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Fedro, por exemplo, a noção de que a Alma é uma substância lógica independente
do corpo físico, ideia essa que parece figurar no centro do dualismo. No decorrer
do capítulo dois, o autor seleciona um argumento em especial, contido no escrito
Alcibíades, para explorar a discussão platônica. Em resumo, o argumento propõe
que assim como um homem usa uma ferramenta, o corpo seria uma ferramenta
utilizada pela Alma e, nesse momento, alguns problemas na argumentação são
visíveis e o autor destaca, por exemplo, o termo usar, que se diferencia nos dois
casos precisamente quanto ao sentido.
É introduzida, ainda no capítulo dois, uma discussão sobre outro grande
expoente do dualismo, o filósofo francês René Descartes (1596-1650) que, segundo
o autor, formulou uma concepção original sobre o dualismo. A indivisibilidade da
alma, usada como prova de sua imortalidade, e sua distinção do corpo como res
extensa em oposição àquela como res cogitans, coisa pensante, e a consequente
atribuição do pensamento como sua característica essencial, são duas
contribuições pertinentes e interessantes de Descartes a discussão sobre o
dualismo. O filósofo francês também propõe a abordagem do corpo, a res extensa,
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como uma máquina que, apesar de conter extensão, ao contrário da alma, não
poderia ter consciência. A partir desse ponto, pode-se distinguir os animais dos
seres humanos e os colocar na mesma posição que máquinas, autômatos, que
mesmo formados de forma complexa, são incapazes de mentalidade por não
possuírem res cogitans. São enumerados dois testes que, segundo Descartes,
testificavam ou não a presença da alma: a utilização da linguagem e o
comportamento não linguístico dos animais. Outro ponto discutido é a questão da
relação mente-corpo que, para Descartes, acontece através da glândula pineal.
Ao final do capítulo, o autor propõe uma discussão sobre os principais
problemas e críticas direcionadas ao dualismo substancial através da história.
Aponta para alguns principais argumentos que incidem principalmente sobre o
dualismo cartesiano, mas que também ecoam em conclusões dualistas de forma
mais universal. São apresentados argumentos versando, por exemplo, sobre a
concepção de mente como posse absoluta por parte de Descartes em contraste com
a concepção biológica de mente como um “Espectro que abarca desde criaturas
como formigas e lesmas (...) à completa panóplia de estados mentais que nós
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