem-te-vi-pirata), Tityra cayana (anambé-branco-
de reflorestamento de
onde se intercalam Latossolos, de-rabo-preto), Turdus leucomelas (sabiá-barranco),
Eucaliptus e Formações
Argissolos, Gleissolos e Tachyphonus cristatus (tiê-galo) e Dacnis cayana
Pioneiras
localmente, Neossolos. (saí-azul).

Hydros
EP518.RE.JR204 26

3.3 SOCIOECONOMIA

A organização territorial da bacia do rio Jari decorre de duas formas de ocupação: a primeira,
onde estão concentradas as principais estruturas territoriais devido ao Projeto Jari; a segunda
formada por Unidades de Conservação - UCs e Terras Indígenas – TIs, onde a ocupação
antrópica é rarefeita e basicamente de populações indígenas. A primeira está situada na
porção sul da bacia, correspondendo a cerca de 20% da sua área, e a segunda situada nas
porções central e setentrional da bacia, correspondendo a praticamente 80% de toda a área da
bacia.

Hydros
EP518.RE.JR204 27

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53°W 52°W
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RESEX do Rio Cajari


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Conveções Cartográficas

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Hidrografia Principal Geomorfologia Estrutural


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Faceta Triangular de Falha


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Áreas com Restrições


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Legais
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Linha de Cumeada
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KKK Marcas de Enrugamentos


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Unidades de Conservação
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FLOTA Parú Ressalto


RDS Rio Iratapuru Cordão ou Dique
REBIO Maicuru Escarpa Erosiva
Unidades de Conservação Federal
] Faceta Triangular
ESEC Jari
PN Montanhas do Tumucumaque ] Linha de Cumeada
RESEX do Rio Cajari Vale ou Sulco Estrutural
Terras Indígenas
Infra - Estrutura
Áreas Antropizadas
Rodovias
Culturas Cíclicas
Via não Pavimentada km
Pecuária (pastagens)
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Reflorestamento Eucalipto Outras Estradas 0 5 10 20 30 40
2°S 2°S
53°W 52°W

Figura 3.3-1 – Detalhamento das Áreas Antropizadas no Sul da Bacia do Rio Jari

Hydros
EP518.RE.JR204 28

Na bacia do rio Jari, o acesso a localidades rurais interiores é difícil, pois o principal meio de
circulação na região ainda é o rio Jari. Entre todos os trechos, o baixo rio Jari é o que oferece
melhores condições de navegabilidade e permite o acesso ao rio Amazonas, sendo navegável
tanto para as embarcações fluviais tradicionais da região como para navios marítimos. Isso
coloca a região em contato com os grandes portos da região norte e com portos de outros
continentes, para o escoamento de produtos industrializados de relevância econômica nacional
e internacional. Os contribuintes e igarapés da bacia complementam a grande rede de
navegação fluvial, utilizados pelas comunidades locais, em especial as populações ribeirinhas.
Em termos de sistema rodoviário federal, a única via existente é a BR-156, não pavimentada,
cujo traçado corta o estado do Amapá, conectando a sede de Laranjal do Jari/AP à capital
estadual Macapá. Quanto ao sistema rodoviário estadual a única via existente conecta a vila
Monte Dourado, onde está a Jari Celulose, à sede do município de Almeirim, situada fora da
bacia do rio Jari. Além destas existem estradas vicinais que conectam os núcleos
populacionais rurais da bacia aos núcleos urbanos.

Hydros
EP518.RE.JR204 29

54°W 52°W

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SURINAME
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GUIANA FRANCESA
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Laranjal do Jari
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AMAPÁ
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Vitória do Jari
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0 10 20 40 60 80
54°W 52°W

Legenda
Área de Drenagem Municípios - Bacia do Rio Jari

Almeirim Mazagão
Hidrografia Principal
Laranjal do Jari Vitória do Jari

Figura 3.3-2 - Mapa da Divisão Política e Administrativa

Hydros
EP518.RE.JR204 30

No conjunto da bacia, as atividades econômicas são rarefeitas e se concentram na planície


sedimentar que sucede ao Escudo das Guianas, onde estão localizados o núcleo empresarial e
as três únicas aglomerações urbanas presentes na bacia, cuja formação decorreu direta ou
indiretamente de iniciativas e/ou demandas provenientes do segmento empresarial.
A base econômica da bacia do rio Jari apresenta características muito específicas constituídas
pela combinação entre a presença de um núcleo localizado e compacto de atividades
empresariais, altamente verticalizadas, voltadas à exploração de recursos minerais e
madeireiros e as das atividades rurais e urbanas, de muito baixa capitalização. Essa porção é
de fácil acesso e ocupação (porção sul da bacia), assentada sobre a planície amazônica. Nela
há áreas de produção, conhecidas como “company-towns”, que contam com toda a
infraestrutura para atender as suas necessidades produtivas e de apoio aos seus funcionários,
áreas urbanas e comunidades rurais e ribeirinhas.
As atividades rurais e urbanas, de baixa capitalização, são realizadas dentro de um contexto
de amplo predomínio territorial de áreas institucionais que impedem ou condicionam a
apropriação produtiva de um amplo potencial de recursos naturais.
O núcleo empresarial não propicia encadeamentos produtivos locais, sendo dotado de um
porto através do qual a produção é encaminhada aos mercados nacional e internacional. Além
dele há atividades terciárias, com baixa capitalização e baixo grau de formalização, voltadas,
principalmente, ao atendimento das demandas do pessoal empregado no setor empresarial.
Apesar da atividade principal referir-se à extração e beneficiamento de recursos minerais e
madeireiros, realizadas em áreas rurais que se caracterizam pela amplitude, a população e as
atividades econômicas são fortemente concentradas.
As áreas urbanas da margem esquerda do Jari surgidas sem qualquer planejamento originando
e com uma densidade populacional significativa devido ao Projeto Jari, atraiu ainda um
contingente populacional, principalmente de nordestinos, que para ali afluiu vislumbrando
melhores condições de vida, sendo utilizado como mão de obra. Esta parcela da população
ocupou, inicialmente, as áreas atualmente denominadas “Beiradão”, em Laranjal do Jari-AP, e
“Beiradinho”, em Vitória do Jari-AP, núcleos “satélites” que se constituem nos maiores
“favelões fluviais” da região e do país, tendo conformado, a partir da década de 1980, as sedes
municipais dos respectivos municípios, em decorrência das expansões e consolidações das
mesmas. Ao redor das sedes, localizam-se os principais núcleos populacionais rurais, que
tiveram a maior taxa de crescimento. Apresentam um nível mais elevado de ocupação e
melhores condições de vida do que os “favelões” originais. Desenvolvem atividades
agropecuárias, de pequena capitalização, com técnicas tradicionais e comercializam os
excedentes nas sedes dos municípios. As populações têm um modo de vida urbano e
convivem com o meio rural, que dá suporte às áreas urbanas.
Já a população urbana da margem direita resulta do planejamento realizado de acordo com as
necessidades e interesses da empresa do Projeto Jari, com a implantação de “company-towns”,
Monte Dourado e Munguba, que abrigavam os funcionários e suas famílias, com a
infraestrutura urbana planejada necessária para a permanência destes, junto às áreas dos
setores de produção industrial (celulose e minérios). Essa população urbano-industrial conta
com serviços urbanos, mais diversificados e qualificados do que entre as outras localidades da
bacia, como praças urbanizadas de lazer, igrejas, centros comunitários e esportivos, bancos,
supermercados, imobiliárias, entre outros. Além desses assentamentos urbanos e rurais, uma
pequena parcela de população rural sobrevive de atividades de subsistência em áreas
produtivas que se localizam em áreas de várzea, caracterizando um modo de vida ribeirinho,
como as comunidades Granja São Miguel e Nova Vida, em conflitos pela posse da terra com a
Hydros
EP518.RE.JR204 31

empresa Jari Celulose. Suas atividades agrícolas se concentram no entorno das aglomerações
urbanas, predominando as culturas alimentares de subsistência, tais como as da mandioca,
arroz, milho e feijão, além de pecuária pouco expressiva, com predomínio do rebanho
bufalino. Os pequenos excedentes da produção são comercializados nos núcleos próximos.
No restante da bacia, especialmente, nos alto e médio cursos do rio Jari, é muito reduzida a
antropização. Ali se destacam as UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável, cobertas por
florestas densas, contínuas e intocadas, e de TIs, não existindo qualquer infraestrutura. Nas
TIs, a organização do território só tem relevância sob ponto de vista das populações
indígenas. Na TI Waiãpi, situada na região nordeste da bacia, há infraestrutura aeroviária de
pequeno porte, que atende as populações indígenas e funcionários de entidades
governamentais e de Organizações Não Governamentais – ONGs. As poucas e rarefeitas
ocupações não indígenas, existentes nas áreas cobertas por florestas densas, são acessadas
somente por via aérea, com a utilização de pistas de pouso clandestinas para pequenas
aeronaves, em garimpos situados na região do rio Ipitinga, contribuinte do rio Jari, cujos
modos de vida caracterizados por Santos (2008) são como os de “povos da floresta”,
populações que vivem essencialmente do extrativismo disperso e esporádico de produtos
naturais existentes em florestas em áreas institucionalizadas como UCs, em locais de difícil
acesso3.
Destaca-se ainda, nesta porção da bacia, um amplo potencial econômico representado por
reservas minerais e florestais, bem como por atrações turísticas. Em grande parte, esse
potencial está legalmente destinado ao usufruto das etnias indígenas ou para a preservação e
estudo.
No interior e no entorno das UCs de Uso Sustentável, há um grande campo para a exploração
desses potenciais, especialmente a produção mineral e a exploração sustentada da madeira,
bem como para as atividades agro-extrativistas. Nelas, constatam-se, atualmente, a presença
de atividades de coleta e extração da castanha–do-brasil, coleta e beneficiamento do açaí e a
produção de palmito de buriti, as principais produções comerciais das famílias residentes nas
comunidades rurais. Essas são constituídas por ribeirinhos, que vivem predominantemente do
extrativismo, da pesca e da caça, além da agricultura de subsistência, destacando-se as
comunidades de Santo Antônio da Cachoeira e São Francisco de Iratapuru, esta última
localizada no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru. As
populações se distinguem na bacia, por apresentarem alto nível de organização social, pois
formam cooperativas que constituem o suporte para produção, beneficiamento e escoamento
dos produtos extraídos das matas (castanha-do-brasil), além de serviços de educação na
própria comunidade.
O rio Jari e seus afluentes, as vias e as estradas vicinais constituem os elementos da
estruturação do território. São os responsáveis pela circulação e comunicação, na porção sul
da bacia, habitada por uma população ribeirinha, com modo de vida essencialmente rural,
situada às margens do rio Jari e seus afluentes, em especial na região da planície amazônica
da bacia, próxima à confluência do rio Jari e com o rio Amazonas. Ali se destacam as
comunidades ribeirinhas Paga Dívida e Jarilândia, as mais antigas, pois nasceram juntamente
com o Projeto Jari. Essa população tira proveito das várzeas, desenvolvendo atividades
relacionadas com a pecuária (criação de gados bovinos e bufalinos, em moldes semi-

3
São populações que pela natureza da atividade desenvolvida, de difícil localização e pela pouca
representatividade numérica, não são ainda contabilizadas sistematicamente pelas instituições de pesquisa.

Hydros
EP518.RE.JR204 32

extensivos) e desenvolvendo a agricultura familiar de subsistência, além de extrativismo


(açaí).
Na bacia, tanto sob o ponto de vista da organização política como da gestão do território,
atuam na região diversos órgãos e institutos vinculados às administrações do Estado do Pará e
do Estado do Amapá, entre os quais destacam-se o ITERPA/PA, o IEPA/AP e a SEMA/AP, e
de âmbito federal, a FUNAI e o IBAMA.
As subáreas resultantes da análise integrada das caracterizações socioeconômicas descritas
acima estão apresentadas na Figura 3.3-3 a seguir.

Hydros
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54°W 52°W

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SURINAME
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GUIANA FRANCESA
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Área de Drenagem Subáreas - Avaliação Ambiental Integrada
Subárea I Subárea IV
Hidrografia Principal Subárea II Subárea V
Subárea III

Figura 3.3-3 –Subáreas do tema-síntese Socioeconomia

Hydros
EP518.RE.JR204 34

Quadro 3.3–1 Principais Características Distintivas das Subáreas do Tema-síntese


“Socioeconomia” da Bacia Hidrográfica do Rio Jari

Tipos Áreas Legalmente


Uso e do Solo e
Populacionais Estruturação do Protegidas (Terras
Subárea Atividades
e Modos de Território Indígenas e Unidades
Econômicas
Vida de Conservação)

Terras Indígenas
Waiãpi, Rio Paru
Território estruturado
d'Este e Parque do
por aldeias indígenas Atividades
População Tumucumaque, Parque
I conectadas por indígenas de
indígena Nacional Montanhas
circulação fluvial e subsistência
do Tumucumaque e
pista de pouso
Reserva Biológica
Maicuru

População Território estruturado Reserva de


Atividades
ribeirinha por localidade Desenvolvimento
extrativistas, de
II extrativista e ribeirinha conectada Sustentável do Rio
caça, e agrícolas de
extrativista por circulação fluvial Iratapuru e Floresta
subsistência
dispersa a núcleos urbanos Estadual do Paru
População Atividades
Território estruturado Estação Ecológica do
III extrativista extrativistas
por circulação fluvial Jari
dispersa dispersas

Atividades
População industriais,
Território estruturado
predominantem comerciais e de
por núcleos urbanos
ente urbano- serviços em áreas
polos da bacia Reserva Extrativista do
IV industrial e urbanas e
conectados por Rio Cajari
populações atividades de
circulação fluvial e
rural e agropecuária de
rede rodoviária
ribeirinha subsistência em
áreas rurais

Território estruturado Atividades


População rural por localidades rurais agropecuárias de
Reserva Extrativista do
V e ribeirinha de conectadas subsistência e
Rio Cajari
várzea predominantemente extrativistas em
por circulação fluvial áreas rurais

Hydros
EP518.RE.JR204 35

3.4 POPULAÇÕES INDÍGENAS

Na bacia em análise foram identificadas três Terras Indígenas, situadas uma no estado do
Amapá e duas no Pará, a saber:
TI Waiãpi: onde vive a etnia Waiãpi (denominação também grafada Wajãpi, Uaiampi,
Waiampi, Oiampi). Localiza-se na porção nordeste da bacia, no estado do Amapá. Na Guiana
Francesa, os Waiãpi residem na faixa de fronteira com o Brasil, na margem esquerda do rio
Oiapoque. Co-habitavam também com famílias do povo Aparai e Wayana nas Terras
Indígenas Parque de Tumucumaque e Paru d’Este (Gallois; Grupioni, 2003).
TI Parque do Tumucumaque: onde vivem as etnias Aparai e Wayana, Txutyana, Kaxuyana,
Tiriyó, um pequeno grupo Waiãpi, e há registro de povos isolados. Localiza-se na porção
noroeste da bacia, no estado do Pará. As aldeias se localizam fora da bacia em análise4.
TI Paru d’Este: onde vivem as etnias Aparai e Wayana, e Waiãpi. Localiza-se na porção oeste
da bacia, no estado do Pará. As aldeias se localizam também fora da bacia em análise.

4
As caracterizações detalhadas dos povos que vivem nas TIs Parque do Tumucumaque e TI Paru d´Este
encontram-se descrita no diagnóstico socioambiental.

Hydros
EP518.RE.JR204 36

Figura 3.4-1 - Mapa das Terras Indígenas e Aldeias

Hydros
EP518.RE.JR204 37

As três Terras Indígenas têm seus territórios homologados, que dão direito legal ao uso do
povo que ali vive atualmente. No presente estudo, os Wãiapi mereceram menção especial,
pois as aldeias estão presentes na bacia, ao contrário de outros povos. Estes, embora parte de
suas terras esteja inserida na bacia em análise, a freqüência de uso desta porção inserida na
bacia deve ser reduzida, fazendo parte da área de perambulação menos freqüente que as
porções não inseridas na bacia em análise.
No caso dos povos Wãiapi, a área total da TI é de cerca de 600.000 ha e cerca de 58% está
inserida na bacia; o número total das aldeias na TI é de 48 aldeias e 19 estão inseridas na
bacia; o total de indivíduos na TI é de cerca de 800 indivíduos, e tomando como hipótese que
as aldeias têm o mesmo número de indivíduos, cerca de 400 indivíduos vivem na bacia em
análise.
Os povos Wãiapi são originários do baixo Xingu até chegarem à ocupação atual, onde
conseguiram conquistar a homologação de suas terras. São remanescentes de um povo outrora
muito mais numeroso, constituído por vários grupos independentes com população total
estimada, para o início do século XIX, em cerca de seis mil pessoas.
O forte isolamento que resultou dos processos de migração os levou a serem considerados
quase extintos, já nas décadas de 1930 e 1940. A migração em ondas sucessivas levou à
ocupação de regiões geográficas distintas e a diferentes experiências de contatos intertribais, o
que acabou por consolidar sua subdivisão em três subgrupos principais, com diferenças
culturais entre si: o do Jari/Cuc, o do Oiapoque, e os subgrupos do Amapari.
Os Waiãpi do Oiapoque absorveram aspectos das culturas Caribe, com que têm contato
próximo. Os Waiãpi do Amapari – foco principal deste estudo, de outro lado, permaneceram
mais isolados do que outros grupos e ainda retêm a cultura considerada a mais autêntica do
povo Waiãpi. Seus modo de vida e tradições diferenciam-se significativamente daqueles dos
povos da Guiana Francesa, em função do padrão de adaptação ecológica à região de serras do
noroeste do Amapá, e não às margens de rios, caso dos Waiãpi do Oiapoque.
O contato oficial com os indígenas do Amapari ocorreu em 1973, na ocasião em que a equipe
da FUNAI preparava os trabalhos de abertura da rodovia Perimetral Norte (BR-210), que
cruzaria áreas ocupadas pelos Waiãpi. Os graves conflitos resultaram na interrupção dos
trabalhos de construção da estrada.
Somente na década de 1990, os Waiãpi começam a constituir a relação política formal com a
sociedade envolvente, formando em 1994 o Conselho das Aldeias Waiãpi, constituído por
chefes de família. Em 1996, é obtida a homologação do território. A TI Waiãpi corresponde à
área de ocupação tradicional, sendo considerada o “berço dos Waiãpi”.
Uma das manifestações tradicionais que começa a ser utilizada como expressão de identidade
grupal é a rica linguagem de grafismos empregada no corpo e em objetos. A língua e suas
particularidades regionais são também expressões de identidade. No entanto, elas podem vir a
perder seu significado, em função do avanço rápido do uso do português e da cultura da
sociedade envolvente, principalmente entre a população masculina jovem.
O atributo “mobilidade” é o que melhor define o princípio norteador das relações sociais e
ambientais. Ela é intrínseca à prática extensiva do sistema de agricultura denominada de corte
e queima (o roçado). A mobilidade no sistema decorre do período de pousio, necessário para
recuperação de fertilidade e em que novas roças são abertas, refletindo, no âmbito da
organização social, os processos de formação de novas aldeias.

Hydros
EP518.RE.JR204 38

Associadas ao roçado, a caça é comumente praticada. A apropriação dos recursos naturais se


dá também através da pesca e extrativismo de acordo com as características da região. Estas
atividades dependem da variação sazonal.
Para os Waiãpi a produção local tradicional da agricultura é suficiente para suprir suas
necessidades básicas, produtos de auto-subsistência. É executada por unidade familiar, para o
consumo cotidiano e o excedente é destinado ao consumo interno da aldeia, às visitas, e às
ocasiões de festas e grandes festivais coletivos.
Destaca-se que as condições de sobrevivência das populações indígenas atualmente estão
estritamente ligadas ao território demarcado e destinado a seu uso exclusivo, sem concorrer
com outros usos, desenvolvidos por não índios. Desta forma, a regularização fundiária
constituiu a condição essencial para a garantia da sobrevivência da identidade étnica Waiãpi,
com a possibilidade de manutenção de seu modo de vida. Por outro lado, a delimitação da TI
resulta na limitação de áreas de perambulação, que pode provocar alterações em seus modos
de vida.
A unidade de produção da sociedade Waiãpi é a família nuclear, sendo as atividades
organizadas para suprir a família cotidianamente. Há, no entanto, um sistema de trocas e
reciprocidades, em que o excedente da produção é compartilhado, sendo também decorrente
da limitação no armazenamento de produtos.
Tipicamente os homens fazem serviços mais pesados, considerados perigosos e que exigem
deslocamento, como a caça e pesca para as quais se organizam expedições, a derrubada,
queimada e limpeza de roças, e construção de casas nos novos assentamentos; também
executam a cestaria utilizada para carregamento de frutos, sementes e outros alimentos, além
de abanos, recipientes, tipiti, etc. Serviços muito pesados ou que exigem coordenação, são
realizados em mutirão.
As mulheres, que permanecem após o casamento, próximas à sua família de origem, têm
menor mobilidade devido à dependência das crianças pequenas, o que naturalmente favorece
suas atividades na esfera doméstica.
No âmbito mais amplo que o da unidade básica de produção (a família local), há atividades,
como expedições para caça e pesca, que reúnem mais de uma aldeia, e eventualmente até
outros povos.
O contato de muitos anos com a sociedade envolvente os introduziu na economia de mercado.
Alguns bens industrializados são adquiridos nos mercados das cidades mais próximas, sendo
incorporados às atividades tradicionais de subsistência. Como em todas as culturas indígenas,
após o contato, os tradicionais utensílios e ferramentas são substituídos por implementos
modernos mais eficientes. Porém, não há indicações na literatura de que seus sistemas de
produção tenham sido fortemente afetados.
A sociedade tradicional dos Waiãpi é basicamente igualitária, a diferenciação social
limitando-se aos critérios de sexo e idade. Cada aldeia atua como uma entidade politicamente
autônoma e seu chefe é o fundador da aldeia. Não há autoridade central, isto é, a figura de um
chefe geral, ou cacique, de todas as aldeias. A aldeia é tipicamente formada por um “grupo
local” composto por diversas famílias nucleares ligadas por laços de parentesco consanguíneo
e por afinidade, que passam de geração a geração.
Alianças entre aldeias são importantes para coibir pressões externas. Com o aumento destas,
as alianças tornam-se mais e mais necessárias. Na TI Waiãpi, por exemplo, há vários grupos
de caráter político, chamados wanã, maiores que os grupos familiares constituintes das aldeias

Hydros
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(APINA; APIWATA, 2005). Alianças também existem como resultado de relações de


parentesco, reforçadas nos casamentos com indivíduos de fora do grupo local.
A terminologia de parentesco é basicamente dravidiana. Nela os laços de parentesco são
muito mais expandidos do que na sociedade industrializada moderna e são distintos de acordo
com a geração, gênero e tipo de relação (por afinidade, ou consangüínea): um Waiãpi típico
pode se considerar relacionado a aproximadamente metade da população da aldeia
(CAMPBELL, 19955 apud MEDEIROS, 2005).
A regra de residência é uxorilocal: imediatamente após o casamento o casal muda para a casa
dos pais da esposa, e depois construirá sua própria casa na mesma vila. Isto significa que, se a
esposa e o marido são de grupos locais diferentes, o marido deve mudar para a aldeia da
esposa e servir ao pai da esposa. A exceção é o filho do chefe da aldeia, que nela permanece.
Além disso, os pais do marido tentam sempre fazer com que o casal permaneça em seu
próprio grupo local.
Uma conseqüência de mulheres permanecerem na aldeia da família de origem é a pouca
distinção dos papéis atribuídos às irmãs. O papel da mãe, por exemplo, é extensivo às suas
irmãs; todas cuidam do filho, o que se reflete na inexistência de nome que corresponda à “tia”
da sociedade moderna.
A prática da poliginia existe, mas não é generalizada; é privilégio do chefe da aldeia, o qual
deve demonstrar a capacidade para liderar um número maior de pessoas, e portanto, é quem
consegue atrair genros que o sirvam.
As aldeias Waiãpi se distribuem próximas a cursos d’água, no espaço limitado por um
igarapé, rio e/ou roças. Há um pátio central onde são realizadas as atividades sociais.
Nas aldeias Waiãpi, cerimônias sagradas se configuram como rituais coletivos organizados
para marcar ciclos produtivos ou períodos de passagem do ciclo de vida. Estas festas
comemoram os bons momentos, principalmente relativos às boas colheitas e caçadas e são
acompanhadas de danças e bebida alcoólica. Como as colheitas e caçadas ocorrem de acordo
com o ciclo da chuva, as principais festas ocorrem também obedecendo a esse ciclo.
Rituais de passagem – relativos à iniciação dos meninos para entrada na fase adulta – são
realizados alternando obrigações no âmbito privado, de controle familiar, como o retiro por
que passam os iniciantes, ao âmbito público, coletivo, com celebração em cerimônias festivas
ou solenes.
Na esfera da religião, há atividades xamânicas, desenvolvidas por um membro que detém
conhecimentos sobre a natureza, como rituais mágico-religiosos, e que têm influência na
comunidade onde vivem.
Quanto às organizações, os Waiãpi atualmente se relacionam com a sociedade envolvente por
meio das associações que reúnem integrantes dos Waiãpi de diversos lugares. Com sedes em
Macapá, capital do estado do Amapá, o diálogo com as representações políticas da sociedade
envolvente é favorecido. Essas organizações indígenas fundadas nos últimos anos no Brasil
ganham visibilidade no cenário nacional e no exterior, levando a questão indígena a vários
foros de debate. As associações têm tido papel importante no relacionamento com outros

5
CAMPBELL, A. T. Getting to know Waiwai: an Amazonian Ethnography. New York, NY: Routledge,
1995.

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grupos étnicos e com a sociedade envolvente, o que lhes têm favorecido no suprimento de
suas necessidades e atendimento de suas aspirações enquanto indivíduos e enquanto grupo.

Hydros
EP518.RE.JR204 41

4 AVALIAÇÃO AMBIENTAL DISTRIBUÍDA (AAD)

A Avaliação Ambiental Distribuída tem o objetivo de subdividir a bacia em áreas que se


assemelham ou se distinguem das demais, considerando os quatro temas-síntese principais
abordados no item anterior. Essa espacialização é feita para permitir a identificação e
avaliação dos impactos associados a um ou mais aproveitamentos localizados na subárea, de
modo a obter uma visão do conjunto dos efeitos em cada uma delas e dos efeitos que
extrapolam seus limites.
Dois grandes resultados foram buscados no estudo: a avaliação da sensibilidade ambiental da
bacia, permitindo a identificação de seus principais aspectos e problemas socioambientais, e a
avaliação da fragilidade ambiental da bacia, entendida como os efeitos de impactos potenciais
esperados pela implantação dos empreendimentos planejados sobre áreas de diferentes
sensibilidades.
As principais etapas deste estudo encontram-se nos itens a seguir.

4.1 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL

4.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A sensibilidade, tal como preconizada no Manual de Inventário Hidrelétrico de 2007, é


definida como “a propriedade de reagir que possuem os sistemas ambientais e ecossistemas,
alterando o seu estado de qualidade, quando afetados por uma ação humana”. No presente
documento, a sensibilidade foi obtida através de características como a integridade dos
recursos naturais, dos aspectos qualitativos da paisagem e das situações socioeconômicas, de
tal forma que permita a distinção das diferentes áreas, com seus respectivos graus de
sensibilidade.
Os diferentes graus de sensibilidade apontam a capacidade de resistência natural de cada área
analisada. As áreas mais sensíveis são as mais propícias a sofrerem alterações ambientais
expressivas frente à implantação de um empreendimento.
A base para a identificação das áreas onde os aspectos do meio ambiente apresentam graus
diferenciados de capacidade de assimilação e adaptação diante de uma intervenção, inclusive
a implantação de um empreendimento hidrelétrico, foi a compreensão dos principais
elementos de caracterização da bacia, já apresentados por componente-síntese no item
“Caracterização da Bacia”.
Este capítulo apresenta os resultados das análises realizadas com relação às características de
Sensibilidade Ambiental e à sua manifestação nas subáreas em que foi divida a bacia do rio
Jari.
É apresentada a descrição do comportamento dos indicadores de sensibilidade ambiental de
cada tema-síntese, explicando seus objetivos e sua composição, seguida de uma análise,
decorrente da leitura dos Mapas de Sensibilidade Ambiental, de como se manifestam em cada
uma das seis subáreas da bacia. Em seguida, são apresentados e analisados, também pelas

Hydros
EP518.RE.JR204 42

subáreas, os resultados da integração dos Mapas de Sensibilidade Ambiental em quatro


grandes temas: Sensibilidade Integrada dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos,
Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, Socioeconomia e Populações Indígenas.

4.1.2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a análise de sensibilidade foi baseada nos estudos de Avaliação
Ambiental Integrada desenvolvidos pela EPE entre 2006 e 2008, em especial o estudo para a
bacia do Rio Doce. Para a análise da bacia do rio Jari, foram necessárias algumas adaptações,
que resultaram das discussões entre profissionais que integraram a equipe multidisciplinar do
presente Estudo.
Inicialmente, foram identificados os Indicadores de Sensibilidade Ambiental – ISA,
obedecendo ao princípio básico de expressar os aspectos relevantes identificados para a bacia
e representar espacialmente a sensibilidade socioambiental, com possibilidade de
extrapolação temporal das informações (cenários futuros), indicando assim a capacidade de
manutenção do sistema socioambiental na bacia.
Os Indicadores de Sensibilidade selecionados preliminarmente foram submetidos a uma
análise de consistência pela equipe multidisciplinar, que se ateve a avaliar os Indicadores de
Sensibilidade dentro do tema-síntese e dentro do sistema socioambiental da bacia. Esses
indicadores refletem as sensibilidades mais relevantes da bacia, com relação a cada tema-
síntese: Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, Meio Físico e Ecossistemas Terrestres,
Socioeconomia e Populações Indígenas.
Para garantir o máximo de objetividade na espacialização de informações, foi levada em
consideração a disponibilidade de dados e informações relevantes mapeáveis e a possibilidade
da extrapolação temporal das informações.
Para cada tema-síntese foi definido um conjunto de Indicadores de Sensibilidade Ambiental,
que por sua vez resultam da agregação de um conjunto de Variáveis. Essas Variáveis foram
plotadas em mapas, cuja agregação resultou no mapa do Indicador de Sensibilidade. A
agregação dos mapas dos Indicadores de Sensibilidade, por sua vez, resultou no mapa de
Sensibilidade Socioambiental do tema-síntese. A figura a seguir apresenta de forma gráfica os
procedimentos adotados.

Hydros
EP518.RE.JR204 43

Figura 4.1.2-1 – Fluxograma da análise de sensibilidade

Em um conjunto de n Indicadores de Sensibilidade de um mesmo tema-síntese x, um


determinado indicador pode ser mais importante para expressar a sensibilidade que outro.
Portanto, foi feita a ponderação destes indicadores através da atribuição de um valor numérico
que representasse a relevância deste indicador no tema-síntese em que se insere, devendo a
soma dos pesos dos ISAs do tema-síntese ser igual a 1 (um), como se apresenta no Quadro
4.1.2-1 a seguir.

Quadro 4.1.2-1– Composição de Indicadores de Sensibilidade por Tema

Tema-síntese Indicador de Sensibilidade Ambiental Peso


Indicador de Sensibilidade Ambiental 1 – ISA1 PISA1
Indicador de Sensibilidade Ambiental 2 – ISA2 PISA2
Tema-síntese x
... ...
Indicador de Sensibilidade Ambiental n - ISAn PISAn

Hydros
EP518.RE.JR204 44

n
Onde ∑p
i =1
ISAi =1

Para cada Indicador de Sensibilidade Ambiental i foi selecionado um conjunto de m Variáveis


que pudessem ser expressas numericamente, ou qualificadas de maneira que possam ser
mapeadas. Novamente, estas variáveis sofreram análise de consistência pela equipe
interdisciplinar, que as avaliou pela relevância que apresentam no Indicador de Sensibilidade
e no sistema socioambiental da bacia.
Para possibilitar a obtenção de áreas diferenciadas em termos de sensibilidade, foi adotado o
sistema de ponderação e a hierarquização das m variáveis selecionadas, tal como realizado
para os Indicadores de Sensibilidade Ambiental, de acordo com a importância da variável
naquele indicador, como se apresenta no Quadro 4.1.2-2, a seguir.

Quadro 4.1.2-2– Composição de Variáveis por Indicador de Sensibilidade

Indicador de Sensibilidade Ambiental Variável Peso


Variável 1 pvar1
Variável 2 pvar2
Indicador de Sensibilidade Ambiental i
... ...
Variável m pvarm
m
Onde ∑p
j =1
var j =1

Ainda, para possibilitar a diferenciação de graus de sensibilidade numa mesma variável, cada
uma das Variáveis selecionadas foi classificada em cinco graus de sensibilidade: Muito Baixo,
Baixo, Médio, Alto e Muito Alto. Para efeito de comparação, os graus foram definidos
considerando parâmetros internos à bacia, ou valores estabelecidos por normas técnicas,
instituições governamentais ou pesquisa acadêmica. Como exemplos, têm-se o índice de
Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, estabelecido pela ONU, e o número de
leitos/habitante, estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.
A determinação dos graus, quando se tratou de valores numéricos, foi considerada a partir das
médias aritméticas, atribuída ao valor central o grau médio, permitindo definir os demais
graus com a variação que ocorre no entorno deste valor. Entretanto, quando se verificou que
houve uma concentração muito grande dos valores em uma única classe, optou-se por aplicar
nova redistribuição dos valores, objetivando maior espalhamento dos dados nas classes
existentes.
Desta forma, para a definição dos graus de sensibilidade para cada variável fez-se recurso a
parâmetros:
• Regional: utilização de escala de valores que a variável apresenta na região
amazônica, conforme dados gerados no Diagnóstico Socioambiental;
• Nacional: as referências utilizadas foram aquelas adotadas pelo IBGE, MS, MMA, etc;

Hydros
EP518.RE.JR204 45

• Científico: as referências utilizadas foram aquelas de natureza científica, pesquisas


acadêmicas, etc.
• Bacia: utilização de escala de valores que a variável apresenta na bacia, conforme
dados levantados no Diagnóstico Socioambiental. Neste caso, a distribuição dos dados
de uma dada variável foi feita a partir da média dos valores levantados para a bacia.
Esse valor médio foi considerado como grau médio, e os demais valores foram
distribuídos em Classes de Avaliação proporcionais em grau baixo ou muito baixo,
refletindo sensibilidades menores que a média, e grau alto e muito alto, refletindo
sensibilidades mais altas que a média.
Os Graus de Sensibilidade de uma Variável j cujo parâmetro é a bacia, tiveram as Classes de
Avaliação conforme apresentado no Quadro 4.1.2-3.

Quadro 4.1.2-3 – Composição de Graus de Sensibilidade para cada Tipo de Variável

Grau Grau
Variável Classes de Avaliação Parâmetro
Qualitativo Numérico

Muito
1 Sensibilidade muito baixa
Baixo
Baixo 2 Sensibilidade baixa
Variável j Bacia
Médio 3 Sensibilidade média
Alto 4 Sensibilidade alta

Muito Alto 5 Sensibilidade muito alta

A partir da determinação consensual dos pesos e dos graus de sensibilidade de cada Variável,
foi formado o banco de dados em SIG, que permitiu gerar os mapas correspondentes a cada
Indicador de Sensibilidade por tema–síntese. Estes mapas foram objeto de análise criteriosa
por parte da equipe técnica multidisciplinar, com o intuito de dirimir possíveis inconsistências
nos indicadores de sensibilidade e realizar a reponderação dos valores aplicados às variáveis
quando fosse necessário.
Após este processo, os mapas dos indicadores de sensibilidade foram agregados e sobrepostos
em Mapas de Sensibilidade Integrada dos temas-síntese definidos para a bacia. Esta agregação
foi realizada através de ponderação e posterior soma dos valores de sensibilidade de cada
indicador, visando representar sua importância relativa dentro do tema-síntese. Novamente, os
mapas resultantes foram alvo de uma análise criteriosa por parte da equipe técnica para
checagem de possíveis inconsistências.

4.1.3 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL POR TEMA E POR SUBÁREA

De acordo com a modelagem proposta, neste item são apresentadas as planilhas contendo os
Indicadores de Sensibilidade Ambiental selecionados por Tema-síntese, as Variáveis
correspondentes, os Pesos correspondentes a cada Variável e os Graus de Sensibilidade
adotados em cada Variável, bem como os Parâmetros adotados para definição dos Graus.

Hydros
EP518.RE.JR204 46

Ainda, a análise considerou dois tipos de indicadores, os que avaliavam a sensibilidade


positiva e a negativa. Entendeu-se que a sensibilidade socioambiental positiva se refere
basicamente à sensibilidade socioeconômica, pois a socioeconomia é a única que apresenta
sensibilidade negativa e positiva, enquanto os demais temas-síntese apresentam somente
sensibilidade negativa. Os Indicadores de Sensibilidade selecionados por tema-síntese são
apresentados no quadro a seguir:

Quadro 4.1.3-1 – Indicadores de Sensibilidade Ambiental por Temas-síntese da Bacia do


Rio Jari

Temas-síntese Indicadores de Sensibilidade Ambiental –ISA Peso


Recursos Hídricos e ISA 1 Sensibilidade da Qualidade da Água 0,40
Ecossistemas Aquáticos
ISA 2 Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos 0,60
Meio Físico e ISA 3 Sensibilidade Geológica 0,15
Ecossistemas Terrestres
ISA 4 Sensibilidade à Erosão do Solo 0,35
ISA 5 Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres 0,50
Socioeconomia ISA 6 Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida 0,40
ISA 7 Sensibilidade Negativa da Organização Territorial 0,20
ISA 8 Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional 0,15
ISA 9 Sensibilidade Negativa da Base Econômica 0,25
ISA 10 Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos 0,60
Naturais
ISA 11 Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira 0,40
pelo Setor Elétrico
Populações Indígenas ISA 12 Sensibilidade das Condições Etnoecológicas 0,55
ISA 13 Sensibilidade da Integridade Sociopolítica 0,45

As matrizes de cada um destes Indicadores de Sensibilidade Ambiental, com suas Variáveis,


Pesos e Graus, estão apresentadas por tema-síntese nos itens a seguir.

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4.1.3.1 Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

A bacia do rio Jari apresenta alto grau de conservação em quase sua totalidade. Isto se deve à
dificuldade de acesso e à instituição de áreas legalmente protegidas, como Terras Indígenas e
Unidades de Conservação, em grande parte do seu território. A porção norte da bacia destaca-
se pelo altíssimo grau de conservação, havendo inclusive registros de ocorrência de espécies
de vertebrados aquáticos sensíveis à ocupação antrópica e com algum grau de ameaça de
extinção.
Os rios são considerados de águas claras, com presença de igapós especialmente no médio e
baixo curso do rio Jari. Este tipo de vegetação marginal, típica de rios de águas claras e pretas,
possui grande importância biológica na manutenção dos ecossistemas aquáticos da região,
uma vez que rios com tais características são pobres em fito e zooplâncton, sendo as árvores
da mata alagável as fornecedoras da maioria dos alimentos dos animais aquáticos
(BARRELLA et al., 2000).
A abundância de cachoeiras e corredeiras é notável, sendo esta característica uma das causas
da baixa ocupação da bacia. Dentre as cachoeiras, destacam-se a cachoeira Santo Antônio,
localizada ao sul da bacia e a cachoeira Macaquara, localizada em região mais ao norte na
bacia. A qualidade da água na bacia como um todo varia de ótima a boa, apresentando alguns
sinais de contaminação apenas nas proximidades do núcleo urbano de Laranjal do Jari, apesar
de o nível da qualidade da água do seu entorno ainda ser considerado bom.

4.1.3.1.1 Seleção dos Indicadores de Sensibilidade

O Tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos apresenta dois Indicadores de


Sensibilidade Ambiental, a Sensibilidade da Qualidade da Água e a Sensibilidade dos
Ecossistemas Aquáticos.

a) Sensibilidade da Qualidade da Água

A matriz do Indicador de Sensibilidade da Qualidade da Água, com suas Variáveis, Pesos e


Graus, está apresentada na tabela a seguir:

Hydros
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Tabela 4.1.3.1.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da Qualidade da Água
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DA QUALIDADE DA ÁGUA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Aldeias indígenas
2 Vilas, núcleos, povoados e outras localidades
IBGE/SIVAM,
Efluentes 0,6 3 Entorno de áreas urbanizadas (raio de 5 km) Bacia
2004
4 -
5 Áreas Urbanizadas
1 -
2 -
IBGE/SIVAM,
Uso do Solo 0,4 3 Pecuária e agricultura de subsistência Bacia
2004
4 Silvicultura de eucaliptos
5 Áreas Urbanizadas

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É importante salientar que, para uma análise de sensibilidade da qualidade da água,


considerou-se que a resistência do sistema é menor quanto mais alterada a sua qualidade. Isso
ocorre porque um curso d’água já alterado apresenta maior probabilidade de sofrer
eutrofização diante da formação de um reservatório. Nesse sentido, para a determinação dos
graus de sensibilidade das variáveis, foram consideradas mais sensíveis as áreas submetidas às
maiores perturbações, tendo sido atribuído o grau 5, e menos sensíveis as áreas submetidas às
menores perturbações, tendo atribuído o grau 1. As variações de perturbações correspondentes
a cada grau de sensibilidade estão descritas na coluna de Classes de Avaliação.
A variável de sensibilidade “Efluentes” reflete a influência da ocupação humana na qualidade
da água. Nesta variável, a influência foi estimada a partir do adensamento humano, sendo que
regiões com maior densidade populacional foram consideradas mais sensíveis que regiões
com menor densidade populacional. Tal análise não considerou apenas os núcleos
populacionais, mas também as áreas ao redor, considerando um raio de influência variável em
função do tamanho da localidade/população.
Outro fator considerado de interferência na qualidade da água na bacia do rio Jari são os usos
do solo existentes no entorno dos corpos d’água. Os usos para a agropecuária, por exemplo,
são fontes de poluição difusa que interferem nas cargas de fósforo e nitrogênio local. Destaca-
se que na bacia do rio Jari, a agricultura é basicamente de subsistência, inexistindo, portanto,
o uso intensivo do solo pela agricultura comercial. Desta forma, considerou-se que as áreas
sensíveis seriam somente aquelas que efetivamente estivessem adjacentes ao uso do solo
considerado, muito embora se saiba que há dissipação da poluição ao longo dos corpos
d’água.

b) Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos

A matriz do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos, com suas Variáveis,


Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 50

Tabela 4.1.3.1.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Área de preservação permanente em área urbana/urbanizada
2 -
Entorno dos Corpos IBGE/SIVAM, Área de preservação permanente em regiões de pastagens, lavoura e
0,7 3 Bacia
D’Água 2004 vegetação secundária
Área de preservação permanente ao longo de rios em regiões de
4
vegetação natural
5 Área de preservação permanente em nascentes e ilha fluvial
Áreas sem comprovação de ocorrência de espécies endêmicas,
1
IUCN, 2009; migratórias ou em risco de extinção
Espécies Endêmicas, BERNARD, 2 -
Migratórias ou em Risco 0,3 2008; 3 - Existência
de Extinção NOGUEIRA, 4 -
2010
Áreas de ocorrência de espécies endêmicas, migratórias ou em risco de
5
extinção

Hydros
EP518.RE.JR204 51

Para a análise da sensibilidade na variável “Entorno do Corpos D’Água” foram considerados


a cobertura vegetal e o uso do solo existentes ao longo dos corpos d’água, dentro dos limites
das áreas de preservação permanente - APP (a estimativa de APP de rios baseou-se na
hierarquia fluvial, que reflete indiretamente o porte hídrico de cada corpo d’água). A
sensibilidade das áreas foi definida em função da relevância do ecossistema de entorno, sendo
indicadas como áreas mais sensíveis aquelas cuja vegetação é nativa, e menos sensível quanto
mais alterado é o ambiente no entorno. Foi utilizado este artifício porque a escala dos mapas
disponíveis não permite avaliação do estado de preservação da vegetação marginal. Portanto,
se considerou que a vegetação marginal próxima a áreas antropizadas apresenta algum grau de
degradação, resultando em flora e fauna já alteradas, em relação à vegetação marginal com
cobertura nativa no entorno. Perante uma ação antrópica, a perda de espécies da vegetação
marginal em área com cobertura nativa seria maior, perspectiva que foi utilizada para refletir
maior sensibilidade. Ainda, considerou-se que cabeceiras e ilhas fluviais apresentam uma
sensibilidade ainda maior, recebendo, portanto, o grau de sensibilidade máximo (Muito Alto).
Em “Espécies endêmicas, migratórias ou em risco de extinção” foram representadas as áreas
de considerável comprovação de ocorrência das espécies endêmicas, migratórias ou em
ameaça de extinção, de acordo com o que foi apresentado no Diagnóstico Socioambiental do
Inventário Hidrelétrico. Esta área refere-se a toda área de drenagem da cachoeira Macaquara,
é quase coincidente com os limites do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, e inclui
uma remota área em que foi realizado um inventário biológico rápido. Além disso, foram
consideradas as áreas associadas à ocorrência de algumas espécies de peixes com distribuição
restrita, assim como as prováveis áreas de ocorrência de demais vertebrados aquáticos que
apresentam algum grau de ameaça de extinção. As demais áreas na bacia, apesar de não
apresentarem maior grau de comprovação de ocorrência de espécies endêmicas, migratórias
ou com algum risco de extinção, foram consideradas propícias à existência destas espécies,
sendo então consideradas sensíveis, mesmo que classificadas como de muito baixa
sensibilidade. Deve-se ressaltar, no entanto, a dificuldade relacionada à espacialização da
distribuição destas espécies na bacia, pois grande parte das informações são sucintas e apenas
descritivas. Por outro lado, entende-se que a análise dos ecossistemas de entorno
complementa, em parte, a distribuição destas espécies.
Na integração destas duas variáveis para obter o indicador dos Ecossistemas Aquáticos, a
variável “Entorno do Corpos D’Água” recebeu maior ponderação por refletir o grau de
preservação dos ecossistemas, o que assegura a sobrevivência do maior número de espécies.

4.1.3.1.2 Avaliação da Sensibilidade

Para a avaliação de sensibilidade integrada dos recursos hídricos e ecossistemas aquáticos,


primeiramente todas as respectivas variáveis foram reunidas no mapa de sensibilidade de
Qualidade da Água e no dos Ecossistemas Aquáticos (apresentados no Anexo 4). Estes, por
sua vez, foram combinados em um Mapa Integrado da Sensibilidade dos Recursos Hídricos e
Ecossistemas Aquáticos, apresentado na figura a seguir.

Hydros
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54°W 52°W

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IIIP Laranjal do Jari
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Subáreas - Ecossistemas Aquáticos


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P Sedes Municipais

Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 4.1.3.1.2-1 – Mapa de Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas


Aquáticos

Hydros
EP518.RE.JR204 53

Quadro 4.1.3.1.2-1 – Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por


Subárea

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade baixa na maior parte da subárea, principalmente pela ausência de
ocupação antrópica na região, muito embora haja registros de ocorrência de espécies
I endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Sensibilidade média principalmente ao longo
do rio Jari

Sensibilidade muito baixa na subárea como um todo principalmente pela ausência de


II ocupação antrópica na região. Sensibilidade média principalmente ao longo do rio Jari e
alta onde há ilhas fluviais
Sensibilidade muito baixa na subárea como um todo principalmente pela baixa
ocupação antrópica na região. Observa-se o aumento da sensibilidade onde há ocupação
antrópica (silvicultura de eucaliptos, lavouras, pecuária) ou onde há ocorrência de
III
espécies de peixes com distribuição restrita. Sensibilidade média principalmente ao
longo do rio Jari, e sensibilidade alta principalmente nos trechos do rio Jari mais
próximos das áreas urbanas

Hydros
EP518.RE.JR204 54

4.1.3.2 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta-se como parte integrante da matriz florestal
amazônica, que, em função da relativa homogeneidade do substrato apresenta um continuum
florestal de grande expressão territorial. A reduzida acessibilidade no território da bacia faz
com que haja baixa ocupação antrópica e, consequentemente, alto grau de preservação. Essas
características condicionam elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas,
tanto da flora quanto da fauna.
A bacia conta com consideráveis extensões de áreas legalmente protegidas, constituídas por
seis Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, que, juntas, ocupam a bacia quase na
sua totalidade. A porção sul é a uma exceção, onde praticamente não há áreas protegidas,
porém, em função da sua importância biológica, também é considerada prioritária para a
conservação da biodiversidade.
Desse modo, as porções norte e central da bacia abarcam um patrimônio biológico bem
preservado. No entanto ainda é muito pouco conhecido do ponto de vista científico. Ao sul,
nos setores mais rebaixados da bacia hidrográfica, em função das variações geológicas,
geomorfológicas e pedológicas, ocorrem diferentes formações vegetais e zonas de transição
entre elas. A esse mosaico natural se sobrepõem extensas áreas de reflorestamento de
eucalipto, bem como a presença de núcleos urbanos, contrastando com as composições e
estruturas complexas e diversificadas da floresta ombrófila.

4.1.3.2.1 Seleção dos Indicadores de Sensibilidade

O Tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres apresenta três Indicadores de


Sensibilidade Ambiental: a Sensibilidade Geológica, a Sensibilidade à Erosão do Solo e a
Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres.

a) Sensibilidade Geológica

A matriz do Indicador de Sensibilidade Geológica, com suas Variáveis, Pesos e Graus, está
apresentada na tabela a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 55

Tabela 4.1.3.2.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Geológica


INDICADOR DE SENSIBILIDADE GEOLÓGICA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Muito baixa Bacia
2 Baixa
Áreas suscetíveis a
0,3 IBGE, 2004 3 Média
instabilização de maciços
4 Alta
5 Muito alta
1 - Bacia
Compartimento do Embasamento Cristalino Pré-Cambriano (Suíte Intrusiva
Água Branca, Complexo Guianense, Complexo Tumucumaque, Complexo
Jari-Guaribas, Complexo Ananaí, Suíte Intrusiva Carecuru, Suíte Intrusiva
Igarapé Careta, Complexo Iratapuru, Complexo Bacuri, Alcalinas
Mapari/Maraconaí, Alaskito Urucupatá, Suíte Intrusiva Urucu, Suíte Intrusiva
2 Mapuera, Suíte Intrusiva Falsino, Granito Waiãpi, Supergrupo Uatumã);
Compartimento da Bacia Sedimentar Paleozóica (Grupo Trombetas, Formação
Recursos minerais 0,4 IBGE, 2004 Ererê, Formação Maecuru, Grupo Curuá, Diabásio Penatecaua);
Compartimento das Rochas Sedimentares Semiconsolidadas e Depósitos
Recentes (Formação Alter do Chão, Cobertura Detrito-Laterítica, Grupo
Barreiras, Terraços Holocênicos, Aluviões Holocênicos)
3 -
Compartimento do Embasamento Cristalino Pré-Cambriano (Grupo Vila
4
Nova, Grupo Ipitinga, Grupo São Lourenço)
5 -
1 Domínio das Rochas Vulcânicas/Cristalinas Nacional
2 Domínio das Rochas Metassedimentares/Metavulcânicas
Hidrogeologia 0,1 CPRM, 2007 3 Domínio Poroso-fissural
4 Domínio das Bacias Sedimentares
5 Domínio das Formações Cenozóicas

Hydros
EP518.RE.JR204 56

A análise de sensibilidade geológica considerou, na escolha das variáveis, aspectos


relacionados à susceptibilidade a alterações. Os pesos foram considerados em função do
potencial que cada variável possui na alteração do meio físico, tal como apresentado a seguir.
As áreas suscetíveis à instabilização de maciços rochosos ou terrosos foram obtidas através do
cruzamento dos dados geológicos e geomorfológicos. Estes dados, da mesma maneira que as
Variáveis, foram classificados em graus de 1 a 5 e cruzados entre si, gerando então a Variável
“Áreas suscetíveis a instabilização de maciços”. As unidades receberam as seguintes
classificações:

Tabela 4.1.3.2.1-2 – Dados Geológicos e Geomorfológicos que Compõem a Variável


“Áreas Suscetíveis a Instabilização de Maciços”
VARIÁVEL “ÁREAS SUSCETÍVEIS A INSTABILIZAÇÃO DE MACIÇOS
Dados Peso Grau Classes
1 Cobertura Detrito-Laterítica,
Alaskito Urucupatá, Alcalinas Mapari/Maraconaí,
Aluviões Holocênicos, Granito Waiãpi, Grupo Barreiras,
2 Suíte Intrusiva Carecuru, Suíte Intrusiva Falsino, Suíte
Intrusiva Igarapé Careta, Suíte Intrusiva Mapuera, Suíte
Intrusiva Urucu
Geológico 0,5 Complexo Ananaí, Complexo Bacuri, Complexo
Guianense, Complexo Iratapuru, Complexo Jari-
Guaribas, Diabásio Penatecaua, Formação Alter do
3
Chão, Formação Ererê, Formação Maecuru, Grupo
Curuá, Grupo Trombetas, Suíte Intrusiva Água Branca,
Supergrupo Uatumã
4 Complexo Tumucumaque, Terraços Holocênicos
5 Grupo Ipitinga, Grupo Lourenço, Grupo Vila Nova
Depressão Periférica da Amazônia Setentrional, Planície
1
Amazônica
2 -
Geomorfológico 0,5
3 Planalto do Uatumã-Jari, Planaltos Residuais do Amapá
4 Colinas do Amapá
5 Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Amazonas

A análise tratada desta maneira permitiu identificar os diferentes graus de sensibilidade


associados às formações geológicas e geomorfológicas, aqui tratadas como as áreas
suscetíveis à instabilização de maciços rochosos ou terrosos.
Quanto aos Recursos Minerais, sua exploração pode ocasionar a degradação dos solos em
consequência da retirada de material. Pelo fato de existirem poucos registros minerais na
bacia, a ocorrência de minerais foi estimada em função dos grupos geológicos existentes.
Por fim, a hidrogeologia considerou os aspectos relacionados às diferentes estruturas de
sistemas de aqüíferos e sua consequente sensibilidade à poluição, sendo que quanto maior a
porosidade, maior sua permeabilidade aos poluentes.

Hydros
EP518.RE.JR204 57

b) Sensibilidade à Erosão do Solo

A matriz do Indicador de Sensibilidade à Erosão do Solo, com suas Variáveis, Pesos e Graus,
está apresentada na tabela a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 58

Tabela 4.1.3.2.1-3 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à Erosão do Solo
INDICADOR DE SENSIBILIDADE À EROSÃO DO SOLO
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 até 50 m Bacia
2 -
Geomorfologia e
0,25 IBGE, 2004 3 50 a 100 m
entalhamento das drenagens
4 100 a 150 m
5 maior que 150 m
1 Latossolos Vermelho-Escuro Bacia
2 Latossolos Vermelho-Amarelo
Erodibilidade 0,25 IBGE, 2004 3 Latossolos Amarelo
4 Argissolos Vermelho-Amarelo e Gleissolo
5 Neossolos Litólicos
1 R até 409,1 Bacia
2 -
HYDROS,
Erosividade 0,25 3 R entre 409,1 e 478,4
2010
4 -
5 R acima de 478,4
1 Florestas Ombrófilas Bacia
2 Vegetação Secundária, Reflorestamento
Cobertura Vegetal e Uso do
0,25 IBGE, 2004 3 Áreas urbanas
Solo
4 Refúgios vegetacionais arbustivos, Formações Pioneiras
5 Lavouras e Pastagens

Hydros
EP518.RE.JR204 59

Este indicador buscou evidenciar a sensibilidade à erosão do solo através de um conjunto de


elementos físicos, a saber, Geomorfologia e entalhamento das drenagens; Erodibilidade;
Erosividade; Cobertura Vegetal e Uso do Solo. Para tanto, foi considerado mais sensível o
local onde há maior favorecimento à erosão do solo. Os pesos atribuídos a essas variáveis
foram os mesmos já que estas contribuem igualitariamente para a estabilidade ou não dos
solos.
Em relação à variável Geomorfologia e Entalhamento das Drenagens o que se buscou avaliar
foi o efeito da declividade e entalhamento do relevo quanto à estabilidade à erosão dos solos.
Quanto menor a declividade e o entalhamento, a área é menos suscetível à erosão, tendo sido
atribuído o grau 1 e quanto maior a declividade e o entalhamento, maior a suscetibilidade,
tendo sido atribuído o grau 5.
Já em relação à variável Erodibilidade, buscou-se verificar a susceptibilidade natural que os
solos apresentam em relação à erosão, levando-se em conta suas propriedades físicas e
químicas que condicionam o escoamento superficial difuso ou concentrado das águas
pluviais. Dessa forma, os Latossolos Vermelho-Amarelo possuem atributos físicos e químicos
que os tornam menos suscetíveis à erosão que os Argissolos que apresentam significativa
susceptibilidade. À classe Latossolos Vermelho-Amarelo foi atribuído grau 1 e a Litólicos,
Argissolo associado a Neossolo e Neossolos Quartzanêricos foi atribuído grau 5, sendo as
demais classes distribuídas nos graus intermediários.
Na variável Erosividade, foram avaliados os efeitos da chuva quanto à erosão dos solos,
obtidos através do fator R da equação universal de perda dos solos (SOARES FILHO;
CARMO; NOGUEIRA, 1998) que mede os efeitos da energia cinética causada pelas chuvas.
As áreas que apresentam menor erosividade, apresentam menor grau de sensibilidade à
erosão, e as áreas que apresentam maior erosividade, apresentam maior grau de sensibilidade
à erosão. No caso da bacia em questão foram identificadas 3 graus, de menor sensibilidade à
média sensibilidade à erosão.
Por fim, a variável Cobertura Vegetal e Uso do Solo avaliou o grau de proteção oferecido
pelos diferentes tipos de fisionomias e usos do solo em relação à chuva, cujos efeitos estão
associados diretamente ao potencial de erosão dos solos. As áreas que apresentam florestas
mais densas apresentam menor sensibilidade à erosão e as áreas antropizadas são mais
sensíveis à erosão.
Nas áreas urbanas, embora a cobertura vegetal possa existir, o excesso de pavimentação
acentua o escoamento superficial. Entretanto, existem infraestruturas que procuram minimizar
a erosão, como taludes, canalizações, entre outras. Desta forma, apesar de alto nível de
antropização, foi atribuído o grau 3.
O grau de sensibilidade 4 foi atribuído às áreas de refúgio vegetacional arbustivo e formações
pioneiras, por se tratarem de formações de alta susceptibilidade à erosão: os refúgios situam-
se em locais de elevada declividade e as formações pioneiras frequentemente estão sujeitas a
distúrbios naturais.
Finalmente, as áreas antropizadas cobertas por lavouras e pastagens foram consideradas como
as mais sensíveis (grau 5), pois considerou-se que nem sempre são adotadas as práticas
conservacionistas adequadas para minimizar as alterações no solo provocadas pela
implantação e manutenção destas atividades.

Hydros
EP518.RE.JR204 60

c) Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres

A matriz do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres, com suas Variáveis,


Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 61

Tabela 4.1.3.2.1-4 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 -
2 Área de amortecimento da UC de Uso Sustentável (10 km)
Unidades de
0,45 IBAMA, 2006 3 Área de amortecimento da UC de Proteção Integral (10 km) Nacional
Conservação
4 UC de Uso Sustentável
5 UC de Proteção Integral
1 -
Áreas Prioritárias para 2 Insuficientemente conhecida
Conservação da 0,15 PROBIO, 2007 3 Alta Nacional
Biodiversidade 4 Muito alta
5 Extremamente alta
1 -
2 Vegetação secundária
Integridade de Habitats
e Presença de Espécies 0,40 IBGE, 2004 3 Florestas Ombrófilas Abertas Regional
Endêmicas ou Raras Florestas Ombrófilas Densas, Contato Savana/Floresta Ombrófila e
4
Formações Pioneiras
5 Refúgios Vegetacionais

Hydros
EP518.RE.JR204 62

Na variável “Unidades de Conservação”, considerou-se primeiramente os objetivos básicos de


criação das UCs, segundo as categorias de UCs definidas pelo SNUC (Lei Federal Nº 9.985,
de 18 de julho de 2000). As UCs de Proteção Integral objetivam a preservação da natureza
considerando a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência
humana, enquanto as de Uso Sustentável o objetivo refere-se à compatibilização da
conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos seus recursos.
Por permitir apenas o uso indireto dos recursos naturais, as UCs de Proteção Integral
apresentam alto grau de conservação e, consequentemente, uma sensibilidade extremamente
alta da fauna e da flora. Nas UCs de Uso Sustentável, se considerou um grau de sensibilidade
menor, uma vez que permite a exploração de seus recursos.
Ainda foram consideradas as zonas de amortecimento das UCs, também em função da sua
categoria de proteção. Entretanto, uma vez que as UCs presentes na bacia não possuem
definidas suas respectivas zonas de amortecimento, foi considerada nesta AAI uma faixa de
entorno correspondente a 10 km.
As Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade, por sua vez, foram ordenadas
conforme a classificação da importância biológica definida pelo PROBIO. É importante
ressaltar que existe sobreposição parcial destas áreas com as Unidades de Conservação já
homologadas e que estas últimas receberão ponderação dupla neste indicador de
sensibilidade.
Para a ordenação de graus de sensibilidade da variável “Integridade de habitats e presença de
espécies endêmicas ou raras” foram consideradas a representatividade das formações
vegetacionais nativas na bacia, a relevância ecológica e o grau de antropização desses
habitats.
Por sua vez, a antropização desses ambientes exerce influência negativa sobre os ecossistemas
terrestres, pois a degradação ocasiona, entre outros impactos, decréscimo no número de
espécies. Assim, entende-se que um ambiente mais antropizado é menos preservado e,
portanto, menos sensível. Entretanto, em ambientes onde ainda existe certo grau de
conservação das suas características naturais, mas que apresentam vetores de antropização,
considerou-se maior sensibilidade. Neste contexto, foram consideradas não apenas as áreas
ocupadas, desmatadas ou alteradas pelas atividades humanas, mas também a presença de vias
de circulação e comunicação terrestres, que constituem frentes de futuras ocupações
antrópicas.
Desta maneira, os refúgios, por se constituírem ambientes de alta relevância ecológica, com
alto potencial para ocorrência de espécies endêmicas e raras, foram considerados os
ecossistemas com a maior sensibilidade para esta variável. Em seguida, atribuiu-se o grau 4 às
áreas de contato de Savana/Floresta Ombrófila, à Floresta Ombrófila Densa e às Formações
Pioneiras. As duas primeiras pela elevada diversidade e complexidade natural e a terceira
pelas características particulares que esses ambientes apresentam.

4.1.3.2.2 Avaliação da Sensibilidade

Todas as variáveis e indicadores foram reunidos em mapas de sensibilidade Geológica,


sensibilidade à Erosão do Solo e sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres (apresentados no
Anexo 4), que por sua vez foram combinados em um Mapa Integrado da Sensibilidade do
Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, apresentado na figura a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 63

³
54°W 52°W

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Amapá
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Legenda
III!P Laranjal do Jari
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Subáreas - Ecossistemas Terrestres


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P Sedes Municipais

Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 4.1.3.2.2-1 – Mapa de Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

Hydros
EP518.RE.JR204 64

Quadro 4.1.3.2.2-1 – Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por subárea

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade alta a muito alta nas áreas das Unidades de Conservação de Proteção
I Integral, de títulos minerários e de maior erodibilidade
Sensibilidade variando de média a alta. Área de Unidades de Conservação de Uso
II Sustentável. Alta sensibilidade na porção oeste devido à presença de Unidade de
Conservação de Proteção Integral, de recursos minerais e alta erodibilidade
Sensibilidade variando de média a alta. Região antropizada, de reflorestamento, porém
III com alta sensibilidade geológica, principalmente na porção norte, e alta erodibilidade
na porção sul

Hydros
EP518.RE.JR204 65

4.1.3.3 Socioeconomia

Atualmente, a bacia apresenta pequena ocupação antrópica e baixa densidade populacional, se


comparada a sua grande extensão. Já que grande parte da bacia é protegida legalmente (TIs e
UCs, localizadas nas porções norte e central da bacia), a população concentra-se na porção
sul, na planície do rio Amazonas. Ela vive em localidades urbanas e rurais, situadas ao longo
do rio Jari e de seus afluentes, sendo conectadas por estradas vicinais e por cursos d’água.
Predomina na bacia a população urbana, cerca de 75%, concentrada em sedes municipais e no
distrito industrial de Monte Dourado/Munguba. Dentre os municípios, destaca-se Laranjal do
Jari cuja sede concentra cerca de 65% da população da bacia.
Dentre os 4 municípios que integram a bacia, Almeirim que abriga o distrito industrial de
Monte Dourado e a empresa Jari Celulose, concentra as atividades terciárias diversificadas e
industriais, (estas últimas utilizam alto nível tecnológico e alto grau de capitalização),
representando cerca de 70% do PIB da bacia. Essas atividades são desenvolvidas também nas
áreas urbanas das sedes municipais de Laranjal do Jari-AP e de Vitória do Jari-AP, embora de
forma bastante incipiente quando comparada com a dos distritos industriais planejados.
Com relação às condições de vida da população, a média do IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) dos municípios amapaenses e paraenses na bacia é menor que a média do IDH do
Brasil. Esta situação reflete a precariedade da infraestrutura urbana, das estradas, do
saneamento, da educação e da energia, principalmente no lado amapaense, onde se destacam
os “favelões fluviais” conhecidos como “Beiradão” (em Laranjal do Jari) e “Beiradinho” (em
Vitória do Jari-AP).
Além das atividades desenvolvidas pela Jarí Celulose, que tem a grande parte da produção
voltada ao comercio exterior, nas áreas rurais encontram-se várias comunidades de pequenos
produtores, distribuídas tanto no lado paraense, como no lado amapaense. São
predominantemente atividades rurais de subsistência e pecuária, embora existam alguns
estabelecimentos voltados para a comercialização da produção. Outra atividade existente é o
extrativismo sazonal voltado para subsistência. No lado paraense da bacia, verifica-se
conflitos fundiários entre pequenos produtores rurais e a empresa Jari Celulose.
Registra-se, além disso, a presença de comunidades ribeirinhas, que vivem em Unidades de
Conservação de Uso Sustentável, desenvolvendo extrativismo sazonal (castanha, açaí, buriti)
voltado para a comercialização, através da formação de cooperativas.

4.1.3.3.1 Seleção dos Indicadores de Sensibilidade Negativa

O Tema-síntese Socioeconomia apresenta quatro Indicadores de Sensibilidade Socioambiental


Negativa a seguir discriminados: Modos de Vida, Organização Territorial, Pressão
Populacional e Base Econômica.

Hydros
EP518.RE.JR204 66

a) Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida

Para avaliar a sensibilidade negativa dos Modos de Vida da população da bacia do rio Jari,
foram selecionadas as variáveis6 de maior expressão. Vale ressaltar que os dados referentes à
população indígena foram abordados em item específico, sendo portanto retiradas as Terras
Indígenas dos mapas de Modos de Vida.
As variáveis estão apresentadas na matriz do Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos
de Vida, com seus Pesos e Graus, na tabela a seguir:

6
As variáveis selecionadas são as variáveis utilizadas na Avaliação Socioambiental dos estudos de Inventário
Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.

Hydros
EP518.RE.JR204 67

Tabela 4.1.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DOS MODOS DE VIDA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0,80 a 1,00
Atlas do 2 0,71 a 0,80
Desenvolvimento
IDH-M 0,15 3 0,61 a 0,70 Bacia
Humano do Brasil
(2000) 4 0,51 a 0,60
5 0,00 a 0,50
1 0 a 300 habitantes
2 301 a 1.000 habitantes
População* 0,25 IBGE, 2007 3 1.000 a 5.000 habitantes Bacia
4 5.000 a 10.000 habitantes
5 10.000 a 50.000 habitantes
1 0 a 100 hab/km²
2 101 a 500 hab/km²
Densidade Populacional** 0,10 IBGE, 2007 3 501 a 1.500 hab/km² Bacia
4 1.501 a 2.000 hab/km²
5 2.001 a 2.500 hab/km²
IBGE (2003); 1 Presença Incipiente de Comunidades Ribeirinhas
GERCO/AP 2 -
Presença de Comunidades
0,50 (2005); 3 - Bacia
Ribeirinhas
GEA/SETEC/ 4 -
IEPA (2004)
5 Presença de Comunidades Ribeirinhas
* Os dados sobre a população foram retirados dos setores censitários, por município.
** A densidade populacional foi calculada através da relação entre a população e a área do setor censitário

Hydros
EP518.RE.JR204 68

O IDH foi adotado como variável em razão de constituir-se como indicador consagrado para
avaliação de desempenho social e do seu respaldo junto à comunidade científica e à opinião
pública internacionais. Ele foi utilizado para subsidiar a diferenciação dos municípios quanto
ao seu grau de sensibilidade nas condições de vida, tendo em vista o parâmetro estabelecido
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD7.
Para avaliar a sensibilidade em relação ao IDH, em cinco graus, os intervalos adotados foram
baseados nas classes de IDH estabelecidos pelo PNUD.
Outra variável selecionada refere-se à população, rural e urbana. A partir da população média
da bacia, foram distribuídos graus médio, baixo e alto que correspondem à média estabelecida
pelo PNUD, de modo a permitir a diferenciação de um município a outro. Os valores aquém
ou além da média estabelecida pelo PNUD foram enquadrados nos graus muito baixo ou
muito alto. A população inserida na bacia foi calculada através dos setores censitários,
proporcionalmente à área dos setores inseridos na bacia. No entanto, foram excluídas desta
contagem as áreas de Terra Indígena.
Outra variável para avaliação da sensibilidade dos modos de vida é a “Densidade
Populacional”, que indica onde a população está concentrada na bacia. Essa variável, assim
como a variável “População”, foi calculada através dos setores censitários, e os graus variam
de 1 a 5 conforme os intervalos apresentados na tabela anterior.
Entre as populações presentes na bacia, outra variável considerada importante foi a
identificação de comunidades locais tradicionais, anteriores à instalação do projeto Jari
Celulose, constituídas por ribeirinhos. Do ponto de vista dos modos de vida, esses grupos são
vulneráveis a intervenções externas e, portanto, mais sensíveis, em razão das condições de
vida precárias e da relativa ausência do poder público.
O critério para verificar a sensibilidade da bacia foi considerar grau 1 para os setores
censitários que apresentam incipiência ou nenhuma comunidade tradicional, ou para os quais
não existam dados, e grau 5 para aqueles que apresentam comunidades ribeirinhas.

7
De acordo com o PNUD, são considerados como de baixo desenvolvimento humano, os municípios que têm
seu IDH-M situado no intervalo de 0,0 a menos de 0,5; como médio desenvolvimento humano aqueles que têm o
IDH-M situado no intervalo entre 0,5 a menos de 0,8 e como alto desenvolvimento humano, os que se situam no
intervalo entre 0,8 e 1,0.

Hydros
EP518.RE.JR204 69

b) Sensibilidade Negativa da Organização Territorial

A matriz do Indicador de Sensibilidade Negativa da Organização Territorial, com suas


Variáveis, Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 70

Tabela 4.1.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Organização Territorial

INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL


Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Trechos fluviais navegáveis (buffer 350 m)
IBGE, 2003; 2 Entorno de ramais (buffer 150 m)
GEA/SETEC/IEPA 3 Entorno de estradas locais (buffer 300 m)
Infraestrutura Viária 0,25 Bacia
2004 4 Entorno de ferrovias (buffer 500 m)
HYDROS, 2008
Entorno de hidrovias e de estradas de acesso a polos regionais fora da
5
bacia (buffer 750 m)
1
2 Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e Pecuária
IBGE, 2004; Produção madeireira e mineral / Culturas Cíclicas / Policultura
Usos do solo 0,35 3 Bacia
HYDROS, 2010 Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1 km)
1 Outras localidades (buffer 350 m)
2 Núcleo (buffer 500 m)
Graus de Centralidade 0,20 IBGE, 2003 3 Povoado (buffer 750 m) Científico
4 Vila (buffer 1 km)
5 Sedes municipais (centros locais) (buffer 2 km)
1 Áreas sem restrição para ocupação
IBAMA, 2006; 2 Áreas com zoneamento ambiental (Amapá e Pará)
Mecanismos de Gestão FUNAI; 2006;
0,20 3 Unidades de Conservação de Uso Sustentável (Amapá e Pará) Regional
Regional SECTAM, 2005;
IEPA, 2007 4 -
5 Terras Indígenas, Unidades de Conservação de Proteção Integral

Hydros
EP518.RE.JR204 71

Para este indicador de sensibilidade foram considerados os principais elementos


estruturadores da organização do território na bacia do rio Jari: os sistemas de circulação; as
formas de utilização do solo; grau de centralidade das localidades; e mecanismos de gestão
territorial.
A sensibilidade da “Infraestrutura Viária” foi representada pelo entorno das vias de
circulação, onde se considerou uma faixa circundante (buffer) cuja dimensão varia,
dependendo da função e da importância do elemento no conjunto viário da bacia. Foi
considerada mais sensível a via de circulação mais representativa, a hidrovia e estradas de
acesso a pólos regionais localizados fora da bacia, seguida das ferrovias, estradas locais,
ramais e trechos fluviais navegáveis.
Em relação às formas de utilização do solo, consideraram-se mais sensíveis as áreas
urbanizadas e seus entornos, seguidas de áreas de reflorestamento (de eucalipto) e produção
madeireira e mineral, de exploração florestal (uso sustentável da floresta nativa), de pastagens
(pecuária) e de agricultura (culturas cíclicas, policultura diversificada e vegetação
secundária).
Em relação ao nível de polarização das localidades existentes na bacia, consideraram-se os
graus de polarização segundo suas classes, sendo consideradas mais sensíveis as sedes
municipais e menos sensíveis as localidades sem classificação definida, conforme base
cartográfica do IBGE (2003).
Por fim, analisaram-se os “Mecanismos de gestão regional”, variável que considerou mais
sensíveis as áreas com maiores restrições à ocupação antrópica, as Unidades de Conservação
de Proteção Integral incluídas as Terras Indígenas, e menos sensíveis áreas para as quais
existem diretrizes de utilização do solo, definidas nos ZEEs – Zoneamentos Ecológico-
Econômicos federal (MacroZEE da Amazônia) e estaduais (MacroZEE do Pará e ZEE da
Região Sul do Amapá).

c) Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional

A matriz do Indicador de Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional, com suas


Variáveis, Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 72

Tabela 4.1.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA PRESSÃO POPULACIONAL
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0 a 100 hab/km2
2 101 a 500 hab/km2
Densidade Populacional 0,30 IBGE, 2007 3 501 a 1.500 hab/km2 Bacia
4 1.501 a 2.000 hab/km2
5 2.001 a 2.500 hab/km2
1 menor que 0,01
Crescimento Populacional (Taxa 2 0,01 a 1,00
IBGE,2007;
Anual de Crescimento 2000-2007 0,25 3 1,01 a 3,00 Bacia
IBGE, 2000
em %) 4 3,01 a 3,50
5 3,51 a 4,00
1 0 hab em área urbana
2 1 a 10.000 hab em área urbana
Taxa de Urbanização em hab 0,15 IBGE, 2007 3 10.001 a 20.000 hab em área urbana Bacia
4 20.001 a 40.000 hab em área urbana
5 40.001 a 50.000 hab em área urbana
1 Entorno de trecho fluvial navegável (buffer 500 m)
2 -
Proximidade de Infraestrutura IBGE, 2003; 3 Entorno de estradas locais e ramais (buffer 750 m)
0,30 Bacia
Viária HYDROS, 2010*
4 Entorno de ferrovias (buffer 500m)
Entorno de hidrovia e de estrada federal ou estadual
5
(buffer 2,0 km)
* Baseado na restituição aerofotogramétrica do Estudo de Inventário Hidrelétrico.

Hydros
EP518.RE.JR204 73

Neste indicador relativo à Pressão Populacional, foram selecionadas as variáveis mais


expressivas: densidade populacional, crescimento populacional, taxa de urbanização e
proximidade de infraestrutura viária. Quanto maior o valor destas variáveis, mais sensível será
a pressão populacional. As três primeiras variáveis foram representadas através de dados
numéricos, de modo a facilitar a classificação dos graus de sensibilidade. Para a variável
“Proximidade de Infraestrutura Viária” utilizaram-se dados qualitativos que foram
classificados em função do grau de importância que as vias de circulação apresentam na
região.
As variáveis “Densidade Populacional” e “Taxa de Urbanização” têm relação direta com a
demanda da população por serviços, bens e mercadorias, serviços públicos (hospitais, escolas,
equipamentos de lazer), comércio, entre outros. Portanto, considerou-se que quanto maior a
densidade populacional, mais sensível é o município correspondente em relação a um
município com menor densidade populacional. Da mesma forma, quanto maior a população
urbana, mais sensível o município correspondente em relação àquele com menor população de
urbana.
Ainda, essa demanda é maior quando o acesso às áreas urbanas, onde se concentram serviços
e comércio, é facilitado. A infraestrutura viária permite o acesso aos bens e serviços, mesmo
por núcleos populacionais pequenos ou comunidades rurais, desde que localizados próximos
às vias. As estradas federais por apresentarem importância nacional, ligando sedes municipais
e polos regionais, são mais sensíveis que vias locais que atendem as populações locais,
conforme conceito apresentado por Sondotécnica (2007).
Já a taxa de crescimento populacional corresponde à taxa de demanda por serviços, bens e
mercadorias. Quanto maior a taxa de crescimento populacional, maior é a demanda por bens e
serviços, na mesma proporção que a taxa de crescimento populacional. Portanto, quanto maior
a taxa de crescimento populacional, mais sensível é o município correspondente em relação
àquele com menor taxa de crescimento.

d) Sensibilidade Negativa da Base Econômica

Das variáveis adotadas para a mensuração de graus de Sensibilidade Negativa da Base


Econômica foram selecionadas aquelas mais relevantes8. A matriz do Indicador de
Sensibilidade Negativa da Base Econômica, com suas Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros,
está apresentada na tabela a seguir.

8
As variáveis selecionadas são as variáveis utilizadas na Avaliação Ambiental dos estudos de Inventário
Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.

Hydros
EP518.RE.JR204 74

Tabela 4.1.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Base Econômica
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA BASE ECONÔMICA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0 a 20 milhões
2 21 a 50 milhões
PIB Setor Primário Municipal
0,10 IBGE, 2007 3 51 a 150 milhões Bacia 1
(reais)
4 151 a 400 milhões
5 401 a 500 milhões
1 0 a 150 milhões
2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário
0,25 IBGE, 2005 3 301 a 600 milhões Bacia 1
(reais)
4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 Restrita
Grau de Aptidão Agrícola: das 2 ----
áreas não incluídas em TIs e UCs
0,10 IBGE, 2006 3 Regular Nacional
de Proteção Integral e área
utilizada pela Orsa Florestal 4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo
2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável
área de floresta nativa não 0,15 IBGE, 2006 3 Médio (área florestada na RDS) Bacia
incluídas em UCs de PI e TIs 4 Alto (área florestada na FLOTA)
Muito alto área florestada fora das UCs de Uso Sustentável (+ PA) –
5
Orsa Florestal
1 Material de uso na construção civil Nacional
Potencial Mineral: Áreas com 0,15 CPRM, 2004 2 Insumos para agricultura
potencial mineral 3 Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e semimetais
Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
4
minerais industriais
Hydros
EP518.RE.JR204 75

INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA BASE ECONÔMICA


Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
5 Metais nobres
1 Muito baixo
2 Baixo
Presença de Agricultura Familiar 0,10 IBGE, 2006 3 Médio Bacia
4 Alto
5 Muito alto
1 Culturas cíclicas / Policultura Diversificada + Vegetação Secundária
2 Pastagens / Pecuária
Uso do Solo 0,15 IBGE, 2006 3 Silvicultura (uso sustentável da floresta nativa) Bacia
4 Reflorestamento (eucalipto) / Produção madeireira e mineral
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1
Referente ao PIB dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari, em 2005, excetuando-se áreas de TIs e UCs de Proteção Integral;

Hydros
EP518.RE.JR204 76

Para as variáveis relacionadas aos PIBs do setor primário9 e dos setores secundário10 e
terciário atribuíram-se, respectivamente, os pesos 0,10 e 0,25, em função da
representatividade do PIB (MÜLLER, 1995). Desta forma, quanto maior a representatividade
e participação do PIB de um município no total da bacia, maior será a sensibilidade do
município em relação à outro de menor representatividade e participação no PIB total da
bacia. Para representação espacial dos PIBs, foram consideradas somente as áreas onde são
permitidas as atividades econômicas ou existe registro das mesmas, desconsiderando-se as
áreas de vegetações secundárias, refúgio florestal e formação pioneira.
À exceção de “Grau de Aptidão Agrícola (das áreas não incluídas em TIs e UCs de proteção
integral)”, para outras variáveis foram distribuídos os graus de sensibilidade de acordo com a
ocorrência dos valores desta variável na bacia. Seguindo o mesmo critério adotado nas duas
primeiras variáveis, à faixa de maior valor foi atribuído o grau 5 (maior sensibilidade) e à de
menor valor o grau 1 (menor sensibilidade). Os graus criados para a Aptidão Agrícola foram
de acordo com o nível de utilização e do grau de facilidade de manejo do solo para a
exploração agrícola, já adotados pelo IBGE (2006). Assim, os solos sem aptidão nenhuma
apresentam menor sensibilidade e aqueles com boa aptidão, a despeito da utilização de
tecnologias de médio e alto níveis, foram considerados como os de maior sensibilidade.
Para a variável “Potencial Florestal Sustentável” foram consideradas as áreas florestadas com
potencialidade para exploração sustentável de floresta, isto é, áreas florestadas excluídas as
áreas de proteção legal (TIs e UCs de Proteção Integral, onde é proibida a exploração e Orsa
Florestal, onde já ocorre a exploração Econômica). Os graus foram estabelecidos segundo a
disponibilidade de áreas de floresta nativa passíveis de exploração econômica sustentável
inseridas na bacia. Desta forma, a área florestada que apresenta a maior disponibilidade de
exploração, recebeu o grau maior, do que outro município com menor disponibilidade de
floresta e que recebeu grau 1 por apresentar menor sensibilidade.
Esse critério também foi adotado para a variável “Potencial Mineral”, conforme o banco de
dados da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, considerando-se a potencialidade real para
exploração mineral, isto é, contabilizando todos os locais excluídos os locais situados nas
áreas de proteção legal (UC de proteção integral e TI, onde a exploração é proibida). Os graus
foram estabelecidos segundo o valor comercial do minério existente. Desta forma, a presença
de metais nobres recebeu o grau 5, de maior sensibilidade, e a presença de minerais utilizáveis
na construção civil recebeu o grau 1, de menor sensibilidade.
Na variável “Presença de Agricultura Familiar” foram consideradas as áreas com atividades
de agricultura e pecuária de subsistência com ou sem excedente de produção voltado à
comercialização. Atribuiu-se o grau 5 às áreas com maior concentração de produtores rurais
associados com produção familiar e grau 1 às áreas com menor concentração de agricultura
familiar na bacia.

9
De acordo com Müller (1995), o sistema de produção primária compõe um processo dinâmico e quando é
atingido imediatamente pelo advento da formação do reservatório de uma usina hidrelétrica, as terras e
benfeitorias são desvalorizadas, interrompendo linhas de crédito e inibindo a criação de novos investimentos
tecnológicos, em tempos muito anteriores ao período de desapropriações efetivas de áreas atingidas.
10
“As unidades industriais situadas fora da área de inundação são indiretamente afetadas pelo reservatório
quando deixam de contar com produtos procedentes de áreas inundadas ou quando seu pessoal, residente na
bacia hidrográfica, foi relocado para outras regiões” e “O setor terciário é quem perceberá o maior impacto
indireto, notadamente quando a população rural por ele atendida for relocada” (MÜLLER, 1995).

Hydros
EP518.RE.JR204 77

Em relação aos usos predominantes na bacia adotou-se a variável “Uso do Solo” para
representar espacialmente a localização das principais atividades econômicas na bacia. Para
tanto, consideraram-se os usos do solo atuais de forma a possibilitar a avaliação da
sensibilidade, atribuindo-se peso 0,15 à variável.

4.1.3.3.2 Avaliação da Sensibilidade Negativa da Socioeconomia

Todos os indicadores com suas respectivas variáveis foram espacializados em mapas


temáticos, denominados mapas de sensibilidade de Modos de Vida, Organização Territorial,
Pressão Populacional e Base Econômica. Estes, por sua vez, foram reunidos em um mapa
único, denominado Mapa de Sensibilidade Negativa da Socioeconomia, apresentado na figura
a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 78

³
54°W 52°W

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Amapá

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IV P
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Legenda Laranjal do Jari


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Vitória do Jari
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Área de Drenagem
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Subáreas - Socioeconomia
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P Sedes Municipais

Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 4.1.3.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade Negativa da Socioeconomia

Hydros
EP518.RE.JR204 79

Quadro 4.1.3.3.2-1 – Sensibilidade Negativa da Socioeconomia por Subárea

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade muito baixa a baixa, por ser formada por terras indígenas (onde o uso dos
recursos naturais é destinado às populações indígenas) e unidades de conservação de
I
proteção integral (onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana,
admitindo apenas o uso indireto dos atributos naturais)
Sensibilidade baixa, por ser formada por unidades de conservação de uso sustentável,
onde o desenvolvimento de atividades é controlado (a exploração dos recursos naturais
II
deve garantir a perenidade dos mesmos, mantendo a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos de forma socialmente justa e economicamente viável)
Sensibilidade muito baixa, por ser formada por unidade de conservação de proteção
III integral (onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana, admitindo
apenas o uso indireto dos atributos naturais)
Sensibilidade predominantemente média, por ser área antrópica, contando com quase
IV todas as localidades e sedes municipais da bacia, diversidade de atividades
socioeconômicas, e infraestrutura de circulação e comunicação da bacia
Sensibilidade predominantemente média, mas mais baixa que a subárea anterior, por
conter localidades rurais, onde a população vive de pecuária e agricultura de
V
subsistência e sensibilidade baixa na várzea, onde é desenvolvida agricultura de
subsistência

4.1.3.3.3 Seleção dos Indicadores de Sensibilidade Positiva

A sensibilidade positiva foi definida a partir da análise das principais características quanto à
possibilidade de exploração e de expansão de atividades socioeconômicas no contexto da
bacia. Procurou-se identificar aqueles setores ou recursos socioeconômicos expressivos,
existentes na bacia, ainda não explorados ou subexplorados, que possam ser ativados ou
otimizados.
A seleção dos indicadores da sensibilidade positiva socioeconômica foi baseada na
caracterização socioambiental, em especial da estrutura socioeconômica e dos estudos de AAI
já desenvolvidos pela EPE em 2007, tendo resultado nos seguintes indicadores para a bacia do
rio Jari: a disponibilidade atual dos recursos naturais para exploração (CNEC-ARCADIS
TETRAPLAN, 2007) e a compensação financeira do setor elétrico (SONDOTÉCNICA,
2007).

a) Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos Naturais

A Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos Naturais visa avaliar as disponibilidades de


recursos naturais mais expressivos para exploração econômica, baseada nos resultados do
diagnóstico e caracterização da base econômica.

Hydros
EP518.RE.JR204 80

Estes acusaram como exploráveis a madeira, em função de extensas áreas de floresta nativa, o
minério, em função da presença expressiva de minérios de valor econômico ainda sob as
terras do Pará e Amapá, e a outra variável não menos importante que outras, as áreas passíveis
de serem utilizadas para atividades econômicas, em especial as agropecuárias.
A área passível de exploração econômica foi estabelecida como sendo a área da bacia
subtraída das áreas com proteção legal, onde o desenvolvimento de atividades econômicas é
proibido ou controlado. A matriz do Indicador de Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos
Naturais, com suas Variáveis, Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 81

Tabela 4.1.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos Naturais
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Restrita
2 ----
ITERAIMA,
Grau de Aptidão Agrícola 0,15 3 Regular Científico
2005
4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo
2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável
áreas de floresta nativa não 0,55 IBGE, 2006 3 Médio (área florestada da RDS) Bacia
incluídas em UCs de PI e TIs 4 Alto (área florestada da FLOTA)
Muito alto (área florestada sem ser das UCs + PA – Orsa
5
Florestal)
1 Material de uso na construção civil
2 Insumos para agricultura
Potencial mineral: áreas com Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e
0,30 CPRM, 2004 3 Nacional 1
potencial mineral semimetais
Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
4
minerais industriais
5 Metais nobres
1
Valor comercial relativo ao produto mineral.

Hydros
EP518.RE.JR204 82

Para cada variável utilizaram-se fontes de dados relacionados à sensibilidade positiva atual
dos recursos naturais existentes na bacia, referentes a recursos naturais disponíveis, mas não
utilizados total ou parcialmente, cujos atributos podem interagir com afluxos de capitais
produtivos/investimentos e desencadear ciclos de crescimento socioeconômico (CNEC-
ARCADIS TETRAPLAN, 2007).
Na variável “Grau de Aptidão Agrícola (das áreas não incluídas em TIs e UCs de Proteção
Integral)” foram distribuídos os graus de sensibilidade positiva segundo as condições físico-
químicas e topográficas que propiciam ou não a prática de agropecuária numa determinada
área. Adotou-se grau 5 para áreas aptas e grau 1 onde a potencialidade para o
desenvolvimento de atividade é menor. Os graus da Aptidão Agrícola foram estabelecidos
segundo os níveis tecnológicos possíveis para a utilização da terra, definidos pelo IBGE11.
Para a variável “Potencial Florestal Sustentável” foram consideradas as áreas de floresta
nativa com potencialidade para exploração sustentável de floresta, isto é, áreas florestadas
excluídas as áreas de proteção legal (TIs e UCs de Proteção Integral, onde é proibida a
exploração). Dessas áreas de floresta nativa prevê-se a possível exploração do potencial
econômico por meio de exploração florestal sustentável. Os graus foram estabelecidos
segundo a disponibilidade de áreas de floresta nativa passíveis de exploração econômica da
bacia. Desta forma, a área que apresenta a maior disponibilidade de área florestada passível de
exploração recebeu o grau maior do que a de menor disponibilidade e que recebeu grau de
menor sensibilidade.
Em relação ao Potencial Mineral, utilizou-se o banco de dados da CPRM – Serviço Geológico
do Brasil, para a determinação da potencialidade para exploração mineral, isto é,
contabilizando todos os locais excluindo-se os locais situados nas áreas protegidas (UC de
Proteção Integral e TIs). Os graus foram estabelecidos segundo o valor comercial dos
minérios cuja existência é indicada pelo CPRM.

b) Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico

A Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico visa avaliar o


montante que o(s) município(s) poderá(ão) receber em função da implantação do(s)
empreendimento(s) hidrelétrico(s). A matriz do Indicador de Sensibilidade Positiva à
Compensação Financeira pelo Setor Elétrico, com suas Variáveis, Pesos e Graus, está
apresentada na tabela a seguir:

11
Descrição com mais detalhes no Indicador de Sensibilidade Ambiental da Base Econômica da Socioeconomia.

Hydros
EP518.RE.JR204 83

Tabela 4.1.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor
Elétrico
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA À COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELO SETOR ELÉTRICO
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1
Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e
2
Pecuária
Uso do Solo 0,50 IBGE, 2006 Produção madeireira e mineral /Culturas Cíclicas / Policultura Bacia
3
Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1 0 a 150 milhões
2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário
0,30 IBGE, 2007 3 301 a 600 milhões Bacia 1
(reais)
4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 0,80 a 1,00
Atlas do 2 0,71 a 0,80
Desenvolvimento
IDH-M 0,20 3 0,61 a 0,70 Bacia
Humano do
Brasil (2000) 4 0,51 a 0,60
5 0 a 0,50
1
Referente ao PIB dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari 2005.

Hydros
EP518.RE.JR204 84

Para cada variável utilizou-se uma fonte de dados relacionados à Sensibilidade Positiva à
Compensação Financeira nos municípios integrantes da bacia, sendo utilizado o município
como unidade territorial para a espacialização das variáveis do indicador, excetuando-se as
áreas de TIs e de UCs de Proteção Integral. Estas variáveis representam a sensibilidade
positiva das economias locais ao acréscimo de arrecadação dos municípios decorrentes da
implantação dos empreendimentos hidrelétricos (SONDOTÉCNICA, 2007).
Em relação aos usos predominantes na bacia adotou-se a variável “Uso do Solo” que é a
representação espacial das principais atividades econômicas na bacia. Para tanto,
consideraram-se os usos do solo atuais.
Para a variável “PIB Setor Secundário e Terciário” foram considerados os PIBs do IBGE, por
município, agregando os setores secundário e terciário. As faixas foram criadas segundo os
valores dos PIBs atuais.
Finalmente, a variável “IDH-M” representa as condições de vida da população (IBGE). Os
graus foram estabelecidos adotando-se 5, ou seja, o maior, para municípios com IDH-M mais
baixo e grau 1, o menor, para municípios em que as condições de vida são melhores,
representadas por IDH-M maior, na bacia.

4.1.3.3.4 Avaliação da Sensibilidade Positiva

A avaliação da sensibilidade positiva foi realizada através da produção de mapas de cada


indicador de sensibilidade, que foram integrados num mapa único denominado Mapa de
Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia. A seguir é apresentado o mapa integrado dos
dois indicadores analisados.

Hydros
EP518.RE.JR204 85

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54°W 52°W

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Legenda Laranjal do Jari


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V
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Subáreas - Socioeconomia
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P Sedes Municipais

Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 4.1.3.3.4-1 – Mapa da Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia

Hydros
EP518.RE.JR204 86

Quadro 4.1.3.3.4-1 – Sensibilidade Positiva Atual da Socioeconomia por Subárea

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade muito baixa ou nula por tratar-se de unidades de conservação de proteção
I integral, onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana, admitindo
apenas o uso indireto dos atributos naturais
Sensibilidade positiva média e baixa, por tratar-se de unidades de conservação de uso
II sustentável onde a utilização dos recursos naturais é permitida de forma controlada (a
sensibilidade de área de mineração é alta, da FLOTA é média e RDS é baixa)
Sensibilidade muito baixa ou nula por tratar-se de unidade de conservação de proteção
III integral, onde os ecossistemas devem ser livres de interferência humana, admitindo
apenas o uso indireto dos atributos naturais
Sensibilidade baixa com concentração antrópica, com IDH médio, diversidade
IV
econômica e infraestrutura
Sensibilidade baixa por tratar-se de áreas de várzea, onde a economia é baseada na
V
subsistência, com IDH-M baixo

Hydros
EP518.RE.JR204 87

4.1.3.4 Populações Indígenas

A bacia em análise apresenta três Terras Indígenas: Waiãpi, Parque do Tumucumaque e Paru
d´Este. Os povos que vivem nestas terras têm seus modos de vida considerados como um dos
mais preservados em relação à maioria dos povos indígenas do país.
Na bacia em análise, estas TIs são circundadas por Unidades de Conservação, que funcionam
como um território de proteção à ocupação destas áreas e assim dificultam as possíveis
invasões de suas TIs por parte da população não indígena.
A TI Waiãpi tem 19 de suas 48 aldeias e cerca de 800 indivíduos na bacia. O território é
considerado de alta densidade, se comparado com outras TIs, localizadas na margem esquerda
do rio Amazonas. A demarcação das TIs e as assistências providas pela FUNAI e FUNASA,
em especial na área médico-sanitária, auxiliaram na promoção dos recentes crescimentos da
população.
Atualmente, estes povos são muito organizados e articulados com diversas entidades
associativas, em especial das organizações governamentais e não governamentais, nacionais e
internacionais, que dão apoio na defesa dos direitos e preservação da identidade indígena.
Mesmo no passado recente, o nível de conscientização dos seus direitos e da organização
social e política chegaram a barrar a passagem da BR 210, conhecida como a Perimetral
Norte, em suas terras.
A sobreposição ou a proximidade de Terras Indígenas com as áreas de potencial mineral e
madeireiro coexistindo com as condições precárias da população das regiões norte e nordeste
do país que buscam as melhores condições de vida nestas áreas ainda inexploradas são a fonte
geradora da maioria dos conflitos existentes na região da bacia. Na maioria das vezes estas
explorações ocorrem de forma clandestina e predatória, nas próprias terras indígenas ou nas
unidades de conservação que as circundam.
Entre os povos das três TIs, os Waiãpi são os que têm mais contato com a sociedade
envolvente. Os mais jovens, especialmente os homens, têm tido mais contato não só com
outros povos, mas também com não indígenas, ocorrendo como consequência algumas
alterações em seus valores. No entanto, ainda não há registro de alterações profundas que
demonstrem um rompimento com o povo a que pertencem. Estes jovens, por dominarem as
duas línguas e terem adquirido conhecimentos tanto indígena como não indígena, muitas
vezes se tornam professores e líderes de suas próprias aldeias, representando-as nas reuniões
interétinicas e nas reuniões com a sociedade envolvente. Mas seus valores caracterizadores
como povos indígenas ainda são preservados, como o hábito de ouvir os mais velhos, tidos
como os mais experientes, tornando-os conselheiros e dirigentes do povo indígena.

4.1.3.4.1 Seleção dos Indicadores de Sensibilidade

O Tema-síntese Populações Indígenas apresenta dois Indicadores de Sensibilidade


Socioambiental: a Sensibilidade das Condições Etnoecológicas e a Sensibilidade da

Hydros
EP518.RE.JR204 88

Integridade Sociopolítica, considerados mais relevantes para representar a sensibilidade da


População Indígena frente à implantação de um empreendimento hidrelétrico.12

a) Sensibilidade das Condições Etnoecológicas

A matriz do Indicador de Sensibilidade das Condições Etnoecológicas, com suas Variáveis,


Pesos e Graus está apresentada na Tabela 4.1.3.4.1-1 a seguir:

Tabela 4.1.3.4.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade


das Condições Etnoecológicas
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DAS CONDIÇÕES ETNOECOLÓGICAS
Variável Peso Fonte Grau Faixa de Valores Parâmetro
GALLOIS e 1 -
Áreas suscetíveis a GRUPIONI, 2 bacia fora das TIs
alterações ambientais 2003;
0,65 3 Bacia
e escassez de recursos BARBOSA e
naturais 4 TIs)
MORGADO,
2003 5
GALLOIS e 1 -
GRUPIONI, 0,064 hab/km2 (P.
2
Densidade 2003; Tumucumaque)
populacional (pressão 0,35 MORGADO, 0,083 hab/km2 (Paru Bacia
sobre recursos) 1994; 3
d´Éste)
FUNASA, 4 0,128 hab/km2 (Waiãpi)
2007
5

A sensibilidade das condições etnoecológicas é uma variável de alta relevância, considerando-


se a dependência da população indígena em relação aos recursos naturais, não só do ponto de
vista da sobrevivência material como espiritual, onde são encerrados valores culturais e
cosmológicos. A supressão dos recursos naturais, bem como as alterações resultantes dela,
especialmente no interior de seu território, interfere sobremaneira nos seus modos de vida,
que são baseados nos ciclos climáticos, razão pela qual existe a prática de perambulação e de
formação de pousios. Estes são formados em locais e épocas planejados, para permitir a
composição e recomposição dos recursos naturais, fundamentais para a manutenção dos seus
modos de vida. Em função do alto grau de dependência, as TIs receberam grau alto.
E as áreas externas às TIs, embora não sejam destinadas às populações indígenas, mas em
grande parte protegidas legalmente para a preservação da biodiversidade, com exploração
controlada, são suscetíveis à supressão e alteração de recursos naturais. Assim, elas podem,
mesmo que indiretamente, interferir na composição e recomposição dos recursos naturais no
interior das TIs. Como estas áreas não são destinadas ao uso da população indígena, pelo
menos do ponto de vista jurídico, mas protegidas legalmente, foram consideradas grau baixo.

12
Os indicadores e as variáveis selecionadas são as utilizadas nas Avaliações Ambientais dos estudos de
Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz
parte.

Hydros
EP518.RE.JR204 89

No caso de densidade, considerou-se que a população indígena necessita cerca de


0,13hab/km2 para garantir um mínimo de sobrevivência e a sustentabilidade da área13, tendo
sido considerada grau alto. Assim, as TIs foram distribuídas nos graus de sensibilidade de
acordo com sua a densidade populacional e quanto maior a densidade, maior a sensibilidade
da TI.

b) Sensibilidade da Integridade Sociopolítica

A matriz do Indicador de Sensibilidade da Integridade Sociopolítica, com suas Variáveis,


Pesos e Graus, está apresentada na tabela a seguir:

Tabela 4.1.3.4.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade


da Integridade Sociopolítica
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DA INTEGRIDADE SOCIOPOLÍTICA
Variável Peso Fonte Grau Faixa de Valores Parâmetro
FUNASA, 1 -
2007; TI Paru d´Éste e TI
Condições de Saúde GALLOIS e 2
Parque Tumucumaque -
(gravidade de 0,50 GRUPIONI, Bacia
3
problemas existentes) 2003;
4 TI Waiãpi
MORGADO,
1994 5
GALLOIS; 1 Buffer de 60 km da TI
GRUPIONI, 2 Buffer de 45 km da TI
Conflitos externos 0,30 2003; 3 Buffer de 30 km da TI Bacia
MORGADO, 4 Buffer de 15 km da TI
1994
5 Terra Indígena
GALLOIS e 1 -
Conflitos internos GRUPIONI, TI Paru d´Éste e TI
2
(entre líderes, 2003; Parque Tumucumaque -
0,20 Bacia
gerações, aldeias e BARBOSA e 3
povos) MORGADO, 4 TI Waiãpi
2003
5

A variável integridade sociopolítica indígena foi considerada de alta relevância, no que se


refere à manutenção da estrutura sócio-econômica e política, própria e autônoma. Embora os
graus possam variar de um povo a outro, de forma geral, esta variável foi considerada como
grau 4, isto é, de sensibilidade alta, por ser suscetível a outras culturas, que não as dos povos
indígenas.

13
Ministério da Saúde – Projeto Saúde Yanomami 1991 Brasília. Apesar de esta referência abordar uma etnia de
outra bacia hidrográfica, foi a única referência encontrada para indicar a sensibilidade em função da densidade
populacional, adotada para a bacia do rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 90

Considerando-se os povos entre si, no que se refere à variável Condições de Saúde, os Aparai
e Wayana, que vivem nas TIs localizadas a noroeste, são os que apresentam menor
sensibilidade quando comparados com os Waiãpi, que vivem na TI Waiãpi localizada a
nordeste, recebendo o grau 2.14. Os primeiros são menos suscetíveis às doenças que os
segundos, em função da inserção destes povos no interior da TI, e da assistência médica que
recebe da FUNASA. Os segundos apresentam uma densidade alta e a despeito de UCs no
entorno, estão mais sujeitos ao contato com as populações não indígenas, que são
transmissores de algumas doenças passíveis de morte potencialmente letais para a população
indígena.
Na variável Conflitos Externos, foram considerados buffers distintos, de acordo com a
distância em relação ao limite externo das TIs. Quanto maior a distância, menos sensíveis
estarão as populações indígenas aos conflitos externos. Quanto mais próximos, mais sensíveis
estarão as populações indígenas aos conflitos externos. As distâncias adotadas são as da área
de perambulação das populações indígenas, isto é, 15 km. Caso o conflito externo ocorrer na
TI, a sensibilidade é máxima, isto é, grau 5. Caso o conflito ocorrer no raio superior a 45km
(múltiplo de 15 km), a sensibilidade é mínima, isto é, grau 1.
Para os Conflitos internos, foram consideradas as características de cada povo. Da mesma
forma que na variável Condições de Saúde, os Aparai e Wayana, das TIs localizadas a
noroeste, são os que apresentam menor sensibilidade quando comparados com os Waiãpi15,
recebendo o grau 2. Nos primeiros, suas estruturas socioeconômicas e culturais são menos
suscetíveis aos conflitos internos que os segundos.

4.1.3.4.2 Avaliação da Sensibilidade das Populações Indígenas

Todas as variáveis e indicadores foram reunidos em mapas de sensibilidade de Condições


Etnoecológicas e da Integridade Sociopolítica (apresentados no Anexo 4), que por sua vez
foram reunidos em um mapa único denominado Mapa Integrado da Sensibilidade das
Populações Indígenas, apresentado na figura a seguir.

14
A caracterização sociopolítica e cultural dos povos indígenas da bacia do rio Jari encontra-se descrita no
Diagnóstico Socioambiental do componente-síntese Populações Indígenas dos estudos de Inventário Hidrelétrico
da bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.
15
As características dos povos indígenas encontram-se descritas no Diagnóstico Socioambiental do componente-
síntese Populações Indígenas dos estudos de Inventário Hidrelétrico da bacia do rio Jari, do qual o presente
estudo faz parte.

Hydros
EP518.RE.JR204 91

³
54°W 52°W

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Legenda Laranjal do Jari


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Graus de Sensibilidade
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Muito Baixo Médio Muito Alto
km
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54°W 52°W

Figura 4.1.3.4.2-1 – Mapa de Sensibilidade das Populações Indígenas

Hydros
EP518.RE.JR204 92

Quadro 4.1.3.4.2-1 – Sensibilidade das Populações Indígenas na Bacia


Sensibilidade das Populações Indígenas
TI Parque do Tumucumaque e Paru d´Este
TI Waiãpi localizada a nordeste da bacia localizadas a noroeste da bacia

Sensibilidade alta, porém menor que a do povo


Sensibilidade muito alta, pelo fato de a TI Waiãpi, uma vez que as populações destas duas
possuir densidade populacional próxima ao TIs apresentam densidade menor que o limite,
limite conhecido, e portanto condições de portanto melhores condições de saúde e menos
saúde mais sensíveis e maiores conflitos conflitos internos. Além disso, as aldeias se
internos que as outras TIs da bacia; faixas de localizam fora da bacia e as duas TIs são
sensibilidade média a muito baixa nas zonas consideradas extensas em comparação com outras
de amortecimento da TI. TIs do país; faixas de sensibilidade média a muito
baixa nas zonas de amortecimento da TI.

Hydros
EP518.RE.JR204 93

5 AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL INTEGRADA (AAI)

5.1 CENÁRIO PROSPECTIVO DA BACIA DO RIO JARI (TENDENCIAL)

O rio Jari é navegável até a cachoeira de Santo Antônio, a cerca de 110 km da foz. A
montante, uma série de cachoeiras impede a navegação e dificulta a penetração de atividades
produtivas mais densas, aspecto para o qual contribui também a ausência de qualquer outra
infraestrutura viária. Essa porção da bacia está praticamente toda ocupada por Unidades de
Conservação e Terras Indígenas (alto e médio curso), fato que adicionalmente vem
contribuindo para inibir a intensificação e manter dispersas as explorações mineral e
madeireira.
Desse modo a organização econômica presente na bacia é pouco densa e está concentrada em
seu baixo curso, onde o acesso aos recursos naturais foi facilitado pelo relevo plano e a
navegabilidade dos rios. Destaca-se aí a presença de um importante núcleo empresarial
altamente verticalizado que explora recursos florestais e minerais e cuja produção é voltada
para o mercado externo e, em menor proporção, para o nacional. Apesar da ausência de
encadeamentos produtivos, a implantação desse núcleo em área de população rarefeita
provocou um proporcionalmente importante adensamento em seu entorno, com forte grau de
urbanização. As atividades agrícolas se concentraram no entorno das novas aglomerações
urbanas, predominando as culturas alimentares (mandioca, arroz, milho e feijão) e, entre as
lavouras permanentes, apenas a banana. A pecuária é também pouco expressiva, com
predomínio do rebanho bubalino e voltada ao consumo local.
As atividades tradicionais de caráter agro-extrativista, como a coleta e extração da castanha-
do-brasil e do açaí e a produção de palmito de buriti, realizadas em áreas florestais,
permaneceram dispersas e só mais recentemente vem sendo organizadas com o surgimento de
diversas cooperativas que agrupam os pequenos produtores e agregam valor à produção.
Na porção a montante da cachoeira Santo Antônio, ainda muito pouco antropizada, destaca-se
a presença de um amplo potencial econômico constituído por reservas minerais e florestais.
Em grande parte, esse potencial encontra-se institucionalmente destinado ao usufruto das
etnias indígenas e para a preservação e estudo. Nas Unidades de Conservação que permitem
usos sustentáveis há um grande campo para a exploração desses potenciais, especialmente a
produção mineral e a exploração sustentada da madeira, bem como para as atividades agro-
extrativistas.
Os estudos de diagnóstico e caracterização socioambiental indicam que a capacidade de
expansão física para as atividades agropecuárias e de reflorestamento encontra-se restrita, em
especial dentro dos padrões definidos pelo Código Florestal. Paralelamente, o atual baixo grau
de exploração do potencial existente nas UCs de Uso Sustentável pode ser visto como uma
situação provisória e que tende a alterar-se. As grandes reservas minerais – presentes
especialmente na Reserva Biológica (REBIO) Maicuru e na Floresta Estadual (FLOTA) do
Paru, já estão sendo prospectadas e diferentes atores econômicos se mobilizam para viabilizar
sua exploração. Outro vetor que se orienta para a bacia do Jari e seu entorno imediato é a
frente madeireira, cujas regiões produtoras tradicionais têm seus estoques dilapidados em
função da exploração predatória. É dentro desse contexto que foi desenvolvido o presente
prognóstico que se inicia pelo cenário prospectivo tendencial.

Hydros
EP518.RE.JR204 94

5.1.1 METODOLOGIA GERAL

A construção do cenário macroeconômico de longo prazo partiu do conhecimento acumulado


na fase de diagnóstico socioambiental, com a identificação do estágio de conservação dos
recursos naturais e do resultado da apropriação do espaço pelas atividades econômicas, que
caracterizam o desenho do cenário atual. Nessa fase foram igualmente identificadas as
principais tendências e os processos mais significativos que ocorreram no período 1985 –
2007, considerando tanto as séries históricas disponíveis como a evolução do uso e ocupação
do solo.
A metodologia geral adotada é apresentada na Figura 5.1.1-1 a seguir

Figura 5.1.1-1 – Metodologia Geral para Elaboração do Cenário Prospectivo da Bacia


do Rio Jari

Como pressuposto metodológico, foi adotado o Cenário Macroeconômico do Setor Elétrico


para médio e longo prazos, – tanto o nacional como o regionalizado para o Norte do país,
consubstanciados nos documentos Plano Nacional de Energia Elétrica PNE 2030 e Plano
Hydros
EP518.RE.JR204 95

Decenal de Energia Elétrica 2007 – 2016, ambos elaborados pelo Ministério de Minas e
Energia contando com o apoio da Empresa de Pesquisa Energética. Para a elaboração desses
documentos, especialmente do PNE 2030, foram somados aportes das mais importantes
instituições científicas do país, assim como de entidades e corporações de corte setorial -
abarcando um amplo conjunto de fontes e contribuições, de modo que o resultado pode ser
considerado como tendo ultrapassado o corte setorial, apesar de ter sido patrocinado pelo
Setor Elétrico.
A partir desses parâmetros, foram desenvolvidas correlações entre as estimativas de
desenvolvimento da Região Norte e dos três municípios englobados na bacia do rio Jari,
estabelecendo uma vinculação direta entre a expectativa de crescimento das atividades
produtivas na bacia e os cenários nacional e regional do Setor Elétrico.
Essa amarração foi desenvolvida com base nas séries históricas do Valor Adicionado, –
relativas à bacia e à Região Norte - tendo-se projetado para o horizonte do estudo a evolução
do uso e ocupação do solo e as transformações correlatas na estrutura produtiva. Considerou-
se, desse modo, que o cenário a ser projetado deveria traduzir os efeitos das tendências
evolutivas dos principais aspectos socioambientais e de seu rebatimento espacial, isto é, da
dinâmica territorial - incluindo as áreas de preservação ambiental e disponíveis para ocupação
antrópica. No aspecto demográfico foram adotadas como parâmetros as projeções realizadas
pelo IBGE para os estados do Pará e Amapá e que também são assumidas pelo MME/EPE.
Vale ressaltar que, ao adotar como parâmetro as taxas estimadas pelo Setor Elétrico,
significativamente elevadas para o conjunto do país e, particularmente, para a Região Norte, o
cenário elaborado para a bacia do rio Jari incorpora uma tendência de crescimento econômico
capaz de contribuir – respeitando suas tendências, potencialidades e limites, para a efetivação
de um processo de crescimento sustentado de âmbito regional e nacional.
Dadas as características específicas da bacia do rio Jari, resumidamente apresentadas no texto
introdutório, podem ser inferidas as diferenças entre a porção sul – com superfície
proporcionalmente reduzida, sem limitações especiais de uso, com boa acessibilidade e
polarizada por uma estrutura agroindustrial e extrativista verticalizada, já apresentando um
potencial de expansão limitado, e a porção norte – mais ampla, de ocupação rarefeita e com
baixo grau de antropização, carente de acessos viários e com diferentes dispositivos legais e
normativos de limitação de uso. Por essa razão, procurou-se evitar a aplicação de modelos
essencialmente quantitativos e baseados na aplicação de técnicas estatísticas. Desse modo as
análises foram centradas na pesquisa e identificação das relações existentes entre os fatores
envolvidos e em sua integração num contexto mais amplo de investigação, considerando
especialmente os seguintes aspectos:

• Economia de enclave;
• Contexto regional e macro-regional;
• Potencial de desenvolvimento com predominância de variáveis endógenas;
• Potencial de desenvolvimento com predominância de variáveis exógenas;
• Exploração sustentável das Unidades de Conservação – flexibilidade e oportunidade;
• Frente madeireira: avanço e consolidação;
• Exploração das grandes províncias minerais.

Hydros
EP518.RE.JR204 96

Como resultado dessas análises foi possível confirmar a tendência antevista de incorporação
de parcelas territoriais da porção norte da bacia, especificamente das Unidades de
Conservação de Uso Sustentável, à economia regional. Para tanto, deverá contribuir
substancialmente, a conjuntura positiva de médio e longo prazo para o mercado de celulose,
madeiras e minerais como a bauxita, com potencial para continuar a induzir o avanço das
frentes de expansão da exploração associadas a esses setores.
Nos subitens a seguir, são apresentados os pressupostos adotados para cada fase da
metodologia geral, em especial as particularidades locais, que resultaram na definição da Área
Disponível para Ocupação Antrópica na bacia, que corresponde às áreas passíveis de
ocupação, expansão e consolidação de atividades econômicas, dentro do conceito de
sustentabilidade socioambiental. A partir destas áreas disponíveis, foram adotados parâmetros
que possibilitaram a definição de atividades tendenciais, que foram traduzidas no mapa de uso
do solo 2030, apresentado no final deste item.

5.1.2 PARÂMETROS MACROECONÔMICOS

De acordo com o explicado acima, foram tomados por base os parâmetros macroeconômicos
considerados no Plano Nacional de Energia Elétrica PNE 2030 (EPE/MME, 2006), assim
como no Plano Decenal de Energia Elétrica 2007 – 2016, que desenvolvem cenários
regionalizados. Assumiram-se como base preliminar as projeções relativas à Região Norte do
país.
Considerando diferentes níveis de sucesso no enfrentamento dos grandes obstáculos ao
crescimento sustentado - reformas estruturais, eliminação / mitigação dos grandes gargalos na
infraestrutura e significativo aumento da produtividade dos fatores, o PNE projeta para o
período 2005 - 2030 um crescimento médio anual do Produto Interno Bruto do país de 5,1%
(perspectiva otimista), contra 3,8% para a média mundial, variando entre 4,1% e 3,2% ao ano
no cenário intermediário – contra 3,0% da média mundial. Na hipótese pessimista, ambos se
igualariam com um crescimento de 2,2% ao ano.
Para atingir esse ritmo de crescimento as projeções do PNE apostam num alto desempenho da
Agropecuária, que deverá manter taxas de crescimento semelhantes a dos Serviços, sendo
ambas superiores ao da Indústria, como pode ser observado na Tabela 5.1.2-1, na seqüência.
Para alcançar essas elevadas taxas, as projeções do PNE incorporam elementos de correção da
tendência de crescimento econômico de médio prazo – atravessada por uma série de crises
internacionais cujos reflexos levaram a significativas reduções no ritmo das atividades
produtivas do país – principalmente quando comparadas com as taxas históricas de
crescimento de longo prazo, e que também se refletem no cenário regionalizado.

Hydros
EP518.RE.JR204 97

Tabela 5.1.2.-1 Cenário Macroeconômico do Setor Elétrico Brasileiro, 2005 – 2030,


Taxas Anuais Médias de Crescimento do PIB
Alternativas de Crescimento da Economia
Setores de Atividade
Cenário Otimista Cenário Intermediário
Agropecuária 5,3% aa 4,2% aa
Indústria 4,2% aa 3,7% aa
Serviços 5,4% aa 4,2% aa
Total 5,1% aa 4,1% aa
Fonte dos dados primários: EPE

Tendo em vista que essas projeções foram elaboradas antes da crise financeira internacional
de 2008/09, a EPE procedeu a uma reavaliação da demanda de energia elétrica pelo efeito da
redução das exportações e demais impactos sobre a economia e consumo das famílias, cujo
resultado foi a redução da taxa de crescimento prevista para 2009 de 4% para 2% e, de 4,1%
contra os anteriores 4,8% para o período 2.009 – 2013, mantendo-se o restante inalterado.
A partir desses parâmetros e com base no Plano Decenal 2007 – 2016 do Setor Elétrico foi
considerado o contexto para a Região Norte, apresentando-se como questões tanto a
adaptação às projeções nacionais revistas após a crise financeira internacional, como sua
extensão para o horizonte do projeto.
As projeções para a Região Norte, baseadas num detalhamento das projeções nacionais do
Setor Elétrico, estimaram a evolução do PIB com base na elasticidade histórica da região no
contexto do crescimento da economia do país, tendo ainda por referências os grandes
investimentos públicos e privados previstos (obras inseridas no PAC e grandes investimentos
privados), assumindo um ritmo de crescimento significativamente superior ao da média do
país.
Desse modo, o fator de crescimento regionalizado relativo ao período 1985/2002 - que serviu
de base para as projeções e cujas taxas anuais médias de crescimento real foram de
respectivamente 2,29% para o Brasil e 4,01% para a Região Norte, foi particularmente
aumentado dentro da consideração de que:

• no conjunto do país os cenários de crescimento sustentado devem favorecer em termos


do valor agregado as regiões que atualmente têm menor expressão econômica,
• os investimentos previstos em infra-estrutura privilegiam a Região Norte, devendo
favorecer seu dinamismo econômico e,
• o crescimento da economia da Região Norte na última década constitui uma tendência
consistente e que deverá manter-se no médio e longo prazo, independentemente de
oscilações transitórias, levando a um incremento significativo da participação da
região em pauta no montante da renda nacional.

Como pode ser observado na Tabela 5.1.2-2, a seguir, as taxas projetadas para a Região Norte
são significativamente superiores à média, levando a que a participação proporcional dessa

Hydros
EP518.RE.JR204 98

região no PIB nacional deva se elevar – no cenário de mais alto crescimento, dos atuais 5,87%
para 6,81%.

Tabela 5.1.2.-2 - Cenário Macroeconômico Regionalizado, Estimativa de Crescimento do


PIB Nacional e da Região Norte, 2007 – 2016 (Crescimento médio anual %)
Cenário de Alto Cenário Cenário de Baixo
Crescimento Referencial Crescimento
2007/ 2012/ 2007/ 2012/ 2007/ 2012/
2011 2016 2011 2016 2011 2016
Brasil – Crescimento 4,5 6,0 4,0 4,5 3,0 3,5
Crescimento 7,2 9,6 6,4 7,2 3,1 3,6
Região
Norte Participação no PIB
5,87 6,81 5,80 6,50 5,06 5,08
Nacional (%)
Fonte: EPE

De acordo com o cenário nacional corrigido, as taxas de crescimento da Região Norte para o
ano de 2009 e para o período 2009 -2013 foram adequados ao cenário “pós crise” financeira
internacional, por meio da aplicação de redutores proporcionais aos do cenário nacional,
assim como, estendidos temporalmente para o horizonte do projeto, como pode ser observado
na Tabela 5.1.2-3, a seguir.

Tabela 5.1.2.-3 - Cenário Macroeconômico Regionalizado, Taxas de Crescimento do


Produto Interno Bruto, Estimativa para o Período 2007/2030 – Alternativa Cenário
Referencial (EPE)
Taxa anual de Crescimento (%)
Período Observação
Brasil Região Norte
2007/08 4,0 6,4 Taxa do Plano Decenal Regionalizado
2009 2,0 3,2 Redução de 50% do previsto
2010/12 4,1 5,5 Redução de 14,6% do previsto
2013 4,1 6,1 Redução de 14,6% do previsto
2014/16 5,1 7,2 Taxa do Plano Decenal Regionalizado
Taxa do Plano Decenal Regionalizado,
2017/30 5,1 7,2 mantida em paridade com a taxa de
crescimento nacional do PNE 2030
Fonte dos dados primários: EPE

5.1.3 PARÂMETROS DEMOGRÁFICOS

No que se refere à evolução da população foram adotadas as projeções do IBGE – igualmente


assumidas no cenário do Setor Elétrico, que estimam taxas de incremento declinantes não só
para o Brasil como também para o conjunto da Região Norte (Gráfico 5.1.3-1).

Hydros
EP518.RE.JR204 99

Gráfico 5.1.3-1 – Taxas de Crescimento Populacional Estimado para o Brasil, Região


Norte e Estados do Pará e Amapá, 2010 – 2030

2,50
Brasil
Região Norte
2,00
taxa de crescimento (% aa)

Pará
Amapá
1,50

1,00

0,50

0,00
2010
2011
2012
2013

2014
2015
2016
2017
2018

2019
2020
2021
2022

2023
2024
2025
2026
2027

2028
2029
2030
2031
ano

Para o Estado do Pará, como pode ser observado na Tabela 5.1.3- 1, a seguir, tanto as taxas
como a tendência são muito semelhantes, observando-se para o Amapá taxas também
declinantes, porém cerca de 50% superiores à média regional.

Tabela 5.1.3-1 - Taxas de Crescimento Populacional Estimado para a Região Norte e


Estados do Pará e Amapá, 2009 - 2030
Períodos Brasil Região Norte Estado do Pará Estado do Amapá
2010/2015 0,78 1,11 1,16 1,66
2015/2020 0,62 0,87 0,90 1,27
2020/2025 0,51 0,70 0,73 1,01
2025/2030 0,37 0,51 0,53 0,73
Fonte dos dados primários: IBGE

O método para as estimativas das populações das Unidades de Federação do IBGE tem como
princípio fundamental a subdivisão de uma área maior, cuja estimativa já se conhece, em n
áreas menores, de tal forma que seja assegurada ao final das estimativas das áreas menores a
reprodução da estimativa, previamente conhecida, da área maior através da soma das
estimativas das áreas menores. A área maior é a projeção da população do Brasil, que por sua
vez foi feita com base no método das componentes demográficas, onde fecundidade,
mortalidade e migração interferem na composição da população futura (OLIVEIRA, 2004).
Na elaboração do cenário prospectivo, adotou-se o mesmo princípio que norteou as
estimativas das populações das Unidades de Federação do IBGE. Assim, considerou-se que

Hydros
EP518.RE.JR204 100

no cenário prospectivo, as taxas de crescimento populacional dos municípios seriam as


mesmas de seus respectivos estados, ou seja, Laranjal do Jari e Vitória do Jari apresentariam
as mesmas taxas do Amapá e Almeirim apresentaria a mesma taxa do Pará. Desta maneira,
caso o mesmo critério fosse adotado para os demais municípios de cada estado, a soma de
suas estimativas resultaria na estimativa dos estados para o ano de 2030. Seguindo esta
metodologia, a população dos municípios da bacia passaria dos atuais 83.068 habitantes
(2009) para 104.059 habitantes em 2030, conforme pode ser observado na tabela a seguir.

Tabela 5.1.3-2 – Estimativa da população dos municípios da bacia do rio Jari - atual e
2030
Períodos Atual¹ 2030²
Almeirim 31.192 37.328
Laranjal do Jari 40.357 51.914
Vitória do Jari 11.519 14.818
Municípios da bacia do rio Jari 83.068 104.059
(¹) Fonte dos dados primários: IBGE (2009) (²) Estimado a partir de IBGE - Projeção da População por Sexo e
Idade para o Período 1980 - 2050 - Revisão 2008.

A maior parte desta população reside na área urbana. Em 2000, registrou-se que 74% da
população dos municípios integrantes da bacia do rio Jari residia na zona urbana, observando-
se que, naquele ano, as maiores taxas de urbanização eram apresentadas por Laranjal do Jari,
com 94% de taxa de urbanização. Essas taxas têm apresentado comportamento crescente nos
três municípios da bacia, conforme tendência observada para os estados do Pará, Amapá e
para o Brasil como um todo. Destaca-se, no entanto, que a sede municipal de Almeirim
localiza-se fora dos limites da bacia do rio Jari. Estima-se que pouco menos de 30% da
população urbana deste município seja residente do Distrito de Monte Dourado, localizado na
bacia do rio Jari.

5.1.4 EVOLUÇÃO ECONÔMICA DOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO RIO JARI NO


CONTEXTO DA REGIÃO NORTE E DE SUAS PRINCIPAIS ATIVIDADES
PRODUTIVAS

5.1.4.1 Evolução do PIB dos Municípios

Entre 1996 e 2007 a participação do PIB dos atuais municípios de Vitória do Jari, Laranjal do
Jari e Almeirim, no PIB da Região Norte mostrou-se decrescente, reduzindo-se de 0,93% para
0,56%. Esse descenso deveu-se ao fato de que enquanto a Região Norte crescia em média a
uma taxa de 4,57% aa, a somatória do PIB dos municípios da bacia aparece no início e no
final do período com praticamente o mesmo montante em termos reais. Para essa
estabilização contribuiu decisivamente o desempenho do Município de Almeirim, cuja
economia é fortemente dominante no contexto da bacia.

Hydros
EP518.RE.JR204 101

Este município que como visto sedia um grupo de empresas altamente verticalizadas
originárias do Projeto Jari, respondia, em 1996, por 92,75% do PIB da bacia e por 0,86% do
PIB de toda a Região Norte, despencando estas participações para respectivamente 55,8% e
0,32% em 2007. Aparece como particularmente crítico o período 2002 – 2007 quando o PIB
municipal decresce continuadamente, com um ritmo médio de 12,72% aa negativos. No
restante da bacia o município de Laranjal do Jari e, posteriormente Laranjal do Jari e Vitória
do Jari – sendo o último desdobramento do primeiro, com agregado econômico inicialmente
muito reduzido - elevaram sua participação no PIB da Região Norte de 0,07% em 1996 para
0,25% em 2007. No período 2002 – 2007, enquanto o PIB de Almeirim apresentava taxas
negativas, o restante da bacia mantinha crescimento próximo ou ligeiramente superior ao da
média regional, como pode ser observado na Tabela 5.1.4-1, a seguir.

Tabela 5.1.4-1 Evolução Comparativa do Produto Interno Bruto da Região Norte e dos
Municípios da Bacia do Rio Jari, 1996 – 2007 (em valores absolutos – R$ de 2000)
1996 2001 2002 2007
Região Norte 46.722.673,97 52.332.909,56 57.533.885,21 76.445.510,51
Almeirim/PA 403.539,54 363.400,72 475.663,11 240.825,92
Laranjal do Jari/AP 31.737,33 101.184,53 104.789,72 146.223,95
Vitória do Jari/AP - 30.859,20 33.199,19 44.046,92
Total Municípios 435.276,87 495.444,45 613.652,02 431.096,79
Participação proporcional na Região Norte - %
Região Norte 100 100 100 100
Almeirim/PA 0,86 0,69 0,83 0,32
Laranjal do Jari/AP 0,07 0,19 0,18 0,19
Vitória do Jari/AP - 0,06 0,06 0,06
Total Municípios 0,93 0,95 1,07 0,56
Taxa geométrica média anual de crescimento - %
1996/2001 2001/2002 2002/2007
Região Norte 2,29 9,94 5,85
Almeirim/PA -2,07 30,89 -12,72
Laranjal do Jari/AP 26,10 3,56 6,89
Vitória do Jari/AP - 7,58 5,82
Total Municípios 2,62 23,86 -6,81
Fonte: IBGE

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EP518.RE.JR204 102

5.1.4.2 Evolução da Estrutura Produtiva dos Municípios

Ao se considerar mais detalhadamente o comportamento dos municípios da bacia, se torna


aparente uma forte alteração em sua estrutura produtiva: o Setor Secundário que em 1996
respondia por mais de 77% do PIB, tem sua participação continuadamente reduzida, caindo
em 2007 para 31%. A participação do Setor Primário, malgrado alguma flutuações em sentido
ascendente, mantêm a mesma fraca participação nas duas pontas do período: menos de 8%.
Nesse contexto apenas o Setor Terciário apresenta um comportamento efetivamente
ascendente, elevando-se de 15% para 61% (Gráfico 5.1.4-1). Trata-se de transformações
excessivamente intensas e rápidas e que só podem ser explicadas, seja pela forte
predominância de um pequeno número de empresas numa área de adensamento de ocupação
muito recente, seja pelos impactos dessas características sobre os modelos de coleta e
tratamento de informações que deram origem às estatísticas disponíveis e, possivelmente, pela
ação combinada dessas duas possibilidades.

Gráfico 5.1.4-1 – Evolução da estrutura produtiva dos municípios da bacia do rio Jari

100%

90%

80%

70%
Primário
60%
Secundário
50%
Terciário
40%

30%

20%

10%

0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007

Mesmo podendo-se questionar a intensidade e a rapidez das transformações apontadas, é fora


de dúvida que elas se constituem numa tendência real. Como Laranjal do Jari e Vitória do Jari
surgiram em função da implantação do Projeto Jari e para a prestação de serviços para a força
de trabalho alocada em Monte Dourado – sede do projeto, esses municípios já surgiram
fortemente urbanizados e com atividades concentradas no comércio e serviços, que
respondem por entre 80% e 90% do PIB. Com a queda em termos absolutos do Valor
Adicionado do Secundário – concentrado em Almeirim, mesmo sem grande crescimento
absoluto a participação proporcional do Terciário desse município elevou-se intensamente,
levando a que, para o conjunto da bacia, o Terciário se tornasse o setor predominante, num
contexto inicialmente marcado pela atividade industrial (Gráfico 5.1.4-2 e Tabela 5.1.4-2).

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EP518.RE.JR204 103

Gráfico 5.1.4-2 - Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do


Rio Jari, 1996 – 2007 (Preços Constantes)

Almeirim
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007

Laranjal do Jari
100%
90%
80%
70%
60% Primário
50% Secundário
40% T erciário
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007

Vitória do Jari
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1996 1999 2001 2002 2004 2005 2007

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Tabela 5.1.4-2 Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do


Rio Jari, 1996 – 2007 (Preços Constantes)
Distribuição Proporcional (%)
1996
Municípios Total Primário Secundário Terciário
Almeirim/PA 100% 5,62% 82,44% 11,95%
Laranjal do Jari/AP 100% 32,56% 15,67% 51,76%
Vitória do Jari/AP 0 0,00% 0,00% 0,00%
Total Municípios 100% 7,58% 77,57% 14,85%
2001
Municípios Total Primário Secundário Terciário
Almeirim/PA 100% 16,40% 52,98% 30,62%
Laranjal do Jari/AP 100% 5,36% 8,20% 86,43%
Vitória do Jari/AP 100% 9,97% 5,83% 84,21%
Total Municípios 100% 13,63% 40,37% 45,99%
2002
Municípios Total Primário Secundário Terciário
Almeirim/PA 100% 12,70% 61,71% 25,58%
Laranjal do Jari/AP 100% 4,84% 7,95% 87,22%
Vitória do Jari/AP 100% 12,37% 6,01% 81,62%
Total Municípios 100% 11,27% 48,85% 39,87%
2007
Municípios Total Primário Secundário Terciário
Almeirim/PA 100% 8,75% 52,42% 38,83%
Laranjal do Jari/AP 100% 5,68% 5,64% 88,67%
Vitória do Jari/AP 100% 8,72% 4,95% 86,33%
Total Municípios 100% 7,67% 30,97% 61,36%
Fonte dos dados primários: IBGE

O Setor Terciário presente na bacia é concentrado nas sedes dos três municípios envolvidos
assim como na sede distrital de Monte Dourado. É de corte tradicional e constituído quase
exclusivamente por pequenas unidades com baixa capitalização e elevado grau de
informalidade. Seu principal segmento é o Poder Público, representado pelas administrações
municipais. Suas taxas de crescimento em termos reais no último quinquênio considerado, são
negativas para Almeirim e de cerca de + 7% para os dois outros municípios. Para estes, com
agregados reduzidos, as taxas, apesar de elevadas, são pouco significativas e estão
diretamente vinculadas ao incremento populacional. Para a média dos municípios da bacia o
incremento do Terciário foi de apenas 1,85% aa, como pode ser observado na Tabela 5.1.4-3,
a seguir.

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EP518.RE.JR204 105

Tabela 5.1.4-3 - Evolução Recente da Estrutura Produtiva dos Municípios da Bacia do


Rio Jari, 1985 – 2007 (Preços Constantes)
Setores de Taxa Geométrica Média Anual de Crescimento (%)
Atividade 1985/1996 1996/2001 2001/2002 2002/2007
Primário -14,62 19,28 -0,07 -18,98
Almeirim/PA Secundário -1,15 -11,87 50,31 -15,51
Terciário -13,36 16,21 7,82 -5,11
Primário - -12,58 -7,02 10,34
Laranjal do Jari/AP Secundário - 10,16 -0,12 -0,22
Terciário - 38,92 4,05 7,20
Primário - - 33,29 -1,59
Vitória do Jari/AP Secundário - - 10,83 1,53
Terciário - - 4,09 6,74
Primário - 13,81 0,94 -13,49
Total Municípios Secundário - -11,18 47,76 -14,70
Terciário - 26,89 5,87 1,85
Fonte: IBGE

Com relação às atividades primárias o resultado para o conjunto da bacia é também negativo
no último quinquênio (-13,5% aa), movimento que também foi puxado por Almeirim
(-19% aa), sobrepondo-se ao crescimento real de cerca de 10% aa ocorrido nos dois outros
municípios. Observando a utilização das terras nos três municípios considerados (ver
Tabela 5.1.4-4 a seguir), verifica-se claramente que a estrutura produtiva rural presente em
Laranjal e Vitória do Jari é ainda extremamente incipiente: as áreas de lavouras e de pastagens
somadas resultam em cerca de 1.000 hectares e o total da área dos estabelecimentos
agropecuários nestes dois municípios ocupa somente 2% da área do município não delimitada
como TI ou UC16. Em Almeirim as lavouras são também reduzidas, predominando
amplamente pastagens extensivas. Neste município, os estabelecimentos agropecuários
ocupam 10% da área do município não delimitada como TI ou UC.

16
Em Laranjal do Jari, 95% da área do município corresponde a Terras Indígenas ou Unidades de Conservação,
restando 5% de sua área total para todas as demais atividades. Somente 2% destes 5% é ocupado pelos
estabelecimento agropecuários, ou seja, 0,1% da área do município é ocupada por estes estabelecimentos. Em
Vitória do Jari, o percentual do município delimitado como UC ou TI é de 34% e em Almeirim, 89%. Uma
discussão mais detalhada é apresentada no item 5.1.6.

Hydros
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Tabela 5.1.4-4 - Utilização das terras nos estabelecimentos agropecuários dos municípios
da bacia do rio Jari, 2006. (em hectares)
Laranjal do Jari
Almeirim (PA) Vitória do Jari (AP)
Utilização das Terras (AP)
Abs. % Abs. % Abs. %
Lavouras¹ 3.718 2,31 196 6,20 355 11,86
Pastagens² 56.908 35,33 875 27,68 400 13,37
Matas³ 94.732 58,82 2.090 66,12 2.237 74,77
Aquicultura4 81 0,05 0 0,00 0 0,00
Construções, benfeitorias
2.599 1,61 0 0,00 0 0,00
ou caminhos
Terras sem utilização
(degradadas ou
3.016 1,87 0 0,00 0 0,00
inaproveitáveis para
agropecuária)5
Total 161.054 100,00 3.161 100,00 2.992 100,00
Fonte: IBGE. Censo Agropecuário, 2006.
(1) Lavouras permanentes, temporárias e cultivo de flores, inclusive hidroponia e plasticultura, viveiros de
mudas, estufas de plantas e casas de vegetação e forrageiras para corte. (2) Pastagens naturais, plantadas
(degradadas e em boas condições). (3) Matas e/ou florestas naturais destinadas à preservação permanente ou
reserva legal, matas e/ou florestas naturais, florestas plantadas com essências florestais e áreas em sistema
agroflorestal, também usadas para lavouras e pastoreio de animais. (4) Tanques, lagos, açudes e/ou área de águas
públicas para exploração da aquicultura. (5) Terras degradadas (erodidas, desertificadas, salinizadas, etc) e terras
inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, areais, pedreiras, etc)

Destaca-se claramente desse contexto que o núcleo das atividades produtivas presentes na
bacia é constituído basicamente pelas atividades econômicas de cunho empresarial centrada
em três company-towns – núcleos de produção e gestão, que se desenvolveram
independentemente do seu entorno imediato e mesmo de seu entorno regional pois, além da
matéria prima extraída localmente, seus fluxos de insumos industriais/produtos dependem e
orientam-se para outros mercados. Originárias do Projeto Jari estas empresas constituem
atualmente entidades independentes, com as seguintes identificações básicas:

• Jari Celulose – segundo as informações constantes do grupo empresarial a que


pertence (ORSA), conta com área de 1,7 milhões de hectares, mantém um
reflorestamento de eucaliptos de cerca de 60 mil hectares e realiza manejo florestal
sustentável em 500 mil hectares de florestas com manejo sustentado de madeira
nativas. Oitenta por cento da produção é orientada para a Europa e o restante para os
Estados Unidos e para o mercado interno.
• CADAM - respondia até recentemente por 35,8% da produção nacional de caulim,
sendo que 94% de sua produção física era destinada ao mercado externo.
• Mineração Santa Lucrécia - extração e beneficiamento da bauxita refratária, atuando
nos mercados interno e externo.

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EP518.RE.JR204 107

Todas essas empresas, mas especialmente a Jari Celulose e a CADAM, passaram


recentemente por amplos projetos de modernização e expansão, tendo mantido ou aumentado
suas produções, de acordo com os respectivos relatórios de gestão. Trata-se de informação
que se mostra – ao menos aparentemente, contraditória com o continuado decréscimo em
termos reais do Valor Adicionado dos Setores Secundário e Primário do Município de
Almeirim, aspecto que será retomado mais adiante.

5.1.5 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE CRESCIMENTO DOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO


RIO JARI: VARIÁVEIS EXÓGENAS E ENDÓGENAS

5.1.5.1 Varáveis Exógenas

A perspectiva associada à possível ação de variáveis exógenas, contribuindo de modo


significativo para a incorporação da porção norte da bacia à estrutura produtiva, foi a primeira
a ser considerada. A seguir são apresentadas algumas questões consideradas relevantes para a
bacia, todas relativas às frentes madeireiras.
Foram levantadas informações sobre o avanço das frentes madeireiras atuantes na escala
macro-regional, tendo-se verificado que as últimas medições publicadas relativas ao avanço
da área desmatada – outubro de 2009, indicavam ser o Estado do Pará o território com maior
participação no montante desmatado, no período, na Amazônica Legal (45%), cabendo ao
Amapá a participação de 3%, como pode ser observado no Gráfico 5.1.5-1.

Gráfico 5.1.5-1 Participação (%) dos Estados da Amazônia Legal no Desmatamento e na


Degradação Florestal - Outubro de 2009

Fonte: Imazon/SAD

a) Exploração florestal e o processamento industrial

A exploração e o processamento industrial de madeira estão entre as principais atividades


econômicas da Amazônia – ao lado da mineração industrial e da agropecuária. Em 2004, o

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EP518.RE.JR204 108

setor madeireiro extraiu 24,5 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, o equivalente a
cerca de 6,2 milhões de árvores.
Essa matéria-prima gerou 10,4 milhões de metros cúbicos de madeira processada (tábuas,
produtos beneficiados, laminados, compensados etc.) e após o processamento foi destinada,
tanto para o mercado doméstico (64%), como para o externo (36%). Em particular, as
exportações tiveram um incremento muito significativo, passando de US$ 381 milhões em
1998 para US$ 943 milhões em 2004. O número de empregos gerados (diretos e indiretos)
aumentou de 353 mil em 1998 para 379 mil empregos em 2004. Estima-se, nesse contexto,
que atualmente pelo menos 5% da população economicamente ativa da Amazônia Legal
trabalhe direta ou indiretamente com a atividade madeireira. O Pará é o principal Estado
produtor de madeira amazônica, respondendo por 45% do total produzido. O Pará também
concentra 51% das empresas madeireiras e gera 48% dos empregos da indústria madeireira da
Amazônia.

b) A questão do desmatamento

Em termos espaciais pode ser mapeado o avanço do desmatamento e das frentes madeireiras –
representadas em seu estágio inicial pela ação de toreros e a multiplicação das pequenas
serrarias que realizam o desdobramento inicial da madeira. Como pode ser observado na
Figura 5.1.5-1, a seguir, houve migração da atividade madeireira em direção ao oeste do Pará,
sudeste do Amazonas e extremo noroeste do Mato Grosso.

Hydros
EP518.RE.JR204 109

! Desmatamento SAD Outubro de 2009


! Desmatamento Recente SAD Outubro de 2009
Degradação SAD Outubro de 2009
Limite Amazônia Legal
Hidrografia
Terra Indígena
Unidades de Conservação Federal
Unidades de Conservação Estadual
Assentamento

Fonte: Imazon/SAD
Figura 5.1.5-1 Pontos de Desmatamento Amazônia Legal – Percurso Recente das
Frentes Madeireiras

Dentre os dez municípios que mais desmataram na Amazônia Legal em outubro 2009, a
metade - São Félix do Xingu - 12,0 km², Óbidos – 7,7 km², Almeirim -5,1 km², Altamira –
5,0 km² e Oriximiná – 4,2 km², pertence ao Estado do Pará, podendo destacar-se da
Figura 5.1.5-2 a seguir, que a atividade madeireira já pode ser considerada como intensa na
vizinhança imediata da área de estudo e em parte de seu território.

Hydros
EP518.RE.JR204 110

! Desmatamento SAD Outubro de 2009


! Desmatamento Recente SAD Outubro de 2009
Degradação SAD Outubro de 2009
Municípios mais desmatados
Nº Classificação dos Municípios mais desmatados

Fonte: Imazon/SAD
Figura 5.1.5-2 Municípios da Amazônia Legal mais desmatados em outubro de 2009

c) O avanço das frentes de exploração e os Pólos Madeireiros

Com o incremento e avanço das frentes de exploração, o número de pólos madeireiros subiu
de 72 (em 1998) para 82 (em 2004), elevando-se paralelamente o número de empresas, de
2.570 para 3.132, ocorrendo as maiores concentrações nos estados do Pará, Mato Grosso e
Rondônia.
Como pode ser observado na Figura 5.1.5-3, afora Belém, o maior pólo madeireiro do Pará
(Pólo Leste que responde por 21% da madeira processada na Amazônia Legal) ainda é
centralizado por Paragominas, daí descendo no sentido do Bico de Papagaio (Belém –
Brasília e PA-222). Nesse ponto se bifurca, continuando no sentido sul, onde se forma o Pólo
Sul do Pará (com participação proporcionalmente reduzida – 1%), bem como, avançando para
oeste no sentido do município de Tailândia e do entorno do reservatório de Tucuruí e
continuando ao longo da rodovia Transamazônica. Nesse último transcurso constitui-se no
Pólo Centro do Pará (com participação de 6%) que se liga com o Pólo Oeste Pará (5%), que é
uma continuação da frente que se origina no norte do Mato Grosso, ao longo da BR-163
(Cuiabá – Santarém). No seu extremo norte essa frente já ultrapassou a calha do rio
Amazonas e se encontra ativa nos municípios de Oriximiná, Óbidos, Alenquer e Monte
Alegre, alongando-se no sentido de Almeirim.

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EP518.RE.JR204 111

Este último município, pertencente à área de estudo, já se encontra integrado ao segundo


maior pólo paraense (Estuário do Pará, polarizado por Breves), que responde por 13% da
produção madeireira da Amazônia Legal.

Fonte: Imazon
Figura 5.1.5-3 - Zonas e pólos madeireiros na Amazônia Legal em 2009

Nas Figuras 5.1.5-4 e 5.1.5-5 a seguir, o avanço da frente madeireira é apresentado, tanto
numa perspectiva cronológica, como através dos principais eixos de produção e transporte.
Em relação ao primeiro aspecto destaca-se o fato de que a frente madeireira amazônica tem
origem, há mais de 30 anos, no grande arco de desmatamento, que se estende de Rondônia até
o sudeste do Pará, passando pelo noroeste do Tocantins e do Maranhão. Sucedem-se duas
outras fases, relativas respectivamente aos períodos de 10 a 30 anos passados e menos de 10
anos, correspondendo a este último movimento, o avanço da frente madeireira no sentido da
bacia do Jari. Em termos de eixos de transporte/produção, o segmento final desta bacia se
integra no eixo estuarino, que permeia a hidrovia entre Manaus e Belém.
Por último, a representação espacial do desmatamento acumulado do período 2000 – 2009
monitorado pelo PRODES (Figura 5.1.5-6), permite visualizar os efeitos do avanço das
frentes madeireiras e a contribuição da bacia e de seu entorno.

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EP518.RE.JR204 112

Fonte: Imazon
Figura 5.1.5-4 - Expansão da fronteira madeireira na Amazônia, 2004

Fonte: Imazon
Figura 5.1.5-5 - Eixos de transporte e produção de madeira na Amazônia, 2004

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EP518.RE.JR204 113

Fonte: PRODES
Figura 5.1.5-6 - Desmatamento acumulado de 2000 a 2009 segundo o PRODES

5.1.5.2 Variáveis Endógenas

Ao avaliar a perspectiva de exploração desse potencial pelos atores econômicos presentes na


bacia do rio Jari, isto é, a capacidade da estrutura produtiva já instalada de expandir a
agregação de valor através de crescente incorporação da região à dinâmica em curso,
constatou-se que o núcleo produtivo privado aí implantado não parece capacitado nem
interessado, na medida em que já detêm a posse real de um amplo território, a desenvolver
semelhante movimento em escala regional.
Conforme apontado anteriormente, a economia na bacia é quase que totalmente baseada na
produção do Projeto Jari, pertencente ao grupo ORSA, que detém condições auto-suficientes
para o desenvolvimento de suas atividades em nível de exportação internacional. A empresa
conta com a infraestrutura necessária, desde as company-towns e vias particulares (vias
férreas) para promover a produção e seu escoamento, aproveitando as condições locais
(condições climáticas, terra e navegação fluvial). Cabe destacar que fora este
empreendimento, há na porção sul pouca disponibilidade de terra, que se caracteriza como
regular/baixa fertilidade, de precária estrutura produtiva e capitalização, sendo insuficiente a
impulsão de desenvolvimento endógeno.
Desta forma, foi analisada a alternativa de incorporação produtiva da porção norte – ou de
algumas de suas parcelas, apoiada em movimentos de âmbito regional/macro regional.

Hydros
EP518.RE.JR204 114

Verifica-se que as possibilidades de crescimento econômico da bacia do rio Jari, em termos


territoriais, estão concentradas na porção norte e se assentam claramente na exploração de
seus recursos naturais. Destacam-se os recursos florestais, minerais e hidroenergéticos, bem
como os atrativos turísticos e o estudo e exploração da biodiversidade. Por se tratar de áreas
pertencentes a Unidades de Conservação e Terras Indígenas, os usos permitidos não
contemplam a possibilidade de explorações agropecuárias de tipo empresarial, podendo-se
acrescentar que a aptidão agrícola das terras é regular/baixa. Quanto ao potencial
hidroenergético, destaca-se que já foi aprovada a construção da Usina Hidrelétrica Santo
Antônio do Jari (concessão do Consórcio Amapá Energia, com 90% das quotas de
participação da ECE Participações S.A. e 10% da Jari Energética S.A.), cuja usina terá
capacidade de 300 MW devendo 30% da energia ser consumida pelo próprio Grupo ORSA e
o restante vendido ao sistema interligado nacional.

a) Potencialidade florestal

Em termos territoriais é fácil visualizar que a porção mais ao norte, composta por Unidades de
Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas, malgrado a presença de algumas
atividades clandestinas, tende a manter seu atual elevado grau de preservação, conservando
sua destinação para usufruto das etnias indígenas e para a preservação e estudo de seus
recursos naturais. Apenas alterações substantivas na regulamentação do uso do solo e subsolo
nas Terras Indígenas, assim como do estatuto das Unidades de Conservação de Proteção
Integral presentes na bacia, poderiam viabilizar outra destinação de uso para esses territórios.
Estudos divulgados pelo Governo do Amapá sobre a concentração de madeira comercializável
- açapú, macacaúba, andiroba, pau mulato, cedro, maçaranduba, angelim, sucupira, entre
outras - indicam um potencial equivalente a 170 metros cúbicos por hectare. Na exploração de
recursos florestais destaca-se também o potencial para o extrativismo vegetal que gerou a
institucionalização de importantes reservas e projetos de extrativismo sustentado.
Por se tratar de um cenário de longo prazo e de temas atualmente debatidos pela sociedade -
existindo inclusive um projeto de lei em tramitação no Legislativo que trata da
regulamentação da exploração de recursos naturais presentes em TIs, formas localizadas e
pontuais de exploração dos recursos presentes nestes territórios não são descartáveis a priori,
mas não serão consideradas neste prognóstico, que toma por referência básica a legislação
atualmente vigente. Já para UCs que permitem uso sustentável, existe um grande potencial
para a ampliação das atividades antrópicas, com ênfase para a produção mineral, a exploração
sustentada da madeira e para as atividades agroextrativistas.
Destaca-se nesse contexto que a criação em 2005/6, no norte do Pará, de Unidades de
Conservação de Uso Sustentável de alçada estadual, fez parte de uma estratégia de prévio
disciplinamento e controle da exploração dos recursos naturais, especialmente dos recursos
madeireiros. De acordo com dirigentes da Imazon, esta teria sido a primeira vez em que o
Estado brasileiro, em vez de se debruçar sobre as sequelas, tratou de se prevenir contra uma
exploração dos recursos naturais acompanhada de forte degradação ambiental.
A seguir são apresentadas as potencialidades existentes de exploração florestal nas Unidades
de Conservação de Uso Sustentável.

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• FLOTA do Paru

Seu território pode ser objeto de concessão para a exploração de recursos madeireiros e de
outros produtos florestais, existindo especulações, desde o momento de sua
institucionalização, de que existiria a possibilidade de se tornar um grande pólo de produção
madeireira através de projetos de exploração sustentável.

• RDS do Rio Iratapuru

Aproximadamente o mesmo pode ser afirmado em relação à RDS do Rio Iratapuru


implantada em território do Amapá. Desse modo a política pública procurou antecipar-se a
movimentos de exploração predatória dos recursos naturais, limitando os usos permitidos
àqueles que mantêm a floresta em pé, bem como garantindo áreas onde só são permitidas
atividades florestais não madeireiras, delimitando áreas cativas para o extrativismo. Essa
Unidade de Conservação de Uso Sustentável comporta uma crescente exploração da castanha-
do-brasil, assim como de copaíba, andiroba e do camu-camu. Organizados por meio de uma
cooperativa, a COMARU, os castanheiros locais já industrializaram a produção de óleo de
castanha e têm contrato de fornecimento de longo prazo para a empresa Natura, para a
fabricação de cosméticos. A atividade tem se mostrado rentável e outras empresas vêm se
mostrando interessadas, existindo a possibilidade de importante ampliação dessa atividade.
Vizinha a esta Reserva, localiza-se, dentro da bacia do rio Jari, uma pequena porção do
Projeto de Assentamento Agro-Extrativista Maracá, onde 36 comunidades se dedicam às
atividades extrativistas e desenvolvem iniciativas de agregação de valor aos produtos
florestais.

b) Potencialidade mineral

No que se refere ao potencial mineral presente na bacia do rio Jari, registra-se o Distrito
Bauxitífero-Caulínico de Almeirim/Jari, destacando-se em Vitória do Jari as jazidas de caulim
do Morro do Filipe e os depósitos de bauxita refratária da Serra do Acapuzal, exploradas
respectivamente pelas empresas CADAM e Santa Lucrécia. As reservas nacionais de caulim
são estimadas atualmente em 1,7 bilhões de toneladas, 70% das quais localizadas no Pará e
Amapá.
Uma ampla porção dos municípios de Laranjal do Jari e Almeirim está assentada na Província
Metalogenética do Amapá/NW do Pará. Além das áreas já exploradas observa-se a presença
de unidades geológicas com vocação mineral representadas pelas sequência tipo Greenstone
Belt com destaque para a ocorrência de ouro, tendo-se constatado a presença de garimpos
clandestinos – especialmente no entorno do rio Cupixi na bacia do rio Amapari. Como pode
ser observado na Figura 5.1.5-7 a seguir, os principais minerais presentes na bacia são o ouro,
a bauxita e o caulim, sendo o primeiro explorado na forma de garimpos clandestinos – pois
está localizado na porção norte, principalmente em Unidades de Conservação de Proteção
Integral/ Terras Indígenas. O caulim e a bauxita refratária, localizados na porção sul são,
como visto, explorados de modo empresarial. Nesse contexto a eventual identificação de
reservas de bauxita, suficientemente competitivas para atrair novos investimentos, seria a
principal alternativa para ampliação da estrutura produtiva nesta porção.

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EP518.RE.JR204 116

55°W 50°W 45°W

Guiana Francesa Legenda


Suriname Limite Estadual
Limite Internacional

Área de Drenagem

Alumínio Prata
Oceano Atlântico
Cobalto Ferro
Calcário Caulim

Diamante Cobre
Cromo Mármore
Manganês Níquel
Ouro Demais
Estrôncio Minerais
0° 0°

5°S 5°S
55°W 50°W 45°W

Fonte: DNPM, 2004.


Figura 5.1.5-7 – Localização de Recursos Minerais no Âmbito da Bacia

c) Potencialidade hidroenergética

Por último, destaca-se o potencial hidroenergético, que também se concentra na porção norte.
Observa-se que já está definido o traçado da linha de transmissão que deverá integrar ao
sistema interligado nacional a energia não consumida localmente que será produzida pela
UHE Santo Antônio do Jari em construção pelo Consórcio Amapá Energia, como pode ser
observado na Figura 5.1.5-8, a seguir.
.

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EP518.RE.JR204 117

Fonte: Balanço de 3o ano do PAC


Figura 5.1.5-8 - Linhas de Transmissão Projetadas

Em síntese, de acordo com os levantamentos e estudos realizados, essas atividades e recursos


se constituem na principal base potencial de expansão das atividades produtivas no âmbito da
bacia. Nos itens a seguir serão delimitadas, mapeadas e qualificadas as áreas disponíveis para
ocupação, expansão e respectivas potencialidades.

5.1.6 DELIMITAÇÃO DA ÁREA POTENCIAL PARA EXPANSÃO DAS ATIVIDADES


ECONÔMICAS NA BACIA DO RIO JARI E CENÁRIO DE SUA OCUPAÇÃO

Para a delimitação da área potencial para expansão econômica, procurou-se inicialmente


caracterizar a dimensão e a importância no contexto da bacia do rio Jari das áreas legalmente
protegidas presentes em seu interior e entorno. Destaca-se, inicialmente, que esta bacia tem
57.090 km2 e ocupa 47,76% do total da área dos municípios que integram a área de estudo:
Almeirim, no Estado do Pará, Laranjal do Jari, Vitória do Jari e Mazagão, no Estado do
Amapá. A Tabela 5.1.6-1 apresenta as porcentagens de seus territórios inseridos na bacia.

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Tabela 5.1.6-1 – Área de Cada Município e Área do Município Inserida na Bacia


Hidrográfica do Rio Jari
%
Municípios – UF Área total (km²) (A) Área na bacia (km²) (B)
(B)/(A)
Almeirim/PA 72.960 26.331 36,09
Laranjal do Jari/AP 30.966 27.951 90,26
Mazagão/AP 13.131 1.900 14,47
Vitória do Jari/AP 2.483 908 36,57
Total 119.540 57.090 47,76
Fonte: IBGE, Malha Municipal Digital – 2005 (acesso em: 4 set. 2007); IBGE, Cidades – representação política
2004 (acesso em: 6 jul. 2007).

5.1.6.1 As Áreas Disponíveis para Ocupação Antrópica - ADOAs - na bacia

As áreas denominadas de Áreas Disponíveis para Ocupação Antrópica foram definidas como
aquelas que não se situam em Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Estão incluídas
na ADOA, portanto, as Áreas de Preservação Permanente e as Áreas de Reserva Legal,
cabendo destacar que intervenções nestas áreas são permitidas somente em condições muito
restritas.
Em Laranjal do Jari, a ADOA corresponde a somente 5% da área total do município. Se
considerada somente a ADOA inserida na bacia, este percentual cai para 3,6%. Em Almeirim,
embora 20,9% do município esteja disponível para ocupação antrópica, somente 6,4% do
município refere-se a ADOA na bacia do rio Jari. Vitória do Jari, por outro lado, dispõe de
66,4% de ADOA, com 36,6% na bacia do rio Jari. Ressalta-se, entretanto, que a área deste
município é bem reduzida se comparada aos demais municípios da bacia, de modo que a
ADOA de Vitória do Jari em termos absolutos é bem semelhante à ADOA de Laranjal do Jari
(Tabela 5.1.6-2).

Tabela 5.1.6-2 - Área Disponível para Ocupação Antrópica – ADOA, nos Municípios da
Bacia

Área do
ADOA na ADOA na
Municípios – UF município ADOA (ha) ADOA (%)
bacia (ha) bacia (%)
(ha)

Almeirim/PA 7.296.000 1.523.600 20,9 468.247 6,4


Laranjal do Jari/AP 3.096.600 154.800 5,0 109.777 3,6
Vitória do Jari/AP 248.300 164.900 66,4 90.204 36,3
Mazagão/AP 1.313.100 734.500 55,9 41.523 3,2

Um melhor entendimento da situação da ADOA existente na bacia do rio Jari é possibilitado


por uma visão regional. Como pode ser observado na Figura 5.1.6-1 a seguir, exceto no que se
refere à sua porção sul, a bacia do rio Jari está integrada num amplo cinturão de áreas
protegidas que caracterizam a Calha Norte.

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55°W 50°W 45°W

Legenda
Guiana Francesa
Suriname Projeto de Assentamento
Municípios da Bacia
! !

!
Limite Internacional

!
! !

Área de Drenagem
Guiana Francesa
UC de Proteção Integral

Laranjal do Jari UC de Uso Sustentável

Terras Indígenas

Limite Estadual para ADOA's

Almeirim

0° Mazagão 0°

Vitória do Jari

5°S 5°S
55°W 50°W 45°W

Fonte: SISCOM, 2010


Figura 5.1.6-1 – Disponibilidade de ADOAs na bacia do rio Jari e seu entorno

5.1.6.2 Áreas potenciais para exploração sustentável de recursos naturais

As Unidades de Conservação de Uso Sustentável localizadas no médio curso do rio Jari


apresentam as seguintes possibilidades de exploração dos recursos naturais:
- A RESEX do rio Cajari, com 481.650 ha, localizada nos municípios de Laranjal do
Jari, Vitória do Jari e Mazagão, é um Projeto de Assentamento (PA Reserva
Extrativista do Rio Cajari), com capacidade para cerca de 1.500 famílias, onde,
segundo dados do INCRA, 1.475 famílias foram assentadas até 200717. Somente
2.272 ha (< 0,5%), em Laranjal do Jari, estão inseridos na bacia.
- A RDS Iratapuru, com 806.184 ha, prevista para ser utilizada para Exploração
Sustentada de Produtos Florestais não madeireiros tem 92,5% de seu território inserido

17
Atualmente não há consenso sobre o tamanho da população da UC. O número de famílias cadastradas na base
de dados do INCRA refere-se ao número de beneficiários, que não necessariamente coincide com o número de
famílias, já que em uma mesma família pode haver vários beneficiários, desde que tenham maioridade. Em
contraposição com os dados do INCRA, pode-se citar a contagem da população segundo setores censitários
(IBGE, 2007), na qual considerando que cada domicílio é residido por uma família, a UC apresenta 552 famílias
residentes (PICANÇO, 2009).

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EP518.RE.JR204 120

na bacia, sendo a maior parte (76,4%) em Laranjal do Jari (ver Tabela 5.1.6-3) e o
restante (16,1%) no município de Mazagão.
- A FLOTA Paru, com 3.612.914 ha, prevista para ser utilizada para Exploração
Sustentada de Produtos Florestais madeireiros e não madeireiros e de recursos
minerais tem 31,4% de seu território inserido na bacia, no Município de Almeirim
(Tabela 5.1.6-4).

Tabela 5.1.6-3 – Áreas da RDS Iratapuru por município

Laranjal do Vitória do
RDS Iratapuru Almeirim Mazagão Total
Jari Jari

Área (ha) - 661.027 - 145.157 806.184


Área (%) - 82,0 - 18,0 100,0
Área na bacia do rio Jari
- 615.771 - 129.887 745.658
(ha)
Área na bacia do rio Jari
- 76,4 - 16,1 92,5
(%)

Tabela 5.1.6-4 – Áreas da FLOTA Paru por município

Laranjal do Vitória do
FLOTA Paru Almeirim Mazagão Total
Jari Jari

Área (ha) 2.106.066 - - - 3.612.914


Área (%) 58,3 - - - 100,0
Área na bacia do rio Jari
1.134.319 - - - 1.134.319
(ha)
Área na bacia do rio Jari
31,4 - - - 31,4
(%)

Tratando-se de um cenário de longo prazo, deve ainda ser considerada a existência de


movimentos de grupos de interesses com o objetivo de alterar a configuração dessas Unidades
de Conservação. Como apontado anteriormente, as grandes unidades da alçada estadual,
criadas no Pará em 2006, representadas na bacia especialmente pela FLOTA do Paru, tiveram
como um de seus objetivos antecipar-se ao avanço das frentes de exploração, disciplinando
previamente as modalidades de uso dos abundantes recursos naturais ali presentes.
Destaca-se, nesse sentido, um movimento em prol de uma permuta entre a FLOTA do Paru e
a REBIO Maicuru, com o objetivo de viabilizar a exploração de recursos minerais, já
detectados dentro dos limites da REBIO e da ESEC Grão Pará. A proposta refere-se à
transferência de cerca de 200.000 ha da REBIO Maicuru para a FLOTA Paru, em troca de
400.000 ha desta FLOTA a serem repassados para a REBIO (blog do Piteira, 2009).

Hydros
EP518.RE.JR204 121

Uma segunda fonte, ISA18, informa que esta proposta está sendo estudada em nível regional,,
com envolvimento de equipes do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Universidade Federal
do Pará, que estão consolidando um diagnóstico sobre a biodiversidade da área, de modo que
a proposta não seja criar um enclave econômico, mas que seja parte de um projeto de
desenvolvimento da Calha Norte.
Uma terceira fonte, IBRAM19, informa que os deputados da Comissão de Mineração e Meio
Ambiente, DNPM, CPRM, IBRAM, Rio Tinto e demais, acenam com esta proposta da
possibilidade de exploração de jazidas minerais nas UCs, no sentido de fomentar a economia
na Calha Norte, cuja qualidade de vida da população é ainda baixa e muito baixa.
Na bacia do rio Jari, tal permuta ocorreria na área de drenagem do rio Ipitinga, demarcada
como REBIO, onde atualmente há atividade garimpeira. Outras áreas fora da bacia,
pertencentes à REBIO e à ESEC Grão Pará seriam repassadas para a FLOTA Paru, onde estão
localizadas amplas reservas de bauxita. Essas áreas já foram prospectadas pela multinacional
Rio Tinto, que poderia viabilizar sua exploração. Destaca-se ainda que no âmbito dessa
proposta, grande parte dos 400.000 ha da FLOTA do Paru a serem convertidos em REBIO
seriam demarcados no extremo norte da FLOTA, área inserida na bacia do rio Jari (ver
Figura 5.1.6-2 a seguir).

55°W 50°W 45°W

Guiana Francesa PARNA do Cabo Orange


Legenda
Suriname
Área de Drenagem

Oceano Atlântico Limite Internacional


UC de Proteção Integral
UC de Uso Sustentável
FLOTA do Amapá
Limite Estadual
Área de Pesquisa Mineral - Rio Tinto (Alumínio e Bauxita)
PARNA Montanhas do Tumucumaque
REBIO do Lago Piratuba Área de Pesquisa Mineral - Bauxita

REBIO de Maicuru

APA do Arquipélago de Marajó


ESEC Grão Pará
RDS do Rio Iratapuru
0° 0°
FLOTA Paru ESEC do Jari
FE Trombetas APA Reentrâncias Maranhenses
FLOTA Paru

RESEX do Rio Cajari

RESEX Tapajós - Arapiuns

RESEX Verde para Sempre

APA Upauon-Açú

FLONA do Tapajós APA Baixada Maranhense

ESEC da Terra do Meio


APA Lago do Tucuruí

5°S 5°S
55°W 50°W 45°W

18
Disponível em http://www.socioambiental.org Acesso em 04.08.10
19
Disponível em http://www.ibram.org.br Acesso em 04.08.10

Hydros
EP518.RE.JR204 122

Fonte: SISCOM, 2010; CPRM, 2010.


Figura 5.1.6-2 - Áreas de Pesquisa Mineral no Interior de Unidades de Conservação

Caso se efetive uma permuta desse tipo, dos cerca de 1,13 milhões de ha da FLOTA Paru
inseridos na bacia do Jari uma porção substancial poderia ser perdida (até 400 mil ha),
obtendo-se, em compensação, a possibilidade de explorar o potencial mineral existente no rio
Ipitinga. Embora os dados disponíveis demonstrem a viabilidade econômica para a
garimpagem, não se sabe ainda a quantidade de minérios existentes nos locais identificados
nos mapas para uma exploração em escala industrial. Embora a área de pesquisa mineral na
bacia não seja tão significativa quanto em nível regional, a alteração dos limites e usos nas
UCs pode alterar significativamente a possibilidade de exploração das jazidas minerais na
bacia do rio Jari.

5.1.6.3 A questão fundiária e uso do solo atual na bacia

Um aspecto que suscita indagações importantes para o esboço de um cenário de ocupação


futura da bacia é a questão fundiária. Destaca-se nesse sentido que o Grupo ORSA afirma em
seu site ser proprietário 1.717.000 ha nas redondezas do rio Jari, conforme a Figura 5.1.6-3 e
Tabela 5.1.6-5 a seguir.

Fonte: Jari Celulose


Figura 5.1.6-3 – Abrangência da JARI Celulose

Hydros
EP518.RE.JR204 123

Tabela 5.1.6-5 – Estimativa das áreas do Grupo ORSA por município


Município Área (ha)¹
Almeirim 895.000
Vitória do Jari 238.000
Mazagão 214.000
Laranjal do Jari 370.000
Total 1.717.000
(¹) Estimado de croqui disponível em: http://www.jari.com.br/web/pt/perfil/localizacao.htm Acesso em 09/2008.

No entanto, documentos do Instituto de Terras do Pará (ITERPA) sustentam que o grupo


paulista poderia se dizer legítimo proprietário de, no máximo, 12 mil hectares, com
possibilidade de legitimar outros 60 mil hectares, sem contar 19 títulos de aforamento e outros
poucos títulos de propriedade (MENDES, 2005). Do montante de terras que o Grupo afirma
ser proprietário, 950.000 ha foram utilizados como garantia de financiamento ao BNDES e ao
Banco do Brasil (PINTO, 2005), recursos que financiaram a modernização e ampliação das
instalações de produção de papel e celulose.
Cerca de 490.000 ha do que se estimou como sendo área da ORSA estão sobrepostos com a
RESEX do Rio Cajari (e consequentemente com o Projeto de Assentamento da RESEX do
Rio Cajari) e cerca de 65.000 ha estão sobrepostos com a RDS Iratapuru. O restante da área
aparentemente está protegido sob a forma de Reserva Legal (Figura 5.1.6-4).

³
53°W 52°W

0° 0°

Amapá

! Laranjal do Jari
P
Monte DouradoR
P Vitória do Jari
!
1°S 1°S

Pará

Legenda

Área de Drenagem

Hidrografia Principal

Estação Ecológica

2°S Área de manejo florestal 2°S

Área de eucalipto
Reserva Legal km
0 10 20 40 60 80

53°W 52°W

Fonte: ORSA Florestal


Figura 5.1.6-4 – Uso das Terras na área do Grupo ORSA

Hydros
EP518.RE.JR204 124

A partir dos dados apresentados, tomando por base as informações do Grupo Orsa, pode-se
concluir que esse grupo tem a posse de uma área extensa e que extrapola os limites da bacia,
incluindo toda a sua porção sul, não restando nenhum espaço para outras atividades. Caso se
considere os dados do ITERAIMA, parte da porção sul da bacia pode vir a apresentar uma
exploração econômica possivelmente diferente daquela organizada pelo Grupo ORSA.
Para o cenário de ocupação da bacia destaca-se que é reduzida a área potencial para a
expansão de atividades produtivas, uma vez que a totalidade das ADOAs já se encontra
dividida entre reflorestamento de eucaliptos, áreas com manejo florestal sustentável, Reserva
Legal e Área de Preservação Permanente.
Essa questão interfere também na possibilidade de consolidação das áreas em que atualmente
se pratica cultura de subsistência, associada à pecuária e à exploração madeireira em pequenas
propriedades (Tabela 5.1.6-6, Gráfico 5.1.6-1 e Figura 5.1.6-5). Por exemplo, em Laranjal do
Jari, uma parte das áreas com essa ocupação típica situa-se no Projeto de Assentamento
Casulo/ Maria de Nazaré Souza Mineiro, com 3.000 ha e capacidade para cerca de 100
famílias. Até 2007, 97 famílias já haviam sido assentadas neste PA.

Tabela 5.1.6-6 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo Atual nos municípios¹ da bacia do rio
Jari
TIPO DE USO Almeirim Laranjal do Jari Vitória do Jari Total
Mancha Urbana (ha) 900 900 100 1.900
Pecuária (pastagens) (ha) 1.700 0 0 1.700
Reflorestamento de Eucalipto
114.900 300 14.200 129.400 4
(ha)²
Lavouras (ha) 34.100 8.500 4.300 46.900
Vegetação Secundária (ha) 20.700 0 400 21.100
Vegetação nativa (ha)³ 7.123.700 3.086.900 1.294.100 11.504.700
Total (ha) 7.296.000 3.096.600 1.313.100 11.705.700
(¹) Mazagão não foi considerado, pois somente uma pequena área de seu território se encontra na bacia do rio
Jari (²) JARI Celulose (³) Inclui área de 505.400 ha de Manejo da ORSA Florestal no município de Almeirim,
áreas legalmente protegidas (TIs e UCs) e possíveis áreas de Reserva Legal, além de APPs que atualmente
encontram-se com cobertura vegetal nativa. APPs sem cobertura vegetal nativa estão contabilizadas nas demais
categorias de uso do solo (4) Cerca de metade desta área (61.000 ha) refere-se à área operacional plantada, e a
outra metade (60.000 ha) à área operacional a plantar, segundo Relatório de Sustentabilidade do Grupo ORSA de
2008. Acredita-se que o mapeamento do reflorestamento de eucaliptos disponíveis na base cartográfica do IBGE
inclua toda a área operacional. A Jari Celulose tem autorização para plantio em cerca de 132.000 ha
(RADOVAN; FONSECA, 2007), de modo que se acredita que não haverá expansão dessas áreas.

Hydros
EP518.RE.JR204 125

Gráfico 5.1.6-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ Atual nos municípios da bacia do rio
Jari

Mancha Urbana

Vitória do Jari Pecuária (pastagens)


Reflorestamento de Eucalipto
Lavouras
Vegetação Secundária

Laranjal do Jari

Almeirim

0 50.000 100.000 150.000 200.000


área (ha)
(¹) Descontando área de vegetação nativa

Hydros
EP518.RE.JR204 126

Fontes: IBGE/SIVAM, 2004; IBGE, 2005; ORSA Florestal


Figura 5.1.6-5 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo atual na porção sul da bacia do rio
Jari

Hydros
EP518.RE.JR204 127

5.1.6.4 Dispositivos Normativos Estaduais de Planejamento - ZEE

Um quarto aspecto a considerar refere-se aos dispositivos normativos estaduais de


planejamento.
Baseando-se nas condições existentes, o ZEE da Área Sul do Estado do Amapá propõe cinco
diferentes zonas nas ADOAs dos municípios de Laranjal do Jari e Vitória do Jari dentro do
conceito da sustentabilidade socioambiental (Figura 5.1.6-6). São elas:
- Zona de Expansão Produtiva / Consolidação centrada nas oportunidades
extrativas de castanha-do-brasil – Corresponde às áreas de florestas de terra firme
com castanha-do-brasil, cujos estoques naturais são considerados estratégicos para o
desenvolvimento do Estado do Amapá. Nessas áreas, propõe-se o enriquecimento dos
castanhais nativos, sua diversificação produtiva, incluindo outras essências extrativas,
como espécies fibrosas, resiníferas, aromáticas, oleaginosas, etc, e o povoamento das
clareiras naturais com outras espécies frutíferas que poderiam estar associadas à
agroindústria familiar.
- Zona de Expansão Produtiva centrada no potencial diversificado da floresta –
Corresponde às áreas de floresta densa, além dos domínios de castanha-do-brasil,
contemplando outras grandes áreas florestadas, igualmente biodiversas, que não têm
uma definição econômica baseada na concentração de frutíferas comestíveis. Ainda
não há uma indicação de uso factível do ponto de vista socioambiental nesta área.
Algumas alternativas consideram a exploração madeireira e de recursos vegetais,
como fibras vegetais, óleo-resinas, óleos essenciais e látex.
- Zona de Consolidação Produtiva vinculada a estudos imediatos que ampliem o
conhecimento sobre o estado de vida das populações humanas, do uso e das
ofertas dos recursos naturais – Áreas originalmente estáveis e que atualmente
encontra-se comprometidas com formas diferenciadas de intervenção social. Propõem-
se a consolidação produtiva dessas áreas, o redirecionamento de formas equivocadas
do uso dos recursos e a viabilização de estratégias sustentáveis no conjunto dos
planejamentos municipais. Essa zona foi dividida em duas sub-zonas: (i) Subzona de
reaproveitamento de áreas alteradas com ocorrência de solos associados a terras de
boa fertilidade natural e (ii) Subzona de reaproveitamento de áreas alteradas com
predominância de solos de baixa fertilidade natural.
- Zona de Consolidação Produtiva Sustentável das várzeas – Área em que busca-se
reunir, ao mesmo tempo, a manutenção da integridade funcional das várzeas com o
fortalecimento de atividades comprovadamente sustentáveis. Nas florestas ribeirinhas,
propõe-se a elevação da produtividade, a agregação de valor na produção de frutíferas
comestíveis (açaí principalmente), oleaginosas (andiroba, buriti, murumuru, pracaxi) e
lacitíferas (seringueiras), além do manejo florestal sustentável no setor madeireiro e
no consórcio palmito/fruto de açaí. Nos campos de várzea, propõe-se o manejo de
animais silvestres, criatórios aquáticos, ecoturismo e agricultura de micro-espaços
ciliares, inclusive atentando-se para mercados diferenciados, tais como o de peixes
ornamentais, de produtos derivados do pescado, etc.
- Espaços com Restrições a Indicações de Uso – Esta zona foi dividida em três
subzonas. (i) Área com Sistema de Uso e Propriedade Definidos, que corresponde a
áreas cuja vinculação institucional ou particular não permitem a atribuição de novos
valores indicativos. Incluem-se nesta área, a ESEC do Jari, as áreas urbanas, as áreas
de reflorestamento da Jari Celulose. Em relação à área do Projeto Jari, sugere-se
Hydros
EP518.RE.JR204 128

esforços para maior envolvimento do empreendimento com os interesses do Estado e


dos municípios para possibilitar a fixação humana. (ii) Áreas com atributos naturais
relevantes, mas sem definição produtiva imediata, que correpondem às áreas que,
embora definidas do ponto de vista natural, não se enquadraram diretamente nos
parâmetros de indicação de uso propostos pelo ZEE, de modo que passaram a compor
uma categoria que requer mais informações para que a detinação de uso destes espaços
seja feita com maior segurança. E (iii) Áreas com degradações localizadas,,
resultantes de atividade mineradora, que devido à sua baixa expressividade em
superfície (apenas 0,06% da área de estudo do ZEE) não permitiu tratá-las como zona.
Para esta subzona, o ZEE sugere atenção às propostas de recuperação da cobertura
vegetal dos empreendimentos. Destaca-se que devido às características muito distintas
entre as subzonas, a Figura 5.1.6-6 apresenta, na legenda, as duas primeiras subzonas,
lembrando-se que a última subzona é muito pequena para ser representada na escala
do mapeamento.
O ZEE do Pará faz o mesmo para Almeirim, propondo três diferentes zonas em sua ADOA:
(Figura 5.1.6-6)
- Zona de Consolidação e Expansão – Inclui grande parte sul da bacia no lado
paraense, predominantemente correspondente à área de reflorestamento do Jari
celulose. É recomendada a expansão controlada do reflorestamento nas áreas já
desmatadas. Porém, não recomenda a expansão no sentido de substituir novas áreas de
floresta primária nativa por florestas cultivadas com espécies exóticas, devido ao
elevado impacto ambiental causado pela destruição dos habitats (SECTAM, 2004).
Nas áreas florestadas, o detalhamento do MacroZEE identificou ainda um alto
potencial de produção florestal manejada (SECTAM/PA, 2006)
- Zona de Expansão de atividades produtivas – localizada ao sul da bacia, no lado
paraense. Áreas com elevada estabilidade natural, mas que apresentam uma
potencialidade socioeconômica baixa a inexistente, indicando a necessidade de revisão
nos sistemas tradicionais de produção, buscando maiores níveis de valor agregado
e/ou investimentos na infra-estrutura física e social.
- US MZEE – O MacroZEE do Pará propôs a criação de UCs de Proteção Integral e de
Uso Sustentável distribuídas no Estado do Pará. O trecho sudoeste do município de
Almeirim refere-se à proposta do MacroZEE de ali se criar uma UC de Uso
Sustentável em que a utilização econômica se desse através de manejo florestal.

Hydros
EP518.RE.JR204 129

Figura 5.1.6-6 – Zoneamento Ecológico Econômico do Pará e do Amapá

Hydros
EP518.RE.JR204 130

5.1.7 USO DO SOLO PROSPECTIVO 2030

Considerando esse conjunto de limitações e potencialidades, mostrou-se bastante estreito o


campo de possíveis opções de ampliação territorial da estrutura produtiva na bacia. Para
esboçar esse cenário foram considerados os seguintes pressupostos e orientações:
• Com o avanço das frentes madeireiras em direção à área em estudo, poderão se tornar
viáveis investimentos em infraestrutura viária, garantindo acessibilidade às Unidades
de Conservação de Uso Sustentável, e sua exploração segundo as modalidades de uso
previstas;
• A RDS Iratapuru poderá ser utilizada para exploração de produtos florestais não
madeireiros;
• A FLOTA Paru, criada pelo Decreto nº 2.608 de 04/12/2006, poderá ser utilizada para
exploração de produtos florestais madeireiros, não madeireiros e de recursos minerais,
conforme disposto em seu Plano de Manejo;
• Considerar as atuais áreas de lavouras como integrando uma futura área de policultura
diversificada;
• Consolidação da exploração sustentável de recursos naturais em parcelas das ADOAs
que não estejam sendo atualmente utilizadas pelo reflorestamento de eucalipto ou
manejo florestal pela ORSA;
• Uso concomitante de exploração madeireira e de extrativismo de sementes e frutos na
área de manejo da ORSA;
• Exploração do potencial madeireiro existente na ADOA de Almeirim, atualmente não
ocupada, conforme proposta do Detalhamento do MacroZEE do Pará;
• Ocupação antrópica ao longo da PA-254 (Almeirim a Prainha/Monte Alegre) e da
PA-423 (Almeirim a Monte Dourado), considerando também a implantação da linha
de transmissão que ligará Tucuruí a Manaus e Macapá. No âmbito da bacia, foram
considerados como área de expansão somente o trecho ao longo da rodovia que não é
propriedade do grupo ORSA. A ocupação deste trecho é questão a ser estudada, pois o
MacroZEE do Pará sugere que seja criada uma UC de Uso Sustentável na área. A
organização da ocupação na região converge com o estabelecido como ação prioritária
na chamada Área Prioritária para Conservação da Biodiversidade (CONABIO, 2007)
limítrofe ao traçado da estrada, onde é sugerida a criação de UCs, UCs estas que
tendem a ser de uso sustentável, embora ainda não haja tal definição de fato.
• Expansão das lavouras nas áreas mapeadas pelo ZEE/AP como “Subzona de
Reaproveitamento de Áreas Alteradas com Ocorrência de Solos Associados a Terras
de Boa Fertilidade Natural”. Enquadram-se nesta situação a área do entorno das
comunidades de Santo Antônio e Padaria e a área do entorno das localidades de Água
Branca e Santa Rosa, na RESEX do Cajari. Ressalta-se a necessidade de estudos mais
detalhados, uma vez que a condição do relevo é pouco favorável e que a ocorrência de
solos férteis foi registrada somente na forma de pequenas manchas em meio a outros
solos de menor aptidão;
• Expansão da lavoura nas áreas atualmente cobertas por vegetação secundária e
recuperação da cobertura vegetal das áreas de exploração de caulim e bauxita.
O cenário de uso e ocupação do solo resultante em 2030 é apresentado na Tabela 5.1.7-1,
Gráfico 5.1.7-1 e Figura 5.1.7-1 a seguir.
Hydros
EP518.RE.JR204 131

Tabela 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios¹ da bacia do rio Jari no
Cenário 2030
TIPO DE USO Almeirim Laranjal do Jari Vitória do Jari Total
Mancha Urbana (ha) 900 900 100 1.900
Pecuária (pastagens) (ha) 1.700 0 0 1.700
Reflorestamento de Eucalipto
114.900 300 14.200 129.400
(ha)²
Policultura diversificada (ha)³ 105.500 15.500 4.600 125.600
4
Vegetação Secundária (ha) 0 600 23.000 23.600
5
Vegetação nativa (ha) 7.073.000 3.079.300 1.271.200 11.423.500
Total (ha) 7.296.000 3.096.600 1.313.100 11.705.700
(¹) Mazagão não foi considerado, pois somente uma pequena área de seu território se encontra na bacia do rio
Jari (²) JARI Celulose (³) Inclui lavouras atuais, vegetação secundária atual entre Monte Dourado e Munguba,
área ao longo das rodovias PA-254 e PA-425, e pequenas áreas no interior da chamada “Subzona de
Reaproveitamento de Áreas Alteradas com Predominância de Solos de Baixa Fertilidade Natural”. (4)
Revegetação em áreas de exploração de caulim e bauxita. (5) Inclui área de 505.400 ha de Manejo da ORSA
Florestal no município de Almeirim, áreas legalmente protegidas (TIs e UCs) e possíveis áreas de Reserva Legal,
além de APPs que foram consideradas como apresentando cobertura vegetal nativa no cenário 2030. APPs sem
cobertura vegetal nativa estão contabilizadas nas demais categorias de uso do solo.

Gráfico 5.1.7-1 - Cobertura Vegetal e Uso do Solo¹ nos municípios da bacia do rio Jari
no Cenário 2030

Mancha Urbana
Vitória do Jari Pecuária (pastagens)
Reflorestamento de Eucalipto
Policultura diversificada
Vegetação Secundária

Laranjal do Jari

Almeirim

0 50.000 100.000 150.000 200.000

área (ha)

(¹) Descontando área de vegetação nativa

Hydros
EP518.RE.JR204 132

(*) As áreas de vegetação nativa incluem áreas não exploráveis e exploráveis de produtos florestais - madeireiros
e não madeireiros. Para visualizar UCs e TIs, ver Figura 5.1.7-2.
Figura 5.1.7-1 – Cobertura Vegetal e Uso do Solo nos municípios da bacia do rio Jari no
Cenário 2030

Hydros
EP518.RE.JR204 133

Em comparação com a situação atual as alterações previstas podem ser divididas de acordo
com a porção da bacia a ser afetada. As principais alterações tendem a ser:

• Na Porção Centro-Norte

Na porção centro norte da bacia a abertura de acessos deverá viabilizar a exploração das
Unidades de Conservação de Uso Sustentável, com os seguintes quantitativos potenciais:
- exploração sustentável de recursos não madeireiros numa área potencial de cerca de
610 mil hectares, atualmente disponível, porém carente de acesso e com muito baixa
intensidade de uso (RDS Iratapuru). Considerou-se no horizonte do presente estudo, a
possível exploração de 66% do potencial identificado, a ser definida por planos de
manejo;
- exploração sustentável de recursos madeireiros e não madeireiros de uma área
potencial de 2,11 milhões de hectares, atualmente sem acessos (FLOTA Paru).
Considerou-se, no horizonte do presente estudo, a possível exploração, a ser definida
por planos de manejo, de 33% do potencial identificado.

• Na Porção Sul

- duplicação da área operacional plantada do reflorestamento de eucaliptos do Grupo


Orsa, de modo que sua área operacional de cerca de 130.000 ha seja totalmente
utilizada;
- manutenção da área de manejo florestal do Grupo ORSA na ADOA, de 505.400 ha;
- crescimento de cerca de 170% na área agrícola atual, com a consolidação da
agricultura familiar por meio do desenvolvimento de uma policultura diversificada de
maior rentabilidade principalmente no município de Almeirim;
- intensificação da exploração sustentável de recursos não madeireiros de uma área
potencial de cerca de 867.000 ha atualmente disponíveis na ADOA (vegetação nativa
na ADOA descontando-se APP), mas com aproveitamento ainda disperso.
Considerou-se, no horizonte do projeto, a possível exploração, a ser definida por
planos de manejo, de 50% do potencial identificado;
- crescimento da área de vegetação secundária em Vitória do Jari em função da
atividade mineradora na região.

Na Figura 5.1.7-2, apresentam-se o uso do solo previsto para o cenário 2030, mantendo-se a
cobertura florestal das áreas de proteção legal cuja exploração será desenvolvida de modo
sustentado (UCs de Uso Sustentável), com a preservação da cobertura florestal nativa.

Hydros
EP518.RE.JR204 134

55°W 54°W 53°W 52°W


3°N

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³
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SURINAME

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GUIANA FRANCESA

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2°N 2°N
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Amapá
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1°N 1°N
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Pará !
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Legenda
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0° UC de Proteção Integral 0°
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UC de Uso Sustentável
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(Previsão de Manejo Florestal) !


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Terras Indígenas
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Hidrografia Principal
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Área Disponível para


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Ocupação Antrópica (ADOAs)


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Uso do Solo - Projeção 2030


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Área Urbana
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1°S Policultura Diversificada 1°S


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Pecuária
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Reflorestamento de Eucalipto
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Vegetação Secundária ! ! !
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Área Florestada com


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exploração sustentável
Área Florestada sem
explororação de recursos 0 12,5 25 50 75 100 km

55°W 54°W 53°W 52°W

Figura 5.1.7-2– Mapa de Uso e Ocupação do Solo Prospectivo e Áreas Institucionais

Hydros
EP518.RE.JR204 135

5.1.8 ESTIMAÇÃO DO VALOR AGREGADO, CONSIDERANDO A EFETIVA


EXPLORAÇÃO DAS ÁREAS DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DE ÁREAS JÁ
ANTROPIZADAS

Cabe ressaltar inicialmente que assumindo a tendência de crescimento acelerado do país e da


Região Norte projetada pelo Setor Elétrico para a área em estudo, no horizonte do presente
estudo, foi adotada a alternativa que se traduz – dentro das limitações e tendências presentes -
na máxima incorporação de territórios aos processos produtivos.
Outro aspecto se refere à evolução recente do PIB dos municípios que integram a bacia, cuja
tendência fortemente declinante – envolvendo praticamente todos os setores da economia -
não encontra respaldo nas demais informações secundárias disponíveis relativas ao
desempenho dos principais agentes econômicos locais. Por esse motivo, apesar da bacia
contar com um núcleo agro-mínero-industrial verticalizado significativo que vem ampliando a
incorporação de parcela do território a seu processo produtivo, para a estimação do
desempenho econômico futuro da bacia tomou-se por base os potenciais de apropriação dos
recursos naturais ainda disponíveis.
Para esse avanço foram considerados tanto os fatores endógenos, representados
principalmente pelo núcleo empresarial já instalado e pelos pequenos produtores agro-
extrativistas locais, como os fatores exógenos, representados pelo avanço da frente
madeireira, considerado como indispensável para explorar o amplo potencial local da porção
central da bacia.
Para tanto, foram utilizados padrões simplificados de ocupação/apropriação dos recursos
naturais da área passível de exploração, de acordo com as potencialidades, estruturas pré-
existentes e definições legais e institucionais. Como visto, a área de expansão potencial é
constituída em grande parte por Unidades de Conservação de Uso Sustentável.
Em termos agregados foram identificados quatro padrões de ocupação/exploração, que são
apresentados com as respectivas áreas com ocupação prevista no horizonte do projeto.
- Manejo não madeireiro sustentado de áreas florestais Exploração de produtos
florestais não madeireiros, desenvolvido principalmente por comunidades locais –
406.800 hectares na RDS Iratapuru + 433.540 hectares na ADOA, totalizando
840.340 hectares.
- Manejo madeireiro florestal sustentável de áreas florestais nativas desenvolvido
pela ORSA e por grandes madeireiras a partir de licitações de glebas públicas,
conforme o Plano de Outorga Florestal do Governo do Estado do Pará –
702.100 hectares na FLOTA Paru + 505.400 hectares do Grupo Orsa, totalizando
1.207.500 hectares;
- Policultura diversificada, considerando o desenvolvimento e consolidação da
agricultura familiar através de diferentes formas de uso e ocupação do solo,
especialmente das áreas de várzeas – 125.600 hectares; dada a reduzida dimensão da
área de pecuária ela foi agregada à de policultura que, desse modo, passou a totalizar
127.300 ha;
- Reflorestamento, considerando as áreas atuais e de expansão do Grupo Orsa –
129.400 hectares;
Na seqüência, foram estimados os valores potencialmente agregáveis pela exploração da área
disponível, segundo os padrões de uso estabelecidos. Para a estimação desses valores foram

Hydros
EP518.RE.JR204 136

utilizadas duas modalidades de cálculo, consideradas como aproximações necessárias para


avaliar o potencial de crescimento do PIB da bacia.
Para os padrões Policultura diversificada e Exploração sustentável de produtos florestais não
madeireiros o valor agregado por hectare foi definido por meio da pesquisa de situações
similares em municípios onde estas atividades são desenvolvidas com dimensão territorial
significativa. Através de correlações entre o uso e ocupação do solo dos estabelecimentos
agropecuários, área colhida e valor da produção, de um lado, e o valor adicionado
contabilizado de outro (ambos relativos a 2007) foram obtidos os seguintes resultados:

• Exploração sustentável de produtos florestais não madeireiros – R$ 60,00/ha/ano


• Policultura Diversificada – R$ 475,00/ha/ano

Para os padrões reflorestamento (no caso de eucalipto) e de manejo florestal de mata nativa de
cunho empresarial, foram selecionadas estruturas de custos e rendimentos que foram
utilizadas para se aproximar da conceituação do Valor Adicionado, obtendo-se os seguintes
valores:

• Exploração sustentável de recursos madeireiros – R$ 410,00/ha/ano


• Reflorestamento (Eucalipto) - R$ 1.560,00/ha/ano

Com base nessas aproximações estimou-se que no horizonte do projeto o Valor Adicionado
pelas atividades agropecuárias e extrativas vegetais no âmbito da bacia poderá atingir, a
preços de 2007, 808 milhões de reais (Tabela 5.1.8-1).

Tabela 5.1.8-1 – Valor adicionado pelo setor primário a partir da expansão das
atividades agropecuárias e extrativas vegetais
Geração de
valor Valor adicionado¹
Atividade do setor primário Áreas (ha)
adicionado (R$)
(R$/ha/ano)
Exploração sustentável de produtos
840.340 60,00 50.420.400
florestais não madeireiros
Exploração sustentável de recursos
1.207.500 410,00 495.075.000
madeireiros
Policultura Diversificada 127.300 475,00 60.467.500
Reflorestamento (Eucalipto) 129.400 1.560,00 201.864.000
TOTAL 2.304.540 - 807.826.900
(¹) Preços de 2007

A partir desse valor procurou-se estabelecer uma hipótese plausível de evolução do conjunto
da economia da bacia por meio da estimação do crescimento dos demais grandes setores de
atividades. Dada a elevada flutuação das participações proporcionais no passado recente –
como visto entre 1996 e 2007 o peso do setor secundário variou de 77% a 31% e o terciário de

Hydros
EP518.RE.JR204 137

14,9% a 60,3%, oscilando o primário entre 7,6% a 11,3%, - essa estimação foi essencialmente
qualitativa e apoiada na pesquisa de similaridades com regiões que já passaram por processos
semelhantes, adequando-se os indicadores obtidos às especificidades da região.
Considerou-se que com o tipo de evolução indicada, a bacia do rio Jari e os municípios que
dela fazem parte teriam um componente muito forte nas extrações vegetal e mineral que
deverão crescer mais rapidamente que os demais setores, alcançando uma participação de
25% no PIB no horizonte do projeto. Estimou-se também que o setor secundário, núcleo da
atividade econômica da bacia, alimentado pelo crescimento da atividade extrativa, deveria
manter uma participação de pelo menos 40%, restando para os serviços uma participação de
35%. Considerando este esboço e a manutenção da participação da extração mineral em cerca
de 5% do montante do VA do setor primário, o PIB dos municípios da bacia em 2030 tenderá
a ser de R$ 3.394,83 milhões de reais.
Nesse contexto, como pode ser observado na Tabela 5.1.8-1 a seguir, a taxa geométrica média
anual de crescimento do PIB da bacia no período 2007 – 2030 será de 7,26%, superior à do
conjunto da Região Norte, elevando sua participação proporcional de 0,51% para 0,69%.

Tabela 5.1.8-2 Estimativa do PIB da Região Norte e dos Municípios da Bacia do Rio Jari
no Horizonte do Projeto

Agregado Taxa Média Anual de Crescimento Valor Adicionado


Espacial Participação Proporcional (%) (R$ milhões de 2007)
PIB 2007 133.578,00
Taxas Parciais de Crescimento Anual
2007 – 2008 6,4% 142.126,99
2009 3,2% 146.675,06
2010 – 2012 5,5% 163.253,00
Região Norte
2013 6,1% 173.211,44
2014 – 2016 7,2% 199.051,81
2017 – 2030 7,2% 491.471,51
Taxa Média Anual 2007/2030 5,827%
PIB 2030 491.471,51
PIB 2007 676,39

Municípios Participação no PIB da Região Norte em 2007 0,51%


da Bacia do Taxa Média Anual 2007/2030 7,26% aa
Rio Jari
Participação % no VA da Região Norte em 2030 0,69%
PIB 2030 3.394,83

De acordo com a metodologia, parâmetros e pressupostos adotados para a elaboração deste


cenário prospectivo, no contexto de um amplo aproveitamento sustentado dos recursos

Hydros
EP518.RE.JR204 138

naturais presentes, se verificou que no horizonte de estudo o território compreendido pela


bacia do rio Jari tem um forte potencial de crescimento econômico. Confrontado com as
estimativas do Setor Elétrico para a Região Norte, o território em apreço poderá, também,
crescer de modo acelerado viabilizando um incremento em sua participação proporcional no
PIB regional. Para tanto será indispensável que seus motores de impulsão endógenos e
exógenos, entre estes últimos especialmente a continuidade do avanço das frentes madeireiras,
se mantenham dinâmicos.
É interessante observar, nesse sentido, que os principais fatores de reprodução ampliada da
estrutura produtiva da bacia, tanto endógenos como exógenos, estão vinculados a cadeias
produtivas altamente integradas: produção e desdobramento da madeira, produtos de madeira,
papel e celulose. Tratam-se igualmente de cadeias produtivas que estão sendo impulsionadas
por demandas crescentes dos mercados interno e externo, estimando as análises de mercado
que esses impulsos tendem a ser de longo prazo, o que deverá garantir a continuidade dos
movimentos em curso.

Hydros
EP518.RE.JR204 139

5.2 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE 2030

5.2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A etapa essencial para a avaliação do cenário de 2030 sem empreendimentos é a cenarização


prospectiva (tendencial) da bacia considerando os fatores endógenos e especialmente
exógenos, responsáveis pela dinamização e a reestruturação socioeconômica da bacia
resultante do acionamento de novas cadeias produtivas, caracterizando a sensibilidade da
bacia em 2030. Para este cenário, foram adotados os mesmos indicadores de sensibilidade
atual de modo a obter um quadro comparativo entre dois períodos distintos. A elaboração do
quadro de sensibilidade atual e a sensibilidade 2030 com os mesmos indicadores objetivam
visualizar a evolução das sensibilidades, de modo que se possa avaliar de forma mais objetiva
as modificações decorrentes dos impactos dos empreendimentos no cenário prospectivo com
empreendimento.

5.2.2 METODOLOGIA

Para a elaboração da sensibilidade socioambiental do cenário de 2030, foi considerado como


balizador o cenário prospectivo calcado em premissas baseadas nas caracterizações
macroeconômicas da bacia e dos fatores macroeconômicos externos que, a despeito de
ocorrerem fora da bacia, foram considerados fatores fortemente influentes no quadro
socioeconômico da bacia até o ano de 2030. A partir do cenário prospectivo foi possível a
espacialização da expansão de atividades socioeconômicas na bacia, que conduziu à
elaboração do mapa de uso do solo 2030, a partir do qual foram montados os mapas de
sensibilidade 2030.
Assim, à exceção das bases em ambiente SIG que foram modificadas de forma a convergirem
para o cenário macroeconômico elaborado, a metodologia adotada para a análise de
sensibilidade do cenário de 2030 foi a mesma utilizada no cenário atual. A adoção da mesma
metodologia foi considerada essencial para permitir a comparação do quadro de sensibilidade
da bacia entre dois períodos distintos.
De modo a facilitar a leitura, os Indicadores de Sensibilidade utilizados no cenário de 2030,
que são os mesmos do cenário atual, são apresentados no quadro a seguir. As variáveis, pesos
e graus de cada um desses indicadores, bem como a justificativa para utilização de cada um
deles são apresentados no item 4.1, junto com as mudanças necessárias para adaptação ao
cenário de 2030.

Hydros
EP518.RE.JR204 140

Quadro 5.2.2-1 – Indicadores de Sensibilidade Ambiental por Temas-Síntese da Bacia


do Rio Jari

Temas Síntese Indicadores de Sensibilidade Ambiental –ISA

Recursos Hídricos e ISA 1 Sensibilidade da Qualidade da Água


Ecossistemas Aquáticos ISA 2 Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos
ISA 3 Sensibilidade Geológica
Meio Físico e Ecossistemas
Terrestres ISA 4 Sensibilidade à Erosão do Solo
ISA 5 Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres
ISA 6 Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida
ISA 7 Sensibilidade Negativa da Organização Territorial
ISA 8 Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional
Socioeconomia ISA 9 Sensibilidade Negativa da Base Econômica
ISA 10 Sensibilidade Positiva Atual dos Recursos Naturais
ISA 11 Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo
Setor Elétrico
ISA 12 Sensibilidade das Condições Etnoecológicas
Populações Indígenas
ISA 13 Sensibilidade da Integridade Sociopolítica

5.2.3 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL DE 2030 POR TEMA-


SÍNTESE E POR SUBÁREA

5.2.3.1 Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

A sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos na bacia do rio Jari


permanece praticamente inalterada no cenário prospectivo de 2030 quando comparada à
sensibilidade atual. Tal situação se justifica pelo fato de que o nível de conservação e
isolamento encontrado atualmente na porção norte e central da bacia será mantido, havendo
apenas certa evolução no uso e ocupação do solo nas áreas de lavoura. Concluiu-se que uma
das maiores potencialidades econômicas atuais da bacia está associada ao manejo sustentável
de florestas nativas, que consiste na adoção de práticas sustentáveis para exploração dos
recursos florestais e tem como requisitos respeitar os mecanismos de sustentação dos
ecossistemas e monitorar o desenvolvimento da floresta, entre outros. A consolidação deste
manejo nas UCs de Uso Sustentável, bem como em grande parte da área disponível para

Hydros
EP518.RE.JR204 141

ocupação antrópica (ADOA)20 devido à grande quantidade de área considerada como de


Reserva Legal, na qual apenas esta atividade é permitida, somada à existência de solos
inadequados para a atividade agropecuária resultaram na manutenção do grau de sensibilidade
dessas áreas nos mesmo níveis encontrados atualmente.
É de valia, no entanto, ressaltar alguns aspectos relevantes para a sensibilidade dos Recursos
Hídricos e Ecossistemas Aquáticos, embora estes aspectos tenham abrangência restrita. O
primeiro aspecto está relacionado à mineração (caulim, bauxita, ouro), que embora pontuais,
terão papel mais relevante no que se refere ao uso dos recursos hídricos no cenário de 2030. O
segundo aspecto está relacionado ao aumento no fluxo de embarcações na parte sul da bacia
devido ao aumento de produtividade da indústria de celulose e da mineração.
Considerando o princípio de manutenção dos indicadores de sensibilidade para a comparação
da sensibilidade atual e futura, as variáveis consideradas para obtenção da sensibilidade deste
tema-síntese foram as mesmas, adequando-se apenas aos novos usos do solo (pequena
expansão das áreas de lavoura e das áreas urbanizadas).
Os Indicadores de Sensibilidade dos Recursos Hídrico e Ecossistemas Aquáticos, com suas
Variáveis, Pesos e Graus, estão apresentados nas tabelas a seguir:

20
Áreas não delimitadas como Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Para mais detalhes, ver item 5.1. –
Cenário Prospectivo da Bacia do Rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 142

Tabela 5.2.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade da Qualidade da Água
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DA QUALIDADE DA ÁGUA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Aldeias indígenas
2 Vilas, núcleos, povoados e outras localidades
IBGE/SIVAM,
Efluentes 0,6 3 Entorno de áreas urbanizadas (raio de 5 km) Bacia
2004
4 -
5 Áreas Urbanizadas
1 -
IBGE/SIVAM, 2 -
Uso do Solo 0,4 2004 3 Pecuária e agricultura de subsistência Bacia
HYDROS, 2010 4 Silvicultura de eucaliptos
5 Áreas Urbanizadas

Hydros
EP518.RE.JR204 143

Tabela 5.2.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Aquáticos
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Área de preservação permanente em área urbana/urbanizada
2 -
Entorno dos Corpos IBGE/SIVAM, Área de preservação permanente em regiões de pastagens, lavoura e
0,7 3 Bacia
D’Água 2004 vegetação secundária
Área de preservação permanente ao longo de rios em regiões de
4
vegetação natural
5 Área de preservação permanente em nascentes e ilha fluvial
Áreas sem comprovação de ocorrência de espécies endêmicas,
1
IUCN, 2009; migratórias ou em risco de extinção
Espécies Endêmicas, BERNARD, 2 -
Migratórias ou em Risco 0,3 2008; 3 - Existência
de Extinção NOGUEIRA, 4 -
2010
Áreas de ocorrência de espécies endêmicas, migratórias ou em risco de
5
extinção

Hydros
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Graus de Sensibilidade
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Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.2.3.1-1 – Mapa de Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas


Aquáticos – Cenário de 2030

Hydros
EP518.RE.JR204 145

Quadro 5.2.3.1-1 – Sensibilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por


Subárea para o Cenário de 2030

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade baixa na maior parte da subárea, principalmente pela ausência de
ocupação antrópica na região, muito embora haja registros de ocorrência de espécies
I endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Sensibilidade média principalmente ao longo
do rio Jari

Sensibilidade muito baixa na subárea como um todo principalmente pela ausência de


II ocupação antrópica na região. Sensibilidade média principalmente ao longo do rio Jari e
alta onde há ilhas fluviais
Sensibilidade muito baixa na subárea como um todo principalmente pela baixa
ocupação antrópica na região. Observa-se o aumento da sensibilidade onde há ocupação
antrópica (silvicultura de eucaliptos, lavouras, pecuária) ou onde há ocorrência de
III
espécies ictiofaunísticas de distribuição restrita. Sensibilidade média principalmente ao
longo do rio Jari, e sensibilidade alta principalmente nos trechos do rio Jari mais
próximos das áreas urbanas

5.2.3.2 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

No cenário futuro, além do crescimento vegetativo, é possível um aumento da pressão


antrópica na bacia decorrente da melhoria na acessibilidade e da dinamização econômica
tendencial e previstas em planos e programas públicos para a região, que se concentram na
porção sul da bacia. Desse modo, é provável que ocorra um aumento na exploração dos
recursos naturais, do desmatamento, da erosão e consequente instabilização de maciços
rochosos nesta região.
Considerando o princípio de manutenção dos indicadores de sensibilidade para a comparação
da sensibilidade atual e futura, as variáveis consideradas para obtenção da sensibilidade deste
tema-síntese foram mantidas. Os indicadores de sensibilidade mantiveram-se, em peso e grau,
tal como apresentados na Sensibilidade atual da bacia. Entretanto, o indicador de
sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres sofreu uma pequena adaptação ao novo cenário,
onde se verifica a projeção macroeconômica para 2030.
Os Indicadores de Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres, com suas
Variáveis, Pesos e Graus, estão apresentados nas tabelas a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 146

Tabela 5.2.3.2-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Geológica


INDICADOR DE SENSIBILIDADE GEOLÓGICA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Muito baixa Bacia
2 Baixa
Áreas suscetíveis a
0,3 IBGE, 2004 3 Média
instabilização de maciços
4 Alta
5 Muito alta
1 - Bacia
Compartimento do Embasamento Cristalino Pré-Cambriano (Suíte Intrusiva
Água Branca, Complexo Guianense, Complexo Tumucumaque, Complexo
Jari-Guaribas, Complexo Ananaí, Suíte Intrusiva Carecuru, Suíte Intrusiva
Igarapé Careta, Complexo Iratapuru, Complexo Bacuri, Alcalinas
Mapari/Maraconaí, Alaskito Urucupatá, Suíte Intrusiva Urucu, Suíte Intrusiva
2 Mapuera, Suíte Intrusiva Falsino, Granito Waiãpi, Supergrupo Uatumã);
Compartimento da Bacia Sedimentar Paleozóica (Grupo Trombetas, Formação
Recursos minerais 0,4 IBGE, 2004 Ererê, Formação Maecuru, Grupo Curuá, Diabásio Penatecaua);
Compartimento das Rochas Sedimentares Semiconsolidadas e Depósitos
Recentes (Formação Alter do Chão, Cobertura Detrito-Laterítica, Grupo
Barreiras, Terraços Holocênicos, Aluviões Holocênicos)
3 -
Compartimento do Embasamento Cristalino Pré-Cambriano (Grupo Vila
4
Nova, Grupo Ipitinga, Grupo São Lourenço)
5 -
1 Domínio das Rochas Vulcânicas/Cristalinas Nacional
2 Domínio das Rochas Metassedimentares/Metavulcânicas
Hidrogeologia 0,1 CPRM, 2007 3 Domínio Poroso-fissural
4 Domínio das Bacias Sedimentares
5 Domínio das Formações Cenozóicas

Hydros
EP518.RE.JR204 147

Tabela 5.2.3.2-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade à Erosão do Solo
INDICADOR DE SENSIBILIDADE À EROSÃO DO SOLO
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 até 50 m Bacia
2 -
Geomorfologia e
0,25 IBGE, 2004 3 50 a 100 m
entalhamento das drenagens
4 100 a 150 m
5 maior que 150 m
1 Latossolos Vermelho-Escuro Bacia
2 Latossolos Vermelho-Amarelo
Erodibilidade 0,25 IBGE, 2004 3 Latossolos Amarelo
4 Argissolos Vermelho-Amarelo e Gleissolo
5 Neossolos Litólicos
1 R até 409,1 Bacia
2 -
HYDROS,
Erosividade 0,25 3 R entre 409,1 e 478,4
2010
4 -
5 R acima de 478,4
1 Florestas Ombrófilas Bacia
2 Vegetação Secundária, Reflorestamento
Cobertura Vegetal e Uso do
0,25 IBGE, 2004 3 Áreas urbanas
Solo
4 Refúgio vegetacional arbustivo, Formações Pioneiras
5 Lavouras e Pastagens

Hydros
EP518.RE.JR204 148

Tabela 5.2.3.2-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade dos Ecossistemas Terrestres
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES
Variável Peso Fonte Grau Classes de avaliação Parâmetro
1 -
2 Área de amortecimento da UC de Uso Sustentável (10 km)
Unidades de
0,45 IBAMA, 2006 3 Área de amortecimento da UC de Proteção Integral (10 km) Nacional
Conservação
4 UC de Uso Sustentável
5 UC de Proteção Integral
1 -
Áreas Prioritárias para 2 Insuficientemente conhecida
Conservação da 0,15 PROBIO, 2007 3 Alta Nacional
Biodiversidade 4 Muito alta
5 Extremamente alta
1 -
2 Vegetação secundária
Integridade de Habitats
IBGE, 2004 3 Florestas Ombrófilas Abertas
e Presença de Espécies 0,40 Regional
HYDROS, 2010 Florestas Ombrófilas Densas, Contato Savana/Floresta Ombrófila e
Endêmicas ou Raras 4
Formações Pioneiras
5 Refúgios Vegetacionais

Hydros
EP518.RE.JR204 149

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Muito Baixo Médio Muito Alto
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54°W 52°W

Figura 5.2.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres –


Cenário de 2030

Hydros
EP518.RE.JR204 150

Quadro 5.2.3.2-1 – Sensibilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por Subárea


para o Cenário de 2030

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade alta a muito alta nas áreas das Unidades de Conservação de Proteção
I Integral, de títulos minerários e de maior erodibilidade e média nas demais áreas

Sensibilidade variando de média a alta. Área de Unidades de Conservação de Uso


II Sustentável. Alta sensibilidade na porção oeste devido à presença de Unidade de
Conservação de Proteção Integral, de recursos minerais e alta erodibilidade
Sensibilidade variando de média a alta. Região antropizada, de reflorestamento, porém
III com alta sensibilidade geológica, principalmente na porção norte, e alta erodibilidade
na porção sul

5.2.3.3 Socioeconomia

No horizonte de 20 anos (2030), estima-se que haverá um aumento populacional seguindo


aproximadamente a taxa de crescimento, conforme o Cenário macroeconômico tendencial.
Este Cenário macroeconômico tendencial prevê a expansão e consolidação do setor primário,
através do desenvolvimento das atividades econômicas na zona rural: exploração florestal
sustentável e mineral, na UC de Uso Sustentável FLOTA Paru (Pará); exploração florestal
sustentável na UC de Uso Sustentável RDS do Rio Iratapuru (Amapá); e a expansão de
agropecuária e policultura diversificada, em Projetos de Assentamento e na porção sul da
bacia. Prevê-se que a expansão dessas atividades acarretará a alteração do quadro
socioeconômico atual. Seguindo a lógica de ocupação, principalmente da região amazônica
onde a bacia em análise se encontra, a expansão de atividades econômicas previstas na zona
rural provocará também uma expansão e consolidação de atividades urbanas, em função da
necessidade de dar suporte às atividades primárias. Esta consolidação ocorrerá com maior
ênfase nas zonas urbanas já existentes. Com a consolidação das mesmas, preveem-se
melhorias de suas infraestruturas urbanas que deverão acompanhar a expansão de atividades
econômicas e o crescimento populacional, embora não possam ocorrer na mesma velocidade
e/ou na mesma proporção. A despeito da maioria das vias existentes manterem a sua
hierarquia funcional, principalmente as de maior nível, prevê-se aumento de fluxos nas
mesmas, com acréscimo de algumas vias vicinais para atendimento das zonas rurais. Deverá
ocorrer também melhoria das condições de vida para a população.
Considerando a importância da comparação da sensibilidade negativa atual e futura, as
variáveis dos indicadores de sensibilidade negativa foram inicialmente identificadas para cada
período, de forma independente e, posteriormente, comparadas entre si quanto à
expressividade, acrescentando ou eliminando as variáveis dos indicadores e alterando seus
pesos e graus. Este procedimento permitiu que os mesmos indicadores com as mesmas
variáveis fossem comparáveis nos dois períodos de análise (atual e 2030).

Hydros
EP518.RE.JR204 151

5.2.3.3.1 Indicadores de Sensibilidade Negativa

a) Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida

Para avaliar a sensibilidade negativa dos Modos de Vida da população da bacia do rio Jari,
foram selecionadas as variáveis que apresentassem a maior expressividade. Vale ressaltar que
os dados referentes à população indígena foram abordados no item específico e por esta razão,
as Terras Indígenas foram retiradas do mapa de Modos de Vida.
As variáveis para o cenário macroeconômico de 2030 estão apresentadas na matriz do
Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida, com seus Pesos e Graus, na tabela a
seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 152

Tabela 5.2.3.3.1-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa dos Modos de Vida para o Cenário de
2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DOS MODOS DE VIDA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
HYDROS, 2010 1 0,80 a 1,00
(cenário 2030 e 2 0,71 a 0,80
IDH-M 0,15 Atlas do 3 0,61 a 0,70 Bacia
Desenvolvimento
4 0,51 a 0,60
Humano do Brasil
(2000) 5 0,00 a 0,50
1 0 a 300 habitantes
HYDROS, 2010 2 301 a 1.000 habitantes
População* 0,25 (IBGE, 2007 e 3 1.001 a 5.000 habitantes Bacia
IBGE, 2008) 4 5.001 a 10.000 habitantes
5 10.001 a 50.000 habitantes
1 0 a 100 hab/km²
HYDROS, 2010 2 101 a 500 hab/km²
Densidade Populacional** 0,10 (IBGE, 2007 e 3 501 a 1.500 hab/km² Bacia
IBGE, 2008) 4 1.501 a 2.000 hab/km²
5 2.001 a 2.500 hab/km²
HYDROS, 2010 1 Presença incipiente de Comunidades Ribeirinhas
(cenário 2030 2 -
Presença de Comunidades IBGE (2003); 3 -
0,50 GERCO/AP Bacia
Ribeirinhas 4 -
(2005);
GEA/SETEC/ Presença de Comunidades Ribeirinhas
5
IEPA (2004)
* Os dados sobre a população foram projetados conforme IBGE (2008) para os setores censitários;
** A densidade populacional foi calculada através da relação entre a população e a área do setor censitário

Hydros
EP518.RE.JR204 153

As variáveis que compõem o indicador de sensibilidade negativa dos Modos de Vida


procuram expressar as prováveis mudanças das formas de vida das populações que vivem na
bacia, e foram espacializadas segundo estimativas populacionais, utilizando-se os setores
censitários pertencentes a municípios inseridos na bacia.
O IDH foi utilizado para subsidiar a diferenciação dos municípios quanto ao seu grau de
sensibilidade nas condições de vida, tendo em vista os parâmetros estabelecidos pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Considerou-se que os
municípios poderão ter as condições de vida melhoradas, em função da expansão e
consolidação de atividades econômicas previstas no Cenário macroeconômico tendencial.
Prevê-se que haverá contribuição para maior e melhor acesso à educação, à saúde, ao
saneamento e aos bens de consumo, proporcionando melhores condições de vida. Os
municípios de menor valor do IDH foram considerados mais sensíveis e os de maior valor,
menos sensíveis.
De acordo com o IBGE e o cenário macroeconômico tendencial para 2030, apresentado neste
estudo, haverá não só a expansão e consolidação de atividades primárias, mas crescimento
populacional. Este crescimento está representado pela variável “População”. Quanto maior a
população, maior será o grau de sensibilidade e quanto menor a população, menor será a
sensibilidade.
Ainda no cenário tendencial projetado para 2030, haverá alteração das taxas de ruralização e
da densidade demográfica, estimadas baseando-se em projeções estatísticas elaboradas pelo
IBGE (2008) e tendências macroeconômicas, exógenas à bacia. Essas densidades
populacionais sofrerão alterações, diferenciadas, conforme a ruralização ou urbanização e
estão representadas pela variável “Densidade Populacional”.. Quanto maior a densidade
populacional, maior será o grau de sensibilidade e quanto menor a densidade populacional,
menor o grau de sensibilidade.
As transformações nos modos de vida também ocorrerão entre populações tradicionais, uma
vez que as populações ribeirinhas que vivem em Unidades de Conservação de Uso
Sustentável foram consideradas no cenário macroeconômico como extrativistas sustentáveis,
cujas produções estariam direcionadas para a comercialização ou potencialização da mesma.
Para as populações ribeirinhas, estima-se, que em 2030, haverá um aumento de comunidades
que poderá alterar seus modos de vida. A variável “Presença de Comunidades Ribeirinhas”
busca representar essa sensibilidade às transformações previstas na bacia e que refletirão
direta ou indiretamente nos modos de vida das comunidades ribeirinhas. A presença de
comunidades foi considerada como de sensibilidade alta, recebendo grau 5 e a presença
incipiente, menor sensibilidade, recebendo grau 1.

b) Sensibilidade Negativa da Organização Territorial

A matriz do Indicador de Sensibilidade Negativa da Organização Territorial para o cenário


macroeconômico de 2030, com suas Variáveis, Pesos e Graus, está apresentada na tabela a
seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 154

Tabela 5.2.3.3.1-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Organização Territorial para o
Cenário de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Trechos fluviais navegáveis (buffer 350 m)
IBGE, 2003; 2 -
GEA/SETEC:EPA 3 Entorno de estradas locais (buffer 300 m)
Infraestrutura Viária 0,25 Bacia
2004, Hydros 4 Entorno de ferrovias (buffer 500 m)
2008
Entorno de hidrovias e de estradas de acesso a pólos regionais localizadas
5
fora da bacia (buffer 750 m)
1 -
2 Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e Pecuária
IBGE 2004 Produção madeireira e mineral / |Culturas Cíclicas / Policultura
Usos do solo 0,35 3 Bacia
Hydros 2010 Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1 Outras localidades (buffer 350 m)
2 Núcleo (buffer 500 m)
Graus de Centralidade 0,20 IBGE, 2003 3 Povoado (buffer 750 m) Científico
4 Vila (buffer 1km)
5 Sedes municipais (centros locais) (buffer 2km)
1 Áreas sem restrição para ocupação
IBAMA, 2006; 2 Áreas com zoneamento ambiental (Amapá e Pará)
Mecanismos de Gestão FUNAI; 2006;
0,20 3 Unidades de Conservação de Uso Sustentável (Amapá e Pará) Regional
Regional SECTAM, 2005;
IEPA, 2007 4 -
5 Terras Indígenas, Unidades de Conservação de Proteção Integral
* Estaqueamento dos rios inspecionados em visitas de campos de geotecnia no Estudo de Inventário Hidrelétrico.

Hydros
EP518.RE.JR204 155

As variáveis que compõem o indicador de sensibilidade negativa da Organização Territorial


representam as prováveis mudanças no território, que ocorrerão segundo o Cenário
macroeconômico tendencial previsto para 2030.
Neste novo cenário, foram consideradas as infraestruturas viárias, entendidas relevantes para a
estruturação do território. Os graus de sensibilidades negativas do sistema de circulação foram
considerados de acordo com as atividades econômicas previstas no Cenário macroeconômico
prospectivo. Como suporte ao desenvolvimento das atividades econômicas prospectivas,
previstas pelo SNUC, em especial do setor primário, haverá necessidade de vias de acesso.
Estas deverão ser sem pavimentação, de largura mínima e de uso restrito e exclusivo às obras
dos empreendimentos e às áreas estratégicas de exploração sustentável de recursos naturais,
em consonância com o sistema de circulação do Plano de Manejo das respectivas UCs. Na
porção sul da bacia não se prevê grandes alterações estruturais no sistema de circulação
(estadual ou federal), mas deverá ocorrer melhorias gerais nas vias municipais existentes,
principalmente nos locais de maior centralidade. Para essa variável manteve-se o peso 0,25.
Estima-se que, na projeção do Cenário macroeconômico tendencial de 2030, os graus de
polarização das áreas urbanas de Laranjal do Jari e Monte Dourado, classificadas pelo IBGE
(2003) como sede municipal e vila, apresentarão alterações. Estas dizem respeito ao
crescimento das áreas urbanas (atividades do setor secundário e terciário) e à expansão e
consolidação das atividades do setor primário que deverá ocorrer na zona rural.A polarização
ocorre em maior grau nas zonas urbanas que nas zonas rurais, nas áreas onde existe maior
infraestrutura urbana e maior densidade demográfica e menor grau nas áreas onde existe
menor infraestrutura e menor densidade demográfica. Esta alteração está representada pelas
variáveis “Uso do Solo” e “Graus de Centralidade”. Para o uso do solo, as áreas urbanas
foram consideradas de maior sensibilidade e as culturas cíclicas e policultura diversificada
foram consideradas de menor sensibilidade. Para avaliação do grau de centralidade, as sedes
municipais foram consideradas de maior sensibilidade e outras localidades, de menor
sensibilidade.
O cenário macroeconômico tendencial para 2030 considerou a delimitação e as restrições
legais estabelecidas para as áreas legalmente protegidas, como Terras Indígenas, Unidades de
Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável, cujos usos e atividades estão
recomendados e definidos nos ZEEs – Zoneamentos Ecológico-Econômicos - MacroZEE da
Amazônia, MacroZEE do Pará e ZEE da Região Sul do Amapá. Os dispositivos normativos
destes ZEEs estaduais e federais foram considerados no “Mecanismos de Gestão Regional”,
variável utilizada para avaliação da alteração territorial. As áreas sem restrição para ocupação
foram consideradas de menor sensibilidade e as de maior restrição (TI e UCs de proteção
integral) foram consideradas de maior sensibilidade.

c) Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional

A matriz do Indicador de Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional, com suas


Variáveis, Pesos e Graus para o cenário macroeconômico de 2030, está apresentada na tabela
a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 156

Tabela 5.2.3.3.1-3 - Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Pressão Populacional para o
Cenário de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA PRESSÃO POPULACIONAL
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0 a 100 hab/km²
2 101 a 500 hab/km²
IBGE, 2007;
Densidade Populacional 0,30 3 501 a 1.500 hab/km² Bacia
IBGE, 2008
4 1.501 a 2.000 hab/km²
5 2.001 a 2.500 hab/km²
1 menor que 0 %
Crescimento Populacional (Taxa 2 0 a 1,00 %
Anual de Crescimento 2000-2007 0,25 IBGE, 2007-2030 3 1,01 a 3,00 % Bacia
%) 4 3,00 a 3,50 %
5 3,51 a 4,00 %
1 0 hab
2 1 a 10.000 hab
IBGE, 2007;
Taxa de Urbanização 0,15 3 10.001 a 20.000 hab Bacia
IBGE, 2008
4 20.001 a 40.000 hab
5 40.001 a 50.000 hab
1 Entorno de trecho fluvial navegável* (buffer 500 m)
IBGE, 2003; 2 -
Proximidade de Infraestrutura Bacia
0,30 HYDROS, 2010* 3 Entorno de outras estradas (buffer 750 m)
Viária
4 -
5 Entorno de hidrovia e de estrada federal (buffer 2,0 km)
* Baseado na restituição aerofotogramétrica do Estudo de Inventário Hidrelétrico.

Hydros
EP518.RE.JR204 157

As variáveis que compõem o indicador de Pressão Populacional representam as alterações


previstas na bacia, em função da pressão populacional.
A densidade populacional na zona rural apresentará alterações em função da expansão de
atividades primárias (exploração mineral, exploração florestal madeireira e não madeireira e
de policultura diversificada), ocupando as áreas disponíveis para expansão e consolidação
destas atividades. Haverá alterações também na zona urbana, que crescerá, mantendo a
predominância da densidade populacional da zona urbana sobre a rural.
O aumento das populações, tanto nas áreas rurais, decorrente da expansão e consolidação das
atividades primárias previstas para o cenário de 2030, como nas áreas urbanas, está
representado pela variável “Densidade Populacional”. Densidades menores correspondem à
menor sensibilidade e densidades maiores, maior sensibilidade.
Outra variável utilizada no cenário de 2030 é “Crescimento Populacional (Taxa Anual de
Crescimento 2007-2030)”, que, considera o crescimento populacional total, tanto urbano
como rural, de cada município. Da mesma forma que no caso anterior, quando apresentar
maior crescimento, maior será a sensibilidade e quanto menor o crescimento, menor a
sensibilidade.
Além da densidade demográfica e da taxa de crescimento populacional, foram utilizadas as
variáveis “Taxa de Urbanização” e “Proximidade de Infraestrutura Viária”. A primeira
variável está relacionada à taxa de crescimento da população urbana dos setores censitários
localizados na zona urbana, conforme IBGE (2008). A segunda variável representa a
possibilidade de acesso a bens disponíveis, em especial em áreas urbanas, geralmente mais
diversificados e mais complexos que os de áreas rurais. Os bens e serviços deverão melhorar,
as condições de vida em função do Cenário macroeconômico tendencial. A proximidade às
vias de circulação facilita o acesso aos bens disponíveis e está representada pela variável
“Proximidade de Infraestrutura Viária”. Conforme a hierarquia viária, foram considerados
diferentes graus de sensibilidade.

d) Sensibilidade Negativa da Base Econômica

Das variáveis existentes para a mensuração de graus de Sensibilidade Negativa da Base


Econômica, foram selecionadas aquelas mais relevantes21. A matriz do Indicador de
Sensibilidade Negativa da Base Econômica, com suas Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros,
para o cenário macroeconômico 2030 está apresentada na tabela a seguir.

21
As variáveis selecionadas são as variáveis utilizadas na Avaliação Ambiental dos estudos de Inventário
Hidrelétrico da Bacia do rio Jari elaborado pela EPE e Hydros em 2010, do qual o presente estudo faz parte.

Hydros
EP518.RE.JR204 158

Tabela 5.2.3.3.1-4 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Negativa da Base Econômica para o Cenário de
2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA BASE ECONÔMICA
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 0a 20 milhões
HYDROS, 2 21 a 50 milhões
PIB Setor Primário Municipal 2010 (cenário
0,10 3 51 a 150 milhões Bacia 1
(reais) 2030); IBGE,
2008 4 151 a 400 milhões
5 401 a 500 milhões
1 0 a 150 milhões
HYDROS, 2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário 2010 (cenário
0,25 3 301 a 600 milhões Bacia 2
(reais) 2030); IBGE,
2008 4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 Restrita
2 ----
Grau de Aptidão Agrícola: das
0,10 IBGE, 2006 3 Regular Nacional 3
áreas não incluídas em TIs e UCs
4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo (área florestada na RDS)
HYDROS, 2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável :
2010 (cenário
áreas de floresta nativa não 0,15 3 Médio (área florestada na FLOTA, na ADOA, PA – Ora Florestal) Bacia 4
2030); IBGE,
incluídas em UCs de PI e TIs 4 Alto
2006
5 Muito alto
1 Material de uso na construção civil Nacional 5
Potencial Mineral: Áreas com 0,15 CPRM, 2004 2 Insumos para agricultura
potencial mineral 3 Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e semimetais
Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
4
minerais industriais
Hydros
EP518.RE.JR204 159

INDICADOR DE SENSIBILIDADE NEGATIVA DA BASE ECONÔMICA


Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
5 Metais nobres
HYDROS, 1 Muito baixo
2010 (cenário 2 Baixo
Presença de Agricultura Familiar 0,10 2030); IBGE, 3 Médio Bacia 6
2008; IBGE, 4 Alto
2006
5 Muito alto
1 -
HYDROS, Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e
2
2010 (cenário Pecuária
Uso do Solo 0,15 2030); IBGE, Produção madeireira e mineral / |Culturas Cíclicas / Policultura Bacia
2008; IBGE, 3
Diversificada
2006 4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1
Referente à população rural dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari, excetuando-se áreas de TIs e UCs de Proteção Integral;
2
Referente à população urbana dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari;
3
Nível de manejo: A=baixo nível tecnológico; B= médio nível tecnológico; C= alto nível tecnológico;
4
Referente ao Potencial madeireiro dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jarí, excetuando-se áreas de TIs e UCs de proteção Integral;
5
Valor comercial relativo do produto mineral;
6
Referente à proporção de áreas de agricultura e pecuária de subsistência em cada município total ou parcialmente englobados pela bacia do rio Jari

Hydros
EP518.RE.JR204 160

As variáveis que compõem o indicador da Base Econômica procuram expressar as


transformações econômicas que ocorrerão no cenário macroeconômico tendencial 2030 na
bacia.
Neste cenário tendencial, é prevista a dinamização da economia rural da bacia, em função da
potencialização de atividades existentes e inserção de outras. São previstas as seguintes
atividades: reflorestamento (eucaliptos), exploração mineral, exploração florestal sustentável,
(madeireira e não madeireira), pecuária e policultura diversificada. Estima-se também uma
dinamização dos setores secundário e terciário, em função do aumento de atividades já
existentes e que servem de suporte à produção primária..
Na variável “PIB Setor Primário Municipal” foi calculado o valor do PIB do setor primário
por município baseado no Cenário macroeconômico tendencial e seus pressupostos. O valor
do PIB total dos municípios da bacia foi calculado baseando-se na expansão e consolidação
da atividade econômica na bacia. As percentuais distribuídas para cada setor econômico
foram as mesmas do Cenário macroeconômico (25% para setor primário, 40% para setor
secundário e 35% para setor terciário). As percentuais de PIB adotadas para cada município
foram as mesmas da situação atual: 55,86% para Almeirim, 33,92% para Laranjal do Jarí e
10,22% para Vitória do Jarí. Aqueles municípios com maior PIB receberam grau 5 e os de
menor PIB receberam grau 1.
E da mesma forma, a sensibilidade negativa das atividades dos setores secundário e terciário,
foram calculadas segundo Cenário macroeconômico tendencial e seus pressupostos. O valor
do PIB total dos municípios da bacia foi calculado baseando-se na expansão e consolidação
da atividade econômica prevista na bacia. Os percentuais distribuídos para cada setor
econômico e para cada município foram os mesmos percentuais acima mencionados. Os
municípios de maior PIB receberam grau 5 e os de menor PIB receberam grau 1.
Os graus estabelecidos para a Aptidão Agrícola foram baseados no nível de utilização e do
grau de facilidade de manejo do solo para a exploração agrícola, adotados pelo IBGE (2006).
Assim, os solos sem aptidão nenhuma apresentam menor sensibilidade e aqueles com boa
aptidão, a despeito da utilização de tecnologias de nível alto e médio, foram considerados
como os de maior sensibilidade.
Além das atividades já apresentadas, estima-se que a bacia continuará apresentando locais
com potencialidade para a exploração florestal e mineral. Essa potencialidade é representada
pelas variáveis “Potencial Florestal Sustentável: Áreas Florestadas Não Incluídas em UCs de
Proteção Integral e TIs” e “Potencial Mineral: Áreas com Potencial Mineral Não Incluídas em
UCs de Proteção Integral e TIs”, conforme tabela 5.2.3.3.1-4. Quanto maior a disponibilidade
de área para exploração florestal, maior a sensibilidade e quanto menor a disponibilidade de
área para exploração florestal, menor a sensibilidade. Para o potencial mineral, os valores
comerciais dos minérios determinaram o grau de sensibilidade.
Está prevista no cenário prospectivo a atividade de policultura diversificada a ser
desenvolvida por grupos familiares, em especial nas áreas de Projetos de Assentamento do
INCRA e nas áreas rurais dos municípios. A sensibilidade negativa dessas atividades e sua
estrutura produtiva é representada pela variável “Presença de Agricultura Familiar”. Quanto
maior a área desta atividade familiar, maior a sensibilidade e quanto menor a área desta
atividade familiar, menor a sensibilidade.
Os usos do solo previstos para o cenário tendencial 2030 apresentam atividades cujas
sensibilidades são distintas. Essas diferenças entre as áreas produtivas, tanto rurais quanto
urbanas, são representadas pela variável “Uso do Solo”, em que as áreas urbanas apresentam
maior sensibilidade negativa e as atividades rurais apresentam menor sensibilidade negativa
Hydros
EP518.RE.JR204 161

(graus decrescentes). Esta variável sintetiza as principais sensibilidades negativas da base


econômica para 2030.

5.2.3.3.2 Avaliação da Sensibilidade Negativa da Socioeconomia

Conforme mencionado anteriormente, todos os indicadores com suas respectivas variáveis


foram espacializados em mapas temáticos, denominados mapas de sensibilidade negativa de
Modos de Vida, Organização Territorial, Pressão Populacional e Base Econômica
(apresentados no Anexo 3), de acordo com o cenário macroeconômico tendencial. Estes, por
sua vez, foram integrados em um mapa único, denominado Mapa Integrado da Sensibilidade
Negativa da Socioeconomia, apresentado na figura a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 162

³
54°W 52°W

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Legenda Laranjal do Jari


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Vitória do Jari
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Subáreas - Socioeconomia
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P Sedes Municipais

Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.2.3.3.2-1 – Mapa de Sensibilidade Negativa da Socioeconomia – Cenário de


2030

Hydros
EP518.RE.JR204 163

Quadro 5.2.3.3.2-1 – Sensibilidade Negativa da Socioeconomia por Subárea para o


Cenário de 2030

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade predominantemente baixa, por ser formada por Unidades de Conservação
de proteção integral, onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta,
I admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais, e sensibilidade muito baixa nas
Terras Indígenas, onde as populações indígenas têm atividades e modos de vida que não
fazem parte da socioeconomia tratada.
Sensibilidade predominantemente baixa a média, por ser formada por Unidades de
Conservação de uso sustentável, onde as variáveis estudadas estão vinculadas com o
desenvolvimento de atividades socioeconômicas previsto no cenário, baseado na
II exploração controlada de recursos naturais. A margem direita apresenta sensibilidade
mais alta que a margem esquerda, pois a primeira é constituída por FLOTA onde está
prevista a exploração florestal (madeira) e a segunda por ser constituída de RDS onde
está prevista a exploração florestal não madeireira.
Sensibilidade baixa, por ser formada por Unidade de Conservação de proteção integral,
III onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta, admitindo apenas o uso
indireto dos recursos naturais.
Sensibilidade predominantemente baixa a média onde as variáveis estão vinculadas com
a expansão de atividades agrícolas previstas no cenário; sensibilidade média a alta em
IV núcleos populacionais, em especial nas sedes municipais. É onde permanecerá ainda a
maior concentração de população, maior diversidade de atividades socioeconômicas e
melhor infraestrutura
Sensibilidade predominantemente baixa a média, onde as variáveis estão vinculadas
com o desenvolvimento de atividades agropecuárias e agrícolas diversificadas em
pequenas propriedades, conforme previsto no cenário, com presença de porções de
V sensibilidade muito baixa nas várzeas onde o desenvolvimento de atividades
econômicas é mais difícil

5.2.3.3.3 Indicadores de Sensibilidade Positiva

a) Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais

A Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais para o cenário de 2030 visa avaliar a
disponibilidade de recursos naturais mais expressivos para exploração econômica, baseada na
sensibilidade positiva atual.
Devido às restrições de uso das TI e UCs de Proteção Integral, que admite pouca interferência
humana, considerou-se que não haverá exploração econômica nestas áreas. Já em UCs de Uso
Sustentável, onde a atividade econômica é permitida, desde que possa garantir a perenidade
dos recursos naturais, de forma socialmente justa e economicamente viável, a área passível de
exploração econômica foi estabelecida como a área resultante da bacia subtraída das TIs e

Hydros
EP518.RE.JR204 164

UCs de proteção integral. A matriz do Indicador de Sensibilidade Positiva dos Recursos


Naturais, com suas Variáveis, Pesos e Graus, para o cenário macroeconômico projetado para
2030 está apresentada na tabela a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 165

Tabela 5.2.3.3.3-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais para o Cenário
de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 Restrita
2 ----
Grau de Aptidão Agrícola 0,15 IBGE, 2006 3 Regular Científico 1
4 ----
5 Regular a boa
1 Muito baixo (área florestada na RDS)
HYDROS, 2 Baixo
Potencial Florestal Sustentável:
2010 (cenário Médio (área florestada na FLOTA, na AOA, PA – Orsa
áreas de floresta nativa não 0,55 3 Bacia 2
2030); IBGE, Florestal)
incluídas em UCs de PI e TIs
2006 4 Alto
5 Muito alto
1 Material de uso na construção civil
2 Insumos para agricultura
HYDROS, Água mineral ou potável de mesa, metais não ferrosos e
Potencial mineral: áreas com 3
0,30 2010 (cenário semimetais Nacional 3
potencial mineral
2030); CPRM, Gemas, metais ferrosos, recursos minerais energéticos e rochas e
2004 4
minerais industriais
5 Metais nobres
1
Nível de manejo: A= baixo nível tecnológico; B = médio nível tecnológico; C = alto nível tecnológico;
2
Referente ao Potencial madeireiro dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari, exceto em áreas de UCs de PI e TIs;
3
Valor comercial relativo ao produto mineral.

Hydros
EP518.RE.JR204 166

As variáveis que compõem o indicador de sensibilidade positiva dos Recursos Naturais


procuram representar as potencialidades de exploração de recursos naturais disponíveis na
bacia ainda não utilizadas. As variáveis selecionadas estão relacionadas ao grau de aptidão
agrícola, ao potencial florestal e mineral disponíveis no cenário de 2030.
De acordo com o Cenário Macroeconômico Tendencial, haverá expansão de atividades de
exploração florestal e mineral, além da dinamização de produção agropecuária, tanto nas
áreas rurais hoje utilizadas, como nas outras áreas disponíveis para essa atividade.
Os potenciais florestais e minerais são representados, respectivamente, pelas variáveis
“Potencial Florestal Sustentável: Áreas de Floresta Nativa Não Incluídas em UCs de Proteção
Integral e TIs” e “Potencial Mineral: Áreas com Potencial Mineral Não Incluídas em UCs de
Proteção Integral e TIs”, conforme tabela 5.2.3.3-1. O potencial florestal sustentável refere-se
às áreas de floresta nativa que por meio de sistema rotativo podem ser exploradas de forma
perene, desde que executado de forma sustentável, sem esgotamento dos recursos naturais
essenciais para exploração e com aproveitamento de longo prazo, ou seja, com técnicas de
manejo florestal sustentável. E o potencial mineral refere-se aos locais distribuídos na bacia
que têm pontos que indicam a localização de minerais utilizáveis na construção civil e de
metais nobres com provável possibilidade de exploração, como o ouro na região do rio
Ipitinga.

b) Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico

A Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico visa avaliar o


montante que os municípios poderão receber em função da implantação do(s)
empreendimento(s) hidrelétrico(s). A matriz do Indicador de Sensibilidade Positiva à
Compensação Financeira pelo Setor Elétrico, com suas Variáveis, Pesos e Graus para o
cenário macroeconômico de 2030 está apresentada na tabela a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 167

Tabela 5.2.3.3.3-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor
Elétrico para o Cenário de 2030
INDICADOR DE SENSIBILIDADE POSITIVA À COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELO SETOR ELÉTRICO
Variável Peso Fonte Grau Classes de Avaliação Parâmetro
1 -
Exploração Florestal Sustentável Não Madeireira / Pastagens e
2
HYDROS, 2010 Pecuária
Uso do Solo 0,50 (cenário 2030); Produção madeireira e mineral / Culturas Cíclicas / Policultura Bacia
IBGE, 2006 3
Diversificada
4 Reflorestamento (eucalipto)
5 Área urbanizada + Entorno de área urbanizada (buffer 1km)
1 0 a 150 milhões
HYDROS, 2010 2 151 a 300 milhões
PIB Setor Secundário e Terciário (cenário 2030);
0,30 3 301 a 600 milhões Bacia 1
(reais) IBGE, 2008);
IBGE, 2007 4 601 a 1.000 milhões
5 1.001 a 2.000 milhões
1 0,81 a 1,00
HYDROS, 2010 2 0,71 a 0,80
IDH-M 0,20 (cenário 2030); 3 0,61 a 0,70 Bacia
IBGE, 2008 4 0,51 a 0,60
5 0 a 0,50
1
R Referente à população urbana dos municípios total ou parcialmente englobados na bacia do rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 168

As variáveis que compõem o indicador de sensibilidade positiva à Compensação Financeira


pelo setor elétrico representam o aumento da receita municipal decorrente da implantação de
empreendimentos hidrelétricos.
Em relação aos usos predominantes na bacia adotou-se a variável “Uso do Solo” para
representar as principais atividades econômicas previstas na bacia, de acordo com o Cenário
macroeconômico. Consideraram-se os usos do solo atuais relacionando-os com os usos do
solo projetados para a bacia em 2030 de forma a possibilitar a comparação da sensibilidade da
variável. Os usos de maior sensibilidade receberam o grau 5 e os de menor sensibilidade,
receberam grau 1.
Para a variável “PIB Setor Secundário e Terciário”, foram considerados os valores do PIB da
bacia segundo o Cenário Macroeconômico Tendencial. Estes valores foram calculados na
bacia e redistribuídos segundo o desenvolvimento previsto no setor econômico e nos
municípios. Os de maior valor de PIB foram considerados mais sensíveis, recebendo o grau 5
e os de menor valor foram considerados menos sensíveis, recebendo o grau 1.
Finalmente, a variável “IDH-M” procura representar as condições de vida da população no
cenário prospectivo, alterada em função das expansões e consolidações de atividades
econômicas e aumento do PIB. Os graus foram estabelecidos adotando-se 5, ou seja, o maior,
para municípios com IDH-M mais baixo e grau 1 para municípios em que as condições de
vida são mais altos.

5.2.3.3.4 Avaliação da Sensibilidade Positiva da Socioeconomia

A avaliação da Potencialidade foi realizada através da produção de mapas de cada indicador


de Sensibilidade Positiva, que foram integrados num mapa único denominado Mapa de
Sensibilidade Positiva da Socioeconomia para o cenário de 2030.
Esta integração dos mapas foi realizada através da combinação dos valores dos Indicadores de
Sensibilidades Positivas Socioeconômicas, utilizando-se pesos estabelecidos em função do
grau de importância, onde se procurou traduzir o grau de relevância relativa a cada indicador,
conforme apresentado no quadro a seguir.

Quadro 5.2.3.3.4-1 Integração dos Indicadores de Sensibilidade Positiva da


Socioeconomia

INTEGRAÇÃO DOS INDICADORES DE SENSIBILIDADE POSITIVA


Indicadores de Sensibilidade Positiva da Socioeconomia Pesos
ISA 10 Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais 0,45
ISA 11 Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico 0,55

Ao indicador Sensibilidade Positiva dos Recursos Naturais foi atribuído um valor menor que
o indicador Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico. Os recursos
naturais são finitos, como é o caso dos recursos minerais, ou limitados pela exigência do
manejo adequado para exploração, como é o caso de recursos florestais e mesmo de cultivo
agrícola. Para a Sensibilidade Positiva à Compensação Financeira pelo Setor Elétrico, a
despeito da compensação ocorrer somente durante o período correspondente à vida útil do

Hydros
EP518.RE.JR204 169

empreendimento, a certeza do usufruto é maior que no primeiro indicador, além da relevância


para desencadear um processo de aquecimento socioeconômico que vai além da vida útil do
empreendimento.
A seguir é apresentado o mapa integrado dos dois mapas de indicadores.

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54°W 52°W

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Subáreas - Socioeconomia
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P Sedes Municipais

Graus de Sensibilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.2.3.3.4-1 – Mapa da Sensibilidade Positiva da Socioeconomia - Cenário de 2030

Hydros
EP518.RE.JR204 171

Quadro 5.2.3.3.4-2 – Sensibilidade Positiva da Socioeconomia por Subárea para o


Cenário de 2030

Subáreas Sensibilidade
Sensibilidade muito baixa por se tratar de Unidades de Conservação de proteção
I integral, onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta, admitindo
apenas o uso indireto dos recursos naturais.
Sensibilidade predominantemente baixa por se tratar de Unidades de Conservação de
uso sustentável, onde é prevista a exploração econômica controlada dos recursos
II
naturais (média nas áreas de exploração mineral, baixa na RDS e média baixa na
FLOTA)
Sensibilidade muito baixa por se tratar de Unidade de Conservação de proteção integral,
III onde é prevista pouca ou nenhuma interferência humana direta, admitindo apenas o uso
indireto dos recursos naturais.
Sensibilidade predominantemente baixa com variações, sendo baixa na margem
IV esquerda (policultura), mais baixa na margem direita e baixa nas áreas de exploração de
eucalipto.
Sensibilidade predominantemente baixa e média baixa, onde são previstas expansão e
V consolidação de atividades econômicas diferenciadas, mas previstas no cenário
macroeconômico

5.2.3.4 Populações Indígenas

As variáveis utilizadas para avaliar a sensibilidade no cenário macroeconômico de 2030 são


as mesmas do cenário atual, pois entendeu-se que a dependência dos recursos naturais será a
mesma no cenário futuro, em função dos modos de vida indígena. O que pode ocorrer é a
alteração do grau de dependência, em função da premissa de aumento da população indígena
no cenário 2030 e consequentemente de maior densidade demográfica na TI, com resultante
da limitação de recursos naturais na TI.
Os Indicadores de Sensibilidade das Populações Indígenas, com suas Variáveis, Pesos e
Graus, estão apresentados nas tabelas a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 172

Tabela 5.2.3.4-1 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade


das Condições Etnoecológicas
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DAS CONDIÇÕES ETNOECOLÓGICAS
Variável Peso Fonte Grau Faixa de Valores Parâmetro
GALLOIS e 1 -
Áreas suscetíveis a GRUPIONI, 2 -
alterações ambientais 2003;
0,65 3 Médio (área externa à TI) Bacia
e escassez de recursos BARBOSA e
naturais 4 -
MORGADO,
2003 5 Muito alta (TI)
1 -
GALLOIS e 2
GRUPIONI, Entre 0,08hab/km2 e 0,13
Densidade 2003; 3 hab/km2 (TI P.
populacional (pressão 0,35 MORGADO, Tumucumaque) Bacia
sobre recursos) 1994; Entre 0,13 hab/km2 e 0,20
FUNASA, 4
hab/km2 (TI Paru d´Este)
2007
Acima de 0,20 hab/km2
5
(TI Waiãpi)

Tabela 5.2.3.4-2 – Variáveis, Pesos, Graus e Parâmetros do Indicador de Sensibilidade


da Integridade Sociopolítica
INDICADOR DE SENSIBILIDADE DA INTEGRIDADE SOCIOPOLÍTICA
Variável Peso Fonte Grau Faixa de Valores Parâmetro
FUNASA, 1 -
2007; 2 -
Condições de Saúde GALLOIS e 3 -
(gravidade de 0,50 GRUPIONI, Aparai e Wayana (TI Paru Bacia
problemas existentes) 2003; 4 d´Este e P.
MORGADO, Tumucumaque)
1994
5 Waiãpi (TI Waiãpi)
GALLOIS; 1 Buffer de 60 km da TI
GRUPIONI, 2 Buffer de 45 km da TI
Conflitos externos 0,30 2003; 3 Buffer de 30 km da TI Bacia
MORGADO, 4 Buffer de 15 km da TI
1994
5 Terra Indígena
1 -
GALLOIS e 2 -
Conflitos internos GRUPIONI,
(entre líderes, 2003; 3 -
0,20 Aparai e Wayana (TI Paru Bacia
gerações, aldeias e BARBOSA e
povos) MORGADO, 4 d´Este e P.
2003 Tumucumaque)
5 Waiãpi (TI Waiãpi)

Hydros
EP518.RE.JR204 173

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54°W 52°W

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Muito Baixo Médio Muito Alto
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54°W 52°W

Figura 5.2.3.4-1 – Mapa de Sensibilidade das Populações Indígenas – Cenário de 2030

Hydros
EP518.RE.JR204 174

Quadro 5.2.3.4-1 – Sensibilidade das Populações Indígenas na Bacia para o Cenário de


2030

Sensibilidade das Populações Indígenas

TI Parque do Tumucumaque e Paru d´Este


TI Waiãpi localizada a nordeste da bacia localizadas a noroeste da bacia

Sensibilidade alta, pelo fato de a densidade


Sensibilidade muito alta, pelo fato de a
populacional projetada para as TIs superar
densidade populacional projetada ser muito
ligeiramente o limite, a despeito das aldeias se
superior ao limite, portanto piora das
localizarem fora da bacia e as TIs consideradas
condições de saúde e dos conflitos internos;
extensas em comparação com outras TIs do país;
sensibilidade variando de alta a muito baixa
sensibilidade variando de alta a muito baixa
conforme a zona de amortecimento da TI.
conforma a zona de amortecimento da TI.

Hydros
EP518.RE.JR204 175

5.3 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

5.3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os principais objetivos da avaliação dos impactos socioambientais foram a identificação e a


espacialização dos impactos gerados pela implantação dos empreendimentos. Para tanto,
foram identificados aspectos que possibilitassem diferenciar a intensidade de manifestação e a
abrangência de seus efeitos, assim como identificar os possíveis efeitos cumulativos e
sinérgicos entre os impactos dos diferentes aproveitamentos.
Para possibilitar a avaliação dos impactos socioambientais de forma mais clara e objetiva, o
texto apresenta primeiramente a caracterização dos principais aspectos dos aproveitamentos
da alternativa de partição de queda selecionada no Inventário incluindo alguns de seus
impactos. Em seguida, apresenta a metodologia geral utilizada para a avaliação de impactos
da AAI, e finalmente, os resultados da avaliação dos impactos.

5.3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS APROVEITAMENTOS

De acordo os resultados dos estudos do Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Jari, a melhor
alternativa de partição de queda do ponto de vista energético econômico e socioambiental foi
a Alternativa JR-R6’, que contempla 3 (três) aproveitamentos no rio Jari, conforme
apresentado nas Figuras 5.3.2-1 e 5.3.2-2. Nessas figuras, além dos três AHEs mencionados,
encontra-se também representada a UHE Santo Antônio do Jari, cujos estudos e serviços de
engenharia já se encontram em fase de projeto básico. Este aproveitamento foi considerado
como um ponto fixo na cascata do rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 176

Figura 5.3.2-1 – Eixos dos aproveitamentos da Alternativa Selecionada nos Estudos de


Inventário – Planta

Hydros
EP518.RE.JR204 177

Figura 5.3.2-2 – Esquema de Partição de Queda da Alternativa Selecionada nos Estudos de Inventário

Hydros
EP518.RE.JR204 178

Esta alternativa de partição de queda contempla, de montante para jusante, os


aproveitamentos denominados AHE Urucupatá na cota 150,00 m, AHE Carecuru na cota
107,00 m e AHE Açaipé B na cota 86,00 m, totalizando cerca de 1.360 MW de potência
instalada. As características principais destes aproveitamentos, juntamente com dados da
UHE Santo Antônio do Jari são, resumidamente, apresentadas na tabela a seguir:

Tabela 5.3.2-1 - Principais características dos aproveitamentos


AHE Santo
AHE AHE AHE
Aproveitamento Antônio do
Urucupatá Carecuru Açaipé B
(Rio) Jari*
(Rio Jari) (Rio Jari) (Rio Jari)
(Rio Jari)

NA máx. normal (m) 150,00 107,00 86,00 30,0


NA jus. (m) 118,2 87,40 30,50 2,9
Potência Instalada (MW) 291,5 240,2 831,1 300,0
Benefício Energético
154,7 127,4 441,8 186,0
(MW médios)
Área do Reservatório no NA máx
13,7 194,9 293,4 31,7
(km²)
Custo Total (x 106 R$) (com JDC) 1.575 1.661 2.669 1.556

ICB (R$/MWh) 121,5 152,9 71,2 134


* Dados da Revisão do Projeto Básico da UHE Santo Antônio do Jari, 2008.

5.3.2.1 AHE Urucupatá

O arranjo geral concebido para este aproveitamento, localizado no rio Jari, a 362,80 km de
sua foz, terá o nível do reservatório na cota 150,00 m. As estruturas de concreto do vertedouro
estão previstas para se localizarem no lado esquerdo do leito do rio e a tomada d’água/casa de
força, na margem direita do rio, sendo o restante do barramento completado com barragem de
terra.
A barragem de CCR, com comprimento de crista total de 74,0 m e coroamento na elevação
154,00 m, tem altura máxima de 41,9 m e altura média de 29,4 m. Junto à estrutura do
vertedouro e tomada d’água, são previstas transições para seções em enrocamento, de modo a
otimizar o comprimento do muro de encosto.
Para a execução das estruturas de concreto e barragem no leito, o rio é desviado por meio de
túneis de desvio, situados na ombreira esquerda, lançando-se as ensecadeiras de segunda fase.
Foi considerada para dimensionamento das obras de desvio a vazão de 2.669 m³/s, que
corresponde ao pico da cheia com período de retorno de 25 anos.
O vertedouro previsto é do tipo de superfície, com comportas e ogiva alta. A estrutura foi
dimensionada para a vazão decamilenar, cujo pico é de 5.349 m³/s, resultando em 7 vãos de
10,45 m de largura por 10,85 m de altura. A dissipação de energia é feita por bacia com
ressalto hidráulico.

Hydros
EP518.RE.JR204 179

A estrutura da tomada d’água está incorporada à da casa de força, e é formada por 3 blocos
com 2 aberturas cada, providas de grades e comportas.
A casa de força, do tipo externa abrigada, contém 3 unidades geradoras formadas por
conjuntos de turbina Kaplan/gerador de eixo vertical, totalizando a potência instalada de
aproximadamente 291,5 MW.
A figura a seguir apresenta o arranjo geral do aproveitamento Urucupatá.

Figura 5.3.2.1-1 – Arranjo Geral do AHE Urucupatá - Planta

O espelho d’água do reservatório será de 13,7 km² de área e 131,3 x 106 m³ de volume.
Haverá formação de cerca de 17 ilhas no interior do reservatório, que somam cerca de 1 km²
de área. Embora a área do reservatório, incluindo as ilhas formadas em seu interior, totalize
14,7 km², a área efetiva de inundação (descontando-se a área do leito do rio e as áreas
emersas) será somente de 4,6 km² (Figura 5.3.2.1-2).

Hydros
EP518.RE.JR204 180

Figura 5.3.2.1-2 – Reservatório do AHE Urucupatá no NA máximo - Planta

O reservatório será de regularização, com depleção de 2,15 m, volume útil de 24,0 x 106 m³ e
tempo de recomposição do volume útil de 0,5 dia. No nível d’água mínimo, seu espelho
d’água será de 11,58 km², havendo, portanto, 2,1 km² de área de margem sujeita à variações
no nível d’água em função da regularização. As profundidades máxima e média do
reservatório serão de, respectivamente, 31,8 m e 9,5 m. A vazão média de longo termo no
eixo do AHE é de 584,3 m³/s. As pequenas dimensões do reservatório e as altas vazões do rio
resultam em um tempo de residência somente de 2,6 dias, indicando que haverá intensa
circulação de água no interior do reservatório e baixa probabilidade de estratificação térmica.
Utilizando-se o número de Froude densimétrico22 como parâmetro de avaliação de tendência
de estratificação térmica em reservatórios, tem-se que o reservatório do AHE Urucupatá
enquadra-se na categoria de regime misturado (Fd=1,3>1).
A vegetação predominante na região onde se localiza o aproveitamento é Floresta Ombrófila
Densa Submontana Dossel Emergente, com presença também de Floresta Ombrófila Densa
Aluvial Dossel Uniforme. A Figura 5.3.2.1-3 apresenta o aspecto geral da vegetação da área
do reservatório, com destaque para a cachoeira Urucupatá, que empresta o nome para o
aproveitamento e que será inundada pelo reservatório.

22
O número de Froude densimétrico (Fd) baseia-se na comparação entre a força de inércia do fluxo que
atravessa o reservatório e a força gravitacional que tende a manter a estabilidade densimétrica. Quanto menor o
Fd, maior a tendência à estratificação. A tendência para a estratificação foi classificada segundo classes
propostas por BENETTI e TUCCI (2006), a saber: tendência forte (Fd≤0,1), média (0,1<Fd≤0,3) e fraca
(0,3<Fd≤1) para estratificação. Para Fd>1, considerou-se regime misturado.

Hydros
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Figura 5.3.2.1-3 –Cachoeira Urucupatá


(Foto: Hydros)

No trecho em que se localiza o aproveitamento Urucupatá, o rio Jari é o limite entre a UC de


Uso Sustentável Floresta Estadual (FLOTA) do Paru e a UC de Uso Sustentável Reserva de
Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Iratapuru. Dessa forma, a margem esquerda do
reservatório estará na RDS, e a margem direita na FLOTA.
Dois municípios de duas Unidades da Federação terão seus territórios atingidos pelo
reservatório: Laranjal do Jari-AP (margem esquerda) e Almeirim-PA (margem direita). As
áreas atingidas serão somente áreas rurais. Estima-se uma atração de cerca de 11.100 pessoas
pelo aproveitamento, entre trabalhadores e familiares, no período de pico da construção.
Em função das características da bacia, de difícil acesso às porções central e norte da bacia e
da presença das UCs acima mencionadas, onde se encontra o aproveitamento, a densidade
populacional é muito baixa. Os modos de vida da população nesta porção central e norte
caracterizam-se pelo extrativismo esporádico, isolado e sazonal.
Em relação à organização do território, não há nenhuma infraestrutura viária, social,
econômica ou cultural, à exceção do rio que é utilizado esporadicamente como via de acesso
pelas poucas pessoas que vivem ou transitam pela região em análise.
Em termos econômicos, não há registro de atividade econômica expressiva, embora apresente
uma alta potencialidade para a exploração de recursos naturais, especialmente florestal e
mineral. Em função da delimitação legal das UCs, a exploração é realizada de forma isolada e
esporádica. A jazida minerária mais próxima ao aproveitamento se localiza a cerca de 36 km
do reservatório.
As Terras Indígenas não são diretamente atingidas pelo aproveitamento. A distância entre seu
reservatório e as TIs Waiãpi e Paru D’Este são de cerca de 7 km e 82 km respectivamente.

Hydros
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5.3.2.2 AHE Carecuru

O arranjo geral concebido para este aproveitamento, localizado no rio Jari a 274,9 km de sua
foz, terá o reservatório na cota 107,00 m e prevê que as estruturas de concreto do vertedouro e
da tomada d’água/casa de força estejam situadas na margem direita do rio, sendo o restante do
barramento completado com barragem de terra.
Para a execução da barragem no leito, o rio será desviado pela estrutura do vertedouro, através
de adufas, lançando-se as ensecadeiras de segunda fase. Foi considerada, para o
dimensionamento das obras de desvio do rio, a vazão de 3.544 m³/s, que corresponde ao pico
da cheia com período de retorno de 25 anos.
A barragem de terra, com comprimento de crista de 1.837,9 m e coroamento na elevação
111,00 m, tem altura máxima de 30,30 m e altura média de 21,20 m. Junto à estrutura do
vertedouro e tomada d’água, são previstas transições para seções em enrocamento, de modo a
otimizar-se o comprimento do muro de encosto.
O vertedouro previsto é do tipo de superfície, com comportas e ogiva alta. A estrutura foi
dimensionada para a vazão decamilenar, cujo pico é de 7.101 m³/s, resultando em 7 vãos de
11,50 m de largura por 12,15 m de altura. A dissipação de energia é feita por bacia com
ressalto hidráulico.
A casa de força, do tipo externa abrigada, contém 3 unidades geradoras formadas por
conjuntos de turbina Kaplan/gerador de eixo vertical, totalizando a potência instalada de
240,2 MW.
A figura a seguir apresenta o arranjo geral do aproveitamento Carecuru.

Figura 5.3.2.2-1 – Arranjo Geral do AHE Carecuru - Planta

O reservatório terá espelho d’água de 194,9 km² de área e 1.309,2 x 106 m³ de volume.
Haverá formação de cerca de 50 ilhas no interior do reservatório, que juntas somam cerca de
56 km² de área. A área do reservatório, incluindo as ilhas formadas em seu interior, totalizará
Hydros
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251,2 km², e a área efetiva de inundação, descontando-se a área do leito do rio e as áreas
emersas, será de 155,8 km² (Figura 5.3.2.2-2).

Figura 5.3.2.2-2 – Reservatório do AHE Carecuru no NA máximo - Planta

O reservatório será de regularização, com depleção de 1,17 m, volume útil de 204,2 x 106 m³
e tempo de recomposição do volume útil de 3 dias. No nível d’água mínimo, seu espelho
d’água será de 171,64 km², havendo, portanto, 23,2 km² de área de margem sujeita às
variações no nível d’água em função da regularização. As profundidades máxima e média do
reservatório serão de, respectivamente, 19,6 m e 6,6 m. A vazão média de longo termo no
eixo do AHE é de 775,7 m³/s. Utilizando-se o número de Froude densimétrico como
parâmetro de avaliação de tendência de estratificação térmica em reservatórios, tem-se que o
reservatório do AHE Carecuru enquadra-se na categoria de regime misturado (Fd=1,9>1). Seu
tempo de residência também é relativamente baixo (19,5 dias). Há de se destacar, no entanto,
que 22,4% da área do reservatório corresponde a ilhas fluviais que reduzirão a superfície de
contato entre o vento e o espelho d’água, diminuindo a contribuição do vento na circulação
das camadas superiores do reservatório. Embora a ocorrência de ilhas esteja associada a
regiões mais rasas do reservatório, não se descarta a possibilidade de ocorrência de
estratificação térmica em trechos do reservatório protegidos da ação do vento e mais distantes
do fluxo principal.
A vegetação predominante na região onde se localiza o aproveitamento é Floresta Ombrófila
Densa Submontana Dossel Uniforme e Floresta Ombrófila Densa Submontana Dossel
Emergente, com presença de Floresta Ombrófila Densa Aluvial Dossel Uniforme
(Figura 5.3.2.2-3).

Hydros
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Figura 5.3.2.2-3 – Aspecto geral da área do reservatório do AHE Carecuru


(Foto: Hydros)

Assim como no caso do aproveitamento anterior, no trecho em que se localiza o


aproveitamento Carecuru, o rio Jari é o limite entre a UC de Uso Sustentável Floresta
Estadual (FLOTA) do Paru e a UC de Uso Sustentável Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) Iratapuru. Dessa forma, a margem esquerda do reservatório estará na RDS,
e a margem direita na FLOTA.
Dois municípios de duas Unidades da Federação terão seus territórios atingidos pelo
reservatório: Laranjal do Jari-AP (margem esquerda) e Almeirim-PA (margem direita). Os
dois terão somente áreas rurais atingidas. Estima-se uma atração de cerca de 9.600 pessoas
pelo aproveitamento, entre trabalhadores e familiares, no período de pico da construção.
Também, em função das características da bacia, de difícil acesso às porções central e norte
da bacia e da presença das UCs acima mencionadas, onde se encontra o aproveitamento, a
densidade populacional é baixíssima.
Os modos de vida da população, quando existentes, onde se localiza o aproveitamento
caracterizam-se pelo extrativismo esporádico, isolado e sazonal. Em relação à organização do
território, não há nenhuma infraestrutura viária, social, econômica ou cultural, à exceção do
rio que é utilizado esporadicamente como via de acesso pelas poucas pessoas que vivem ou
transitam pela região em análise.
Em termos econômicos, não há registro de atividade econômica, à exceção do extrativismo
isolado e sazonal na RDS do Rio Itatapuru, embora a região apresente uma potencialidade
excelente para a exploração de recursos naturais, especialmente florestal e mineral, na
Floresta Estadual (FLOTA) do Paru.
As Terras Indígenas não são diretamente atingidas pelo aproveitamento. A distância entre seu
reservatório e as TIs Waiãpi e Paru D’Este são de cerca de 31 km e 86 km respectivamente.

Hydros
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5.3.2.3 AHE Açaipé

O arranjo geral concebido para este aproveitamento, localizado no rio Jari a 194,8 de sua foz,
terá o reservatório na cota 86,00 m e prevê que as estruturas de concreto do vertedouro e da
tomada d’água/casa de força estejam situadas na margem direita do rio, sendo o restante do
barramento completado com barragem de CCR.
A barragem de CCR, com comprimento de crista de total de 460,1 m e coroamento na
elevação 90,00 m, tem altura máxima de 66,40 m e altura média de 46,5 m.
Para a execução das estruturas de concreto e barragem no leito, o rio será desviado por meio
de túneis, situados na ombreira esquerda, lançando-se as ensecadeiras de segunda fase. Foi
considerada, para o dimensionamento das obras de desvio do rio, a vazão de 4.277 m³/s, que
corresponde ao pico da cheia com período de retorno de 25 anos.
O vertedouro previsto é do tipo de superfície, com comportas e ogiva alta. A estrutura foi
dimensionada para a vazão decamilenar, cujo pico é de 8.570 m³/s, resultando em 7 vãos de
12,20 m de largura por 13,10 m de altura. A dissipação de energia é feita por estrutura tipo
salto de esqui.
A casa de força, do tipo externa abrigada, contém 5 unidades geradoras formadas por
conjuntos de turbina Francis/gerador de eixo vertical, totalizando a potência instalada de
831,1 MW.
A figura a seguir apresenta o arranjo geral do aproveitamento Açaipé.

Figura 5.3.2.3-1 – Arranjo Geral do AHE Açaipé - Planta

O espelho d’água do reservatório será de 293,4 km² de área e 4.226,8 x 106 m³ de volume.
Haverá formação de cerca de 250 ilhas no interior do reservatório, que juntas somam cerca de
40,1 km² de área. A área do reservatório, incluindo as ilhas formadas em seu interior, totaliza

Hydros
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333,5 km² e a área efetiva de inundação, descontando-se a área do leito do rio e áreas emersas,
será de 241,1 km² (Figura 5.3.2.3-2).

Figura 5.3.2.3-2 – Reservatório do AHE Açaipé no NA máximo - Planta

O reservatório será de regularização, com depleção de 3,45 m, volume útil de 916,7 x 106 m³
e tempo de recomposição do volume útil de 11,3 dias. No nível d’água mínimo, seu espelho
d’água será de 244,83 km², havendo, portanto, 48,6 km² de área de margem sujeita às
variações no nível d’água em função da regularização. As profundidades máxima e média do
reservatório serão de, respectivamente, 55,5 m e 14,0 m. A vazão média de longo termo no
eixo do AHE é de 936,2 m³/s. O tempo de residência será de 52,3 dias. Utilizando-se o
número de Froude densimétrico como parâmetro de avaliação de tendência de estratificação
térmica em reservatórios, tem-se que o reservatório do AHE Açaipé enquadra-se na categoria
de tendência fraca à estratificação, muito embora esteja muito próximo do limite para ser
enquadrado como tendência média à estratificação (0,3<Fd=0,34<1).
A vegetação predominante na região onde se encontra o aproveitamento é Floresta Ombrófila
Densa Submontana Dossel Uniforme e Floresta Ombrófila Densa Submontana Dossel
Emergente, com presença de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (área de Tensão
Ecológica) (Figura 5.3.2.3-3).

Hydros
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Figura 5.3.2.3-3 – Visão geral da área do reservatório do AHE Açaipé


(Foto: Hydros)

No trecho em que se encontra o aproveitamento Açaipé, encontram-se três Unidades de


Conservação que serão atingidas diretamente, sendo duas de Uso Sustentável e uma de
Proteção Integral: a UC de Uso Sustentável Floresta Estadual (FLOTA) do Paru, a UC de Uso
Sustentável Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Iratapuru e UC de Proteção
Integral Estação Ecológica (ESEC) do Jari. Destaca-se que cerca de 50% da área do
reservatório encontra-se nos limites da UC de Proteção Integral Estação Ecológica (ESEC) do
Jari.
Dois municípios de duas Unidades da Federação terão seus territórios atingidos pelo
reservatório: Laranjal do Jari-AP (margem esquerda) e Almeirim-PA (margem direita). Os
dois terão somente áreas rurais atingidas. Estima-se uma atração de cerca de 33.300 pessoas
pelo aproveitamento, entre trabalhadores e familiares, no período de pico da construção.
Também, em função das características da bacia, de difícil acesso à sua porção central e da
presença das UCs acima mencionadas, onde se encontra o aproveitamento, a densidade
populacional é ainda muito baixa.
Os modos de vida da população caracterizam-se pelo extrativismo esporádico, isolado e
sazonal, na região do entorno do reservatório, embora a barragem esteja localizada na faixa de
transição entre o Planalto Setentrional da Bacia Sedimentar do Amazonas e a Depressão
Periférica da Amazônia Setentrional, onde não se verifica ainda o uso antrópico como o da
porção na Planície Amazônica.
Vale destacar que a grande parte da população da bacia concentra-se nas sedes municipais,
mais ao sul da barragem, diferindo do aproveitamento anterior apenas em termos de
proximidade. E da mesma forma, a infraestrutura ainda é inexistente, à exceção do rio que
pode ser também utilizado esporadicamente por poucos.
Em termos econômicos, não há registro significativo de atividade econômica na região, à
exceção do extrativismo isolado e sazonal e cultivo de eucalipto mais ao sul da barragem,
embora a região apresente uma potencialidade excelente para a exploração de recursos
naturais, especialmente florestal e mineral, na Floresta Estadual (FLOTA) do Paru.

Hydros
EP518.RE.JR204 188

Em função da existência de UCs, a exploração é sazonal e esporádica. A jazida minerária


mais próxima ao aproveitamento se localiza a cerca de 11 km do reservatório.
As Terras Indígenas não são diretamente atingidas pelo aproveitamento. A distância do
reservatório às TIs Waiãpi e Paru D’Este é de cerca de 84 km e 141 km, respectivamente.

5.3.2.4 UHE Santo Antônio do Jari

A usina hidrelétrica (UHE) Santo Antônio do Jari, localizada na cachoeira Santo Antônio
(Figura 5.3.2.4-1), no sul da bacia do rio Jari, encontra-se em fase mais avançada de projeto,
já tendo obtido a licença prévia pelo IBAMA em 08 de dezembro de 2009.

Figura 5.3.2.4-1 – Cachoeira de Santo Antônio


(Foto: Hydros)

Segundo o Projeto Básico revisado (2008) o aproveitamento possui queda bruta de 27,1 m,
nível do reservatório na cota 30 m, espelho d’água equivalente a 31,7 km2 (Figura 5.3.2.4-2).
A operação será praticamente a fio d’água, havendo deplecionamento de 0,90 m, e volume
útil de 28,8 x 106 m³. As profundidades máxima e média do reservatório serão de,
respectivamente, 19 m e 9,5 m. A vazão média de longo termo no eixo do AHE é de
1.017 m³/s. O tempo de residência será de somente 1,5 dia. Seu reservatório enquadra-se na
categoria de regime misturado conforme índice de Froude densimétrico.
A vazão sanitária será mantida através de uma soleira rebaixada no vertedouro, permitindo a
passagem de 45m³/s. Quando o reservatório for deplecionado abaixo do NA máx normal El.
30,00 m, a vazão sanitária será mantida através de abertura parcial de comportas das adufas
construídas para a etapa de desvio do rio. Essa vazão será responsável pela manutenção da
vazão afluente sobre a cachoeira Santo Antônio.

Hydros
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Figura 5.3.2.4-2 – Reservatório do AHE Santo Antônio – Planta


Fonte: Relatório de Impacto Ambiental da UHE Santo Antônio do Jari (ECOLOGY AND ENVIRONMENT DO
BRASIL, 2009)

Assim como nos demais AHEs, dois municípios de duas Unidades da Federação terão seus
territórios atingidos pelo reservatório: Laranjal do Jari-AP (margem esquerda) e Almeirim-PA
(margem direita), nas quais somente áreas rurais são atingidas. Cerca de 450 pessoas serão
atingidas, dentre as quais inclui-se a comunidade Iratapuru. Estima-se que serão gerados cerca
de 2.500 empregos diretos e 1.500 indiretos.
O AHE não atinge Unidades de Conservação nem Terras Indígenas.
A instalação da UHE está prevista em duas fases. Na primeira fase, operando isoladamente,
está prevista a geração de 100 MW, porém, a geração da UHE Santo Antônio deverá atingir
300 MW ao final da segunda fase, quando houver a interligação com o sistema Tucuruí-
Macapá-Manaus. A energia será suficiente para abastecer cerca de 1,5 milhões de habitantes,
com início de geração de energia previsto para 2015.

Hydros
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5.3.3 METODOLOGIA

A avaliação de impactos socioambientais seguiu as metodologias apresentadas no Manual de


Inventário Hidroelétrico de 2007 e nos estudos de Avaliação Ambiental Integrada -AAI
desenvolvidos pela EPE, entre 2006 e 2008. No entanto, assim como na análise da
sensibilidade, foram necessárias algumas adaptações, consideradas pertinentes à bacia em
estudo, que resultaram das discussões entre profissionais que integraram a equipe
multidisciplinar.
Primeiramente foi realizada a identificação dos Indicadores de Impacto Socioambiental mais
relevantes dentro de cada um dos temas-síntese apresentados na metodologia de avaliação da
Sensibilidade. Para tanto foram consideradas as diferentes etapas de implantação de um
empreendimento hidrelétrico, como a construção e a operação, e os impactos negativos e
positivos associados a elas, inclusive aqueles que só poderão ser identificados após o início da
operação.
Os Indicadores de Impacto selecionados preliminarmente foram submetidos a uma análise de
consistência pela equipe multidisciplinar, que se ateve a avaliar os Indicadores de Impacto
dentro de cada tema-síntese e dentro do sistema socioambiental na bacia. Cada indicador de
impacto é caracterizado por sua significância, por sua intensidade e por sua abrangência, que
em conjunto permitem a espacialização do impacto na bacia. O agrupamento dos indicadores
por tema-síntese é expresso no mapa de impactos referente a cada tema-síntese, conforme
pode ser observado na figura a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 191

Figura 5.3.3-1 – Fluxograma da avaliação de impactos

Considerando-se que há diferenças nas formas de manifestação dos diversos impactos,


desenvolveu-se um sistema de pesos que hierarquizasse os n indicadores de impacto de um
determinado tema-síntese. Essa hierarquização resulta no que se denominou Significância.
A Significância, por sua vez, resultou da análise de 3 atributos principais:
- Magnitude;
- Importância;
- Sentido.
Cada um destes atributos, por sua vez, foi representado por um conjunto de outros atributos,
como o tempo e a forma de incidência, a probabilidade de ocorrência, a reversibilidade, a
existência de sinergia, entre outros. Dependendo do impacto em análise, foi atribuída uma
nota àquele atributo, de modo que a soma destas notas representasse a Magnitude ou a
Importância. O Sentido refere-se ao sentido numérico positivo ou negativo para representar,

Hydros
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respectivamente, o aspecto favorável ou desfavorável da alteração provocada pelo impacto


socioambiental. Assim, quando o impacto é positivo, seu sentido é (+1) e quando o impacto é
negativo, seu sentido é (-1). A agregação da Magnitude, Importância e Sentido na
Significância do Impacto foi feita através do produto entre os índices obtidos nos 3 atributos
principais mencionados.
Além da Significância, os impactos socioambientais também foram representados quanto à
sua Intensidade. Esta expressa a manifestação dos efeitos dos impactos dos diferentes
aproveitamentos, podendo ser relacionada a características como a área a ser inundada pelo
reservatório, a potência instalada, o tempo de residência da água, entre outras.
Para valorar a intensidade, foram identificadas as características que tivessem relação com os
impactos socioambientais identificados. Cada uma destas características foi classificada em
diferentes graus de intensidade, aos quais foram atribuídas notas de modo semelhante às
Variáveis dos Indicadores de Sensibilidade conforme o quadro a seguir. A definição da faixa
de valores foi feita a partir de análise qualitativa, baseando-se em referências externas e em
aproveitamentos localizados na região amazônica. Nesta análise, tentou-se agregar não só os
conceitos atuais de avaliação de impacto socioambiental, como também adequar os
indicadores às condições da bacia.

Quadro 5.3.3-1– Composição da Intensidade dos Impactos Socioambientais


Faixa de Valores Nota
Faixa de valores associados a impactos muito baixos 1
Faixa de valores associados a impactos baixos 2
Característica do aproveitamento
Faixa de valores associados a impactos médios 3
Faixa de valores associados a impactos altos 4
Faixa de valores associados a impactos muito altos 5

A integração entre a Significância e a Intensidade foi feita pelo produto entre estas variáveis.
O produto resultante foi normalizado pelo produto do valor máximo em módulo da
Significância e o valor máximo de intensidade (i.e., cinco). A normalização resultante foi
ainda ajustada para que a variação dos valores associados aos impactos ficasse entre um valor
maior que zero e cinco (em módulo).
Para realizar a espacialização dos valores atribuídos ao produto normalizado entre a
significância e a intensidade dos impactos, foram definidas áreas de abrangência a partir da
identificação de elementos geográficos que pudessem representar a extensão dos efeitos.
Estas áreas de abrangência são dependentes de cada tipo de impacto, embora haja impactos
que apresentem áreas de abrangência idênticas ou muito semelhantes como aqueles
relacionados à inundação provocada pelo empreendimento. Assim, para a espacialização dos
impactos foram gerados polígonos em ambiente SIG correspondentes às áreas de abrangência
dos indicadores de impacto de cada aproveitamento, a partir dos quais foi possível identificar
as áreas em que ocorrem os efeitos cumulativos e sinérgicos desses impactos.
Nesta abordagem, considerou-se que haveria efeitos cumulativos entre impactos de mesma
natureza (i.e., avaliados no mesmo indicador de impacto) sempre que existisse mais de um
aproveitamento na bacia. Assim, as áreas em que os aproveitamentos estiverem mais
próximos entre si, há concentração de efeitos cumulativos.

Hydros
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Considerou-se também que os efeitos sinérgicos entre impactos de mesma natureza


ocorreriam nos locais de sobreposição das áreas de abrangência desses impactos. O efeito
sinérgico pode ser compreendido como resultante da interação entre impactos gerados por
dois ou mais aproveitamentos, com consequências diferentes da soma dos efeitos dos
aproveitamentos isoladamente, podendo ser de natureza diferente do impacto original. Como
exemplo pode-se citar o efeito sobre os serviços de saúde de um município que servirá de
apoio para mais de um aproveitamento.
A composição do impacto sobre o tema-síntese (e.g. Recursos Hídricos e Ecossistemas
Aquáticos) foi realizada através da soma ponderada entre os diferentes impactos. Os pesos
atribuídos foram os resultantes da Significância do indicador de impacto.
Ainda, na composição do tema-síntese, foram avaliados os efeitos sinérgicos entre os
impactos de naturezas distintas, atribuindo maiores graus às áreas de sobreposição entre
abrangências. Considerou-se que nessas áreas de sobreposição de abrangências ocorre
interação entre os diferentes impactos (e.g. alteração na qualidade da água e alteração na biota
aquática local).
Os impactos socioambientais positivos e negativos foram agregados separadamente, pois a
natureza distinta de ambos não permite afirmar que haja interação entre eles, ou que um possa
afetar a abrangência ou intensidade de manifestação do outro. Assim sendo, para o tema-
síntese Socioeconomia, por ser o único que apresenta impactos positivos, foram gerados dois
mapas de impacto socioambiental. Para os demais temas-síntese foi gerado apenas o mapa de
impactos negativos.
Os mapas gerados foram objeto de análise detalhada pela equipe técnica multidisciplinar,
visando a identificação e correção de possíveis falhas ou inconsistências, e, quando estas se
manifestavam, novas reavaliações dos atributos, notas e valores foram realizados. Este
procedimento foi repetido tantas vezes quantas fossem necessárias, até se obter um quadro
final mais fiel possível dos impactos socioambientais integrados de todos os temas-síntese em
análise.

5.3.4 SELEÇÃO DOS INDICADORES DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

Para a avaliação socioambiental da alternativa de partição de queda selecionada, foram


utilizados indicadores de impactos que permitissem caracterizar o impacto de forma
qualitativa e quantitativa no cenário prospectivo.
Para tanto, partiu-se da definição do impacto que, conforme o “Glossário de Ecologia” da
ACIESP, pode ser entendido como “toda ação ou atividade, natural ou antrópica, que produz
alterações bruscas em todo o meio ambiente ou apenas em alguns de seus componentes”. Para
o presente estudo, foi entendido que as alterações não precisam ser necessariamente bruscas,
mas causam perturbações que modificam a característica principal do ambiente ou de alguns
de seus componentes.
Desta forma, inicialmente para cada tema-síntese foram identificados os principais impactos
socioambientais. Em seguida, de posse do quadro de impactos socioambientais, partiu-se para
a seleção dos indicadores socioambientais, entendidos como elemento que apresente
características intrínsecas ao impacto socioambiental, que possam permitir a qualificação e
quantificação dos impactos de cada tema-síntese, de modo a distinguir um impacto do outro,

Hydros
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além de possibilitar a hierarquização e relativização dos mesmos. Os indicadores de impacto


selecionados são apresentados a seguir, discriminados por tema-síntese.

Quadro 5.3.4-1 – Indicadores de Impacto Socioambiental selecionados por Tema-Síntese


Indicadores de Impacto Socioambiental
IMP 01 Alteração na diversidade e biota aquática local
IMP 02 Alterações a jusante da barragem
IMP 03 Alteração na qualidade da água
IMP 04 Alteração na diversidade e biota aquática regional
IMP 05 Supressão de vegetação pelo reservatório
IMP 06 Supressão de vegetação pela abertura de vias de acesso à obra
IMP 07 Interferência nos habitats decorrente da implantação do empreendimento
IMP 08 Interferência nos habitats decorrente da instalação das vias de acesso à obra
IMP 09 Interferência em áreas legalmente protegidas
IMP 10 Alteração no quadro epidemiológico
IMP 11 Perda do patrimônio natural e arqueológico
IMP 12 Desestruturação de redes comunitárias, de agricultura familiar e assentamentos rurais
IMP 13 Comprometimento da acessibilidade
IMP 14 Comprometimento de área com potencial para produção
IMP 15 Geração de conflitos sociais
IMP 16* Aumento da arrecadação tributária
IMP 17* Dinamização do mercado de trabalho
IMP 18* Melhoria da infraestrutura
IMP 19 Comprometimento das condições etno-ecológicas
IMP 20 Comprometimento da unidade político-cultural
* Indicadores de impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e
Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja: tema-síntese Populações Indígenas.

A seguir, são apresentados os elementos considerados relevantes para a composição do


quadro selecionado de indicadores de impacto socioambiental para a bacia do rio Jari, que
permitiram a qualificação e quantificação dos impactos por cada tema-síntese.

Hydros
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5.3.4.1 Seleção dos Indicadores de Impacto nos Recursos Hídricos e Ecossistemas


Aquáticos

Para este tema-síntese foram utilizados quatro indicadores de impacto considerados como
representativos do impacto negativo do empreendimento. Estes indicadores foram
selecionados de forma que abrangessem tanto a escala, local quanto a regional. Os impactos
associados ao tema-síntese são apresentados novamente no quadro a seguir, mas
acompanhado de justificativas e descrições qualitativas de cada indicador de impacto
selecionado.

Quadro 5.3.4.1-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Recursos Hídricos e


Ecossistemas Aquáticos
Indicadores de Impactos Socioambientais
IMP 01 Alteração na biota aquática local
IMP 02 Alterações a jusante da barragem
IMP 03 Alteração na qualidade da água
IMP 04 Alteração na biota aquática regional

5.3.4.1.1 Alteração na Biota Aquática Local

A implantação de um reservatório provoca alterações na composição original de comunidades


biológicas, em diferentes níveis de abrangência. Neste indicador, objetivou-se analisar a
modificação do ambiente provocado pela formação do reservatório, que geralmente se dá pela
transformação de um ambiente lótico para lêntico e tem grande influência na abundância das
espécies aquáticas locais a curto e longo prazo, inclusive em camadas horizontais do
reservatório. Neste caso, o indicador considera a perda de trechos de corredeiras ou cursos
d’água de velocidade elevada cuja fauna tende a ser mais especializada.
A abrangência deste indicador foi representada pela área do reservatório acrescida de uma
faixa de 2 km de largura no seu entorno, para representar a influência nas massas d’água ao
redor do reservatório.
Na área exclusivamente do reservatório, não haverá impactos sinérgicos. Expandindo-se a
área de abrangência com a faixa de entorno, por outro lado, ocorre uma situação de
sobreposição de abrangências (quando o remanso de um reservatório localiza-se a menos de 4
km do barramento do reservatório a montante). Em situações como essa, uma área de
sobreposição localizada entre um aproveitamento e outro está mais sujeita aos impactos do
aproveitamento de montante do que de jusante, pois as mudanças de um ambiente lótico para
lêntico são mais acentuadas quanto mais próximas ao barramento. Assim, no trecho em que a
área de entorno do reservatório de jusante sobrepõe-se ao reservatório de montante, entende-
se que o efeito nessa área de sobreposição corresponde ao efeito isolado do reservatório de
montante (o mesmo raciocínio vale para sobreposição de áreas de entorno). Por outro lado, no
trecho em que a área de entorno do reservatório de montante sobrepõe-se ao reservatório de
jusante, o impacto resultante sobre a biota é maior do que se o reservatório de jusante

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EP518.RE.JR204 196

estivesse isolado, ou seja, há efeito sinérgico nesta área. Embora cada tipo de sobreposição
resulte em um efeito diferente, considerou-se, de maneira conservadora, que haveria efeitos
sinérgicos sempre que houvesse sobreposição de áreas de abrangência.

5.3.4.1.2 Alterações a Jusante da Barragem

As principais alterações a jusante de um barramento do ponto de vista dos ecossistemas


aquáticos estão associados às alterações no regime de vazões e às alterações no transporte de
sedimentos.
A alteração no regime de vazões é inerente aos aproveitamentos com regularização de vazões.
Durante a operação de uma UHE, podem ocorrer períodos de redução da vazão defluente no
trecho de rio a jusante da barragem. Nesses casos, tanto a fauna e flora aquática que
dependem do curso natural dessas águas podem sofrer interferências. Uma das formas de
avaliar impactos desta natureza é através do tempo de recomposição do volume útil do
reservatório, que é a razão entre o volume útil do reservatório e a vazão média natural
afluente. A regularização de vazões afeta, além da região a jusante do barramento, a região
das margens do reservatório, que ficarão emersas ou submersas dependendo da operação do
reservatório.
A alteração no transporte de sedimentos dos cursos d’água, por sua vez, é inerente a qualquer
aproveitamento hidrelétrico e está associada à mudança na velocidade de escoamento nos
corpos hídricos em função da barragem, da formação do reservatório e das regras de operação
das usinas. Os efeitos da alteração no transporte de sedimentos não são apenas localizados e
podem se estender a montante e principalmente a jusante do reservatório. O efeito esperado a
montante do reservatório é o aumento na frequência de inundações de suas áreas marginais de
montante causado pela deposição do material mais pesado na entrada do reservatório. Os
efeitos esperados a jusante são: (i) o aumento de carreamento de sedimentos pelo curso
d’água eventualmente causados pela erosão a jusante da casa de força; e (ii) a diminuição do
transporte de sedimentos a jusante do AHE, ocasionado pela retenção de sedimentos no
interior do reservatório. Num rio como o rio Jari, de águas claras e com baixas concentrações
de sólidos em suspensão, o primeiro efeito tem maior relevância.
Visto que os efeitos são mais frequentes no reservatório e a jusante do mesmo, este indicador
de impacto utilizou como área de abrangência os limites do próprio reservatório e de seu
trecho a jusante até a foz em um curso d’água de ordem superior na hierarquia fluvial. Como
todos os AHEs localizam-se no rio principal (rio Jari), o trecho a jusante até a foz equivale ao
trecho até a foz do rio Jari no rio Amazonas.
Alterações percentuais no transporte de sedimentos são menos impactantes do ponto de vista
ecológico num rio de águas claras do que num rio de águas brancas. Num rio de águas
brancas, por exemplo, uma variação percentual relativamente pequena pode estar associada a
mudanças acentuadas no funcionamento do sistema, como por exemplo, ao aumento da
luminosidade em camadas mais profundas do rio. Em alguns casos, o fator limitante para a
produção primária autóctone de um rio de águas brancas está associado à baixa luminosidade
(FERREIRA et al., 2007). Assim, neste caso, até mesmo uma pequena diminuição de sólidos
em suspensão na água pode ocasionar aumento significativo da produção fitoplanctônica
devido ao aumento da luminosidade. Num rio de águas claras como o rio Jari, por outro lado,
como as condições de luminosidade estão mantidas até camadas mais profundas do rio (em
comparação a um rio de águas brancas), mesmo uma variação mais acentuada na quantidade
de material em suspensão pode não causar mudanças tão significativas ao ecossistema. Assim,

Hydros
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o valor da importância (na componente significância) deste impacto foi diminuída em relação
aos demais impactos.
Visto que o rio Jari é um rio de águas claras, para a avaliação de intensidade deste impacto
considerou-se que a alteração no regime de vazões teria um efeito mais pronunciado aos
ecossistemas aquáticos que a alteração no transporte de sedimentos. Assim, a intensidade em
cada um dos aproveitamentos foi avaliada pelo tempo de recomposição de volume útil do
reservatório. Cabe destacar, no entanto, que embora todos os AHEs do rio Jari apresentem
regularização de vazões, o tempo de recomposição do volume útil de todos os AHEs é de
menos de duas semanas.
Tanto as alterações no regime de vazões quando as alterações no transporte de sedimentos não
se comportam como resultantes somente do impacto cumulativo dos aproveitamentos que
compõem um esquema de partição de queda, mas sim como resultado da interação entre os
reservatórios que compõem um sistema de reservatórios em cascata, havendo, portanto,
sinergia entre os impactos causados por diferentes AHEs.

5.3.4.1.3 Alteração na Qualidade da Água

Reservatórios, de maneira geral, acarretam em acumulação de sedimentos e nutrientes


transportados pelos cursos d’água. A maior ou menor alteração da qualidade de água
provocada pelo acúmulo de nutrientes no reservatório é decorrente da presença de várias
condições propícias.
Entre diversos fatores que propiciam a alteração na qualidade da água estão o volume do
reservatório, as vazões líquidas em trânsito, a quantidade de carga poluente transportada e a
forma do reservatório (SONDOTÉCNICA, 2007a).
O potencial de alteração da qualidade de água foi avaliado através do tempo de residência da
água no reservatório (TR), que é definido pela relação entre o seu volume e as vazões
afluentes. Quanto maior o tempo de residência da água, menor a circulação dentro do
reservatório, e consequentemente, maior o potencial do reservatório de acumular de nutrientes
nas camadas mais profundas do reservatório, camada esta que pode se tornar anóxica.
A abrangência deste indicador foi considerada como sendo equivalente à área do reservatório
somada a um trecho a jusante equivalente ao comprimento do reservatório, partindo-se do
pressuposto que quanto maior o reservatório (e consequentemente, seu comprimento), maior a
sua influência a jusante do rio.
Assim como no caso do indicador “Alterações a jusante da barragem”, os impactos sobre a
qualidade da água são resultado da interação entre os reservatórios que compõem o sistema de
reservatórios em cascata. Num sistema de reservatórios em cascata, como é o caso dos
aproveitamentos selecionados para a bacia do rio Jari, as alterações na qualidade da água do
AHE localizado mais a montante comportam-se praticamente da mesma forma que seria caso
este fosse um AHE isolado23. Os reservatórios localizados a jusante, por outro lado, serão
todos modificados em algum grau (em relação ao que seria, caso estes fossem AHEs
isolados). A intensidade da influência é maior quanto maior for a estratificação e o nível

23
Podem ocorrer variações na operação do reservatório quando este encontra-se numa cascata de
aproveitamentos em relação ao que seria quando este encontra-se isolado. Tais variações na operação, como, por
exemplo, o deplecionamento, influenciam na qualidade da água.

Hydros
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trófico dos AHEs a montante, e quanto menor for a distância entre os AHEs (STRAŠKABA
et al., 1993). A alguma distância abaixo da barragem, as condições do rio retomam suas
características naturais, como se ele não tivesse sido barrado. A distância para esta
recuperação é chamada distância de reinício (WARD apud TUNDISI; TUNDISI, 2008).
Assim, caso o reservatório do AHE a jusante se inicie a uma distância superior à distância de
reinício do barramento a montante, as alterações na qualidade da água serão equivalentes a
que seriam caso o AHE fosse isolado.

5.3.4.1.4 Alteração na Biota Aquática Regional

As alterações na composição original de comunidades biológicas em decorrência da


implantação dos reservatórios abrangem também outras áreas a montante e a jusante dos
reservatórios. A criação de barreiras artificiais dificulta ou impede a migração reprodutiva de
espécies reofílicas e, portanto, gera efeitos nocivos à estrutura da comunidade original,
notadamente para as espécies de peixes migradoras de longa distância. Além disso, pode
restringir determinadas espécies à região de montante da barragem, impedindo o acesso para
jusante. Além dos impactos que se propagam a partir da barragem propriamente dita, há
também os impactos que se propagam a partir do reservatório, como é o caso dos impactos
sobre aves cujos habitats incluem a vegetação marginal. Como consequência do alagamento
da vegetação marginal, as aves se deslocam para outras áreas, sobrepondo suas áreas de vida
com as de outros indivíduos, o que tende a aumentar a intensidade de interações ecológicas
negativas além da área do reservatório.
Para a análise deste indicador de impacto, foram consideradas como área de abrangência as
sub-regiões hídricas24 atingidas pelo reservatório, de modo que os impactos fossem
representados em escala mais regional.
No que concerne à migração de peixes, há de se destacar que a bacia Amazônica de modo
geral carece de estudos sobre suas rotas migratórias. No rio Jari, a composição da ictiofauna é
predominantemente de espécies características de rios com leitos amplos e rasos, com águas
rápidas e claras na região a montante da cachoeira Santo Antônio, e de espécies típicas de
várzea amazônica na região a jusante desta cachoeira. Devido a essa diferenciação na
ictiofauna, não foi prevista a construção de um mecanismo de transposição de peixes na UHE
Santo Antônio do Jari (ECOLOGY AND ENVIRONMENT DO BRASIL, 2009), e não foram
consideradas as rotas migratórias para a definição de abrangência deste impacto.

5.3.4.2 Seleção dos Indicadores de Impacto no Meio Físico e Ecossistemas


Terrestres

Para este tema-síntese, foram considerados quatro indicadores de impacto que representam o
impacto negativo do empreendimento em duas escalas: local e regional. Os indicadores

24
Ottobacias da ANA. A divisão utilizada pode ser visualizada no Mapa da Densidade de Drenagem
(Desenho nº EP518.A1.JR-08-020).

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selecionados para avaliar efeitos locais são relativos à supressão de vegetação e os indicadores
de efeitos regionais são relativos à interferência nos habitats.

Quadro 5.3.4.2-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Meio Físico e Ecossistemas


Terrestres
Indicadores de Impactos Socioambientais
IMP 05 Supressão de vegetação pelo reservatório
IMP 06 Supressão de vegetação pela abertura de vias de acesso à obra
IMP 07 Interferência nos habitats decorrente da implantação do empreendimento
IMP 08 Interferência nos habitats decorrente da instalação das vias de acesso à obra
IMP 09 Interferência em áreas legalmente protegidas

5.3.4.2.1 Supressão de Vegetação pelo Reservatório

A supressão da vegetação existente na área devido à implantação das obras e sobrelevação do


nível d’água para a formação do reservatório (ou por ações de desmatamento antecedendo a
formação do reservatório) corresponde a um evento de grande importância no que se refere
aos impactos nos ecossistemas terrestres, dado seu caráter irreversível e permanente (CNEC-
ARCADIS TETRAPLAN, 2007).
Embora corresponda a um evento localizado e de curta duração, retrata a ação de maior
impacto perceptível, considerando a submersão de ecossistemas terrestres, que dá lugar a um
lago artificial. Reflete de forma mais direta o grau de impacto de cada aproveitamento sobre a
biodiversidade local, uma vez que implica em destruição de habitats e, portanto, de flora e
fauna a eles associados.
Assumindo-se que quanto maior o lago, maior é sua possibilidade de afetar ambientes mais
conservados ao longo do rio principal e seus tributários, considerou-se o tamanho do
reservatório como variável importante para a representação desse indicador de impacto.
Ainda, foi considerada a afetação da vegetação do entorno do reservatório, correspondente,
subjetivamente, a uma faixa de 2 km de largura ao redor do mesmo.
Assim como no indicador “Alteração na Biota Aquática Local”, não haverá impactos
sinérgicos na área exclusivamente do reservatório. Considerando-se a área de entorno, por
outro lado, ocorrem situações de sobreposição de abrangências. Quando esta sobreposição se
dá entre a área do reservatório de um AHE e a área de entorno de outro, foi adotado que o
impacto resultante equivale ao impacto isolado do AHE em que está se considerando o
reservatório. Por outro lado, quando esta sobreposição se dá entre áreas de entorno de
diferentes AHEs, o efeito resultante é maior do que a simples soma dos efeitos, já que a
conectividade deste trecho com áreas vizinhas é diminuída pela existência de dois
reservatórios em sua vizinhança. Embora cada tipo de sobreposição resulte em um efeito
diferente, considerou-se, de maneira conservadora, que haveria efeitos sinérgicos sempre que
houvesse sobreposição de áreas de abrangência.

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5.3.4.2.2 Supressão de Vegetação pela Abertura de Vias de Acesso à Obra

Este indicador teve por finalidade apontar os impactos associados à construção de acessos
para os canteiros de obras, de forma que quanto maior a extensão das vias de acesso a serem
construídas, maior será o impacto.
O desmatamento ou supressão de vegetação resultante da construção de estradas/vias de
acesso e da vila de operários pode ser considerado pequeno quando comparado com a área
alagada de um aproveitamento. Entretanto é importante salientar que a abertura de
estradas/vias de acesso na Amazônia funciona como via de entrada à ocupação, determinando
favorecendo a ampliação dos desmatamentos e aumento da exploração de recursos naturais.
A análise considerou não apenas a extensão da via de acesso projetada entre o eixo da
barragem e o sistema viário mais próximo, como também uma faixa afetada ao longo das
margens das vias de acesso correspondente a 500 m para cada lado da via.

5.3.4.2.3 Interferência em Habitats Decorrente da Implantação do


Empreendimento

Várias ações decorrentes da construção de um empreendimento hidrelétrico são indutoras de


impactos sobre o componente biológico da região onde este se insere. São perturbações que
extrapolam os limites da área de alagamento e das obras, estendendo-se ao seu entorno.
A ocupação do entorno de uma UHE é desencadeada por processo de atração de contingentes
populacionais, dinamização econômica, reestruturação da infraestrutura econômica e social,
entre outros (CNEC-ARCADIS TETRAPLAN, 2007). Essa atração populacional tem como
consequências prováveis o aumento da caça e do extrativismo vegetal na região do
empreendimento.
Essas interferências podem ganhar uma dimensão importante e contribuir sensivelmente para
o processo de redução de populações animais e vegetais, alteração de habitats e de
fragmentação da paisagem, alterando sua estrutura e, por conseguinte, sua dinâmica. Por este
motivo, considerou-se a área de abrangência deste indicador a subárea em que se insere o
reservatório, uma vez que esta presumivelmente representa uma unidade nos padrões
ecológicos, apresentando interações bióticas próprias.
Assim como no impacto da supressão da vegetação pelo reservatório, foi considerado que
haverá efeitos sinérgicos sempre que as áreas de abrangência deste indicador se
sobrepuserem. Como a área de abrangência deste indicador é a subárea, observam-se efeitos
sinérgicos quando houver mais de um aproveitamento na mesma subárea.

5.3.4.2.4 Interferência em Habitats Decorrente da Abertura de Vias de Acesso

As estradas funcionam normalmente como vetores de penetração e ocupação antrópica. Há,


também, a possibilidade de se construir novas vias em função da dificuldade de acesso em
relação a alguma localidade ou centro maior, ou o surgimento de novas comunidades
populacionais que poderão se acomodar ao longo das vias lineares construídas para dar acesso
aos aproveitamentos.

Hydros
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Essas perturbações causam intensa fragmentação da cobertura vegetal existente, gerando


perdas de habitats que extrapolam os limites da área suprimida para a construção da via de
acesso, estendendo-se ao seu entorno, eventualmente formando uma malha de
comunicação/trânsito caso venha a se unir com outras áreas antropizadas, intensificando o
impacto ambiental.
Para este indicador, a área de abrangência do impacto foi a subárea e a intensidade do impacto
foi expressa em função da potência. Os efeitos sinérgicos esperados estão relacionados ao
maior fluxo de pessoas e máquinas associado à implantação e operação de mais de um
aproveitamento na mesma subárea.

5.3.4.2.5 Interferência em Áreas Legalmente Protegidas

Este indicador de impacto tem como objetivo avaliar a interferência em áreas legalmente
protegidas no caso, as Unidades de Conservação, que ocupam, junto com as TIs, cerca de
80% da bacia.
A implantação dos empreendimentos, incluindo todas as obras necessárias, amplia as
possibilidades de penetração e de ocupação antrópica sem planejamento em áreas de
Unidades de Conservação. Sobretudo quando são consideradas questões como a carência de
fiscalização nestas áreas, a pressão para exploração de minérios e a possibilidade de
surgimento de novas comunidades populacionais que poderão se acomodar ao longo das vias
de acesso.
De acordo com o SNUC (Lei nº 09.985/00), a intervenção em Unidades de Conservação é
permitida em UCs de Uso Sustentável e em zonas de amortecimento, como é o caso da
Floresta Estadual do Paru e RDS Rio Iratapuru. Além de elevada biodiversidade, estas áreas
apresentam alto potencial para uso florestal sustentável, por abrigar florestas de valor
econômico, ao mesmo tempo que apresentam potencialidade para as oportunidades de renda e
emprego. Além destas UCs de Uso Sustentável, a UC de Proteção Integral Estação Ecológica
do Jari também será atingida por um dos aproveitamentos.
Desta forma, apesar da prevista exploração econômica da UC, a redução de habitats e
fragmentação da paisagem decorrentes da implantação dos empreendimentos ganham uma
dimensão importante. Uma vez que os impactos podem ser estendidos por toda a UC,
considerou-se a área de abrangência deste indicador a UC em que se insere o reservatório.

5.3.4.3 Seleção dos Indicadores de Impacto na Socioeconomia

Para este tema-síntese foram considerados indicadores de impacto negativos e positivos. Os


impactos associados ao tema-síntese são relacionados no Quadro a seguir. Na sequência, são
apresentadas as justificativas e descrições de cada indicador de impacto considerado.

Quadro 5.3.4.3-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Socioeconomia


Indicadores de Impactos Socioambientais
IMP 10 Alteração no quadro epidemiológico

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Indicadores de Impactos Socioambientais


IMP 11 Comprometimento do patrimônio natural e arqueológico
IMP 12 Desestruturação de redes comunitárias, agricultura familiar e assentamentos rurais
IMP 13 Comprometimento da infraestrutura
IMP 14 Perda de terras rurais de agropecuária ou não produtivas
IMP 15 Geração de conflitos sociais
IMP 16* Aumento da arrecadação tributária
IMP 17* Dinamização do mercado de trabalho
IMP 18* Melhoria da infraestrutura
* Impactos socioambientais positivos.

5.3.4.3.1 Alteração no Quadro Epidemiológico

A “Alteração no quadro epidemiológico” está associada a algumas interferências no meio


físico-biótico ocasionadas pela implantação do AHE, especialmente aquelas relacionadas ao
reservatório, podendo provocar desequilíbrio na população de insetos e induzir alterações no
quadro epidemiológico. Os males com maior potencial de disseminação diante da proliferação
de vetores na região são malária, febre amarela, dengue, filariose humana, encefalite e
leishmaniose (MÜLLER, 1995). As alterações no quadro epidemiológico são potencializadas
também por outros fatores socioambientais, tais como a ausência ou precariedade da
infraestrutura de saneamento, se houver ocupação desordenada, déficits nutricionais e hábitos
de higiene.
Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência o(s) setor(es) censitário(s)
atingido(s) pelo reservatório do AHE. Neste(s) setor(es) censitário(s), a mão de obra
necessária para a construção da usina poderá alterar o quadro epidemiológico com o aumento
do contingente populacional, especificamente, no entorno dos AHEs.
A alteração do quadro epidemiológico nas áreas que abrigarão as obras das usinas poderá,
também, aumentar a demanda por serviços de saúde nos núcleos urbanos utilizados como
apoio, como a sede municipal de Laranjal do Jari, pressionando as infraestruturas sociais de
atendimento à população local que são melhores. Nas obras, normalmente são implantados
apenas postos de saúde, para atendimento imediato, especialmente das primeiras
necessidades, para posterior encaminhamento dos doentes ou acidentados mais sérios a redes
hospitalares mais próximos. A permanência ou mesmo o trânsito das pessoas doentes nas
sedes municipais podem também alterar o quadro epidemiológico da sede, dependendo da
quantidade de pessoas doentes e o tipo de doença.
Tendo em vista que os aproveitamentos localizam-se nas UCs e longe das sedes municipais,
há necessidade de oferta de serviços mais completos nas obras, além da necessidade de
deslocamento rápido em casos emergenciais aos locais onde há oferta de serviços mais
completos de saúde.
Segundo a metodologia adotada, tendo em vista a sobreposição das áreas de abrangências
(setores censitários das áreas dos reservatórios) dos aproveitamentos Carecuru e Urucupatá,
prevê-se não só efeitos cumulativos mas também sinérgicos. E o aproveitamento Açaipé,
embora esteja localizado na cota mais a jusante dos aproveitamentos anteriores, tem sua área
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de abrangência parcialmente sobreposta com a do Carecuru, provocando efeitos além dos


cumulativos sinérgicos. O aproveitamento Santo Antônio localizado mais a jusante tem sua
área de abrangência sobreposta parcial com área de abrangência do aproveitamento Açaipé.
Desta forma, todos os aproveitamentos apresentam não só efeitos cumulativos, mas
sinérgicos. O quadro epidemiológico tem relação direta não só com a área do reservatório,
mas pode ter efeitos multiplicadores em função das condições de saúde da mão de obra, da
duração da obra, da rede de saúde dos núcleos urbanos onde existem serviços mais
complexos, que podem aumentar os efeitos iniciais, tornando-os significativos.

5.3.4.3.2 Perda do Patrimônio Natural e Arqueológico

O enchimento do reservatório pode comprometer patrimônio natural e arqueológico, estes


entendidos como bens de natureza material ou imaterial, que tomados individual ou em
conjunto, caracterizam-se como portadores de referenciais de identidade e eixos de construção
de memória social das comunidades e da sociedade como um todo (HONORATO, 2008). Os
elementos considerados serão aqueles cuja reconstituição seja entendida com inviável e cuja
substituição não seja possível. Os principais elementos identificados foram os locais de beleza
cênica, como ilhas fluviais, lagoas, cachoeiras e corredeiras.
Adotou-se o reservatório como área de abrangência para o indicador, pois, é nesta área
inundada que poderá estar o patrimônio cultural (sítios arqueológicos com vestígios de
ocupações ou locais de pouso), a ser identificado e salvo de forma adequada. Deve-se
aproveitar a ocasião do desmatamento e escavação para o salvamento do patrimônio
arqueológico, caso exista.
A despeito dos aproveitamentos apresentarem reservatórios no mesmo rio e em sequência,
não há sobreposição de áreas de abrangência, não se prevendo portanto efeitos sinérgicos, mas
tão somente efeitos cumulativos.

5.3.4.3.3 Desestruturação de Redes Comunitárias, Agricultura Familiar e


Assentamentos Rurais

Este indicador visa mensurar as interferências nas redes sociais, culturais e econômicas
estabelecidas nas comunidades e que possam provocar transformações nos seus modos de
vida, na sua estrutura produtiva e em outros aspectos da vida social (SONDOTÉCNICA,
2007a). Estas transformações seriam decorrentes não só de perda de áreas de produção e de
interferências nas infraestruturas viárias e sociais, entre outros.
Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência a subárea da
socioeconomia, em função da homogeneidade dos aspectos socioeconômicos da mesma
representada por algumas comunidades que ocupam áreas próximas a rios e cursos d’água,
vivendo da exploração de recursos naturais baseada em redes de cooperação comunitária. Esta
situação ocorre com a população ribeirinha da RDS do rio Iratapuru que será afetada pelo
AHE Santo Antonio. O acesso da população da RDS aos núcleos urbanos e outras localidades
pelo rio Jari será afetado pelo AHE Santo Antonio, interferindo no contato da comunidade
com outras localidades, mesmo que seja por um período temporário. Dessa forma, será
necessária a criação de alternativa de via de circulação que reconecte a população da RDS aos
núcleos e outras localidades.

Hydros
EP518.RE.JR204 204

Embora algumas comunidades rurais possam não ser atingidas pelo empreendimento, as redes
de relacionamento comunitário e de agricultura familiar podem ser afetadas, em função da
rede de relacionamento que estas comunidades tinham com as que foram afetadas pelo
empreendimento, desencadeando um processo de desestruturação, como é o caso da
comunidade na RDS do Rio Iratapuru, no rio Iratapuru.
Tendo em vista que os aproveitamentos localizam-se no mesmo rio e em sequência, as áreas
de abrangência dos aproveitamentos Urcupatá e Carecuru se sobrepõem, devendo ocorrer
efeitos sinérgicos, além de cumulativos. No entanto esta subárea apresenta uma densidade
populacional ínfima, por ser uma UC de uso sustentável de difícil acesso. Portanto os efeitos
tanto cumulativos como sinérgicos são muito pequenos. Para o aproveitamento Açaipé, que se
localiza a jusante, a sua área de abrangência sobrepõe parcialmente com a área de abrangência
dos aproveitamentos anteriores. Considerando que a densidade populacional é ínfima, embora
haja efeitos cumulativos e sinérgicos, são igualmente ínfimos. Já para o aproveitamento Santo
Antônio, verifica-se a sobreposição, embora parcial, da sua área de abrangência com a do
aproveitamento Açaipé e onde se verifica a presença das comunidades não só ribeirinhas, mas
também da grande maioria das comunidades rurais e urbanas do vale do rio Jari. Desta forma,
prevê-se que os efeitos cumulativos e sinérgicos são maiores que nas situações anteriores. A
rede comunitária tem relação direta com o sistema de produção e modos de vida,
desencadeando efeitos multiplicadores, significativos, em termos de impactos negativos.

5.3.4.3.4 Comprometimento da Acessibilidade

O indicador tem por fim avaliar as interferências negativas nos sistemas de circulação,
comunicação de pessoas e transportes de bens e mercadorias, utilizadas no nível local ou
regional, causadas pela inundação de trechos destas vias. Elas constituem vias necessárias
para a manutenção e desenvolvimento da vida social e econômica das populações,
especialmente daquelas que vivem em comunidades isoladas (MÜLLER, 1995), sem as quais
não se pode conceber o desenvolvimento socioeconômico. Para tanto, foram selecionadas as
vias de circulação afetadas pelo empreendimento, cujas modalidades representam o nível de
fluxo presente e de importância social e econômica na região.
Tomando-se como referência os fluxos de pessoas e mercadorias da bacia, para este indicador
de impacto, adotou-se como área de abrangência a subárea da socioeconomia, embora as vias
atingidas diretamente afetadas estejam localizadas numa área menor e localizadas muito
próximas ao AHE e à sua APP (gerada pelo enchimento do reservatório). A subárea onde se
localiza o empreendimento, que apresenta homogeneidade na socioeconomia, será afetada
pela perda de trechos fluviais navegáveis, devido ao bloqueio físico aos fluxos gerado pelo
AHE.
Da mesma forma que apresentado para o indicador anterior, para os aproveitamentos a
montante, Urucupatá e Carecuru, embora os efeitos cumulativos e sinérgicos sejam previstos
em função da sobreposição das suas áreas de abrangência, são considerados ínfimos, em
função da baixa densidade demográfica. Para os aproveitamentos a jusante, Açaipé e Santo
Antônio, são previstos efeitos cumulativos e sinérgicos maiores em função não só da
sobreposição das suas áreas de abrangência, mas da densidade populacional da mesma. Não
só as vias rodoviárias serão afetadas, mas principalmente a via fluvial, da qual não só a
comunidade da bacia se vale para a circulação e comunicação, mas também as empresas do
Projeto Jari que utilizam o rio para escoamento de sua produção. As vias de circulação tem

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relação direta com o sistema de produção e modos de vida da população, apresentando desta
forma efeitos multiplicadores em termos de impactos negativos.

5.3.4.3.5 Comprometimento de Área com Potencial para Produção

O “Comprometimento de Área com Potencial para Produção” procura representar os impactos


não só nos sistemas produtivos da população que tem usufruto da terra, como ribeirinhos, mas
principalmente a perda de áreas que poderiam constituir a base de estruturas produtivas,
destinadas para exploração sustentável de recursos naturais, decorrentes da inundação das
mesmas pelo reservatório para a implantação do AHE (MÜLLER, 1995). Desta forma, foram
consideradas todas as áreas rurais atingidas pelos empreendimentos.
Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência a área do reservatório e
sua respectiva APP, pois tanto as terras inundadas pelo reservatório como as áreas de
preservação permanente são perdidas, pois não podem ser utilizadas como base para
atividades econômicas nem como fonte de recursos naturais para matéria-prima.
Tendo em vista que as áreas de abrangência dos quatro aproveitamentos não se sobrepõem,
embora tenha efeitos cumulativos, não se prevê efeitos sinérgicos. No entanto, o
comprometimento de áreas com potencial de exploração pode desencadear outros efeitos
negativos como a desestruturação social e econômica, conflitos sociais, entre outros. Como as
áreas a serem perdidas estão inseridas em UC onde estão previstas atividades econômicas,
como na da FLOTA do Paru em Almeirim-PA e na da RDS do Rio Iratapuru em Laranjal do
Jari-AP, prevê-se efeitos significativos no sistema de produção regional, por afetar dois
municípios e dois estados (Pará e Amapá).

5.3.4.3.6 Geração de Conflitos Sociais

O indicador “Geração de conflitos sociais” procura representar os possíveis conflitos gerados


em função das perdas de áreas rurais e/ou interferências nas estruturas sociais e de produção
econômica da população afetada (SONDOTÉCNICA, 2007b). Estes conflitos sociais podem
ser resultado da disputa de terras existentes ainda na bacia, disputa pelas melhores condições e
localizações, como melhores terras cultiváveis, terras próximas aos recursos hídricos,
proximidade com vias de escoamento de produção, proximidade com centros urbanos, terras
de maiores dimensões. Os conflitos podem ainda ser resultados da desestruturação de contato
entre os membros da comunidade e áreas de produção, entre outros. Estes conflitos podem
ocorrer entre moradores, produtores rurais e movimentos de agricultores assistidos ou não
pelo poder público (HONORATO, 2008). Estes conflitos gerados em função da implantação
dos AHE podem até potencializar os conflitos fundiários locais já existentes na bacia,
tornando-os de escala regional.
Como os conflitos associados à implantação de empreendimentos hidrelétricos estão
relacionados aos atores que atuam na bacia, em geral pertencentes a ambientes
socioeconômicos homogêneos, adotou-se a subárea da socioeconomia como área de
abrangência para o indicador em questão. No entanto, estes atores podem se distribuir em
áreas que extrapolam limites administrativos, como produtores rurais, pequenos produtores e
assentamentos rurais familiares, mesmo fora da subárea.
Da mesma forma que apresentado para os indicadores anteriores, para os aproveitamentos a
montante, Urucupatá e Carecuru, embora os efeitos cumulativos e sinérgicos sejam previstos

Hydros
EP518.RE.JR204 206

em função da sobreposição das suas áreas de abrangência, são considerados ínfimos, em


função da baixa densidade demográfica. Já para o aproveitamento Santo Antônio, verifica-se
a sobreposição, embora parcial, da sua área de abrangência com a do aproveitamento Açaipé e
onde se verifica a grande maioria das comunidades rurais e urbanas do vale do rio Jari. Desta
forma, prevê-se que os efeitos cumulativos e sinérgicos são maiores que nos aproveitamentos
a montante. Como um conflito pode desencadear outro conflito de natureza diversa,
abrangendo não só a população afetada pelos AHEs como outras que vivem em localidades
próximas ou até mesmo distantes das áreas das obras, são previstos efeitos significativos,
especialmente na porção sul da bacia, na subárea IV, onde se concentra a população.

5.3.4.3.7 Aumento da Arrecadação Tributária

A implantação de usinas hidrelétricas possibilita, em função de dispositivo legal, aumento da


arrecadação tributária dos municípios pelas obras civis do empreendimento e pelo
reservatório. Dessa forma, utilizou-se o indicador em questão para avaliar as interferências
mais relevantes, caracterizadas como positivas, constituídas pela compensação financeira e
aumento da arrecadação tributária sobre os serviços da construção das usinas (MME, 2007).
Elas interferem diretamente nas finanças dos municípios afetados pelos empreendimentos,
perdurando todo o período de vida útil do empreendimento, nos casos da compensação
financeira (municípios atingidos pelo reservatório) e, durante as obras, no caso do ISS
(município onde foi construída a barragem).
Adotou-se como área de abrangência os municípios atingidos pelo barramento do AHE, pois
as arrecadações tributárias são direcionadas essencialmente aos municípios que abrigam o
núcleo de apoio, o canteiro de obras, o barramento e a casa de força, a despeito da
arrecadação oriunda do ISS, e aos municípios que tiverem áreas inundadas pelos reservatórios
dos empreendimentos, a despeito da CFURH.
No caso da bacia em análise, tanto o barramento como a área inundada pelos reservatórios
pertencem aos mesmos municípios, Almeirim e Laranjal do Jari. Desta forma, as áreas de
abrangência dos quatro aproveitamentos se sobrepõem, prevendo-se o desencadeamento de
efeitos não só cumulativos, mas sinérgicos em termos do mesmo indicador.
A arrecadação tributária, por se tratar de incremento direto nas receitas municipais, pode
suprir várias demandas da população, relacionadas principalmente à infraestrutura, serviços
de educação, saúde, saneamento, entre outros, especialmente nas áreas de maior concentração
populacional, potencializando e desencadeando processos de aquecimento econômico. Desta
forma, prevê-se que haja efeitos positivos significativos associados aos impactos positivos do
aumento arrecadação.

5.3.4.3.8 Dinamização do Mercado de Trabalho

A construção do empreendimento promove a dinamização do mercado de trabalho no


município que abriga as obras de construção da usina (MME, 2007). Para os municípios de
pouca densidade demográfica, os efeitos serão mais significativos que nos municípios de
maior densidade. No caso da bacia do rio Jari, em função da pouca densidade demográfica,
estima-se que os efeitos positivos sejam bastante significativos.

Hydros
EP518.RE.JR204 207

Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência o(s) setor(es) censitário(s)
afetados pelo barramento do AHE, onde se concentrarão as atividades para a implantação dos
AHEs.
Segundo a metodologia adotada, tendo em vista a sobreposição das áreas de abrangências
(setores censitários onde se localizam as barragens) dos aproveitamentos Carecuru e
Urucupatá, prevê-se não só efeitos cumulativos mas também sinérgicos. O mercado de
trabalho deverá ser extinto tão logo termine a obra, em especial em função da UC que se
sobrepõe ao setor censitário.
O aproveitamento Açaipé tem sua área de abrangência sobreposta com a do Santo Antônio,
prevendo-se efeitos além dos cumulativos, sinérgicos. Ao contrário dos dois aproveitamentos
anteriores, estes setores censitários não só apresentam sede municipal de Laranjal do Jari, mas
também a vila Monte Dourado, sede do Projeto Jari. Estes setores são os que apresentam a
maioria da população do vale do rio Jari. Tendo em vista que embora o mercado de trabalho
tenda a diminuir com o término da obra, o ápice da dinamização do mercado de trabalho que
ocorre com o pico da construção deverá impulsionar o aquecimento da economia destes
setores censitários em função da presença de dois aproveitamentos nos mesmos setores.
Normalmente ocorre uma demanda de serviços inexistentes ou precários na obra,
especialmente alimentação, hotelaria e lazer, além dos serviços à família, como educação,
saúde, habitação, saneamento, entre outros. A dinamização do mercado tem uma relação
direta com o aumento de renda, com a conseqüente melhoria de qualidade de vida, que resulta
em efeitos positivos significativos.

5.3.4.3.9 Melhoria da Infraestrutura

A construção de usinas hidrelétricas pode promover a expansão da infraestrutura viária e


outras benfeitorias complementares, para o atendimento das necessidades da construção do
empreendimento hidrelétrico (MME, 2007). As novas vias deverão apresentar uma hierarquia
compatível com o trânsito necessário à execução da obra, de modo a atender o tipo e o fluxo
de carga necessária para as obras das usinas (MÜLLER, 1995). Utilizou-se, assim, o indicador
“melhoria da infraestrutura” para avaliar as interferências positivas na infraestrutura viária
afetada, isto é de circulação, comunicação de pessoas e transporte de cargas.
Para este indicador de impacto adotou-se como área de abrangência a subárea da
socioeconomia, onde se localiza o aproveitamento (barramento). Os aproveitamentos
Carecuru e Urucupatá tem áreas de abrangência sobrepostas, numa subárea caracterizada pela
inexistência de vias de acesso público, à exceção da via fluvial que é de difícil utilização.
Demanda a abertura de vias compatíveis aos fluxos necessários à execução da obra,
conectando-as a vias existentes. E segundo o cenário macroeconômico 2030, prevê-se a
exploração sustentável de recursos naturais nesta subárea, que coincide com as UCs. Desta
forma, prevê-se a necessidade de vias em consonância com o Plano de Manejo das UCs, de
modo a atender os objetivos destas UCs. No entanto, estas vias não foram consideradas como
melhorias por não atender a população de forma ampla.
Já para os aproveitamentos Açaipé e Santo Antônio, que tem áreas de abrangência
sobrepostas (subárea IV), onde se concentra a população da bacia, as novas vias foram
consideradas como melhoria da infraestrutura, prevendo-se efeitos cumulativos e sinérgicos.

Hydros
EP518.RE.JR204 208

5.3.4.4 Seleção dos Indicadores de Impacto nas Populações Indígenas

Para este tema-síntese foram considerados dois indicadores de impacto que representam a
influência negativa do empreendimento nas populações indígenas. Os impactos associados ao
tema-síntese são apresentados novamente no quadro abaixo. Em seguida, são apresentadas
suas respectivas justificativas e descrições.

Quadro 5.3.4.4-1 – Indicadores de Impacto do Tema-Síntese Populações Indígenas


Indicadores de Impactos Socioambientais
IMP 19 Comprometimento das condições etno-ecológicas
IMP 20 Comprometimento da unidade político-cultural

5.3.4.4.1 Comprometimento das Condições Etno-ecológicas

O indicador em pauta procura identificar e avaliar os possíveis impactos às populações


indígenas resultantes da implantação de empreendimentos, no que se refere a um dos aspectos
mais relevantes para a sua sobrevivência: as condições etno-ecológicas. Estas procuram
expressar a relação índio/natureza, onde se faz importante a relação entre o índio e seu
território, limitado teoricamente a TIs, onde se manifestam as relações entre si e as formas de
apropriação dos recursos naturais disponíveis. A densidade populacional compatível com os
recursos naturais na qualidade e quantidade é imprescindível para preservar o grupo enquanto
grupo humano específico, manutenção dos seus modos de vida, dos seus valores sociais,
culturais, políticas e cosmológicos. O comprometimento das condições etno-ecológicas no
passado tem levado em alguns casos na queda abrupta da população indígena, onde alguns
sobreviventes tiveram que se agrupar com outros grupos de modo a preservar a própria vida.
Desta forma, perdem muitas vezes a sua identidade original, sendo imprescindível a
conservação das condições etno-ecológicas.
A implantação de empreendimentos hidrelétricos, mesmo localizados nas áreas externas às
TIs, pode provocar alterações nos recursos naturais no interior das TIs, de acordo com a sua
localização relativa. A abrangência deste indicador foi considerada como o reservatório e seu
entorno no raio de 2 km, em função das alterações na biota aquática e terrestre. Caso esta área
de abrangência atingir a TI, haverá comprometimento das condições etno-ecológicas das
populações indígenas. Caso não atinja a TI não haverá comprometimento das condições etno-
ecológicas para populações indígenas. Nas áreas de sobreposição de abrangências entende-se
que ocorrem efeitos sinérgicos no sentido de causar maior pressão sobre a população
indígena, comparativamente à situação com apenas um aproveitamento isoladamente.
Entretanto, as populações indígenas que vivem nas TIs da bacia não serão impactadas pelo
conjunto dos aproveitamentos, em função das distâncias das áreas das abrangências não
atingir as TIs.

Hydros
EP518.RE.JR204 209

5.3.4.4.2 Comprometimento da Unidade Político-cultural

Outro indicador de relevância para populações indígenas é o comprometimento da unidade


político-cultural, pois esta unidade representa a identidade do povo indígena, sua estrutura
sócio-econômica, cultural e política, diferenciando-o de outros grupos humanos, mesmo entre
os diversos grupos étnicos da bacia, razão pela qual pode identificá-lo como único. O
reconhecimento desta unicidade, da diversidade entre os diferentes grupos e da importância de
protegê-los enquanto grupos sociais é que se adotou a delimitação de Terras Indígenas de
usufruto exclusivo dos povos que nelas foram identificados. Os estudos existentes, incluindo
os desenvolvidos no Diagnóstico das Populações Indígenas no Inventário Hidrelétrico da
Bacia do rio Jari, demonstram que cada grupo étnico apresenta suas peculiaridades específicas
enquanto unidade político-cultural, resultado da sua interação com o próprio grupo e demais
grupos étnicos, do seu meio e da sua trajetória histórica. O comprometimento da unidade
político-cultural em função da implantação do empreendimento hidrelétrico pode levar à
desestruturação social e política de certos grupos étnicos que podem desaparecer ou se
associar com outros grupos maiores e dominantes, transformando-se em outro grupo indígena.
Para a abrangência para este indicador considerou-se a área do reservatório e o trecho do rio a
montante até a TI, pois a unidade político-cultural depende dos fatores internos, isto é, da
estrutura organizacional socioeconômica, política e cultural do povo da TI, e dos fatores
externos, isto é, das relações que este povo tem com outros povos de outras TIs. Tendo em
vista que todos os aproveitamentos, Urucupatá, Carecuru, Açaipé e Santo Antônio têm áreas
de abrangência sobrepostas, preveem-se efeitos sinérgicos, além de cumulativos, a despeito
destes aproveitamentos se localizarem todos fora das TIs.

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EP518.RE.JR204 210

5.3.5 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

5.3.5.1 Análise da Significância, Intensidade e Abrangência dos Impactos


Socioambientais

O primeiro elemento caracterizador do impacto foi denominado Significância que é


constituído por outras três características do impacto, denominadas Magnitude, Importância e
Sentido.
A primeira característica da Significância, denominada Magnitude, está relacionada a
atributos que expressam a amplitude e a velocidade com que os impactos alteram as
condições socioambientais, sua probabilidade de ocorrência e a gravidade da alteração.
Dentro deste conceito, foram considerados os seguintes atributos para valoração: Forma de
Incidência (Impacto Direto ou Indireto), Distributividade (Impacto Local ou Regional),
Tempo de Incidência (Impacto Mediato ou Imediato), Prazo de Permanência (Impacto
Temporário ou Permanente) e Probabilidade (Ocorrência Certa, Provável ou Pouco Provável).
A Forma de Incidência foi entendida como a maneira como a fonte de impacto age sobre a
característica impactada. Impacto Direto foi entendido como aquele resultante de uma relação
de causa e efeito decorrente de atividades realizadas pelo empreendedor (e.g. supressão
vegetal em função da execução da obra). Impacto Indireto foi entendido como aquele
resultante de uma reação secundária ou terciária em relação a um impacto direto. (e.g.
alteração do quadro epidemiológico).
A Distributividade foi entendida como a amplitude da área atingida pelo impacto. Impacto
Local foi entendido como aquele que ocorre quando o impacto atinge apenas a área do
empreendimento, ou de atividades relacionadas diretamente a ele (e.g. desmatamento para
construção da barragem). Impacto Regional foi entendido como aquele que ocorre quando o
impacto atinge uma área maior que aquela atingida pela obra (e.g. aumento da arrecadação
tributária).
Tempo de Incidência foi entendido como a escala temporal na qual o impacto se manifesta, ou
o tempo que o impacto leva para ser perceptível. Impacto Imediato foi entendido como aquele
que ocorre instantaneamente à ação que o desencadeia, considerando toda a fase de
implantação do empreendimento (e.g. alteração na qualidade da água). Impacto Mediato foi
entendido como aquele que ocorre em médio e longo prazo, fazendo-se perceptível após a
implantação do empreendimento (e.g. alteração nas relações ecológicas).
Prazo de Permanência foi entendido como a característica intrínseca do impacto que
determina sua duração no tempo. Impacto Temporário foi entendido como aquele que
depende diretamente da fonte geradora e deixa de existir quando esta é interrompida. Este tipo
de impacto se manifesta somente durante uma fase do empreendimento (e.g. poluição sonora).
Impacto Permanente foi entendido como aquele que permanece mesmo após interrompida a
fonte geradora. Representa uma alteração definitiva e com duração indefinida (e.g. perda de
terras de agropecuária).
Probabilidade foi entendida como o grau de certeza sobre a ocorrência do impacto. Impacto
Pouco Provável foi entendido como aquele que se revela que há poucas chances de
ocorrência, mas presente, não podendo ser desprezada. Impacto Provável foi entendido como
aquele que se revela que há grandes chances de ocorrência, não podendo afirmar a ocorrência
Hydros
EP518.RE.JR204 211

de forma absoluta. Normalmente é impacto que depende de desdobramentos das atividades


relacionadas ao empreendimento (e.g. desestruturação de redes de agricultura familiar).
Impacto Certo foi entendido como aquele que se revela que há certeza absoluta da ocorrência.
Normalmente é impacto decorrente de atividades imprescindíveis à obra (e.g. supressão
vegetal).
A segunda característica da Significância, denominada Importância, está relacionada a
atributos que expressam a interação entre os diferentes impactos, expressa pela sinergia, a
possibilidade de reversão da alteração provocada e a relevância do impacto, percepção
subjetiva do impacto baseada nos conhecimentos e na experiência da equipe multidisciplinar.
Desta forma foram considerados os seguintes atributos para sua valoração: Sinergia (presença
ou ausência de interações com outros impactos/empreendimentos), Reversibilidade (impacto
reversível ou irreversível) e Relevância (percepção classificada em: Muito Pequena, Pequena,
Média, Grande e Muito Grande).
Sinergia foi entendida como resultante da ação e reação dos efeitos de impactos de naturezas
distintas atuando sobre um mesmo espaço 25. São impactos que resultam de uma combinação
de efeitos que podem ser maiores ou menores do que a simples soma dos efeitos. Ocorre
quando a ocorrência ou intensidade de um impacto pode influenciar na intensidade de outro
impacto, como por exemplo, o impacto sobre a qualidade da água e sua influência sobre a
biota aquática local. Os indicadores que apresentam tal relação com o maior número de
indicadores foi classificado como apresentando maior sinergia, enquanto que os demais foram
classificados como menor sinergia, ressaltando-se que todos os indicadores apresentam
sinergia com pelo menos outro indicador.
Reversibilidade foi entendida como a possibilidade de recuperação da situação anterior ao
efeito que causou o impacto. Impacto Reversível foi entendido como aquele que pode voltar à
situação anterior às ações que causaram o impacto (Ex: Comprometimento da Infraestrutura).
Impacto Irreversível foi entendido como aquele que se revela impossível de reverter à
situação anterior às ações que causaram o impacto (Ex: Alteração na diversidade da biota).
Relevância foi entendida como o grau de percepção do impacto, refletindo a combinação de
outras características tratadas anteriormente. É um critério subjetivo que prevê um julgamento
interdisciplinar que permite a incorporação de uma maior subjetividade conferida pela
sensibilidade da análise técnica sobre cada impacto. A despeito de poder classificar em mais
ou menos escalas de valores, foi considerado razoável adotar no presente estudo 5 valores,
assim distribuídos: Impacto Muito Pequeno, Impacto Pequeno, Impacto Médio, Impacto
Grande e Impacto Muito Grande, onde a inserção do impacto nestas escalas dependeu da
análise de impactos de outros estudos anteriores e similares da equipe.
A terceira característica da Significância, denominada Sentido, está relacionada a atributos
favoráveis ou desfavoráveis do impacto no meio socioambiental, sendo considerados os
seguintes para valoração: Negativos e Positivos, cujos valores foram (-1) e (+1).
Os pesos atribuídos para cada um dos elementos que compõem os atributos, embora baseados
nos estudos de AAI anteriores26, foram reavaliados pela equipe multidisciplinar de modo a

25
A avaliação da Significância do Impacto abordou esta definição de sinergia, já que a sinergia entre impactos
de mesma natureza quando oriundos de aproveitamentos distintos foi abordado na sobreposição de suas
respectivas áreas de abrangência, explicitado na descrição de cada indicador.
26
Sondotécnica 2007: Avaliação Ambiental Integrada –AAI dos aproveitamentos hidrelétricos na bacia do rio
Doce

Hydros
EP518.RE.JR204 212

verificar a pertinência dos mesmos com os impactos dos aproveitamentos da bacia em


estudos, além da consistência necessária baseada no princípio da razoabilidade consensual.
Convém destacar que aos elementos que fazem parte dos atributos foram aplicados pesos de
acordo com o grau de notabilidade e de influência que o impacto tem no meio ambiente De
forma geral, foram atribuídos pesos 1 ou 2, nos casos em que foram previstas duas situações.
No entanto, mesmo com duas situações previstas, foi atribuído peso 3 ao invés de 2, quando
se verificou que o valor qualitativo era maior, isto é, em função dos efeitos resultantes da
permanência do impacto ou sinergia. Para outro elemento, a relevância, tendo em vista a
natureza da percepção que é subjetiva, foi possível montar situações não binárias, que embora
pudessem ser maiores ou menores que 5, considerou-se razoável classificar o impacto através
de cinco situações, cujos pesos puderam, portanto, variar de 1 a 5. Por fim, para o elemento
sentido foi atribuído peso (-1) e (+1) para caracterizarem o impacto negativo e positivo.
Os valores utilizados na composição da Significância dos impactos são apresentados na figura
a seguir.

Magnitude
Foma de Incidência Distributividade Tempo de Incidência Prazo de Permanência Probabilidade
Indireto 1 Local 1 Mediato 1 Temporário 1 Pouco Provável 1
Direto 2 Regional 2 Imediato 2 Permanente 3 Provável 2
Certa 3
Importância
Sinergia Reversibilidade Relevância
Menor 1 Reversível 1 Muito Pequena 1
Maior 3 Irreversível 3 Pequena 2
Média 3
Grande 4
Muito Grande 5

Sentido
Negativo -1
Positivo +1

Significância

Figura 5.3.5.1-1 – Valores utilizados na composição da Significância dos Impactos


Socioambientais

Os valores de Significância dos indicadores de impacto selecionados estão apresentados na


Tabela 5.3.5.1-1 a seguir. A matriz de avaliação de efeitos sinérgicos entre impactos de
naturezas distintas, que subsidiou o preenchimento da coluna “Sinergia” na tabela de
Significância está apresentada na Tabela 5.3.5.1-2.

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EP518.RE.JR204 213

Tabela 5.3.5.1-1 – Composição da Significância dos Impactos Socioambientais


Composição da Magnitude Composição da Importância

Sentido (Negativo/Positivo -
(Temporário/ Permanente -

Pequena/Pequena/Média/G
Provável/Provável/Certa -
(Local/Regional - LO/RE)

Sinergia (Maior/Menor -
(Direto/Indireto - DI/IN)

(Reversível/Irreversível)
Prazo de Permanência

rande/Muito Grande -
Probabilidade (Pouco
Tempo de Incidência
Forma de Incidência

(Mediato/Imediato -

Relevância (Muito

Significância
Distributividade

Reversibilidade

MP/P//G/MG)
Importância

NE/PO)
PP/PR/CE)

Magnitude

MA/ME)
ME/IM)

TE/PE)
Impactos Ambientais

IMP 01 Alteração na biota aquática local DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 MA 3 IR 3 MG 5 11 NE -1 -121


IMP 02 Alterações a jusante da barragem DI 2 RE 2 IM 2 PE 3 PP 1 10 ME 1 R 1 P 2 4 NE -1 -40
IMP 03 Alteração na qualidade da água DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 MA 3 IR 3 MG 5 11 NE -1 -121
IMP 04 Alteração na biota aquática regional IN 1 RE 2 ME 1 PE 3 CE 3 10 MA 3 IR 3 G 4 10 NE -1 -100
Supressão de vegetação pelo
IMP 05
reservatório
DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 MA 3 IR 3 MG 5 11 NE -1 -121
Supressão de vegetação pela
IMP 06
abertura de vias de acesso à obra
DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 ME 1 IR 3 MG 5 9 NE -1 -99
Interferência nos habitats decorrente
IMP 07
da implantação do empreendimento
IN 1 RE 2 ME 1 PE 3 PR 2 9 MA 3 IR 3 G 4 10 NE -1 -90
Interferência nos habitats decorrente
IMP 08
da abertura de vias de acesso à obra
IN 1 RE 2 ME 1 PE 3 PR 2 9 MA 3 IR 3 G 4 10 NE -1 -90
Interferência em áreas legalmente
IMP 09
protegidas
DI 2 RE 2 IM 2 PE 3 CE 3 12 MA 3 IR 3 MG 5 11 NE -1 -132
IMP 10 Alteração no quadro epidemiológico IN 1 RE 2 ME 1 TE 1 PR 2 7 MA 3 R 1 P 2 6 NE -1 -42
Perda do patrimônio natural e
IMP 11
arqueológico
DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 MA 3 IR 3 M 3 9 NE -1 -99

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EP518.RE.JR204 214

Composição da Magnitude Composição da Importância

Sentido (Negativo/Positivo -
(Temporário/ Permanente -

Pequena/Pequena/Média/G
Provável/Provável/Certa -
(Local/Regional - LO/RE)

Sinergia (Maior/Menor -
(Direto/Indireto - DI/IN)

(Reversível/Irreversível)
Prazo de Permanência

rande/Muito Grande -
Probabilidade (Pouco
Tempo de Incidência
Forma de Incidência

(Mediato/Imediato -

Relevância (Muito

Significância
Distributividade

Reversibilidade

MP/P//G/MG)
Importância

NE/PO)
PP/PR/CE)

Magnitude

MA/ME)
ME/IM)

TE/PE)
Impactos Ambientais

Desestruturação de redes
IMP 12 comunitárias, de agricultura familiar DI 2 RE 2 IM 2 TE 1 PR 2 9 ME 1 R 1 M 3 5 NE -1 -45
e assentamentos rurais
IMP 13 Comprometimento da acessibilidade DI 2 RE 2 IM 2 TE 1 CE 3 10 ME 1 R 1 P 2 4 NE -1 -40
Comprometimento de área com
IMP 14
potencial para produção
DI 2 LO 1 IM 2 PE 3 CE 3 11 ME 1 IR 3 P 2 6 NE -1 -66
IMP 15 Geração de conflitos sociais IN 1 RE 2 IM 2 TE 1 PR 2 8 MA 3 R 1 MG 5 9 NE -1 -72
IMP 16* Aumento da arrecadação tributária DI 2 RE 2 IM 2 PE 3 CE 3 12 ME 1 IR 3 M 3 7 PO 1 84
Dinamização do mercado de
IMP 17*
trabalho
DI 2 LO 1 IM 2 TE 3 CE 3 9 ME 1 R 1 P 2 4 PO 1 36
IMP 18* Melhoria da infraestrutura DI 2 RE 2 IM 2 PE 3 PR 2 11 ME 1 IR 3 P 2 6 PO 1 66
Comprometimento das condições
IMP 19
etno-ecológicas
IN 1 RE 2 ME 1 PE 3 PR 2 9 MA 3 IR 3 G 4 10 NE -1 -90
Comprometimento da unidade
IMP 20
político-cultural
IN 1 RE 2 ME 1 TE 1 PR 2 7 ME 1 R 1 G 4 6 NE -1 -42
* Impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja:
tema-síntese Populações Indígenas.

Hydros
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Tabela 5.3.5.1-2 – Composição da Sinergia na matriz de Significância dos Impactos Socioambientais

Sinergia na tabela
nº de interações

de significância
IMP 20

IMP 19

IMP 18

IMP 17

IMP 16

IMP 15

IMP 14

IMP 13

IMP 12

IMP 11

IMP 10

IMP 09

IMP 08

IMP 07

IMP 06

IMP 05

IMP 04

IMP 03

IMP 02

IMP 01
Indicador de Impacto

IMP 01 Alteração na biota aquática local 0 1 0 0 0 1 0 0 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 -- 10 MA


IMP 02 Alterações a jusante da barragem 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 -- 1 8 ME
IMP 03 Alteração na qualidade da água 0 1 0 0 0 1 0 0 1 1 1 1 0 0 0 1 1 -- 1 1 10 MA
Alteração na biota aquática
IMP 04
regional
0 1 0 0 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 -- 1 1 1 11 MA
Supressão de vegetação pelo
IMP 05
reservatório
0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 -- 0 1 1 1 11 MA
Supressão de vegetação pela
IMP 06
abertura de vias de acesso à obra
0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 1 1 -- 1 0 0 0 0 8 ME
Interferência nos habitats
IMP 07 decorrente da implantação do 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 1 -- 1 1 1 0 1 0 10 MA
empreendimento
Interferência nos habitats
IMP 08 decorrente da abertura de vias de 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 -- 1 1 1 1 0 0 0 9 MA
acesso à obra
Interferência em áreas
IMP 09
legalmente protegidas
1 1 0 0 0 1 1 0 0 1 0 -- 1 1 1 1 1 1 1 1 13 MA
Alteração no quadro
IMP 10
epidemiológico
1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 -- 0 1 1 1 1 1 1 0 1 9 MA
Perda do patrimônio natural e
IMP 11
arqueológico
1 1 0 0 0 1 0 0 0 -- 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12 MA
Desestruturação de redes
IMP 12 comunitárias, de agricultura 0 0 0 0 0 1 1 1 -- 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 7 ME
familiar e assentamentos rurais

Hydros
EP518.RE.JR204 216

Sinergia na tabela
nº de interações

de significância
IMP 20

IMP 19

IMP 18

IMP 17

IMP 16

IMP 15

IMP 14

IMP 13

IMP 12

IMP 11

IMP 10

IMP 09

IMP 08

IMP 07

IMP 06

IMP 05

IMP 04

IMP 03

IMP 02

IMP 01
Indicador de Impacto

Comprometimento da
IMP 13
acessibilidade
0 0 0 0 0 1 1 -- 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 ME
Comprometimento de área com
IMP 14
potencial para produção
0 0 0 0 0 1 -- 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 4 ME
IMP 15 Geração de conflitos sociais 1 0 0 0 0 -- 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 14 MA
Aumento da arrecadação
IMP 16
tributária
0 0 1 1 -- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 ME
Dinamização do mercado de
IMP 17
trabalho
0 0 1 -- 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 ME
IMP 18 Melhoria da infraestrutura 0 0 -- 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 ME
Comprometimento das
IMP 19
condições etno-ecológicas
1 -- 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 10 MA
Comprometimento da unidade
IMP 20
político-cultural
-- 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 5 ME
0: sinergia presente; 1: sinergia ausente

Hydros
EP518.RE.JR204 217

A segunda característica considerada importante na avaliação dos impactos diz respeito à


Intensidade do Impacto. Ela está relacionada às características dos empreendimentos que
geram processos indutores de impacto e permite diferenciar a participação de cada
empreendimento na amplitude dos efeitos negativos ou não de cada impacto. Da mesma
forma que foi caracterizada a Significância, é apresentada a seguir uma descrição das
características que foram utilizadas na análise da Intensidade:
- Área do Reservatório: área inundada pelo empreendimento, uma das principais fontes de
impactos diretos;
- Tempo de recomposição do volume útil: é a razão entre o volume útil do reservatório e a
vazão afluente;
- Tempo de Residência: é o período de tempo para que a água circule pelo todo o
reservatório, ou seja, o tempo médio de renovação da água no reservatório;
- Extensão das Vias de Acesso: é a extensão das estradas construídas para acesso ao local
do empreendimento;
- UC atingida pelo reservatório: dependendo da categoria da UC (Proteção Integral ou Uso
Sustentável), maior o impacto causado pelo reservatório nesta UC;
- Potência: é a potência instalada que expressa o porte do empreendimento, atratividade do
mesmo quanto à energia produzida e quanto à oferta de empregos diretos e indiretos.
Da mesma forma que na Significância, os graus a seguir apresentados, a despeito de se
basearem inicialmente em estudos de AAI realizados para outras bacias, foram reavaliados
pela equipe quanto à pertinência dos impactos que ocorrem na bacia em análise de acordo
com as características dos empreendimentos selecionados e da consistência baseada no
princípio de razoabilidade consensual. Dessa forma, a Intensidade foi classificada em 5 graus,
sendo consideradas as classes muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto, cujos pesos
atribuídos variam de 1 a 5. Os graus utilizados na composição da Intensidade dos impactos
são apresentados no quadro a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 218

Quadro 5.3.5.1-2 – Valores utilizados na composição da Intensidade dos Impactos


Socioambientais
Composição da Intensidade
A≤3 Muito Baixo 1
3<A≤15 Baixo 2
Área do
reservatório (km2) 15<A≤150 Médio 3
150<A≤600 Alto 4
A>600 Muito Alto 5
TRVU≤15 Muito Baixo 1
Tempo de 15<TRVU≤30 Baixo 2
recomposição do 30<TRVU≤60 Médio 3
volume útil (dias)
60<TRVU ≤90 Alto 4
TRVU>90 Muito Alto 5
TR≤5 Muito Baixo 1
5<TR≤10 Baixo 2
Tempo de
residência (dias) 10<TR≤50 Médio 3
50<TR≤100 Alto 4
TR>100 Muito Alto 5
E≤10 Muito Baixo 1
10<E≤25 Baixo 2
Extensão das vias
de acesso (km) 25<E≤50 Médio 3
Intensidade
50<E≤75 Alto 4
E>75 Muito Alto 5
não atinge UC Muito Baixo 1
- Baixo 2
UC atingida pelo
reservatório - Médio 3
não atinge UC-PI mas atinge UC-US Alto 4
atinge UC-PI Muito Alto 5
PI≤10 Muito Baixo 1
10<PI≤50 Baixo 2
Potência (MW) 50<PI≤300 Médio 3
300<PI≤1.500 Alto 4
PI>1.500 Muito Alto 5
via fluvial com porto Muito Baixo 1
via rodoviária pavimentada sem via fluvial
Baixo 2
com porto
Melhoria do
via rodoviária não pavimentada sem via
sistema viário Médio 3
fluvial com porto
outras vias sem via fluvial com porto Alto 4
- Muito Alto 5
Hydros
EP518.RE.JR204 219

Cada indicador de impacto selecionado foi associado a uma variável de intensidade. As


características dos aproveitamentos avaliados permitiram a classificação do aproveitamento
dentro de uma das faixas de intensidade de impacto, conforme apresentado na
Tabela 5.3.5.1-3.
O valor do produto entre a Significância de cada indicador de impacto e a Intensidade do
impacto de cada aproveitamento é o que agrega os dois primeiros conceitos definidores do
Impacto. Este produto foi normalizado pelo produto do valor máximo em módulo da
Significância e o valor máximo de intensidade (i.e., cinco) e ajustado para que a variação dos
valores associados aos impactos ficasse entre um valor maior que zero e cinco (em módulo).
Os valores normalizados estão apresentados na Tabela 5.3.5.1-4.

Hydros
EP518.RE.JR204 220

Tabela 5.3.5.1-3 – Composição da Intensidade dos Impactos Socioambientais


Intensidade
Impactos Ambientais Aproveitamentos
Tipo Santo Antônio do
Urucupatá Carecuru Açaipé
Jari
km2 13,68 194,86 293,4 31,7
Alteração na diversidade e
IMP 01 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
biota aquática local
nota 2 4 4 3
% 0,5 3 11,3 0,3
Alterações a jusante da Tempo de recomposição
IMP 02 categoria Muito Baixo Muito Baixo Muito Baixo Muito Baixo
barragem do volume útil
nota 1 1 1 1
dias 2,6 19,5 52,3 1,5
IMP 03 Alteração na qualidade da água Tempo de Residência categoria Muito Baixo Médio Alto Muito Baixo
nota 1 3 4 1
km2 13,68 194,86 293,4 31,7
Alteração na diversidade e
IMP 04 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
biota aquática regional
nota 2 4 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Supressão de vegetação pelo
IMP 05 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
reservatório
nota 2 4 4 3
Supressão de vegetação pela km 131,98 146,15 2,99 0
Extensão das vias de
IMP 06 abertura de vias de acesso à categoria Muito Alto Muito Alto Muito Baixo Muito Baixo
acesso
obra nota 5 5 1 1
Interferência nos habitats MW 291,5 240,2 831,1 300
IMP 07 decorrente da implantação do Potência categoria Médio Médio Alto Médio
empreendimento nota 3 3 4 3

Hydros
EP518.RE.JR204 221

Intensidade
Impactos Ambientais Aproveitamentos
Tipo Santo Antônio do
Urucupatá Carecuru Açaipé
Jari
Interferência nos habitats MW 291,5 240,2 831,1 300
IMP 08 decorrente da instalação das Potência categoria Médio Médio Alto Médio
vias de acesso à obra nota 3 3 4 3
FLOTA do Paru,
FLOTA do Paru e FLOTA do Paru e
- RDS Iratapuru e -
Interferência em áreas UC atingida pelo RDS Iratapuru RDS Iratapuru
IMP 09 ESEC do Jari
legalmente protegidas reservatório
categoria Alto Alto Muito Alto Muito Baixo
nota 4 4 5 1
MW 291,5 240,2 831,1 300
Alteração no quadro
IMP 10 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
epidemiológico
nota 3 3 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Perda do patrimônio natural e
IMP 11 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
arqueológico
nota 2 4 4 3
Desestruturação de redes km² 13,68 194,86 293,4 31,7
IMP 12 comunitárias, de agricultura Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
familiar e assentamento nota 2 4 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Comprometimento da
IMP 13 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
acessibilidade
nota 2 4 4 3
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Comprometimento de área
IMP 14 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
com potencial para produção
nota 2 4 4 3

Hydros
EP518.RE.JR204 222

Intensidade
Impactos Ambientais Aproveitamentos
Tipo Santo Antônio do
Urucupatá Carecuru Açaipé
Jari
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
IMP 15 Geração de conflitos sociais Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
nota 2 4 4 3
km² 291,5 240,2 831,1 300
Aumento da arrecadação
IMP 16 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
tributária
nota 3 3 4 3
MW 291,5 240,2 831,1 300
Dinamização do mercado de
IMP 17 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
trabalho
nota 3 3 4 3
-- -- -- -- --
Melhoria do sistema
IMP 18 Melhoria da infraestrutura categoria -- -- -- Muito Baixo
viário
nota -- -- -- 1
km² 13,68 194,86 293,4 31,7
Comprometimento das
IMP 19 Área do reservatório categoria Baixo Alto Alto Médio
condições etno-ecológicas
nota 2 4 4 3
MW 291,5 240,2 831,1 300
Comprometimento da unidade
IMP 20 Potência categoria Médio Médio Alto Médio
político-cultural
nota 3 3 4 3
* Indicadores de impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja:
tema-síntese Populações Indígenas.

Hydros
EP518.RE.JR204 223

Tabela 5.3.5.1-4 – Significância e Intensidade dos Impactos Socioambientais


Intensidade (Int) Sig*Int normalizado

Significância (Sig)

Santo Antônio

Santo Antônio
Urucupatá

Urucupatá
Carecuru

Carecuru
Impactos Ambientais

do Jari

do Jari
Açaipé

Açaipé
Variável de
Intensidade

IMP 01 Alteração na diversidade e biota aquática local -121 Área do reservatório 2 4 4 3 1,83 3,67 3,67 2,75
Tempo de
IMP 02 Alterações a jusante da barragem -40 recomposição do 1 1 1 1 0,30 0,30 0,30 0,30
volume útil
IMP 03 Alteração na qualidade da água -121 Tempo de Residência 1 3 4 1 0,92 2,75 3,67 0,92
Alteração na diversidade e biota aquática
IMP 04
regional
-100 Área do reservatório 2 4 4 3 1,52 3,03 3,03 2,27

IMP 05 Supressão de vegetação pelo reservatório -121 Área do reservatório 2 4 4 3 1,83 3,67 3,67 2,75

Supressão de vegetação pela abertura de vias Extensão das vias de


IMP 06
de acesso à obra
-99 acesso
5 5 1 1 3,75 3,75 0,75 0,75

Interferência nos habitats decorrente da


IMP 07
implantação do empreendimento
-90 Potência 3 3 4 3 2,05 2,05 2,73 2,05

Interferência nos habitats decorrente da


IMP 08
instalação das vias de acesso à obra
-90 Potência 3 3 4 3 2,05 2,05 2,73 2,05

UC atingida pelo
IMP 09 Interferência em áreas legalmente protegidas -132 reservatório
4 4 5 1 4,00 4,00 5,00 1,00

IMP 10 Alteração no quadro epidemiológico -42 Potência 3 3 4 3 0,95 0,95 1,27 0,95

IMP 11 Perda do patrimônio natural e arqueológico -99 Área do reservatório 2 4 4 3 1,50 3,00 3,00 2,25

Hydros
EP518.RE.JR204 224

Intensidade (Int) Sig*Int normalizado

Significância (Sig)

Santo Antônio

Santo Antônio
Urucupatá

Urucupatá
Carecuru

Carecuru
Impactos Ambientais

do Jari

do Jari
Açaipé

Açaipé
Variável de
Intensidade

Desestruturação de redes comunitárias, de


IMP 12
agricultura familiar e assentamentos rurais
-45 Área do reservatório 2 4 4 3 0,68 1,36 1,36 1,02

IMP 13 Comprometimento da acessibilidade -40 Área do reservatório 2 4 4 3 0,61 1,21 1,21 0,91
Comprometimento de área com potencial para
IMP 14
produção
-66 Área do reservatório 2 4 4 3 1,00 2,00 2,00 1,50

IMP 15 Geração de conflitos sociais -72 Área do reservatório 2 4 4 3 1,09 2,18 2,18 1,64
IMP 16 Aumento da arrecadação tributária 84 Potência 3 3 4 3 1,91 1,91 2,55 1,91
IMP 17 Dinamização do mercado de trabalho 36 Potência 3 3 4 3 0,82 0,82 1,09 0,82
Melhoria do sistema
IMP 18 Melhoria da infraestrutura 66 0 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,50
viário
Comprometimento das condições etno-
IMP 19
ecológicas
-90 Área do reservatório 2 4 4 3 1,36 2,73 2,73 2,05

IMP 20 Comprometimento da unidade político-cultural -42 Potência 3 3 4 3 0,95 0,95 1,27 0,95
* Indicadores de impactos socioambientais positivos.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja:
tema-síntese Populações Indígenas.

Hydros
EP518.RE.JR204 225

Para realizar a espacialização dos valores atribuídos à Significância e à Intensidade dos


impactos, foram definidas áreas de Abrangência a partir da identificação de elementos
geográficos que pudessem melhor representar a extensão dos efeitos e/ou alterações
provocadas pelos impactos e os ambientes mais afetados por estes. A determinação da
abrangência é importante para a identificação da manifestação espacial de cada impacto,
permitindo seu cruzamento com os mapas gerados para a Avaliação de Sensibilidade
Ambiental.
Tendo como princípio os aspectos peculiares aos impactos selecionados, foram identificadas
as seguintes áreas de abrangência:
- Reservatório: área relacionada aos limites do reservatório, que foi considerada em três
diferentes situações, de acordo com as características do impacto analisado:
• Reservatório: considera o espelho d’água e as ilhas formadas no interior do
reservatório;
• Reservatório e Área de Preservação Permanente: inclui, além da área do reservatório,
uma faixa legal de 100 m de entorno destinada à preservação dos habitats naturais;
• Reservatório e Área de entorno: inclui uma faixa de 2 km de entorno, como medida
conservativa quanto à degradação do habitat;
- Trecho a jusante: porção do rio a jusante da implantação do empreendimento, que
apresentará impactos principalmente no que se refere aos ecossistemas aquáticos. Foram
consideradas duas situações de acordo com as características do impacto analisado:
• Trecho a jusante: extensão do rio a jusante do barramento, por uma extensão
equivalente ao comprimento do reservatório. Soma-se a este trecho uma faixa de 2 km
de entorno que correspondem às margens deste trecho
• Trecho a jusante até a foz: extensão do rio desde o empreendimento até sua foz em
outro rio de maior ordem na hierarquia fluvial. Soma-se a este trecho uma faixa de 2
km de entorno correspondente às margens do curso d’água;
- Trecho a montante até TI: extensão do rio a montante do reservatório até o limite da TI
Waiãpi pelo rio Jari. Soma-se a este trecho uma faixa de 2 km de entorno.
- Sub-região hídrica: sub-região hídrica26 que contém o reservatório ou uma parcela dele.
- Vias de acesso: extensão total das vias construídas para acesso à obra em uma faixa
equivalente a 1 km de largura, 500m para cada lado da via;
- Subárea: subáreas que contém o reservatório ou uma parcela dele.
- Unidade de Conservação: UC que contém o reservatório ou uma parcela dele
- Municípios: municípios que abrigam a barragem;
- Setor Censitário: Setor Censitário do município atingido pelo reservatório ou pelo
barramento;
A abrangência atribuída a cada um dos impactos selecionados é apresentada no quadro a
seguir.

26
Ottobacias da ANA

Hydros
EP518.RE.JR204 226

Quadro 5.3.5.1-1 – Impactos Socioambientais e suas respectivas Abrangências, por


Tema-Síntese
Impactos Socioambientais Abrangência
Alteração na diversidade e biota aquática
IMP 01 Reservatório e Área de entorno
local
IMP 02 Alterações a jusante da barragem Reservatório e Trecho a jusante até foz
IMP 03 Alteração na qualidade da água Reservatório e Trecho a jusante
Alteração na diversidade e biota aquática
IMP 04 Sub-região hídrica
regional
IMP 05 Supressão de vegetação pelo reservatório Reservatório e Área de entorno
Supressão de vegetação pela abertura de
IMP 06 Via de acesso
vias de acesso à obra
Interferência nos habitats decorrente da
IMP 07 Subárea
implantação do empreendimento
Interferência nos habitats decorrente da
IMP 08 Subárea
instalação das vias de acesso à obra
Interferência em áreas legalmente
IMP 09 Unidade de Conservação
protegidas
IMP 10 Alteração no quadro epidemiológico Setor Censitário (atingido pelo reservatório)
Perda do patrimônio natural e
IMP 11 Reservatório
arqueológico
Desestruturação de redes comunitárias, de
IMP 12 Subárea
agricultura familiar e assentamentos rurais
IMP 13 Comprometimento da acessibilidade Subárea
Comprometimento de área com potencial
IMP 14 Reservatório e APP
para produção
IMP 15 Geração de conflitos sociais Subárea
IMP 16* Aumento da arrecadação tributária Municípios
IMP 17* Dinamização do mercado de trabalho Setor Censitário (atingido pelo barramento)
IMP 18* Melhoria da infraestrutura Subárea¹
Comprometimento das condições etno-
IMP 19 Reservatório e Área de entorno
ecológicas
Comprometimento da unidade político-
IMP 20 Reservatório e Trecho a montante até TI
cultural
* Impactos socioambientais positivos. (¹) Somente a Subárea IV foi considerada como positivamente impactada
pela melhoria da infraestrutura. Para mais detalhes, ver item 5.3.4.3.9.
Azul: tema-síntese Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos; Verde: tema-síntese Meio Físico e
Ecossistemas Terrestres; Cinza: tema-síntese Socioeconomia; Laranja: tema-síntese Populações Indígenas.

Após os impactos terem sua Significância e sua Importância valorada e sua Abrangência
espacial delimitada, eles assumem o papel de indicadores que podem ser integrados em um
ambiente SIG – Sistema de Informações Geográficas, permitindo sua espacialização e
posterior cruzamento com os mapas de Sensibilidade Ambiental.

Hydros
EP518.RE.JR204 227

5.3.5.2 Impactos Socioambientais por Tema-síntese

Após a análise das características dos empreendimentos e da valoração dos impactos


relacionados a estas, foi realizada a espacialização destes valores, de forma que os impactos
pudessem ser analisados integradamente com a análise de sensibilidade, através da
sobreposição dos Mapas de Sensibilidade Ambiental com os Mapas de Impacto
Socioambiental.
Os impactos pertencentes a um mesmo tema-síntese foram agregados, e nas regiões onde
houve sobreposição das áreas de abrangência dos impactos, os valores destes foram agregados
conforme função cumulatividade ou função sinergia, dependendo do impacto.
Este procedimento resultou nos Mapas de Impacto Socioambiental de cada Tema-Síntese,
sendo que para o Tema-Síntese “Socioeconomia” foram produzidos dois mapas de impacto,
um considerando apenas os impactos negativos e outro considerando os positivos. Os
mapeamentos são a seguir apresentados por tema-síntese com suas respectivas delimitações
de subáreas. A gradação de cores vai de impactos muito baixos a muito altos. A descrição dos
impactos está apresentada por subáreas nas tabelas que se seguem.
As subáreas dos mapas de Impactos são as mesmas dos mapas de Sensibilidade, lembrando
que procurou-se obter aquelas que apresentam características similares, homogêneas, mas
distintas entre si. Para o tema-síntese Populações Indígenas, não foi adotado nenhuma
subárea27. A caracterização das subáreas está apresentada no item “Caracterização da bacia”.

27
Para a abordagem das Populações Indígenas, o Manual do Inventário das bacias Hidrográficas recomenda a
utilização da TI ou bacia como unidade territorial de análise.

Hydros
EP518.RE.JR204 228

5.3.5.2.1 Impacto Negativo sobre os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

³
54°W 52°W
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2°N ! !

2°N
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I
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Amapá
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II
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Pará
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Subáreas - Ecossistemas Aquáticos


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2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
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0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.3.5.2-1 – Mapa de Impacto dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos


Hydros
EP518.RE.JR204 229

Quadro 5.3.5.2-1 – Indicadores de Impacto dos Recursos Hídricos e Ecossistemas


Aquáticos por Subárea
Subáreas
I II III

Diretamente afetada por três Impacto predominantemente


dos quatro AHEs. Maiores muito baixo. Torna-se alto na
impactos nos reservatórios, área de entorno do
diminuindo à medida que se reservatório da UHE Santo
Impacto muito baixo devido à distancia deles. A porção sul Antônio do Jari, ao norte da
ausência de AHEs na subárea. da subárea é mais impactada subárea, especialmente na
se comparada à porção norte, região em que sobrepõem-se
devido à implantação dos dois os impactos do AHE de
maiores reservatórios em montante (Açaipé) com os
análise: Carecuru e Açaipé deste reservatório

A Subárea I se caracteriza por apresentar alto grau de conservação dos ambientes aquáticos,
fato este explicado pela dificuldade de acesso e pela existência do Parque Nacional
Montanhas do Tumucumaque. Já a Subárea II destaca-se por apresentar uma série de
corredeiras e cachoeiras e ocupação antrópica incipiente (prática de extrativismo mineral e
vegetal). Por fim, a Subárea III se evidencia pela extensa cobertura de vegetação inundável,
com trechos degradados pela urbanização, pecuária e silvicultura.
O impacto sobre a Subárea I é muito baixo devido à ausência de áreas de abrangência de
impactos que a atinjam. Tal situação é extremamente favorável à manutenção do altíssimo
grau de preservação apresentado por esta Subárea.
A Subárea II, por sua vez, apresenta os maiores índices de impacto ambiental devido à
interferência direta de três dos aproveitamentos planejados para a bacia rio Jari. Nesta
subárea, o aproveitamento Açaipé destaca-se por apresentar reservatório relativamente
extenso (espelho d’água de 245 km²), dendrítico, com tempo de residência superior a 50 dias
(52,3 dias) e tendência à estratificação térmica. Por outro lado, o aproveitamento Urucupatá
destaca-se por apresentar reservatório tão reduzido (espelho d’água de 14 km²) que mesmo
em sua área do reservatório seus impactos não ultrapassam a escala de impacto médio.
Finalmente, a Subárea III é diretamente impactada pela UHE Santo Antônio do Jari. Embora
seu reservatório também apresente proporções relativamente reduzidas (32 km² de espelho
d’água) com predominância de zona de rio, os efeitos nesta subárea não se reduzem aos
impactos isolados desta usina. Esta subárea inclui o trecho do rio Jari localizado mais a
jusante na bacia, sendo afetado pelos impactos decorrentes de AHEs localizados a montante,
como a alteração no regime de vazões resultante da regularização, a alteração no transporte de
sedimentos, e principalmente a alteração na qualidade da água.

Hydros
EP518.RE.JR204 230

5.3.5.2.2 Mapa de Impacto do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

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54°W 52°W

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III!P Laranjal do Jari
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2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
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Figura 5.3.5.2-2 – Mapa de Impacto do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

Hydros
EP518.RE.JR204 231

Quadro 5.3.5.2-2 – Indicadores de Impacto do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por


Subárea
Subáreas
I II III
Afetada por quase todos os
AHEs. Impacto médio nas
Impacto muito baixo a nulo Impacto baixo variando para
Unidades de Conservação e
devido à ausência de AHEs na médio na área de entorno do
alto a muito alto nas áreas
subárea. reservatório e vias de acesso
afetadas pelas vias de acesso e
entorno dos reservatórios

A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta baixa ocupação antrópica, condicionando um alto
grau de preservação, com elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas, tanto
da flora quanto da fauna.
Os aproveitamentos da alternativa selecionada atingirão, de maneira geral, as regiões central e
centro-sul da bacia. Estas áreas correspondem a uma matriz florestal densa, que é
gradativamente substituída por outros tipos de vegetação nas regiões das várzeas dos rios e a
sul. Desta maneira, a principal fitofisionomia a ser atingida pelos aproveitamentos é a Floresta
Ombrófila Densa Submontana, que na região de várzea é substituída por Floresta Ombrófila
Densa Aluvial e na região centro-sul por Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e
Floresta Ombrófila Aberta Submontana.
Tendo em vista que as florestas amazônicas compõem um dos mais diversos ecossistemas
mundiais e que a bacia apresenta elevado grau de preservação de seus habitats, parte da
biodiversidade regional poderá ser alterada ou perdida com a supressão de trechos de sua
cobertura vegetal.
Além disso, com as mudanças decorrentes da implantação das obras, é provável que se
intensifique o ainda incipiente processo de fragmentação da vegetação da região. Além dos
processos impactantes associados aos reservatórios, ressalta-se que outros processos
impactantes ocorrerão, como, por exemplo, instalações de canteiro de obras e infraestrutura
associadas, e consequente aumento do fluxo humano na região. Dependendo da intensidade
destes processos, pode ocorrer a ruptura da conectividade entre as áreas naturais, fundamental
para a manutenção da fauna e da flora.
Portanto, os maiores impactos ocorrem na área de entorno do reservatório e das vias de
acesso, representando a perda direta da biodiversidade local. Além disso, há os impactos que
extrapolam os limites do AHE, sendo os mais expressivos os que ocorrem nas Unidades de
Conservação atingidas (Subárea II), que são afetadas por quase todos os aproveitamentos
propostos.

Hydros
EP518.RE.JR204 232

5.3.5.2.3 Mapa de Impacto Negativo da Socioeconomia

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54°W 52°W
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Figura 5.3.5.2-3 – Mapa dos Indicadores de Impacto Negativo na Socioeconomia

Hydros
EP518.RE.JR204 233

Quadro 5.3.5.2-3 – Indicadores de Impacto Negativo da Socioeconomia por Subárea


Subáreas
I II III IV V
Impacto predominantemente
baixo na subárea, mas com
Impacto muito baixo na impacto médio a alto nas
Impacto predominantemente Impacto predominantemente
margem esquerda devido à áreas dos reservatórios e seu
baixo e impacto médio na baixo e impacto médio no
ausência de AHE ou entorno imediato devido à
área do reservatório: alteração reservatório e entorno do
reservatórios, impacto baixo presença de AHEs na Impacto muito baixo
do quadro epidemiológico, Açaipé: alteração do quadro
na margem direita em função Unidade de Conservação: devido à ausência de
perda do patrimônio natural e epidemiológico, perda de
da ausência de AHE, mas alteração do quadro AHEs ou reservatórios
arqueológico, perda de área patrimônio natural e
com reflexo (setor censitário) epidemiológico, perda do
da área de proteção integral, arqueológico, geração de
de AHE Urucupatá e patrimônio natural e
geração de conflitos conflitos
Carecuru da subárea II arqueológico, perda de área
para produção, geração de
conflitos

Hydros
EP518.RE.JR204 234

A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta baixa ocupação antrópica, que se concentra na
porção sul da bacia. É ali que estão presentes as sedes municipais e comunidades rurais, além
da presença do Projeto Jari que é a base de sustentação econômica da bacia.
Já as porções norte e central da bacia possuem pouca presença humana, à exceção das
populações indígenas e populações não indígenas que vivem de extrativismo vegetal, em
especial na RDS Iratapuru, de forma dispersa e sazonal.
Os aproveitamentos da alternativa selecionada atingirão, de maneira geral, as regiões central e
centro-sul da bacia. Estas áreas correspondem, portanto, à área de pouquíssima presença
humana, afetando muito pouco as atividades socioeconômicas, que são esporádicas e de
pouco significado econômico. Haverá perda do patrimônio natural e arqueológico e área com
potencial para produção, mas pouca alteração na estrutura de redes comunitárias, de
agricultura familiar e assentamentos rurais, com pouca geração de conflitos.
Portanto, os impactos mais significativos ocorrem na área do reservatório e seu entorno,
representando a perda direta da área potencial de exploração vegetal tanto da FLOTA do Paru
(potencial madeireiro) como da RDS Iratapuru (potencial florestal não madeireiro).

Hydros
EP518.RE.JR204 235

5.3.5.2.4 Mapa de Impacto Positivo da Socioeconomia

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54°W 52°W

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P Sedes Municipais

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Muito Baixo Médio Muito Alto
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0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.3.5.2-4 – Mapa dos Indicadores de Impacto Positivo na Socioeconomia

Hydros
EP518.RE.JR204 236

Quadro 5.3.5.2-4 – Indicadores de Impacto Positivo da Socioeconomia por Subárea


Subáreas
I II III IV V

Impacto predominantemente Impacto predominantemente Impacto muito baixo na


Impacto predominantemente baixo a médio em função do baixo a médio, mais alto que margem esquerda
Impacto predominantemente
baixo, em função da ausência AHE Urucupatá e Carecuru: as demais subáreas devido à (município de Vitória do
baixo a médio, mais baixo
de AHEs: impacto mais aumento da arrecadação presença de AHE Açaipé: Jarí que não apresenta
que a subárea II, em função
baixo na margem esquerda e tributária e dinamização do aumento da arrecadação AHE) e médio baixo na
da ESEC do Jarí: aumento da
baixa na margem direita em mercado de trabalho; impacto tributária, dinamização do margem direita como
arrecadação tributária e
função do reflexo dos AHEs muito baixo na faixa leste mercado de trabalho, com reflexo dos
dinamização do mercado de
Urucupatá e Carecuru (município de Mazagão) por reflexo da dinamização do empreendimentos na
trabalho
(mesmo setor censitário) não apresentar mercado na área de maior subárea com comunidades
aproveitamento nenhum densidade demográfica da várzea.

Hydros
EP518.RE.JR204 237

A bacia hidrográfica do rio Jari embora apresente baixa ocupação antrópica, que se concentra
quase que exclusivamente na porção sul da bacia, será beneficiada pelo aumento da
arrecadação tributária, da dinamização do mercado, em especial nas áreas dos
empreendimentos e certa melhoria na infraestrutura na subárea IV.
A população de cada município poderá se beneficiar da possibilidade de emprego na obra,
durante toda a fase de execução da obra, com forte reflexo na subárea IV, onde se concentra a
população da bacia. Desta forma, a qualidade de vida da população tanto urbana quanto rural
deve melhorar de forma significativa.
Portanto, os impactos negativos mais significativos embora ocorram na área do reservatório e
seu entorno, os impactos positivos ocorrem de forma geral nos municípios que abrigam os
AHEs, em função da arrecadação e com reflexo de dinamização do mercado na região de
concentração da população da bacia.

Hydros
EP518.RE.JR204 238

5.3.5.2.5 Mapa de Impacto das Populações Indígenas

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Figura 5.3.5.2-5 – Mapa dos Indicadores de Impacto das Populações Indígenas

Hydros
EP518.RE.JR204 239

Quadro 5.3.5.2-5 – Indicadores de Impacto Negativo das Populações Indígenas

Bacia do rio Jari

Impacto predominantemente muito baixo na bacia em geral e impacto médio nos reservatórios e
seus entornos, pois os aproveitamentos estão localizados fora das TIs

Os impactos negativos para as Populações Indígenas são referentes às dimensões dos AHEs e
trechos a montante que poderão caracterizar-se como vias de circulação fora das TIs. As áreas
dos reservatórios e seus entornos causarão alterações nos ecossistemas aquáticos e terrestres,
vitais às populações indígenas para manutenção de seus modos de vida, com possíveis
alterações nas condições etno-ecológicas e unidades político-culturais
Os impactos serão indiretos e regionais, pois os aproveitamentos não chegam a atingir
nenhuma TI da bacia. No entanto os impactos causados pelos empreendimentos nos seus
respectivos locais apresentam relevância, principalmente se considerados no contexto das
populações indígenas, cujos ecossistemas bióticos são alterados, mesmo fora de suas TIs.
O fato é que as populações indígenas têm o hábito da perambulação, que pode ocorrer fora
das TIs. Elas mantêm complexas redes de intercâmbio social, tanto entre os povos das TIs,
como entre povos externos à bacia.
O AHE Urucupatá de pequenas dimensões em termos de reservatório (13,7 km2), é o menos
impactante, apesar da proximidade à TI. O mais impactante é o AHE Açaipé que, embora
esteja mais distante da TI, é o que tem maior área de reservatório (293,4 km2). Por fim, o
AHE Carecuru, apresenta impacto intermediário, pois tem área do reservatório de 194,9 km2.

Hydros
EP518.RE.JR204 240

5.4 AVALIAÇÃO DA FRAGILIDADE E POTENCIALIDADE


SOCIOAMBIENTAL

5.4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O principal objetivo da análise de fragilidade foi identificar áreas caracterizadas como


sensíveis onde ocorrem impactos socioambientais significativos relativos aos aproveitamentos
da alternativa selecionada.
A elaboração dos Mapas de Fragilidade Ambiental na bacia do rio Jari foi desenvolvida
segundo diretrizes preconizadas no Manual de Estudos de Inventário Hidrelétrico 2007, no
qual a Fragilidade é definida como “o grau de suscetibilidade ao dano, ante a incidência de
determinadas ações, ou o inverso da capacidade de absorção de possíveis alterações sem
perda de qualidade” (MME, 2007).

5.4.2 METODOLOGIA

As áreas de fragilidade são obtidas através do cruzamento do mapeamento das áreas de


sensibilidade ambiental já identificadas para cada tema-síntese no cenário 2030, com a
espacialização dos impactos socioambientais negativos associados aos aproveitamentos por
tema-síntese. Além disto, também buscou-se identificar as áreas de potencialidade
socioeconômica, através do cruzamento das áreas de sensibilidade socioeconômica positiva
com os impactos positivos gerados pela instalação dos empreendimentos.
A estrutura do SIG permitiu a agregação e o arranjo das diversas informações levantadas na
Avaliação de Sensibilidade Ambiental e na Avaliação de Impactos Socioambientais em um
banco de dados único, com o objetivo de elaboração e produção dos Mapas de Fragilidade
Ambiental. Dentro deste banco de dados foi possível compatibilizar as informações referentes
aos diversos indicadores utilizados
Através do SIG foram sobrepostos os mapas e somados os valores já ponderados e
hierarquizados dos Indicadores de Sensibilidade Ambiental e de Impacto Socioambiental,
dando origem a quatro mapas de Fragilidade Ambiental, um para cada Tema-Síntese, e
também ao mapa de Potencialidade Socioeconômica, conforme pode ser observado na figura
a seguir.

Hydros
EP518.RE.JR204 241

Figura 5.4.2-1 – Fluxograma da análise de Fragilidades e Potencialidades

Estes mapas foram analisados objetiva e criteriosamente pela equipe técnica multidisciplinar,
com o intuito de checar, revisar e consolidar a consistência da abrangência e da intensidade de
manifestação da fragilidade em cada subárea e na bacia do rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 242

5.4.3 AVALIAÇÃO DAS FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES POR TEMA E SUBÁREA

5.4.3.1 Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

A porção norte da bacia permanecerá com seu atual nível de conservação devido à ausência
de aproveitamentos na área e à baixa ocupação antrópica atual e prevista.
Na porção central da bacia, a presença do aproveitamento Urucupatá com baixo tempo de
residência resulta em um reservatório não estratificado com boa qualidade da água, desde que
seja feita a remoção prévia da vegetação inundada. A melhoria da acessibilidade e
infraestrutura ocasionará maior ocupação da região central da bacia, mas seus efeitos sobre os
ecossistemas aquáticos não deverão ser tão acentuados devido ao gerenciamento a que a
região está submetida por ser Unidade de Conservação de Uso Sustentável.
Cerca de 18 km a jusante do barramento do AHE Urucupatá, a presença dos AHEs Carecuru e
Açaipé afetarão negativamente a qualidade da água principalmente nas épocas de menor
vazão. A qualidade da água comprometida se fará sentir também na UHE Santo Antônio do
Jari, pelos efeitos sinérgicos dos aproveitamentos em cascata. A exposição das margens
devido à regularização dos AHEs Carecuru e Açaipé podem ocasionar processos erosivos. A
ocupação das margens de ambos os reservatórios, no entanto, não deverão ser tão acentuadas
devido ao gerenciamento a que a região está submetida por se tratar de Unidades de
Conservação. É na vizinhança destes dois aproveitamentos (incluindo suas sub-bacias) que se
observa o aumento da fragilidade da subárea. Ao longo do rio Jari, este aumento de
fragilidade é ainda mais acentuado, devido ao impacto direto sobre áreas de alta sensibilidade,
como ilhas fluviais, vegetação marginal e áreas de corredeiras associadas à ocorrência de
espécies sensíveis, como a ariranha.
A UHE Santo Antônio do Jari apresenta reservatório relativamente pequeno e baixo tempo de
residência. Se considerada isoladamente, seus impactos seriam locais e não tão significativos,
já que haveria boa circulação de água dentro do reservatório. Num sistema de
aproveitamentos em cascata, no entanto, há de se considerar que a qualidade da água de seu
reservatório será altamente influenciada pela qualidade da água dos AHEs a montante,
especialmente do AHE Açaipé. Há de se destacar, ainda, que a fragilidade representada no
entorno da UHE Santo Antônio do Jari está associada a um cenário 2030 no qual a ocupação
de seu entorno é basicamente o manejo florestal. Assim, caso a ocupação antrópica evolua de
forma diferente (e.g., com desmatamento para agropecuária), a fragilidade do entorno desta
UHE seria maior, evidentemente.

A implantação de tantos empreendimentos que dependem dos mesmos núcleos urbanos como
apoio (Laranjal do Jari ou Monte Dourado, no extremo sul da bacia) pode resultar em
crescimento desordenado dos núcleos urbanos, que por sua vez exercerão pressão sobre os
ecossistemas aquáticos. Por outro lado, a melhoria da infraestrutura local favorecerá o
desenvolvimento do ecoturismo e da pesca esportiva, especialmente na cachoeira Santo
Antônio, cuja vazão foi garantida no dimensionamento dos aproveitamentos durante o Estudo
de Inventário Hidrelétrico.

Hydros
EP518.RE.JR204 243

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54°W 52°W

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Subáreas - Ecossistemas Aquáticos


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P Sedes Municipais

Graus de Fragilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
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0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.4.3.1-1 – Mapa da Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

Hydros
EP518.RE.JR204 244

Quadro 5.4.3.1-1 – Fragilidade dos Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos por


Subárea

Subáreas Fragilidade

Baixa fragilidade, essencialmente devido à ausência de empreendimentos previstos na


I
área

Fragilidade muito baixa na porção norte da subárea, aumentando à medida que


II
aproxima-se do rio Jari e da localização dos AHEs Carecuru e Açaipé

Fragilidade muito baixa na subárea como um todo. Observa-se o aumento da fragilidade


onde há ocupação antrópica. Maior fragilidade observada na vizinhança da UHE Santo
III
Antônio do Jari, devido aos efeitos sinérgicos dos AHEs a montante e devido à
ocorrência de espécies de peixes com distribuição restrita

Hydros
EP518.RE.JR204 245

5.4.3.2 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

Os aproveitamentos propostos para a bacia do rio Jari atingirão, de maneira geral, as regiões
central e centro-sul da bacia. Estas áreas correspondem a uma matriz florestal densa, que é
gradativamente substituída por outros tipos de vegetação nas regiões das várzeas dos rios.
Desta maneira, a principal fisionomia a ser atingida pelos aproveitamentos é a Floresta
Ombrófila Densa Submontana, que na região de várzea é substituída por Floresta Ombrófila
Densa Aluvial. Outra fisionomia atingida é a Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas, uma
área de relevante interesse ecológico, por tratar-se de uma área de Tensão Ecológica.

No que se refere à perda de áreas de interesse conservacionista, destacam-se os reservatórios


dos aproveitamentos Urucupatá e Carecuru, que atingem a Floresta Estadual do Paru e a
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Iratapuru, e o reservatório do aproveitamento
Açaipé na Estação Ecológica do Jari.
Além disso, há a implantação da UHE Santo Antônio, que se localizará na porção sul da bacia
em estudo. O reservatório desse empreendimento atinge áreas de relevante interesse
ecológico, por tratar-se de uma área de Tensão Ecológica, em correspondência à fisionomia
da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, e de interesse conservacionista como as
APCBs Almeirim-Arraiolo e Vale do Jari que serão inundadas parcialmente pelo reservatório,
embora de pequenas dimensões. Outras fisionomias atingidas são Floresta Ombrófila Aberta
Submontana e áreas de Reflorestamento de Eucalipto.
Tendo em vista que as florestas amazônicas compõem um dos mais diversos ecossistemas
mundiais e que a bacia apresenta elevado grau de preservação de seus habitats, parte da
biodiversidade regional poderá ser alterada ou perdida com a supressão de trechos de sua
cobertura vegetal e pela redução do fluxo gênico.

As interferências associadas à construção do reservatório possibilitam o estabelecimento de


processos de antropização e a intensificação da ocupação de áreas adjacentes em uma região
considerada com grau de conservação cujo interesse científico e conservacionista é grande.
Neste sentido, os impactos resultantes da implantação do empreendimento tiveram grande
influência na composição da fragilidade deste tema-síntese, principalmente na subárea II. Esta
subárea é afetada por praticamente todos os aproveitamentos da alternativa de partição de
queda selecionada, e, portanto, será submetida a maiores riscos de alteração da sua
integridade biológica.

Hydros
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54°W 52°W

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Subáreas - Ecossistemas Terrestres


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2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
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54°W 52°W

Figura 5.4.3.2-1 – Mapa da Fragilidade do Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

Hydros
EP518.RE.JR204 247

Quadro 5.4.3.2-1 – Fragilidade dos Meio Físico e Ecossistemas Terrestres por Subárea

Subáreas Fragilidade

I Não atingida por empreendimentos. Fragilidade baixa

Fragilidade variável, sendo alta no entorno dos reservatórios e das vias de acesso, nas
II Unidades de Conservação, principalmente a ESEC do Jarí, assim como em áreas de
recursos minerais e de alta erodibilidade e média alta no restante da subárea

III Fragilidade baixa, chegando a média principalmente na porção norte, devido à alta
sensibilidade geológica. Alta fragilidade no entorno da via de acesso

Hydros
EP518.RE.JR204 248

5.4.3.3 Socioeconomia

No horizonte de 20 anos (2030), haverá na bacia uma alteração significativa em relação ao


quadro geral com a implantação de empreendimentos hidrelétricos.
Do ponto de vista local e regional, haverá a consolidação de áreas urbanas, melhoria da
infraestrutura e das condições de vida. As áreas rurais terão se expandido, diversificado e
aumentado suas produções, com a conseqüente melhoria também das condições de vida. É
nesta área rural que estarão localizadas as obras para a construção dos empreendimentos.
Estes provocarão um aumento significativo da população trabalhadora e o mercado de
trabalho será dinamizado. Também, em função da construção dos empreendimentos
hidrelétricos, os municípios terão suas finanças melhoradas, pois a arrecadação municipal
aumentará onde estiverem localizadas a barragem e as áreas inundadas pelos reservatórios.
A arrecadação municipal, somada ao aumento do mercado consumidor, promoverá o aumento
da circulação de capital e do PIB dos municípios e dos estados do Pará e do Amapá.
A malha do sistema viário será expandida em face da demanda de vias de acesso às obras. No
entanto, em função dos AHEs se localizarem nas UCs, estas vias deverão ser bem planejadas,
de uso e fluxo restrito e de acordo com o Plano de Manejo das respectivas UCs e com
extensão mínima, O sistema de transporte fluvial poderá ser melhorado especialmente no
trecho entre o baixo e médio curso do rio Jari, com a possibilidade de integração das duas
modalidades de transporte.
Haverá consolidação da área do Projeto de Assentamento do INCRA, bem como ocupação de
outras áreas, ainda ociosas, com atividades de agropecuária e policultura diversificada. O
crescimento populacional acompanhará este processo de adensamento ocupacional rural, fato
que poderá induzir novos conflitos ou intensificar os já existentes. Tendo em vista que as
áreas, onde se localizarão os aproveitamentos estão próximas às TIs, poderá haver conflitos
entre não-índios e índios.
O maior benefício decorrente da construção dos empreendimentos é a oferta de energia
elétrica à população ainda não atendida por este serviço. Isso possibilitará o acesso à
informação, à educação e à saúde, proporcionando melhores condições de vida. Esses avanços
facilitarão, por sua vez, a criação de mecanismos e instrumentos para que os habitantes
possam se afirmar como cidadãos, por meio do estabelecimento de novos vínculos
socioeconômicos, culturais e políticos.
Além disso, a construção de linhas de transmissão interligando a bacia à margem direita do
rio Amazonas melhorará a distribuição de energia, beneficiando vários municípios brasileiros
carentes de energia elétrica.

Hydros
EP518.RE.JR204 249

5.4.3.3.1 Fragilidade

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Figura 5.4.3.3-1 – Mapa da Fragilidade da Socioeconomia


Hydros
EP518.RE.JR204 250

Quadro 5.4.3.3-1 – Fragilidade da Socioeconomia por Subárea

Subáreas Fragilidade

I Fragilidade de muito baixa a baixa devido à ausência humana e de aproveitamentos

Fragilidade predominantemente média baixa na subárea onde há presença humana


pouco significativa e fragilidade média nos reservatórios e seus entornos e fragilidade
II
um pouco baixa na faixa a leste da subárea (município de Mazagão onde não são
afetados por AHEs)

Fragilidade baixa por ser Unidade de Conservação de proteção integral, sem presença
III
humana, sendo parcialmente atingida pelo aproveitamento Açaipé

Fragilidade média baixa na subárea em função da presença do AHE Açaipé e


IV fragilidade média nas áreas antropizadas, de concentração humana, infraestrutura e
atividades socioeconômicas.

Fragilidade baixa devido à ausência de aproveitamentos, mas com reflexo em função da


V
presença de pequenas comunidades da várzea.

Hydros
EP518.RE.JR204 251

5.4.3.3.2 Potencialidade

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2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
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54°W 52°W

Figura 5.4.3.3-2 – Mapa da Potencialidade da Socioeconomia

Hydros
EP518.RE.JR204 252

Quadro 5.4.3.3-2 – Potencialidade da Socioeconomia por Subárea

Subáreas Potencialidade

Potencialidade muito baixa na subárea formada por UCs de proteção integral e TIs, e
I onde não há perspectivas para o desenvolvimento de atividades socioeconômicas, além
de não estar ali previsto qualquer aproveitamento

Potencialidade predominantemente baixa em função da presença de AHE Urucupatá e


Carecuru na área de pouca presença humana: potencialidade de média a baixa na
margem direita formada por UCs de uso sustentável, onde há potencialidades para o
desenvolvimento de atividade econômica baseada na exploração controlada de recursos
II
naturais (florestal e mineral) e presença da maioria dos aproveitamentos; e
potencialidade de baixa a muito baixa na margem esquerda, formada por RDS, onde há
possibilidades de exploração florestal não madeireira e presença da maioria dos
aproveitamentos

Potencialidade baixa por ser formada por UC de proteção integral, onde não há
III potencialidade para desenvolvimento socioeconômico, embora conte com a presença
parcial do aproveitamento Açaipé

Potencialidade predominantemente baixa, pois na subárea há potencialidade para


IV consolidação e expansão de atividades agrícolas e consolidação de áreas urbanas,
contando parcialmente com o aproveitamento Açaipé

Potencialidade entre baixa a muito baixa, pois a subárea apresenta pouca potencialidade
para desenvolvimento socioeconômico em função da várzea, além de não contar com
V
nenhum aproveitamento; a margem esquerda (município de Vitória do Jarí onde não há
aproveitamento) tem menor potencialidade que a margem direita

Hydros
EP518.RE.JR204 253

5.4.3.4 Populações Indígenas

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Legenda Laranjal do Jari


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Vitória do Jari
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Área de Drenagem
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Hidrografia Principal
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P Sedes Municipais
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Graus de Fragilidade
2°S 2°S
Muito Baixo Médio Muito Alto
km
0 20 40 60 80 100

54°W 52°W

Figura 5.4.3.4-1 – Mapa da Fragilidade das Populações Indígenas

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EP518.RE.JR204 254

Quadro 5.4.3.4-1 – Fragilidade das Populações Indígenas na Bacia

Fragilidade das Populações Indígenas

TI Parque do Tumucumaque e Paru d´Este


TI Waiãpi localizada a nordeste da bacia
localizadas a noroeste da bacia

Fragilidade alta na TI, em função da diminuição


dos recursos naturais; fragilidade um pouco Fragilidade média e média alta nas TIs em função
mais alta numa pequena porção sul em função da diminuição dos recursos naturais (mas
da proximidade com AHE; fragilidade baixa a atenuada em função da área das TIs); fragilidade
muito baixa no entorno da TI em função das baixa a muito baixa no entorno das TIs em
“faixas de amortecimento” de 15 e 60 km; função das “faixas de amortecimento” de 15 e 60
fragilidade baixa nos reservatórios e seus km
entornos

Hydros
EP518.RE.JR204 255

5.4.4 CONFLITOS

A implantação de empreendimentos hidrelétricos pode gerar novos conflitos ou potencializar


os existentes na bacia, envolvendo os diferentes interesses de natureza política, econômica e
social.
A bacia do rio Jari abrange partes dos estados do Pará e do Amapá, estando, portanto, sob
duas jurisdições estaduais, além das municipais. A bacia está localizada a cerca de 260 km de
Belém, capital do Pará, e a 150 km de Macapá, capital do Amapá. As ações governamentais
poderão encontrar dificuldades ou facilidades de implementação das AHEs, caso os dois
governos não se articulem de forma adequada. Desta forma, as implantações dos
aproveitamentos da alternativa selecionada, AHE Urucupatá 150, AHE Carecuru e AHE
Açaipé 86, localizados no trecho médio do rio Jari, poderão apresentar conflitos de interesses,
caso os programas e ações socioambientais não sejam formulados e implementados de forma
convergente e compatibilizada com os programas governamentais de ambos os estados.
As porções norte e central da bacia são ocupadas por Unidades de Conservação de Uso
Sustentável e de Proteção Integral, além de Terras Indígenas. Estas áreas representam cerca de
80% da bacia e apresentam uma rica biodiversidade e são de difícil acesso.
Na porção nordeste e noroeste, localizam-se três Terras Indígenas. A mais relevante é a TI
Waiãpi, que tem uma boa parte das aldeias localizada na bacia, enquanto que outras TIs tem
aldeias em outra bacia. É importante destacar que as três TIs são cercadas pelas áreas de
Unidades de Conservação, que em última instância as protegem de possíveis invasões
antrópicas estranhas ao seu meio. A TI Waiãpi é considerada de muito difícil acesso, que pode
ser feito somente por via aérea ou fluvial. Pelo lado leste da TI, existe um posto da FUNAI
que controla a entrada e saída de pessoas na TI e se localiza entre o limite da TI e a BR 156,
que dá acesso a Macapá.
Um conflito vislumbrado para as populações indígenas da bacia é decorrente do aumento
populacional (registrado nos últimos tempos, após o contato com os serviços de saúde da
FUNASA), considerando a limitação do território demarcado. A TI Waiãpi é uma das terras
que apresenta a maior densidade demográfica entre as várias localizadas na margem esquerda
do rio Amazonas. Este aumento populacional deverá provocar escassez progressiva de
recursos naturais, com desdobramentos inevitáveis em seus modos de vida, suas formas de
organização social e econômica, devido aos conflitos que poderão ocorrer.
A possibilidade de implantação do AHE Urucupatá 150 poderá provocar alterações no
entorno da TI Waiãpi, em função da distância, de cerca de 7 km, entre o AHE e a TI. Poderá
apressar o processo de escasseamento de recursos naturais, os quais o povo tem como base
para a manutenção dos seus costumes e hábitos tradicionais. Registre-se que os líderes deste
povo têm manifestado preocupações quanto à aproximação de quaisquer tipos de elementos
estranhos ao seu meio que possam alterar os sistemas etno-ecológico e sócio-político-cultural
vigentes. Os conflitos já existentes, decorrentes de invasão de garimpeiros e madeireiros nas
TIs poderão aumentar, criando problemas para as populações indígenas.
Na porção central da bacia se localizam a FLOTA do Paru e a RDS - Reserva de
Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, ambas de uso sustentável. Nesta última,
populações ribeirinhas vivem essencialmente do extrativismo, cujos modos de vida são
intimamente ligados à floresta e à sazonalidade dos recursos naturais. Esta população
Hydros
EP518.RE.JR204 256

comercializa os produtos extraídos da floresta por meio de cooperativas que dão suporte
técnico e administrativo aos seus associados, que poderão se sentir lesados pela implantação
dos AHEs.
Entre as porções central e sul da bacia, está previsto o AHE Açaipé 86, cujo reservatório
alagará uma porção das UCs de uso sustentável e parte da ESEC do Jari, de Proteção Integral,
o que poderá gerar conflitos com órgãos gestores das UCs e com os ribeirinhos.
Pelo fato de dois aproveitamentos, Urucupatá e Carecuru, estarem localizados nas UCs e
próximos à TI Waiãpi, poderá haver conflito não só com órgãos gestores, mas com
instituições não governamentais, e com as populações indígenas. Este conflito poderá ocorrer
em função de divergências quanto à implantação dos empreendimentos. Observa-se que existe
um instrumento legal que possibilita a implantação de UHEs nas UCs, denominado
“desafetação”28. A aplicação deste instrumento deverá ser discutida pelos órgãos competentes
(MMA, MME, ICMBio e outros) e este poderá inclusive ser substituído por medidas
compensatórias.
A porção sul da bacia, região de planície amazônica, é a que tem a população concentrada nas
sedes municipais de Laranjal do Jari-AP, de Vitória do Jari-AP e nas vilas Monte Dourado e
Munguba. As atividades econômicas são também desenvolvidas nesta planície. É nesta
parcela territorial da bacia que as populações desenvolvem atividades ligadas ao Projeto Jari e
atividades de subsistência. Estas populações podem ser atraídas para se tornarem mão-de-obra
das usinas, provocando conflitos com os novos migrantes atraídos pelas obras.
Nesta porção sul, existem registros de conflitos fundiários, especialmente na área pertencente
ao município de Almeirim-PA. Trata-se de áreas utilizadas pelos antigos moradores que não
possuem registros legais que sirvam de garantia para o uso de terras para a moradia e
desenvolvimento de atividades de sustento.
Finalmente, na porção do extremo sul, algumas comunidades vivem de extrativismo, criação
de gado e agricultura de subsistência. A coexistência de comunidades tradicionais e
imigrantes atraídos pelas obras pode criar conflitos de diversas ordens.
É importante registrar que apesar da precariedade da região, existem associações de classe,
que promovem a articulação e o entendimento entre diferentes grupos sociais de modo a
garantir melhores condições de vida.
A seguir é apresentado um quadro com as entidades associativas existentes na bacia.

28
Instrumento previsto no Art. 22, § 7º da Lei nº 9.985, de 18/07/2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Este parágrafo permite a desafetação ou redução dos limites de
uma unidade de conservação através de lei específica.

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EP518.RE.JR204 257

Quadro 5.4.5-1 - Entidades Associativas

Municípios –
Entidades Sociais
UF
Associação dos Moradores do Bairro do Agreste
Movimento Reggae do Laranjal do Jari-MOREJAR
Fórum de Desenvolvimento Local Sustentável - FDLIS
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Laranjal do Jari-
SINTRACOVAJA
Associação dos Artesãos de Laranjal do Jari -ARTELAJA
Associação Comercial e Industrial de Laranjal do Jari-ACILAJA
Laranjal do
Jari/AP Grupo Melhor Idade do Jari
Casa das Parteiras de Laranjal do Jari
Centro Comunitário do Assentamento Nazaré Mineiro
Anjos da Guarda – Fundação Orsa
Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru -
COMARU
Cooperativa Mista dos Produtores Agroextrativistas de Laranjal do Jari -
COMAJU

Vitória do Anjos da Guarda – Fundação Orsa


Jari/AP Associação das Mulheres Mães Artesãs – AMARTE
Anjos da Guarda – Fundação Orsa
Associação do Cidadão Deficiente do Conselho de Almeirim -
ACIDECA
Associação de Apoio às Famílias de Fazendas de Almeirim-AAFA
Almeirim/PA
Cooperativa de Mulheres Versáteis
Cooperativa de Artefatos Naturais do Rio das Castanhas -
COOPNHARIN
Associação de Mães Artesãs do Vale do Jari - AMARTE
Fontes: Pesquisa de Campo – COT / IEPA – 2003. Disponível em:
http://www.mundoacademico.unifap.br/professor/14/view=conteudo&cod=73
Diário do Amapá. Disponível em:
<http://www.bobnews.com.br/noticias/centro-comunitario-e-csa-de-apoio-em-laranjal.html>,
<http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=4969>,
<http://acideca.blogspot.com> e <http://www.almeirinense.com/almeiriense/index_noticia.asp?id=1830>.

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EP518.RE.JR204 258

5.5 ANÁLISE COMPARATIVA DE CENÁRIOS SOCIOAMBIENTAIS

Nesse item foram retomados os aspectos socioambientais e os resultados obtidos na Avaliação


Ambiental Distribuída e na Avaliação Ambiental Integrada. A análise comparativa de
cenários socioambientais teve como objetivo apresentar, de forma sucinta e organizada, os
diferentes cenários socioambientais avaliados ao longo deste relatório, a saber:

- Cenário atual;
- Cenário 2030 sem empreendimentos;
- Cenário 2030 com empreendimentos.

Informações mais detalhadas a respeito do primeiro cenário (atual) podem ser encontradas nos
itens 3 - Caracterização da Bacia por Tema-síntese e 4.1 - Avaliação de Sensibilidade
Socioambiental - Cenário Atual. Informações mais detalhadas a respeito do segundo cenário
podem ser encontradas nos itens 5.1 - Cenário Prospectivo da Bacia do Rio Jari (Tendencial)
e 5.2 - Avaliação de Sensibilidade Socioambiental 2030. E, finalmente, os itens 5.3 -
Avaliação dos Impactos Socioambientais 2030 e 5.4 - Avaliação das Fragilidades e
Potencialidades Socioambientais 2030 abordam os aspectos do cenário 2030 com
empreendimentos.
Os quadros apresentam as principais características de cada cenário socioambiental, por tema-
síntese.

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EP518.RE.JR204 259

Quadro 5.5-1 – Comparação de Cenários Socioambientais – Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos


Cenários
Atual 2030 sem empreendimentos 2030 com empreendimentos
A porção norte da bacia permanecerá com seu atual nível de
conservação devido à ausência de aproveitamentos na área.
Na porção central da bacia, a presença de um pequeno
aproveitamento (Urucupatá) com baixo tempo de residência
resulta em um reservatório não estratificado com boa
qualidade da água, desde que seja feita a remoção prévia da
vegetação inundada. A melhoria da acessibilidade e
Presença de igapós ao longo do rio Jari,
infraestrutura induzirá maior ocupação da região central da
especialmente no seu médio e baixo curso. Presença
As porções central e norte da bacia permanecerão bacia, mas seus efeitos sobre os ecossistemas aquáticos não
de muitas cachoeiras e corredeiras, dentre as quais
com seu alto grau de conservação devido à proteção deverão ser tão acentuados devido ao gerenciamento a que a
destacam-se a cachoeira Santo Antônio e a cachoeira
legal, à dificuldade de acesso e ao manejo nas UCs região está submetida por apresentar Unidade de
Macaquara. Ocorrência de espécies de vertebrados
de Uso Sustentável. A maior parte da porção sul Conservação de Uso Sustentável.
aquáticos ameaçados de extinção em áreas de
também permanecerá conservada, com atividades A presença dos AHE Açaipé e Carecuru afetará
elevado nível de conservação, no alto rio Jari.
extrativistas nas florestas e pouquíssima expansão negativamente a qualidade da água principalmente nas
Qualidade da água ótima ou boa, sendo que alguns
de áreas de agropecuária localizadas em pequenas épocas de menor vazão. A exposição das margens devido à
sinais de contaminação são observados nas
áreas entre a sede de Laranjal do Jari e a sua regularização poderá ocasionar processos erosivos. As
proximidades do núcleo urbano de Laranjal do Jari.
comunidade Santo Antônio. A mineração (caulim, cabeceiras dos rios são mantidas no seu estado de
O rio Jari é navegável, em termos comerciais, até a
bauxita, ouro), embora pontual, terá papel mais conservação atual, porém, nas áreas no entorno dos
cachoeira de Santo Antônio. Da foz até Munguba
relevante no que se refere ao uso dos recursos reservatórios haverá redução de vegetação marginal e
(no Distrito de Monte Dourado), o rio foi dragado
hídricos. diversidade das espécies de peixes e de outros vertebrados
para permitir o tráfego de embarcações maiores, por
aquáticos.
interesse da produção de celulose.
A UHE Santo Antônio do Jari terá relativo baixo impacto. A
qualidade da água deste reservatório, no entanto, sofrerá
influência dos efeitos sinérgicos com os AHEs a montante,
situação esta que poderá ser agravada caso haja ocupação e
aumento populacional no seu entorno. Por outro lado, a
melhoria da infraestrutura local favorecerá o
desenvolvimento do ecoturismo e da pesca esportiva.

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EP518.RE.JR204 260

Quadro 5.5-2 – Comparação de Cenários Socioambientais – Meio Físico e Ecossistemas Terrestres


Cenários
Atual 2030 sem empreendimentos 2030 com empreendimentos
Pressão antrópica, principalmente na área dos
empreendimentos, causada pela população trabalhadora e
pela população que futuramente será atraída pela animação
Espera-se um aumento da exploração dos recursos econômica e melhoria da acessibilidade e infraestrutura. A
Continuum florestal de grande expressão territorial.
naturais nas Unidades de Conservação de Uso implantação do reservatório Açaipé em uma Unidade de
Elevada riqueza de espécies da fauna e da flora.
Sustentável. Na porção sul, as tendências Conservação de Proteção Integral demandará medidas
Reduzida acessibilidade e infraestrutura,
macroeconômicas apontam para um pequeno compensatórias e estudos de desafetação da área. Os AHEs
contribuindo para a ocupação antrópica incipiente.
aumento de áreas de agropecuária, maior área de Carecuru e Urucupatá, localizados em Unidades de
Áreas legalmente protegidas nas porções norte e
reflorestamento e atividades extrativistas nas Conservação de Uso Sustentável demandarão uma grande
central e APCBs na porção sul. Núcleos urbanos e
florestas, além do aumento populacional, resultando fiscalização das áreas, prevenindo ocupação das áreas de
áreas de reflorestamento na porção sul. Riscos
na degradação e fragmentação dos ecossistemas entorno dos empreendimentos. Ocorrerá aumento do
localizados de aumento da erosão e instabilização de
Pode ocorrer aumento dos riscos localizados de desmatamento, fragmentação e perda de habitas,
maciços terrosos e rochosos.
erosão nas áreas exploradas. ocasionando diminuição da riqueza e diversidade de
espécies da fauna e da flora, assim como um aumento dos
riscos localizados de erosão nas áreas imediatas aos
reservatórios.

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Quadro 5.5-3 – Comparação de Cenários Socioambientais – Socioeconomia


Cenários
Atual 2030 sem empreendimentos 2030 com empreendimentos
Aumento populacional seguindo a taxa de
crescimento vegetativo, tendências Consolidação das áreas urbanas, aumento de infraestrutura
macroeconômicas e condições de implementação urbana e melhoria geral das condições de vida. Do ponto de
dos planos e programas governamentais. Alteração vista regional e local, ocorrerá um aumento significativo de
no quadro geral do cenário atual, do ponto de vista população trabalhadora em função de pouca população nos
socioeconômico, ocorrendo consolidação das áreas municípios onde se localizarão as obras, mesmo em 2030.
urbanas, melhoria de infraestrutura urbana, de Dinamização do mercado de trabalho e de arrecadação de
Pouca ocupação, baixa densidade populacional,
circulação e transporte, e das condições de vida. impostos, sendo que os municípios terão aumento do
predominância de população urbana (70%),
Aumento da ocupação em áreas de Projeto de mercado consumidor e da arrecadação financeira decorrente
concentrada nas sedes municipais e em distrito
Assentamento e na porção sul da bacia, além das das obras e da compensação financeira, circulação de
industrial. Presença de 4 municípios, com relevância
áreas de UCs de Uso Sustentável, embora de forma capital, aumento de PIB, e melhoria das condições de vida,
para Laranjal do Jari-AP que conta com 75% da
sustentável, segundo o cenário macroeconômico com consequente melhoria geral. Possibilidade de melhoria
população do total dos 4 municípios,. 70% do PIB
previsto. Dinamização econômica devido à do sistema de transporte hidroviário no médio curso do rio
da bacia em Almeirim-PA. IDH-M médio é menor
utilização de recursos naturais existentes nas UCs de Jari. Aumento da malha do sistema de transporte rodoviário
que o IDH-M do Brasil. Precariedade da
US decorrente da introdução da exploração necessário para dar suporte às obras das UHEs.
infraestrutura urbana, de estradas, saneamento,
madeireira e mineral e do aumento da silvicultura e Consolidação de atividades econômicas em UCs de Uso
educação e energia. Presença de comunidades rurais
extrativismo. Aumento de atividades de policultura Sustentável realizadas segundo planos de manejo e
e ribeirinhas. Predominância de atividades
em Projeto de Assentamento e na porção sul da acompanhamento de órgãos responsáveis pela gestão de
industriais de alto nível de capitalização, rurais de
bacia e de atividades de agropecuária em áreas UCs. Possibilidade do aumento de conflito entre pequenos
subsistência e pecuária, além de extrativistas.
previstas para expansão e consolidação, também na produtores rurais e a empresa Jari Celulose, e geração de
Presença de população ribeirinha, vivendo em UCs.
porção sul. Possibilidade do aumento de conflito conflitos entre ribeirinhos e os empreendedores da usinas
Existência de conflitos fundiários entre pequenos
entre pequenos produtores rurais e a empresa Jari hidrelétricas. O primeiro pela necessidade de manutenção do
produtores rurais e a empresa Jari Celulose.
Celulose, e geração de conflitos entre ribeirinhos e modo de vida ribeirinho amazônico e o segundo pela força
os trabalhadores que deverão desenvolver atividades de empreendimento que deverá ser implantado em 2030.
previstas no cenário macroeconômico. O primeiro Com a melhoria na distribuição de energia elétrica, a
pela necessidade de manutenção do modo de vida população da bacia, como um todo, terá maior acesso à
ribeirinho amazônico e o segundo pela força de informação, possibilitando o aumento das redes sociais,
desenvolvimento de atividades agropecuárias culturais, políticas e econômicas.
previstas no cenário tendencial.

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Quadro 5.5-4 – Comparação de Cenários Socioambientais – Populações Indígenas


Cenários
Atual 2030 sem empreendimentos 2030 com empreendimentos
Criação de situações de conflito, em função dos
aproveitamentos constituintes da alternativa selecionada. A
mais preocupante para a população indígena é o
aproveitamento Urucupatá em função da proximidade com a
Aumento da população indígena em função de TI Waiãpi, embora não haja invasão do seu território. Tal
População indígena com cerca de 800 indivíduos, assistência à saúde e garantia de território de uso como UHE Santo Antônio, os aproveitamentos Urucupatá,
pertencentes quase que exclusivamente aos povos exclusivo nas TIs. Escasseamento de recursos Carecuru e Açaipé serão motivos para quaisquer alterações
Waiãpi. Contato com a sociedade envolvente naturais em função do aumento populacional e indesejadas para a população indígena. Conflito interno
voltado aos órgãos governamentais. Na bacia, as três limitação de Terra Indígena. Maior participação, maior em função do escasseamento de recursos naturais,
TIs Waiãpi, Parque do Tumucumaque e Paru d´Este reivindicação e inserção de parte da população aumento populacional e limitação de seu território.
estão cercadas por Unidades de Conservação, de um indígena na sociedade envolvente e frente ao poder Alteração dos valores e dos modos de vida dos indígenas, da
continuum de floresta ombrófila e de difícil acesso público, possibilitando maior acesso aos serviços unidade política e cultural, em especial das comunidades
(realizável através dos rios considerados de difícil públicos oferecidos normalmente à população não indígenas que tiverem intensificado o contato com a
navegação). A TI Waiãpi tem acessibilidade do lado indígena, e luta pela preservação de seus direitos, a sociedade envolvente. Melhora nos serviços de atendimento
do Amapá, através da BR-156 que dá acesso à identidade e seus modos de vida. Continuidade e à educação e saúde indígena, com a construção de mais
capital Macapá. Existência de serviços de assistência aumento de apoio aos povos indígenas por parte das postos de saúde, escolas e pistas de pouso de exclusividade
à saúde e educação, entre outros à população ONGs, especialmente em nível internacional, em aos índios. Intensificação da atuação de ONGs nacionais e
indígena. Presença de Organizações não- função do avanço das atividades agropecuárias internacionais em defesa aos direitos indígenas e
governamentais nacionais e internacionais de apoio previstas no cenário tendencial. Oferta de serviços preservação dos ecossistemas naturais. Maior possibilidade
ao índio. de assistência à saúde e educação, entre outros à de entrada de garimpeiros e retirada ilegal de madeira. As
população indígena. UHEs previstas, embora distantes de seus territórios legais,
deverão desencadear processo de preocupação quanto ao
futuro de cada povo, promovendo uma maior articulação
entre os povos indígenas e entre estes e as ONGs
internacionais.

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EP518.RE.JR204 263

A bacia hidrográfica do rio Jari apresenta uma acessibilidade limitada, resultando em uma
ocupação antrópica incipiente. Além disso, grande parte da área da bacia encontra-se
legalmente protegida sob a forma de Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Desse
modo, há um elevado grau de preservação dos ecossistemas aquáticos e terrestres,
especialmente nas regiões centro e norte da bacia, que apresentam elevada biodiversidade.
Esse quadro peculiar da bacia favorece a manutenção dos modos de vida das populações
indígenas que vivem nas TIs, situadas nas suas porções noroeste e nordeste. O uso antrópico
concentra-se na porção sul da bacia, com economia de subsistência, à exceção do Projeto Jari,
que apresenta alto nível de capitalização e economia voltada à exportação.
No cenário macroeconômico tendencial, estima-se que ocorrerá um crescimento vegetativo da
população como um todo, além da expansão de atividades primárias, baseadas na exploração
de recursos florestais (madeireira e não madeireira) e na policultura, além da expansão das
atividades do Projeto Jari. Desta forma, estima-se que poderá haver um aumento da pressão
antrópica na bacia.
Na porção centro-norte, a projeção macroeconômica considerou o aumento da exploração dos
recursos naturais (madeireira e não madeireira) nas Unidades de Conservação de Uso
Sustentável (FLOTA Paru e RDS Iratapuru), mantendo-se inalteradas as condições de
preservação das UCs de Proteção Integral e das TIs. Embora esta exploração deva ser
realizada de forma sustentável, haverá pressão nos ecossistemas aquáticos e terrestres,
dinamização do mercado de trabalho e aproximação de populações não indígenas com as TIs.
No cenário futuro com a implantação de empreendimentos, vislumbram-se as seguintes
situações:
- O AHE Urucupatá, embora apresente pequenas dimensões de reservatório, é o que se
localiza mais a montante na cascata de aproveitamentos. É, portanto, o aproveitamento
que requer a construção da via de acesso mais extensa dentre todos os aproveitamentos
avaliados, sendo ainda, o que se localiza mais próximo à TI Waiãpi. Tal situação cria a
necessidade de controle rigoroso da entrada e saída da mão de obra contratada pelo
empreendimento, além da educação ambiental da mesma com foco aos ecossistemas
aquáticos e terrestres e às populações indígenas, destacando-se a necessidade de
consciência quanto aos riscos socioambientais;
- O AHE Carecuru, por sua vez, apresenta área de reservatório significativamente superior à
do AHE Urucupatá. Os impactos do AHE Carecuru relacionados com a implantação das
vias de acesso serão menores que os do Urucupatá. No entanto, os impactos relacionados
ao reservatório serão mais acentuados;
- A implantação do AHE Açaipé será a mais impactante do ponto de vista do meio biótico:
além da área do reservatório ser relativamente extensa, apresenta tendência à
estratificação térmica e afeta diretamente uma UC de Proteção Integral (ESEC do Jari). É
também a obra que atrairá o maior contingente populacional na região, de modo que
haverá necessidade de ampliação da oferta de serviços básicos no município de Laranjal
do Jari e no Distrito de Monte Dourado;
- Finalmente, a UHE Santo Antônio do Jari, que também apresenta uma reduzida área de
reservatório, é a única localizada totalmente fora dos limites de UCs na bacia. Seus
impactos são relativamente reduzidos, devendo-se destacar que, devido à proximidade aos
povoamentos da área, é o único aproveitamento que permitirá o uso múltiplo da água na
bacia.

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EP518.RE.JR204 264

Com a implantação dos empreendimentos nesse cenário futuro, destaca-se a necessidade de


controle da ocupação, medidas compensatórias, monitoramento da qualidade de água e
estudos de desafetação nas áreas ocupadas pelos empreendimentos, notadamente aqueles que
afetam diretamente as UCs, de modo a não desvirtuar seus objetivos precípuos.
Além disso, há também a necessidade de qualificação profissional das populações da bacia
como mão de obra para os aproveitamentos, assim como para o desenvolvimento de
atividades previstas no cenário macroeconômico. Dessa forma, a população poderá se
beneficiar da dinamização do mercado de trabalho nos locais onde estão previstos os
empreendimentos, o que deverá ocorrer desde o início até o término da obra.
Considerando o contingente de mão de obra que afluirá para a bacia, deverá ocorrer uma
demanda de serviços, notadamente nos setores secundário e terciário, para atendimento às
necessidades básicas, hoje precárias ou inexistentes. A localização dos serviços a serem
ofertados deve ser controlada, restringindo-se à porção sul da bacia. A implantação dos
empreendimentos deverá aumentar a receita dos municípios que sediam as obras, trazendo
benefícios gerais à população moradora nas duas margens do rio Jari.

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6 CONCLUSÕES

6.1 QUADRO REFERENCIAL PARA A SUSTENTABILIDADE DA BACIA

O Quadro Referencial para a Sustentabilidade da bacia deve ser entendido como o conjunto
de premissas adotadas para se alcançar um cenário desejável de desenvolvimento sustentável
para a bacia, considerando a implantação dos empreendimentos da alternativa de partição de
queda selecionada nos Estudos de Inventário. Este cenário desejável expressa o
desenvolvimento socioeconômico associado ao princípio de conservação socioambiental29.
Embora a alternativa selecionada seja considerada como a melhor dos pontos de vista técnico,
econômico e socioambiental, a AAI se propõe a investigar os impactos cumulativos e
sinérgicos passíveis de ocorrerem no futuro, em decorrência da implantação e operação dos
aproveitamentos que a compõem. Sistematizado o cenário prospectivo no qual são
identificadas as fragilidades socioambientais decorrentes desse processo, são indicadas
diretrizes e recomendações com dois propósitos básicos: o primeiro visa subsidiar os futuros
estudos e ações dos agentes do setor elétrico para a implantação e operação dos
aproveitamentos hidrelétricos e, o segundo, pretende oferecer contribuições para a atuação
dos organismos públicos responsáveis pela gestão da bacia. Ambos os propósitos são
orientados para a sustentabilidade da bacia.
A preocupação quanto à construção das usinas hidrelétricas está associada aos impactos
negativos oriundos da formação de reservatórios, com a perda permanente da vegetação e
biodiversidade locais, a alteração dos recursos naturais, além dos resultados de investimentos
financeiros, com divisão dos custos e dos benefícios nem sempre satisfatórios do ponto de
vista dos atores envolvidos
Por outro lado, convém lembrar que a energia deve ser considerada como um dos principais
fatores de desenvolvimento socioeconômico, principalmente em regiões isoladas e com perfil
de desenvolvimento humano baixo, em sua grande maioria.

29
O conceito de desenvolvimento sustentável no contexto do planejamento elétrico é baseado em algumas
premissas: “... o meio ambiente deve ser considerado como um capital natural crítico [grifo nosso], sendo esta
noção aplicável tanto ao consumo direto – por exemplo, ar respirável – como a manutenção de um fluxo de
produção – por exemplo, uso de combustíveis fósseis. A primeira vertente está relacionada à análise da
qualidade do recurso e a segunda, à quantidade. Em ambos os casos, as futuras gerações devem contar com
capital natural [grifo nosso] em quantidade e qualidade iguais ou maiores do que as que estão disponíveis para
a presente geração.” (EPE, 2006). Portanto, a sustentabilidade existe quando inserida no contexto do processo de
planejamento, em que os recursos naturais, entendidos como capital natural, são utilizados, de modo a garantir o
sustento em quantidade e qualidade iguais ou superiores às futuras gerações. O conceito do capital natural crítico
é abordado por LENZI (2006) da seguinte forma: “... capital natural crítico [grifo nosso] diz respeito a
materiais, processos ou serviços ambientais que são essenciais à sobrevivência e ao bem-estar humanos e que
não podem ser produzidos pelos seres humanos. O que não impede que eles não possam vir a sofrer o impacto de
nossas práticas ou a ser objeto de nosso controle.” É nesse conceito que os recursos hídricos são concebidos
como capital natural crítico, essenciais à sobrevivência (abastecimento, irrigação, controle de cheia, etc), ao bem
estar humano (energia, navegação, lazer, etc), em que os estudos de Inventário Hidrelétrico das Bacias
Hidrográficas devem considerá-lo para a seleção de alternativas de divisão de queda.

Hydros
EP518.RE.JR204 266

A hidroeletricidade apresenta benefícios e vantagens permanentes, relativamente a outras


fontes de energia: é uma fonte renovável, emissora de baixas quantidades de gases de efeito
estufa, além de fator de contribuição para alavancar outros setores da economia.
Ainda, dentre as fontes renováveis, a hidroeletricidade, além de gerar energia em grande
escala, é a que oferece maior segurança energética. Nesse contexto, deve-se registrar que o
Brasil mantém a hidroeletricidade como base para o seu programa a expansão da oferta de
energia.
Dentre as regiões brasileiras, a região Norte, onde se situa a bacia do rio Jari, é a que
apresenta a maior potencialidade de recursos hídricos ainda não explorados do ponto de vista
do aproveitamento energético. Esta bacia é caracterizada por baixa ocupação antrópica e
presença de extensas áreas protegidas, na forma de Unidades de Conservação e Terras
Indígenas. A implantação dos aproveitamentos selecionados deverá contribuir para o
desenvolvimento socioeconômico na região, se forem consideradas as questões relativas à
sustentabilidade socioambiental.
É importante salientar que se pretendeu formular um quadro referencial de sustentabilidade
adequado às características específicas da bacia. Cabe observar que em outras bacias, as
condições de sustentabilidade podem ser outras, dependendo das suas próprias características,
da época em que são objeto de estudos dessa natureza e até de valores ditados pela sociedade.
O que parece importante é que em cada unidade territorial o desenvolvimento sustentável seja
acolhido por todos os que vivem e/ou atuam na área, de forma direta ou indireta, seja nos dias
atuais, seja considerando-se as gerações futuras. Neste estudo, a proposta do quadro
referencial para a sustentabilidade limita-se ao espaço da bacia, embora se reconheça a
importância de sua inserção num espaço mais amplo.
Espera-se que o desenvolvimento socioambiental da bacia com a implantação dos
aproveitamentos selecionados nos estudos de Inventário seja resultado da conjugação da
dinâmica socioeconômica com as ações de conservação ambiental, de acordo com a
abordagem ora apresentada.
No âmbito da metodologia adotada para esta AAI, o Quadro Referencial para a
Sustentabilidade é o elemento articulador entre os cenários elaborados (Cenário Atual e
Cenário 2030 sem empreendimentos e com empreendimentos) e as Diretrizes e
Recomendações, conforme apresentado na figura a seguir:

Hydros
EP518.RE.JR204 267

Figura 6.1-1 – Quadro Referencial para Sustentabilidade como articulador entre a


comparação de cenários e as diretrizes e recomendações

A partir da comparação entre os três cenários, procurou-se elaborar um quadro referencial de


sustentabilidade que fosse adotado como meta a ser alcançado pela bacia em análise. Isto
significa que situações não sustentáveis decorrentes da implantação dos aproveitamentos
deverão não só ser avaliadas, mas prevenidas, mitigadas e compensadas, por meio do
cumprimento rigoroso de ações planejadas que conduzam ao quadro referencial de
sustentabilidade. Este quadro foi organizado por tema-síntese, muito embora as abordagens
sejam resultantes da interação entre os temas (representado pelas setas pontilhadas). A partir
deste quadro, foram formuladas diretrizes e recomendações que descrevem ações
consideradas essenciais para a consolidação deste Quadro Referencial para a Sustentabilidade
da Bacia. Cada conjunto de diretrizes e/ou recomendações foi organizado por grandes grupos
de agentes intervenientes na bacia, para facilitar a leitura daquele para o qual a diretriz ou
recomendação é endereçada. Em cada conjunto, as diretrizes ou recomendações estão
organizadas por tema-síntese.
O Quadro 6.1-1 a seguir apresenta o referido Quadro Referencial para Sustentabilidade na
bacia do rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 268

Quadro 6.1-1 – Quadro Referencial para Sustentabilidade por Tema-síntese


Tema-
Quadro Referencial
síntese

Referência principal:
Recursos Hídricos e Ecossistemas

Funcionamento dos ecossistemas aquáticos preservado; usos múltiplos com qualidade da


água compatível

Referências específicas:
Aquáticos

- preservação da biodiversidade, em especial no PARNA Montanhas do Tumucumaque;


- conservação das condições de migração da ictiofauna, seja por mecanismos de
transposição, seja pela existência de rotas alternativas;
- qualidade de água: satisfatória nas áreas dos empreendimentos e a jusante;
- conservação da cobertura vegetal e estabilidade dos solos nas margens dos corpos
d’água, em especial dos reservatórios e respectivas APP’s e áreas de várzea;
- compatibilização da geração hidrelétrica com os usos múltiplos dos recursos hídricos
existentes na bacia, especialmente na UHE Santo Antônio do Jari;
- qualidade da água satisfatória nas áreas de exploração dos recursos minerais.

Referência principal:
Integridade do meio físico e preservação da diversidade de Ecossistemas Terrestres
Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

Referências específicas:
- preservação da diversidade florística e faunística nas UCs de Proteção Integral, em
especial no PARNA Montanhas do Tumucumaque;
- manutenção do fluxo gênico das espécies de fauna e flora, através da preservação/
criação de corredores biológicos, principalmente nas áreas de reflorestamento de
eucaliptos e nas áreas de exploração de caulim e bauxita;
- conservação do solo e da paisagem natural, sobretudo nas áreas utilizadas para lavoura,
situadas em regiões de aptidão agrícola regular e baixa, cujo substrato é definido por
latossolos amarelos e gleissolos, requerendo cuidados especiais em relação à erosão;
- promoção da educação ambiental como forma de alcançar o desenvolvimento
sustentável;
- manutenção das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal;
- compatibilização entre a extração de recursos florestais e minerais e a conservação da
flora e da fauna nas UCs de Uso Sustentável.

Hydros
EP518.RE.JR204 269

Tema-
Quadro Referencial
síntese

Referência Principal:
Promoção do desenvolvimento socioeconômico, considerando as gerações futuras

Referências Específicas:
- implementação de empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento
socioeconômico, de modo racional e com a melhor tecnologia disponível, considerando as
condições locais
- ocupação planejada e controlada no entorno dos empreendimentos, em especial nas
Unidades de Conservação;
- otimização na utilização de recursos naturais, considerando a vocação regional e as
potencialidades identificadas em áreas já exploradas e não exploradas;
- acessibilidade aos conhecimentos técnicos avançados, aliados aos financiamentos e
facilitada, em especial, às populações tradicionais;
- respeito às características físicas dos locais em que serão implantados os
aproveitamentos, de modo a evitar processos erosivos. Nas áreas destinadas às lavouras,
oferta de assistência técnica aos produtores rurais em virtude destas se situarem em áreas
Socioeconomia

de aptidão agrícola que variam entre regular e baixa;


- melhoria das condições de vida das populações, identificando as carências futuras,
preservando a identidade cultural e conservando a biodiversidade da região;
- melhoria da infraestrutura básica e dos serviços, como vias de circulação e transporte,
educação, saúde, saneamento, entre outros;
- fixação da população tradicional na bacia, por meio da qualificação profissional (em
especial das populações ribeirinhas e extrativistas), do fortalecimento das cadeias
produtivas, objetivando inseri-los no mercado de trabalho previsto no cenário;
- implementação de políticas públicas dirigidas (i) aos garimpeiros, madeireiros e
trabalhadores rurais que ocuparão as áreas rurais ainda disponíveis em 2030, (ii) à
população urbana que consolidará as áreas urbanas hoje existentes e (iii) à mão de obra
que será desmobilizada ao final das obras das UHEs;
- valorização e resgate da identidade cultural e do patrimônio histórico-cultural,
representado pela beleza cênica do meio natural e dos sítios arqueológicos existentes na
bacia, principalmente nas áreas de empreendimentos, onde haverá inundações;
- gestão integrada das políticas socioeconômicas e ambientais, incorporando os recursos
da compensação financeira oriundos da implantação e operação das UHEs;
- conscientização da população sobre questões de sustentabilidade por meio da promoção
de eventos e projetos de educação socioambiental, em especial da mão de obra, familiares
e populações locais.

Hydros
EP518.RE.JR204 270

Tema-
Quadro Referencial
síntese

Referência Principal
Contribuir para a autonomia da população indígena com direitos preservados nas suas TIs
e conservação dos recursos naturais para a manutenção dos seus modos de vida e unidades
sociopolíticas
Populações Indígenas

Referências Específicas:
- respeito aos limites das TIs Waiãpi, Parque Indígena Tumucumaque e Rio Paru d’Este;
- conservação de recursos naturais suficientes, essenciais para a sobrevivência das
populações indígenas;
- conservação da unidade sociopolítico-cultural de cada povo indígena;
- preservação da diversidade étnica;
- manutenção da saúde da população indígena;
- conservação das culturas e hábitos indígenas;
- conservação da consciência da população indígena quanto a seus direitos e
responsabilidades nas questões relativas às condições socioambientais nas suas respectivas
TIs.

A bacia do rio Jari apresenta consideráveis extensões de áreas legalmente protegidas,


constituídas por seis Unidades de Conservação (sendo três de Proteção Integral e três de Uso
Sustentável) e três Terras Indígenas, as quais juntas ocupam a bacia quase na sua totalidade.
Essa ampla área apresenta bom estado de conservação, sem alterações antrópicas
significativas, condicionando elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas,
tanto da flora quanto da fauna. Entretanto, assim como na quase totalidade da floresta
amazônica, grande parte dessa biodiversidade ainda é desconhecida.
Atualmente, a economia da bacia é praticamente baseada no Projeto Jari, de capitalização
intensa, capacidade de produção e exportação destinada, em sua maior parte, ao exterior.
Ocupa a planície amazônica, na porção sul da bacia e se caracteriza como uma company-
town, com infraestrutura montada especialmente para apoio e escoamento da produção. No
entanto, a maioria da população que compartilha essa área de planície amazônica, reside nas
sedes municipais, nos chamados “favelões” e em algumas áreas rurais de atividades de
subsistência e de extrativismo sazonal, vivendo em condições socioeconômicas precárias.
Desta forma, entendeu-se que o desenvolvimento socioeconômico deve beneficiar a maioria
da população residente na bacia, incluindo suas gerações futuras promovendo, portanto,
condições para um desenvolvimento sustentável.
De acordo com o cenário macroeconômico tendencial, ocorrerá a utilização/exploração
sustentável dos recursos naturais das UCs de Uso Sustentável da bacia. Nestas UCs, as
comunidades ribeirinhas poderão se beneficiar da extração de produtos florestais nos locais
em que esta atividade é permitida, como é o caso da comunidade Iratapuru cuja atividade
básica é a extração da castanha-do-brasil. Nesse sentido, essa atividade econômica deverá
conviver com a desejada conservação da biodiversidade aquática e terrestre nas UCs de Uso
Sustentável. A exploração desses recursos em UCs seria regida por um rigoroso Plano de
Manejo, no qual não só as atividades extrativistas seriam controladas, como também a
ocupação no entorno dos aproveitamentos localizados no interior das UCs. Nesse sentido, a
consolidação deste uso ocorre concomitantemente com a também desejada conservação da
biodiversidade aquática e terrestre nas UCs de Uso Sustentável.

Hydros
EP518.RE.JR204 271

Por sua vez, o controle da ocupação no entorno dos AHEs garantiria a manutenção da
vegetação e da qualidade da água, limitando os impactos dos aproveitamentos àqueles
intrinsecamente relacionados à formação do reservatório; ou àqueles relacionados à
implantação da infraestrutura necessária (e.g., vias de acesso); e não aos associados à
ocupação de seu entorno (e.g., supressão de APP, lançamento de efluentes).
As UCs de Proteção Integral estariam destinadas exclusivamente à proteção dos ecossistemas
naturais. Destaca-se, neste caso, o PARNA Montanhas do Tumucumaque, localizado na área
mais ao norte da bacia, e praticamente intacto com relação à ocupação antrópica.
Nas áreas localizadas fora de limites de UCs, como é o caso da UHE Santo Antônio do Jari,
vislumbra-se uma situação em que o reservatório seja utilizado também para usos múltiplos.
Neste caso, destacam-se a aquicultura, a pesca e o lazer. A ocupação de seu entorno seria
restrita às infraestruturas de acesso e a floresta seria explorada sob regime de manejo
sustentável.
Nas áreas com ocupação antrópica, mas fora da área de influência direta da UHE Santo
Antônio do Jari, prevê-se uma situação em que as florestas, de maneira geral, serão mantidas,
uma vez que são restritas as condições de aptidão agrícola dos solos nessa região. A
conservação destas florestas terá papel imprescindível na conservação do solo e da paisagem
natural. Foram identificadas somente algumas manchas de solos com maior fertilidade em
meio a extensas áreas de solos de baixa fertilidade. Também nessas áreas, as florestas seriam
exploradas sob regime de manejo sustentável. A educação ambiental, neste caso, deverá
cumprir um papel essencial, não só como garantia para a conservação das florestas, como
também para a melhoria das condições de vida da população cuja renda depende desse
extrativismo. Nas áreas destinadas ao reflorestamento de eucaliptos e à exploração mineral,
delineia-se uma situação em que corredores biológicos cumpririam a função da conservação e
manutenção de fluxos gênicos.
A melhoria nas condições de vida poderá ser alcançada pelo desenvolvimento agrícola,
previsto no cenário macroeconômico 2030, juntamente com a implantação dos
aproveitamentos da alternativa selecionada. Para alcançar a sustentabilidade socioambiental
desejada, os empreendimentos deverão ser concebidos e executados segundo processos
racionais de construção e logística e com a melhor tecnologia disponível, respeitando a
biodiversidade existente da região. Desta forma, as áreas do entorno dos reservatórios, na
maioria constituída pelas Unidades de Conservação de Uso Sustentável, deverão ter ocupação
restrita, somente para as necessidades essenciais do empreendimento; e o desenvolvimento de
atividades econômicas deve ser compatível com os objetivos definidos conforme cada
categoria de Unidades de Conservação. Em função das condições socioambientais vigentes, o
quadro referencial procura oferecer subsídios para a formulação de Diretrizes e
Recomendações que orientem a busca pela melhoria de condições de vida das comunidades
que vivem na bacia.

Hydros
EP518.RE.JR204 272

6.2 DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES

Tomando como referência as fragilidades resultantes da incidência dos impactos sobre as


condições de sensibilidade da bacia em 2030, foi montado o Quadro Referencial de
Sustentabilidade que se constituiu na base para a formulação das Diretrizes e Recomendações.
A preservação e conservação dos recursos naturais e do meio ambiente em quantidade e
qualidade suficientes para as necessidades da geração futura não pode estar dissociada da
participação da população. Para tanto, o atendimento às necessidades atuais requer a adoção
de critérios rigorosos para a minimização dos efeitos negativos resultantes da implantação e
operação das usinas hidrelétricas. É nesta fase final dos estudos de Inventário Hidrelétrico, do
qual a AAI é parte integrante, que são apresentadas estas proposições em duas vertentes: a
primeira, Diretrizes, dirigida aos empreendedores e outros agentes do setor elétrico, é
constituída por proposições relacionadas à redução de riscos e incertezas associados aos
efeitos gerados pelos aproveitamentos; a segunda, Recomendações, dirigida a outras entidades
de planejamento e gestão ambiental com atuação na bacia, é constituída por sugestões cujo
propósito é o de contribuir para a conservação da biodiversidade e da riqueza do meio natural
que caracteriza a bacia do rio Jari.
As proposições estão organizadas em três grupos aos quais são dirigidas: em primeiro lugar os
empreendedores, quais sejam, os concessionários dos aproveitamentos hidrelétricos; em
segundo lugar os demais agentes do setor elétrico, públicos e privados, atuantes no
planejamento, na produção e na distribuição da energia elétrica; e, por último, todas as
entidades que atuam na bacia.
Cabe destacar que as proposições apresentadas são consideradas as mais relevantes. Embora
agrupadas por tema-síntese, elas formam um quadro integrado de medidas e ações que se
complementam, podendo ser consideradas adequadas para a escala em que são abordados os
estudos do Inventário Hidrelétrico. As proposições estão associadas a uma legenda cujos
símbolos correspondem aos temas-síntese estudados:

- Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos (RHEA);


- Meio Físico e Ecossistemas Terrestres (MFET);
- Socioeconomia (SE);
- Populações Indígenas (PI).

Sempre que uma proposição tiver relação com dois ou mais temas-síntese, esta apresentará
mais de um símbolo.
Para maior objetividade dessas interações, foram também concebidas outras proposições em
função de lacunas percebidas, como por exemplo, a gestão e o acompanhamento integrado de
ações, lacuna esta que poderia ser preenchida pela atuação de agências de bacia, ainda
inexistentes na maior parte das sub-bacias amazônicas.
Destaca-se, ainda, que as diretrizes e recomendações são contribuições ao processo de
licenciamento, não lhes cabendo a indicação de licenciamento deste ou daquele
aproveitamento. Esta é uma atribuição exclusiva dos órgãos de licenciamento e dos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente.
São apresentadas a seguir as Diretrizes e Recomendações, acompanhadas de justificativas, da
indicação de instituições envolvidas, do período de aplicação e de sua abrangência espacial.
Hydros
EP518.RE.JR204 273

Algumas diretrizes e recomendações tiveram seu período de aplicação definidos pelas


diferentes fases, desde a fase de planejamento até a de operação. A primeira fase, comumente
denominada de planejamento, é a fase de Planejamento da Expansão da Oferta de Energia
Elétrica que inclui as seguintes etapas: Estudos de Inventário do Potencial Hidrelétrico da
Bacia, Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica e Estudo de Impacto Ambiental do
Aproveitamento. A segunda fase é a de Licitação/Concessão que inclui a etapa de Projeto
Básico. A terceira fase comumente denominada de execução é a de Implantação e a última
fase também denominada de distribuição é a de Operação.

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EP518.RE.JR204 274

6.2.1 DIRETRIZES AOS EMPREENDEDORES/ CONCESSIONÁRIOS

6.2.1.1 Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

• Adoção de medidas que permitam o uso múltiplo do reservatório da UHE Santo


Antônio do Jari

O uso múltiplo da água foi uma das premissas adotadas na elaboração do Plano Nacional de
Recursos Hídricos. A implantação de um reservatório cuja finalidade principal é a geração de
energia oferece numerosas possibilidades de usos múltiplos. No caso da bacia do rio Jari, a
formação de reservatórios em regiões em que se prevê expansão da atividade de silvicultura
pode ser um facilitador para implantação de sistemas de irrigação. Além disso, a aquicultura
pode servir como complemento à renda das famílias de extrativistas. No caso do
aproveitamento Santo Antônio do Jari é imprescindível que as atividades de lazer e turismo
associadas à cachoeira Santo Antônio sejam mantidas. Os demais aproveitamentos da bacia
(Urucupatá, Carecuru e Açaipé) não estão contemplados por esta diretriz, pois estão inseridos
em Unidades de Conservação e qualquer outro uso além da geração de energia para o
reservatório dependerá do Plano de Manejo de cada unidade.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Avaliar métodos e adoção de uma rotina de operação da usina Santo Antônio do


Jari que permita o uso múltiplo do reservatório, realizando acordos com organizações
representativas da bacia e da região, para promover a irrigação, a dessedentação animal,
o lazer, a aquicultura e a pesca;
• Implantar um sistema de monitoramento participativo da qualidade da água, por
meio de programas de educação ambiental, pois a manutenção da qualidade de água é
mais eficiente com a colaboração dos usuários;
• Promover atividades de visitação e lazer no reservatório em períodos
determinados, associadas a cursos e outros eventos, com distinção de públicos alvo,
podendo ser estendidos a escolas, associações locais, etc. Estas atividades podem
contribuir para a promoção da consciência socioambiental da população;

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições locais de pesquisa e universidades, ONGs, prefeituras.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área de influência direta do aproveitamento

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• Manutenção do processo migratório e reprodutivo de peixes

O represamento de rios sem a implantação de alternativas de manutenção de rotas migratórias


pode gerar impactos ambientais e econômicos, uma vez que as barragens podem impedir total
ou parcialmente o movimento dos peixes, afetando o recrutamento e, consequentemente, a
disponibilidade de pescado.
O estudo sobre rotas migratórias na Amazônia ainda se restringe a poucas espécies. No rio
Jari, a cachoeira Santo Antônio do Jari constitui uma barreira natural à migração de peixes.
Por este motivo, o projeto básico da UHE Santo Antônio do Jari, que se encontra em estágio
mais avançado de projeto e já obteve licença ambiental prévia, não contemplou um
mecanismo de transposição de peixes. Assim, pode-se concluir que a implantação dos AHEs
localizados a montante da UHE Santo Antônio do Jari (Urucupatá, Carecuru e Açaipé)
também não terão efeito sobre migrações de longa distância.
Deslocamentos de médias e curtas distâncias, por outro lado, podem ser afetados pela
implantação desses AHEs. É necessário, portanto, que estudos sejam desenvolvidos para que
sejam tomadas medidas adequadas para a manutenção desses deslocamentos.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Avaliar e adotar técnicas que viabilizem a manutenção do processo migratório e


reprodutivo de peixes, seja por mecanismos de transposição, seja pela identificação e
manutenção de rotas alternativas;
• Monitorar os deslocamentos, para avaliação da eficiência das medidas tomadas, com
retroalimentação para aprimoramento dos métodos adotados.

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa locais e universidades.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Bacia, a montante da cachoeira Santo Antônio do Jari

• Preservação das margens e controle de processos erosivos

A bacia do rio Jari, apresenta, a grosso modo, boa parte de seu território recoberto por
Argissolos e Latossolos, numa faixa que se estende do noroeste ao sudeste da bacia. Apenas
na porção sul é que se observa a ocorrência de Gleissolos e Neossolos Litólicos. De modo
geral, os latossolos se caracterizam por serem bastante desenvolvidos e porosos, apresentando
pequena descontinuidade textural entre seus horizontes, sendo pouco susceptíveis à erosão. Já
os Argissolos se destacam por apresentarem grande descontinuidade textural entre seus
horizontes, com acúmulo de argila em seu horizonte B, o que os torna bastante susceptíveis à
erosão. Ao se levar em conta que a implantação do AHE Urucupatá ocorrerá em área de
Latossolos, os riscos de desencadeamento de processos erosivos são pouco prováveis. Porém,
as implantações das UHE’s Santo Antônio do Jari e Açaipé ocorrerão em áreas de Argissolos
e ao se levar em conta a área da UHE Açaipé (aproximadamente 333 km²), torna-se

Hydros
EP518.RE.JR204 276

necessário o controle da erosão em diferentes pontos das vertentes próximas a estes


aproveitamentos.
A vegetação marginal cumpre um importante papel no controle dos processos erosivos e é
extremamente importante para a manutenção dos ecossistemas aquáticos. Para a
compatibilização dos usos múltiplos do reservatório da UHE Santo Antônio do Jari com a
preservação da vegetação marginal, torna-se necessário um controle rigoroso da ocupação do
entorno do reservatório.
Nos reservatórios de regularização, como é o caso de todos os AHEs previstos, as áreas que
ficarão sujeitas às flutuações nos níveis d’água merecem especial interesse, pois o controle
dos processos erosivos nas margens dependerá da manutenção da cobertura vegetal nessas
áreas.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Controlar a ocupação na área de preservação permanente no entorno do


reservatório da UHE Santo Antônio do Jari, de modo que a APP possa cumprir os
objetivos a que foi precipuamente destinada: o de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e da flora,
proteger o solo e assegurar o bem estar das populações futuras;
• Recuperar áreas degradadas no entorno dos reservatórios;
• Desenvolver estudos acerca de processos erosivos e adoção de técnicas que
minimizem esses processos;
• Monitorar e controlar a cobertura vegetal nas áreas sujeitas a flutuações nos níveis
d’água dos reservatórios;

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, SEMAs
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área do aproveitamento

• Minimização de impactos a jusante

A alteração no transporte de sedimentos dos cursos d’água é inerente aos aproveitamentos


hidrelétricos e está associada à mudança na velocidade de escoamento nos corpos hídricos em
função da barragem, da formação do reservatório e das regras de operação das usinas. Os
efeitos da alteração no transporte de sedimentos não são apenas localizados e podem se
estender a montante e a jusante do reservatório.
A alteração no regime de vazões, por sua vez, é inerente aos aproveitamentos com
regularização de vazões. Durante a operação de uma UHE, podem ocorrer períodos de
redução da vazão defluente no trecho de rio a jusante da barragem. Nesses casos, a biota
aquática que depende da sazonalidade nos níveis d’água pode sofrer interferências. Como
apontado acima, todos os AHEs previstos para a bacia apresentam reservatórios de
regularização, muito embora o tempo de recomposição do volume útil de todos seja baixo.

Hydros
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Vale ressaltar que a jusante da UHE Santo Antonio há influência do regime hidrológico do rio
Amazonas e da maré sobre as flutuações de nível d’água, porém, nos trechos entre
aproveitamentos da cascata, pode-se minimizar os efeitos nas vazões gerenciando a operação
dos reservatórios de montante.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Monitorar o transporte e da retenção de sedimentos nos reservatórios;


• Desenvolver estudos de processos biológicos que possam sofrer influência da
variação natural do regime de vazões;

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, SEMAs, universidades.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área do aproveitamento e região a jusante

6.2.1.2 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

• Fauna e Flora

A bacia hidrográfica do rio Jari faz parte da matriz florestal amazônica. Devido à baixa
ocupação da bacia, apresenta-se altamente preservada. Esse alto grau de preservação
condiciona elevada riqueza e grande diversidade de espécies encontradas, tanto da flora
quanto da fauna. Entretanto, assim como a maior parte da floresta amazônica, grande parte
dessa biodiversidade ainda é desconhecida.
Tendo em vista que as florestas amazônicas compõem um dos mais diversos ecossistemas
mundiais e que a bacia apresenta elevado grau de preservação de seus habitats, parte da
biodiversidade regional poderá ser alterada ou perdida com a supressão de trechos de sua
cobertura vegetal. Desse modo, é importante que sejam adotadas as diretrizes a seguir
discriminadas:

• Apoiar e subsidiar os estudos e pesquisas de inventário florístico e faunístico.


Realizar levantamento de caso e avaliação de impactos ambientais, de modo a obter um
quadro de conhecimento técnico suficiente para a recomposição de espécies florísticas e
conservação das espécies faunísticas retiradas. Estas medidas contribuirão para a
ampliação e aprofundamento do conhecimento técnico da flora e da fauna, pouco
conhecidas nesta região;
• Levantar e monitorar a fauna e flora de fragmentos formados pelo aproveitamento e
área de entorno dos reservatórios. Além de fornecer informações para as pesquisas de
inventário, este procedimento permitirá a recomposição da flora nativa na área de
entorno do reservatório e a conservação das espécies da fauna local;

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EP518.RE.JR204 278

• Manter e/ou implantar corredores de dispersão biológica, principalmente nas áreas de


influência dos aproveitamentos, para que haja manutenção do fluxo gênico entre as
espécies;
• Implementar programas de recuperação de áreas degradadas no entorno do
reservatório, como áreas de empréstimo e áreas ocupadas por vilas residenciais;
• Planejar a localização e organização de canteiros de obras, vilas dos operários e
das vias de acesso aos aproveitamentos de forma a minimizar os impactos dos AHEs.

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, universidades, ONGs, Ministério do Meio
Ambiente.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e área da bacia como um todo.

• Controle e planejamento da supressão de vegetação

A supressão da vegetação da área para implantação das obras e formação do reservatório


corresponde a um evento de grande importância no que se refere aos impactos nos
ecossistemas terrestres, dado seu caráter irreversível e permanente. Reflete de forma mais
direta impacto do aproveitamento sobre a biodiversidade, uma vez que implica em destruição
de habitats e, portanto, de flora e fauna a eles associados. Portanto, algumas medidas devem
ser tomadas, de modo a minimizar esses efeitos, conforme as diretrizes a seguir:

• Realizar um estudo prévio da área a ser desmatada para a implantação do


aproveitamento considerando-se que: (i) regiões acima do nível máximo normal do
reservatório constituirão áreas emersas (ilhas) que não devem ser desmatadas, (ii)
algumas áreas que ficarão submersas podem ser mantidas com vegetação para garantir
ambiente heterogêneo necessário para a reprodução da fauna aquática.
• Realizar a supressão da vegetação partindo-se da região central para as bordas, de
modo que a fauna possa se refugiar em áreas mais distantes do aproveitamento;
• Garantir que a supressão seja feita de maneira que a madeira possa ser aproveitada
para comercialização, com os devidos certificados de origem.

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, universidades, ONGs, indústrias
madeireiras, Ministério do Meio Ambiente.
Período de Aplicação: Planejamento Licitação/Concessão e Implantação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e área da bacia como um todo.

Hydros
EP518.RE.JR204 279

• Áreas Legalmente Protegidas

A bacia conta com considerável extensão de áreas legalmente protegidas, constituída por seis
Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, as quais, juntas, ocupam a bacia quase na
sua totalidade. Excetua-se a porção sul, onde áreas protegidas estão praticamente ausentes,
porém, em função da sua importância biológica, é considerada prioritária para a conservação
da biodiversidade.
A existência dessas áreas legalmente protegidas é de suma importância para a manutenção da
alta diversidade existente na bacia. Portanto, algumas medidas devem ser tomadas, de modo a
garantir a conservação dessas áreas, conforme a diretriz a seguir:

• Auxiliar na manutenção e conservação das áreas protegidas, levantando dados e


informações necessárias para elaboração dos planos de manejo das unidades de
conservação, principalmente para aquelas em que é permitida a exploração de recursos
naturais;

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, universidades, ONGs, Ministério do Meio
Ambiente.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e área da bacia como um todo.

6.2.1.3 Socioeconomia

• População Afetada

As áreas afetadas pelos aproveitamentos concentram-se na porção central da bacia, ocupada


quase que exclusivamente por Unidades de Conservação. Nestas UCs a atividade econômica
desenvolvida pela população é o extrativismo vegetal sazonal e esporádico.
As Unidades de Conservação, em que se localizam os aproveitamentos (FLOTA do Paru e
RDS Iratapuru), são de posse e domínio público, possibilitando, entretanto, o uso regulado da
área pelas populações tradicionais.
Nessas UCs, há poucas comunidades. Parte da população destas comunidades vive junto aos
rios, mantendo residências de apoio, enquanto muitas vezes o restante da família permanece
em outras localidades ou sedes municipais. A atividade econômica está voltada para a
exploração sazonal de castanha-do-brasil, açaí, palmito de buriti, andiroba, copaíba e camu-
camu, que possuem valor comercial.

Hydros
EP518.RE.JR204 280

Atualmente 5 comunidades manifestaram interesse na exploração dos recursos naturais na


RDS Iratapuru, onde existem investimentos de fontes nacionais e internacionais30. As
comunidades trabalham respeitando os ciclos naturais, sob a orientação de organizações
governamentais e não governamentais e encaminham seus produtos para as sedes
municipais31.
Desta forma, a perda de áreas com recursos naturais, que constituem a base de sustento para a
parcela da população que será afetada, mesmo que reduzida, pode criar problemas de ordem
material e alterações na rede de relacionamento entre comunidades. Daí poderão ocorrer
conflitos, cuja responsabilidade para seu equacionamento caberá ao concessionário. Esses
conflitos poderão se agravar, caso a população afetada seja ignorada ou não tratada de forma
devida pelo concessionário.
O concessionário deverá dispender todo seu esforço para o remanejamento da população
afetada, para nova área, com condições iguais ou melhores do que as encontradas
originalmente.
Outro fator importante é que o processo de remanejamento ocorra de forma transparente e
negociada. Nesse sentido, é importante que o concessionário conheça não só os valores e os
sistemas de produção, assim como as particularidades dos modos de vida da população
afetada. Informações dessa natureza poderão ser obtidas nos órgãos públicos e associações de
classes, sendo essencial o contato in loco com a comunidade afetada.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:

• Realizar pesquisas detalhadas sobre a disponibilidade de recursos naturais que servem


de base de sustentação da comunidade afetada. Essas pesquisas deverão aprofundar o
conhecimento sobre o sistema, a quantidade e o valor da produção, os modos de vida e
as redes de relacionamento, de modo a buscar a recomposição da estrutura social e da
capacidade produtiva das comunidades afetadas;
• Realizar acordos com a população afetada estabelecendo regras claras e transparentes
para a seleção dos locais das áreas de remanejamento, considerando as necessidades de
infraestrutura e serviços;

30
http://www.socioambiental.org/UC/1350/ambiental acesso em 05.11.10
31
No caso da comunidade São Francisco do rio Iratapuru (RDS Iratapuru), a maioria dos trabalhadores tem
residência fixa na sede municipal de Laranjal do Jari, onde vivem seus familiares. A comunidade, que possui
cerca de 200 pessoas, conta com assistência técnica e financeira de organizações não governamentais,
notadamente do setor de cosméticos, como, por exemplo, da Natura. Conta com a infraestrutura necessária para a
permanência dos trabalhadores e pequeno grupo de familiares (8 famílias), além do posto do IBAMA. Este
acompanha a vida da população e possui instalação para acomodação de pesquisadores na UC. Os produtos
naturais da área, coletados pela comunidade recebem beneficiamentos nas próprias instalações da Cooperativa
Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru – COMARU, implantada na UC, para serem encaminhados
às sedes municipais e depois para Belém. Esta cooperativa é a única organização formal da RDS.
Outro exemplo da comunidade que vive na beira do rio, embora não pertencente à UC, é a Comunidade
Cachoeira Santo Antônio, localizada a jusante da cachoeira Santo Antônio. Esta comunidade, de cerca de
27 famílias, apresenta uma organização social e política bem estruturada cujo líder, eleito pela comunidade, faz
as articulações internas e externas de modo a atender as necessidades da população. Esta comunidade vive no
sistema de cooperação mútua, por meio da agricultura de subsistência e do extrativismo vegetal. Complementa
as suas necessidades por meio das mercadorias disponíveis nas sedes municipais. Cabe destacar que as
instalações e os serviços básicos (educação e saúde) são muito bons, por terem sido implantados pela Jari
Celulose, como compensação pela implantação da futura usina hidrelétrica na cachoeira Santo Antônio.

Hydros
EP518.RE.JR204 281

• Criar parcerias com órgãos públicos e associações de classe, de modo a otimizar


recursos financeiros, materiais e humanos para o processo de remanejamento;
• Oferecer alternativas de remanejamento para a população afetada, como, por
exemplo, a troca de áreas dentro da própria UC ou em outra UC, sempre sob orientação
de um plano de manejo;

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, ICMBio, órgãos estaduais de meio ambiente, associações de
produtores rurais, cooperativas locais e futuro Comitê de Bacia
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão e Implantação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento, e a bacia como um todo de modo a
selecionar o novo local de “remanejamento”.

• Comunicação Social

Muitas das dificuldades entre populações afetadas podem se tornar conflitos, devendo ser
evitados ou minimizados se o canal de relacionamento entre o concessionário e a sociedade
local for suficientemente eficaz. É importante que a população que vive de extrativismo
vegetal tenha conhecimento do aproveitamento de forma correta, sobretudo de seus efeitos
negativos e dos programas de compensação e mitigação concebidos para as etapas de
implantação e operação da usina. Possíveis benefícios poderão também ser obtidos por meio
de negociações entre o concessionário e a comunidade.
O conhecimento prévio do aproveitamento expressa a importância do respeito que o
concessionário/empreendedor, neste caso entendido como promotor de estudos e proprietário
do aproveitamento, tem com a população afetada. Embora a usina seja de interesse nacional, a
população local deve ser notificada através dos meios de comunicação disponíveis,
especialmente da comunicação direta e pessoal, quando de sua implantação efetiva.
Outro fator importante no relacionamento com a comunidade é a coerência e a transparência
das informações em todas as etapas de implantação da usina, de modo a evitar boatos e
interpretações duvidosas. É importante inclusive a compreensão por parte da população
quanto à limitação técnica e até mesmo legal que o concessionário tem para solucionar alguns
problemas fora de sua alçada. A solução mais interessante é sempre a articulação e a
harmonização de interesses entre os setores envolvidos.
Por fim, mesmo após a implantação da usina, o canal de comunicação deve permanecer
aberto, no sentido de evitar eventuais problemas não previstos.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:

• Preparar as equipes contratadas e suas respectivas famílias por meio da comunicação


social (cursos, seminários e cartilhas sobre educação ambiental abordando as finalidades
das UCs e o processo de implantação de usinas hidrelétricas), de modo a prevenir e
minimizar eventuais problemas e conflitos entre estes e a população afetada;
• Promover a comunicação social (cursos, seminários e cartilhas sobre educação
ambiental abordando as finalidades das UCs e o processo de implantação de usinas

Hydros
EP518.RE.JR204 282

hidrelétricas) para a população diretamente afetada, e suas respectivas famílias, e todo o


restante da população da bacia, de modo a prepará-los para uma nova situação de vida
durante a implantação e a operação da usina hidrelétrica;

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, ICMBio, órgãos estaduais de meio ambiente, associações de classe
e de produtores rurais, universidades e ONGs, futuro Comitê de Bacia.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Área afetada pelo aproveitamento e na bacia

• Integração do Aproveitamento ao seu Entorno

A implantação de aproveitamentos hidrelétricos deve estar em consonância com a paisagem


natural e as necessidades e interesses da população local, em especial a tradicional. O
primeiro aspecto diz respeito à importância de tratamento paisagístico adequado do entorno
do aproveitamento, de modo a promover a integração da usina com a paisagem.
O segundo aspecto diz respeito ao reservatório da usina que prevê diversos usos, além da
geração de energia, apresentados nos usos múltiplos dos estudos de Inventário Hidrelétrico.
Estes usos exigem normas especiais de ocupação do entorno, não só para garantir a segurança
da usina hidrelétrica, mas também a segurança da população que vive e usa as áreas do
entorno.
Essas normas de ocupação devem estar em consonância, não só com o Plano de Manejo das
respectivas UCs, como também atender, na medida do possível, com os interesses e
necessidades da população local. Para tanto, programas socioambientais devem ser elaborados
de comum acordo com todos os segmentos sociais envolvidos.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:

• Promover a integração harmônica do aproveitamento com o seu entorno imediato,


em consonância com o Plano de Manejo, e preservar a paisagem cujos elementos se
caracterizem como patrimônio natural da região;
• Promover a integração do empreendimento com as o atendimento às necessidades e
interesses locais, em especial da população tradicional, por meio da cooperação entre o
concessionário e as instituições locais, tais como prefeituras municipais, associações de
populações tradicionais, órgãos públicos relacionados ao lazer e turismo, etc.;
• Criar mecanismos de fiscalização e controle dos usos e práticas não permitidos do
reservatório;
• Criar incentivos para os usos sustentáveis dos reservatórios, relacionados com a
promoção da educação socioambiental.

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, prefeituras municipais, universidades e ONGs.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação

Hydros
EP518.RE.JR204 283

Abrangência: Aproveitamento e seu entorno imediato

• Resgate e Preservação da Identidade Cultural da População

A despeito da realização de eventos diversos para prestar informações acerca do


aproveitamento à população local, eventualmente alguns projetos desconsideram a opinião
dessa população em questões que podem levar ao seu aprimoramento. Esta situação pode
resultar na falta da identificação da população com o aproveitamento, acarretando até mesmo
o descompromisso com a manutenção e conservação do mesmo e seu entorno.
Considerando que a bacia do rio Jari tem um histórico de ocupação indígena e que a
delimitação de Terras Indígenas é relativamente recente, é muito alta a probabilidade de se
encontrarem sítios arqueológicos nas áreas dos reservatórios e seus entornos imediatos. Desta
forma, é importante o acompanhamento de especialistas de arqueologia em cada etapa de
desmatamento e escavação para execução do aproveitamento. Deverão fazer o
reconhecimento e salvamento adequado dos objetos identificados de valor arqueológico, para
contribuir com o processo de resgate da história da bacia e dos diferentes povos que a
ocuparam e nela perambularam.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:

• Realizar a identificação dos principais personagens da história da bacia, bem como


dos principais colaboradores da região na construção da usina hidrelétrica, inserindo-os
na concepção do projeto;
• Conceber projetos cujos arranjos considerem a preservação do patrimônio natural,
constituído por belezas cênicas encontradas na bacia e mencionadas nos estudos;
• Identificar o patrimônio arqueológico da região, em especial da área de intervenção
da usina, com o acompanhamento de especialistas, de modo a realizar o salvamento de
objetos de forma adequada para a identificação e catalogação, contextualizando-os na
história;
• Promover atividades periódicas de visitação e lazer, associadas com cursos e
seminários, com distinção de públicos alvo, podendo essa atividade ser estendida a
escolas, associações locais, etc.

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, governos municipais e estaduais, FUNAI, IPHAN, universidades,
ONGs e associação de classes.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão e Implantação
Abrangência: Aproveitamento e seu entorno imediato

Hydros
EP518.RE.JR204 284

6.2.2 DIRETRIZES AO SETOR ELÉTRICO

• Articulação do Setor Elétrico com outros Setores

O relacionamento do setor elétrico com outros setores, nos diversos níveis (federal, estadual,
municipal e a sociedade civil), é essencial para o êxito na implantação de usinas hidrelétricas.
A articulação se faz ainda mais necessária para o caso dos aproveitamentos hidrelétricos da
alternativa selecionada, uma vez que se localizam na região amazônica, em especial, em áreas
de proteção legal. Esta articulação é necessária, sobretudo, para a compatibilização de
interesses relativos às necessidades energéticas nacionais e regionais e à preservação dos
recursos naturais e da biodiversidade da Amazônia.
A falta ou insuficiência de entendimentos com outros setores, para o caso das usinas
hidrelétricas em pauta, em especial quanto ao atendimento às questões relativas à
sustentabilidade socioambiental, incorrerá na possibilidade de não aproveitamento do
potencial energético dos aproveitamentos identificados nos estudos de Inventário
desenvolvidos pelo setor elétrico.
As articulações com outros setores referem-se a todos os temas-síntese apresentados neste
trabalho, devido à interdependência entre eles. Um dos aspectos considerados importante é o
compromisso do setor elétrico com o entorno do reservatório. O monitoramento do entorno,
que deverá fazer parte da definição do Plano de Manejo, de responsabilidade do ICMBio,
exige a elaboração do PACUERA - Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de
Reservatório Artificial. O objetivo deste planejamento será de coibir a ocupação desordenada
e indesejada, associada ao desencadeamento de outros efeitos negativos indesejáveis.
Tendo em vista o interesse do setor elétrico na implantação de aproveitamentos hidrelétricos,
dentro do quadro referencial para sustentabilidade socioambiental, entende-se que todos os
programas relativos aos aspectos socioambientais serão formulados na etapa dos estudos de
viabilidade técnica e econômica/EIA. Nesta etapa, cabe ainda ao setor elétrico, por atribuição
legal, realizar gestões junto a órgãos ambientais e demais entidades diretamente envolvidas
com o processo de licenciamento ambiental, visando a obtenção da LP. Esta é também a
oportunidade para promover a integração necessária entre os diversos interesses setoriais.
Nesse sentido, é importante que sejam adotadas as seguintes diretrizes:

• Estimular a articulação entre as entidades envolvidas com o processo de


licenciamento no sentido de buscar atuações integradas, que facilitem e enriqueçam os
estudos socioambientais que subsidiem o licenciamento ambiental;
• Promover a construção de um banco de dados socioambientais integrado, tendo
por base estudos sobre o potencial hidrelétrico brasileiro que possa servir de subsídios
não só para o planejamento da expansão da oferta de energia, como para os estudos
destinados ao licenciamento ambiental dos aproveitamentos selecionados nos estudos de
inventário;
• Criar cadastros integrados de trabalhadores, que participaram direta ou
indiretamente da implantação de aproveitamentos hidrelétricos preferencialmente de
uma mesma bacia (associações de classe, como, por exemplo, ABRAGE - Associação
Brasileira das Grandes Empresas Geradoras de Energia Elétrica, ABRATE -,

Hydros
EP518.RE.JR204 285

Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica), de


modo a promover a sua qualificação e facilitar a sua reinserção no mercado de trabalho.

Instituições Envolvidas:
MME, EPE, ANEEL, IBAMA, Secretarias Estaduais e Municipais de Planejamento e Meio
Ambiente e futuro Comitê de Bacia
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Bacia Hidrográfica

6.2.3 RECOMENDAÇÕES AOS DEMAIS ATORES RELACIONADOS À BACIA DO RIO


JARI

6.2.3.1 Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos

• Criação do Comitê de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do rio Jari

De acordo com a Política Nacional dos Recursos Hídricos, o planejamento e gestão dos
recursos hídricos de uma bacia hidrográfica devem ser orientados por um comitê
interdisciplinar e multisetorial, que possa compatibilizar os usos múltiplos dos recursos
hídricos da bacia.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Criar o Comitê da Bacia do Rio Jari, com a finalidade de realizar a gestão da


bacia, privilegiando a compatibilização dos usos múltiplos, por meio da elaboração do
Plano de Bacia

Instituições Envolvidas:
ANA, órgãos setoriais, e empreendedores
Período de Aplicação: Logo após a aprovação dos Estudos de Inventário Hidrelétrico da
Bacia do Jari.
Abrangência: Bacia

• Aumento da rede de monitoramento fluviométrico e pluviométrico

Conforme destacado no Inventário Hidrelétrico, foi registrada a escassez de dados e


informações fluviométricas nos cursos d’água da bacia para estudos hidrometeorológicos.

Hydros
EP518.RE.JR204 286

Nesse sentido, recomenda-se:

• Instalar, manter e operar estações fluviométricas e pluviométricas nos rios da bacia a


fim subsidiar os estudos e projetos futuros, adicionando uma maior confiabilidade e
consistência aos estudos realizados, observando o disposto na Resolução conjunta
ANA/ANEEL 03/2010.

Instituições Envolvidas:
ANA
Período de Aplicação: Ínício o quanto antes, com manutenção e operação no longo prazo
Abrangência: Bacia

• Monitoramento da qualidade da água

A consolidação de usos múltiplos da água na bacia requer o monitoramento dos padrões de


qualidade da água para que sejam identificadas as possíveis fontes de poluição, que, por sua
vez, podem comprometer os usos múltiplos dos recursos hídricos.
O monitoramento deve ser permanente, e os pontos de coleta devem estar distribuídos por
toda a bacia, dada a relativa carência de dados de qualidade da água na área central e norte da
bacia do rio Jari. Na área sul da bacia, a SEMA/AP já conta com rede de monitoramento de
qualidade da água. Com a implantação dos AHEs, o acesso ao rio Ipitinga, por exemplo, será
facilitado, de modo que torna-se possível a instalação de um ponto de coleta neste rio.
Considera-se importante, também, o acesso fácil do público em geral a tais dados e a
integração de dados de qualidade da água ao Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos, conforme previsto no Plano Nacional de Recursos Hídricos. Do ponto de
vista técnico, a integração de dados de qualidade da água levantados por diferentes
instituições permite uma análise mais consistente, além de representar otimização de recursos
públicos para a obtenção de tais dados. No que se refere ao acesso do público aos dados,
destaca-se a importância da divulgação, em linguagem de fácil entendimento, das condições
de qualidade da água na área da cachoeira Santo Antônio, um importante local de lazer e
turismo da região.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Implantar uma rede de monitoramento e controle da qualidade da água integrada


com a rede de monitoramento fluviométrico;
• Disponibilizar dados relativos à qualidade da água em linguagem de fácil acesso
através da rede internet;

Instituições Envolvidas:
ANA, SEMAs.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção e operação no longo prazo

Hydros
EP518.RE.JR204 287

Abrangência: Área central da bacia

• Saneamento básico dos municípios da bacia

A Amazônia é a região menos estruturada em termos de saneamento básico, e nos municípios


da bacia do rio Jari a situação não é diferente. Os bairros Beiradão em Laranjal do Jari e
Beiradinho em Vitória do Jari merecem atenção especial por constituírem grandes favelas
fluviais. Em todos os municípios há carência de pleno atendimento dos serviços de
abastecimento de água, de coleta de esgoto e de resíduos sólidos.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Aumentar os serviços de abastecimento, tratamento de esgotos e disposição de


resíduos sólidos nos municípios da bacia.

Instituições Envolvidas: Governos federal, estadual e prefeituras municipais


Período de Aplicação: Início o quanto antes
Abrangência: Bacia do Jari

• Educação Ambiental voltada para o uso sustentável dos recursos hídricos

A educação ambiental é o instrumento fundamental de articulação regional e auxilia na


minimização de possíveis conflitos pelo uso da água. Além disso, a educação ambiental pode
melhorar as condições de vida das pessoas quando esta educação se reflete nos costumes, em
especial no caso da população residente nos bairros do Beiradão e Beiradinho.
Nesse sentido, recomenda-se:

• Realizar parcerias nos programas de educação ambiental voltados aos recursos


hídricos com os programas de educação ambiental.

Instituições Envolvidas:
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Prefeituras, ONGs, comunidades tradicionais,
escolas, instituições de pesquisa locais, universidades e futuro comitê da bacia.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção das atividades no longo prazo
Abrangência: Área da bacia, em especial onde predominam os grupos sociais mais carentes.

Hydros
EP518.RE.JR204 288

6.2.3.2 Meio Físico e Ecossistemas Terrestres

• Conhecimento da fauna e flora

O alto grau de preservação da bacia do rio Jari é responsável por sua elevada riqueza e grande
diversidade de espécies de flora e fauna. Muitas vezes essa biodiversidade é desconhecida,
devido à escassez de estudos na bacia, para a qual são propostas as diretrizes:

• Criar um banco de dados, integrado com outros bancos de dados, com as


informações disponibilizadas neste estudo e em estudos complementares realizados pelo
empreendedor e por órgãos relacionados ao meio ambiente, cuja alimentação pode
subsidiar estudos futuros, bem como medidas de manejo;
• Realizar Inventários Biológicos especialmente na porção central da bacia. A bacia
do rio Jari apresenta deficiência de dados referentes à ocorrência de espécies. A maioria
dos levantamentos foi realizada na parte sul da bacia, tendo ocorrido somente um evento
no qual houve coleta na parte norte da bacia. A realização desses inventários poderia ser
concomitante à elaboração dos Planos de Manejo das Unidades de Conservação.

Instituições Envolvidas:
Instituições de pesquisa, universidades, ONGs, Ministério do Meio Ambiente.
Período de Aplicação: Início o quanto antes
Abrangência: Área da bacia como um todo

• Áreas de interesse conservacionista

Determinadas áreas são reconhecidamente relevantes para a conservação da biodiversidade


por apresentarem características socioambientais de interesse ecológico, espécies endêmicas
ou ameaçadas.
A bacia do rio Jari apresenta consideráveis extensões de áreas legalmente protegidas,
constituídas por seis Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, que, juntas, ocupam a
bacia quase na sua totalidade. Além disto, em sua porção sul, em que áreas protegidas estão
praticamente ausentes, existem diversas propostas de implantação de Áreas Prioritárias para
Conservação da Biodiversidade (APCBs).
Nesse sentido, recomenda-se:

• Elaborar estudos que possam fornecer subsídios para a elaboração de Planos de


Manejo das Unidades de Conservação próximas aos aproveitamentos;
• Incentivar a população na proposição e monitoramento das UCs, de modo a garantir
uma maior participação da sociedade na proteção do meio ambiente;

Hydros
EP518.RE.JR204 289

• Reavaliar sistematicamente as propostas de APCBs, com aprofundamento de


estudos que confirmem ou descartem a necessidade de criação de áreas a serem
protegidas ou reguladas.
• Promover estudos em áreas objetos de proteção dos recursos naturais, mas de
interesse público para implantação de aproveitamentos, como subsídio à discussão sobre
alteração de seus limites ou desafetação32

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias, instituições de pesquisa, Universidades, ONGs, Ministério do
Meio Ambiente.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção das atividades no longo prazo
Abrangência: Unidades de Conservação e Áreas Prioritárias para Conservação da
Biodiversidade.

• Controle da pressão antrópica sobre os recursos naturais

A bacia em estudo apresenta uma ocupação humana incipiente e localizada em sua porção sul.
Com as mudanças decorrentes da implantação das obras, é provável que se intensifique o
ainda incipiente processo de fragmentação da vegetação da região. Além dos processos
impactantes associados aos reservatórios, ressalta-se que outros processos impactantes
ocorrerão como, por exemplo, instalação de canteiro de obras e infraestrutura associadas e,
consequentemente, aumento do fluxo populacional na região. Dependendo da intensidade
desse processo pode ocorrer a ruptura da conectividade entre as áreas naturais, fundamental
para a manutenção da fauna e da flora. São propostas as seguintes diretrizes:

• Avaliar o avanço das atividades agrosilvipastoris e da ocupação antrópica nas áreas


recobertas por vegetação nativa de modo a controlar o desmatamento e a erosão dos
solos;
• Empregar sistemas de manejo sustentável e monitoramento do uso do solo para
manutenção de cobertura vegetal, minimizar os processos erosivos e controle do uso de
insumos potencialmente poluidores do meio ambiente;
• Implementar programas de recuperação de áreas degradadas em propriedades rurais
que não podem mais ser utilizadas para a agropecuária;
• Implementar instrumentos de ordenamento territorial voltados à organização e/ou
reorganização do território, nas áreas passíveis de serem afetadas por futuros
aproveitamentos hidrelétricos, aliados à conservação, com criação de corredores
ecológicos, de mosaicos de áreas protegidas, e de planos de bacias hidrográficas. Esta
medida propiciará a integração do aproveitamento ao entorno;

32
Instrumento previsto no Art. 22, § 7º da Lei nº 9.985, de 18/07/2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Este parágrafo permite a desafetação ou redução dos limites de
uma unidade de conservação através de lei específica.

Hydros
EP518.RE.JR204 290

• Apoiar projetos de capacitação, especialmente nas áreas de conservação e


recuperação dos corpos d´água e florestas, valorização cultural, agroecologia, consumo
sustentável, manejo de recursos naturais, ecoturismo, entre outros, de modo a aumentar
as condições de preservação, conservação e recuperação dos recursos naturais;
• Aproveitar corretamente os recursos naturais com potencial para exploração
econômica em áreas não protegidas legalmente;
• Promover a integração entre os setores elétrico e ambiental, e entre organizações
governamentais e não-governamentais, de modo a racionalizar recursos e esforços em
prol de resultados mais consistentes;
• Promover parcerias na aplicação efetiva das diretrizes do Zoneamento Econômico
e Ecológico, entendido como instrumento de gestão e desenvolvimento sustentável da
bacia. Esta aplicação visa garantir a preservação e o uso racional e sustentável dos
recursos naturais de valor econômico.

Instituições Envolvidas:
Empresas concessionárias públicas e privadas, INCRA, associações de produtores rurais,
prefeituras municipais, secretarias estaduais de planejamento, universidades, ONGs e
associações de classe.
Período de Aplicação: Início o quanto antes, com manutenção das atividades no longo prazo
Abrangência: Área da bacia como um todo

6.2.3.3 Socioeconomia

A despeito das diretrizes apresentadas aos empreendedores e ao setor elétrico, há a


necessidade do envolvimento de várias entidades que possam assumir compromisso efetivo
com a questão da sustentabilidade.
A falta de envolvimento de todos, com atuação integrada e conjugada, tem sido uma das
causas do surgimento de efeitos indesejados. Com o intuito de contribuir para o
equacionamento de problemas potenciais associados a esta questão, tem sido elaboradas
propostas diversas, com enfoques e profundidades diferentes, o que leva à dispersão de
esforços. Por exemplo, um dos aspectos importantes e que retrata o quadro referencial de
sustentabilidade, é a falta de ordenamento territorial, um dos suportes básicos para a
integração das políticas e planos setoriais.
Tendo em vista o quadro socioeconômico da bacia, no qual embora existam comunidades que
recebem orientações técnicas e recursos financeiros para o desenvolvimento de suas
atividades, na maioria das comunidades predomina baixa qualificação e capitalização. Nessas
condições, é necessário que as proposições formuladas para o cenário de desenvolvimento
sustentável sejam implementadas considerando as populações atuais e futuras, de modo a
permitir a sua permanência na bacia.
Outros aspectos, como por exemplo, a educação ambiental, estão apresentados nos dois
temas-síntese anteriores.
Para a socioeconomia são apresentadas as seguintes recomendações:

Hydros
EP518.RE.JR204 291

• Propor parcerias na aplicação das diretrizes do Zoneamento Econômico-Ecológico,


entendido como instrumento para a gestão e o desenvolvimento sustentável da bacia, em
especial nas áreas de proteção legal, onde se inserem os aproveitamentos;
• Apoiar projetos de capacitação, especialmente para agroecologia, manejo de
recursos naturais, valorização cultural, de ecoturismo e outros, que tenham nas
comunidades e instituições locais seus principais atores e beneficiários;
• Criar um banco de dados com as informações disponibilizadas em estudos de
mesma natureza realizados pelo empreendedor e por órgãos relacionados ao meio
ambiente, cuja alimentação pode subsidiar estudos futuros;

Instituições Envolvidas:
Prefeituras municipais, secretarias estaduais de planejamento, universidades, ONGs e
associações de classes.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação
Abrangência: Conjunto da Bacia

6.2.3.4 Populações Indígenas

Um dos aspectos relevantes e que retrata, entre outros, o quadro referencial de


sustentabilidade é relativo às populações indígenas. Pode-se constatar que a localização de
Terras Indígenas demarcadas na bacia demonstra como os povos indígenas foram levados a
buscar terras de difícil acesso aos invasores, em especial populações não indígenas, de modo a
preservar não só seus modos de vida, mas enquanto povos indígenas. A questão está
relacionada a diversos fatores, mas o que se pode perceber ao longo da sua trajetória histórica,
é que esses povos apresentam alta sensibilidade quando contatados por outras culturas que
não indígenas, que ocorrem normalmente de forma indevida, comprometendo a sua estrutura
socioeconômica, política e cultural.
Deve-se considerar também a proximidade entre os aproveitamentos planejados e Terras
Indígenas na bacia do rio Jari, especialmente entre o AHE Urucupatá e a TI Waiãpi. Isto pode
resultar em impactos relacionados à população atraída pelos empreendimentos e a alteração
na flora e fauna local, além do sistema de navegação.
Desta forma, entende-se a importância da compreensão e da conscientização da problemática
das populações indígenas por parte não só dela própria, como de toda a comunidade regional,
de modo a contribuir para o seu bem estar e para a preservação de seus modos de vida e de
sua cultura. Portanto, são apresentadas as recomendações a seguir discriminadas:

• Conscientizar sobre valores e expectativas das populações indígenas por meio da


valorização da cultura e do aumento do conhecimento sobre seus modos de vida;
• Auxiliar na preservação dos recursos naturais de uso das populações indígenas, com
criação de mecanismos de fiscalização e facilitação da comunicação com os órgãos do
poder público responsáveis;
• Garantir a integridade da unidade político-cultural e reprodução das populações
indígenas, que devem ser realizadas minimizando possíveis conflitos e com base nas
informações relativas aos seus modos de vida e crenças.

Hydros
EP518.RE.JR204 292

• Realizar ou aprofundar estudos que permitam avaliar se as Terras Indígenas são


capazes de sustentar a população existente e seu crescimento previsto, garantindo sua
sobrevivência e preservando sua cultura.
• Desenvolver estudos acerca do uso e importância da fauna aquática para as
populações indígenas da bacia, para subsidiar medidas de conservação e manejo;
• Utilizar técnicas e métodos construtivos menos impactantes e menor atração de
população possível;
• Orientar os operários das obras e os funcionários responsáveis pela operação dos
AHEs, de modo a evitar seu contato com os índios.

Instituições Envolvidas:
FUNAI, FUNASA, Associações de Representação de Populações Indígenas, Governos
Municipais, ONGs.
Período de Aplicação: Planejamento, Licitação/Concessão, Implantação e Operação.
Abrangência: Entorno Mediato e Bacia

Hydros
EP518.RE.JR204 293

7 ANEXOS

7.1 ANEXO 1 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACIESP – Academia de Ciência do Estado de São Paulo; Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; Financiadora de Estudos e Projetos –
FINEP; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP; Secretaria da
Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Tecnológico. Glossário de Ecologia. 2ª ed.
Publicação ACIESP nº 103, 1997. 352 p.
APINA - CONSELHO DAS ALDEIAS WAJÃPI & ASSOCIAÇÃO DOS POVOS
INDÍGENAS WAJÃPI DO TRIÂNGULO DO AMAPARI - APIWATA. Como é nosso jeito
de viver e como planejamos nosso futuro. Macapá: APINA, abr. 2005.
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BARRELLA et al. As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In: RODRIGUES,
R. R.; LEITÃO-FILHO, H. F. Matas Ciliares – conservação e recuperação. São Paulo:
Edusp: Fapesp, 2000, p. 187-207.
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em bacias hidrográficas com múltiplos aproveitamentos. Rev. de Gestão de Água da
América Latina, 3 (1): 75-83, 2006.
BERNARD, E. (ed.). Inventários Biológicos Rápidos no Parque Nacional Montanhas do
Tumucumaque, Amapá, Brasil. RAP Bulletin of Biological Assessment, v. 48. Conservation
International, Arlington, VA. 2008.
BLOG DO PITEIRA. Disponível em: http://blogdopiteira.blogspot.com/2009_07_01_archive
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Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas, 2000. 132p.
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hidrelétricos na bacia do rio Tocantins. Rio de Janeiro: EPE, 2007.
CNM - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2000. Disponível em:
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CPRM – COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS. Serviço Geológico
do Brasil. 2004.
CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Mapa dos Domínios/Subdomínios
Hidrogeológicos do Brasil, 2007. Escala - 1:2.500.000.
ECOLOGY AND ENVIRONMENT DO BRASIL. Relatório de Impacto Ambiental da
UHE Santo Antônio do Jari. Relatório Técnico. Rio de Janeiro, 68p. 2009.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. A questão socioambiental no
planejamento da expansão da oferta de energia elétrica. Rio de Janeiro: EPE, 2006. 238 p.
Hydros
EP518.RE.JR204 294

FERREIRA, E.; ZUANON, J.; FORSBERG, B.; GOULDING, M.; BRIGLIA-FERREIRA, S.


R. Rio Branco: Peixes, Ecologia e Conservação de Roraima. Biblos, 2007. 201p.
FUNAI – FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Base Geográfica da Situação Fundiária
Indígena. 2006.
FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Dados do DSEI-Macapá. 2007
GALLOIS, D. T.; GRUPIONI, D. F. Povos indígenas no Amapá e norte do Pará - quem
são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: IEPÉ, 2003. 96 p.
GEA/SETEC/IEPA – GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ / SECRETARIA DE
ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA / INSTITUTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS
E TECNOLÓGICAS DO ESTADO DO AMAPÁ. Laranjal do Jari: realidades que devem
ser conhecidas. Macapá. IEPA, 2. ed. 2004.
GERCO/AP - COORDENAÇÃO EXECUTIVA DO PROGRAMA ESTADUAL DE
GERENCIAMENTO COSTEIRO DO ESTADO DO AMAPÁ. Projeto Zoneamento
Ecológico-Econômico do Setor Costeiro Estuarino - Carta de Zoneamento Ecológico-
Econômico do Setor Costeiro Estuarino - 1/3. 2005. Disponível em: <www.iepa.ap.gov.br/
temp1/IEPA/GERCO/SETOR%20ESTUARINO/ZEEC/CARTAS/Estuario%20ZEEC%201_
3.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2009.
HONORATO, Gabriela de Souza. Gerenciando impactos sócio-econômicos: o papel da
Sociologia na implementação de usinas hidrelétricas no Brasil. Revista Espaço Acadêmico,
86. 6 p., jul, 2008. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/086/
86honorato.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2010.
IBAMA – INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS. Unidades de Conservação Federais. 2006.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Banco de Dados
da Amazônia Legal, 2004. Escala 1:250.000.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Base
Cartográfica Integrada Digital do Brasil ao Milionésimo, 2003. 1 CD-Rom.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
Agropecuário 2006. Disponível em: http.//www.ibge.gov.br/Cidades@at/default.php. Acesso
em : 19 ago 2008.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
Demográfico 2000. Rio de Janeiro, 2003.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contagem da
População - 2007. Rio de Janeiro, 2007.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Finanças
Públicas. Rio de Janeiro, 2007.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável, Brasil 2008.. 2008.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produto Interno
Bruto. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/Cidades@at/default.php.
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IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Uso da terra.
2005. Escala 1:250.000. Folha SA.22-V-B. MI-85.

Hydros
EP518.RE.JR204 295

IEPA - INSTITUTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DO ESTADO


DO AMAPÁ. Zoneamento Ecológico Econômico da Área Sul do Estado do Amapá: atlas.
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INCRA/MDF – INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORNA AGRÁRIA/
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Projetos de Reforma Agrária
Conforme Fases de Implantação. Sistema SIPRA. Fonte SDM. Relatório Rel_0227. Data.
04/10/2007.
ISA – INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Caracterização Socioambiental das Terras
Indígenas no Brasil. s/d. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/caracterizacao.php>.
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Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/caracterizacao.php>.
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JARI CELULOSE S.A. Disponível em: http://www.jari.com.br/web/pt/perfil/localizacao.htm
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OLIVEIRA, J. C.; ALBUQUERQUE, F. R. P. C.; LINS, I. B. Projeção da população do
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Resultados. Estimativas anuais e mensais da população do Brasil e das Unidades de
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PICANÇO, J. R. A. Desenvolvimento, sustentabilidade e conservação da biodiversidade
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328pp.
Hydros
EP518.RE.JR204 296

PROBIO - PROJETO DE CONSERVAÇÃO E UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL DA


DIVERSIDADE BIOLÓGICA BRASILEIRA. Áreas prioritárias para a conservação,
utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília,
2007. Escala: 1:7.500.000.
RADOVAN, A.; FONSECA, R. BNDES aprova financiamento de R$ 145,4 milhões à
Jari. 04 abr 2007. Informações para Imprensa. TV1 Comunicação e Marketing. Disponível
em http://www.jari.com.br/web/pt/salaimprensa/releases/20070506.htm. Acesso em 04 ago.
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Belém. SECTAM, 2005.
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93p.
SECTAM/ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE PRODUÇÃO/ PA.
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para Discussão. Belém. 2004. 59p.
SIOLI, H. Das wasser im Amazonasgebiet. Forsch. Fortschr., v. 26, n. 21/22, p. 274-280,
1950.
SOARES FILHO, B.S., CARMO, V.A; NOGUEIRA, W.J. Metodologia de Elaboração da
Carta do Potencial Erosivo da Bacia do Rio das Velhas (MG). Geonomos, UFMG, Belo
Horizonte, v.6, n.2, p.45-54, 1998.
SONDOTÉCNICA, 2007b. Avaliação Ambiental Integrada (AAI) dos Aproveitamentos
Hidrelétricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul. Rio de Janeiro: EPE, 2007b.
SONDOTÉCNICA. AAI dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia do Rio Doce. Rio de
Janeiro: EPE, 2007a.
STRAŠKRABA, M.; TUNDISI, J. G.; DUNCAN, A. State-of-the-art of reservoir limnology
and water quality and management. In: STRAŠKRABA, M.; TUNDISI, J. G.; DUNCAN, A.
(eds.) Comparative Reservoir Limnology and Water Quality Management. Netherlands:
Kluver Academic Publishers, 1993. p. 213-288.
TESOURO NACIONAL, ESTADOS E MUNICÍPIOS. Dados Contábeis dos Municípios.
Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/estados_municípios:índex.asp. Acesso em:
16 set 2009.
TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. Limnologia. São Paulo: Oficina de textos, 2008. 632p.

Encontram-se listadas somente as referências citadas no texto da AAI. Destaca-se, no entanto,


que inúmeras outras referências foram consultadas para a elaboração do Diagnóstico
Socioambiental do Inventário, que subsidiou a Caracterização da bacia apresentada nesta
AAI. Estas referências encontram-se no relatório do Estudo de Inventário Hidrelétrico.

Hydros
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7.2 ANEXO 2 - SEMINÁRIO PARA DIVULGAÇÃO PÚBLICA DA AAI

O Seminário para divulgação pública da Avaliação Ambiental Integrada da bacia do rio Jari
foi realizado no dia 09 de dezembro de 2010, das 14:00 às 18:00 horas, no auditório do CETA
Ecotel, localizado à Rua do Matadouro, 640, Distrito da Fazendinha, Macapá/AP.

Figura 7.2.-1 – Público presente no seminário

De mais de 60 instituições convidadas oficialmente para o seminário público, 21 delas


estiveram presentes, num total de 41 pessoas. Cada participante recebeu uma pasta com
material do seminário, contendo um folder de divulgação, ficha para perguntas e um
questionário orientado para a apresentação de contribuições para o aprimoramento do estudo.

7.2.1 OBJETIVO

O objetivo principal do Seminário Público é a divulgação dos estudos da Avaliação


Ambiental Integrada junto à comunidade regional e o recebimento de contribuições dessa
comunidade para o aperfeiçoamento dos estudos. Espera-se, desta forma, que no seminário
público, representantes dos diversos segmentos da sociedade se manifestem e exponham
opiniões e informações, de modo a contribuir para a montagem de um panorama o mais
próximo possível da situação socioambiental atual e prospectiva da bacia do rio Jari.
Este panorama futuro, sobre o qual serão projetados os aproveitamentos hidrelétricos da
alternativa de partição de quedas selecionada nos estudos de inventário, contribuirá na
proposição de diretrizes e recomendações factíveis aos empreendedores e ao setor elétrico,
além de outras destinadas aos diversos atores na bacia, de modo a subsidiar o planejamento e
execução de diferentes etapas do empreendimento hidrelétrico com o mínimo de conflitos no
futuro.

Hydros
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7.2.2 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES

Dentre as manifestações ocorridas no seminário, destacam-se:


(i) necessidade de estudos detalhados sobre as Unidades de Conservação que serão
afetadas;
(ii) interesse na implantação do sistema de transporte hidroviário nos trechos dos
aproveitamentos (eclusas nos barramentos propostos);
(iii) possibilidade dos aproveitamentos contribuírem para o controle das enchentes que
afetam a população no baixo rio Jari;
(iv) questionamentos sobre o excesso de oferta de energia com os aproveitamentos
selecionados no Inventário, sendo que a demanda da região poderia ser suprida
apenas com a construção da UHE Santo Antônio do Jari, e;
(v) questionamento sobre a disponibilidade de dados de vazões.
Os representantes da EPE e da Hydros esclareceram que:
(i) a preocupação com estudos e pesquisas de inventário florístico e faunístico nas
Unidades de Conservação resultou na formulação de uma das diretrizes dirigidas
aos empreendedores, recomendando o apoio para a realização de estudos dessa
natureza, cuja atribuição é do ICMBio, que deverá apresentar o Plano de Manejo
para cada UC, entendido como um documento técnico que orientará o programa de
gestão de cada uma delas;
(ii) não há ainda demanda formal sobre a construção de eclusa nos aproveitamentos
estudados, devido principalmente ao grau de proteção conferido pela existência de
UCs nas áreas do médio e alto Jarí. Além disso, a produção econômica a montante
da cachoeira de Santo Antônio não justifica esta demanda, mesmo considerando
uma produção futura de madeira nas UCs de Uso Sustentável;
(iii) os aproveitamentos selecionados no Inventário foram concebidos para operar
praticamente a fio d´água, pouco ou nada interferindo no regime de cheias do rio
Jarí, pois na realidade, as enchentes que afetam a população do Baixo rio Jari são
decorrentes quase que exclusivamente pelo regime de cheias do rio Amazonas e da
variação das marés do oceano Atlântico do que das vazões do próprio rio Jari;
(iv) o país necessita identificar as potencialidades energéticas disponíveis, nas suas
principais bacias hidrográficas, independentemente de sua localização. A oferta de
energia se processa no âmbito do sistema interligado nacional de transmissão e
distribuição de energia. Ou seja, independentemente da localização da usina
hidrelétrica, a energia gerada entra no sistema, que abastece todos os pontos
interligados do país e;
(v) as séries de vazões foram reconstituídas para a bacia durante o inventário. Foram
utilizados procedimentos estatísticos consagrados, utilizando-se dados da bacia e
de bacias vizinhas. Nesse momento, a plateia manifestou-se sobre as dificuldades e
necessidade de instalação de postos fluviométricos na região.
Quanto às respostas ao questionário distribuído, 21 foram preenchidos, e seus resultados são
apresentados a seguir.
Hydros
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Dentre os problemas socioambientais atualmente existentes na bacia, os mais apontados pelos


participantes dizem respeito ao saneamento básico: tratamento de água para abastecimento,
com 64%; cheias, coleta e tratamento de esgoto, coleta e disposição de resíduos sólidos e
ocupação desordenada, todos com 59%.
Para 59% dos que responderam o questionário, os conflitos existentes na região são
solucionados por meio de órgãos públicos. Entre esses, foram citados: ADEPARA, CAESA,
Casa Civil, CPRM, EMATER-PA/AL, OEMAS, FUNAI, FUNASA, IBAMA, ICMBio,
IEPA, INCRA, MDA, MMA, MME, MPU, Prefeituras, RURAP, Secretarias Municipais do
Meio Ambiente, SEED, SEMA, SEMMA-AL.
Após a implantação dos aproveitamentos da alternativa de divisão de queda selecionada, a
principal interferência a ser causada no meio biótico seria a alteração nas Unidades de
Conservação, segundo 68% dos questionários. Em relação à socioeconomia, a principal
alteração seria a atração de imigrantes, segundo 64% dos questionários. Como consequência,
esta imigração acarretaria o aumento da demanda dos serviços de saúde, educação e
segurança, com 82%. Para 77%, deverá ocorrer maior presença do poder público na prestação
de serviços à população. Dentre os principais conflitos futuros, destaques são dados a
deslocamento de populações e sobre a população indígena.
Os questionários apontaram como principais potencialidades da bacia o turismo, a pesca, o
extrativismo vegetal e a biodiversidade que se contrapõem às fragilidades, como a falta de
infraestrutura e saneamento básico, a ausência de gestão pública efetiva e a pressão sobre os
recursos naturais.
Desta forma, o Seminário Público foi considerado importante no sentido de ratificar os
aspectos considerados relevantes para a bacia, além de fortalecer as diretrizes e
recomendações apresentadas na AAI. Elas puderam responder às principais preocupações dos
setores atuantes na bacia, em especial em relação ao meio físico e biótico (biodiversidade das
Unidades de Conservação na área cogitada para os aproveitamentos) e à infraestrutura
(saneamento, educação e saúde) na porção sul da bacia.
Um grande avanço verificado refere-se à preocupação quanto à preservação da biodiversidade
(Unidades de Conservação) e a oportunidade de implantação de empreendimentos que possam
contribuir para o atendimento às necessidades básicas da população local (saneamento,
educação e saúde). Esta preocupação foi considerada relevante, pois deverá desencadear um
processo de discussão quanto às reais necessidades e interesses locais, regionais e nacionais,
que deverão conduzir ao quadro referencial de sustentabilidade, extrapolando até os limites da
bacia em estudo.
Por fim, a despeito de dificuldades típicas da bacia, distante dos importantes centros de
decisão, houve manifestações quanto à necessidade e interesse em promover a integração e
fortalecer parcerias entre os setores público e privado de modo a obter soluções mais eficazes
para o desenvolvimento socioeconômico sustentável da bacia do rio Jari.

Hydros
EP518.RE.JR204 300

7.3 ANEXO 3 – EQUIPE TÉCNICA

EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA


Presidente
Mauricio Tiomno Tolmasquim

Diretor de Estudos Econômicos e Ambientais


Amilcar Gonçalves Guerreiro
Coordenação Técnica
Flávia Serran (Bióloga)
Coordenação de Meio Ambiente
Paulo do Nascimento Teixeira (Arquiteto e Urbanista)
Equipe Técnica
Ana Dantas Mendez de Mattos (Engenheira Florestal)
César Maurício Batista da Silva (Sociólogo)
Glauce Maria L. Botelho (Engenheira Florestal)
Gustavo F. Schmidt (Engenheiro Civil)
Hermani de M. Vieira (Geógrafo)
Verônica S. M. Gomes (Bióloga)

HYDROS ENGENHARIA
Coordenação Geral dos Estudos
Hideaki Ussami (Engenheiro Civil)

Coordenação de Estudos Socioambientais


Mieko Ando Ussami (Arquiteta Urbanista)
Keyi Ando Ussami (Bióloga)

Equipe Técnica
Adalberto José Monteiro Júnior (Biólogo)
Bruno Forni (Técnico de Edificações)
Dora Cerruti (Antropóloga)
Edson Alves Filho (Geógrafo)
Fernando Mendonça d´Horta (Engenheiro Florestal)
Heidi Ishihara (Engenheiro Eletricista)
Lisandro Juno Soares Vieira (Biólogo)

Hydros
EP518.RE.JR204 301

Madalena Los (Bióloga)


Maíra Machado Reis (Arquiteta Urbanista)
Mateus Daurício da Silva (Biólogo)
Matilde Maria Almeida Melo (Socióloga)
Paola Mitie A. Garcia (Bióloga)
Paulo Noffs (Geógrafo)
Raul de Carvalho (Economista)
Vinícius Luz de Lima (Arquiteto Urbanista)
Viviane Y. Jono (Bióloga)

Hydros
EP518.RE.JR204 302

Hydros Engenharia Ltda.


Rua Fiação da Saúde, no 40 - conj. 93
São Paulo - SP - Brasil CEP 04144-020
Fone/Fax 55 - 11 - 5583.25.05 / 55 - 11 - 5581.68.18
e-mail hydrosengenharia@hydroseng.com.br

Hydros

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