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História de Pernambuco

A História de Pernambuco começa antes do descobrimento do Brasil,


quando o atual território do estado era povoado pelos índios tabajaras.

Em 1501, quando a expedição de Gaspar de Lemos funda feitorias no


litoral da colônia portuguesa na América, tem início o processo de
colonização de Pernambuco. Anos depois, Cristóvão Jacques foi incubido
de defender o litoral de pernambuco de embarcações de outras nações. A
feitoria de Cristóvão Jacques, erguida na entrada do Canal de Santa Cruz,
em Itamaracá, tem por objetivo estabelecer um vínculo com os nativos,
procurar informações acerca de possíveis riquezas no interior e rechaçar
possíveis investidas de outras nações à costa brasileira. Em 1534, a
capitania de Pernambuco foi doada a Duarte Coelho Pereira, influente
navegador e soldado, português filho bastardo de família nobre do Entre-
Douro e Minho, que fundou Igarassu, Olinda e Recife e iniciou a cultura da
cana-de-açúcar, que teria importante papel na história econômica do país. A
capitania de Pernambuco originalmente se estendia por 60 léguas entre o
Rio Igaraçu e o Rio São Francisco, e era chamada Nova Lusitânia. Era
responsável pela maior parte da produção de açúcar, o chamado ouro
branco, na América e uma das capitanias mais florescentes.

Durante o período colonial, por séculos a capitania de Pernambuco foi a de


maior destaque do Brasil, devido ao cultivo da cana-de-açúcar. A
importância e influência da então capitania ficou evidente já em meados de
1550, quando o governador-geral Tomé de Sousa fiscalizou todas as
capitanias da colônia, exceto a de Pernambuco, por exigência de seu
capitão donatário Duarte Coelho.

Em 1595, a já cobiçada capitania sofre um duro golpe. O corsário inglês


James Lancaster toma o povoado do Recife de assalto e nele passa um mês
saqueando as riquezas trazidas do interior. Zarpa com nada menos que
quinze navios abarrotados pela pilhagem. Um dos maiores butins da
história da pirataria.

O domínio holandês

Em 1630 a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC) voltou os


seus interesses para a mais promissora das capitanias da Colônia
Portuguesa na América. Por ocasião da União Ibérica (1580 a 1640) os
então chamados Países Baixos, antes dominados pela Espanha tendo depois
conseguido sua independência através golpe na Espanha, ao mesmo tempo
em que tirariam o prejuízo do fracasso na Bahia. Em 26 de dezembro de
1629 partia de São Vicente, Cabo Verde, uma esquadra com 66
embarcações e 7.280 homens em direção a Pernambuco.

Em fevereiro de 1630 foi avistada no horizonte pernambucano a armada


holandesa, cuja maior parte dirigiu-se para o norte da capitania por estar o
porto do Recife bem guarnecido por fortificações e peças de artilharia. O
desembarque deu-se na praia do Pau Amarelo. Uma débil resistência foi
organizada na travessia do Rio Doce, porém logo derrotada pela
superioridade numérica holandesa. Olinda também não opôs grandes
contratempos. As parcas estruturas de defesa e a desorganização militar
contribuíram para uma queda mais rápida das defesas portuguesas. Em
seguida, dirigiram-se as tropas invasoras ao povoado do Recife, o qual
oporia uma maior resistência devido aos já construídos fortes.

Até 1654, a capitania ficou sob o domínio da WIC, passando por


importantes transformações culturais, econômicas e sociais no governo do
conde Maurício de Nassau. Olinda, por ser um ponto de difícil defesa,
segundo a concepção holandesa, foi abandonada e incendiada pela tropa
holandesa. A então vila do Recife ('Mauritsstad'), por ser um local baixo, de
alagadiços e mais fácil para defender, segundo a concepção militar
flamenga, passou a ser a sede do governo holandês na América, vivendo
anos de prosperidade sob o comando de Nassau, ultrapassando Olinda em
importância regional através da construção de pontes, escolas, obras de
infra-estrutura e saneamento. Essa mudança de rumo do governo, passando
de quase que unicamente exploração por Portugal para algo mais
aproximado com uma colônia de povoamento, fez alguns colonos se
rebelarem contra Portugal. Entre eles, temos o nome de Domingos
Fernandes Calabar, que lutou contra a resistência portuguesa até o fim de
sua vida.

Insurreição Pernambucana

Mauritsstad, o Recife nassoviano.


Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes
insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o
domínio holandês na capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-
ataque à invasão holandesa. A primeira vitória importante dos insurretos se
deu no Monte das Tabocas, (hoje localizada no município de Vitória de
Santo Antão) onde 1200 insurretos mazombos munidos de armas de fogo,
foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1900 holandeses bem
armados e bem treinados.

O sucesso deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de Mestre das


Emboscadas. Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte,
sendo novamente derrotado pela aliança dos mazombos, índios nativos e
escravos negros. Recuaram novamente para as casas-forte em Cabo de
Santo Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e
Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos insurretos. Por fim,
Olinda foi recuperada pelos rebeldes. Cercados e isolados pelos rebeldes
numa faixa que ficou conhecida como Nova Holanda, indo de Recife a
Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que
os levou a atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço,
Catuma e Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha
de Tejucupapo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas
e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os
definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira
importante participação militar da mulher na defesa do território brasileiro.

Em 19 de abril de 1648, os holandeses romperam o cerco, dirigindo-se para


Cabo de Santo Agostinho. O local foi palco de duas importantes batalhas da
história militar brasileira - as duas Batalhas dos Guararapes - a primeira
ocorrendo assim que os invasores chegam ao local, e a segunda pouco
menos de um ano mais tarde, em 19 de fevereiro de 1649. O destino dos
invasores foi selado com a segunda Batalha dos Guararapes, porém os
invasores permanecem cercados até 1654. No dia 20 de janeiro desse ano,
foram penetradas as últimas defesas holandesas, forçando os invasores a
assinar um tratado de rendição. Após 24 anos de dominação holandesa
sobre Pernambuco, após 62 horas de negociação, em 27 de janeiro de 1654
na Campina da Taborda, os holandeses se renderam incondicionalmente,
entregando as 73 chaves da cidade maurícia aos insurrretos vitoriosos.

A Insurreição Pernambucana foi um marco importante para o Brasil, tanto


militarmente, com a consolidação das táticas de guerrilha e emboscada,
quanto socio-politicamente, com o aumento da miscigenação entre as três
raças (negro africano, branco europeu e índio nativo) e o começo dum
sentimento de nacionalidade.
O historiador pernambucano Evaldo Cabral de Mello comenta em sua obra
«A fronda dos Mazombos» que, em 27 de janeiro de 1654, o exército de
Sigismund van Schkoppe se rendeu no Recife, pondo fim a um quarto de
século de domínio holandês, e «cinquenta anos depois parte da «nobreza da
terra», ou seja, dos filhos e netos dos que haviam restaurado a suserania
portuguesa, promovia uma sedição contra o governador Castro e Caldas»,
que governou Pernambuco de 1707 a 1710. E que, na historiografia
brasileira, a chamada Guerra dos Mascates» (ver a seguir) representaria
«um caso típico de ´carro diante dos bois´, utilizada «como marco
romanesco em obras de José de Alencar ou de Franklin Távora. Segundo
ele, Robert Southey, Varnhagen, Handelmann, Capistrano de Abreu (que
apelida «os pais fundadores da historiografia brasileira») perceberam a
conexão entre a experiência da guerra batava e os conflitos civis de 1710-
1711. Sua obra é a tentativa de «preencher a lacuna que representa a
inexistência de uma história da Guerra dos Mascates e do meio século que
a precedeu».

Em 1630, com uma esquadra de setenta navios, os holandeses chegaram a


Pernambuco, dominando, sem maiores problemas, Recife e Olinda, apesar
dos preparativos de defesa efetuados por Matias de Albuquerque,
governador de Pernambuco. O governador de Pernambuco, Matias de
Albuquerque, afastou-se com o povo para o interior. Organizou-se a
resistência entre Recife e Olinda num lugar por ele chamado Arraial do
Bom Jesus. Matias Albuquerque ajudado por colonos e índios, consegui u
resistir, usando o sistema de emboscada (ataques de surpresa). Esses foram
denominados de Companhias de Emboscada. Apesar de os holandeses
estarem mais bem armados e contarem com um contingente apreciável de
soldados, a resistência luso-brasileira possuía a seu favor o fator surpresa
aliado ao melhor conhecimento do terreno. Porém, essa situação se alterou
com a passagem de Domingos Fernandes Calabar, que era conhecedor da
região, para o lado holandês. Calabar foi uma peça de fundamental
importância para os holandeses expandirem o seu domínio territorial no
nordeste. O Arraial foi cercado durante seis meses pelos holandeses e
Matias de Albuquerque fugiu para Alagoas. Ao passar em Porto Calvo,
aprisionou Calabar, que foi enforcado. Pelo fato de ter sido derrotado,
Matias foi preso para Portugal. Os ataques aos canaviais estavam
prejudicando a produção de açúcar, e a Companhia das Índias Ocidentais
estava perdendo dinheiro. A Companhia, então, indicou para governar os
domínios holandeses no Brasil o conde João Maurício de Nassau-Siegen,
que aqui permaneceu de 1637 a 1644.
Revoltas e conspirações pernambucanas

Pernambuco foi palco de várias revoltas, revoluções e conspirações, em


geral inspiradas pela Revolução Francesa, pela maçonaria e pelo
Iluminismo. Idéias européias de liberdade, igualdade e fraternidade se
espalhavam entre os pernambucanos mais afortunados, geralmente os
aristocratas literatos dos engenhos de cana-de-açúcar. Chegou até mesmo a
existir por alguns meses a República Pernambucana, resultado da
Revolução de 1817. Apesar da última revolução datar do meio do século
XIX, todas elas influenciaram profundamente o estado, e o fazem até hoje -
a bandeira atual, por exemplo, foi instituída na Revolução de 1817.

Guerra dos Mascates


A Guerra dos Mascates que se registrou de 1710 a 1711 na então Capitania
de Pernambuco, é considerada como um movimento nativista pela
historiografia em História do Brasil.

Confrontaram-se os senhores de terras e de engenhos pernambucanos,


concentrados em Olinda, e os comerciantes portugueses do Recife,
chamados pejorativamente de mascates. Quando houve as sedições entre os
mascates europeus do Recife e a aristocracia rural de Olinda, os sectários
dos mascates se apelidavam Tundacumbe, cipós e Camarões, e os nobres e
seus sectários, pés rapados - porque quando haviam de tomar as armas, se
punham logo descalços e à ligeira, para com menos embaraços as
manejarem, e assim eram conhecidos como destros nelas, e muito
valorosos, pelo que na história de Pernambuco, a alcunha de pés rapados é
sinônimo de nobreza.

Antecedentes

Após a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, a economia da


região, dependente da agro-manufatura do açúcar, sem capitais para
investimento em lavouras, equipamentos e mão-de-obra (escrava), e face ao
declínio dos preços do produto no mercado internacional, devido à
concorrência do similar produzido nas Antilhas, entrou em crise.

Dependentes economicamente dos comerciantes portugueses, junto a quem


contraíram dívidas agravadas pela queda internacional dos preços do
açúcar, os latifundiários pernambucanos não aceitaram a emancipação
político-administrativa do Recife, até então uma comarca subordinada a
Olinda. A emancipação de Recife foi percebida como uma agravante da
situação dos latifundiários locais (devedores) diante da burguesia lusitana
(credora), que por esse mecanismo passava a se colocar em patamar de
igualdade política.

A concorrência afetou os grandes ricos senhores de engenho de Olinda, que


entraram em decadência como não obtinham mais os lucros com a
produção açucareira, não tinham capital para saldar suas dívidas. Em busca
de uma saída, os senhores de engenho foram pedir dinheiro emprestado.
Naquela época os comerciantes portugueses chamados de mascates,
ocupavam a cidade de Recife e possuíam dinheiro para emprestar aos
senhores de Olinda, porém cobravam juros altíssimos pelos empréstimos,
ocasionado o endividamento cada vez maior dos olindeses.

Até o final do século XVII, Olinda era a principal cidade de Pernambuco,


onde moravam ricos senhores de engenhos, que pensavam que sua fortuna
jamais acabaria. Mas isso aconteceu, por uma guerra de preços do açúcar
no mercado europeu, e os senhores de engenho de Olinda começaram a
pedir dinheiro emprestado aos comerciantes de Recife, mero povoado. Aos
poucos, foram surgindo ódio e conflitos. Conscientes de sua importância,
os comerciantes pediram ao rei de Portugal que o povoado fosse elevado a
vila. Quando estava sendo concretizada a separação entre as duas cidades,
em 1710, os senhores de Olinda se revoltaram, tendo como um dos chefes o
proprietário de engenho Bernardo Vieira de Melo. Sem condição de resistir,
os comerciantes mais ricos de Recife fugiram para não serem capturados. A
metrópole interveio na região, em 1711, prendendo os líderes da rebelião.
Recife foi elevada a condição de capital de Pernambuco.

Após a vitória dos mascates comerciantes, percebem o predomínio do


comércio em relação à produção colonial que já ocorria já que os senhores
de Olinda pegavam dinheiro emprestado a juros com os mascates para
conseguirem manter seu sistema colonial.

O movimento

Em fevereiro de 1709, pouco após receber a Carta Régia que elevou o


povoado à condição de vila, os comerciantes inauguraram o Pelourinho e o
prédio da Câmara Municipal, separando formalmente o Recife de Olinda, a
sede da capitania.

Tendo os membros da aristocracia rural abandonado Olinda para se refugiar


nos engenhos onde viviam, as hostilidades iniciaram-se em Vitória de
Santo Antão, lideradas pelo seu Capitão-mor, Pedro Ribeiro da Silva. Estas
forças, engrossadas em Afogados com reforços oriundos de São Lourenço e
de Olinda, sob a liderança de Bernardo Vieira de Melo e de seu pai, o
coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti, invadiram o Recife, demolindo o
Pelourinho, rasgando o Foral régio, libertando os presos e perseguindo
pessoas ligadas ao governador Sebastião de Castro Caldas Barbosa
(mascates). Este, por sua vez, visando garantir a sua segurança, retirou-se
para a Bahia, deixando o governo da capitania a cargo do bispo Manuel
Álvares da Costa.

Os mascates contra-atacaram em 1711, invadindo Olinda e provocando


incêndios e destruição em vilas e engenhos na região.

A nomeação de um novo governador, Felix José de Mendonça, e a atuação


de tropas mandadas da Bahia puseram fim à guerra. A burguesia mercantil
recebeu o apoio da metrópole, e o Recife manteve a sua autonomia.

No século XIX, escreveria Frei Caneca a esse respeito: « Quando a pátria


careceu dos braços e sangue de seus filhos, ao lado dos pardos não lhe
deram seus braços e sangue os brancos e os pretos? Quando aqueles
lavaram de suas lágrimas os ferros do despotismo, não correram também a
fio as lágrimas destes? Antes os brancos tem padecido mais do que os
outros pernambucanos nas maiores tempestades de Pernambuco. Nas
sedições do século passado, entrando todos na refrega, somente sobre os
brancos vieram os flagelos e os raios; as masmorras foram cheias das
pessoas mais respeitáveis de Pernambuco; outros amontoaram-se aos mais
embrenhados matos e longínquos sertões; e viram-se carregados de ferros e
remetidos para Portugal o coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti e seus dois
filhos, o major Bernardo Vieira de Melo, com um filho (André) e seu
irmão, o comissário geral Manuel Cavalcanti Bezerra, o capitão André Dias
de Figueiredo e seu irmão tenente-coronel, o licenciado José Tavares de
Holanda, o capitão João de Barros Correia, o capitão Cosme Bezerra
Cavalcanti e outros.» («Frei Joaquim do Amor Divino Caneca», Coleção
Formadores do Brasil, 1994, página 283)

O sentimento autonomista e antilusitano dos pernambucanos, que vinha


desde a luta contra os holandeses, continuou a manifestar-se em outros
conflitos, como a Conspiração dos Suassunas, a Revolução Pernambucana
de 1817 e a Confederação do Equador.

Término

Depois de muita luta, que contou com a intervenção das autoridades


coloniais, finalmente em 1711 o fato se consumou: Recife foi equiparada a
Olinda. Assim terminou a Guerra dos Mascates. Com a vitória dos
comerciantes, essa guerra apenas reafirmava o predomínio do capital
mercantil (comércio) sobre a produção colonial.

Conspiração dos Suaçunas

A chamada Conspiração dos Suaçunas, também conhecida por sua grafia


arcaica – Conspiração dos Suassunas[1] –, foi um projeto de revolta que se
registrou em Olinda, na então Capitania de Pernambuco, no alvorecer do
século XIX.

Influenciada pelas idéias do Iluminismo e pela Revolução Francesa (1789),


algumas pessoas, entre as quais Manuel Arruda Câmara - membro da
Sociedade Literária do Rio de Janeiro - , em 1796, fundaram a loja
maçônica Areópago (Areópago de Itambé), da qual não participavam
europeus.

As mesmas idéias e evento também eram discutidas por padres e alunos do


Seminário de Olinda, fundado pelo bispo dom José Joaquim da Cunha
Azeredo Coutinho em 16 de fevereiro de 1800. Esta instituição teve, entre
os seus membros, o padre Miguel Joaquim de Almeida Castro (padre
Miguelinho), um dos futuros implicados na revolução pernambucana de
1817.

As discussões filosóficas e políticas no Areópago evoluíram para uma


conjuração contra o domínio português no Brasil, com o projeto de
emancipação de Pernambuco, constituindo-se uma república sob a proteção
de Napoleão Bonaparte. Integravam o grupo de conspiradores os irmãos
Cavalcanti – Luís Francisco de Paula, José Francisco de Paula Cavalcanti e
Albuquerque e Francisco de Paula–, o último sendo proprietário do
Engenho Suaçuna, que daria nome ao movimento.

A 21 de Maio de 1801, um delator informou às autoridades da capitania os


planos dos conjurados, o que conduziu à detenção de diversos implicados.
Instaurado o processo de devassa, entretanto, vieram a ser absolvidos mais
tarde, por falta de provas. O aerópago foi fechado em 1802, reabrindo
pouco mais tarde sob o nome de Academia dos Suaçunas, com sede no
mesmo engenho, palco das reuniões dos antigos conspiradores.
O episódio é pouco conhecido na historiografia em História do Brasil, uma
vez que a devassa correu em sigilo à época, devido à elevada posição social
dos implicados.

O movimento inscreve-se no contexto de Crise do Antigo Sistema Colonial.


Apesar da repressão aos envolvidos, os seus ideais voltaram a reaparecer,
anos mais tarde, na Revolução Pernambucana de 1817.

Notas
1. ↑ Segundo o Formulário Ortográfico de 1943 e o Acordo Ortográfico
de 1945, palavras indígenas devem ter a sua ortografia, em língua
portuguesa, atualizada de acordo com a onomástica do idioma.

Revolução Pernambucana

A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução


dos Padres, eclodiu em 6 de março de 1817 na então Província de
Pernambuco, no Brasil.

Dentre as suas causas destacam-se a crise econômica regional, o


absolutismo monárquico português e a influência das idéias Iluministas,
propagadas pelas sociedades maçônicas.

Antecedentes

No começo do século XIX, Olinda e Recife, as duas maiores cidades


pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 000 habitantes (comparados
com 60 000 habitantes do Rio de Janeiro, capital da colônia). O porto do
Recife escoava a produção de açúcar, das centenas de engenhos da Zona da
Mata, e de algodão. Além de sua importância econômica e política, os
pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertárias. A primeira
e mais importante tinha sido a Insurreição Pernambucana, em 1645.
Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar
a independência de Olinda[1].

As idéias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes


estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações, incentivavam o
sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava
ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as
lojas maçônicas. Em Pernambuco as principais foram a Areópago de
Itambé, a Patriotismo, a Restauração, a Pernambuco do Oriente e a
Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais de discussão e difusão
das "infames idéias francesas". Nas sociedades secretas, reuniam-se
intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.

Causas imediatas
 Situação da região: presença maciça de portugueses na liderança do
governo e na administração pública. Criação de novos impostos por
Dom João provocando a insatisfação da população
pernambucana.Para se ter uma idéia , segundo escritor inglês então
residente no Recife, era grande a insatisfação local ante a
obrigatoriedade de se pagar impostos para a manutenção da
iluminação pública do Rio de Janeiro , enquanto no Recife era
praticamente inexistente a dita iluminação .
 Nordeste: grande seca que havia atingido a região em 1816
acentuando a fome e a miséria; além disso, houve queda na produção
do açúcar e do algodão, que sustentavam a economia pernambucana
(esses produtos começaram a sofrer concorrência do algodão nos
EUA e do açúcar na Jamaica).

 Influências externas: divulgação das ideias liberais e de


independência (ideais iluministas), estimulando as camadas
populares de Pernambuco na organização do movimento de 1817.

 A crescente pressão dos abolicionistas na Europa vinha criando


restrições gradativas ao tráfico de escravos, que se tornavam mão-de-
obra cada vez mais cara, já que a escravidão era o motor de toda a
economia agrária pernambucana[1].

 Objetivos do movimento: independência do Brasil; proclamação da


república;

O decorrer da revolução
A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817, cujas estrelas
representam Paraíba, Ceará e Pernambuco, inspirou a atual bandeira
pernambucana.

O movimento iniciou com ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. No


regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como
Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o
comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares
rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para
impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de
Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou
se rendendo[1].

O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de


Antônio Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido
dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província,
instalaram um governo provisório e proclamaram a República.

Em 29 de março foi convocada uma assembléia constituinte, com


representantes eleitos em todas as comarcas, foi estabelecida a separação
entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi
mantido como religião oficial, porém havia liberdade de culto ( o livre
exercício de todas as religiões ); foi proclamada a liberdade de imprensa
(uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravidão
entretanto foi mantida.

À medida que o calor das discussões e da revolta contra a opressão


portuguesa aumentava, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos
pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em
lugar do vinho) e a hóstia feita de mandioca (em lugar do trigo), como
forma de marcar a sua identidade.

Expansão e queda

As tentativas de obter apoio das províncias vizinhas fracassaram. Na Bahia,


o emissário da revolução, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre
Roma, foi preso ao desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do
governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do Norte, o movimento
conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, André
de Albuquerque Maranhão, que depois de prender o governador, José
Inácio Borges, ocupou Natal e formou uma junta governativa, porém não
despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O
jornalista Hipólito José da Costa foi convidado para o cargo de ministro
plenipotenciário da nova república em Londres, mas recusou.
Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão pernambucano, enquanto
uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do
Recife. Em poucos dias 8000 homens cercavam a província. No interior, a
batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os
revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as
tropas portuguesas entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada
e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.

Apesar de sentenças severas, um ano depois todos os revoltosos foram


anistiados, e apenas quatro haviam sido executados.

Auxílio externo

Em maio de 1817, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou


na Filadélfia com 800 mil dólares (atualizado ao cambio 2007
aproximadamente 12 milhões de dólares )na bagagem com três missões[1]:

1. Comprar armas para combater as tropas de D. João VI


2. Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república
independente no Nordeste brasileiro.
3. Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em
território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão
Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, que seria transportado
ao Recife, onde comandaria a revolução pernambucana. Depois
retornando a Paris para reassumir o trono de imperador da França.

Porém na data de chegada do emissário aos Estados Unidos, os


revolucionários pernambucanos já estavam sitiados pelas tropas
monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando chegaram ao
Brasil os quatro veteranos de Napoleão recrutados (conde Pontelécoulant,
coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet), muito depois de
terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar.

Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com


o secretário de Estado, Richard Rush, mas somente conseguiu o
compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados Unidos
autorizariam a entrada de navios pernambucanos em águas americanas e
que também aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso
de fracasso do movimento[1].

Consequências

Debelada a revolução, foi desmembrada de Pernambuco a comarca de Rio


Grande (atual Rio Grande do Norte), tornando-se província autônoma. Essa
havia sido anexada ao território pernambucano ainda na segunda metade do
século XVIII, juntamente a Ceará e Paraíba, que também se tornaram
autônomas ainda no período colonial, em 1799.

Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se


mantido fiéis à Coroa, como recompensa, puderam formar uma província
independente[1].

Apesar dos revolucionários terem ficado no poder menos de três meses,


conseguiram abalar a confiança na construção do império americano
sonhado por D. João VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus
súditos eram imunes à contaminação das idéias responsáveis pela
subversão da antiga ordem na Europa[1].

Data Magna

Em 2007, o dia 6 de março foi declarado a Data Magna de Pernambuco,


por conta da Revolução Pernambucana.[2]

Em 2009, o Governo de Pernambuco aprovou nova lei, alterando a Data


Magna do Estado para o primeiro domingo de março.

Confederação do Equador

A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, de caráter


emancipacionista (ou autonomista) e republicano ocorrido em 1824 no
Nordeste do Brasil. Representou a principal reação contra a tendência
absolutista e a política centralizadora do governo de D. Pedro I (1822-
1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição do
país.

Antecedentes

O conflito possui raízes em movimentos anteriores na região: a Guerra dos


Mascates (1710-1711) e a Revolução Pernambucana (1817), esta última de
caráter republicano.

Por trás das divergências políticas que culminaram com a proclamação da


Confederação do Equador, encontra-se uma divisão econômica e espacial
de Pernambuco. Ao norte, açucareiro e algodoeiro, com vilas populosas,
opunha-se o monolitismo do sul pernambucano, exclusivamente açucareiro,
cujas povoações eram simples anexos dos engenhos de cana. De acordo
com Evaldo Cabral de Mello:

"O contraponto do algodão e do açúcar explica ali mais


acentuadamente que em nenhuma outra região brasileira, que se
aprofundou ali o conflito entre a nova e a velha estrutura comercial -
a do algodão, ligada deste a transmigração da Coroa para o Rio e à
abertura dos portos ao mercado britânico,botanico e a do açúcar da
cana , jungida ao entreposto lusitano."

Ambos os itens encontram-se figurados na bandeira da Confederação, onde


se vê um ramo de algodão, à direita, lado a lado com uma cana-de-açúcar
papa.

O movimento

Junta da Confederação do Equador em Pernambuco.

A dissolução da Assembleia Constituinte por D. Pedro I do Brasil em fins


de 1823 foi bem recebida em Pernambuco. Os dois maiores líderes liberais
na província, Manuel de Carvalho Paes de Andrade e Frei Caneca),
apoiaram-na e consideravam os Bonifácios como culpados pelo ato.[1]
Ambos, assim como diversos correligionários, eram republicanos que
participaram na revolta de 1817 e haviam sido perdoados.[2] Aceitaram a
monarquia por acreditarem que ao menos teriam autonomia provincial. A
promulgação da Constituição em 1824, com o seu regime altamente
centralizado, frustrou os seus desejos.[3][4] Pernambuco estava dividida entre
duas facções políticas, uma monarquista, liderada por Francisco Paes
Barreto e outra liberal e republicana, liderada por Pais de Andrade.[3] A
província era governada por Paes Barreto, que havia sido nomeado
Presidente por D. Pedro I, de acordo com a lei promulgada pela Assembleia
Constituinte em 20 de outubro de 1823 (e que depois seria mantida pela
Constituição).[2][4][5] Em 13 de dezembro de 1823, Paes Barreto renunciou
ante a pressão dos Liberais, que ilegalmente elegeram Paes de Andrade. [2]
Pedro I e nem o Gabinete foram informados da eleição e requisitaram a
recondução de Paes Barreto ao cargo, algo que foi ignorado pelos Liberais.
[3][6]

Dois navios de guerra (Niterói e Piranga) foram enviados para Recife para
fazer a lei ser obedecida. O comandante da pequena divisão naval, o
britânico John Taylor. Não alcançou sucesso.[5][7] Os Liberais se recusaram
veementemente a reempossar Paes Barreto e alardearam: "morramos todos,
arrase-se Pernambuco, arda à guerra". [3][8] Frei Caneca, José da Natividade
Saldanha e João Soares Lisboa (que havia há pouco retornado de Buenos
Aires) eram os intelectuais da rebelião que buscava preservar os interesses
da aristocracia que representavam.[1][3] Apesar do evidente estado de
rebelião que a cidade de Recife se encontrava, D. Pedro I tentou evitar um
conflito que considerava desnecessário e nomeou um novo presidente para
a província, José Carlos Mayrink da Silva Ferrão. Mayrink era proveniente
da província de Minas Gerais, mas era ligado aos Liberais e poderia atuar
como uma entidade neutra para conciliar as duas facções locais. Entretanto,
os Liberais não aceitaram Mayrink, que retornou ao Rio de Janeiro.[3][5][8]
Os rumores de um grande ataque naval português (o Brasil ainda estava em
guerra por sua independência) obrigaram John Taylor a se retirar de Recife.
[3][9]

Em 2 de julho de 1824, apenas um dia após a partida de Taylor, Manuel


Carvalho Paes de Andrade aproveitou a oportunidade e proclamação a
independência da província de Pernambuco. Paes de Andrade enviou
convites às demais províncias do norte e nordeste do Brasil para que se
unissem a Pernambuco e formassem a Confederação do Equador. Em tese,
o novo Estado republicano seria formado pelas províncias do Piauí, Ceará,
Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Pernambuco. Contudo,
nenhuma delas aderiu à revolta separatista, com a exceção de algumas vilas
do sul do Ceará, comandadas por Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e
Melo, mais conhecido por Padre Mororó e por vilas da Paraíba.[3][7][9][10] No
Ceará a situação tornou-se séria com a deposição do Presidente Pedro José
da Costa Barros que foi substituído pelo confederado Tristão Gonçalves de
Alencar Araripe. As demais cidades e vilas da província não aceitaram o
ato e contra-atacaram. Alencar Araripe partiu para o interior onde tentou
derrotar as tropas legalistas e na sua ausência a capital da província,
Fortaleza, reafirmou a sua lealdade ao Império. [11] Em Pernambuco, Paes
de Andrade pode contar somente com a colaboração de Olinda, enquanto o
restante da província não aderiu à revolta. O líder confederado organizou
suas tropas, inclusive alistando a força crianças e velhos, [12] sabendo que o
governo central não tardaria a enviar soldados para atacar os confederados.
[8]
Pedro I, ao saber do levante secessionista, falou: "O que estavam a exigir
os insultos de Pernambuco? Certamente um castigo, e um castigo tal que se
sirva de exemplo para o futuro".[10]

Paes Barreto arregimentou tropas para debelar a revolta, mas acabou sendo
derrotado e permaneceu no interior da província a espera de reforço.[9] Em
2 de agosto o Imperador enviou uma divisão naval comandada por
Cochrane, composta por uma nau, um brigue, uma corveta e dois
transportes, além de 1.200 soldados liderados pelo Brigadeiro Francisco de
Lima e Silva.[12][13] As tropas desembarcaram em Maceió, capital da
província de Alagoas, de onde partiram em direção a Pernambuco. As
forças legalistas logo se encontraram com Paes Barreto e 400 homens que
se uniram à marcha. Ao longo do caminho, as tropas foram reforçados por
milicianos que aumentaram o contingente para 3.500 soldados.[14][15] A
maior parte da população de Pernambuco, que vivia no interior, incluindo
os partidários de Paes Barreto e mesmo os neutros ou indiferentes a
disputas entre as facções, permaneceu fiel a monarquia.[16]

Enquanto isso, Cochrane, que já se encontrava em Recife bloqueado a


cidade, buscou convencer Paes de Andrade a render-se e assim evitar
mortes desnecessárias. Andrade arrogantemente recusou a oferta, alegando
que preferiria morrer lutando "no campo da glória".[9][12][14] Em 12 de
setembro as forças terrestres lideradas pelo Brigadeiro Lima e Silva e Paes
Barreto atacaram Recife.[16] Manuel Carvalho Paes de Andrade, que jurara
lutar até a morte, fugiu escondido sem sequer avisar a seus homens
juntamente com Natividade Saldanha e partiram para num navio britânico.
[12][16]
Os rebeldes, sem liderança e desmotivados, foram completamente
derrotados cinco dias mais tarde.[17] Alguns poucos liderados por frei
Caneca lograram escapar e foram em direção ao Ceará. Acreditavam poder
unir forças com os revoltosos daquela província. Poucas semanas mais
tarde foram completamente derrotados por tropas legalistas. Alguns
morreram, como João Soares Lisboa,[12] e Alencar Araripe (assassinado por
seus próprios homens),[18] enquanto outros foram encarcerados, como
Caneca. [17] Não tiveram melhor sorte os rebeldes na Paraíba, que foram
aniquiladas rapidamente por tropas da própria província. [19] O processo
judicial para apurar os culpados iniciou-se em outubro de 1824 e estendeu-
se até abril de 1825. Das centenas de pessoas que participaram da revolta
nas três províncias, somente 15 foram condenadas à morte, dentre elas, frei
Caneca.[12][20][21] Todas as demais foram perdoadas por Pedro I em 7 de
março de 1825.[22]

Pernambuco

O centro irradiador e a liderança da revolta couberam à província de


Pernambuco, que já se rebelara em 1817 (ver Revolução Pernambucana de
1817) e enfrentava dificuldades econômicas. Além da crise, a província se
ressentia ao pagar elevadas taxas para o Império, que as justificava como
necessárias para levar adiante as guerras provinciais pós-independência
(algumas províncias resistiam à separação de Portugal).

Pernambuco esperava que a primeira Constituição do Império seria do tipo


federalista, e daria autonomia para as províncias resolverem suas questões.

No entanto, Dom Pedro dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823 e


outorgou uma constituição no ano seguinte, extremamente centralizadora. A
semente da revolta se plantou, e os jornais - notadamente o Typhis
Pernambucano, dirigido por Frei Caneca - criticavam dura e abertamente o
governo imperial. Vários antigos revoltosos, anistiados em 1821,
novamente conspiravam. Foi fundada a Sociedade Patriótica
Pernambucana, em 1822, durante o governo de Gervásio Pires, pelo padre
Venâncio Henrique de Resende, reunindo figuras da política local, inclusive
Frei Caneca.

Em 15 de setembro de 1823, segundo Evaldo Cabral de Melo, "um


movimento castrense prendeu o governador das armas nomeado pelo
Imperador e forçou a renúncia do presidente da Junta dos Matutos, Afonso
de Albuquerque Maranhão, reduzindo-a ao triunvirato composto de
Francisco Pais Barreto, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque,
futuro visconde de Suaçuna, e Manuel Inácio Bezerra de Melo." Cipriano
Barata foi intimado, seu jornal atacado, e a Junta o intimou a viajar para o
Rio de Janeiro, assumir na Assembleia Constituinte a cadeira para a qual
fora eleito. Expirado o prazo, Barata seria expulso de Pernambuco,
purgando sete anos de cárcere em Salvador e no Rio. A chefia do
movimento autonomista passou assim a Manuel de Carvalho Pais de
Andrade.

Em dezembro a posição do triunvirato era insustentável. Haviam


desembarcado no Recife as tropas pernambucanas que, chefiadas por José
de Barros Falcão de Lacerda, haviam participado da luta na Bahia contra as
forças do brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo. Eram contingentes
euforizados pela vitória, politizados na luta contra o Exército Português. E
a 13 de dezembro, regressaram os deputados da província à Constituinte,
que traziam a notícia de sua dissolução pelo imperador no mês anterior. A
Câmara de Goiana rebelou-se, como em 1821, recebendo adesões.

E se soube que o Imperador, pela carta de lei de 20 de outubro de 1823,


havia substituído o sistema das antigas Juntas pelo de Presidentes da
Província e de comandantes das armas de nomeação imperial. Decidiu-se
formar uma Junta Provisória, pare evitar acefalia, e foi eleito chefe Manuel
de Carvalho Pais de Andrade. Ignorava-se no Recife que D. Pedro I, no que
se considera "um erro de proporções máximas", já havia escolhido Pais
Barreto para a presidência de Pernambuco e como comandante das armas
José de Barros Falcão de Lacerda, ligado aos autonomistas.

A Junta Provisória se reuniu em janeiro de 1824, manifestando sua repulsa


à escolha de um indivíduo que "havia sobejamente demonstrado sua
incompetência para o exercício do poder, a que havia renunciado por sua
livre e espontânea vontade". Rogava ao Imperador reconsiderar a escolha e
avisava que se manteria no poder. Pais Barreto insistia em tomar posse,
contando preparar nos quartéis uma reação armada. O morgado do Cabo se
retirou com sua gente para o sul, onde contava com a cumplicidade do
governo de Alagoas.

Mas a corte ignorou o apelo de 8 de janeiro e enviou uma flotilha,


comandada pelo inglês Taylor, para garantir a posse de Pais Barreto. Taylor
partiu do Rio em março de 1824, e a 1º de abril convidava Manuel de
Carvalho a entregar o poder a Pais Barreto, sob pena de bloqueio a Recife.
A Junta decidiu conservá-lo à frente da província, enviando delegação ao
Rio. Taylor ordenou então o bloqueio do porto. Quando a delegação chegou
ao Rio em maio de 1824, o imperador havia recuado e derrogado por
decreto de 24 de abril de 1824 a nomeação de Pais Barreto.

Estava escolhido para a presidência José Carlos Mairink da Silva Ferrão,


mineiro de nascimento, vindo para Pernambuco em 1808, casado com filha
de uma das famílias abastadas do Recife. Era aceitável para as partes
porque se mantivera equidistante nas lutas. A delegação foi informada
ainda que D. Pedro I jamais aceitaria Manuel de Carvalho Pais de Andrade,
detestado pelas medidas contra os portugueses e o comércio lusitano do
Recife.

Entretanto, Mairink recusou-se a assumir o poder, provavelmente temeroso


da situação demasiado polarizada! Apesar da promessa imperial de anistia
para os carvalhistas, ninguém acreditava que fosse medida geral… A
questão pernambucana voltava à estaca zero e partir de então o conflito
armado passou a se tornar inevitável.

Recife

Enquanto isso, em Portugal, a Vilafrancada abolira em 1823 o regime


constitucional das Cortes de Lisboa. Os absolutistas desfecharam sem êxito
em abril de 1824 o levante conhecido por Abrilada, para precipitar a
abdicação de D. João VI no seu filho D. Miguel.
Dissolvida a Assembleia Constituinte no Brasil, o rei e seus ministros
reencetaram diálogo com o Rio, desejosos de ressuscitar o Reino Unido
com base em fórmula que concederia ao Brasil a mais ampla autonomia
administrativa e jurídica, com Parlamento e Constituição próprios. A
fórmula extemporânea tinha as simpatias de D. Pedro I, por preservar seus
direitos ao trono português, "mas dificilmente seria aceita no Brasil, onde
era encarada emocionalmente como uma tentativa de recolonização",
segundo Evaldo Cabral de Mello. Falava-se muito de uma esquadra
portuguesa a caminho… Tal notícia serviu para conflagrar Pernambuco.
Em 11 de junho de 1824, para concentrar suas forças, D. Pedro I deu ordem
a Taylor para levantar o bloqueio do Recife. Ainda a 30 de junho Manuel
de Carvalho prometia reforços.

Em 2 de julho de 1824 submetido por pressão incrível de seus partidários,


Manuel de Carvalho Pais de Andrade proclamou a Confederação do
Equador, aproveitando a oportunidade única da partida de Taylor para
realizar o velho sonho autonomista. Pensam historiadores que esperava
forçar o Rio a negociar uma fórmula constitucional que garantisse a
autonomia provincial no âmbito de um Império constitucional, mas é certo
que muitos pensavam na adoção de um regime republicano.

Apoio intelectual lhe vinha de frei Caneca, do poeta Natividade Saldanha.


Dirigiu proclamações aos brasileiros do Norte e enviou emissários para as
demais províncias do Nordeste (então Norte). Conseguiu apoio do Ceará,
do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Formou-se assim a Confederação do
Equador propriamente dita, que pretendia organizar um país independente
do Brasil — embora essa não fosse a intenção de muitos dos revoltosos.
Desejavam que o Brasil se organizasse de maneira análoga "às luzes do
século", segundo o "sistema americano" e não segundo o exemplo da
"encanecida Europa", com ênfase na federação e não na república - maneira
mais indicada de manter a união dos autonomistas com os republicanos
puros.

Dissidências

Surgiram algumas dissidências internas no movimento, pois ele agregava


classes sociais díspares. A proposta de Pais de Andrade no sentido de
libertar os escravos e o exemplo haitiano (país que recentemente se
libertara do domínio francês através de uma revolta popular) não
tranquilizavam as elites, e alguns proprietários de terras passaram a
colaborar com o governo imperial.
Thomas Cochrane

Dom Pedro I enviou para o Nordeste tropas contratadas no exterior, sob o


comando de Thomas Cochrane. Em setembro, caíram três províncias, só
restando o Ceará, que não suportou além de novembro. Alguns líderes
confederados,como Tristão de Alencar Araripe resistiram no Sertão.

Frei Caneca

Vários rebeldes foram condenados por um tribunal militar à forca. Um fato


interessante que passou para a história (embora seja discutível) foi a recusa
dos carrascos em executar o Frei Caneca, mentor intelectual da revolta e
uma das figuras mais carismáticas do Recife à época, que se escondeu por
alguns dias no município de Abreu e Lima a época "Vila de Maricota"
antes de fugir para o Ceará. O religioso acabou sendo arcabuzado (um tipo
de execução semelhante ao fuzilamento, porém realizada com bacamartes),
ao contrário da sentença inicial que previa o enforcamento.

Padre Mororó

Condenado à forca em Fortaleza e, assim como Frei Caneca, não houve


quem quisesse servir de algoz, pois os soldados recusaram-se a enforca-lo,
alegando que o enforcamento era somente para criminosos. Foi então morto
a tiros de arcabuz no dia 30 de abril de 1825. A crônica de Viriato Correia
(embora seja discutível) descreve com perfeição os últimos minutos de
Padre Mororó: "Naquele dia havia em Fortaleza um grande rumor de
multidão emocionada. Ia ser executado pelas tropas imperiais o Padre
Mororó. Na praça em que vai haver a execução, a multidão é tanta que, a
custo, as tropas conseguem abrir passagem. Mororó é colocado na coluna
da morte. Um soldado traz a venda para lhe por nos olhos, ´Não´, responde
ele, ´eu quero ver como isto é´. Vem outro soldado para colocar-lhe sobre o
coração a pequena roda de papel vermelho que vai servir de alvo. Detém a
mão do soldado: ´Não é necessário. Eu farei o alvo´ e, cruzando as duas
mãos sobre o peito, grita arrogantemente para os praças: ´Camaradas, o
alvo é este´. E num tom de riso, como se aquilo fosse brincadeira diz: ´e
vejam lá! Tiro certeiro que não me deixem sofrer muito´".

Ligações externas
 Revista do Instituto do Ceará em edição de 1924 comemorativa do
centenário da Confederação do Equador
Novembrada

A Novembrada é o nome pelo qual ficou conhecida a grande manifestação


popular contra o Regime Militar implantado em 1964 no Brasil, ocorrida
no movimentado centro de Florianópolis em 30 de novembro de 1979.

Vivia-se o período da "Abertura". Cogitava-se que o presidente que


sucederia General João Figueiredo seria civil, mas escolhido em eleições
indiretas. Em tal dia, o general Figueiredo foi à capital catarinense para
participar de solenidades oficiais, como o descerramento de uma placa em
homenagem ao Marechal Floriano Peixoto. Além disso , conhecer o projeto
de criação de uma indústria siderúrgica para posterior liberação de recursos
financeiros necessários à sua implantação.

A recepção ao presidente-general foi organizada pelos Arenistas Esperidião


Amin e Jorge Bornhausen (ambos ainda participantes no meio politico
nacional) que tentaram de todas as formas camuflar o ambiente hostil que
se formou na cidade. Funcionários públicos foram constrangidos a ir à
praça recepcionar o presidente e também a comprar ingressos para a
churrascada organizada pelos Arenistas.

Traçou-se um paralelo entre o atual general-presidente e o Marechal de


Ferro, que deu o nome à cidade. Ao Marechal Floriano vinha sendo
atribuída a prática, à sua época, das mesmas arbitrariedades que as do
regime militar vigente. Este enfoque histórico era difundido nos meios
estudantis locais, granjeando adeptos para uma proposta da troca do nome
"Florianópolis" pela denominação anterior - "Desterro". Embora seja
corrente afirmar que a placa em Homenagem a Floriano Peixoto foi o
estopim, muitos participantes da manifestação deixam claro atualmente que
o descontentamento era mesmo pela ditadura, levando em conta o constante
aumento do custo de vida, em especial dos combustíveis.

Após ser recepcionado no Palácio Cruz e Sousa, Figueiredo dirigiu-se ao


"Senadinho", tradicional ponto de encontro no centro da cidade. Neste
pequeno trajeto entre o Palácio e o café, Figueiredo foi hostilizado e
dispôs-se a discutir. Na praça 15 de Novembro, Figueiredo foi
recepcionado por uma manifestação estudantil, com cerca de 4 mil pessoas,
organizada pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal
de Santa Catarina. A manifestação foi abafada pela Polícia Militar,
resultando em muita confusão e violência e na prisão de sete estudantes que
foram indiciados pela Lei de Segurança Nacional. Nas semanas que
seguiram várias manifestações foram organizadas exigindo a libertação dos
estudantes presos. Algumas contaram com até 10 mil pessoas (número
bastante relevante se comparado com o total da população florianopolitana
na época). A TV Cultura e a atual TV Barriga Verde, que fez a cobertura da
reportagem, tiveram todo o material apreendido.

O episódio está descrito no livro Revolta em Florianópolis, do cientista


político Luís Felipe Miguel (publicado pela Editora Insular em 1995) e
depois virou um curta-metragem - Novembrada (de Eduardo Paredes)- ,
premiado pelo Festival de Gramado, em 1996.

Ligações externas
 Especial Novembrada 30 anos (em português) no portal clicRBS

Abrilada

A Abrilada, na História de Portugal, foi uma revolta política de caráter


Absolutista que teve lugar em Abril de 1824. Sucedeu a Vilafrancada
(1823) e prenunciou a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).

História

No dia 30 de Abril de 1824, o Infante D. Miguel, que havia sido nomeado


generalíssimo do Exército Português, fez deter, nos calabouços do Castelo
de São Jorge e nos da Torre de Belém, importantes personalidades civis e
militares do país. Entre elas destacavam-se as figuras do Intendente-geral
da Polícia, barão de Rendufe, o duque de Palmela (então no governo em
coligação com o conde de Subserra) e o visconde de Santa Marta. D.
Miguel, que contava com o apoio de sua mãe Carlota Joaquina,
considerava-os culpados de serem partidários do liberalismo e de seu pai,
D. João VI, sendo sua intenção declarada acabar com o que denominava de
"pestilenta cáfila de pedreiros-livres", numa referência à Maçonaria liberal
e constitucional.

Enviou, então, diversos corpos militares ao antigo Palácio dos Estaus (onde
se situa hoje o Teatro Nacional D. Maria II), no Rossio, em Lisboa, aí
instalando o seu quartel-general. Deu ordens ainda para que se impusesse
cerco ao Palácio da Bemposta, onde estava o rei, acompanhado do seu
conselheiro inglês, o general William Carr Beresford.
Para a resolução deste conflito foi determinante o apoio do corpo
diplomático em Portugal, nomeadamente a ação do embaixador francês
Hyde de Neuville. Numa tentativa de apaziguamento, aquele diplomata
conseguiu entrar no palácio e convencer o rei a chamar o filho. Alcançou-
se, desse modo, um acordo que fez regressar as tropas aos quartéis, mas
que mantinha os detidos encerrados, com excepção de Palmela, que se
refugiou num navio inglês, prosseguindo assim a situação de instabilidade
política e militar.

Em Maio, os diplomatas ajudaram D. João VI a refugiar-se no navio


britânico "HMS Windsor Castle", de onde tomou uma série de medidas:
demitiu D. Miguel do seu cargo no Exército, ordenou a libertação dos
presos políticos e a captura dos apoiantes do filho, que foi intimado a vir a
bordo. Assim retido, D. Miguel foi obrigado a embarcar com destino à
França na fragata Pérola, pondo-se fim à sublevação dos miguelistas. O
infante foi dali deportado para Viena, e Dona Carlota Joaquina foi
internada no Paço de Queluz.

Cabanada

Cabanada foi a rebelião ocorrida no Brasil entre 1832 e 1835, iniciada logo
após a abdicação de Dom Pedro I, ou seja, no período da Regência.
Dificuldades financeiras do novo Regime, com o comércio exterior quase
estagnado e a queda das cotações do algodão e da cana-de-açúcar, além do
privilégio aduaneiro à Inglaterra, em vigor desde 1810, fizeram com que
eclodissem diversas revoltas no Império do Brasil nesse período.

O movimento da Cabanada se deu em Pernambuco, Alagoas, e Pará, porém


são insurreições diferentes e em locais diferentes. A primeira se trata da
revolta em Pernambuco e Alagoas e a segunda na região do atual Pará.

Em Pernambuco, onde também foi chamado de "A Guerra dos Cabanos", a


rebelião foi conservadora pois pretendia a volta do monarca português ao
trono do Brasil (para alguns historiadores, uma pré-Canudos). Desenrolou-
se na zona da mata e no agreste. Teve como líder Vicente de Paula, com
seguidores de origem humilde, predominando índios (jacuípes e outros) e
escravos foragidos (chamados de papaméis).
Com a morte de Dom Pedro I em Portugal (1834), o movimento deixou de
ter razão de existir, e em uma Conferência de Paz com participação do
bispo Dom João da Purificação Marques Perdigão, a rebelião terminou.
Mesmo assim, os governadores Manoel de Carvalho Paes de Andrade e
Antônio Pinto Chichorro da Gama mandaram um exército de 4000
soldados cercarem o local, prendendo centenas de revoltosos.

Já bem antes da revolta começar o bispo Dom João da Purificação Marques


Perdigão, estava arrumando um jeito de acabar com ela, pois ele ja tinha
em mente que iria acontecer isso, estava mais preocupado com como
terminar que com como começar.

A insurreição da Cabanagem no Pará foi mais grave, pois foi nacionalista e


queria a independência da província. Durou cerca de 5 anos, pacificada
pelo Marechal Soares de Andréa, o barão de Caçapava, a custa de vários
conflitos sangrentos e execuções dos insurretos.

Ao final da Cabanada, o líder Vicente de Paula foi preso e enviado para a


ilha de Fernando de Noronha

Revolta Praieira
A Revolta Praieira, também denominada como Insurreição Praieira,
Revolução Praieira ou simplesmente Praieira, foi um movimento de caráter
liberal e separatista que eclodiu na Província de Pernambuco, no Brasil,
entre 1848 e 1850.

Contexto

A Última das revoltas provinciais, está ligada às lutas político-partidárias


que marcaram o Período Regencial e o início do Segundo Reinado. Sua
derrota representou uma demonstração de força do governo de D. Pedro II
(1840-1889).

De forma global, inscreveu-se no contexto das revoluções socialistas e


nacionalistas que varreram a Europa neste período do século XIX,
incluindo a Revolução de 1848 na França que promoveu a extinção do
Absolutismo no país.
A nível local foi influenciada pelas ideias liberais dos que se queixavam da
falta de autonomia provincial, sendo marcada pelo repúdio à monarquia,
com manifestações a favor da independência política, da república e por
um reformismo radical.

Com fundo social, econômico e político, contou com a participação das


camadas menos favorecidas da Província de Pernambuco, oprimidas pela
grande concentração fundiária nas mãos de poucos proprietários. Como
exemplo, uma quadra popular à época, refere à poderosa família
Cavalcanti:

"Quem viver em Pernambuco


não há de estar enganado:
Que, ou há de ser Cavalcanti,
ou há de ser cavalgado." (Quadra popular)

Ainda como fundo sócio-econômico, registra-se a histórica rivalidade com


os portugueses, que dominavam o comércio na Província.

A luta

A revolta teve como causa imediata a destituição, por D. Pedro II, do


Presidente da Província Antônio Pinto Chichorro da Gama (1845-1848),
representante dos liberais. Durante quatro anos à frente do poder, Chichorro
da Gama combatera o poder local dos gabirus, grupos mais poderosos da
aristocracia latifundiária e mercantil, ligados ao Partido Conservador.

A substituição deste liberal pelo ex-regente Araújo Lima, extremamente


conservador, foi o estopim para o início da revolução, que já acumulava
insatisfação com a política imperial e dificuldades devido ao declínio da
economia açucareira.

Os rebeldes queriam formar uma nova Constituinte para alterar a


Constituição brasileira de 1824, visando a efetiva liberdade de imprensa
(uma vez que esta estava limitada, extinguindo artigos que ferissem a
família real ou a moral e os bons costumes), a extinção do poder moderador
e do cargo vitalício de senador, voto livre e universal, garantia de trabalho,
além da nacionalização do comércio varejista que estava nas mãos dos
portugueses

Em abril de 1848, os setores radicais do Partido Liberal pernambucano –


reunidos em torno do jornal Diário Novo, na Rua da Praia, no Recife, e
conhecidos como praieiros – condenaram a destituição de Chichorro da
Gama, interpretando esse gesto como mais uma arbitrariedade imperial.
A revolta contra o novo governo da Província eclodiu em Olinda, a 7 de
novembro de 1848, sob a liderança do general José Inácio de Abreu e Lima,
do Capitão de Artilharia Pedro Ivo Veloso da Silveira, do deputado liberal
Joaquim Nunes Machado e do militante da ala radical do Partido Liberal,
Antônio Borges da Fonseca. O Presidente nomeado da Província,
Herculano Ferreira Pena, foi afastado e o movimento espalhou-se
rapidamente por toda a Zona da Mata de Pernambuco.

A sua primeira batalha foi travada no povoado de Maricota (atual cidade de


Abreu e Lima).

Em 1 de Janeiro de 1849, os revoltosos lançaram o seu programa, um


documento que denominaram Manifesto ao Mundo, de conteúdo socialista
utópico, supostamente escrito por Borges da Fonseca, um jornalista. O
manifesto ao defendia:

 o voto livre e universal do povo brasileiro;


 a plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio
da imprensa (liberdade de imprensa);
 o trabalho, como garantia da vida para o cidadão brasileiro;
 o comércio a retalho só para os cidadãos brasileiros;
 a inteira e efetiva independência dos poderes constituídos;
 a extinção do Poder Moderador e do direito de agraciar;
 o elemento federal na nova organização
 a completa reforma do Poder Judiciário, de forma a assegurar as
garantias dos direitos individuais dos cidadãos;
 a extinção da lei do juro convencional;
 a extinção do sistema de recrutamento militar então vigente.

Apesar do caráter liberal da revolução, os revoltosos não cogitavam a


abolição da escravidão.

Depois de receber a adesão da população urbana que vivia em extrema


pobreza, pequenos arrendatários, boiadeiros, mascates e negros libertos, os
praieiros marcharam sobre o Recife em fevereiro de 1849 com quase 2.500
combatentes, mas foram rechaçados.

A repressão

A Província foi pacificada por Manuel Vieira Tosta, indicado como novo
presidente, auxiliado pelo Brigadeiro José Joaquim Coelho, novo
Comandante das Armas. As forças rebeldes foram derrotadas nos combates
de Água Preta e de Iguaraçu.
Os líderes do movimento pertencentes à classe dominante, foram detidos e
julgados apenas em 28 de novembro de 1851, quando os ânimos na
província já tinham serenado, ocasião em que o governo imperial pôde lhes
conceder anistia. Voltaram, assim, a ocupar os seus cargos públicos e a
comandar os seus engenhos.

Por outro lado, os rebeldes das camadas sociais menos privilegiadas -


rendeiros, trabalhadores e outros - não tiveram direito a julgamento e, ou
sofreram recrutamento forçado ou foram anistiados por intervenção de seus
superiores para retornarem ao trabalho, exceto aqueles que foram
sumariamente fuzilados durante e logo após os combates.

Consequências

Com o fim da Praieira no início de 1850, iniciou-se a segunda fase do


Segundo Reinado, um período de tranquilidade política, fruto do
Parlamentarismo e da Política de Conciliação implantados por D. Pedro II,
e da prosperidade trazida pelo café.

É importante lembrar que, apesar de a revolução ter sido liderada por


liberais, ela ainda não tinha caráter essencialmente republicano: apenas
alguns de seus participantes apoiavam a proclamação da República.

Muitos dos revoltosos foram presos por que outros desses, traíram o
movimento.

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