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Informamos que é de inteira Direito ambiental / Obra organizada pelo Instituto IOB
responsabilidade do autor a emissão - São Paulo: Editora IOB, 2013.
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do Código Penal.
Sumário
Capítulo 4 – Biossegurança, 43
1. Definição, 43
2. Licenciamento Ambiental da Atividades que Envolvam
Pesquisa, 48
Capítulo 8 – SNUC, 82
1. SNUC – Lei nº 9.985/2000, 82
2. SNUC – Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso
Sustentável, 85
3. SNUC – Refúgio de Vida Silvestre, 86
4. SNUC – Reserva Extrativista, 88
Gabarito, 134
Capítulo 1
Introdução ao Direito
Ambiental
1.2 Síntese
O direito ambiental é tema complexo porque lida com o consenso. Se de
um lado existe a tentativa de proteger a natureza, do outro, encontramos o
desenvolvimento econômico, e o direito ambiental surgirá da relação entre es-
ses dois institutos, ou seja, é imprescindível proteger a natureza, como também
é necessário construir estradas e extrair minérios, etc.
Apesar de ser um direito com o objeto muito específico, o meio ambiente, a
todo momento o direito ambiental busca recepcionar institutos de outros ramos
do direito. O direito ambiental busca perspectivas constitucionais, mecanismos civis
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e administrativos para a tutela da natureza, mecanismos fiscais e extrafiscais,
para tentar reverter situações de degradação ambiental e prevenir possíveis fu-
turos danos ambientais.
Pelo fato de aproveitar vários institutos, a grande maioria da doutrina diz
que o direito ambiental não possui status de disciplina autônoma, apesar de
todas as suas especificidades.
Uma árvore individualmente considerada não é meio ambiente, é coisa,
pertence a alguém, é propriedade e possui tutela civilista. Já quando se fala em
meio ambiente, não é a tutela da árvore em si, a tutela é a qualidade de vida
proporcionada por essa árvore.
Meio ambiente não é corpóreo. É um bem de uso comum do povo, mas é
indivisível, indeterminado e insuscetível de apropriação exclusiva.
O direito ambiental vai tentar proteger a qualidade ambiental, não a quan-
tidade de recursos disponíveis.
O meio ambiente era visto como propriedade, onde o proprietário da terra po-
deria fazer o que quisesse com os recursos disponíveis. Se esta terra estivesse sendo
degradada, somente o proprietário poderia suscitar o direito de reparação, sem a ga-
rantia que a quantia recebida seria alocada na natureza, pois nada o obrigava a isso.
Se eu entendo o meio ambiente como direito difuso, não mais protejo a
propriedade, e sim, passo a ter a legitimação difusa para a tutela do bem.
Os dois institutos coexistem. Hoje, a propriedade é limitada pela visão di-
fusa da natureza, assim como o direito difuso observa o direito de propriedade.
O direito difuso tem como características, objeto indivisível, sujeitos inde-
terminados, intensa litigiosidade interna, modificação no tempo e espaço. Ex.:
Construção de Hidrelétrica, tenho o interesse do estado em construir, da comu-
nidade ambientalista, fazendeiros que não querem abandonar suas terras me-
diante desapropriação e todos têm legitimidade de reivindicação. Neste caso, o
conflito só se resolve mediante políticas públicas com características específicas.
Uma das características do direito difuso, já mencionada anteriormente, é a
modificação do tempo e espaço. Podemos mencionar o seguinte exemplo: se
a Mata Atlântica for destruída e totalmente alagada, passo a ter o direito difuso à
preservação da qualidade das águas e dos peixes que ali vivem.
Todas as ações do direito brasileiro têm que ser adotadas antes que essa
modificação ocorra.
Exercício
1. (TRF – 1ª Região – 2004) O meio ambiente, ecologicamente equi-
librado, é:
Direito Ambiental
2.2 Síntese
A lei da política nacional do meio ambiente, Lei nº 6.938/1981, conceitua
meio ambiente como conjunto de condições, leis, influência e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas. Apesar de ser um conceito geral, não é prejudicial, pois amplia
a realidade do que se pretende tutelar e lança para a doutrina e jurisprudência a
delimitação dos seus contornos. Ex.: o patrimônio histórico cultural é parte
do meio ambiente, quem lhe causar algum dano terá responsabilidade civil
objetiva e o dever de reparar a lesão causada, ou seja, recebe a tutela do direito
ambiental e do direito administrativo.
O princípio do desenvolvimento sustentável teve suas bases lançadas em
1972, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano,
em Estocolmo, com o levantamento da hipótese de a proteção ambiental po-
der ser utilizada como forma de impedir o crescimento e respectivo desenvol-
vimento econômico dos países pobres.
Como resposta a esse dilema, em 1987, a mesma Organização das Nações
Unidas divulga um relatório em que estabelece e define o princípio do desen-
volvimento sustentável como aquele que “atende às necessidades do presente
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras de as gerações futuras
atenderem as suas próprias necessidades”1.
Trata-se de um conceito intergeracional. Trabalha com a ideia de que o
desenvolvimento e crescimento econômico não são contraditórios com a ideia
de preservação ambiental, é possível mediante modificação das práticas de pro-
dução e consumo, realizar o tão sonhado desenvolvimento com o mínimo de
Direito Ambiental
tutela ambiental.
Exercício
2. (Juiz Federal – 5ª Região) Julgue o item em certo ou errado relativo aos
princípios jurídicos protetivos do meio ambiente:
O princípio do desenvolvimento sustentável preconiza um elo entre a
economia e a ecologia, estando referido em diversas declarações interna-
cionais, mas, por não estar previsto expressamente na CR/1988, atua ape-
nas como aspiração social e vetor ideológico para a atividade econômica.
3.2 Síntese
O princípio da prevenção é o mais importante do direito ambiental; uma
vez que o dano ambiental é, em sua essência, irreparável, todas as medidas
11
jurídicas de tutela, sejam elas administrativas, civis ou penais, devem ser pre-
ventivas, isto é, necessitam ser adotadas antes que o dano ocorra, pois uma vez
lesada a natureza, ela não mais pode ser reparada.
Todos os ramos do direito do qual o direito ambiental se utiliza são preven-
tivos; até mesmo o direito penal, quando lida com crimes ambientais, tem viés
preventivo.
A prevenção é saber quais são os possíveis danos que a minha atividade
causará e tomar medidas específicas e pontuais para evitá-los. Os riscos já são
conhecidos.
A cada novo passo tecnológico, sabendo-se dos riscos ocasionados, a pre-
venção se faz presente.
O Estudo de Impacto Ambiental é um dos principais institutos do direi-
to ambiental brasileiro previsto em nossa Constituição, e trabalha exatamente
com a efetivação da prevenção.
O princípio da precaução implica em um risco incerto. Ideia de dever de
cuidado. Se eu não sei quais os efeitos da minha atividade na natureza, eu vou
ter que tomar todo tipo de precaução.
Caso haja a falta de certeza científica sobre os riscos potenciais de uma
atividade, deve-se evitar a sua realização. Trata-se de uma ideia proibitiva, tam-
bém conhecida como in dubio pro natura.
Além desta acepção negativa, impedindo o empreendedor de agir quando
este não conhece os riscos de sua atividade, a precaução possui também uma
acepção positiva, levando o empreendedor a estudar e pesquisar sua atividade
com o objetivo de determinar com clareza quais os riscos que ela pode trazer
à saúde humana e ao meio ambiente. Uma vez ciente de quais são os efeitos,
passo da ideia de precaução para a de prevenção.
Podemos mencionar como principais diferenças entre prevenção e precau-
ção, é que a prevenção trabalha como o risco certo, e a precaução, por sua vez,
com o chamado “risco incerto”.
Quando se está diante de ação em que o fundamento é a precaução, temos
uma inversão do ônus da prova automática.
O princípio do poluidor-pagador não significa que se pagar tem direito a
poluir, significa, em uma primeira vertente, que aquele que polui é obrigado
a pagar e reparar o dano causado. Já a segunda vertente definidora do princí-
pio poluidor-pagador determina que aquele que realiza uma atividade poten-
cialmente poluidora é responsável por internalizar as externalidades negativas
causadas por seu empreendimento, ou seja, o fator econômico é tudo aquilo à
Direito Ambiental
Exercício
3. (Cespe – Procurador Federal – 2006) Julgue os itens que se seguem.
O princípio do poluidor-pagador impõe ao poluidor a obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados por sua atividade e, ao
consumidor, a obrigação de contribuir pela utilização dos recursos
ambientais.
O princípio da precaução determina que não se pode produzir inter-
venções no meio ambiente antes que as incertezas científicas sejam
equacionadas de modo que a intervenção não seja adversa ao meio
ambiente.
Direito Ambiental
Capítulo 2
Direito Ambiental
Constitucional
1.2 Síntese
O art. 225 da Constituição Federal traz em seu caput, a consagração ex-
pressa do direito ambiental brasileiro. Vejamos: “Todos têm direito ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
14
Tal proteção ambiental encontra garantia no art. 5º, inciso LXXIII, que traz
um remédio constitucional para fazer valer a defesa ambiental. Tal dispositivo
garante ao cidadão a legitimidade de ingressar com ação popular. Vejamos o refe-
rido dispositivo: “LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.”
A Constituição Federal, no art. 170, inciso VI, colocou a defesa do meio
ambiente em igualdade com a propriedade privada, livre concorrência, função
social da propriedade, eliminando qualquer hierarquia entre os princípios.
Tratamento diferenciado
O final do referido inciso VI, permite a administração pública, que, em
caso de licitação, havendo duas empresas concorrentes, uma tenha uma linha
de produção ecologicamente correta, enquanto a outra, uma linha de produ-
ção normal, pode se optar pela primeira, mesmo que não haja previsão em
edital, uma vez que tal possibilidade está expressa na constituição.
Para finalizar o estudo, vejamos tal dispositivo constitucional: “A ordem
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios: (...) VI – defesa do meio ambiente,
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.”
Exercício
4. (TRF – 1999) A legitimidade para a propositura de ação popular que
vise, por exemplo, anular ato lesivo ao meio ambiente é:
a) de brasileiros e estrangeiros residentes no país.
b) reconhecida também a entidades de defesa do meio ambiente.
c) exclusiva de cidadãos brasileiros que sejam eleitores.
d) conferida exclusivamente a brasileiros, sem maiores condições de
exigências.
2. Divisão de Bens
Direito Ambiental
2.1 Apresentação
Exercício
5 (TRF – 4ª Região – 2004) Não são bens da União:
a) os recursos naturais da zona econômica exclusiva.
b) os potenciais de energia hidráulica.
c) as praças e os logradouros públicos.
d) os recursos minerais do subsolo.
3. Repartição de Competências
3.1 Apresentação
3.2 Síntese
A competência de exclusividade da União está presente no art. 21 da Cons-
Direito Ambiental
Exercício
6. (XX Concurso para Ministério Público Federal) Assinale a alternativa
correta:
a) o combate à poluição, em qualquer de suas formas, é de competên-
cia exclusiva da União.
b) Situa-se no âmbito da legislação concorrente a competência para
legislar sobre proteção do meio ambiente.
c) Tendo em vista o princípio da descentralização administrativa, é
da competência exclusiva dos Estados-membros a preservação das
florestas.
d) Nenhuma das alternativas está correta.
4.2 Síntese
A função social da propriedade rural teve uma alteração radical com o ad-
vento da Constituição Federal de 1988. Antes disso, o instituto que trabalhava
com a proteção da função social da propriedade rural era o Estatuto da Terra,
que estabelecia os seguintes requisitos a serem preenchidos, para que se cum-
prisse com a função social da propriedade:
I – respeitar o bem-estar dos proprietários e os trabalhadores;
Direito Ambiental
5. Patrimônio Cultural
5.1 Apresentação
5.2 Síntese
Embora o tema tombamento seja tratado pelo direito administrativo, tam-
bém possui um viés ambientalista de grande relevância.
Na Constituição, patrimônio cultural possui viés ambientalista muito im-
portante. Os artigos mais importantes da Constituição, que versam sobre o patri-
mônio histórico cultural são o 215 e 216. Vejamos os mencionados dispositivos:
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais
e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas
e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional.”
O art. 216 da Constituição Federal define quais são os bens que formam o
patrimônio cultural brasileiro. Vejamos:
“Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
Direito Ambiental
6.2 Síntese
O art. 225 é o dispositivo mais importante da Constituição Federal no que
se refere à tutela do meio ambiente. Ao estabelecer em seu caput que “todos
têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado...”, não faz distin-
Direito Ambiental
Exercício
9. (Procurador do Estado) O princípio do meio ambiente ecologicamen-
te equilibrado é tratado na CR/1988 como:
a) norma programática cuja efetividade fica condicionada ao progres-
so econômico e à distribuição da renda.
b) um direito fundamental da pessoa humana direcionada ao desfrute
de condições de vida adequadas no ambiente saudável.
c) um princípio geral de alcance limitado e restrito às áreas de prote-
ção ambiental.
d) um direito difuso, mas não exigível em função de sua generalidade,
inconsistência e definição imprecisa.
7.2 Síntese
Continuamos na análise do art. 225 da Constituição Federal em seu § 2º.
Vejamos:
“§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
Direito Ambiental
Exercício
Direito Ambiental
8.2 Síntese
O direito ambiental revoluciona o direto administrativo, uma vez que o di-
reito ambiental administrativo afasta o estado como centro das preocupações e
traz a figura do cidadão, uma vez que, quando a administração atua no domínio
econômico modificando e alterando a natureza, não tem presunção de nada.
O Estado em uma atividade produtiva, com interferência ambiental, terá
que elaborar o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e se licenciar, bem como
será responsabilizado caso gere algum dano ao meio ambiente.
A Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938/1981,
cria vários institutos. Quando se analisa o contexto histórico em que foi adota-
da, se assemelha à Constituição Federal.
A Constituição Federal não queria simplesmente alterar o ordenamento
jurídico em vigor, ela queria destruir qualquer resquício ditatorial.
Direito Ambiental
ambiental;
V – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora.”
29
Os objetivos do Direito Ambiental Administrativo estão previstos no art. 4º
da Lei nº 6.938/1981. Vejamos o mencionado dispositivo:
“Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preser-
vação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à quali-
dade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas
para o uso racional de recursos ambientais;
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manu-
tenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.”
O art. 9º da Lei nº 6.938/1981 estabelece os instrumentos da Política Nacio-
nal do Meio Ambiente. Vejamos:
“Art. 9º São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II – o zoneamento ambiental;
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
Direito Ambiental
Exercício
11. A redação da lei que instituiu a PNMA (Política Nacional do Meio
Ambiente) no Brasil, foi apenas uma compilação da carta de Estocol-
mo de 1972, não havendo, até então, outros fatores que instruíssem
sua edição, haja vista não se gozar no referido momento histórico de
garantias constitucionais que tornassem possível o exercício pleno de di-
reitos políticos, o que comprometeu, sobremaneira, qualquer reflexão
doutrinária, a respeito da temática ambiental.
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação
da biosfera e a recuperação da degradação ambiental visando assegurar
no país condições ao desenvolvimento econômico, aos interesses da lei
de Segurança Nacional, e proteção da dignidade humana.
Direito Ambiental
Capítulo 3
Direito Administrativo
Ambiental
1. Sisnama
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
O Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente) pode ser considerado
um organograma dos órgãos de gestão ambiental no país. Uma vez que todos
os entes da Federação possuem competência material de fiscalizar as atividades
que interfiram no meio ambiente e, para fiscalizá-las, existe a necessidade de
um organograma constituído.
A lei que institui o Sisnama é a Lei nº 6.938/1981. Vejamos um dos seus
principais artigos:
“Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Po-
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der Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental,
constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), assim estru-
turado:
I – órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.” O conselho
de governo, na prática, nunca se reuniu. Na época em que a lei foi feita, não
existia ministério do meio ambiente. Como hoje há um ministério, não faz
mais sentido a existência de conselho, pois é só o presidente convocar o minis-
tro do meio ambiente.
“II – órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Am-
biente (Conama), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho
de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas
e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida; licenciamento e estudo de impacto am-
biental órgão democrático,
III – órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da Re-
pública1, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar,
como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas
para o meio ambiente.” O órgão central hoje é o Ministério do Meio Ambiente.
A secretaria não existe desde 1992, pois foi alçada a status ministerial. Hoje é o
Ministério do Meio Ambiente com as mesmas funções descritas. Órgão de ca-
ráter político que centraliza todas as ações governamentais de meio ambiente,
para depois dividir aos órgãos competentes a parte de execução.
“IV – órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
sos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como
órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio am-
biente.” O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) é o órgão, em âmbito
federal, que detém o poder específico do poder de polícia ambiental. É uma
autarquia que tem como características o exercício de concessão de licença
para as atividades potencialmente poluidoras, licença esta voltada para o prin-
cípio da prevenção, uma vez que o empreendimento antes de ter iniciado suas
atividades, já deve ter obtido a licença. Possui como característica também a
prática de fiscalização ambiental, que uma vez constatada a irregularidade, há
a possibilidade de aplicação de várias penalidades.
Direito Ambiental
Exercício
12. (Analista Ambiental – Ibama – 2008) Julgue o item subsequente acer-
ca da política nacional do meio ambiente (PNMA).
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) é constituído por
órgãos e entidades da União, estados, Distrito Federal, municípios e
territórios, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade am-
biental, e sua composição conta com um órgão superior, que é o con-
selho de governo; um órgão consultivo e deliberativo, que é o Conse-
lho Nacional do Meio Ambiente (Conama); bem como com um órgão
central, um órgão executor, órgãos seccionais e locais.
2.1 Apresentação
Exercício
13. (Analista de Gestão Corporativa – Hemobras – 2008) A respeito do
Direito Ambiental
3. Licenciamento Ambiental
3.1 Apresentação
3.2 Síntese
O licenciamento ambiental não possui previsão expressa na Constituição
Federal, porém, o art. 170, em seu parágrafo único, encontramos a seguinte
redação:
“É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previs-
tos em lei.”
Desta forma, podemos concluir que o licenciamento se encaixa na exceção
do referido artigo, ou seja, configura um dos casos previstos em lei.
A licença ambiental é um ato vinculado, não há outra alternativa a não ser
conceder, se preenchidos os requisitos; já uma autorização, trata-se de um ato
discricionário.
A licença ambiental, embora tenha esse nome, é de natureza jurídica de
uma autorização, de acordo com a jurisprudência.
O conceito de licenciamento ambiental está estabelecido na Resolução
Conama nº 237/1997. Vejamos:
Direito Ambiental
Exercício
14. (Petrobras – 2008) A respeito do licenciamento ambiental e da respon-
sabilidade ambiental administrativa e penal, considere as afirmativas
abaixo.
I. O licenciamento ambiental, como importante instrumento da Po-
lítica Nacional do Meio Ambiente, tem natureza essencialmente
preventiva e constitui uma das formas de expressão do poder de
polícia ambiental.
II. Os estudos ambientais necessários ao procedimento de licencia-
mento ambiental são realizados pelos técnicos do órgão ambiental
competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), a expensas do empreendedor.
4.2 Síntese
Direito Ambiental
Exercício
15. Julgue o item a seguir:
A competência para o licenciamento ambiental do Ibama é de caráter
supletivo, competindo a esta entidade federal licenciar apenas as ativi-
dades e obras de que decorram de significativo impacto ambiental de
âmbito nacional ou regional.
Direito Ambiental
Capítulo 4
Biossegurança
1. Definição
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
A Lei nº 11.105, de 24 de março de 20051 sobre Biossegurança, define
organismo geneticamente modificado (OGM), como organismo cujo material
genético, ou seja, suas moléculas de ADN/ARN, tenham sido modificadas por
qualquer técnica de engenharia genética.
Exercício
16. (XI Concurso Juiz Federal – 1ª Região) A manipulação genética de
células humanas:
a) constitui crime;
b) exige prévia aprovação da CTN-Bio;
c) é contravenção punível pela legislação ambiental;
d) depende de autorização prévia e expressa do Conama.
2.2 Síntese
É a CTNBio que delibera se precisa ou não de licenciamento ambiental re-
lativo às atividades que envolvam pesquisa e manipulação de material genético.
49
Dado controverso é que a lei afasta a competência dos órgãos clássicos de ges-
tão ambiental no que se refere à prática de licenciamento.
O EIA somente vai ocorrer nos casos em que a CTNBio assim deliberar,
caso ela considere que aquele OGM é potencialmente degradante ao meio
ambiente, onde há uma deturpação dos órgãos integrantes do Sisnama, uma
vez que eles é que determinam quando o EIA deve ser elaborado.
É importante lembrar que órgãos estruturantes de qualquer prática referen-
te à modificação e pesquisa em substâncias genéticas consistem primeiramente
com o CNBS (órgão máximo formado por ministros de estado), CTNBio (ór-
gão técnico formado por doutores) e CIBio, em que todo empreendimento é
obrigado a formar.
A Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) é obrigatória para toda ins-
tituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética, ou realizar
pesquisas com OGM.
Ela visa efetivar o princípio da preservação, estabelecendo todos os progra-
mas preventivos e de controle referentes aos padrões de biossegurança estabe-
lecidos no Brasil, além de ser responsável por investigar acidentes.
Vejamos suas competências:
“Art. 18. Compete à CIBio, no âmbito da instituição onde constituída:
I – manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade,
quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacio-
nadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso
de acidentes;
II – estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcio-
namento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas
de biossegurança, definidos pela CTNBio na regulamentação desta Lei;
III – encaminhar à CTNBio os documentos cuja relação será estabelecida
na regulamentação desta Lei, para efeito de análise, registro ou autorização do
órgão competente, quando couber;
IV – manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou
projeto em desenvolvimento que envolvam OGM ou seus derivados;
V – notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização,
referidos no art. 16 desta lei, e às entidades de trabalhadores o resultado de ava-
liações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer
acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico;
VI – investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente
relacionados a OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providên-
Direito Ambiental
cias à CTNBio.”
As condutas consideradas crimes são:
“a) Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o
art. 5º desta lei.”
50
Este artigo discorre sobre as condições para a realização da pesquisa em
células-tronco embrionárias.
“Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto
humano ou embrião humano.” Engenharia genética é a modificação direta na
cadeia de DNA.
“Art. 26. Realizar clonagem humana.
Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com
as normas estabelecidas pela CTNBio, e pelos órgãos e entidades de registro
e fiscalização.” Quando eu descarto uma substância transgênica no ambiente,
pode gerar dano ambiental catastrófico.”
Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias
genéticas de restrição do uso.
Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou ex-
portar OGM, ou seus derivados, sem autorização ou em desacordo com as
normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e
fiscalização.”
Ao analisar os crimes, verifica-se a precaução preponderante na biossegu-
rança, e na prática de fiscalização das atividades que fazem manipulação ge-
nética no país.
As atividades com materiais transgênicos são vedadas a pessoas físicas, ainda
que mantenham vínculo empregatício (ou qualquer outro) com pessoas jurídi-
cas, pois o sistema de responsabilização ambiental, no tocante a transgênicos, é
pleno, ou seja, há responsabilidade penal, administrativa e civil.
Ademais, toda responsabilidade envolvida é objetiva e solidária.
Pessoas físicas não podem pesquisar material genético, pois, tendo em vista
a possibilidade de dano ambiental catastrófico, não dispõem de condições para
arcar com os custos de reparação da natureza.
Normas internacionais que regem a biossegurança são a Convenção sobre
diversidade biológica (1992), regulamentada pelo Protocolo de Cartagema,
que determina os casos de responsabilização internacional por dano ambiental
decorrente de substâncias transgênicas.
O Protocolo de Cartagema estabelece três possibilidades de uso transfron-
teiriço desse material. Vejamos:
a) uso em contenção (feito em laboratórios, sem contato com o meio am-
Direito Ambiental
biente);
b) consumo direto de substâncias provenientes de transgênicos (regras de
rotulagem);
c) inserção direta na natureza da substância geneticamente modificada.
51
Exercício
17. (XII Concurso Juiz Federal Substituto – 1ª Região – 2006) De acordo
com a Lei nº 11.105/2005 (normas de segurança e fiscalização de ativi-
dades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM):
a) todos os OGM que anteriormente obtiveram decisão da Comis-
são Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) favorável a sua
liberação comercial passariam por nova avaliação do Conselho
Nacional de Biossegurança – CNBS;
b) todos os OGM que anteriormente obtiveram decisão técnica da
CTNBio favorável à sua liberação comercial passariam por reava-
liação da própria CTNBio, em sua nova composição;
c) não há hipótese de reapreciação, por CNBS, de ato de liberação
comercial de OGM praticado pela CTNBio, pois a decisão da CTN-
Bio é definitiva e vinculante para todos os órgãos da Administração,
ressalvado o controle judicial;
d) ficou isenta de reapreciação administrativa decisão da CTNBio fa-
vorável à liberação comercial de OGM, salvo manifestação con-
trária do CNBS, no prazo de sessenta dias.
Direito Ambiental
Capítulo 5
1.2 Síntese
Gestão de florestas públicas é um tema novo trazido pela Lei nº 11.284, de
02 de março de 2006 que altera a Lei nº 6.938/1981, criando três novos instru-
mentos de política nacional do meio ambiente.
Os princípios sobre gestão de florestas públicas são os seguintes:
I – a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e va-
lores culturais associados, bem como do patrimônio público; se essas florestas
53
possuem comunidades locais tradicionais utilizando-se e vivendo da prática ex-
trativista daqueles recursos, deve-se proteger o ecossistema e os valores culturais
dessas comunidades;
II – o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racio-
nal das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvol-
vimento sustentável local, regional e de todo o País;
III – o respeito ao direito da população, em especial das comunidades lo-
cais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e
conservação;
IV – a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da
agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversifica-
ção industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de
empreendedores locais e da mão de obra regional;
V – o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão
de florestas públicas;
VI – a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacio-
nada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;
VII – o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da
população sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo
sustentável dos recursos florestais;
VIII – a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimen-
tos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas.
É importante mencionar algumas definições, com o intuito de facilitar o
estudo. Vejamos:
I – florestas públicas: florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos di-
versos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos
Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da administração indireta;
II – produtos florestais: produtos madeireiros e não madeireiros gerados
pelo manejo florestal sustentável;
III – serviços florestais: turismo e outras ações ou benefícios decorrentes do
manejo e conservação da floresta, não caracterizados como produtos florestais;
IV – manejo florestal sustentável: práticas de administração da floresta para
a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os
mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-
-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madei-
reiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utili-
Direito Ambiental
Exercício
18. (Analista Ambiental do MMA – 2008) Com a aprovação da Lei nº
11.284/2006, populações tradicionais organizadas por gerações sucessi-
vas, com estilos de vida relevantes à conservação e à utilização susten-
tável da diversidade biológica, utilizando-se de florestas localizadas em
terras sob o domínio da União, preocuparam-se com o destino dessas
florestas e com os impactos dessa nova destinação sobre sua vida social.
Diante desse contexto, e considerando que comunidades residentes
na floresta amazônica, em terras que se encontram sob o domínio da
União, tenham apresentado como reivindicação a criação de uma re-
serva extrativista, julgue o item a seguir, de acordo com dispositivos
Direito Ambiental
2.2 Síntese
Para que haja a habilitação para concessão florestal, as pessoas jurídicas
devem comprovar ausência de débitos inscritos na dívida ativa relativos à infra-
ção ambiental nos órgãos competentes integrantes do Sisnama, bem como de
decisões condenatórias, com trânsito em julgado, em ações penais relativas a
crime contra o meio ambiente ou à ordem tributária ou a crime previdenciá-
rio, e somente poderão ser habilitadas nas licitações para concessão florestal
empresas ou outras pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sede e administração no País.
Vejamos os critérios de seleção que devem estar presentes no edital de li-
citação:
“Art. 26. No julgamento da licitação, a melhor proposta será considerada
em razão da combinação dos seguintes critérios:
I – o maior preço ofertado como pagamento ao poder concedente pela
outorga da concessão florestal;
II – a melhor técnica, considerando:
a) o menor impacto ambiental;
b) os maiores benefícios sociais diretos;
c) a maior eficiência;
d) a maior agregação de valor ao produto ou serviço florestal na região da
concessão.”
No contrato de concessão, o concessionário tem como dever elaborar e
executar todos os planos de manejo florestal sustentável, recuperar área que
degradou, independentemente de dolo ou culpa, encontrar o uso múltiplo da
floresta, respeitando as áreas de proteção permanente, executar medidas de
prevenção e controle, na tentativa de comercializar os produtos florestais do
manejo, e elaborar um relatório anual sobre os recursos encontrados.
Os prazos nos contratos de concessão são de no mínimo de um ciclo e no
Direito Ambiental
Exercício
19. (Analista ambiental – 2008) Assinale verdadeiro ou falso:
Caso a concessão florestal ainda não tenha sido concedida, ainda que
esteja em processo de tramitação, é vedada a exploração econômica da
floresta na área descrita, pois essa atividade é lesiva ao meio ambiente.
3.2 Síntese
O poder concedente, seja ele estadual federal ou municipal, tem os seguin-
tes deveres:
“Art. 49. Cabe ao poder concedente, no âmbito de sua competência, for-
mular as estratégias, políticas, planos e programas para a gestão de florestas
públicas e, especialmente:
I – definir o PAOF;
Direito Ambiental
reta de florestas públicas devem ser constituídas sob leis brasileiras, bem como
ter sede e administração no país.
A Lei nº 11.284 criou um Fundo Nacional de Desenvolvimento Ambien-
tal, de natureza contábil, com a função de aporte financeiro para atividades
61
de gestão florestal, gerido pelo SFB. O dinheiro é direcionado para educação
ambiental, recuperação de áreas degradadas e manutenção de áreas existentes,
pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Exercício
20. Entre os objetivos da política nacional do meio ambiente, incluem-se a
compatibilização do desenvolvimento econômico e social, com a preser-
vação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, como
também o estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambien-
tal e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais.
Direito Ambiental
Capítulo 6
Tutela Penal –
Lei nº 9.605/1998
1.2 Síntese
Com a Lei nº 9.605/1998, Lei de Crimes Ambientais, nota-se a presença de
forte movimento doutrinário e jurisprudencial referente à aplicação da respon-
sabilidade penal às condutas consideradas lesivas ao meio ambiente.
Já houve várias formas de se criminalizar condutas antiecológicas. Entre
elas, podemos mencionar o Código Penal de 1940, que tipificou alguns crimes,
sendo que muitos deles não correspondem à realidade atual e os princípios
exigidos pelo direito ambiental, o que se torna uma dificuldade. Nesta época,
ainda não havia preocupação relacionada ao direito difuso. A vantagem é apro-
veitar a legislação de 1940, amplamente conhecida.
63
Havia também vasta legislação específica esparsa ambiental, com códigos
separados. Cada uma trazia um tipificação criminal. O problema de legislações
esparsas é a dificuldade que o operador do direito tem para se fazer aplicar tais
normas, de maneira eficaz. Ainda permanece assim a lei de biossegurança.
A vantagem de se estabelecer condutas criminalizadas nessas legislações
específicas é estabelecer o grau de especificidade e de conhecimento técnico
do tipo criminal.
Outra tentativa é o único diploma normativo, que soluciona a vantagem do
Código Penal. Se eu tenho uma lei recente posso aproveitar todos os princípios
do direito penal que me são úteis, e inserir novos princípios voltados para a
proteção ambiental, o que soluciona o problema da legislação esparsa. A Lei nº
9.605/1998 revoga todas as disposições anteriores em contrário, mas não elenca
os dispositivos revogados, havendo a necessidade de o aplicador do direito ana-
lisar toda a legislação anterior para verificar se houve revogações.
A Lei nº 9.605/1998 demonstra uma tendência a se criminalizar condutas
antiecológicas.
Do ponto de vista filosófico, o direito penal trabalha com a hipótese da ulti-
ma ratio, ou seja, trabalha com bens considerados bens jurídicos fundamentais,
e não é qualquer tipo de conduta que irá merecer o status jurídico de crime.
Há contravenções penais, infrações administrativas, etc. Portanto, se eu passo
a dizer que, a partir de 1998, várias condutas são consideradas crimes, significa
dizer que a sociedade passa a repudiar aquela conduta específica. Porque o cri-
me é a conduta que recebe o mais alto grau de reprovação da sociedade. Agora,
o ciclo de proteção ambiental se fecha com a tutela criminal.
No direito ambiental, o desafio é contemplar os riscos e não os danos, uma
vez que este trabalha coma ideia de prevenção. Ocorrido o dano é difícil re-
pará-lo, neste sentido, todo o ordenamento criminal terá que respeitar a tutela
preventiva, o que se mostra difícil ao direito penal, já que este trabalha com o
dano, a conduta materializada.
Uma das formas que o direito penal encontrou para se adequar a isso, é
adotar o tipo aberto, ou seja, a norma penal em branco.
Quase sempre o tipo criminal faz remissão a uma autorização, registro ou
uma licença de direito administrativo.
Além disso, o direito penal possui elementos que fazem que com que possa-
mos trabalhar claramente a ideia de risco, o crime de dano.
O uso do crime de perigo no direito penal ambiental é essencial, pois so-
mente o crime de perigo consegue contemplar toda a característica preventiva
do direito ambiental.
Direito Ambiental
Exercício
21. Em crimes ambientais, havendo responsabilização penal pessoal do
representante legal da pessoa jurídica, desta, também, é obrigatória a
responsabilização.
64
2. Crimes de Perigo Concreto x Abstrato
2.1 Apresentação
2.2 Síntese
O direito ambiental trabalha com prevenção e, por isso, é necessário en-
contrar elementos no próprio ordenamento jurídico criminal para tentar ade-
quar a responsabilização à figura do dano ambiental.
Existe o crime de dano e o crime de perigo efetivo. O crime de perigo pos-
sui a tutela preventiva, e pode ser de duas formas.
O crime de perigo concreto ocorre quando a comprovação real do perigo
é elemento caracterizador do tipo e da consumação da conduta criminosa.
Vejamos:
“Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar
dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.’’
Se solto na natureza animal castrado, mesmo que não tenha predador, não
expondo o ecossistema ao perigo, não configurando crime ambiental.
O crime de perigo abstrato, para que ocorra, basta a conduta do agente para
se consumar. Vejamos:
“Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais
formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias
ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou sub-
produtos florestais, sem licença da autoridade competente:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.”
Basta sua comprovação para que exponha a sociedade ao perigo. Se apenas
entro nas unidades com armas, sem intenção de matar, já é crime.
O crime no direito ambiental não é conduta típica jurídica e culpável, uma
vez que o elemento da culpabilidade é flexibilizado.
O direito ambiental trabalha em demasiado com crimes de perigo abstrato
porque, quando eu consigo contemplar a conduta do agente e não o dano em
Direito Ambiental
Exercício
22. Em relação a crimes ambientais, julgue os itens a seguir:
A responsabilidade penal da pessoa jurídica vem sendo adotada em
muitos países nos crimes contra a ordem econômica e o meio ambien-
te. A CR/1988 estabeleceu que as condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, às sanções
penais e administrativas independentemente da obrigação de reparar
os danos causados.
A lei de crimes ambientais sustenta que a responsabilidade penal da
pessoa jurídica não exclui a das pessoas naturais. Disso decorre que a
denúncia poderá ser dirigida apenas contra a pessoa jurídica caso não
se descubra a autoria ou participação das pessoas naturais e poderá
também ser direcionada contra todos.
3. Aplicação da Pena
3.1 Apresentação
3.2 Síntese
Para aplicar a pena, deve-se observar a gravidade do fato, os antecedentes do
criminoso e sua situação econômica.
Direito Ambiental
Exercício
23. (Analista Ambiental – Ibama – 2008) Julgue:
Quando o dano ambiental cometido configurar crime e ilícito civil,
devem ser realizadas duas perícias independentes: uma que produzirá
prova dentro da ação penal instaurada contra o criminoso e outra que
Direito Ambiental
será utilizada na ação cível, pois a perícia produzida no juízo cível não
pode ser utilizada no processo penal.
69
4. Infrações Administrativas – Lei nº
9.605/1998 e Decreto nº 6.514/2008
4.1 Apresentação
4.2 Síntese
As infrações administrativas estão previstas em dois diplomas legais, a Lei nº
9.605/1998 (crimes ambientais) e o Decreto nº 6.514/2008.
O uso da Lei nº 9.605/1998 (crimes ambientais) para regular infrações ad-
ministrativas gera muita crítica, pois na responsabilidade criminal, a competên-
cia é privativa, enquanto a responsabilidade administrativa é de competência
comum dos três entes. Além disso, a primeira é subjetiva, ou seja, baseada no
dolo e na culpa, enquanto a outro é objetiva.
O Decreto nº 6.514/2008 traz as tipificações administrativas da esfera
federal.
As práticas de fiscalização e de gestão ambiental podem ser exercidas pelos
três entes da Federação.
Enquanto o decreto tipifica as condutas administrativas, a lei dispõe sobre
o assunto de modo sutil.
Os dois diplomas trazem o conceito de infração administrativa, que consiste
em toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
As Autoridades Competentes na Esfera Federal para Fiscalizar e Aplicar
Penalidades são os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), designados para as atividades de fis-
calização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da
Marinha, sendo que qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá
dirigir representação às autoridades relacionadas acima, para efeito do exercício
do seu poder de polícia.
O Ibama, órgão máximo de fiscalização federal, foi desmembrado e per-
manece com todas as suas competências, salvo a fiscalização de unidades de
Direito Ambiental
Exercício
24. (Cespe – Juiz Federal Substituto – TRF 5ª Região – 2005) Julgue o
item subsequente acerca das infrações administrativas ambientais:
Os autos de infração ambiental serão lavrados por servidores de órgãos
integrantes do Sisnama que tenham sido designados para as atividades
de fiscalização, aos quais também cabe a instauração de processo ad-
ministrativo por infração ambiental. Além disso, podem ainda realizar
as mesmas medidas usadas pelos agentes das capitanias dos portos do
Ministério da Marinha.
5.1 Apresentação
Exercício
25. Qualquer pessoa do povo pode expor queixa à autoridade competente
responsável pela fiscalização ambiental quando constatar a ocorrência
de infração ambiental. A autoridade, a partir do conhecimento dos fa-
tos, é obrigada a promover a apuração imediata da infração, sob pena
de responsabilidade.
6.2 Síntese
No caso de apreensão de produtos, pode ocorrer a destruição ou inutili-
zação. Os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e instrumentos utiliza-
dos na prática da infração poderão ser destruídos ou inutilizados quando a
medida for necessária para evitar o seu uso e aproveitamento indevidos nas
situações em que o transporte e a guarda forem inviáveis em face das circuns-
tâncias; ou quando possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou
comprometer a segurança da população e dos agentes públicos envolvidos
na fiscalização.
Direito Ambiental
Exercício
26. O processo administrativo para apuração de infração ambiental se sub-
mete a prazos fixados em lei. Julgue os itens a seguir, que tratam dos
prazos de que o órgão ambiental dispõe para as diferentes fases do pro-
cesso administrativo.
O baixo grau de escolaridade e instrução do infrator não influenciarão
Direito Ambiental
Responsabilidade Civil
1.2 Síntese
A responsabilidade civil por condutas degradantes ao meio ambiente esca-
pa à responsabilidade do Código Civil.
A responsabilidade civil tem como elemento fundador o dano ambiental
que, por sua vez, é imprescindível para a caracterização da responsabilidade civil.
Dano ambiental não é expressamente definido, o que dificulta a sua carac-
terização.
Conceitos importantes da Lei nº 6.938/1981:
“Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preser-
76
vação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da
qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o po-
luidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.”
O dispositivo mencionado fundamenta a responsabilidade civil objetiva,
pouco importando se a atividade é lícita ou ilícita, o que torna ainda mais
difícil a caracterização do dano. A conduta ensejadora do dano é qualquer ati-
vidade humana que possa gerar dano ambiental.
O direito brasileiro não conceitua a figura do dano, só a da poluição. Tanto
o dano efetivo ou potencial, mera ameaça, gera a responsabilidade, só que em
se tratando de ameaça de dano, apesar da responsabilização, não há o dever de
reparação.
O posicionamento do STJ parte do pressuposto de que o dano moral decor-
re de dor individual, não sendo possível auferir uma dor coletiva.
Todavia, o Ministério Público adota o posicionamento de que caso haja
um dano a um bem que seja patrimônio histórico cultural, posso instituir a
responsabilidade por dano moral.
Em relação à existência de dano patrimonial e extrapatrimonial, encontra-
mos respaldo no art. 1º da Lei nº 7.347/1985. Vejamos:
“Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as
ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
I – ao meio ambiente.” Contudo, permanece a dúvida sobre a definição de
dano ambiental.”
Em relação ao conceito de dano ambiental, a doutrina brasileira trabalha
com o instituto do limite de tolerabilidade.
Limite de tolerabilidade é a linha divisória que, caso seja ultrapassada, gera
o dano e a obrigação de reparar. Trata-se de um critério físico, natural, e não
jurídico.
É possível haver tripla, única ou nenhuma esfera de responsabilização, ape-
sar da constituição estabelecer a tripla responsabilidade.
Em determinadas situações, não há a inversão do ônus da prova porque o
empreendimento está devidamente licenciado.
Por fim, vejamos algumas definições em direito ambiental, que serão abor-
Direito Ambiental
dadas futuramente:
“Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das caracterís-
ticas do meio ambiente;
77
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de ativida-
des que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental.”
Exercício
27. (Juiz Federal Substituto – TRF/4ª Região – 2005) Julgue a assertiva:
III. Embora reconhecida pela doutrina e pela jurisprudência, não há
na lei infraconstitucional previsão expressa para reparação do dano ex-
trapatrimonial ambiental.
2.2 Síntese
Antes de leis infraconstitucionais tutelarem o meio ambiente, a responsabi-
lidade civil em relação a danos ambientais era subjetiva. Havia a necessidade
de um dano efetivo ou potencial, de uma conduta ilícita fundamentada no
dolo ou culpa baseada na teoria subjetiva e do respectivo nexo de causalidade
entre a conduta do agente e o dano causado.
Direito Ambiental
Exercício
28. (Juiz Federal Substituto da 1ª Região – 2006): Em relação à responsa-
bilidade civil por dano ambiental, a causa indireta:
a) Em relação à responsabilidade civil por dano ambiental, a causa
indireta como determinante de responsabilidade é prevista expres-
samente em lei, ou seja, não resulta somente dos princípios perti-
nentes à matéria.
b) Libera o empreendedor a prova de que a atividade licenciada pelo
órgão competente, de acordo com o respectivo processo legal, foi
exercida dentro dos padrões fixados.
c) Pode-se dizer que é predominantemente objetiva, o que não exclui
nem atenua a exigência de demonstração do nexo de causalidade.
3. Teoria do Risco
Direito Ambiental
3.1 Apresentação
Exercício
29. (Procurador da República) Quanto à responsabilidade por dano causado
ao meio ambiente:
a) É fundada no risco, sendo pacífico o entendimento de que deve ser
adotada a teoria do risco integral.
b) O sistema de proteção jurídica possui como eixo central o binômio
prevenção-restauração.
c) Não se admite a responsabilização cumulativa por danos materiais
e morais porque o meio ambiente pertence à coletividade.
d) Quando for possível a adoção de medidas de restauração natural
exclui-se a reparação pecuniária.
Direito Ambiental
Capítulo 8
SNUC
1.2 Síntese
A Lei nº 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conser-
vação (SNUC), com base no art. 225, § 1º, III da Constituição: incumbe ao
Poder Público, que traz a seguinte redação:
“definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus com-
ponentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.”
83
Vejamos o conceito de unidade de conservação, entre outros:
I. Unidades de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevan-
tes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conser-
vação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual
se aplicam garantias adequadas de proteção;
II. Plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com funda-
mento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabe-
lece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e
o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas
físicas necessárias à gestão da unidade;
II. Zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições espe-
cíficas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
unidade;
III. Corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminatu-
rais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o flu-
xo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies
e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de
populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão
maior do que aquela das unidades individuais;
IV. Proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos
seus atributos naturais;
V. Uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a pere-
nidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma
socialmente justa e economicamente viável.
O art. 4º da Lei nº 9.985/2000 traça diretrizes e objetivos das unidades de
conservação. Vejamos:
“I – contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II – proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e na-
cional;
III – contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecos-
sistemas naturais; pode ter unidade com objetivo de restaurar uma are lesada;
IV – promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
Direito Ambiental
Exercício
Direito Ambiental
30. A redução dos limites de unidade de conservação pode ser feita por
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico daquele que criou
a unidade.
85
2. SNUC – Unidades de Proteção Integral e
Unidades de Uso Sustentável
2.1 Apresentação
2.2 Síntese
A estrutura da gestão dos espaços territoriais protegidos é semelhante à do
Sisnama. Vejamos:
I. órgão consultivo e deliberativo: Conama;
II. órgão executor: Instituto Chico Mendes (autarquia). O Ibama é órgão
executor, apenas em caráter supletivo;
III. os órgãos dos estados e municípios fazem o controle direto e a gestão
direta das unidades.
Perguntas constantes em concursos versam sobre qual unidade pertence a
que bloco, ou se é formada por terras públicas ou particulares.
Entre as categorias, temos as unidades de proteção integral e unidades de
uso sustentável.
A diferença entre elas consiste em que a unidade de proteção integral tem
caráter preservacionista (maior rigor), e a unidade de uso sustentável, conserva-
cionista (maior flexibilidade).
Preservação nada mais é do que atividades que não envolvam o uso direto
do meio ambiente, não permitindo, assim, a sua degradação.
Já a conservação admite o uso direto da propriedade e tem o objetivo de
promover a ideia de desenvolvimento sustentável. Uso direto é o que permite
usar e coletar o recurso, gerando pequeno impacto.
Vejamos agora como se divide as Unidades de Proteção Integral:
I. Estação Ecológica, que tem por objetivo a preservação da natureza e
realização de pesquisas científicas. É de posse e domínio públicos, sen-
do que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapro-
priadas. Em campos de universidades, é comum, podendo até haver a
Direito Ambiental
Exercício
31. (Procurador Federal – 2006) Acerca das unidades de conservação, jul-
gue os itens a seguir.
Há uma subdivisão das unidades de conservação em unidades de
proteção integral e unidades de uso sustentável. Os parques nacionais
compõem este último grupo.
As unidades de conservação são espaços territoriais de propriedade
pública, destinados ao estudo e à preservação de ecossistemas.
4.2 Síntese
Reserva Extrativista consiste em uma área utilizada por populações tradi-
cionais extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de
pequeno porte. Visa proteger os meios de vida e a cultura dessas populações.
É de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradi-
cionais. Entende-se por extrativismo o consumo interno, local.
O objetivo é proteger até a própria comunidade, tendo em vista somente a
sua sobrevivência.
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável protege o uso e o manejo eco-
logicamente correto, podendo ter uso comercial dos produtos.
Consiste em uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja
existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos natu-
rais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas
locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e
na manutenção da diversidade biológica.
Tem como objetivo preservar as próprias tradições referentes ao uso e ma-
Direito Ambiental
Exercício
33. (Procurador do Município de Salvador) A constituição de uma área de
proteção ambiental – APA – em espaço urbano implica:
a) imediata desapropriação de todas as áreas privadas compreendidas
Direito Ambiental
1.2 Síntese
Ao falarmos em Direito Ambiental, temos algumas características impor-
tantes e fundamentais para o Novo Código.
Primeiro aspecto: analisar o Direito Ambiental significa analisar os direitos
fundamentais.
92
Direitos fundamentais:
1ª Geração: Trata-se da relação com o indivíduo, ou seja, aquele homem
que buscava frear o poder do Estado. Por esta razão, falamos daqueles direitos,
chamados ‘’status negativo’’, em que a atuação do Estado era basicamente um
não fazer.
2ª Geração: Trata-se do coletivo. Nesta Geração, a ideia é de um ‘’status
positivo’’, em que buscamos a colaboração do Estado para com a coletividade
(Constituição Federal – direitos sociais).
3ª Geração: Trata-se do todo, da metaindividualidade, ou seja, o indivíduo
possui direitos e garantias fundamentais.
Vale ressaltar quando falamos de metaindividualidade as características dos
direitos difusos:
1ª Característica: Sujeitos indeterminados;
2ª Característica: Vínculo fático;
3ª Característica: Objeto indivisível.
O Direito Ambiental é difuso porque os sujeitos são indeterminados. O
vínculo é fático, pois ninguém precisa assinar um contrato para ter direito à
reparação de um dano. E, o objeto é indivisível, pois atinge a todos.
2.2 Síntese
O primeiro ponto do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) é a tutela,
ou seja, a proteção.
O Código Florestal não protege somente a floresta.
Pergunta importante: O Novo Código Florestal protege somente a floresta?
Resposta: Não. O objeto de incidência é a floresta, no entanto, abrange
Direito Ambiental
3.2 Síntese
Direito Ambiental
4.2 Síntese
A Área de Preservação Permanente, popularmente conhecida como APP,
está disciplinada no art. 3º, II do novo Código Florestal, Lei nº 12.651/2012.
A APP pode ser tanto em zona urbana quanto em zona rural. Conceitualmente,
a APP é de fundamental importância tanto para o homem quanto para a natureza.
O conceito de APP é a área coberta ou não por vegetação nativa, com
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger
o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Não importa se a co-
bertura está ou não presente.
Analisaremos agora as discrepâncias do novo Código Florestal:
Primeira pergunta: é possível explorar a APP? Sim, é possível a exploração
de uma APP, desde que a exploração seja sustentável.
Segunda pergunta: é possível suprimir ou restringir uma área de APP? Sim,
é possível, desde que esteja presente no mínimo o interesse social ou a utilida-
de pública ou um baixo impacto ambiental, de acordo com o art. 7º do novo
Código Florestal.
Terceira pergunta, inclusive questão cobrada na prova do Tribunal de Jus-
tiça do Distrito Federal: é possível de acessar uma área de APP tanto por parte
dos animais quanto por parte dos homens? Sim, é possível, de acordo com o art.
9º do novo Código, o acesso é permitido quando for para buscar água ou para
a realização de atividade de baixo impacto ambiental.
Direito Ambiental
5.2 Síntese
Dúvida muito recorrente ao novo Código Florestal é se este trouxe maiores
ou menores proteções à natureza e ao meio ambiente? O novo Código Florestal
97
continua tutelando o meio ambiente, mas ele relativizou, flexibilizou essa nova
tutela. Em outras palavras, o novo Código é mais permissivo.
A flexibilização pode ser observada pela análise do art. 15 do novo Código,
que dispõe ser possível colocar a Reserva Legal mais a APP e fazer um computo
único. No passado, havia uma proteção maior; apesar de continuar havendo
proteção, ela foi reduzida, foi flexibilizada.
Ainda em uma análise conjunta, é possível explorar Área de Preservação
Permanente e Reserva Legal desde que sempre com a compreensão da susten-
tabilidade.
Para compreensão da expressão Moeda Verde, imagine a seguinte situação:
suponha que alguém, quando da análise de uma Reserva Legal ou de uma
APP, faça um registro de uma área maior do que deveria ser.
O indivíduo tutela toda a propriedade, ou mesmo faz o registro de uma
reserva legal acima do que deveria ter feito, quando isto acontece, observe o
art. 15, § 2º do novo Código.
Art. 15, § 2º “O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal
conservada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural – CAR de que trata o art.
29, cuja área ultrapasse o mínimo exigido por esta Lei, poderá utilizar a área
excedente para fins de constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva
Ambiental e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei.”
Moeda Verde porque imagine que em uma propriedade há uma área de
preservação especial menor do que determina a lei, mas, em uma propriedade
vizinha, há uma área maior do que a determinada em lei. Existe a possibilidade
de o proprietário adquirir do vizinho o percentual da área de preservação que
lhe falta; em função disso, a denominação moeda verde.
A ideia é criar uma forma de premiar aquele que bem tutela o meio am-
biente e fazer com que isso tenha um valor econômico, principalmente para
aquele que não está cumprindo com a sua obrigação.
Área de Uso Restrito é uma novidade no Direito Ambiental, trazida pelo
novo Código Florestal. A Área de Uso Restrito é uma nova modalidade de área
de proteção permanente e compreende o Pantanal e a Planície Pantaneira,
conforme determina o art. 10 da Lei nº 12.651/2012. A novidade é a tutela do
Pantanal e da Planície Pantaneira.
Apicuns e Salgados são áreas ao redor do mangue e sobre eles surge a se-
guinte questão: entre Apicuns e Salgados, qual é o que possui maior índice de
Direito Ambiental
6.2 Síntese
Dando continuidade na unidade de estudo anterior, onde víamos as situa-
ções consolidadas no que se refere à Anistia Ambiental, o art. 3º, IV determina
o que é área rural consolidada e determina a data de 22 de julho de 2008.
Isso quer dizer que toda degradação realizada até 22 de julho de 2008 recebe
um benefício do novo Código Florestal.
O indivíduo até 22 de julho de 2008 está sujeito a um regime; a partir de
22 de julho de 2008, está em outro regime. Esta é a compreensão da Anistia
Ambiental.
Em linhas gerais, quem estiver até 22 de julho de 2008 tem a possibilidade
de se adequar, e uma vez que se adequou, ou assinou um termo de ajuste, não
pode sofrer sanção enquanto vigorar o termo.
Ao final da pactuação, se o proprietário cumprir o que ele deveria ter cum-
prido desde o princípio, a sanção administrativa não poderá ser aplicada. Vide
art. 59 do novo Código.
Assim sendo, todos aqueles que estão com a propriedade destruída, irão se
adequar a este programa e uma vez que estiverem neste programa não poderão
ser autuados por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008 durante a
vigência do termo.
Antes de 22 de julho de 2008, o regime é muito benéfico, um regime es-
pecial de tutela de proteção ambiental. De 22 de julho de 2008 em diante, o
regime de tratamento é severo de acordo com a nova lei.
Até o momento, não há manifestação do Supremo Tribunal Federal sobre
a constitucionalidade ou inconstitucionalidade dos regimes.
Suponha que em algum lugar do país, tenha uma região de mangue dete-
riorada, devendo-se restabelecer o equilíbrio nesta localidade; no entanto, o
novo Código diz que se a área estiver ruim, deve destruir o restante e no local
construir moradias populares.
Outra questão que surge é: poderá ser feita a supressão desses espaços espe-
Direito Ambiental
7.2 Síntese
A Anistia Penal, disciplinada pelo art. 60 do novo Código Florestal, assim
como a Anistia Ambiental, não é absoluta, ou seja, não contemplam todos os
crimes, é preciso ter a compreensão de uma relativização.
Dispõe o referido art. 60: “A assinatura de termo de compromisso para re-
gularização de imóvel ou posse rural perante o órgão ambiental competente,
mencionado no art. 59 suspenderá a punibilidade dos crimes previstos nos arts.
38, 39 e 48 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, enquanto o termo
estiver sendo cumprido.”
O cumprimento deste termo reflete em ao menos três campos: no cam-
po do direito ambiental da compreensão civil, conforme visto, assina o ter-
mo, cumpre o PRA e pronto, está resolvido. No campo do direito penal, nos
arts. 38, 39 e 48 as condutas serão anistiadas. E por fim, no campo do direito
administrativo havendo reflexos, visto que a multa administrativa enquanto
estiver vigorando o termo não poderá ser cobrada, e se feito tudo conforme
determinado, cumpriu a prestação de serviço de interesse da coletividade,
resolvido.
CAR (Cadastro Ambiental Rural) está disciplinado no art. 29 do novo Có-
digo Florestal e tem por características: primeiro, a obrigatoriedade, o CAR é
Direito Ambiental
8.2 Síntese
Prosseguindo com a análise de questões pertinentes ao novo Código Flo-
restal, qual foi o princípio que estava no texto e foi vetado pela Presidência?
Resposta: era o princípio do protetor recebedor.
No que tange à responsabilidade civil por dano ambiental, a obrigação
propter rem faz com que haja no novo Código Florestal a exteriorização da res-
ponsabilidade civil por dano ambiental na ótica objetiva. A conduta que causa
um dano ligado por um nexo causal.
Na modalidade do Risco Integral, não há a menor possibilidade de com-
preender nenhuma excludente; quem responde é o proprietário ou possuidor
atual, com direito de ação de regresso ao real causador do dano. Relembre que
o STJ não admite sequer a denunciação à lide. Já havia a possibilidade do Risco
Direito Ambiental
Integral objetivo no art. 21, XIII, “d” da Constituição Federal, o dano nuclear.
Áreas de Tutelas Especiais, a primeira delas é a APP (Área de Preservação
Permanente), por mais que seja fundamental à natureza e ao homem, pode ser
explorada, desde que de forma sustentável e pode também sofrer uma espécie
101
de diminuição de sua área, denominada de supressão, desde que por razões de
interesse de utilidade pública ou por questões de baixo impacto ambiental.
Além disso, as áreas de tutela especial tanto podem ser em zona urbana,
como em zona rural. APP está disciplinada no art. 3º, II enquanto a Reserva
Legal no art. 3º, III. A utilidade pública está disposta no inciso VIII e o interesse
social no inciso IX.
Marcar o inciso XV do art. 3º traz os Apicuns, áreas de solo hipersalinos ao
redor dos manguezais, sendo o Apicuns mais salinizado que os Salgados.
Marcar o art. 4º do novo Código Florestal traz o rol do que vem a ser APP
– Área de Preservação Permanente.
As APP podem ser exploradas? Resposta: sim. Vide art. 4º, §§ 5º e 6º do
novo Código. Vide também art. 6º do mesmo diploma, referente a outras áreas
de preservação permanente.
Marcar o art. 7º, § 3º traz a data de 22 de julho de 2008 como marco para
adoção de regime, até a referida data regime especial, ou após a data, regime
severo de acordo com a Lei.
Marcar o art. 8º e seus parágrafos disciplinam as condições para a interven-
ção ou a supressão de vegetação nativa em áreas de preservação permanente.
Destaque para os §§ 1º e 2º.
Marcar o art. 9º traz ser “permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de
Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades
de baixo impacto ambiental”.
Marcar o art. 10 é novidade e trata das áreas de uso restrito. Art. 11-A, § 1º
trata dos Apicuns e Salgados e § 6º que volta a mencionar a data de 22 de julho
de 2008.
Grifar o art. 12 e escrever: ver art. 19. Trata da Reserva Legal que está vol-
tada para área rural; entretanto, conforme visto, se existir uma modificação
no plano diretor e passar a ser considerada zona urbana, não haverá extinção
automática da Reserva Legal.
Marque o art. 15, caput, inciso III e § 2º que voltam a falar respectivamente
de APP, Reserva Legal e Moeda Verde.
Marcar no art. 17, marcar os §§ 1º e 3º.
Marcar o art. 29 que trata do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e o § 3º do
respectivo artigo, que traz a obrigatoriedade da inscrição no CAR para todas as
propriedades e posses rurais.
Marcar no art. 35, os §§ 2º e 3º.
Marcar art. 44 e art. 51, § 1º.
Direito Ambiental
Processo Ambiental
1. Processo Ambiental
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
As duas principais ações de defesa ambiental são estabelecidas pela Consti-
tuição. São a Ação Popular, a Ação Civil Pública, o inquérito civil (para apura-
ção de danos), e o mandado de segurança coletivo.
O mandado de segurança individual não pode ser ajuizado para tutela jurí-
dica do meio ambiente, pois se faz necessária a comprovação do direito líquido
e certo, bem como, porque o direito ambiental consiste em um direito difuso.
Já o Mandado de Segurança coletivo é possível.
104
As associações podem utilizar o mandado de segurança coletivo para tutelar
direitos ambientais. Ex.: associação de pescadores ajuizou Mandado de Segu-
rança coletivo quando houve derramamento de óleo na baía de Guanabara.
A Ação Popular, prevista no art. 5º, LXXIII, CF e Lei nº 4.717/1965, deter-
mina que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
à anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio his-
tórico e cultural, ficando o autor, salvo em comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.
Tem como finalidade permitir ao cidadão fiscalizar diretamente o Poder
Público (soberania popular).
Tem como objeto os atos lesivos (ex.: casos de incompetência, vício de for-
ma, objeto ilícito, inexistência de motivação, desvio de finalidade).
Em relação aos legitimados para propor a ação popular, o cidadão no direi-
to ambiental tem seu conceito ampliado (a prova da cidadania, para ingresso
em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corres-
ponda). Há decisão favorável no sul, em que se o indivíduo conseguir compro-
var interesse, mesmo não sendo cidadão brasileiro, sendo estrangeiro, poderia
propor ação popular, desde que para defesa do meio ambiente e patrimônio
histórico cultural.
A reparação do ato lesivo é o objetivo indireto da ação, visando um retorno
a uma situação originária, com caráter de reparação da conduta. O objetivo
direto é anular o ato lesivo. Anular a situação que deu origem ao dano.
O efeito da sentença consiste na invalidação do ato lesivo erga omnes, salvo
se a decisão for improcedente por falta de provas.
Possui prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
A prática ambiental diz que a ação civil pública é a principal na tutela do
meio ambiente.
Exercício
34. (Procurador da República – XVI Concurso) Sobre a ação popular:
I. poderá ser ajuizada por pessoa jurídica.
II. não comporta ingresso de litisconsorte ou assistente ou autor.
2.1 Apresentação
Exercício
35. (Procurador Federal – 2002) A respeito de ação civil pública, julgue o
seguinte item:
A propositura de ação civil pública pelo Ministério Público, visando à
reparação a danos causados ao meio ambiente, não impede a proposi-
tura de ação individual para a reparação de danos oriundos do mesmo
fato, não se verificando litispendência entre as ações.
3.2 Síntese
A ação civil pública tem como objeto a defesa, sem prejuízo da ação popular,
do meio ambiente, da ordem urbanística, dos bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico, ou seja, toda tutela aos direitos difu-
sos e coletivos.
Tem como finalidade reparar o dano ou indenizar, com a condenação, em
Direito Ambiental
Exercício
36. (Juiz de Direito Substituto – Piauí – 2007) A respeito da ação civil
pública, analise a alternativa.
Os colegitimados à propositura da ação civil pública poderão, antes de
Direito Ambiental
4.2 Síntese
Para que as associações tenham legitimidade para propor ação civil pública,
deve preencher dois requisitos. Vejamos:
“V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambien-
te, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Interesse de agir.”
O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
“§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará
obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos
termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação
legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade
ativa.
§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quan-
do haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 5º Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos
da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
de que cuida esta lei.
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados com-
Direito Ambiental
Direito Ambiental
Internacional
1. Histórico
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
Há os que defendem a tese de que o meio ambiente só será protegido de
maneira eficaz, se esta tutela for internacional.
Há interação direta entre o direito ambiental internacional e os vários di-
reitos internos de cada país. Ora o direito internacional recepciona institutos
que deram certo em outro país, ou ao contrário. Exemplo disso é o mercado de
carbono presente no protocolo de Kioto. Surgiu nos EUA e o direito internacio-
nal se utilizou, assim como a maioria dos princípios ambientais recepcionados
pelo direito ambiental brasileiro.
112
Os estados ainda têm a ideia de soberania sobre os seus próprios recursos.
A responsabilidade internacional clássica é subjetiva, mas em três situações
adquire características de objetividade por danos ambientais internacionais,
quando há dano nuclear, dano por derramamento de óleo no mar e dano por
engenhos espaciais.
Em 1941, houve decisão contenciosa arbitral onde os Estados Unidos plei-
tearam indenização e o Canadá instalou indústria de fundição de aço e side-
rurgia no limite de suas fronteiras. Emanações de gases passaram a poluir os
Estados Unidos. O Canadá alegava que era soberano em seu território. Porém,
a decisão arbitral determinou que nenhum estado podia se utilizar de seu terri-
tório de modo a causar poluição ao país vizinho. Decisão esta que foi o primei-
ro passo para limitar a soberania estatal. A partir de então, o estado pôde utilizar
o território como quiser, desde que impedisse um dano no território vizinho.
Em 1948, essa limitação é positivada, retoma a posição arbitral e limita a
soberania nesse sentido.
A década de 60 marca uma nova fase no Direito Ambiental Internacional.
Inúmeros acidentes ambientais, bem como a possibilidade de destruição de
grande parte do planeta pela utilização do arsenal bélico gerado pela Guerra
Fria, e derramamentos de óleo, levaram a uma conscientização sobre a neces-
sidade de proteção do meio ambiente. Além disso, a crescente relevância dada
aos direitos humanos, desde a Declaração de 1948, veio aumentar a preocu-
pação com o meio ambiente, na medida em que se vinculava a degradação
ambiental, ao agravamento das violações a estes direitos, uma vez que o meio am-
biente estava diretamente relacionado com a saúde e qualidade de vida.
No final da década de 60, houve discussões que envolveram não só os paí-
ses ricos, como os estados recentemente independentes queriam firmar sua
soberania.
A Assembleia Geral das Nações Unidas decide, então, recomendar a convo-
cação de uma Conferência Internacional sobre Meio Ambiente Humano, que
se realizou em 1972, em Estocolmo. Na conferência, ficou clara a oposição
existente entre os países industrializados e os países em desenvolvimento. En-
tretanto, mesmo neste contexto de diferenças e oposições, sobre qual a efetiva
proteção passou a ser concedida ao meio ambiente mundial, a Conferência
presenciou o surgimento de vários institutos, confirmando, assim, a preocupa-
ção mundial com os crescentes problemas ambientais surgidos, constituindo
uma etapa decisiva na elaboração do Direito Ambiental Internacional.
Um dos institutos criados na referida conferência, foi a Declaração de
Direito Ambiental
Estocolmo, que não possui caráter obrigatório aos Estados, mas é de grande
importância, uma vez que estabelece vários princípios do direito ambiental,
atualmente adotados pelos países, assim como lança as bases para a futura cria-
ção do princípio do desenvolvimento sustentável.
113
É uma carta de princípios e quase todos os países positivaram, inclusive o
Brasil.
Tal declaração não foi obtida com consenso. Por causa da disputa entre
países ricos e pobres, demonstrou cunho político e pouco ambiental.
Outro instituto criado pela conferência foi o Programa das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente, ou PNUMA1, que consiste em um órgão subsidiário
da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tem como função principal esti-
mular ações relativas à proteção do meio ambiente pela difusão de informações
e aplicação de programas de ação a serem desenvolvidos posteriormente.
Houve também a criação do fundo do meio ambiente, em que cada país
rico se comprometia a reverter parte de seu orçamento para a composição do
fundo, calcado no princípio da responsabilidade comum, que determina que
a responsabilidade ambiental é de todos, mas os países ricos não se utiliza do
meio ambiente mais do que os outros, uma vez que sua necessidade em nível
de desenvolvimento tecnológico é diferente.
Em 1983, a Assembleia Geral das Nações Unidas criou a Comissão Mun-
dial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Durante alguns anos, esta
comissão realizou uma série de reuniões, encerrando seus trabalhos em 1987,
com a entrega de seu relatório à Assembleia Geral, denominado “Relatório
Brundtland”. O relatório deu especial ênfase às consequências negativas da
pobreza sobre o meio ambiente, adotando uma clara postura para a conciliação
da proteção do meio ambiente com o desenvolvimento dos povos. Dessa forma,
surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável.
Exercício
38. (Procurador Federal – 2007) Há inúmeros princípios ambientais que
orientam a otimização das regras de proteção do meio ambiente. Esses
princípios constam na Política Nacional do Meio Ambiente, na CF e
em documentos internacionais de proteção do meio ambiente, como
Conferência de Estocolmo de 1972, Nosso Futuro Comum (Relatório
Brundtland) e Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, de 1992.
Considerando o texto acima, julgue o item subsequente.
O princípio da participação da população na proteção do meio am-
biente está previsto na Constituição Federal e na ECO-92.
Direito Ambiental
1. UNEP, em inglês.
114
2. Histórico – Continuação
2.1 Apresentação
2.2 Síntese
Logo após a Conferência de Estocolmo, por sugestão do Relatório, a As-
sembleia Geral convoca a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento para avaliar os progressos obtidos desde Estocolmo,
em 1972.
Esta Conferência, realizada no Rio de Janeiro em 1992, e também deno-
minada ECO-92, ou Cúpula da Terra, teve como resultado a adoção de duas
convenções: a Convenção-Quadro sobre a Mudança do Clima, e a Conven-
ção sobre a Diversidade Biológica. A primeira discute acerca do aquecimento
global e estabelece normas para a redução do lançamento de todos os gases
causadores do efeito estufa (dentre eles o dióxido de carbono – CO2). A segun-
da, sobre a biodiversidade, e traz como objetivo básico conservar, ao máximo
possível, a diversidade biológica para benefício das presentes e futuras gerações,
em conformidade com o conceito de desenvolvimento sustentável, que é a base
de todos os documentos adotados em 1992.
Na Conferência do Rio foram criados, ainda, os considerados dois mais
importantes documentos para a preservação e melhoria do meio ambiente em
âmbito internacional, apesar de serem textos não obrigatórios aos Estados, a
Declaração do Rio, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21.
Pela primeira vez, em um texto normativo considerou-se o homem como
parte integrante da natureza, e houve consenso entre os países.
Os países passam a entender que a tutela ambiental é importante para a
harmonia dos países. Neste intervalo de 10 anos, houve muitos acidentes am-
bientais, como Chernobyl na Ucrânia em 1986. Em 1989, houve a queda do
muro do Berlim. A situação criada era importante, uma vez que várias ONG de
defesa ambiental que já existiam e tinham sua atuação localizada nos países do
oeste europeu passaram a atuar no leste europeu, antes socialista.
Todos esses acontecimentos levaram a ONU a convocar nova conferência
Direito Ambiental
Exercício
39. (Câmara dos Deputados – 2005) Marque V ou F:
Direito Ambiental
Recurso Hídrico
1. Recursos Hídricos
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
A Lei nº 9.433/1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamen-
tando, assim, o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal.
O código de águas versava sobre águas públicas e particulares, figura que já
não existe mais desde de 1988, com o advento da Constituição Federal.
Como principais pontos da Lei, destacam-se os seguintes fundamentos:
I – a água é um bem de domínio público;
II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
118
III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múlti-
plo das águas;
V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Ge-
renciamento de Recursos Hídricos;
VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
A Lei nº 9.433/1997 tem os seguintes objetivos:
I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais, não somente
em relação à poluição, mas ao abastecimento também.
Diferença fundamental entre a gestão hídrica e a ambiental, consiste em
que na hídrica tenho que pautar pelo acesso à água. Na gestão ambiental, pode
haver até a proibição de visitação pública.
As diretrizes trazidas pela lei são:
I – a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos
de quantidade e qualidade;
II – a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióti-
cas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III – a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV – a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores
usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional;
V – a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI – a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas
estuarinos e zonas costeiras.
Ademais, a lei conta com os Planos de Recursos Hídricos. Vejamos:
II – o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos pre-
ponderantes da água, que são definidos pelo Conama, em algumas resoluções,
classificando as águas em doce, salobra, tratamento para consumo humano;
Direito Ambiental
Exercício
40. (Procurador Federal – 2002) Julgue os itens abaixo, relativos ao domí-
nio público hídrico, nos termos da Lei nº 9.433, de 08/01/1997, que
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos.
a) Perante a Constituição de 1988, a água doce é bem de domínio
privado, limitado a conflitos de vizinhança ou aproveitamento para
energia elétrica.
b) Os recursos hídricos brasileiros constituem recursos naturais limi-
tados cujo uso prioritário deve dirigir-se ao consumo humano e à
dessedentação de animais.
Direito Ambiental
Capítulo 13
Proteção à Fauna
1. Proteção à Fauna
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
A Lei nº 5.197/1967 dispõe sobre a proteção à fauna; proteção esta que in-
clui espécies migratórias. A lei traz como pontos mais importantes os que citados
a seguir:
1. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvi-
mento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna
silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são proprie-
dades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição,
caça ou apanha. Salvo se peculiaridades regionais permitirem e houver
ato que regulamente. Ex.: lebres canadenses no Rio Grande do Sul.
121
2. É proibido o exercício da caça profissional.
3. É proibido o comércio de espécimes da fauna silvestre e de produtos e
objetos que impliquem na sua caça, perseguição, destruição ou apanha.
4. Nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, sem parecer técnico
oficial favorável e licença expedida na forma da Lei. Em alguns casos, o
Ibama exige a castração da espécie.
5. Poder Público estimulará: a formação e o funcionamento de clubes de
caça com o objetivo de reunir as pessoas que praticam esse esporte e a
construção de criadouros destinados à criação de animais silvestres para
fins econômicos e industriais.
6. São considerados atos de caça a utilização, perseguição, destruição,
caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre, quando consentidas
pelo órgão competente.
7. Para exercício da caça, é obrigatória a licença anual, de caráter especí-
fico e de âmbito regional, expedida pela autoridade competente.
8. Poderá ser concedida a cientistas, pertencentes a instituições científicas,
oficiais ou oficializadas, ou por estas indicadas, licença especial para a
coleta de material destinado a fins científicos, em qualquer época.
9. O transporte interestadual e para o Exterior, de animais silvestres, lepi-
dópteros, e outros insetos e seus produtos depende de guia de trânsito,
fornecida pela autoridade competente.
A Constituição de 1988, em seu o art. 225, estabelece que o bem ambiental
é um bem de uso comum, sendo também as espécies da coletividade.
Aos crimes de modo geral, a justiça competente é a justiça estadual, a fe-
deral somente em causas constitucionais. O fato de o crime ter sido apurado
no exercício de fiscalização de autarquia federal, o Ibama, não ocorre o des-
locamento de competência. Seria federal se o fiscal tivesse cometido o crime.
É competência da União se esse crime for praticado em uma área da União.
Ex.: matar espécie em um rio federal, dentro de uma unidade de conservação
da União.
Toda concessão de licença e autorização é concedida pelo Ibama. Até para
pescar de forma amadora é preciso se registrar no Ibama ou no órgão compe-
tente.
A lei achou por bem não concentrar as autorizações de práticas de caça nas
mãos da União, permitindo ao estado também.
Direito Ambiental
Toda pessoa física ou jurídica que realize atividades com animais silvestres
devem ser registradas.
Os crimes ambientais eram inafiançáveis; a lei de crimes ambientais revo-
gou estas disposições.
122
Exercício
41. (Analista Ambiental – Ibama – 2009) Julgue os itens seguintes, de acor-
do com a Lei nº 5.197/1967, referente à proteção à fauna.
A caça de qualquer espécie animal da fauna silvestre é proibida em
regra, mas peculiaridades regionais podem autorizar o exercício da
caça, desde que existente a competente permissão, estabelecida em ato
regulamentador do poder público federal.
Em terras de domínio privado, a caça de espécies da fauna silvestre
pode ser proibida pelo próprio proprietário independentemente de ato
do poder público.
Direito Ambiental
Capítulo 14
Mineração
1.2 Síntese
A atividade de mineração é de fundamental importância para o desenvolvi-
mento de um país. Entretanto, ela pode causar grandes impactos no meio am-
biente, e é exatamente devido a estes fatores que o direito ambiental brasileiro
possui uma tutela específica das atividades minerarias, não só em lei especial,
mas igualmente na Constituição.
A Constituição trabalha não só coma prática da mineração, mas também
com a garimpagem, favorecendo as cooperativas.
A mineração geralmente é uma grande atividade de aspecto industrial, já
a garimpagem se caracteriza pelo aspecto rudimentar da exploração mineral.
124
Assim, além da análise dos principais dispositivos do Código de Mineração
(ou Código de Minas), Decreto-lei nº 227/1967, faz-se necessário listar os prin-
cipais dispositivos constitucionais que tratam do assunto. Vejamos os dispositi-
vos constitucionais.
“Art. 20. São bens da União: (...)
V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva; (...)
IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo; (...).” A água subterrânea
é bem do estado. Se o recurso de água subterrânea é de água mineral, é bem
da União, pois não é considerado água, e sim minério.
“§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, par-
ticipação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos mine-
rais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.” Se o
recurso mineral pertence à União, mas também se localiza em solo estadual e
municipal, é possível participação aos outros entes da federação nos recursos
ali obtidos, bem como ao proprietário do solo. O proprietário não pode se opor
à exploração, uma vez que o subsolo e os recursos minerais não pertencem a
ele, e a exploração visa o interesse nacional, permitindo sua participação e
recebimento de royalties.
“Art. 21. Compete à União: (...)
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa.”
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...)
XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia.”
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios: (...).
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa
e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.”
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...)
XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais.”
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e plane-
jamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor
Direito Ambiental
privado. (...)
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em coope-
rativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econô-
mico-social dos garimpeiros.
125
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na
autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de mine-
rais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo
com o art. 21, XXV, na forma da lei.”
“Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, demais recursos minerais, e os po-
tenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para
efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao
concessionário a propriedade do produto de lavra.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos poten-
ciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados median-
te autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras que tenha sua sede e administração
no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da
lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou
transferidas, total ou parcialmente sem prévia anuência do poder concedente.”
“Art. 225, § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recu-
perar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma da lei.”
“Art. 231, § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os poten-
ciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas
só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as
comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da
lavra, na forma da lei.”
Exercício
42. (TJ/TO – Magistratura – 2007) A Sociedade Empresarial Extração S/A.,
que é concessionária da União na lavra de recursos minerais, localizada
no município de Palmas/TO, possui um imóvel urbano abandonado
no centro da cidade de Palmas e uma fazenda localizada no interior.
Considerando essa situação hipotética, analise as seguintes opções:
a) O produto da lavra pertence à União e não à empresa Extração
S/A., a qual apenas fará jus ao pagamento de uma quantia destina-
Direito Ambiental
2.2 Síntese
O Decreto-lei nº 227/1967 instituiu o Código de Mineração.
Deve-se analisar o Código de Mineração pautando-se na nova realidade
ambiental, baseada na sustentabilidade e proteção da qualidade do meio am-
biente, uma vez que este se pauta na produção e tentativa plena de exploração
de recursos minerais, sem preocupações ambientais.
É importante ressaltar os seguintes conceitos:
1. Jazida: toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflo-
rando à superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor
econômico.
2. Mina: a jazida em lavra, ainda que suspensa (partes integrantes da mina:
edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à
mineração e ao beneficiamento do produto da lavra, desde que este seja
realizado na área de concessão da mina; as servidões indispensáveis ao
exercício da lavra; os animais e veículos empregados no serviço; os ma-
teriais necessários aos trabalhos da lavra, quando dentro da área conce-
dida; e as provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período
de 120 (cento e vinte) dias).
3. Pesquisa mineral: a execução dos trabalhos necessários à definição da
jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu apro-
veitamento econômico. É uma das poucas atividades em que se realize
o estudo de viabilidade, primeiro deve haver o impacto ambiental, com
prévia licença de pesquisa, a fim que seja elaborado o Estudo de Impac-
to Ambiental.
4. Lavra: o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveita-
mento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais
úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas.
5. Garimpagem: o trabalho individual de quem utilize instrumentos ru-
Direito Ambiental
tações futuras;
II – renunciar ao direito.
Parágrafo único Os atos enumerados neste artigo somente valerão contra
terceiros a partir da sua inscrição no Registro de Imóveis.”
128
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), é uma autar-
quia federal criada pela Lei nº 8.876, de 2 de maio de 1994, vinculada ao Mi-
nistério de Minas e Energia, que tem por finalidade promover o planejamento
e o fomento da exploração mineral e do aproveitamento dos recursos minerais
e superintender as pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem
como assegurar, controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração
em todo o território nacional.
Ademais, o DNPM possui as seguintes competências:
I – promover a outorga, ou propô-la à autoridade competente, quando for
o caso, dos títulos minerários relativos à exploração e ao aproveitamento dos
recursos minerais e expedir os demais atos referentes à execução da legislação
minerária;
II – coordenar, sistematizar e integrar os dados geológicos dos depósitos
minerais, promovendo a elaboração de textos, cartas e mapas geológicos para
divulgação;
III – acompanhar, analisar e divulgar o desempenho da economia mineral
brasileira e internacional, mantendo serviços de estatística da produção e do
comércio de bens minerais;
IV – formular e propor diretrizes para a orientação da política mineral;
V – fomentar a produção mineral e estimular o uso racional e eficiente dos
recursos minerais;
VI – fiscalizar a pesquisa, a lavra, o beneficiamento e a comercialização dos
bens minerais, podendo realizar vistorias, autuar infratores e impor as sanções
cabíveis, na conformidade do disposto na legislação minerária;
VII – baixar normas, em caráter complementar, e exercer a fiscalização so-
bre o controle ambiental, a higiene e a segurança das atividades de mineração,
atuando em articulação com os demais órgãos responsáveis pelo meio ambien-
te, segurança, higiene e saúde ocupacional dos trabalhadores;
VIII – implantar e gerenciar bancos de dados para subsidiar as ações de
política mineral, necessárias ao planejamento governamental;
IX – baixar normas, promover a arrecadação e a distribuição das quotas-
-partes, bem como exercer fiscalização sobre a arrecadação da compensação
financeira pela exploração de recursos minerais, de que trata o § 1º do art. 20
da Constituição e das demais receitas da autarquia;
Direito Ambiental
Direito Ambiental
Capítulo 15
Lei de Agrotóxicos –
Lei nº 7.802/1989
1. Lei de Agrotóxicos
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
A Lei nº 7.802/1989, conhecida como lei de agrotóxicos, conceitua agro-
tóxicos como os produtos químicos ou biológicos utilizados na produção, ar-
mazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, usados nas pastagens,
na proteção de florestas e em ambientes urbanos, com a finalidade de alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres
vivos considerados nocivos, ou substâncias e produtos, empregados como des-
folhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
A lei determina ainda que os agrotóxicos, seus componentes e afins, de
acordo com definição do art. 2º desta Lei, só poderão ser produzidos, exportados,
131
importados, comercializados e utilizados, se previamente registrados em órgão
federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsá-
veis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura.
Os casos de proibição de registro de agrotóxicos são os seguintes:
a) se no Brasil não houver métodos para desativação de seus componen-
tes, de modo a impedir que os seus resíduos provoquem riscos ao meio
ambiente e à saúde pública;
b) para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Brasil;
c) que tenham características carcinogênicas ou mutagênicas;
d) que provoquem distúrbios hormonais ou danos ao aparelho reprodutor
f) cujas características causem danos ao meio ambiente.
Ainda de acordo com a lei de agrotóxicos, são legitimados a requerer o can-
celamento do registro de agrotóxicos, arguindo prejuízos ao meio ambiente, à
saúde humana e dos animais:
I – entidades de classe, representativas de profissões ligadas ao setor;
II – partidos políticos, com representação no Congresso Nacional;
III – entidades legalmente constituídas para defesa dos interesses difusos
relacionados à proteção do consumidor, do meio ambiente e dos recursos na-
turais. Confere legitimidade ampla para fazer valer o controle por toda a socie-
dade.
Ademais, as embalagens de agrotóxicos devem obedecer aos seguintes re-
quisitos:
I – devem ser projetadas e fabricadas de forma a impedir qualquer vaza-
mento;
II – os materiais de que forem feitas devem ser insuscetíveis de ser atacados
pelo conteúdo ou de formar com ele combinações nocivas ou perigosas;
III – devem ser suficientemente resistentes em todas as suas partes;
IV – devem ser providas de um lacre que seja irremediavelmente destruído
ao ser aberto pela primeira vez.
Os usuários devem devolver as embalagens aos estabelecimentos comer-
ciais em que foram adquiridos, e as produtoras são responsáveis pela destinação
final, porque podem proceder à reutilização e reciclagem, sendo assim, um
ciclo pleno.
Para serem vendidos ou expostos à venda em todo o território nacional, os
agrotóxicos e afins são obrigados a exibir rótulos próprios e bulas, redigidos em
português, que contenham, entre outros, os seguintes dados:
Direito Ambiental
Exercício
44. Com relação aos agrotóxicos, julgue o item:
É condição para a apresentação do pedido de registro de produto agro-
tóxico, o registro prévio da pessoa física ou jurídica responsável por sua
fabricação.
Direito Ambiental
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Gabarito
Direito Ambiental