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Caso Angeloni: centralizar para crescer

Baseado em um amplo projeto que consumiu um ano e meio de estudos, o novo centro de distribuição do
Grupo Angeloni modernizou e racionalizou as operações logísticas dos 19 supermercados e 27 farmácias da rede.
Instalado em terreno de 450 mil m2 no município de Porto Belo, no litoral catarinense, o CD de 38,5 mil m2 de
área construída é estratégico para a expansão dos negócios do grupo nos próximos dez anos.

Por Cláudia Malinverni | Abril.2007


Revista TECNOLOGÍSTICA

O início das operações, em outubro passado, do novo centro de distribuição do Grupo Angeloni – maior
empresa do setor de supermercados de Santa Catarina, terceira da região Sul e nona no ranking nacional da
Abras (Associação Brasileira de Supermercados) – marcou o encerramento de um amplo processo de
implantação, que exigiu a instituição de um plano diretor, consumiu dois anos de trabalho e demandou
investimentos da ordem de R$ 35 milhões.
Desenvolvido com apoio da Vantine Consultoria, o projeto – que eliminou três CDs de menor porte,
localizados em Criciúma, Blumenau e São José, e centralizou todas as operações de abastecimento das unidades
de varejo da rede (19 supermercados e 27 farmácia) em Porto Belo, município litorâneo a 60 quilômetros da
capital catarinense – não apenas modernizou e racionalizou as atividades de movimentação e distribuição.
Colocou, indiscretamente, a logística no centro das estratégias de crescimento do grupo, num horizonte de dez
anos.
A implantação do projeto foi precedida por um minucioso estudo de viabilidade, iniciado em 2004, que
considerou o valor do investimento versus os ganhos operacionais e redução de custos. Norberto Colla, diretor de
Informática e Logística da Angeloni, conta que havia uma pressão do crescimento dos negócios sobre os três
CDs, que, certamente, exigiria a construção de uma quarta unidade de armazenamento. “Por outro lado, o fato de
termos operações logísticas distantes umas das outras e a necessidade de otimizar o uso dos recursos e dos
equipamentos de movimentação e distribuição, por si só, já justificavam a implantação de um modelo centralizado.
Além disso, tínhamos também um argumento principal, que era redução da conta-frete, a mais pesada de todo o
processo logístico”, diz o diretor, explicando a decisão do grupo pela construção do CD.
Uma vez definido que o projeto era economicamente viável, a empresa partiu para a sua execução, por
meio de um plano diretor que contemplou três etapas, implementadas ao longo de 2005. A primeira teve por
objetivo indicar a melhor localização do terreno para a instalação do CD, considerando a distância das lojas, o
frete, o acesso viário, a expansão da rede e a disponibilidade de mão de obra no seu entorno, entre outras
variáveis. “A isso chamamos geo-referenciamento, um foco que tem por finalidade verificar as potencialidades e
as possibilidades de uma microrregião”, fala Claudirceu Marra, gerente do projeto da Vantine, acrescentando que,
com esta perspectiva, foram buscados os terrenos e eliminados aqueles que estavam fora do perfil para abrigar a
unidade.
Na fase seguinte, a equipe elaborou o projeto logístico básico do centro de distribuição. Para tanto,
realizou um detalhado diagnóstico da operação de armazenagem e distribuição da Angeloni, consolidando os
dados e estratégias logísticas da rede.
Colla informa que o dimensionamento do CD foi feito considerando os departamentos da rede, com as
respectivas linhas de produtos, e uma projeção de crescimento nas vendas e no número de lojas nos próximos
anos. Com estes dados, foi possível desenhar todo o processo operacional e definir a capacidade nominal e
operacional da unidade, ou seja, a área total do CD, o sistema de armazenagem, o método de movimentação
global, o layout, as especificações técnicas e o fluxo de veículos nas instalações.
O desenvolvimento do projeto completo ocorreu na terceira etapa, quando foram definidas as estruturas
de armazenagem, indicados os equipamentos de movimentação e os terminais de informação. “O projeto está
baseado na praticidade, na simplicidade que dá maior eficácia para o menor investimento e total flexibilidade,
porque o mercado mudo continuamente. O projeto da Angeloni é baseado no princípio da simplificação dos
processos, com vistas na eficácia”, define José Geraldo Vantine, diretor da empresa que leva seu nome, que
presta consultoria à rede varejista desde o final da década de 1990.

Vencendo Desafios

Rede de supermercados e farmácias originárias de Criciúma, a expansão da Angeloni deu-se a partir de


Florianópolis e firmou-se ao longo de toda a faixa litorânea do Estado. Neste cenário, do ponto de vista do geo-
referenciamento, Porto Belo apresentava a melhor relação custo-benefício para a operação logística. “Cinqüenta
por cento das lojas da rede estão num raio de até 120 quilômetros de distância do centro de distribuição”, informa
Colla. O diretor acrescenta que o ponto-de-venda mais próximo do CD está a 30 quilômetros e o mais distante, em
Curitiba, onde a rede tem uma loja, a 250.
Definida a cidade, era preciso, ainda, encontrar uma área capaz de sustentar os projetos de expansão na
linha do tempo. “Partimos do pressuposto de que a área deveria ter, no mínimo, cinco anos de vida útil,
contemplando os cinco anos seguintes a este período. Ou seja, uma expansão nos negócios por um período de
dez anos”, lembra Colla, justificando o tamanho da área do terreno, de 450 mil m2.
O gerente da Vantine conta que essa metragem foi estimada na fase de pré-dimensionamento das
necessidades operacionais. “Ou seja, quando o projeto do depósito já estava pronto, com vistas a uma solução
mais duradoura para os planos de crescimento da empresa em dez anos. Portanto, a escolha do terreno não
levou em consideração apenas o número de lojas, mas o volume de vendas de cada uma das existentes e a
projeção das que serão criadas”, completa Marr. E ressalta: ”Alias, saber quais são as regiões-alvo é elemento
básico para o estudo de localização de um CD.”
A escolha do município exigiu, ainda, um grande estudo de engenharia, em função das características do
solo da região, uma planície sedimentar costeira. “No que diz respeito à resistência do solo, este não é muito
adequado para construções de grande porte. Por isso, além da complexidade do projeto em si, tivemos de lidar
com mais esse complicador”, pondera o diretor da Angeloni, informando que a Wtorre, especializada em edifícios
desse tipo, foi a construtora escolhida. Ele diz ainda que, além a excelência técnica, o projeto arquitetônico focou
o bem-estar dos funcionários. “Foi uma escolha muito boa.”
Em março do ano passado, depois de um ano e meio de estudos e desempenho do modelo, tiveram início
as obras de construção, e sei meses depois o centro de distribuição estava pronto para receber o estoque da
rede. “Este prazo traduz o perfil da Angeloni: dedicamos bastante tempo à avaliação de um projeto, mas, ao
decidirmos que ele será realizado, temos esta ‘pressa empreendedora’. Quando dizemos vai, vai mesmo”, aponta
Colla. Ele acrescenta que, em outubro passado, a área de logística transferiu as operações para a nova unidade,
com 38.500 m2.
Marra observa que o Cd dispõe de uma área reservada de cerca de 25 mil m2 de terreno, que permite a
expansão rapidamente. “Nesse sentido, o CD, é hoje, praticamente, um módulo que pode ser quase duplicado”,
ressalta o diretor da Vantine.
Na área do centro de distribuição foi instalado ainda, o terceiro posto de combustível Angeloni. Com nove
bombas para abastecimento de diesel, gasolina e álcool – e a previsão de, em breve, oferecer GNV-, o posto é
também um espaço de descanso e convivência para os motoristas que seguem até o centro de distribuição. “Além
disso, atende com extrema qualidade todos os que circulam na rodovia, porque dispõe, entre outros serviços, de
restaurantes, lanchonete, área de descanso, acesso à internet e loja de conveniência”, acentua Colla.

Estrutura e modelo de armazenagem

Para definir a estrutura e o modelo da operação de centro de distribuição, a equipe baseou-se nas
operações que já eram realizadas nos três CDs existentes. “O estudo do modelo foi, praticamente, uma revisão.
Há sete anos, a área de logística da Angeloni saiu do plano operacional e passou para o estratégico. Isso explica
por que o grupo tem fôlego para executar projetos desta envergadura”, avalia Vantine.
Marra confirma e diz que a empresa já estava pronta para atuar em um modelo logístico centralizado. “Se
as premissas e diretrizes, ou seja, as políticas comerciais e de estoque, não estiveram bem definidas, dificilmente
o projeto trará os resultados esperados”, alerta o gerente da Vantine, explicando que o giro do estoque da
Angeloni foi a base do projeto. “O dimensionamento do CD de uma empresa de varejo de porte médio, sobretudo
na área de supermercados, é muito sensível à cobertura do estoque, ao seu giro. Parte do abastecimento é feita
por atacadista e distribuidores, parte diretamente pelos fornecedores, é um giro híbrido.”
Segundo ele, a partir deste foi desenhado o modelo global: o tamanho e o layout do CD, os produtos a
serem armazenados (carga seca e frigorificada), as operações (estocagem paletizada, em estanterias e cross-
docking) e o número de docas, além, obviamente, dos processos de recebimentos, separação e expedição das
mercadorias.
Um trabalho de categorização de todos os produtos, aplicando neles uma nova definição de cobertura do
estoque, com base nas projeções de crescimento da rede, permitiu a separação do CD em duas grandes áreas:
frigorificada e carga seca, está ultima ocupando a maior parte do armazém.
As mercadorias frias são estocadas em quatro câmaras, duas resfriados, com temperaturas entre 0°C e
8°C, e duas de congelados (18°C negativos), com capacidade de armazenamento de 3.600 paletes. Já a carga
seca dispõe de três sub-áreas, que utilizam equipamentos e processos distintos de movimentação: duas
paletizadas e uma com estanteria.
A paletização foi feita a partir de três variáveis do volume dos produtos: metros cúbicos, unidade e peso.
Este estudo era importante, ainda, para definir a quantidade ideal de paletes, que no projeto é chamado de
unidade padrão de carga (UPC).
Uma quarta variável, a altura do palete (PBR, de 1,70 metro), permitiu à Angeloni criar as duas áreas de
armazenagem paletizada: a UPC1, de 1,80m3, e a UPC2, com 0,90 m3. “A configuração da UPC1 permite maior
flexibilidade no uso do espaço, enquanto a da UPC2, com metade do volume do palete PRB, permite a sua
máxima utilização”, acentua o gerente da Vantine. Ele conceitua: “Dois elementos disputam a eficiência de um
depósito: a capacidade de estocagem e as condições e agilidade de movimentação. Um depósito é eficiente
quando estas duas variáveis estão em equilíbrio.”
Esta paletização contribuiu, também, para a definição da altura do pé direito do CD, que tem 11 metros, e
do processo de consolidação da carga no caminhão. “A idéia é ter o melhor aproveitamento, não apenas na
armazenagem, mas também no transporte”, conta o gerente da Vantine, segundo quem todos os SKUs estão
acessíveis aos operadores. “No CD da Angeloni o palete maior (UPC1) é invariavelmente colocado em um
endereço na altura dos separadores. No caso da PC2, o endereçamento máximo é o segundo nível do porta-
palete.”
Na área de estanteria é realizada a separação de itens unitários. “São produtos com menor giro, como um
vinho especial ou determinado tipo de gelatina diet. Por isso, não é conveniente, economicamente, ter caixas
fechadas nas lojas”, explica Colla, segundo quem o despacho destas mercadorias limita-se à capacidade da
gôndola. “Ou seja, só o que fica exposto ao consumidor”, acrescenta o diretor de logística da Angeloni.
Para esta operação, é utilizado o modelo de picking vertical, com o equipamento da Vertical Shuttle. Trata-
se de uma estrutura metálica, com pisos intermediários, que inclui, além do térreo, mais três andares. Os itens são
armazenados em bandejas divididas em pequenos compartimentos. Os operadores atuam em estações de
trabalho servidas por elevadores centrais, os chamados monta-cargas, orientados via sistema. “Uma tela de
computador, instalada na estação, informa os produtos que devem ser separados, de forma seqüencial. O
equipamento localiza a bandeja em que os itens estão armazenados e o elevador, então, a recolhe e leva até o
separador, indicando por sinal de luz o compartimento onde está o produto”, detalha Marra, da Vantine. E
completa: “Embora demande um processo de reposição exclusivo, o picking vertical tem, em media, uma
produtividade oito vezes maior do que a separação convencional.”
Marra chama atenção, ainda, para o modelo de movimentação das cargas dentro do CD. “Docas custam
muito caro e, contraditoriamente, há lugares em que elas são usadas apenas uma vez por dia, em função da
lentidão na consolidação das cargas. Na Angeloni um grande esforço para otimizar as operações de recebimento
e expedição, evitando as clássicas filas nos corredores de circulação”, diz o gerente da Vantine. E dá um exemplo:
“A empilhadeira não vai para a área de estocagem. A transferência da mercadoria entre as docas e o estoque é
feita com transpaleteiras de garfo duplo, que têm uma performance melhor.

Ganhos atuais e potenciais

Com capacidade para 27 mil paletes, o centro de distribuição da Angeloni armazena, hoje, entre 27 mil e
30 mil itens. A operação está concentrada, basicamente, em alguns departamentos, como o de mercearia, que
tem 90% dos produtos armazenados no CD. Outros, como o bazar, têm poucos itens em estoques. E, no caso
desta linha, o que vier será operado no formato cross docking, em função do perfil dos produtos, como copos,
taças, vasos coloridos e presentes. Finalmente, há a linha de itens que não passam pelo CD, entre eles os
hortifruti, os laticínios e os pães. “Estes produtos são entregues diretamente pelos fornecedores nas lojas”, informa
Colla.
O modelo logístico, ressalta, é o mesmo que já vinha sendo utilizado nos três CDs. Mas, claro,
sensivelmente ampliado. “Antes, tínhamos uma restrição muito grande com relação ao volume físico. Agora, o
cenário mudou completamente, não apenas em função da maior área de armazenagem, mas também porque a
operação está mais adequada”, analisa o diretor da rede. Segundo ele, com a mudança foi possível aumentar o
número de itens em estoque em 40%.
O abastecimento obedece a um sistema de previsão de demanda, da Neo-Grid, que trabalha com o
histórico de vendas dos produtos desde 2000, e é orientado, ainda, pelo movimento no ponto-de-venda. “A
informação sobre os produtos passados pelos clientes no check-out é lançada no sistema à noite. No dia seguinte
pela manhã já sabemos a quantidade de itens que deverá ser resposta por loja”, complementa Colla.
Com estas duas variáveis, a previsão de demanda calcula o que será consumido nos próximos dias. “O
sistema então, envia a previsão para o nosso WMS, que transmite as tarefas para os coletores de radiofreqüência
utilizados pelos operadores”, detalha o diretor, informando que o sistema de gerenciamento de depósitos da
Angeline é proprietário. “Começamos a desenvolver o sistema internamente em 1998 e, hoje, ele está
absolutamente adequado às nossas necessidades.”
O WMS controla, também,a expedição das cargas, feita nas 46 docas secas e nas seis refrigeradas. “O
sistema controla o embarque, mas não é engessado. O caminhão, um por loja, encosta na doca que está
desocupada e recebe toda a carga daquela unidade”, acentua, informando que a entrega nas lojas obedece a
janelas e horários, também por ponto-de-vista. “Assim, a loja também está sempre preparada para receber a
mercadoria.”
Colla observa que, embora haja uma variação muito grande nos volumes transportados em função dos
picos de vendas, nas média são expedidas 30 cargas por dia e recebidas 35. O diretor explica que o CD opera,
atualmente, das 8 às 17 horas, de segunda-feira a sábado, com 250 funcionários. “Porém, o planejamento
contempla a abertura de outros turnos. Pelo nosso cronograma, daqui a três anos já teremos mais dois turnos”,
diz, acrescentando que a transferência entre o CD e as lojas é feita por dois transportadores parceiros, a ATCM
Monteiro e a JR.
Maior Capacidade

Entre os ganhos obtidos com a centralização, Colla destaca a otimização de recursos. “Não realizamos o
projeto por capricho. Tínhamos realmente problemas com a configuração anterior, que não apenas afetava nossa
capacidade de crescimento como representava um custo operacional maior. Nesse sentido, a centralização
significou um beneficio por si só. E, do ponto de vista da logística, é importante destacar o nível de assessoria da
Vantine, que nos ajudou a desenhar o modelo”, avalia o diretor da Angeloni.
Além disso, diz o diretor, há os ganhos de longo prazo, sobretudo na redução potencial da conta-frete.
“Temos uma estimativa macro que indica que, ao longo do período do investimento, entre cinco e dez anos,
devemos ter uma redução neste quesito da ordem de 10%”, finaliza.

ATIVIDADE

1\ Destacar os principais pontos do case, tanto na fase Pré-projeto quanto na fase Pós-projeto.

2\ Qual é a importância dada ao estoque?

3\ Qual é a importância dada ao transporte?

4\ Qual é a importância dada às instalações (CD e Varejo)?

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