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“O romance é sempre
Opinião
um desvendar de
uma história que vai
PUBLISHNEWS, ROGÉRIO ALVES*, 17/01/2017 PUBLICIDADE
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Em artigo, Rogério Alves fala sobre a angustiante busca pelo best
seller e conclui: 'absorvendo tudo', o editor 'aprende a deixar o gosto
pessoal de lado para publicar o que as pessoas querem ler'
A BR75 desenvolve soluções personalizadas
de criação e edição de texto, design gráfico
“Sabemos fazer, agora precisamos de sorte. Boa sorte a todos”. As reuniões
para publicações impressas e em outras PUBLICIDADE
corporativas anuais de editores europeus e latinoamericanos terminavam sempre mídias e coordena sua produção editorial.
com essa frase. Dita pelo CEO de um dos maiores grupos editoriais do mundo, pode Cuidamos de todas as etapas, conforme as
necessidades e características de seu
soar estranha ou até supersticiosa. O efeito era um só: ela nos angustiava. Depois de projeto, e sua empresa ganha em eficiência e
dias fechados em um escritório discutindo títulos, autores, números e tendências de qualidade. Quer saber mais? Fale com a
gente ou agende uma visita!
mercado, o “boa sorte” nos abandonava de cara na sarjeta da realidade: o editor é um
jogador.
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é capaz de consumir todos os tipos de produtos, já que existe uma longa cauda
formada de nichos. Neste sentido, o mercado seria quase infinito, uma vez que os
Leia também
interesses são infinitos. O autor não especificou o volume dessas vendas no caso do
mercado editorial e o futuro das grandes corporações editoriais. Há editoras, claro, Direto de Bolonha 4: È già finita
Gil conta quais são os próximos passos a
que conseguem viver apenas dos nichos, e devemos celebrar isso. É bom para todos. serem tomados depois de tanto negociar na
Mas mesmo elas querem emplacar o hit, afinal de contas, passar dois ou três anos na feira
lista de mais vendidos é quase que uma garantia de sobrevivência. E não se engane,
A cabeça do editor do século 21: Até
existem nichos e nichos. quando, universitários?
Em artigo, Rogério Alves fala sobre a dura
Hoje, as estatísticas do mercado editorial mostram que as grandes editoras se mantêm tarefa de estabelecer quem é o públicoalvo
de um livro universitário
com um número que varia de 10% a 20% dos títulos que publicam. Os demais
possuem uma venda baixa, cujas receitas não seriam suficientes para manter as Direto de Bolonha 3: até dentro do ônibus
empresas, ou são fracassos retumbantes, que tiram o sono de qualquer jogador. lotado pode pintar uma oportunidade
http://www.publishnews.com.br/materias/2017/01/17/acabecadoeditordoseculo21aangustiadojogador 1/4
08/04/2017 A cabeça do editor do século 21: a angústia do jogador | PublishNews
Gil Vieira Sales está em Bolonha e pegou um
A busca pelos títulos que possuem potencial para se tornarem bestsellers é tortuosa, ônibus lotado. Lá ele viu uma cena insólita.
cheia de blefes, atalhos e ferramentas. Não existe fórmula, apesar das várias
publicações que prometem revelar os segredos do hit. O jogo começa pela informação.
Funcionando como uma espécie de antena, a cabeça do editorjogador acompanha as
tendências mundiais nas feiras e nas conversas com colegas, devora os relatórios dos
scouts espalhados ao redor do mundo, consome artigos da imprensa, assiste televisão,
cinema, YouTube, participa de redes sociais, viaja e ouve, ouve muito a equipe
comercial, as pessoas na rua, a família…
Absorvendo tudo, aprende a deixar o gosto pessoal de lado para publicar o que as
pessoas querem ler. Ou, pelo menos, o que parece que as pessoas desejam. Com a
popularização do livro digital há alguns anos, o mundo editorial vibrou com a
possibilidade de ter dados precisos sobre a leitura de um livro específico, como, por
exemplo, saber o trecho que prende ou que afasta leitores. Entender o comportamento
dos consumidores diretamente na fonte prometia uma revolução. E ainda promete.
Da mesma forma, as mais recentes metodologias de trabalho dos cientistas de dados
prometem mudar o varejo para sempre.
O jogador comemora, pois quanto mais dados possuir, mais análises e cruzamentos
conseguir fazer, mais refinada será a sua aposta. Mas nada tirará o fator humano das
decisões; nem aliviará a angústia de colocar as fichas em determinado título, por mais
embasamento racional que tenha servido para sua escolha.
É conhecida a clássica história das várias recusas dos editores que puderam ler os
originais do primeiro Harry Potter. Algum dado ou tendência indicava que a história
do bruxinho seria um hit? Nada. O mesmo aconteceu recentemente com a série
Cinquenta tons de cinza, de E.L. James. O agente da obra me disse que ele mesmo
não sabia que possuía um bestseller daquele tamanho na mão. E quem saberia?
Ninguém. Os editores das obras resolveram apostar. Baseados em quê? Intuição,
informação e análise do produto. Apostaram corajosamente, ganharam a partida. São
grandes jogadores. E, claro, têm muita sorte.
Derek Thompson, em Hit makers (Penguin Press, no prelo), diz que a aposta já nasce
como um fracasso. Segundo ele, o mercado editorial está entre os mais difíceis da
indústria de entretenimento, ficando atrás dos mercados de apps e do cinema: 20%
dos filmes são responsáveis por 80% da bilheteria, enquanto 60% do faturamento de
uma loja de apps vêm de apenas 0,005% das empresas produtoras.
Apostar – e sua angústia – faz parte do cotidiano do editor. Em meio a muitas teorias
e análises, o editor segue apostando. Busca dados, acompanha tendências, escolhe a
obra, depois faz o trabalho de gerente de produtos (olhe os 4Ps do Marketing aqui!) e,
por fim, precisa contagiar a empresa inteira. Todos do time precisam acreditar tanto
quanto o jogador. O editorjogador é um ser coletivo, não consegue apostar sozinho.
Se não possuir apoio da equipe comercial, do marketing e dos gestores, por mais que o
produto represente uma tendência e faça sucesso no exterior, morrerá empoeirado
nas estantes ou, pior, nos estoques. A verdade é que muitos produtos teriam carreiras
diversas se publicados em casas editoriais diferentes.
O jogo coletivo da edição é também angustiante, mas as apostas precisam continuar.
Neste cassino, não se para nunca. E, o pior, as peças com que se joga estão sempre
mudando. Qualquer prática para racionalizar as apostas é bemvinda. O fator
humano vai ser sempre importante, mesmo porque as fórmulas ou produtos
construídos artificialmente não possuem vida longa. Acompanhe as apostas e veja por
você mesmo. Enquanto isso, o jogador profissional segue administrando sua angústia
como pode e se alimentando dela, viciado abertamente na adrenalina do jogo.
* Rogério Alves é gerente de Educação Superior e Trade da Saraiva / Somos
Educação. Doutor em Teoria Literária (USP) e Administrador de Empresas (FGV), já
passou pelo Grupo Planeta, Fundação Padre Anchieta e Folha de S.Paulo.
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08/04/2017 A cabeça do editor do século 21: a angústia do jogador | PublishNews
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Suleima Cury
Parabéns pelo artigo Rogerio, você é um poeta do mundo editorial! Fico feliz em
ter vários livros editados por você, alguns na lista da Publishnews! Se por um
lado o editor entra no torvelinho emocional em busca da obra que cairá no
paladar intelectual do leitor, o escritor, por sua vez, é um artesão solitário das
palavras que golpeia sua mente para lapidar a pedra bruta das suas ideias para
contribuir de alguma forma com a humanidade! Se nessa empreitada ele não
domesticar o fantasma da vaidade e não for fiel a sua consciência, terá uma
dívida impagável consigo mesmo, ainda que sua obra tenha sido um notável
best-seller! Abraço! Augusto Cury
Curtir · Responder · 1 · 22 de janeiro de 2017 02:59
[17/01/2017 10:43:00]
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