Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
==========
==========
A época corresponde a uma das fases mais produtivas de sua vida literária, quando, apesar da
camisa-de-força em que se encontra, tece os acontecimentos numa linguagem que a colocaria
entre os importantes escritores brasileiros contemporâneos.
==========
==========
“Acender os olhos em holofotes ” é a primeira fase dos registros de Maura, atenta ao dia e à
noite
==========
==========
==========
==========
Ela se sentia constantemente vigiada.. Acossada.. Seria por isso então que hospicio é deus?
Por conta dessa onipresença vigilantes e acusatória? Mas ao msm tempo el fazia a msm coisa..
Sempre vigiando suas colegas, julgando-as, registrando os fatos que ocorriam com elas,
muitas vezes se utilizando desse privilégio como forma de destaque e poder entre as internas
do hospício .
==========
sociedade que aceita e convive com o controle institucionalizado “em nome da segurança” e
esta é uma das denúncias mais evidentes do livro de Maura: a vida microscópica do hospício
refletindo a vida macroscópica da sociedade em sua vigilância constante aos alienados.
==========
DISSERT MESTR LITER - LITERATURA E LOUCURA A TRANSCENDENCIA PELA PALAVRA -
MusilliCelia_M (lene.dfs@gmail.com)
==========
==========
==========
==========
==========
DISSERT MESTR LITER - LITERATURA E LOUCURA A TRANSCENDENCIA PELA PALAVRA -
MusilliCelia_M (lene.dfs@gmail.com)
==========
==========
ela nunca pensou numa carreira, queria apenas ser ela mesma, com as suas manias, o seu
sofrimento de ver o mundo e as coisas, a sua loucura, o seu deus.134
==========
==========
Na sociedade ela sempre foi visada por suas extravagâncias, e para uma família conservadora é
sempre melhor que um tipo assim pareça louco,
==========
==========
==========
Dá para supor que Maura, mesmo delirante ou no limite, imprime à cena um grande
significado a ponto de transformá-la depois num conto chamado “Espiral ascendente”,
==========
Dá para supor que Maura, mesmo delirante ou no limite, imprime à cena um grande
significado a ponto de transformá-la depois num conto chamado “Espiral ascendente”, no qual
ela fala também do Sonifene, nome de um medicamento usado na época para controlar os
loucos.
==========
Ao mesmo tempo em que maura está imersa na loucura, é como se n perdesse nunca a su
visão de fora dos acontecimentos.
==========
==========
==========
==========
Suas “cenas”’ quase sempre se desenrolam nos corredores, no pátio, no refeitório, espaços
onde há visibilidade, olhares apropriados aos escândalos que protagoniza sem disfarçar seu
prazer
==========
==========
==========
Ela cultua suas memórias para mostrar quem foi, mas seu grande conflito é saber quem é.
==========
==========
Maura busca o equilíbrio quando se dedica ao diário; ali, encontra alívio falando de si e das
companheiras
==========
Maura não é uma autora que fala da loucura, ela a vivencia; essa condição dá a seus escritos
uma dimensão que transborda para o sobre-humano, a partir da carga que carregou vida afora
diagnosticada como “louca de carteirinha”, como se refere a si mesma.
==========
==========
talvez tenha favorecido o desequilíbrio emocional que se intensificaria nos anos subsequentes;
a vida livre, numa sociedade conservadora, pode ter funcionado como ratificação de sua
condição de “louca”.
==========
==========
“ao contrário, vi-me alvo de muitas atenções”156. Aos 18 anos, internou-se voluntariamente,
pela primeira vez, numa clínica psiquiátrica destinada a pessoas de posses em Belo Horizonte.
A internação parece, acima de tudo, uma tentativa de manter-se afastada do conflito moral
que lhe impunha a sociedade depois do divórcio.
==========
, pela primeira vez, numa clínica psiquiátrica destinada a pessoas de posses em Belo Horizonte.
A internação parece, acima de tudo, uma tentativa de manter-se afastada do conflito moral
que lhe impunha a sociedade depois do divórcio.
==========
Aos 18 anos, internou-se voluntariamente, pela primeira vez, numa clínica psiquiátrica
destinada a pessoas de posses em Belo Horizonte. A internação parece, acima de tudo, uma
tentativa de manter-se afastada do conflito moral que lhe impunha a sociedade depois do
divórcio.
==========
==========
Sua primeira internação n teve motivo médico , internou-se nesses locais que mais
assemelham-se a spas. Possuía uma ideia romantizada dessea locais .
==========
==========
Vera Brant
==========
==========
==========
intimidade
==========
==========
==========
==========
==========
==========
Acredito que ela não escreveria como escreveu se não tivesse as experiências que moldaram
sua percepção: a loucura lhe dá margem a outras interpretações da realidade, o delírio – irmão
do sonho ou do pesadelo – contamina seu texto ficcional.
==========
A falta de uma identidade clara é sempre instigante para quem se ocupa do que
==========
==========
==========
necessidade de flagrar o instante num código que ultrapasse a palavra, uma forma de
transmitir com fidedignidade como quem diz: “aqui está a prova da realidade”.
==========
==========
nos contos de Maura encontro o deslizamento para o delírio, o que me remete também ao
surrealismo. Seus contos, desde os títulos, apresentam choques de palavras que desdobram
significados, criando relações originais
==========
==========
Nem toda obra de Maura Lopes Cançado aborda a loucura, ela também escreve sobre outros
temas mantendo características como a de se dedicar mais a personagens femininas,
construindo narrativas psicológicas.
==========
==========
==========
Considero este um dos contos mais lúcidos de Maura, o texto é claro, a narrativa ágil, um
retrato da vida provinciana feito com ironia, humor e sentido crítico.
==========
==========
gravidez das solteiras era encarada como erro. O conto é um dos que mais aproximam a
escrita de Maura à de Clarice Lispector, pela construção de atmosferas psicológicas tendo em
vista a condição feminina.
==========
O conto é um dos que mais aproximam a escrita de Maura à de Clarice Lispector, pela
construção de atmosferas psicológicas tendo em vista a condição feminina.
==========
O conto é um dos que mais aproximam a escrita de Maura à de Clarice Lispector, pela
construção de atmosferas psicológicas tendo em vista a condição feminina.
==========
interessante observar que nem mãe nem filho têm nomes, indicando uma representação de
todas as mães e filhos em situação semelhante.
==========
==========
==========
==========
==========
O conto é uma peça surpreendente sobre os sentimentos ocultos que impedem os encontros,
==========
Trata-se do desencontro amoroso por razões tão íntimas que não se dão ao conhecimento do
outro. Elas
==========
Trata-se do desencontro amoroso por razões tão íntimas que não se dão ao conhecimento do
outro
==========
==========
construção da cena da morte liga-se a expressões que sexualizam um corpo morto, denotando
que se trata de um crime passional
==========
construção da cena da morte liga-se a expressões que sexualizam um corpo morto, denotando
que se trata de um crime passional
==========
==========
São retas as marchas militares, as filas organizadas, a postura de quem tem autocontrole. O
movimento sinuoso é símbolo da liberdade.
==========
==========
Na falta de permissão para cruzar os muros da realidade hospitalar, a autora recria histórias
libertando suas companheiras pela literatura.
==========
A preferência da autora parece sempre recair sobre as loucas artistas, as finas, as educadas
==========
DISSERT MESTR LITER - LITERATURA E LOUCURA A TRANSCENDENCIA PELA PALAVRA -
MusilliCelia_M (lene.dfs@gmail.com)
Sei que para todos ela já não é ninguém, e ninguém lhe daria uma mação vermelha cheirosa,
bem vermelha. Mas não é verdade que ninguém a possa amar,
==========
Sei que para todos ela já não é ninguém, e ninguém lhe daria uma mação vermelha cheirosa,
bem vermelha. Mas não é verdade que ninguém a possa amar, eu a amo
==========
Neste trecho de “Hospício é Deus”, Maura se refere a sua parceira de manicômio de duas
formas – ela é Auda e Alda – a transformação revela duas identidades, antes e depois do
conto, com isso Maura indica confiança na transformação pela literatura, corroborando aquilo
que buscava desde o início: apoderar-se de um discurso para mudar a compreensão sobre a
loucura.
==========
==========
==========
==========
==========
Podemos aproximar as duas autoras pelo mergulho que fazem nas personagens, trazendo à
tona o drama psicológico e a consciência da vida subjetiva, construindo tudo de dentro para
fora.
==========
==========
==========
A figura da mãe é construída também de forma sofisticada, a partir das roupas e atitudes
frívolas; ela não tem um comportamento padrão, não existem nela preocupações corriqueiras
com o filho, que indiquem uma convivência cotidiana, ela aparece sempre
==========
A figura da mãe é construída também de forma sofisticada, a partir das roupas e atitudes
frívolas; ela não tem um comportamento padrão, não existem nela preocupações corriqueiras
com o filho, que indiquem uma convivência cotidiana, ela aparece sempre como uma visita ou
pessoa a ser visitada. Apesar disso, há
==========
A figura da mãe é construída também de forma sofisticada, a partir das roupas e atitudes
frívolas; ela não tem um comportamento padrão, não existem nela preocupações corriqueiras
com o filho, que indiquem uma convivência cotidiana, ela aparece sempre
==========
A figura da mãe é construída também de forma sofisticada, a partir das roupas e atitudes
frívolas; ela não tem um comportamento padrão, não existem nela preocupações corriqueiras
com o filho, que indiquem uma convivência cotidiana, ela aparece sempre como uma visita ou
pessoa a ser visitada.
==========
A figura da mãe é construída também de forma sofisticada, a partir das roupas e atitudes
frívolas; ela não tem um comportamento padrão, não existem nela preocupações corriqueiras
com o filho, que indiquem uma convivência cotidiana, ela aparece sempre como uma visita ou
pessoa a ser visitada.
==========
Assim como emergiu e submergiu dos hospícios, sua convivência com o filho tem um contorno
de visitas ou “aparições”.
==========
==========
Quando sai às ruas, ela também encontra “olhares antropófagos”, sinal da vida urbana que a
devora.
==========
==========
==========
==========
==========
==========
==========
personagem sem consciência, que não sabe de onde vinha nem para onde ia, mais uma vez
traz a ideia de um delírio
==========
A personagem sem consciência, que não sabe de onde vinha nem para onde ia, mais uma vez
traz a ideia de um delírio
==========
personagem percebe a “importância das formas em relação ao olhar”323. Isto significa que as
formas se moldam aos olhos de quem as vê e cada um enxerga o que consegue ver, não há
uma padronização do olhar, ele se molda às nossas experiências, afetos, memórias.
==========
==========
==========
O personagem percebe a “importância das formas em relação ao olhar”323. Isto significa que
as formas se moldam aos olhos de quem as vê e cada um enxerga o que consegue ver, não há
uma padronização do olhar, ele se molda às nossas experiências, afetos, memórias.
==========
O grito contido há anos encontra então uma forma de expressão literária que, se não alivia,
denuncia com todas as letras o que é cair num abismo ou debater-se num trauma
transformado em neurose.
==========
==========
Minha intenção foi a de ajudar a resgatar a voz de Maura, legitimando o discurso da loucura,
mas ultrapassando a condição de uma literatura de denúncia, aspecto importante, porém não
exclusivo: sua obra é muito mais que um grito
==========
Objetivo de ultrapassar essa primeira urgência que se percebe nos escritos de maura.. Ir pra
além do grito ecoado.
==========
==========
relevância das imagens verbais – muitas vezes poéticas – é um dos pontos importantes desta
dissertação
==========
relevância das imagens verbais – muitas vezes poéticas – é um dos pontos importantes desta
dissertação
==========
==========
A relevância das imagens verbais – muitas vezes poéticas – é um dos pontos importantes desta
dissertação
==========
==========
==========