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A IMPORTANCIA DA CONTROLADORIA
NA
ECONOMIA GLOBALIZADA.
Banca Examinadora:
11
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
A IMPORTÂNCIA DA CONTROLADORIA NA
ECONOMIA GLOBALIZADA.
1200000233
)
Orientador: Jacob Ancelevicz.
SÃO PAULO
1998
iii
FANHANI, Sônia A. A IMPORTÂNCIA DA CONTROLADORIA NA
ECONOMIA GLOBALIZADA. São Paulo, l.998, 88p. Dissertação de Mestrado
apresentada ao curso de M.B.A.-Master in Business Administration, da EAESPIFGV.
Área de Concentração: Administração Contábil- Financeira.
iv
sUMÁRIO
I - Introdução 01
v - Conclusão 77
VIII - Bibliografia 87
v
Agradecimentos:
)
vi
RELAÇÃO DE TABELAS
vii
I. Introdução
capital, e no incremento do setor de serviços, surgiu a necessidade de que a área financeira das
empresas participasse mais ativamente no gerenciamento dos negócios, expondo seu conhecimento
A nova ordem econômica verificada nas últimas décadas passou a requerer presença forte
e marcante de líderes financeiros como apoio ao processo de tomada de decisões, visto que seu
envolvimento tomou-se fator diferencial no desempenho financeiro das empresas. Rapidez nas
decisões, presença acirrada dos concorrentes, busca incessante por oportunidades e a marcante
mobilidade de capitais pelo mundo impuseram às empresas a volatilidade das estratégias e das
ações tomadas, implicando cada vez mais a necessidade de sistemas de informações confiáveis e
eficientes, que pudessem atender prontamente à alta administração das empresas e auxiliar na sua
direção. Os investimentos feitos ao redor do mundo, o aumento do risco empresarial e da
complexidade econômica, combinados com a pressão por elevados lucros, contribuíram para que a
Diante desse quadro, o presente trabalho tem como objetivo apresentar os fatores que :/-
influenciaram a maior participação da Controladoria no gerenciamento das empresas, bem como
aqueles que validaram a importância das contribuições até então prestadas por essa área, frente ao
cenário da Globalização. Apresentam-se as principais características do perfil do Controller, bem c "
como sugerem-se as mudanças necessárias para a administração que se fará presente na virada do
século. A idéia básica é alavancar o papel desempenhado pela Controladoria através da definição e
implementação de Sistemas de Informações relevantes, concisos, precisos e esclarecedores das
metas e objetivos traçados pela empresa, com a ajuda das modernas ferramentas tecnológicas
atualmente existentes. Sendo a inovação tecnológica uma constante, faz-se necessário que os
profissionais da Controladoria e, em especial, o Controller, adquiram habilidades no manuseio das
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tecnologias que estão à disposição no mercado, incluindo-se os modernos sistemas integrados de
informação.
metas. A Controladoria apresenta-se, ainda, como facilitadora das respostas para questões que
generalista dos Controllers, permite que muitas empresas cresçam com lucratividade, dentro de
uma complexa realidade de negócios. Para isso, faz-se fundamental o correto entendimento das
políticas macroeconômicas dos países nos quais as empresas estabelecem suas bases de negócios,
bem como das tendências da economia mundial. Na Era Digital, o recurso mais importante que as
empresas passaram a possuir é a informação, a qual permite obter respostas e traçar ações de
empresas, e de como essa necessidade surgiu. Segue-se uma breve explicação de como as
inovações tecnológicas e a informática foram os maiores aliados para que isso acontecesse. Ainda
nesse capítulo, é apresentada uma síntese do fenômeno da Globalização, e as razões pelas quais ela
ocorreu, evidenciando a necessidade dos profissionais da Controladoria entenderem e agirem
proativamente quanto a esse novo cenário. O novo Controller deve ser um profissional global.
.I
Para tanto, ele deve reunir conhecimento técnicos associados fortemente a esse fenômeno, bem
como. reunir liderança e equilíbrio emocional para servir de receptáculo das expectativas de seu
maior cliente - a alta administração - e servir de elo entre esta última e as camadas gerenciais da
empresa.
2
se como a definição e implantação de sistemas de informação toma-se uma importante tarefa da
Controladoria, que, até os dias de hoje, perdura na forma de relatórios gerenciais inteligíveis,
concisos, em tempo certo e com acuracidade. Ressalta-se, ainda, a dupla participação da
a participação ativa e equilibrada dos Controllers nas suas concepções, sem que haja a perda da
independência implícita na função. Esses profissionais devem interagir com as demais áreas
segurança e lucratividade esperados pela alta gerência, por acionistas e demais partes interessadas.
adverso como o verificado nesse final de século. Acima de tudo, é explorada a idéia da mudança no
escopo das atividades desses profissionais, os quais devem minimizar a carga burocrática e o
crescimento saudável e lucrativo das empresas. O trabalho termina, então, com a sugestão de
outras matérias complementares, que podem ser exploradas dentro dessa mesma linha de
raciocinio.
3
ll. o ambiente ea evolução da Controladoria no século XX
Desde o início deste século, após um intenso período de adaptação à Revolução Industrial
iniciada no século XIX, a sociedade e as empresas, de modo geral, vêm enfrentando grandes
fizeram-se presentes diversas mudanças trazidas pelo impacto da I Guerra Mundial, gerando novos
acompanhar a velocidade trazida por mudanças de toda ordem, sejam tecnológicas, organizacionais
oucomportamentais, as quais afetaram não somente o estilo de vida dos indivíduos na sociedade,
mas principalmente a forma como as empresas se organizam e operam.
Mais precisamente, após a crise mundial do café e .o grande crash na Bolsa de Nova York
4
uniforme e consistente, o desempenho financeiro das empresas aos acionistas, ao mercado externo
notado por Johnson e Kaplan', por volta do ano de 1925, todas as práticas da contabilidade
gerencial utilizadas nos dias de hoje já tinham sido desenvolvidas: contabilidade de custo da mão-
flexíveis; previsão de vendas; custo padrão; análise de variações; custo de transferência e medidas
de desempenho financeiro departamentais. Estas práticas, portanto, foram idealizadas para um
contexto empresarial bem diferente daquele no qual vivemos atualmente, e as mesmas serviram
para uma complexidade de negócios típica do início deste século. Estes instrumentos foram todos
atender uma demanda reprimida por bens e serviços ao redor do mundo), a Controladoria passou a
ser uma função de grande relevância dentro das empresas. Através das Ciências Contábeis, que há
muito tempo foram desenvolvidas e que vinham sendo praticadas desde o século XV, iniciou-se um
1 JOHNSON, H. Thomas; KAPLAN, Robert S. Relevance Lost - The rise and fall of management
accounting. Boston: Harvard Business School Press, 1987.
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necessidades básicas durante a primeira metade deste século, conforme apontado por Marple2 em
seu livro "Toward a Basic Accounting Philosophy":
(i) it must be capable of developing and providing continuous/y lhe facts and information
essential for management guidance and decision-making in operating the enterprise and."
(2) it must provide lhe means for setting forth the financiai and operating results clearly and
factually for the benefits ofstockholders, credit grantors and other interested third parties/"
a complexidade trazida pelo aumento de atividades associadas com a produção de bens e serviços.
Tais informações, relevantes à gerência, levaram-na a reconhecer que seria impossível imaginar a
realidade operacional das empresas dentro da nova ordem sócio-econômica pós-guerra sem que se
desse a devida atenção à Contabilidade e aos relatórios financeiros provenientes da Controladoria.
A Controladoria, então, pode ser vista corno a arte de planejar, controlar e monitorar as
situações econômicas e financeiras em transformação. Esta passou a informar, influenciar e
organizar sistemas de informações a fim de instruir a alta administração e as camadas gerenciais
na consecução de seus objetivos.
2 MARPLE, Raymond P. Toward a Basie Accounting Philosophy. New York: National Association of
Accountants, 1964. Preface. 174 p.
2. Deve ser capaz de desenvolver e suprir continuamente a gerência com os fatos e informações no
direcionamento e para a tomada de decisões da empresa.
2b Deve ser capaz de providenciar os meios para o entendimento dos resultados financeiros e
operacionais, de maneira clara e factual, em beneficio de todos os acionistas, credores e demais partes
interessadas.
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contexto econômico atual, a liberalização das tarifas e a mobilidade do capital estrangeiro em nível
mundial reforçam a competitividade e ordenam maior agilidade e rapidez nas decisões, exercendo
pressão sobre os executivos financeiros para que o sistema contábil-gerencial de informações esteja
atualizado e adaptado a essa nova realidade, ao menor custo possível. Essa responsabilidade
geralmente recai sobre a Controladoria.
forte impacto na função da Controladoria, uma vez que todos eles resultaram em um novo formato
do fluxo de informações necessário dentro e fora das empresas. Felizmente, a invenção dos
computadores ajudou muito nessa transição. Após a invenção dos mesmos e as inovações
constantes no desenvolvimento de softwares cada vez mais inteligentes, além da modemidade dos
meios de comunicação, a Controladoria das empresas tem tido um papel de maior importância,
facilitando as tarefas de extração e geração de informações gerenciais advindas dos registros
que biscam atender as informações requeridas pelos executivos, ao mesmo tempo que diminuem a
carga burocrática vinculada ao registro e processamento das transações operacionais e financeiras
das empresas.
7
Outras atividades operacionais podem se beneficiar de um sistema de informações bem
elaborado e integrado com os relatórios gerenciais. Pode-se citar, por exemplo, a solução de
BAAN, Oracle, Peoplesoft, entre outras, lideram esse mercado ao oferecerem soluções com
sistemas informatizados e integrados que já incluem as melhores práticas de mercado, conhecidas
desses pacotes de sistemas integrados de informações, pois nesse caso os eventos contábeis são
gerados na fonte de cada transação, permitindo grande agilidade e acuracidade das informações,
garantindo maior eficiência operacional nas empresas.
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dos bens e serviços aos clientes. Tudo isso é feito com pouca intervenção humana e em menor
tempo do que tradicionalmente os mainframes vinham fornecendo, com a enorme vantagem de
simultaneamente registrar as transações contábeis decorrentes dessas atividades e apurar os
impactos financeiros na cadeia de processos da empresa.
Do ponto de vista da área financeira, a maior vantagem que se pode verificar na utilização
dos sistemas de informações integrados é a velocidade das informações, que combinam variáveis
financeiras na avaliação das medidas operacionais das empresas, através de índices que conduzem
a um entendimento sistemático e contínuo sobre o desempenho financeiro das mesmas. Podem-se
citar alguns exemplos de soluções integradas nos sistemas de informações que permitem alcançar
esse status, tais como: On-line inventory tracking systems, que permite identificar, atualizar e
valorizar os inventários necessários à produção, evitando assim criar excesso e obsolescência de
inventários; o Bar-Coded time clock systems, que registra o recebimento, a entrada, a
movimentação e a produção de materiais com enorme precisão através do código de barras,
evitando digitação excessiva; e também o ABC- Activuy-Based Costing, reconhecido e utilizado
como ferramenta gerencial de vanguarda na análise, interpretação e controle dos custos das
empresas. Com tais ferramentas, a Contabilidade estará a serviço da empresa e disponibilizará
informações necessárias para os usuários e para os tomadores de decisões sobre diferentes fatores
que influenciam suas decisões. A cadeia de processos será integrada, fornecendo valiosas e
confiáveis informações, quase em tempo real.
.Face a toda essa transformação relatada até o momento, é fácil compreender a mudança
nas caracteristicas das organizações, que implicou maior agilidade dos sistemas de informações.
Neste cenário existe uma forte associação entre a) as mudanças tecnológicas resultantes da
abertura de novos mercados mundiais, b) a nova ordem econômica, social e política das nações e
seus conglomerados, e c) a enorme mobilidade de capital que predomina ao redor do mundo.
Todos esses fatores lidam com os clamores cada vez mais fortes em favor da criação de "valor
econômico" para os acionistas dessa empresas. O cenário que presenciamos nesse final de século
tem suas origens em eventos que influenciaram as empresas em busca de lucros crescentes e
contínuos, face principalmente ao fenômeno da Globalização, que promoveu a conquista por
9
mercados globais, a economia de escala, o livre comércio internacional, a liberação de tarifas e a
movimentação de capital entre as nações. Dessa forma, esses eventos afetaram a Controladoria das
empresas, visto que a dinâmica dessa função teve que se compatibilizar com as mudanças e as
flutuações ocorridas na economia mundial, a fim de entender todo esse impacto dentro das
empresas e comunicá-lo de maneira clara e concisa às partes interessadas.
Universidade de São Paulo, resume que "a Globalização não é apenas palavra da moda, mas a
sintese das transformações radicais pelas quais vem passando a economia mundial desde o início
dos anos 80.,,3 Pesquisa apresentada pelo Datafolha em Maio/97 mostra que 57% dos brasileiros
jamais ouviram falar na palavra da moda. Mas isso não parece importar; ela afeta a todos, em
menor ou maior grau.
outras nações que não somente aquelas de suas origens, em busca de ganhar novos mercados, e
3 ROSSI, Clovis, Globalização diminui as distâncias e lança o mundo na era da incerteza. Folha de São
Paulo, São Paulo, 02/Novembro/1997. Especial 2.
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conseqüentemente maior escala de produção, barateando os custos de seus produtos e visando o
atendimento da demanda mundial de bens e serviços.
Obviamente, a ênfase dos países mais industrializados da época era na produção de bens
manufaturados, sejam de. consumo ou bens de capital, não necessariamente no mercado doméstico,
pois acordos e tratados de abrangência internacional estimulavam a mobilidade do capital entre as
nações, levando a várias mudanças, alguma delas citadas abaixo:
1. aumento de demanda por parte dos clientes, requerendo entregas mais rápidas com o aumento
da qualidade dos produtos, com garantias e serviços em nível mundial;
2. respostas mais rápidas, a fim de corresponder as exigências dos mercados e pressões dos
competidores, principalmente quanto ao tempo ciclo de desenvolvimento de novos produtos;
3. melhorias e enxugamento das estruturas, com diminuição dos custos, através de terceirizações
ou contratos com empresas sub-contratadas;
Somente para se ter uma idéia, de acordo com Clovis Rossi, "o volume de transações
internacionais com ações, entre 1980 e 1990, teve um crescimento de 28% ao ano, em média.?"
Porém, converter atividades locais para um negócio global é uma tarefa complexa e desafíante,
necessitando o reconhecimento das implicações e novas estruturas que surgem a partir disso, como,
por exemplo, novas práticas e procedimentos, análises de riscos, entendimento da legislação e
requerimentos locais dos países investidos, e principalmente - e não menos importante - a
contratação de executivos financeiros experientes que possuam o domínio do idioma e algum
conhecimento da cultura e das políticas da empresa matriz. Esta evolução afeta diretamente a área
financeira das empresas, e, em particular, a função da Controladoria.
4 ROSSI, Clovis). Globalização diminui as distâncias e lança o mundo na era da incerteza. Folha de São
Paulo, São Paulo, 2/Novembro/1997. Especial 2.
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Verifica-se que nas últimas quatro a cinco décadas ocorreu um aumento significativo das
operações internacionais das empresas, aumentando o envolvimento da Controladoria e de
executivos financeiros com diversos aspectos relacionados com esse novo cenário internacional e
global, tais como: mudanças na fonte de fornecimento de matérias-primas e suprimentos;
minimização de custos logísticos; múltiplas oportunidades de investimentos nos mercados
financeiros; bem como novos impactos nas estruturas organizacionais no que se refere à área
financeira 'local' das subsidiárias e das matrizes. Verifica-se, ainda, mudanças nas políticas e nos
procedimentos relacionados com o planejamento, responsabilidade e controle exercidos em nível
local das empresas instaladas nos países estrangeiros, principalmente latino-americanos e asiáticos,
atentando-se para critérios da legislação contábil, fiscal e legal desses países.
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Na realidade, a nacionalidade dessas empresas não é .algo tão fácil de ser definida. Só
podem ser consideradas "globais" aquelas empresas em que a linha de comando é, em sua maioria,
preenchida por indivíduos transnacionais, ou seja, indivíduos com a experiência gerencial local e
vivência profissional ou acadêmica fora de seus países de origem, apoiados pelas empresas. Em
resposta ao processo de internacionalização das empresas, foi preciso buscar agilidade e auxilio à
tomada de decisão, adicionada a uma visão mundial dos negócios, reforçando a necessidade dos
Controllers adquirirem conhecimentosobre como operam as empresas em países estrangeiros. Isso
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Tabela 1
Classificação das maiores empresas com capital internacionalizado em 1990 5
5 LODGE, George C. Managing Globalization in the Age of lnterdependence. U.S.A: Warren Bennis,
1995. pg. 68..
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A diferença básica entre a empresa globalizada e a multinacional é que a primeira
apresenta "mobilidade", seja de capital, de pessoas, informações e tecnologias, ou até mesmo de
fábricas inteiras. Essa mobilidade, alcançada nas últimas décadas, é decorrente da concentração da
maioria do capital mundial nas mãos de uma pequena minoria de corporações, responsáveis pela
Somente para se ter uma idéia da magnitude desses valores, conforme apontado por Clovis Rossi6,
"o fluxo de comércio internacional de bens e serviços em 1994 foi de US$ 8,4 trilhões, e o valor
em 1984 era somente US$ 3,5 trilhões. Empresas globais estão um passo adiante - ou muitos
passos adiante - das multinacionais."
A maioria das empresas globalizadas busca hoje a padronização operacional mundial com
flexibilidade, e uma estratégia de marketing única para todos os países nos quais se comercializam
Logistics, etc., para alcançar a velocidade e o grau de eficiência e eficácia necessários para o
alcance de um maior número de clientes, a custos menores, conforme mostram os exemplos da
Nike, Coca-Cola, General Motors Inc., entre tantas outras.
Isso tudo para atingir mercados internacionalmente atraentes, além fronteiras, de forma
rápida, em busca de novas possibilidades de lucros a serem obtidos pelo consumo gerado nas
nações em desenvolvimento, o que supostamente propiciaria uma melhor distribuição de riquezas e
a diminuição das distâncias sócio-econômicas entre elas. Mas essa suposição não se concretizou,
pois desde 1960 os pobres ficaram mais longe dos ricos: os 20% mais ricos do planeta tinham, em
1994, uma renda 78 vezes superior a dos 20% mais pobres. Em 1960, a diferença já era grande,
6 ROSSI, Clóvis. Globalização diminui as distâncias e lança o mundo na era da incerteza. Folha de São
Paulo, São Paulo, 2/Novembro/1997. Especial 2.
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porém menor, a saber, 30 vezes, de acordo com dados estatísticos da distribuição de renda em
locais como África, América Latina, México, entre outros.
o nível de desemprego aumenta a cada dia, não restrito somente aos países em
desenvolvimento, mas fazendo-se presente também em algumas regiões dos E.U.A e na Europa,
como é o caso da Espanha e França, com indices que giram em tomo de 13 a 20%. Possivelmente,
este é um fenômeno que surge em função da corrida por maior produtividade, automação
industrial, reengenharia, downsizing e por problemas de imigração, para esses países ricos, os
quais continuam investindo cada vez mais no exterior, canalizando seus investimentos locais para
setores que exigem mão-de-obra mais capacitada tecnicamente, criando uma lacuna para essa força
de trabalhadores manuais, em busca de novos empregos. Hoje, "o homem serve à máquina em vez
desta servir ao homem. Na verdade, o conhecimento é hoje o único recurso com significado. Os
tradicionais "fatores de produção" - terra (isto é, recursos naturais), mão-de-obra e capital ~ não
desapareceram, mas tomaram-se secundários. Eles podem ser obtidos facilmente, desde que haja
conhecimento. ,,7
Estamos em plena Era Digital. Nessa nova sociedade que se forma, a Sociedade do
Conhecimento, a informação é o meio de produção mais importante. Isso somente acontece devido
à ajuda imensurável que a tecnologia tem propiciado para alcançarmos a mobilidade e a velocidade
da informação ao redor do globo, através do desenvolvimento das telecomunicações e de sistemas
de informações globais,invadindo residências e empresas, atingindo milhões de pessoas de uma só
vez via satélite, permitindo a troca de conhecimento entre elas. Um exemplo dessa velocidade é a
fibra ótica que, com espessura de um fio de cabelo, transmite 500 canais de TV simultaneamente e
comporta informação equivalente a 1.000 freqüências de rádio. As redes de computadores se
proliferam, a Internet é a 'rainha' que permite estarmos conectados em qualquer lugar do mundo,
fomentando a criação de organizações virtuais. Somente para se ter uma idéia de como as últimas
três décadas sofreram aumento significativo no volume de informações trocadas entre os países,
hoje, supera 700 milhões o número de ligações telefônicas entre os EUA e a Europa, sendo que em
1960, elas foram apenas 2 milhões.
7 DRUCKER, Peter F. Sociedade Pós-Capitalista, São Paulo: Pioneira, 1993. pg. 21.
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Todas estas estatísticas validam o crescimento dos investimentos na informatização das
empresas e em telecomunicações que permitam a troca de conhecimento. Apesar da limitação de
informações existente no Brasil, estudos estatísticos mostram que as empresas brasileiras também
agilizar o processo decisório e aumentar a sua conexão com o mundo. Vejamos a tabela abaixo:
Tabela 2
o cenário no qual as empresas fazem negócios e no qual vivemos hoje, portanto, é regado
de uma certa ambigüidade de propósito, no que tange ao valor e benefícios do processo de
Globalização, o qual passa por fortes questionamentos de âmbito social, político, cultural e
ambiental, além de fatores de ordem econômica e tecnológica, uma vez que não cumpre com seu
propósito original. Mas, qual seria mesmo o propósito da Globalização? Esta é a pergunta que
muitos tentam responder, mas até agora nenhuma nação, corporação, economista ou instituição
conseguiu. Conforme Willson et. al: 9 descreve em seu livro Controllership,
a(...) those aclive in business know that change 'is constant. lt seems some subjects are
emphasized, then de-emphasized and later emphasizett.again, foréxample, benchmarking, re-
8 Pesquisa feita em 1995 pela CIA-Centro de Informática Aplicada, da Fundação Getúlio Vargas, com
empresas da região Sudeste (eixo Rio-São Paulo).
9 W1LLSON, James D. etal. (Orgs.). Control/ership - The Work of the Managerial Accountant, 5a.
edição U.S.A: John Wiley and Sons. Inc., 1995. pg.235.
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engineering, empowered workteams, leveraged buyouts, mergers and acquisitions, explosion of new
technologies, the changing nature of capital markets. And now we have Globalization. ,,]0
ninguém parece querer a responsabilidade de ser cobrado sobre os seus feitos, e defeitos.
Inicialmente, a Globalização foi vista como a promessa de eficiência que espalharia as "boas
coisas da vida" para aqueles que não as têm. E isso tudo acontece em um cenário marcado por
fortes diferenças de cultura, raça, religião e costumes, dificultando ainda mais a convergência de
objetivos entre as nações e suas civilizações. Assim, mesmo parecendo ser somente um processo de
origem econômica e tecnológica aos olhos de muitos, esse fenômeno parece ser também um
processo político e social. Há mais de vinte anos atrás, um sociólogo chamado Daniel Bell (op.cit:
p. 73) da Universidade de Harvard, escreveu: "The decisive social change taking place in our time -
because of the interdependence of men and the aggregative character of economic actions, the rise of
externalities and social costs, and the need to control the ejJects of technical change - is the
subordination of the economic function to the political order. The autonomy of the economic order (and
the power of the men who run it) is coming to an end ... ,,11
Os compromissos políticos firmados com a criação de instituições, tais como FMI, Banco
Mundial, OMe, etc., tiveram como suposição o restabelecimento da ordem econômica mundial,e
objetivaram estimular a expansão do comércio internacional, eliminar barreiras tarifárias e
protecionistas das nações, e conseqüentemente banir a pobreza do mundo e promover o
desenvolvimento das nações menos favorecidas. Entretanto, tais compromissos nunca vincularam
seus desempenhos e propósitos ao processo de Globalização, embora este esteja implícito nos seus
objetivos primários. O que se nota é que os sistemas de governo não capitalistas, centrados na
lO ( ... ) pessoas ativas nos negócios sabem que a mudança é uma constante. Parece-nos que alguns assuntos
são enfatizados, logo após esquecidos e mais tarde enfatizados novamente, como por exemplo,
benchmarking, reengenharia, times de trabalho auto-gerenciáveis, fusões e aquisições, explosão de novas
tecnologias, a mudança dos mercados de capitais. E mais recentemente, temos a Globalização.
1i A mudança social decisiva que vem ocorrendo nos últimos tempos - devido a interdependência do
Homem e as características agregadoras das ações econômicas, o aumento das externalidadese dos custos
sociais, e a necessidade de controlar os efeitos das mudanças tecnológicas - evidencia a subordinação da
função econômica à ordem política. A autonomia da ordem econômica (e o poder do Homem de dirigi-la)
está chegando ao fim ...
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Nação-Estado, foram inadequados para que esse desenvolvimento ocorresse, e cabe agora a essas
organizações promover um modelo de liderança coletiva mundial que iniba conflitos e tensões 'entre
as nações, principalmente no setor econômico. Durante 40 anos após a II Guerra Mundial, a bi-
polaridade do poderio 'econômico EUA e URSS foi capaz de lidare acobertar as diferenças de
propósito e prioridades das organizações transnacionais, mas o fim da Guerra Fria criou uma
lacuna que ainda não foi preenchida.
prezar a nova ordem econômica do pós-guerra, focalizando seus propósitos e a forma como se
encaixam no âmbito da Globalização:
a estabilidade das 'moedas de troca' dos diversos países do mundo -que haviam entrado em
desordem total após a Guerra, na tentativa de prevenir que os países usassem de artificios, de
desvalorização da moeda local como forma de aumentar suas exportações. Foi inicialmente
chamado de sistema Bretton Woods. Um sistema de moedas fixas, lastreadas ao ouro,
fiscalizado pelo Banco Central-de cada país, que poderiam pedir empréstimos ao se 'defrontar
19
que a competitividade econômica não era essencialmente entre empresas mas, sim, entre
sistemas de governo. Apesar de todos reconhecerem a necessidade de controle e
regulamentação das moedas, o propósito do Fundo Monetário Internacional mudou
drasticamente após 1971, passando a exigir certas regras e condições para o desenvolvimento
econômico dos países antes mesmo que estes pudessem emprestar dinheiro. Tais regras
favoreciam muito mais as nações já desenvolvidas, controladoras do Fundo, do que
necessariamente os países em desenvolvimento, usualmente com dificuldades no âmbito
macroeconômico, tomando ainda mais difícil a entrada desses países no comércio
internacional e inviabilizando suas capacidades competitivas mundiais. Países como Brasil,
México e outros da África, como Zâmbia, foram muito afetados por esse sistema, que em
último grau impunha normas macroeconômicas não sustentáveis a esses países, causando
recessão e desempregona maioria deles, em benefício daqueles mais desenvolvidos.
2. Banco Mundial - Criado também em Bretton Woods, em 1946, com US$ 12 bilhões de
capital, tinha como objetivo compartilhar as decisões de empréstimos para os países em
desenvolvimento com o FMI, com a finalidade de melhorar os padrões e a qualidade de vida
desses países. Em 1993, tinha comprometido em tomo de US$ 24 bilhões, tomando-se o maior
banco de empréstimo do mundo. Atualmente, possui patrimônio em tomo de US$ 140 bilhões e
aproximadamente 6.000 funcionários, e fmancia uma variedade de projetos de
desenvolvimento industrial, de tecnologia, agricultura, energia e transporte. Em seus últimos
relatórios anuais, faz-se menção que seus objetivos devem girar em tomo do desenvolvimento
de países pobres, notando que 1/3 da população mundial vive em condições de miséria e 2/3
com renda per capita inferior a 20% da renda americana. Existe a direção clara de que os
empréstimos devam ser feitos apoiados pura e simplesmente em decisões de natureza
econômica, mas todos sabemos que não é possível que uma nação se desenvolva sem ter uma
estrutura política forte. Em 1980, como prova disso, o Banco oferecia os empréstimos de
"ajuste estrutural" e houve uma enorme demanda por crédito por parte dos países em
desenvolvimento, os quais não foram capazes de gerar, em suas balanças comerciais, os
dólares necessários para pagamento futuro do principal mais os juros desses empréstimos.
Veio, enfim, a moratória. Isso porque esses empréstimos enfatizavam o crescimento e a
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competitividade das nações no comércio internacional, encorajando abertura de mercados,
aumentarem seu produto nacional bruto, inibindo uma melhor distribuição de renda. Sem
renda, não há consumo; sem consumo, não há investimento e nem tão pouco poupança interna.
O próprio Brasil tomou mais de US$ 100 bilhões em empréstimos do Banco. Apenas em 1993,
houve o reconhecimento de que países como Korea, Taiwan, e outros do leste asiático estavam
modelo sugerido pelos economistas do próprio Banco. Mesmo assim, o Banco é percebido
relembrar as palavras de Lodge (op.cit: pg. 102), em seu livro Managing the Globalization in
3. OMC - Organizacão Mundial do Comércio (Antigo GATTI - Também criado logo após a 11
Guerra Mundial, em 1948, com a finalidade de eliminar as barreiras do comércio
internacional e impulsionar a economia mundial. Sua base de funcionamento prevê a
associação de países membros, visando uma representatividade mundial. Em 1994, concluiu
importantes rodadas de negociações , quando até então seu desempenho não tinha ficado à
altura do que se esperava. Isso porque, conforme especialistas, dividiu o mundo em dois
blocos, sendo um bloco com os países nos quais o comércio era suposto ser "livre" e um outro
12 A lição mais significativa a ser aprendida com o leste Asiático é saber que o importante é o consenso
entre membros de uma comunidade sobre o signficado de desenvolvimento, e como ele será atingido.
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bloco, menos favorecido, meio que excluído de participação. Muitos dizem que o antigo GATT
funcionava, assim como o FMI e Banco Mundial, como um conjunto de mecanismos que
organização mais fortalecida, nomeada OMC - Organização Mundial do Comércio, mas ainda
havia um longo caminho para o "livre comércio", o qual não é livre em nenhum lugar do
3.2 - Formação de cartéis, muito comum ainda nos dias de hoje, como nos setores de
telecomunicações;
No antigo GATT, não havia regulamentos para lidar com investimento internacional
ou fatores como a formação de cartéiscomo o Keiretsu japonês, levando-nos a concluir
que, dos anos 90 em diante, as dificuldades para o comércio internacional não estão
somente associadas à queda das barreiras, mas também ao sistema que cada um dos
países adota para lidar com assuntos políticos, sociais e econômicos. Isso tudo posto,
veremos que as nações deverão criar um sistema de 'parcerias' entre os governos e as
empresas privadas, de forma a criar um cenário macroeconômico favorável e propiciar
vantagens comparativas através da capacidade em investire poupar a longo prazo. A
Ásia, mesmo estando fora do acordo da OMC, tem dado esse exemplo, apesar da crise que
tem abalado o mercado financeiro mundialmente atual. Cada país membro deverá buscar
por suas core competencies, definindoos pontos mais fortes de sua economia, e como eles
irão interagir com o comércio internacional, sem ferir as regras e acordos efetivados por
essa organização. Não obstante à seriedade e importância dessa organização para o
desenvolvimento do comércio internacional, os EUA têm sido um dos países mais
favorecidos nessa participação, através de acordos firmados por redução de tarifas, lei das
patentes, direitos autorais e direito de marcas, tetos-máximos de subsídios, permitindo que
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sua indústria penetre mais facilmente em diversos mercados, dos 117 países membros da
Com essa breve explicação sobre como essas instituições influenciaram o cenário
econômico mundial nas últimas décadas, fecha-se o ciclo de eventos e propósitos que buscaram
estimular o desenvolvimento econômico de nações menos favorecidas, a estabilidade das taxas
conseqüentemente afetaram as fmanças internacionais das empresas. Tais fatores devem ser de
conhecimento dos membros da Controladoria, devido à interdependência desses fatos com as
tendências da economia mundial futura, e destas com o futuro das organizações.
Essas instituições, criadas desde o término da 11Guerra Mundial, podem ser vistas como
instrumentos utilizados, principalmente pelos EUA, para defmir sua estratégia de liderança global,
em cooperação com o Japão e Europa. Mas um quarto parceiro tem se aproximado, de forma
direta ou indireta,das decisões tomadas por esses países: a Ásia. Nas últimas três décadas, em
desprezar em nenhum momento o poderio econômico dos países daquela região, os quais mostram
sua habilidade de rápido crescimento e penetração em mercados que até 10 anos atrás eram
dominados essencialmente pela Triade. Isso acontece em uma estrutura um tanto quanto suspeita
aos economistas de todo o mundo, e não compreendida pelos mais virtuosos princípios capitalistas,
causando grande agitação e ansiedade no mundo. Será a China o maior rival dos E.U.A. e do
mundo no futuro próximo? Vivemos em um mundo de convergências e divergências, ao mesmo
13 A OMC - Organização Mundial para o Comércio poderia se tomar o centro de uma economia
globalizada.
23
tempo que provamos de integração e desintegração de mercados. Não há como separar fatores
como Comércio Internacional, Investimentos, Políticas (monetárias e fiscais) e Câmbio.
cuidadoso, no qual as empresas e nações se unem para alcançar os seus objetivos, muitas vezes
ainda que diferentes entre elas. Segundo Yoshino, "pode não ser uma panacéia para todos os
problemas da empresa global, mas uma coisa é certa: a capacidade de construir, desenvolver, gerir
e manter uma rede global será a dimensão critica que irá separar os vencedores dos demais
participantes do evolutivo ambiente global do futuro. ,,14
ressonância causada na Controladoria, é lógico dizer que o perfil dos Controllers (sejam eles
Corporativos, de uma Unidade de Negócios ou Divisional), e da área financeira como um todo, não
poderia ficar imune a tais mudanças, advindas desse novo cenário. Uma pesquisa feita pela
Delloite & Touche entre 251 líderes da área financeira, entre eles Chiei Financiai Officers e
diretores executivos, já apontava, em 1994 (texto traduzido para o português):
24
flexibilidade e visão global das estratégias adotadas pelas suas empresas. A competição
global força os líderes :financeiros a:
• re-orientar seus staffs para servire dividir o controle com os gerentes operacionais;
Não é dificil perceber que, mesmo tendo sido uma pesquisa feita há quase cinco anos atrás,
com grandes empresas norte-americanas e européias com faturamento entre US$ 2 milhões a US$
138 bilhões/ano, a preocupação já estava voltada para adequar a função financeira às necessidades
de uma economia globalizada. Segundo WiIIson et. al. (op.cit: p. 247), no capítulo que trata do
tema "Globalizatton: Complexities and Opportunities", o autor retrata os principais aspectos da
Globalização e descreve o reflexo disso nas atividades mais afetadas da Controladoria, devido a
esse novo cenário global, principalmente em empresas que mantêm suas operações em mais de um
país. Esse impacto é maior para o Controller Corporativo, o qual deve reunir habilidades no
entendimento das tendências e movimentos macroeconômicos mundiais. Vejamos abaixo alguns
dos principais temas abordados por WiIIson et. al.top. cit.):
25
2.1 - Conhecimento do ambiente através da comunicação aberta
Entende-se que dois fatores são essenciais para que a comunicação em operações
internacionais seja bem sucedida: idioma e distância. É responsabilidade do Controller
"ruídos". Um procedimento que tem se mostrado bastante efetivo para garantir um bom processo
Uma vez que se chega à definição dos principais pontos a serem comunicados, faz-se
necessário estimular a forma de comunicação que será utilizada, se na forma de reuniões na matriz
26
A elaboração de um Plano de Contas uniforme, controlado centralmente, ao mesmo tempo
que leva em consideração as necessidades locais de cada subsidiária, ajuda a buscar o grau mínimo
requerido para atingir a uniformidade dos relatórios e demais padrões contábeis, resultando em
informações legíveis e entendidas por toda a empresa.
padrões diferem de país para país. Uma vez convencionados esses requisitos locais, os registros
devem ser ajustados aos 'princípios contábeis geralmente aceitos' de cada país (nos E.U.A,
GAAP- General Accepted Accounting Principies), bem como devem ser traduzidos para a moeda
oficial corrente da matriz.
diferenças de padrões contábeis entre o seu país e a matriz, uma vez que se faz muito mais
conveniente realizar as tarefas de tradução e ajuste das demonstrações fmanceiras nas subsidiárias,
conforme cita WilIson et. al(op.cit.).
O maior cuidado envolvendo esse item refere-se às variações da moeda funcional das
subsidiárias, que podem resultar em distorções dos resultados operacionais e financeiros dessas
empresas, quando traduzidos à moeda local da empresa matriz. É de extrema importância
desenvolver mecanismos que enderecem essa possibilidade e minimizem o impacto dos resultados
versus os resultados planejados. Uma forma de se planejar, controlar e mensurar os resultados
atingidos versus o planejado pode ser definido em três etapas primárias:
27
3. Elaborar um plano de ação corretiva, ao mesmo tempo em que se verificam mudanças
significativas contra aquilo que foi planejado (muito conhecido como o processo de
'Forecast );
o efeito da inflação local de cada subsidiária deve, também, ser levado em conta ao se
definir os pressupostos do plano operacional e financeiro, que guiarão os 'targets' de cada uma
delas, em conjunto com as demais previsões e índices da economia local.
A avaliação dos Gastos de Capital é sem dúvida um aspecto bastante importante quando-
nos referimos às decisões que são de co-responsabilidade dos Controllers, uma vez que tais.
decisões são geralmente tomadas por um grupo de pessoas dentro da empresa com a aprovação de'" I ~ "
I,
28 , ,
\ '
vários níveis da alta gerência da empresa. Verifica-se que quando a decisão envolve gastos de
capital em países estrangeiros, o impacto da estabilidade econômica e o risco envolvido mediante
flutuações das taxas de câmbio são de extrema importância, e devem ser analisadas
Assim, é prudente analisar todas as razões que indiquem a necessidade dos investimentos a
serem feitos, sejam elas razões estratégicas, de expansão das instalações, obediência à legislação,
aumento de produtividade, etc., juntamente com as análises e cálculos financeiros, avaliando-se
índices como o VPL - Valor Presente Líquido do fluxo de caixa projetado do projeto; Prazo de
Retorno do Investimentos; Taxa Interna de Retorno sobre os Investimentos (levando-se em conta a
taxa de retorno esperada pela empresa, que deve ser superior ao custo de captação dos recursos);
combinando-oscom os cálculos de ROANA - Return on Average Net Assets, que são índicadores
da viabilidade dos investimentos quanto ao volume de ativos disponíveis versus o fluxo de caixa
adicional a ser gerado. O ROE - Return on Equity, o qual calcula o retorno do projeto para o
investidor majoritário, é também um outro indicador que pode ser utilizado nas decisões de capital.
O Controller deve não somente conhecer as análises financeiras, como também avaliar os
aspectos macroeconômicos que circundam a economia do país onde o investimento. será feito,
devido à volatilidade de muitas economias (como por exemplo, nos países da América Latina,
sudeste da Ásia e leste Europeu), em conjunto com o risco político implícito nessas transações. O
Controller deve observar cuidadosamente o impacto causado por economias mais fechadas, que
fazem forte restrição à saída de remessas de dividendos para fora desses países, como é o caso da"\
Índia e China. É papel do Controller Corporativo assegurar que as projeções necessárias sejam;~_/
feitas, que as circunstâncias sejam analisadas, e que todas as possíveis variáveis sejam
consideradas, antes que as empresas lancem-se em investimentos que coloquem o seu patrimônio
em risco. Este é, sem dúvida, um papel mais conservador e crítico, do que puramente avaliar as
oportunidades de negócios que possam surgir dos investimentos, o que fica geralmente a cargo dos
gerentes e executivos de marketing e de produto, com o aval da alta direção da empresa.
r
29
2. 7 - Estabelecimento de Preços de Transferência
Preços de transferência, ou 'Transfer Price' como são usuahnente conhecidos, devem ser
calculados para refletir o preço de produtos manufaturados ou serviços prestados por uma
determinada empresa, a outra(s) pertencente(s) ao mesmo grupo de empresas. Essa prática se faz
necessária de forma que os produtos ou serviços tenham uma paridade,em uma moeda funcional,
que sirva de base para todas as empresas do grupo, adicionando-se aos preços um percentual de
margem fictícia de lucro (inter-company profit), que será automaticamente eliminado por ocasião
da consolidação das empresas do grupo, como é o caso da maioria das empresas americanas.
locais das empresas que recebem tais produtos ou serviços, sendo motivo usual de frustração da
tempo (um ano ou um ciclo de negócios, por exemplo), e, linha de regra, contém uma relativa dose
de subjetividade. Existem opções que visam minimizar essa dose de subjetividade, como, por
exemplo, a atribuição dos preços com base no valor esperado de venda do mercado dos países
exportadores, muito embora essa prática se verifique mais acentuadamente em empresas européias.
minimizem as frustrações locais, ao mesmo tempo que se enquadrem nas normas em prática pela
empresa matriz e pelos governos e órgãos reguladores das leis do comércio internacional, como é o
caso da OMC - Organização Mundial de Comércio, antigo GATT. O Controller Corporativo deve
desenvolver esse trabalho juntamente com o staff que tem responsabilidade pelo planejamento
tributário da empresa matriz, alinhando-se assim os interesses de minimizar a carga tributária das
empresas do grupo e a operacionalização das transações entre essas empresas.
Verifica-se que as leis e regulamentos fiscais diferem entre os países, bem como a carga
tributária atribuída aos lucros auferidos pelas empresas em cada um deles. No Brasil, essa carga
está em tomo de 50%, considerando-se todos os impostos pagos na operacionalização das c,'
30
aspectos são de extrema valia, pois são eles os detentores do conhecimento detalhado de impostos e
tributos locais. Cabe ao Controller local, portanto, fazer a interface com os profissionais de
planejamento tributário da empresa matriz, sob a supervisão do Controller Corporativo, para que
aspectos das leis e regulamentos de ambos os países. De fato, esse item tem uma forte relação com
os Preços de Transferência, pois os governos dos países exercem o seu poder regulador, exigindo
minuciosa prestação de contas referente a essa prática.
Embora esse item não esteja sob a responsabilidade direta da Controladoria na maioria das
empresas, é conveniente que o Controller esteja sempre atento para as leis que regulam o comércio
internacional dos países onde a empresa mantém suas operações, pois o impacto dessas leis e
regulamentos afeta diretamente os negócioseos custos da empresa, através de mudanças (redução
ou aumento) de tarifas e taxas aduaneiras, dos níveis permitidos de internação dos produtos e dos
aspectos logísticos utilizados.
A maior contribuição advinda dos Controllers nesses aspectos é quanto aos fatores de
negociação e orientação quanto ao impacto que tais atividades possam ter nos custos e na margem
de lucratividade dos produtos comercializados pela empresa, em conjunto com os responsáveis pela
logística da empresa.
31
surpreendente para todo o resto do mundo, havia sinais de que as moedas de alguns dos países
daquela região estavam super valorizadas frente ao dólar, e, portanto, susceptíveis a grandes
flutuações. Existem operações disponíveis no mercado financeiro visando proteger os ativos das
quando se comparam com os possíveis prejuízos que podem advir de tais flutuações face ao prêmio
cobrado por essas operações financeiras no mercado.
Assim, a partir da descrição feita por Willsonet. al(op. cit.), observa-se a existência de
vários aspectos técnicos que envolvem a função do Controller, mais especificamente relacionados
com o processo de internacionalização das empresas nos últimos 40 anos. Sabe-se, porém, que
muito mais do que isso tem sido exigido dessa função de extrema importância para as empresas.
Esse profissional deve também ser capaz de reunir fortes características de liderança e ser
32
m . Contribuicões da Controladoria no gerenciamento das empresas
pelo custeio dos produtos manufaturados, pela apuração dos impostos devidos ao governo e pelo
atendimento de requerimentos externos da empresa, além de zelar pelo cumprimento das normas,
políticas e requerimentos adotados pela empresa. No início dos anos 50, essa função tinha quatro
objetivos básicos, a saber:
várias outras atividades, como, por exemplo, o entendimento da política de dividendos de diferentes
países, barreiras tarifárias existentes e a conversão de demonstrativos financeiros da moeda local
de empresas situadas no exterior para a moeda funcional da matriz. Para que isso pudesse se
realizar, foi necessário que o Controller adquirisse conhecimentos profundos sobre os movimentos
e impactos macroeconômicos frutos da mobilidade de capitais, e toda a agilidade que estava por
trás desse processo, mantendo-se bem informado sobre as tendências e necessidades do futuro.
33
b) surgimento de conglomerados e grandes corporações;
Não somente mudaram as atividades dessa função, como também a posição e o perfil de
seu líder, o Controller, se adequou às novas necessidades de negócios desse final de século. Assim,
o Controller mudou. Em meados desse século, esse profissional possuía conhecimentos técnicos
mais limitados do que se verifica atualmente, e estava, na época, mais voltado a manter os lívros
dos controles internos e assegurar o correto pagamento dos impostos, do que necessariamente atuar
como habilidoso negociador e consultor a serviço dos stakeholders, principalmente junto à alta
gerência, no aconselhamento sobre as barreiras e oportunidades futuras que a empresa poderia ter.
o Controller também teve que se adaptar a um novo .ambiente 'que começava a exigir
maior interatividade e trabalho em equipe, fazendo-o abandonar o caráter isolacionista e
controlador que estava associado a esse profissional, nos primórdios da criação dessa função.
Hoje, o Controller deve ser um experiente executivo, cujas atribuições vão além da elaboração de
relatórios contábeis e financeiros. Ele desempenha um papel fundamental na liderança da área
financeira, orientando como as informações financeiras podem ser utilizadas, interpretando e
comunicando fatos relevantes, interagindo diretamente com toda a camada gerencial e executiva da
empresa, com a finalidade de que estas informações sejam transparentes e suficientemente capazes
de auxiliar o processo de tomada de decisões.
.'.-.",
34
Conforme apontado por Willson et al. no livro Controllership - The Work of the
Managerial Aocountant" , as atividades de maior relevância desempenhadas pela Controladoria,
que podem divergir em escopo e função dependendo do tamanho da empresa, são as seguintes:
atividade);
direcionadores de custos;
Observe-se que todas essas atividades estão intimamente ligadas aos sistemas de
informações e controles da empresa. Sem informação, não há ação. Em uma economia r
\
globalizada, as informações devem fluir muito rápido por toda a organização, de dentro para fora, "
e principalmente de fora para dentro. O Controller deve, portanto, ser o facilitador do processo de
definição e implementação de sistemas de informações altamente confiáveis e velozes. Ele dever
} \
entender os processos operacionais críticos e estar envolvido intimamente com a estratégia e os:' \
15 WILLSON, James D. et aI. (Orgs.) Controllership - The Work of the Managerial Accountant, 5a.
edição, V.S.A: John Wiley and Sons,Inc., 1995. 1471 p.
35
: '
'I I
I ,
', I'
'!
objetivos da empresa, de maneira que possa desenhar e coordenar a adoção de sistemas de
informações que comuniquem esses objetivos a todos os indivíduos na empresa. Ele deve ser,
acima de tudo, um visionário.
Tabela 3
Decisão
ISistema de Informaçãol
ADMINISTRAÇÃO
A tabela acima ilustra que um apropriado sistema de informação, quando adotado pelas
empresas, propicia o entendimento do papel das informações no processo de decisão, que passa a
ser chave para a administração das mesmas. A tendência natural é tentar 'medir' a informação pelo
valor adicional que ela traz; entretanto, o conceito mais amplo é o do custo de oportunidade -
quanto custa não tê-la. Como já afirmava Jay Forester em 1960 (apud Meirelles, op. cit.: p. 403),
36
"Administração é converter informação em ação."
divulgação do fluxo de informações existente nas empresas. Será preciso, também, reconhecer os
terminologias puramente contábeis que não são entendidas pela maioria dos mem.bros da empresa,
e reportam fatos passados que usualmente não germinam em ações corretivas de problemas já
ocorridos e não levam à busca da inovação e de novas oportunidades.
sistema de informações gerenciais da empresa, que possa abordar os aspectos citados de maneira
mais dinâmica e menos agregada, ao mesmo tempo em que se respeitem as obrigações relacionadas
com os requerimentos tradicionais da Contabilidade das empresas. Esse perfil é recente e tem sido
desenvolvido nas últimas décadas.
que começavam a surgir. A palavra-chave aqui é flexibilidade. O trabalho burocrático tem que ser
r~'
I
minimizado para dar lugar à criatividade e participação. Obviamente, o aumento da I
37
Pode-se dizer, então, face à extensão e variedade de atividades sob a responsabilidade da
Controladoria, que os Controllers devem ser munidos e agraciados com a capacidade de estender
seus conhecimentos a todos indistintamente, aplicando técnicas contábeis às modernas formas de
presente e direcionar eventos futuros que afetam as empresas, de maneira pró-ativa, profissional e
com extremo equilíbrio emocional, guiando a gerência e os altos executivos ao .pensamento comum
no alcance dos objetivos. Tudo isso através da combinação da obtenção de lucros aos níveis
projetados pela organização, seguindo padrões éticos e morais, e em conformidade com os
compromissos legais, fiscais e sociais das empresas.
o Controller deve ser, ainda, um profissional com extrema competência técnica aplicada
à contabilidade e finanças, com uma visão generalista dos negócios, mantendo o foco nos objetivos
macros da empresa, ao mesmo tempo em que entende as ações táticas de cada função dentro dela.
Ele deve ser também um receptáculo das emoções de seus superiores, seus subordinados e seus
companheiros de equipe, pois é esperado que ele seja o "elo" entre as várias camadas hierárquicas
da empresa, na busca por informações.
Tendo em vista tamanha complexidade, Nakagawa" afirma que "os modernos conceitos
de Controladoriaindicam que o Controller desempenha sua função de maneira muito especial, isto
38
é, ao organizar e relatar informações relevantes, exerce. uma força ou influência que induz os
gerentes a tomarem decisões lógicas e consistentes com a missão e objetivos da empresa". O perfil
desse profissional deve, assim, antecipar e determinar as necessidades de informações existentes
dentro de uma organização, identificar relatórios que serão utilizados pelos usuários dessas
informações, e principalmente promover e orientar para o seu bom uso, em tempo adequado à
velocidade das decisões.
Assim, a Controladoria é reconhecida como uma função-chave que permeia todas .as
demais áreas da empresa e, diante disso, é responsável primordialmente pela adequação dos
controles internos e pela coordenação dos sistemas de informações das empresas. Esta é, sem
dúvida, uma difícil tarefa. Conforme citado por WiIIson et al(op. cit: p. 1113), "a meta do
Controller ao usar a tecnologia em sistemas de informações é fornecer acesso à informação,
possibilitando maior rapidez no ciclo de fechamento dos livros contábeis e melhorando a eficácia e
eficiência da Contabilidade". Assim, não é incomum vermos a função de Sistemas de Informações
sob a responsabilidade da Controladoria, mas o seu envolvimento e responsabilidade maiores
recaem sobre atividades relacionadas à Contabilidade, Planejamento Financeiro/Orçamentos,
Contas a Receber, Pagadoria (envolvendo a Folha de Pagamentos e outros pagamentos),
Inventário e Custos, além de outras tais como Controle de Ativo Fixo e, por vezes, a Tesouraria.
39
administrativas, e principalmente no cálculo e controle dos custos dos produtos manufaturados,
dos Projetos, que auxiliam no Planejamento Estratégico da empresas, os quais servirão de apoio à
levando à eficácia dos sistemas de informações implantados. Isso permitirá que os integrantes da
Controladoria sejam alocados em tarefas de maior valor agregado para a empresa, tais como
projetos de redução de custos, participação em equipes de trabalho, no desenvolvimento de novos
É papel do Controller possuir visão clara dos mecanismos que acabam por afetar os
negócios das empresas, nacional e internacionalmente, treinando sua equipe para um maior nível de
esclarecimento na área financeira e, em último grau, para realizar análises e estudos sobre o
impacto desses movimentos nos resultados financeiros das empresas, levando-os ao conhecimento
da alta gerência como auxílio no processo de tomada de decisão. Como exemplos, pode-se citar
que uma mera mudança na taxa de juros, o aumento de tarifas alfandegárias em um determinado
país ou a desvalorização da moeda local pode causar flutuações que devem ser antecipadas e
consideradas tanto no gerenciamento das operações do dia-a-dia como no desenvolvimento
estratégico das empresas, muitas vezes envolvendo aquisições de outras empresas, expansão de
uma linha de produtos, a conquista de novos mercados ou até a formação de alianças estratégicas,
através de fusões e aquisições.A Controladoria, dessa forma, irá exigir de seus integrantes a
constante atualização e reciclagem sobre conceitos e acontecimentos da economia local e mundial,
matéria importante no desempenho de suas atividades
40
2. A participação da Controladoria na resolução do 'problema do ano 2.000'
problema do ano 2.000, considerado como o maior e mais custoso problema comum de
informatização gerencial que as empresas de todo o mundo terão (ou já estão tendo) que enfrentar,
mostrando de maneira clara o significado e relevância que o fluxo de informações exerce sobre a
informações, mais precisamente os "anos" das datas das transações, foram armazenados quando os
sistemas foram desenvolvidos em uma linguagem antiga e já ultrapassada, apenas com os últimos
dois dígitos do ano, devido ao custo-beneficio da época.
sistemas capazes de armazenar datas com quatro dígitos ao considerar um determinado ano da
transação a ser registrada. Caso contrário, haverá perda de controle das informações que resultam
de transações envolvendo datas, onde o campo destinado para o "ano" possui apenas dois dígitos.
Assim, <00', por exemplo, será interpretado pelos sistemas como sendo <l.900' em vez de <2.000',
distorcendo os resultados esperados. Isso deve-se pelo fato de que na época em que tais sistemas
foram desenvolvidos, os custos de memória eram tão elevados que a economia de apenas dois
únicos dígitos era significativa. Existem meios de remediar esse problema, mas os custos
incorridos na reforma e readaptação dos sistemas e interfaces atualmente operantes são, muitas
"1'7
vezes, mais elevados do que a implementação de novos sistemas adap~dM ao problema do ano
'"...
-. <.i! I
2.000.
41
resistores, consumindo cerca de 150.000 watts para executar 5.000 adições ou subtrações por
segundo", como aponta Meirelles (op. ctt: p. 53).
na aceitação dos usuários com as novas atividades que serão necessárias. O gerenciamento da
troca desses sistemas requer o envolvimento de toda a empresa, inclusive do usuário final, e a
posição do Controller é vital na remoção de barreiras referentes aos aspectos culturais, políticos e
membros da empresa. Com toda certeza, essa não será meramente uma tarefa isolada da área de
Sistemas ou da Controladoria, e exigirá a aliança com todas as demais áreas da empresa para o
sucesso da implementação.
Toda essa mudança deverá ser feita sem que a empresa pare de operar, sendo que os novos
sistemas terão de operar possivelmente em paralelo com os atuais, para que o risco da transição
seja analisado e minimizado. Recai, então, sobre a Controladoria uma enorme carga no tocante ao
gerenciamento do projeto, na coordenação de datas e atividades durante o processo de transição, a
fim de buscar o apoio dos demais usuários no entendimento de novas necessidades e novos
formatos de informações requeridas, conciliando-se com as exigências técnicas feitas por novas
plataformas de hardware e software. Na verdade, o problema não é somente técnico; o problema é
mais gerencial, e os novos procedimentos de trabalho que surgirão, fruto dessa mudança, poderão
afetar, inclusive, a cultura organizacional existente na empresa.
Nesse processo, todas as áreas das empresas devem estar bem informadas e atentas para
as conseqüências que a empresa poderá sofrer, caso a troca dos sistemas atualmente existentes não
venha a ser bem sucedida. Trata-se de um grande desafio, o qual parece já ser de conhecimento de
42
todas as empresas, mas a magnitude do processo de mudança só pode ser visto quando se inicia o
trabalho. Verificar todas as interfaces existentes, validar bancos de dados, garantir que regras de
validação estão corretas, entre tantas outras atividades, fazem parte desse processo complexo,
ou poder de controlar; 2.Fiscalização exercida sobre as atividades de pessoas, órgãos, etc. para que
não se desviem das normas preestabelecidas." Tal palavra implica a conotação de autoridade,
poder,e nos traz aspectos de algo mandatário. Um artigo publicado na Intemet'" sobre o perfil dos
Controllers no ano 2.000 começa com a seguinte frase: "First of all, / am not pleased with the
word 'Controller' which sounds bossy. ,,21 Durante minha experiência profissional na
Controladoria de algumas empresas, encontrei vários indivíduos que compartilhavam dessa mesma
,-~
opinião.
Uma outra visão que pode ser atribuída a essa denominação corresponde a 'estar
conectado aos acontecimentos' para garantir que se cumpram padrões preestabelecidos, o que, por
algum tempo, caracterizou fortemente a função da Controladoria. Essa característica
'controladora' deixou sua marca registrada durante muito tempo em tomo de um perfil autoritário,
prejudicando a imagem desse profissional frente ao mundo empresarial. Willson et: aL(op. cit.}
acredita que a origem da nomenclatura "Controller" tenha sido o caráter amplo das tarefas
43
envolvidas nessa função, e da visão macro que lhe é exigida, mas infelizmente muitos não
acompanham essa mesma linha de raciocínio, fazendo duras criticas ao perfil dos profissionais
dessa área. Apesar dessas criticas, esse perfil serviu bem às empresas, pelo menos até o início dos
anos 80, quando o futuro ainda não incomodava tanto quanto nesse final de sécul.o.
passados, na tentativa de se projetar como seria o futuro, agindo de forma bastante isolacionista,
sem nenhuma sinergia gerada pela troca de informações entre a alta gerência e esse profissional.
Planejamento Estratégico era tarefa exclusiva da alta gerência, usualmente elaborado de maneira
sigilosa e unilateral, a portas fechadas, e de cima para baixo.
Prahalad22 comenta em Rethinking the Future que o futuro não pode mais ser traçado em
linearidade com o passado; as empresas que demoraram para perceber essa realidade, não
sobreviveram. Muitas delas ignoraram a ajuda oferecida pelos profissionais da Controladoria e
restringiram essa função unicamente a prover os aspectos contábeis, perdendo a oportunidade de
explorar osconhecimentos que permeiam entre os profissionais da área. Fica dificil avaliar se esse
comportamento foi gerado pelo perfil mais conservador que caracterizava (e ainda caracteriza)
muitos dos profissionais da Controladoria, ou se foi trazido pelos aspectos de liderança adotados
pela alta gerência. A Controladoria pode ser uma fonte riquíssima de informações para toda a
empresa, e a presença e personalidade de seu líder, o Controller, podem determinar o grau de
envolvimento e de ajuda que se pode obter dela.
No passado, as empresas não necessitavam fazer tantos esforços para que seus produtos e
serviços fossem absorvidos pelo mercado. A competição era predominantemente local, os prazos
21 Primeiramente, não estou satisfeito com a palavra Controller, a qual me lembra um 'chefão' ...
22 GIBSON, Rowan. Rethinking lhe Future. London: Nicholas Brealey, 1997. 276 p.
44
de entrega e de lançamento dos produtos eram impostos pelas empresas e não pelo mercado, e estas
facilmente repassavam suas ineficiências ao preço de seus produtos, sendo aceitos pelos clientes. A
função da Controladoria estava mais voltada a registrar as transações ocorridas e relatar eventos
do passado. Essa realidade não existe mais hoje; a competição é global, os consumidores exigem
cada vez mais por menor valor, desejam obter um 'pacote de valor' por aquilo que compram e com
a qualidade infinitamente superior do que há pouco tempo atrás, os prazos de garantia aumentaram
e as empresas têm grandes dificuldades em se adequar a esse novo ambiente. Tenta-se de tudo, de
reengenharia à restruturação, downsizing, rightsizing, mas qualquer que .seja a defrnição que se
queira usar, todas convergem para o objetivo de adequação a uma estrutura organizacional que
equalize custos e receitas, a :fim de oferecer produtos que continuamente satisfaçam seus
que podem ser encontrados (advindos principalmente de fatores externos, como o impacto de
qual velocidade. Ao navegador cabe apontar as condições das águas e marés, os perigos das
tempestades iminentes, as variações de trajeto ou a presença de arrecifes ou icebergs nas
45
imediações, garantindo que o navio chegue ao seu destino no prazo previsto e de maneira segura
alavancado através de contribuições associadas a quatro grupos de atividades, que devem estar
reconhecidas e operantes dentro do sistema gerencial contábil-financeiro das empresas, conforme
segue:
2. Organização: Assegurar que a estrutura necessária referente aos recursos humanos, fisicos e
íntelectuais, e demais bens materiais e equipamentos esteja disponível para que a organização
como um todo possa desenvolver suas tarefas e relacionamentos;
46
1
-, ~
algo muito complexo e intangível; não o vemos nem o tocamos, porém todos somos usuários, e a
correta interpretação de índices e medidas financeiras auxilia no processo de tomada de decisões da
conhecidas como indicadores financeiros, que em sua maioria mostram cenários passados.
Um dos pontos de controvérsia que se tem discutido é a diferença entre o valor contábil da
empresa (representado pela soma líquida de seus ativos e o valor do patrimônio líquido) e o valor
de mercado (representado pelo valor total de suas ações no mercado financeiro), A discussão fica
ainda mais relevante quando se verifica a capacidade de tais medidas indicarem o potencial futuro
de lucros da empresa, algo bastante desejado pela comunidade financeira e grandes investidores
institucionais. A recomendação tem sido para interpretarmos melhor o que há disponível hoje,
propiciando a amarração destas medidas financeiras às demais medidas operacionais da empresa,
interpretadas de maneira isolada, não sendo possível traçar, de maneira concisa e direta, a
interdependência entre as mesmas. Muito se tem discutido quanto ao valor destas tradicionais
medidas financeiras, e se são ou não capazes de mostrar aos executivos a tendência que a empresa
está seguindo. Seriam, por exemplo, capazes de demonstrar com clareza o real retomo, em
períodos futuros, da introdução de novos produtos? Ou sinalizariam a correta direção das
estratégias adotadas pela empresa?
r'
,I
"
47
[1
Tabela 4
Indicadores Financeiros
(Exemplos traduzidos do inglês para o português)
Participação de Mercado
Obviamente, esse não é um trabalho que pode ser desenvolvido de maneira isolada, e a
Controladoria deverá contar com a participação de todas as áreas funcionais da empresa, para o
correto entendimento do que realmente seja relevante e deva ser considerado nesse sistema de
informações gerenciais.
48
A Controladoria deve balancear as iniciativas e estratégias de negócios das empresas, e ao
mesmo tempo considerar fatores externos do mercado, os clientes e produtos, a competição global,
alternativas para esse :fim, mas ainda não se consolidou como solução definitiva para esse
propósito. Veremos, mais adiante, algumas características e recomendações sobre esse mecanismo
já em uso por muitas empresas no mercado.
Além disso; as mudanças nas estruturas organizacionais que mostram uma tendência de
maior entrosamento entre as diversas áreas da empresa e destas com a alta gerência aumentaram o
nível de conscientização merecido devido à ajuda que pode ser prestada pela área financeira. Isso
tem acarretado uma maior procura por experientes líderes financeiros de visão geral dos negócios,
(core competence), eu arriscaria dizer a comunica cão, lideranca e coordenação, que além dos
aspectos técnicos e éticos exigidos no cumprimento de suas responsabilidades, serão suas maiores
contribuições. Minha opinião pessoal é que esse profissional tanto poderá atuar como empregado
de uma empresa como também, no futuro, encaminhar em um carreira autônoma, sem vínculo
empregatício, pois sua rede de relacionamento, suas características pessoais e técnicas permitem
que isso seja feito e são os fatores críticos de sucesso no desempenho de sua função. Entretanto, a
primeira opção traz mais vantagens frente à segunda, uma vez que aumenta o envolvimento no
ambiente e a comunicação com as pessoas fica mais aberta e apropriada para os resultados
esperados.
É neste ambiente turbulento e complexo que a Controladoria das empresas deve ajustar-se
a novos padrões de comportamento e relacionamento com as demais áreas da empresa, adquirir
maior entendimento das atividades produtivas, estender suas habilidades pessoais e financeiras aos
demais grupos de trabalho cross-funcionais, de forma que a estratégia e as metas sejam
comunicadas para todos os níveis da empresa. O envolvimento e treinamento das áreas de
marketing, engenharia, logística e produção em análises financeiras ajuda muito na formulação de
49
projetos mais realistas, ao mesmo tempo em que espalha conhecimento sobre todas as necessidades
oportunidades de redução de custos para a empresa. Dessa forma, a Controladoria estará buscando
utilizar de maneira eficaz o seu conhecimento, através da integração das áreas e dos processos de
negócios que são vitais para a empresa.
contábeis tomavam-se comuns e aplicados a todo tipo de organização, não restritos a nenhum
segmento ou indústria específica. Com o apropriado uso de informações da Contabilidade e a fim
das tarefas e a ampliação do quadro de seus integrantes devido ao maior número de exigências
regulamentares dos governos e das próprias corporações, levando ao reconhecimento e
enobrecimento dessa função. Willson et. al.(op. cit) comenta que as empresas devem
primeiramente se organizar para poderem controlar:
50
"Controllership is a basic function of the enterprise that has grown in recognition and must
be properly organized ~fthe accounting controls are to function and the statistical data are
to be utilized effectively=" .
valorizar e expandir o escopo das atividades sob a responsabilidade dos Controllers, os quais têm
assistido a uma verdadeira revolução acontecer nos últimos 30 a 40 anos com referência ao perfil
de sua função. É óbvio que a contribuição, o envolvimento e a valorização desse profissional
depende muito das empresas nas quais trabalham, mais particularmente quanto ao tamanho da
empresa, tipo de estrutura organizacional na qual operam, podendo implicar estruturas
centralizadas ou decentralizadas, uma vez que não há um tipo de organização padrão definido.
ilustração, apresentamos a tabela abaixo para esclarecimento das atividades mais usuais de cada
uma dessas áreas, notando que não é incomum vermos essas duas funções consolidadas em uma só
24 Controladoria é uma função básica da empresa que tem crescido em reconhecimento, e deve ser
devidamente organizada para que os controles contábeis e os dados estatísticos possam ser utilizados de
maneira eficiente. .
51
Tabela 5
Atividades da Área Financeira das empresas25
Uma organização eficaz pode ser definida como um grupo de pessoas que cooperam e
trabalham umas com as outras, no curso da tomada de ações e decisões rumo aos objetivos macros
firmados pela empresa, buscando atingiras metas que foram previamente estabelecidas, sejam elas
de natureza operacional, financeira, logística ou de marketing. A definição acima se aplica a
qualquer organização, e o Controller deve ter em mente que, ao formar o seu time de trabalho para
atender às necessidades de seus maiores clientes, os executivos e acionistas das empresas, faz-se
importante levar em consideração três fatores:
25 WILLSON, James D. et aI. (Orgs.) Controllership - The Work of the Managerial Accountant, 5a.
edição U.S.A: John Wileyand Sons,Inc., 1995. pg. 41.'
52
I'
situação fmanceira da empresa e o impacto nas demais decisões operacionais, e o alcance
das metas;
Na maioria das vezes, é extremamente necessário que o Controller saiba delegar grande
parte de sua autoridade e responsabilidade aos membros de sua equipe, ao mesmo tempo em que
ele próprio tenha conhecimento de como as necessidades estão sendo atendidas, monitorando os
resultados e ações requeridas em paralelo. A forma na qual oController estará apto a elaborar e
regularmente avaliar os itens acima descritos poderá ser um fator crítico de sucesso no desempenho
de sua função e, em grande parte, poderá determinar o seu sucesso dentro de uma organização.
Nota-se, todavia, que essa função está intimamente ligada à identificação, treinamento e
potencialização de indivíduos dentro da organização. De maneira mais ampla, podemos dizer que
existem três grandes objetivos que formam o que podemos chamar do cerne da Controladoria:
o Planejamento.
O Controle.
53
Cabe primordialmente à Controladoria, através de relatórios e medidas. financeiras e não-
financeiras, estabelecer um sistema de informações que promova a integração das áreas funcionais
em busca do entendimento comum das metas, dar esclarecimento quanto aos possíveis impactos
Planejamento Financeiro, Orçamentos, Custos, Contas a Pagar, Contas a Receber, entre outras
funções fora da Controladoria. As informações e os eventos ocorridos deverão ser posteriormente
transações feitas pela empresa. A integração destes relatórios com o custeio dos produtos é
essencial para a empresa, servindo de guia na identificação de problemas, oportunidades ou
54
Porém, a combinação de todos esses fatores acima em um sistema de informação é tarefa
dificil. Isso porque as necessidades são mutantes, e as oportunidades diversificadas, muitas vezes,
gerando grandes esforços por parte dos membros da Controladoria, muitas vezes desnecessários,
devido à falta de compreensão das demais áreas em interpretar os relatórios e informações
financeiras. Essa situação se toma uma verdadeira controvérsia dentrao das empresas.
Group), traz um visão de que os Controllers e demais gerentes financeiros devem "aprender a
dizer não" às solicitações excessivas de personalizar informações e relatórios financeiros, uma vez
que não se tenha identificado um real valor ou uma contribuição específica para os objetivos da
empresa. Porém, essa afirmação pode ser interpretada erroneamente por membros da empresa, que
necessitam de informações para o desempenho de suas atividades. É necessária a criação de um
sistema de informações conciso, uniforme e preciso das análises financeiras, exigindo sensibilidade
dos membros da Controladoria ao interagir com as demais áreas e gerentes da empresa, explicando
o uso apropriado dessas informações.
55
que existem entre as ações do passado e o futuro, e que conseqüentemente aumentam o grau de
acerto das projeções financeiras, dos investimentos necessários e do crescimento esperado. Essa
demanda existe e é latente nas empresas. Espera-se conhecer .os resultados projetados do
desenvolvimento de novos produtos que irão maturar no futuro, os aspectos em relação aos custos
desses produtos, e a relação destes com os preços praticados no mercado, que ajudam a entender a
fazer cumprir os regulamentos legais e fiscais das empresas nos países em que operam. Isso é
necessário para que a empresa possa operar, e não deve ser fruto de questionamento, uma vez que
se faz condição necessária para a existência da empresa. O que deve ser questionado e
Controller tem responsabilidade direta e grande poder de influência em ajustá-lo de acordo com as
56
outro fator determinante na elaboração de controles gtra em tomo da atividade principal da
empresa, ou seja, o grau de controle pode estar intimamente ligado com o tipo de empresa: de
serviço, de engenharia, de tecnologia ou manufatureira, por exemplo. Existe uma forte dependência
entre o modo como os controles serão feitos em uma empresa e a forma que a organização está
estruturada, ou seja, mais ou menos centralizada. Em uma empresa tipicamente centralizada, os
controles serão elaborados na matriz e o nível de aderência a esses controles será possivelmente
sujeito a auditorias periódicas nas subsidiárias. Desse fato, poderão resultar vários níveis de
Controladoria, a saber:
Os controles da empresa serão resultado das atividades de cada um dos níveis acima, onde':'
fi
cada Controladoria terá responsabilidades específicas sobre as políticas, regulamentos e padrões I i
\il
dos diferentes níveis organizacionais a que elas estejam vinculadas. É essencial que todos os três ~~".
,~
níveis estejam sincronizados na confecção de um sistema de informações que servirá toda a
empresa.
./
57
A Mensuração de Desempenho é o elemento que deve ter como característica básica a
objetividade, mas no entanto acaba possuindo, por vezes, uma dose relativa de subjetividade. É a
forma como se comunica para a empresa o desempenho das atividades, os índices, medidas e
rateios, analisados sob o ponto de vista financeiro e não-financeiro. O Controller deve entender o
ambiente e as características mais importantes dos negócios da empresa, a fim de focar seus
esforços na uniformidade, divulgação e utilização das informações referentes a Mensuração de
Desempenho, que traduzam as ações da empresa em índices e dados comuns a todos na empresa.
Deve também minimizar a subjetividade na análise e interpretação dos resultados do desempenho
negócios mais importantes para o tipo de negócio da empresa. Como exemplo, se a empresa for
uma distríbuidora de produtos, possivelmente será essencial saber o tempo total de parada por
veículo, tempo médio de entrega por região, número de entregas por dia/região, informações
operacionais não-financeiras, que devem ser divulgadas juntamente com outras financeiras, tais
como gastos com combustível por veículo, total de gasto com manutenção por região, clientes, etc.
Existe uma frase sobre Mensurações que diz "YOU CAN ONLY GET WHAT YOU
MEASURE ... ,,26 , o que vale dizer que somente conhecer aquilo que medimos. Porém, de nada
valerá medir pelo simples fato de medir. Não é um sistema de mensurações que irá garantir às
empresas o alcance de seus objetivos, e sim, sua capacidade de agir pró-ativamente na busca dos
objetivos da empresa. Podemos admitir que a maioría das empresas não possui sistemas de
informações cem por cento precisos, que atendam a rapidez exigida pelas decisões de negócios,
muito provavelmente porque estes não existem. Deve-se, assim, utilizar-se bom senso e relativa
dose de subjetividade nas mensurações, de forma que não comprometa o objetivo final das análises.
A precisão tem preço alto.
(
"
difusas - do que cada medida comunica a cada um deles, e acabam distorcendo o real valor de
comparação e projeção das mesmas. Um exemplo que pode ser citado é o total de produtos
58
manufaturados em um fábrica em um determinado período. No entender do Gerente de Produção,
sem dúvidas, resultará em medida satisfatória do desempenho de sua área, mas caso os produtos
não sejam totalmente vendidos no curto prazo, essa mesma medida será mal recebida pelo Gerente
de Tesouraria e pelo Controller, pois será necessário maior capital de giro para os meses
seguintes. Ainda poderá ser pior caso os produtos se tornem obsoletos no estoques antes mesmos
de serem vendidos e não mais atendam às necessidades dos clientes. Uma mesma mêdida pode,
assim, ter dupla interpretação e conter diferentes conotações - o que pode implicar em tamanha
sendo a interface necessária entre as áreas operacionais da empresa e a alta gerência, , .,.
59
representantes dos acionistas, além de contar com o perfil de guardião da ética e ser responsável
WiIIson et: ai (op.cit.) ressalta que, "devido à natureza de suas tarefas, o Controller tem
uma grande responsabilidade pessoal com a alta gerência, com os acionistas e com o governo,
pelos fatos e relatórios emitidos pela divisão financeira. Nenhuma delegação de autoridade pode ser
passada a outros, nesses casos". Esta é uma observação que não poderíamos deixar de citar, pois
essa responsabilidade leva-o, muitas vezes, a obter status de diretor, ou consultor, ganhando
enorme respeito e admiração de todos na empresa.
Nesse contexto, vale dizer que a Controladoria pode ser considerada como uma das áreas
de grande destaque na elaboração, interpretação e divulgação de informações financeiras e não-
fmanceiras, estratégicas ou táticas, para toda a empresa, no cumprimento da função maior de
pessoas ainda têm sobre o papel e a contribuição da Controladoria concentra-se muito fortemente
no fato de ela ser a área responsável por fazer cumprir procedimentos e políticas, registrar os livros
contábeis, relatar os resultados financeiros para a gerência e para a comunidade externa, controlar
de negócios tomadas pela empresa. A idéia aqui apresentada resume-se no fato de que a
Controladoria possa ser o veículo na busca da homogeneidade de interpretação da missão da
empresa, ao invés de entregar essa tarefa exclusivamente à alta gerência, devido ao seu profundo
conhecimento da complexidade e do tipo de negócio existente.
60
A empresa, na sua concepção idealizadora, é um conjunto de pessoas motivadas por
objetivos comuns, as quais possuem valores distintos, e que, ao realizarem partes independentes do
trabalho, na forma de atividades, ações e decisões, necessitam continuamente de informações para
atingirem suas metas individuais e específicas, de maneira convergente com os objetivos gerais da
empresa. Geralmente, as pessoas se frustam ao não encontrarem informações que possam subsidiar
suas análises ou validar percepções, pois quase sempre tais informações não estão disponíveis de
Controladoria pode desempenhar esse papel, uma vez que possui o "conhecimento" dos processos.
de trabalho da empresa e tem acesso a várias nuances dos negócios e das estratégias adotadas.
dos processos de trabalho que são a fonte das informações. Além disso, a Controladoria deve
ativar sua participação na elaboração, revisão e definição sobre as medidas de desempenho mais
críticas no gerenciamento das empresas, alinhadas à estratégia de cada uma delas, a fim de
disponibilizar de forma rápida e eficiente esse valioso recurso no final do século: A Informação.
61
mensuração do desempenho pode ser citado como o Balanced Scorecard , o qual tem merecido
bastante destaque entre grandes e médias empresas nos últimos tempos, desde a sua primeira
divulgação na revista HBR - Harvard Business Review, mais precisamente desde 1992. Sua
concepção originou-se ao longo de 1990, quando um grupo de 12 empresas reuniram-se na
tentativa de identificar uma abordagem multidimensional capaz de abranger medidas de
desempenho financeiras e não-financeiras, que pudesse interpretar e medir os resultados da
estratégia adotada pela empresa.
o Balanced Scorecard pode ser definido como um conjunto de medidas críticas, na forma
62
Kaplan27 , um dos precursores do Balanced Scorecard, tem participado ativamente na
defesa desse mecanismo como referência básica que deve ser implementada de maneira sistemática
nas empresas. Mesmo estando em um estágio embrionário de criação, possui potencial para se
tornar efetivo no gerenciamento dessa nova era que as empresas estão enfrentando, a Era Digital, a
qual requer contínuo uso de informações, implicando que as empresas adquiram a capacidade de
filtrar o que realmente interessa na busca de seu crescimento lucrativo e na continuidade dos
negócios. Isso pode significar uma sofisticação, há muito tempo esperada, no sistema de
gerenciamento das empresas o qual contará com variáveis relacionadas com aspectos técnicos,
financeiros, comportamentais e operacionais que um sistema de rnensuração deveria abranger. Em
artigos recentemente publicados, Kaplan comenta que "medidas de desempenho puramente
financeiras, por exemplo, não são mais suficientes em um mundo onde ativos intangíveis -
É nesse cenário que a Controladoria deve repensar o seu papel nas organizações, enquanto
elaborando e implantando sistemas de informações auxiliares no processo de tomada de decisões e
interpretações comuns. A alta gerência das empresas começa a perceber e demandar que as
organizações tenham sistemas de informações que incluam mensurações que possam influenciar
27 KAPLAN, Robert S. & NORTON, David P. Putting the Balanced Scorecard to Work. Harvard Business
Review, Boston: Setembro/Outubro. 1993. pgs.134-142.
63
um sistema de mensuração capaz de espelhar o presente e dar foco ao futuro, medindo o grau de
o processo sugerido pelo autor resume quatro etapas essenciais no desenvolvimento desse
processo:
Ele sugere ainda que, dependendo da empresa, podem existir particularidades na implementação
desse sistema de mensuração mas essas quatro etapas podem ser consideradas como básicas nessa
tarefa.
o Balanced Scorecard deve estar integrado com a visão estratégica da empresa. Deve
levar em consideração as relações de causa-efeito das medidas relacionadas com a estratégia, os
direcionadores de desempenho expressivos à empresa e a correlação com indicadores financeiros,
visando envolvera estratégia da empresa em um padrão que seja de fácil compreensão de todos.
Apesar de muitos ainda relutarem sobre o verdadeiro valor desse mecanismo, existem várias
empresas em buscada adequação do Balanced Scorecard. Este mecanismo, inclusive, já faz parte
do sistema de avaliação do PNQ ~Prêmio Nacional da Qualidade, em vigor no Brasil.
28 Um bom Balanced Scorecard (Quadro de Medidas de Desempenho) revela a estratégia de sua empresa.
64
assegurar a integridade das informações geradas. A credibilidade desse novo sistema dependerá da
acuracidade e da consistência das informações, do fácil entedimento e assimilação com a estratégia
da empresa e o Controller deverá interagir com todas as demais áreas da empresa em busca da
direção que esse sistema poderá fomecer a empresa. Portanto, conclui-se que a Controladoria deve
participar ativamente da definição desse sistema gerencial, em vez de freqüentemente promulgar e
forçar que medidas e indicadores puramente financeiros sejam utilizados como fonte exclusiva na
Em resumo, o Balanced Scorecard é um sistema que agrupa medidas críticas para uma
empresa. Ele deverá existir em reconhecimento ao fato de que resultados financeiros pura e
simplesmente não são suficientes para avaliar o desempenho das empresas, nem tão pouco pode ser
a única variável a ser levada em consideração no plano estratégico das empresas. É papel do
Controller promover e ajudar no desenho de tais sistemas gerenciais, que serão complementares
aos demais relatórios contábeis e financeiros para promover o entendimento das ações que a
empresa deve tomar. Mais do que uma mudança no perfil, é uma mudança na atitude dos
profissionais da Controladoria, os quais devem se sentir orgulhosos pela capacitação implícita
nessa função, podendo participar positivamente na elaboração e implantação do sistema que
permitirá identificar indicadores que auxiliam os profissionais a gerenciar melhor os processos e
atividades das empresas.
65
IV. A importância do novo perfil da Controladoria
manufatureiras ou empresas comerciais, conforme visto até então. Desde o início desse século, a
fim de facilitar a função da Contabilidade, vários controles e sistemas periféricos foram
66
diferencial das empresas também se concentrasse nas pessoas e não somente nos mercados,
produtos, marca ou no preço. Verifica-se existir grande influência destes fatores para a
Controladoria, os quais podem ser apontados como os principais direcionadores para uma nova
concepção da profissão de Controller.
Wilson29 ,em seu livro Financial Control: a system approach, comenta que todos esses
avanços que resultaram em uma maior complexidade no controle das empresas levou à criação
dessa profissão, referindo-se ao Controller como sendo "o indivíduo que sabe mais sobre a
empresa do que qualquer outra pessoa dentro dela. Ele é responsável pelo desenho e pela
operacionalizacão dos sistemas de controle e de informacão, mas não pelo exercício do controle, o
que é uma prerrogativa da gerência". Ele comenta ainda que o Controller é responsável
primordialmente pelas atividades financeiras, de contabilidade e de custos, mas adicionalmente ele
deve assegurar que as medidas de desempenho relatadas estejam alinhadas com os objetivos
corporativos das empresas, avaliando e validando esses objetivos com relação à efetividade das
políticas de negócios adotadas, da estrutura organizacional e dos procedimentos.
É válido lembrar que existem algumas tendências que têm afetado a estrutura da
Controladoria, à medida que as necessidades de negócios tentam acompanhar as exigências,
impostas pelo mercado externo. Uma delas é, comojá citado, o fenômeno da Globalização, o qual
afeta os negócios das empresas e as atividades da Controladoria. Uma segunda é o avanço da
tecnologia, causando mudanças e inovações que podem ser utilizadas para melhor definir e
implantar controles e sistemas de informações na empresa como um todo, não somente
29 WILSON, Dick. Financiai Control: a system approach,. England: McGraw Hill, 1973. pg.19.
67
beneficiando os relatórios financeiros, mas também propiciando à organização estruturar-se em
processos de trabalho, aumentar a produtividade e a lucratividade, através do fluxo rápido de
informações utilizadas nas decisões.
técnicas, a qual tem como base o aprendizado e uso de ferramentas tecnológicas, incluindo-se,
nesse caso, softwares de apoio à decisão do tipo planilhas de cálculo, gráficos e bancos de dados
simplificados do tipo Microsoft Excel, Powerpoint e Access, respectivamente, entre outros. Além
disso, é importante que a Controladoria tenha profundas noções de operacionalização dos sistemas
transacionais, tais como os recentes 'pacotes integrados' tipo ERP - Enterprise Resources
Planning, que permitem viabilizar a extração, utilização e interpretação das informações de
maneira rápida e precisa. O conjunto dessas duas abordagens permitirá à Controladoria participar
ativamente na preparação das empresas para o próximo século.
68
informações gerenciais. Devido ao aspecto generalista envolvido no gerenciamento das empresas,
far-se-á necessária, então, a migração de conceitos básicos e competências das demais áreas da
empresa, tais como Produção, Logística, Marketing, etc. para os profissionais da Controladoria, à
medida que as empresas decidam reestruturar seus sistemas de informações.
sob a liderança dos Controllers , os quais deverão conduzir as empresas nessa caminhada rumo ao
supérfluas. A maneira na qual as empresas serão geridas em ambiente tão competitivo e com
necessidades tão mutáveis e o modo como irão reagir às exigências do futuro dependerá fortemente
da habilidade dos Controllers em estender suas competências e seus conhecimentos para as demais
áreas. Deles será esperada a capacidade de analisar, julgar e liderar indiretamente as demais áreas
previamente comunicadas, com claros objetivos financeiros e operacionais, de maneira comum que
promova a ajuda mútua, a participação cross-funcional e ressalte a importância dos projetos de
redução de custos, para o beneficio de toda a empresa, contando com a ajuda de um 'armamento
tecnológico' disponível para a realização das tarefas em menor tempo.
O excedente desse tempo poderá, então, ser aplicado no treinamento e desenvolvimento das
69
"A common mistake in the process is focusing too heavily on technology. Your company may
have a top-of-the-line computer system, but it will be of little or no use until you can determine
what information and tasks you want the system to give you,,31 .
Isso é essencial nessa transição e nenhuma outra área, além da Controladoria, parece possuir a
competência necessária para influenciar e definir quais são as informações e tarefas que os
computadores podem nos fornecer. A fonte maior de influência virá da integração dos sistemas de
contabilidade gerencial e sistemas operacionais, gerando a interpretação e análise de informações
conforme Meirelles (op.cit.: p. 484), é que "os custos da TI - Tecnologia de Informação - têm
diminuído a taxas de 20% a 40% ao ano e aumentado sua funcionalidade a taxas semelhantes, na
média de 30% ao ano, o que deve permanecer para os próximos anos", tomando-se em vantagens
estratégicas para as empresas, devido a enormes reduções de custos das transações primárias dos
negócios. O maior desafio para a operacionalização dessa vantagem não é de ordem econômica,
mas sim comportamental, uma vez que exige o abandono dos hábitos de trabalhos antigos, a
revisão dos processos e das atividades e, às vezes, a sobreposição das barreiras culturais e
comportamentais, o que pode até inviabilizar a reestruturação funcional da empresa.
31Um erro comum é focar profundamente na tecnologia. Sua empresa pode ter computadores de última
geração, mas estes serão de pouco uso até que se consiga determinar as informações e as tarefas que
devam ser feitas por ele.
32 McLEMORE, IVY. World Class Financiai Reporting. 1996. Endereço Eletrônico:
http://www.duke.com/controller_articles/juI96/mclemore.htm.
70
implícitos nas decisões de negócios, principalmente de caráter financeiro. A Controladoria deve,
então, antecipar os eventos que podem ocorrer, auxiliando as camadas gerenciais quando estas são
pelo senso de urgência e lógica que domina a natureza de tais análises. O alerta aqui proposto é
para que se evite a prolixidade, geralmente encontrada no conjunto de informações gerenciais
fragmentado e confuso. David Axson narra um péssimo exemplo de um projeto na Ásia, de uma
empresa que produz um relatório gerencial mensal de 260 páginas, o que possivelmente toma
impraticável exercer um bom gerenciamento com essa gama de informações. Por outro lado, ele
cita também um bom exemplo da Motorola, que ganhou reconhecimento mundial de empresa de
primeira linha (world-class) em várias etapas dos processos financeiros, utilizando-se de soluções
desenvolvidas à base da tecnologia de informação nessa função.
A Motorola criou uma espaço de tempo de quatro horas por mês, período no qual os
gerentes e grupos específicos de indivíduos na organização revisam e analisam os resultados
financeiros preliminares da empresa, e todos os interessados podem discutir e sugerir mudanças
necessárias em nível corporativo, ao mesmo tempo em queconecta transações das várias unidades
de negócios. Isto é também conhecido como "groupware, permitindo que documentos e análises
sejam distribuídas por toda a organização eletronicamente, possibilitando que vários usuários
diretos ou indiretos das informações possam simultaneamente acessá-las, obtendo conhecimento
sobre eventuais mudanças antes que os relatórios antes que sejam liberados. Um exemplo que pode
ser citado é o caso de gerentes de vendas ou de produtos, os quais podem saber o status da
penetração de um determinado produto em um território específico, antes mesmo que sejam
consolidados, evitando surpresas pós-fechamento dos resultados, quando os registros migram para
a contabilidade ,e são reportados a posteriori para as divisões.
Existe uma real tendência das empresas em criar controles e relatórios sem avaliar o
verdadeiro senso de necessidade, urgência e materialidade das informações e dos números,
respectivamente. Isso é reforçado de maneira negativa pela tecnologia e piora ainda mais esse
cenário, dando às pessoas maior capacidade para registrar, solicitar e relatar inúmeras quantidades
de informações, criando um paradoxo para a Controladoria. A recomendação é para que as
71
empresas possam identificar quais são as variáveis-chave que direcionam os negócios, e
necessários para a empresa. O Controller é um participante ativo nessa tarefa, devendo conduzir a
organização ao entendimento e correta aplicabilidade das informações, as quais serão identificadas
como as variáveis críticas para o crescimento da empresa. Em vez de relatar uma massa de
informações da Contabilidade todo mês, informações selecionadas devem ser minuciosamente
decisões na alocação de recursos para o futuro, ao invés de focar somente no quanto de recurso já
foi gasto.
como citado por Ivy McLemore33 . Tais práticas estão descritas nos itens a seguir.
Esta é possivelmente a maior mudança dos últimos tempos e um dos maiores desafios para a
maioria das empresas, que desenharam seus registros e relatórios contábeis para atender uma visão
da organização existente há mais de duas ou três décadas atrás, no início dos anos 70. Os
Controllers dos anos 90 começaram a percebere reagir às mudanças organizacionais que se
fizeram presentes durante todos esses anos, e existe hoje a necessidade de relatar e interligar as
informações financeiras aos direcionadores dos negócios e medidas de desempenho da empresa,
72
como mercados, clientes, produtos e pessoas. Não é mais possível o gerenciamento das empresas
exclusivamente através de relatórios contábil-financeiros.
recebem de outras áreas e que necessitam para as suas análises, eles podem acessar um único
arquivo que fica na origem dessas informações. Isso significa que cálculos, simulações e análises
podem ser feitas mais rapidamente, através da extração dessas informações dos bancos de dados
compartilhados, sem que sofram alterações, viabilizando os trabalhos nos computadores pessoais
dos analistas financeiros. Estudos recentes de ABM-Activity-Based Management (o qual computa
a distribuição de tempo no trabalho versus as tarefas realizadas), feitos em várias fábricas de uma
empresa americana que fabrica motores a diesel mundialmente, revelaram que alguns analistas
financeiros podem gastar até 80% do seu tempo em busca dos dados necessários para fazer suas
tarefas, o que significa admitir que apenas 20% do tempo seria gasto realmente em análises. A
Controladoria deve coordenar esforços para que essa realidade se reverta e que as empresas
tenham um único lugar onde as informações serão armazenadas, facilitando assim o acesso às
mesmas.
73
4. IDENTIFICAÇÃO DE ANALISES QUANTITATIVAS, NARRATIVAS E GRÁFICOS.
Uma das atividades que consome grande parte do tempo dos analistas financeiros é a
elaboração de apresentações, ou seja, a identificação narrativa e gráfica dos resultados de suas
análises. Não é incomum vermos analistas com conhecimento limitado quanto à formatação dos
gráficos e às apresentações que atenderão à alta gerência da empresa, inclusive acionistas e o
governo. Os sistemas integrados deinfonnações possuem ferramentas valiosas na elaboração de
apresentações concisas, através da pré-formatação de vários tipos de gráficos conjugados com o
bando de dados diretamente dos arquivos.
74
7. IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO GERENCIAL EM ANALISES
FINANCEIRAS, SEM DESPREZO DO ESPÍRITO INTUITIVO.
Muitos analistas financeiros fazem suas análises e tentam explicar os resultados para as
demais áreas e gerentes operacionais, em vão. Usualmente, isso acaba sendo motivo de frustração
para ambas as partes, uma vez que raramente esses gerentes têm tempo suficiente para serem
treinados em conceitos financeiros básicos, que os permitam o mínimo necessário para entender e
pôr em prática os resultados das análises. Por outro lado, os analistas geralmente sobrecarregam os
possa ser aproveitado, e que a intuição se complemente à lógica dos resultados das análises.
Existem casos em que linhas de produtos foram extintas devido a erro matemático de fórmula nas
análises, as quais não foram questionadas pelos gerentes operacionais. A ditadura dos números é
algo antigo e ultrapassado, completamente em desuso.
Todas essas práticas foram identificadas em estudos feitos em mais de 150 empresas
multinacionais,as quais estão sujeitas à enorme complexidade dos sistemas de informações, devido
75
à presença de suas operações em vários países e à diversidade e complexidade dos negócios.
Conforme já comentado em capítulo anterior, a responsabilidade pela definição e implementação de
sistemas de informações não recai única e exclusivamente sobre a Controladoria, mas a sua
participação e liderança nessa transição rumo à integração das áreas funcionais através da
tecnologia de informação, treinamento e motivação são fundamentais para o sucesso das empresas.
A conotação de sucesso aqui apresentada não se relaciona com o lucro das empresas no
presente, mas sim com o desenvolvimento e a potencialização dos indivíduos no uso correto e
apropriado dos recursos para a geração de lucros futuros. Compreender a visão da empresa e
converter informação em ação é fundamental. Portanto,acão não é possível sem informacão.
A Controladoria conta com o privilégio de ter acesso aos principais registros, transações, fatos e
estratégicas, distribuindo uma visão macro da empresa para as todas essas áreas; a Contabilidade
registra todas as transações que ocorrem na empresa, seja no âmbito operacional, financeiro, fiscal
ou legal; o departamento de Custos tem acesso aos componentes e variáveis relacionados com a
produção dos bens manufaturados, dos serviços prestados, dos novos produtos que serão lançados,
daqueles que contribuem positivamente ou marginalmente para a empresa, dos direcionadores de
custos para os clientes, e principalmente dos fatores que mais contribuem para a maximização dos
resultados.
76
v. Conclusão
demais áreas operacionais. É preciso mudar e se adaptar a um novo ambiente que propicie a troca
de informações, o treinamento em técnicas e análises fmanceiras, e principalmente ativara
O Controller deve ter responsabilidade moral com os demais indivíduos da empresa, não
se restringindo somente à sua área, mas também alcançando as demais. Ele deve ser um líder e
não um gerente. "Líderes têm dois papéis a desempenhar: carismático e instrumental. O primeiro
papel diz respeito a como ele estimula a imaginação, concede poder e dá energia aos seus
subordinados e parceiros. Em seu papel instrumental, os líderes são os arquitetos da organização.
Dessa forma, o Controller deve ser capaz de diminuir a distância existente entre a alta
gerência e níveis hierárquicos inferiores, possuir vasto conhecimento operacional da empresa e
ajustar seu papel para atingir a expansão e proliferação do conhecimento entre os profissionais,
promovendo o desenvolvímento contínuo da organização. O conceito de capital intelectual é
bastante aplicável nesse caso e este é um dos ativos que o Controller pode influenciar, ampliar e
salvaguardar dentro das empresas. A emergente e tão comentada 'Sociedade do Conhecimento'
34 VRIES, Manfred F.R Kets de. Liderança na Empresa: Como o comportamento dos Líderes afeta a
cultura Interna. São Paulo: Atlas. 1997. 215 p.
77
requer líderes financeiros que possuam grande capacidade de treinar e educar pessoas, incentivar o
capital intelectual dos profissionais dessa área, em combinação com as inovações tecnológicas, na
tecnológicas com o desenvolvimento das competências humanas que as empresas irão encontrar
melhores condições de competir no mercado global. Os profissionais da área financeira, mais
Acima de tudo, o Controller do século XXI deverá ser uma pessoa criativa, conciliadora,
jamais um burocrata. Kets de Vries(op. cit.: p. 127), em seu livro Liderança na Empresa,
comenta o seguinte: "Vejo as pessoas criativas como individuos que possuem uma considerável
influência conceitual, que os capacita a produzir rapidamente idéias altamente inovadoras. Onde
quer que o problema esteja, eles vão até lá. Freqüentemente, são capazes de saltar à frente para
imaginar solucões. Possuem uma inesgotável energia e tremenda forca de vontade. "
das informações para todos os níveis operacionais da empresa, possibilitando que as pessoas
trabalhem com o recurso mais valioso da empresa, a informação. Ele deve estar pronto e preparado
para auxiliar na correta interpretação de tais informações, ajudando na criação de idéias e
oportunidades. Vries (op. cit.) comenta que os indivíduos criativos são um tipo de paradoxo: ao
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mesmo tempo em que se rebelam contra a conformidade, encontram-se extremamente antenados
com o que acontece ao seu redor, e são sensíveis às mudanças das necessidades de sua arte ou
ciência. Isso é descentralização com responsabilidade.
Minha opinião pessoal é que o futuro dessa função está comprometido com o sucesso.
Esses profissionais devem ser capazes de distribuir conhecimento pela organização, criando um
ambiente de interesse pelo aprendizado, com o correto uso de informações relevantes e apresentar
profissionais na Controladoria, capazes de interagir com as demais áreas da empresa, que possuam
Esse time deve ser treinado em funções multi-disciplinares, em atividades que envolvam
marketing, operações, engenharia, logística, distribuição, entre outras. Isso tudo objetivando mudar
de várias áreas das empresas, que exigem a combinação de diferentes competências para que todas
as partes se complementem no sentido de validar as ações que devem ser tomadas.
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globalizada as empresas - não restritas somente às empresas globais - demandam profissionais que
Tabela 6
Estabilidade Volatilidade
Nacional Global
Tático Estratégico
Produtos Clientes
Especialização Generalização
Centralização Descentralização
Confronto Trabalho em equipe
"Hard" "Soft"
Quantidade Qualidade
Tangível Intangível
for comparado àquele profissional que durante anos foi visto apenas atrás de uma excessiva
burocracia gerada pelos livros contábeis e relatórios, que o impossibilitava de compreender e
analisar o contexto dos negócios.
35 IUDíCIBUS, Sérgio de. A formação do profissional do Futuro. Revista da ANEFAC, São Paulo,
Número 53, p.16. Novembro/1997.
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A grande mudança que vem sendo solicitada dos Controllers, e de toda camada gerencial,
mais precisamente desde o final da década de 80, corresponde a uma mudança na forma de agir e
considerado durante anos como o sendo capital financeiro convertido em máquinas, fábricas, etc.,
seja substituído pelo conhecimento, exigindo estruturas menos rigidas e descentralizadas. O maior
desafio gerencial desse final de século será a alocação do recurso 'informação' por toda a empresa,
permitirá maior agilidade dentro das empresas, times de trabalho auto-suficientes, decisões rápidas
e mais acertadas com as necessidades do mercado, o que possivelmente acarretará uma diminuição
Peter Drucker (op. cit.: p. 36) sugere ainda a criação da Gerência da Mudança e, a meu
ver, o Controller tem o perfil profissional competente para introduzir essa iniciativa dentro das
organizações. Atualmente, líderes financeiros são motivados e solicitados a participar ativamente
na elaboração da estratégia da empresa, ao mesmo tempo que devem prover as organizações com
informações precisas e rápidas, com o nível de detalhe adequado ao entendimento dos negócios.
Para alguns, isso se converte em um desafio; para outros, apenas uma passagem impossível. Os
.profissionais que terão sucesso nessa transição terão um perfil de verdadeiros 'treinadores e
facilitadores', em vez de 'controladores e centralizadores'. Obtere dividir informação deverá ser o
principal requerimento para essa função dentro das organizações.
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VI. Recomendações para futuros.trabalbos
A Controladoria tem uma função muita ampla na empresa. Assim, existem inúmeras
possibilidades de continuidade para o trabalho aqui apresentado, podendo-se explorar assuntos
mais específicos, que demonstrem o valor agregado da Controladoria para as empresas,
possivelmente através de pesquisa exploratória. Podem-se citar alguns exemplos:
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VTI. Anexo
MODELO DE QUESTIONÁRIO
CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA:
c. Faturamento Anual:
( ) Abaixo de US$ 50M ( ) De US$ 50 a 100M ( ) De US$ 100 a 150M
( ) De US$ 150 a 250M ( ) De US$ 250 a 500M ( ) Acima de US$ 500M
f. Origem: _
1- O CONTROLLER
2) Nos últimos vinte anos, esse cargo foi preenchido por mais de duas pessoas?
( ) Sim ( ) Não Quantas? _
4) O Controller possui curso de pós-graduação do tipo Mestrado, Especialização, MBA, Doutorado, etc?
( ) Sim ( ) Não
83
.h
5) O Controller possui experiência de trabalho internacional?
( ) Sim ( ) Não
8) Como se classifica sua atuação de Controller no contexto das decisões estratégicas dos negócios?
( ) Atuação Contínua e Expressiva
( ) Atuação Eventual e Expressiva
( ) Atuação Moderada
( ) Pouca Atuação
( ) Nenhuma Atuação
10) Qual é o grau de interatividade que sua função tem com as demais áreas e gerentes empresa?
( ) Intenso () Relativamente Intenso () Regular () Pouco ( ) Nenhum
l1) Qual é a postura que o Controller tem (ou deveria ter) com as demais áreas e gerentes da empresa?
(Marque de 1 a 5, sendo 1 o mínimo e 5 o máximo)
__ o Intervencionista
__ o Ditador de regras e políticas
__ o Parceiro de Negócios, divide decisões
__ o Conselheiro, aponta caminhos
__ o Ouvinte
II - A CONTROLADORIA
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De que fonna? _
3) Assinale quais funções abaixo se reportam à Controladoria: (Deixar em branco caso não exista na
empresa)
5) A empresa possui sistemas de informações automatizados e integrados? (do tipo ERP, CIM, etc)
( ) Sim ( ) Em Implantação ( ) Não
Quais?
6) No caso da empresa estar implantando novos sistemas de informações, assinale o grau de participação
da Controladoria no projeto geral de implantação da empresa:
7) A estratégia e os' obietivosda empresa são definidos de maneira integrada com as metas
orçamentárias?
( ) Sim ( ) Não
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8) Assinale em uma escala de 1 a 10, sendo 1 o mínimo e 10 o máximo, quais das funções abaixo
contribuem de maneira mais efetiva como apóio à gestão de sua empresa:
11) Pode-se afirmar que a Controladoria estabelece os padrões de ética predominantes dentro da sua
empresa?
( ) Sim ( ) Não
12) A Controladoria adota um programa formal de Auditoria Interna que vise a prevenção e detecção de
fraudes na sua empresa?
( ) Sim ( ) Não
13) Sua empresa adota pesquisas periódicas de "Satisfação dos Clientes Internos" da Controladoria?
( ) Sim ( ) Não
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VIll. Bibliografia
5. JOHNSON, H. Thomas/ KAPLAN, Robert S. Relevance Lost - The rise and fali of
management accounting. Boston, Massachusets: Harvard Business Press, 1987.
6. KAPLAN, Robert S./ NORTON, David P (Setembro-Outubro, 1993). Putting the Balanced
Scorecard to Work. Harvard Business Review, pgs. 134-142.
7. KAPLAN, Robert S./ NORTON, David P.(Janeiro-Fevereiro, 1996). Using the Balanced
Scorecard as a Strategic Management System. Harvard Business Review.
9. LISBOA, Lázaro Plácido. Ética Geral e Profissional em Contabilidade - São Paulo: Atlas,
1996.
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16.NASCIMENTO, Luiz Roberto(1998/28 de Março). Contabilidade gerencial auxilia gestão. O
Estado de São Paulo, Caderno de Empresas e Negócios.
18.SATHE, Vijay. Controller Involvement in Management. Englewood Cliffs, N.J: Prentice Hall,
Inc., 1982.
20.TAURION, Cesar (1998). O Bug do Milênio: uma corrida contra o tempo. REVISTA DA
ANEFAC - Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade,
Número 56, pgs.l8-19.
21.VRIES, Manfred F.R.Kets De. Liderança na Empresa. São Paulo: Atlas, 1997.
24.WILSON, R.M.S. Financiai Control: a systems approach. London, England: McGraw Hill,
1973.
Teses e Dissertações:
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