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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Curso de Licenciatura em Enfermagem

SINDROME DE HELLP NO HOSPITAL DE TORTOSA

VERGE DE LA CINTA

Inês Damasceno

Porto, 2018
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Curso de Licenciatura em Enfermagem

Síndrome de HELLP no Hospital de Tortosa

Verge de la Cinta

Orientador(es): Profª Ilda Fernandes

Autor: Inês Damasceno

Porto, 2018
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família: à minha irmã, pela compreensão, à minha mãe e ao meu
pai por me terem incentivado, abarcando com paciência e esforço os meus estudos; e a toda
a minha família, que sempre torceu torceram por mim.
Ao meu amigo Tiago pela compreensão, auxílio nas horas difíceis, ao incentivo a não
desistir do que realmente gostava e pelos momentos que compartilhamos, horas de estudo
no comboio, embora estivéssemos em cursos diferenciados. Não teve oportunidade de
acabar o curso dele, mas farei isto também por ele.
À Universidad Rovira i Virgil por me conceder o auxílio necessário para realização
deste período ERASMUS, inclusive pela Profª Marisa Mateo, que me acolheu como se fosse
da sua família.
A todos os professores que me instruíram ao saber, em destaque a minha
orientadora, Prof.ª Ilda Fernandes pela ajuda, incentivo, paciência e dedicação com meu
trabalho.
A todas e todos os enfermeiros, auxiliares, médicos, zeladores tanto no Porto como
aqui em Tortosa, que fizeram o meu caminho nestes estágios mais fáceis e duros ao mesmo
tempo, de forma a sair deles como “a melhor estudante que por aqui passou”, tanto a nível
de saber, de prática, de relação.
A todos os meus colegas, em especial à Irlene, Maria João, Márcia, Daniela, Miguel,
Diogo, e GAEP por todos os momentos vividos juntos, nos estágios, nos trabalhos, pelos
sorrisos e por toda ajuda.
"Look up at the stars and not down at your feet. Try
to make sense of what you see, and wonder about
what makes the universe exist. Be curious.”
Stephen Hawking
RESUMO

A Síndrome de HELLP é uma complicação grave na gestação. Trata-se de um


acrônimo usado para descrever em inglês a gestante que se encontra com pré-eclâmpsia ou
eclâmpsia graves e que curse juntamente com estas a condição de (H) hemólise, (EL) enzimas
hepáticas elevadas e (LP) baixa contagem de plaquetas. A sua morbilidade e mortalidade
materna é proporcional à gravidade da doença sistémica, enquanto ao feto é dependente da
idade gestacional. Óbitos relacionados com esta condição clínica são constantemente
relatados, sendo reportados em literaturas entre 1 a 24%, imperando principalmente sobre
os neonatos. A sua incidência real ainda é motivo de controvérsias por não haver
desenvolvimento de estudos epidemiológicos populacionais suficientes. Diante disso, este
estudo tem como objetivo verificar a incidência da Síndrome de HELLP registrada no período
compreendido entre janeiro de 2017 a janeiro de 2018 no Hospital de Tortosa Verge de la
Cinta (HTVC), hospital de referência para gestações de alto risco na comunidade de Deltebre,
na cidade de Tortosa, Espanha. O estudo realizado trata-se de uma pesquisa de campo de
caráter descritivo, com abordagem quantitativa, consistindo na investigação da pesquisa
empírica, realizada no HTVC, cuja finalidade foi delinear características de traços ou
fenómenos através da avaliação de uma amostra de prontuários. Os resultados da pesquisa
mostraram que diante da análise de 136 prontuários de mulheres com DHEG grave, 24
gestantes (17,64%) apresentaram evolução do seu quadro para a complicação de Síndrome
de HELLP, sendo que entre estas, 8 mulheres (5,84%) com HELLP parcial e 16 mulheres
(11,80%) com HELLP total, encontrando-se um pouco acima do esperado de acordo com as
literaturas mais recentes abordadas. Desta forma, conclui-se a importância deste estudo
para o ensino, por conter informações que podem ser utilizadas no processo educativo e,
para pesquisa, pois a análise de sua incidência servirá como uma nova fonte de dados local e
recente.

Palavras-chave: Incidência; Síndrome de HELLP; Gestação de alto risco; Pré-eclampsia


Índice
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
MARCO TEÓRICO ...................................................................................................................... 3
SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ ......................................................... 3
SÍNDROME DE HELLP ............................................................................................................ 5
PERFIL CLÍNICO PATOLÓGICO ........................................................................................... 6
COMPLICAÇÕES ................................................................................................................ 8
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO ............................................................................................ 9
CONDUTA ....................................................................................................................... 11
TRATAMENTO ................................................................................................................. 13
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ..................................................................................... 14
METODOLOGIA....................................................................................................................... 18
TIPO DE PESQUISA .............................................................................................................. 18
LOCAL DA PESQUISA........................................................................................................... 18
UNIVERSO E AMOSTRA....................................................................................................... 18
MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 18
ANÁLISES DE DADOS .......................................................................................................... 19
ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ........................................................................................ 19
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................. 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 30
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição dos dados referentes aos sinais e sintomas da Síndrome de HELLP
apresentados nas gestantes internas
20

Gráfico 2 - Distribuição de dados sobre a incidência da Síndrome de HELLP 21

Gráfico 3 - Distribuição de dados sobre a regionalização de mulheres que apresentaram


Síndrome de HELLP 22

Gráfico 4 - Distribuição de dados quanto a relação entre idade, paridade e a Síndrome de


HELLP 24

Gráfico 5 - Distribuição de dados quanto a relação da incidência de óbitos 25

Gráfico 6 - Distribuição de dados quanto a identificação de hipertensão arterial


antecedente a gestação 26
INTRODUÇÃO

A gestação é um fenómeno fisiológico normal que acontece nas mulheres. É marcada


através da união de um óvulo com um espermatozoide, que possibilitará a formação e
desenvolvimento do feto. Tem uma duração normal de aproximadamente 38 a 40 semanas.
A sua evolução ocorre na maior parte dos casos sem intercorrências. As observações
clínicas e as estatísticas comprovam que cerca de 90% das gestações iniciam, evoluem e
terminam sem complicações. Outras, contudo, já começam com problemas, ou estes
aparecem durante o seu transcurso, e apresentam maior probabilidade em ter uma evolução
desfavorável, tanto para o feto, quanto para a mãe. Esta parcela é a que compõe o grupo
chamado de gestantes de alto risco (FREITAS, 2001).
O síndrome de HELLP descreve a situação de uma gestante com pré-eclâmpsia grave
que apresenta hemólise, níveis elevados de enzimas hepáticas e contagem baixa de
plaquetas. Algumas gestantes desenvolvem apenas uma ou duas das características desta
síndrome, sendo considerada Síndrome de HELLP parcial.
De acordo com Sibai (1995), a morbilidade e mortalidade maternas associadas ao
Síndrome de HELLP, são proporcionais à gravidade da doença sistémica, enquanto o maior
risco da morbilidade e mortalidade fetais são dependentes da idade gestacional, onde tal
gravidade é inversamente proporcional a idade gestacional.
Por ainda não haver desenvolvimento de estudos epidemiológicos populacionais
suficientes, existe uma grande dificuldade no conhecimento e identificação real da incidência
da síndrome de HELLP. Contudo, a literatura que aborda esta temática, tem reportado uma
incidência que varia entre 2 a 12% numa totalidade de mulheres que apresentaram pré-
eclâmpsia.
Diante deste fato, segundo o Instituto de Perinatologia da Bahia – IPERBA, Espanha
apresenta uma incidência entre 0,2 a 12% das grávidas, podendo refletir a qualidade da
assistência prestada (IPERBA, 2006).
Embora a sua epidemiologia não seja elevada, esta é uma condição importante que
acomete algumas mulheres no período gestacional e é acompanhada de altas taxas de
mortalidade maternas e perinatais. Além do mais, a sua incidência, natureza e significado
clínico são ainda motivo de algumas controvérsias, sem esquecer o risco de recorrência da
mesma nas mulheres.
Sendo assim, justifica-se a elaboração deste estudo como de grande mais valia, pois
o conhecimento do Síndrome de HELLP poderá proporcionar contribuições para o ensino,

1
por conter dados que podem ser utilizados no processo educativo; para o serviço, pois
possibilitará a ampliação da visão do profissional e dos estudantes, mediante identificação
do problema frente ao cliente e para a pesquisa, pois a análise de sua incidência servirá como
uma nova fonte de dados local e recente, contribuindo para novas pesquisas na área.
Como estudante de enfermagem, através da literatura investigada foi possível
construir conhecimentos teóricos sobre a síndrome. O aprofundamento acerca de sua
incidência no Hospital de Tortosa Verge de la Cinta, referência para o tratamento da mesma,
foi um marco estimulador para a construção desta pesquisa. Portanto, tal preocupação
constitui a abrangência desse projeto, cuja questão segue: “Qual foi a incidência da Síndrome
de HELLP no HTVC em um ano?”.
Este estudo aborda o tema saúde da mulher, com foco na gestação de alto risco
diante da Síndrome HELLP. Tem como objetivo verificar sua incidência entre janeiro do ano
de 2017 a Janeiro de 2018, no HTVC. Pretende-se também, organizar as informações das
gestantes e puérperas internadas através da fonte de dados do hospital; separar os registos
clínicos das clientes que apresentaram a síndrome em questão, inclusive as que tiveram
diagnóstico de SHEG grave e estudá-los, correlacionando os dados colhidos e os seus
achados.
MARCO TEÓRICO

SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ

Apesar dos recentes avanços, na compreensão da fisiopatologia e controle das


Síndrome Hipertensiva Específica da Gravidez (SHEG) ou Doença Hipertensiva Específica da
Gravidez (DHEG), é grande a confusão na literatura em relação a sua definição, classificação
e nomenclatura (LÓPEZ-LLERA, 1992).
Trazendo a confirmação deste fundamento, para Brown (2000), da Sociedade
Australiana de Estudo de Hipertensão na Gravidez e, para o Grupo Americano de Trabalho
sobre Hipertensão na gestação/NHBPEP (2000), a condição para se considerar o diagnóstico
de hipertensão precisa alcançar os parâmetros ≥140/90 mmHg.
De acordo com a Generalitat, a elevação de 30mmHg na pressão arterial sistólica
e/ou o aumento da pressão arterial diastólica de 15mmHg não é apresentado mais como o
diagnóstico de SHEG quando os seus parâmetros se encontrarem inferiores a 140/90mmHg.
Sugerindo agora frente a estes um risco para o desenvolvimento de SHEG, onde devem ser
tomadas medidas de avaliação e consultas mais frequentes.
Os distúrbios hipertensivos são classificados como as complicações médicas de maior
proeminência durante o período gravídico-puerperal (ANGONESI, 2007) e constituem a
principal causa de morbimortalidade materno-puerperal. Contudo, em países desenvolvidos,
esta condição normalmente já não alcança este quadro, porém em países subdesenvolvidos
ainda se observa a sua grande incidência e consequências (PERAÇOLI, 2005), o que nos faz
deduzir que a diferença socioeconómica tem relação direta com a falta de qualidade no tipo
da assistência de saúde pelo também está implicada na incidência das síndromes
hipertensivas.
Presente desde a implantação do ovo, a doença manifesta-se clinicamente com a
elevação dos níveis pressóricos após a 20ª semana de gestação, podendo estar acompanhada
(pré-eclâmpsia) ou não (hipertensão gestacional) a proteinúria e/ou edema (PERAÇOLI,
2005). Nesta etapa a doença ainda não apresenta sintomatologia, estando sujeito o
diagnóstico exclusivamente do exame físico e de dados laboratoriais da grávida (PERAÇOLI,
2005), vindo tudo isto reafirmar Martin (1996).
A terminologia "hipertensão na gravidez" é frequentemente utilizada para descrever
doemtes com elevação discreta dos níveis pressóricos, até aqueles que apresentam
hipertensão grave, onde se observa consequências multissistémicas com disfunção de vários

3
órgãos. As manifestações clínicas, embora sejam similares, podem surgir decorrentes de
causas diferentes (SIBAI, 2010).
O National High Blood Pressure Education Program –NHBPEP (2000), identificar as
diferentes formas de manifestação da hipertensão arterial na gravidez é essencial para que
se diferencie a hipertensão que precede a gravidez daquela que é de espécie explicita da
mesma. Na primeira, a elevação da pressão arterial é o aspecto fisiopatológico básico da
doença, a segunda é resultante da má adaptação do organismo materno à gravidez, onde se
observará a hipertensão apenas como um dos seus achados. O impacto dessas duas
condições sobre grávida e o feto é bem diferente, assim como o controle das mesmas.
A gestação pode agravar a hipertensão existente antes da gravidez, bem como
induzi-la em mulheres normotensas. Nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento,
apesar de que já devia ter mudado, ainda constitui a primeira causa de morte materna,
principalmente quando o problema evolui para suas formas mais graves, de pré-eclâmpsia à
eclâmpsia e Síndrome de HELLP (SIBAI, 1999).
Classifica-se a SHEG em duas variantes básicas: pré-eclâmpsia (forma não convulsiva)
e eclâmpsia, que se distingue diante de episódios convulsivos decorrentes de efeitos
cerebrais profundos da pré-eclâmpsia (ANGONESI & POLATO, 2007).
Angonesi e Polato (2007) relatam que “as complicações da SHEG afetam múltiplos
sistemas, como o sistema cardiovascular, renal, hematológico, neurológico, hepático e
uteroplacentário; tais como: descolamento da placenta, prematuridade, retardo do
crescimento intrauterino, morte materno-fetal, oligúria (volume urinário inferior a 400 ml em
24h), crise hipertensiva, edema pulmonar, edema cerebral, trombocitopenia (défice de
plaquetas no sangue), hemorragia, acidente vascular cerebral, cegueira, intolerância fetal ao
trabalho de parto [...].”.
Contudo, as repercussões que estão mais presentes para o feto diante desta
patologia são a restrição do crescimento intrauterino, baixo peso à nascença e
prematuridade (CHAIM et al, 2008).
Quando diagnosticada a doença, devem ser tomadas medidas de para que não cause
nenhum dano quer à gestante, quer ao feto. Muitas vezes o tratamento quando não alcança
a eficácia esperada, é recomendável a interrupção da gravidez através da realização do parto
com a tentativa de reverter o quadro, evitando sua evolução para as formas mais graves,
entre elas, a eclâmpsia e a síndrome HELLP.
Neste momento a atuação da equipa de enfermagem torna-se cada vez mais
importante, pois serão realizados os diagnósticos de enfermagem e traçados os cuidados de
maneira específica para a cliente, ou seja, o processo de entrará em vigor em meio a
singularidade de um ser, proporcionando prevenção, promoção e reabilitação do seu estado
de saúde.

SÍNDROME DE HELLP

A síndrome de HELLP é uma grave complicação da gestação. Weinstein descreveu-a


pela primeira vez em 1982, e determina-a como uma grave variante da pré-eclâmpsia (não
significando assim, que não possa ocorrer na eclâmpsia). Para denomina-la ele utilizou as
iniciais dos eventos que considerou fundamentais para a referida síndrome (IPERBA, 2006).
A sua designação provém do inglês e caracteriza-se por, H= hemolysis (dissolução do
sangue); EL = elevated liver enzymes (enzimas hepáticas elevadas) e LP = low platelet counts
(baixa contagem de plaquetas). Existem gestantes que desenvolvem apenas uma ou duas
dessas características, sendo este quadro é então denominado de Síndrome de HELLP parcial
(ZAHN, 2005).
Observando a nível global, aproximadamente 5,8% das gestantes que apresentaram
pré-eclampsia/eclâmpsia apresentaram também a síndrome HELLP (SILVA, 2009).
Durante os últimos 4 meses da gravidez é notável uma limitação da sua ocorrência.
No entanto, pode ter início ou ser clinicamente reconhecida até 30% dos casos, ainda depois
do parto. Esta síndrome, apesar de tudo, não é rara, pois é diagnosticada em
aproximadamente 437 dentre 2.331 mulheres, simbolizando neste caso 18,74%, sendo 20%
com pré-eclâmpsia grave (BURROW, 1999).
Santos (2004), através de um estudo populacional constatou uma incidência de 2 a
12% da SH nos diagnósticos já existentes de pré-eclâmpsia grave.
Outros estudos demonstram índices mais distintos, confirmando sua variedade,
indicando que nos EUA ela incide em menos de 1% das grávidas e em Espanha encontram-se
de 0,2 a 20%, refletindo a qualidade da assistência prestada desde a fase pré natal até ao fim
do período puerperal (IPERBA, 2006).
Relacionando a Síndrome HELLP parcial poucos trabalhos da literatura analisam a sua
epidemiologia, referindo percentuais entre 6,6% e 24,1% (PERAÇOLI, 2005).
Através da literatura apresentada, é evidente a diferença de achados encontrados
diante de regiões, populações e tempos diferentes. Pela precariedade de mais estudos nesta
área não há ainda um consenso, o que traz dificuldades para se atingir um consenso sobre a
síndrome de forma a que traga mais benefícios a toda população mundial.

5
A pré-eclâmpsia ou a eclâmpsia, já apresentam riscos significativos tanto para a mãe
como para o feto e, quando se tem conjuntamente hemólise, aumento das enzimas hepáticas
e trombocitopenia, ou seja, a Síndrome HELLP, ao diagnóstico já existente delas, há um
aumento de sua morbimortalidade. As mortes que apresentam relação com esta condição
clínica são constantemente relatadas, com uma variação encontrada de 1 a 24% de sua
frequência. Esta taxa de mortalidade alcança níveis ainda mais elevados quando a assistência
a estas gestantes é realizada fora de centros de cuidados e a mortalidade perinatal alcança
os 40% (KATZ, 2008).
Segundo Santos (2004), a incidência da mortalidade materna chega a ser de cerca de 11%,
enquanto a mortalidade perinatal chega aos 40% -60% das ocorrências. Contudo, a
morbilidade e mortalidade materna são dependentes da gravidade da doença, ao passo que
a morbimortalidade perinatais dependem mais da idade gestacional (NEME, 2000).
O fator socioeconómico contribui para o aparecimento/desenvolvimento do
síndrome e a sua taxa de incidência. Isso demonstra que locais com recursos materiais de
qualidade e humanos atuantes, proporcionando uma melhor assistência, garantirão um bom
prognóstico da gestante, inclusive diminuirá a incidência da SH. Assim, esses fatores tão
essenciais que muitas vezes passam despercebidos ou são ignorados, atuam diminuindo a
morbimortalidade.
Sibai (2000), expôs uma investigação realizada com 304 pacientes que adquiriram o
síndrome, onde compreendeu que 95 (31%) apresentaram manifestações do síndrome de
HELLP unicamente no puerpério imediato, com demonstrações variadas, atingindo desde
poucas horas até mesmo seis dias após o parto, onde o maior pico de sua frequência foi
observado nas primeiras 48 horas.

PERFIL CLÍNICO PATOLÓGICO

Segundo Jakobi (2005), embora qualquer gestante possa contrair o síndrome de


HELLP, conclui-se que algumas predispõem de um maior risco, incluindo aquelas que:

Caucasianas;
Idade >25anos;
Multigestas;
Padeçam de SHEG, hipertensão crónica, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
Antecedentes de síndrome HELLP, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestações
anteriores.

7
Mais tarde, é reafirmado por Katz (2008), que o síndrome HELLP é observada
frequentemente as mulheres que possuem idade mais avançada principalmente que sejam
multíparas, caucasianas e que apresentam antecedentes obstétricos. No entanto, observa-
se os quadros de pré-eclâmpsia e eclâmpsia são mais frequentes em nulíparas e jovens.
Entende-se que a maior parte de suas manifestações dá-se em cima deste perfil, mas
isto não significa dizer que seja exclusivamente deste modo, pois se a etiologia da Síndrome
de HELLP ainda é desconhecida e se toda DHEG grave pode evoluir para esta complicação,
qualquer mulher pode adquiri-la em qualquer fase de sua vida durante uma gestação.
Os seus sinais e sintomas não são precisos, sendo comuns queixas como dor
epigástrica ou no quadrante superior direito, malestar geral, náuseas, vómitos ou até
sintomas semelhantes a uma síndrome viral inespecífica (MION, 2003).

COMPLICAÇÕES

Quando o quadro persiste, é possível observar alterações de comportamento,


hemorragias gengivais e vítrea, hematúria e/ou oligúria hiponatremia, hipoglicemia, icterícia
franca, distúrbios visuais e convulsões mais frequentes. É referido por Gabbe (2015) que
grande parte das clientes pode ainda desenvolver complicações não muito comuns deste
síndrome, como:

Edema Pulmonar;
Esteatose Aguda;
Descolamento da Placenta;
Diabetes Insípidus Nefrogénicos Transitório;
Coagulação Intravascular Disseminada;
Insuficiência Renal Aguda;
Rutura Hepática Espontânea.

A prematuridade apresenta-se como um dos principais causadores de


morbimortalidade neonatal do Síndrome de HELLP, e influencia a gravidade do processo e a
conduta médica durante a gravidez, visto que, para interrupção do quadro apenas este meio
atua de maneira eficaz, e quando nos deparamos com a doença em suas formas complicadas
e graves, a prematuridade será então condição inevitável (Gabbe, 2015).
Outras complicações relevantes para o feto incluem o crescimento uterino restrito e
a síndrome da angústia respiratória (ANGONESI, 2007).
Gabbe (2015) registou ainda que “A anemia hemolítica microangiopática é um marco
do Síndrome de HELLP. É atribuída à deformidade (esquizócitos) e à destruição das hemácias
na microcirculação, secundárias ao dano endotelial, com subsequente vasoespasmo e
deposição de fibrina nas paredes vasculares, que também conduzem à ativação, agregação
e ao maior consumo periférico de plaquetas (trombocitopenia). A lesão hepática é
representada pela necrose parenquimatosa focal ou periportal. Essas alterações podem ser
responsáveis pela elevação das enzimas hepáticas e pela dor no quadrante superior direito
do abdómen, frequentemente identificadas nas mulheres com este síndrome.”.
As mulheres que apresentaram HELLP têm uma maior probabilidade para
desenvolver complicações em futuras gestações. Acredita-se que em 20% dos casos se
apresente com pré-eclâmpsia/eclâmpsia e, 2 a 19% com Síndrome de HELLP (Gonzalez,
2006).
Diante deste fato tão importante, é imprescindível informá-las sobre o risco a cada
nova gestação, e caso queiram engravidar ou engravidem, devem ser orientadas a realizarem
um rigoroso acompanhamento durante todo o correr da gravidez, de forma a detetar
precocemente qualquer alteração sugestiva de um possível quadro de HELLP.
Ainda segundo Gonzalez (2006), o síndrome muitas vezes acarreta complicações para
os neonatos, no entanto, é importante salientar que em geral estas ocorrem diante da
prematuridade e disfunção placentária, inclusive a idade gestacional. Normalmente são
semelhantes às complicações observadas na pré-eclâmpsia: desconforto respiratório,
displasia bronco pulmonar, hemorragia cerebral e enterocolite. Outros achados clínicos
incluem ainda a hipoglicemia (19%), depressão neonatal (32%) e baixo peso à nascença
(51%). Outros ainda mais raros incluem a icterícia, asfixia perinatal, mortes fetais/neonatais
e trombocitopenia.

AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO

A avaliação materna pode ser realizada de diversas maneiras, embora todas incluam
um estudo de hemograma, coagulação, e bioquímica que abarquem a transaminase, LDH,
fosfatase alcalina, bilirrubina, glicemia, função renal (ureia, creatinina e ácido úrico),
ecografia abdominal para identificar a presença de um hematoma subcapsular hepático,
tomografia computadorizada e uma ressonância magnética. (SANTOS et al, 2004).

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Dado que a maioria dos sintomas ocorre na pré-eclâmpsia grave, em situações de
gestações normais e ainda se parece com os sintomas de outras doenças, o síndrome HELLP
na sua forma leve pode passar despercebido sendo difícil de diagnosticar (MION, 2003).
Cunha e Patta (1993) citado por Silva (2009), fazem também referência ao Síndrome de HELLP
afirmando que é confundido em diversas ocasiões com outras patologias, sendo
diagnosticado de forma errônea. Entre os diversos diagnósticos incorretos é possível
encontrar comumente a hepatite viral, gastroenterite, doença da vesícula biliar,
encefalopatia, apendicite, esteatose hepática aguda da gravidez, lúpus eritematoso.
Desta maneira, constata-se que apenas o conhecimento dos parâmetros
laboratoriais corretos diante do decorrer da doença permite realizar o seu diagnóstico e
monitorização, incluindo identificar seu progresso.
A variedade de sinais e sintomas apresentados por cada gestante com o síndrome,
chegam a ser similares com outras patologias, o que dificulta o tratamento rápido e também
o seu diagnóstico. É neste momento que se faz necessário um bom conhecimento sobre o
assunto, conhecimento este que deve ser procurado por cada profissional de saúde de
maneira ininterrupta. Após este momento da avaliação da grávida é imprescindível fazer o
exame laboratorial para que se comprove a hipótese de diagnóstico do síndrome HELLP.
Diante disto, o diagnóstico do HELLP é facilitado quando a cliente apresenta um
quadro que vem acompanhado de sua tríade laboratorial completa nas suas irregularidades,
sendo estas a trombocitopenia, o aumento das enzimas hepáticas, indicando possível lesão
e disfunção hepática e hemólise (SILVA, 2009).
Essa tríade laboratorial pode ser observada quando, o esfregaço periférico do sangue
se apresenta anormal (esquistocitose, anisocitose, equinocitose), uma bilirrubina total
superior a 1,2 mg%, LDH superior a 600 U/l, indicando hemólise; TGO/AST também superior
a70 U/l, (juntamente com LDH superior a 600 U/l), indicando aumento das enzimas
hepáticas; Plaquetas < 150.000/mm³, indicando trombocitopenia. O fator que desencadeia a
trombocitopenia ainda não está definido, mas alguns processos imunológicos ou mesmo
simplesmente a deposição de plaquetas nm região de lesão endotelial podem ser os
causadores (FEITOSA, 2010).
Em 1990, Martin indicou uma forma de categorização para o síndrome HELLP, que se
baseia nos seus níveis plaquetários. Esta subdivisão teve o intuito de facilitar a análise da
atividade de recuperação e a sua velocidade diante da puérpera, possibilitando também
prever a necessidade de uma possível plasmaférese. Desta maneira classifica-se em:

Tipo III: 150 – 100.000/mm3;


Tipo II: 100 – 50.000/mm3;
Tipo I: < 50.000/mm3.

Através destes dados, quanto menor for a quantidade de plaquetas encontradas no


exame laboratorial da paciente, mais elevados serão seus riscos de morbidade e mortalidade,
tanto para a grávida/puérpera como para o feto.

CONDUTA

Santos (2014) defende que a conduta a ser adotada diante do Síndrome HELLP,
independente da gravidade do quadro, é a ativa. Esta conduta é apropriada para avaliar e
estabilizar as condições clínicas obstétricas, proporcionar medidas de suporte, avaliar a idade
gestacional, vitalidade e viabilidade fetal, interrupção da gravidez, atuar tratando as
complicações que podem ocorrer e ainda acelerar a recuperação da mulher no puerpério. É
importante salientar que quando há a interrupção da gravidez antes do aparecimento de
sintomas como icterícia, sintomatologia hemorrágica e epigastralgia, o risco de morbidade e
mortalidade da gestante reduz significativamente.
Para que se consiga atingir estes objetivos e diminuir qualquer risco de
morbimortalidade, toda a equipa multidisciplinar de saúde deve agir em conjunto,
proporcionando suporte, uma avaliação completa e profunda sobre a gestante e seu estado,
para que de maneira rápida e objetiva se intervenha sobre o seu caso com sucesso.
Defronte a todas as grávidas com suspeita de HELLP, deve ser realizada uma
avaliação hepática através de uma TAC ou ecografia, com intuito de eliminar qualquer
presença de hematoma hepático. Quando constatado o hematoma, não é mais indicado o
parto eutócico e a cesariana só deve ser realizada num hospital onde seja possível a
realização de uma transfusão sanguínea e de hemoderivados caso seja necessário, inclusive
cirurgia ao fígado, referido pelo Generalitat em 2014.
Continuando pelo guia da Generalitat, após a identificação do diagnóstico, a grávida
com HELLP deve ser tratada como uma gravida com pré-eclampsia grave e necessitará de:

Internamento obrigatório;
Corrigir o quadro de emergência hipertensiva;
Avaliação e monitorização laboratorial a cada 48 horas;
Monitorização fetal a cada 12 horas;

11
Administração de corticoterapia antes do parto entre 24 e 34 semanas de gravidez,
quando possível;
Administração de sulfato de magnésio como precaução da eclâmpsia.

Ainda de acordo com a Generalitat, acredita-se que diante deste quadro é necessário
que alguns aspetos sejam tomados em consideração:

Quando for necessário a realização de uma cesariana, é indicado que a anestesia


administrada seja geral devido à trombocitopenia, pois contribuirá para evitar
ocorrências aquando das punções lombares;
Diante da possibilidade de uma rotura hepática, deve ser realizado um tamponamento
sem tentar hemostasia;
Na realização de hemostasia e drenagem cirúrgica, estas requerem ser generosas;
Se necessária transfusão de plaquetas durante o parto e puerpério, esta deve ser
incentivada, quando os valores sejam <50.000/mm3;
Até que consiga níveis plaquetários normais, deve ser mantida a corticoterapia
(Dexametasona 10mg/200 ml de soro fisiológico, 12/12h);
A interrupção da gestação deve ser escolhida de maneira independente da idade
gestacional em que se encontra a gestante.

É de destacar que conforme a Generalitat, a escolha da via do parto é feita por


indicação obstétrica, sendo dada preferência por via vaginal sempre que não existir nenhuma
contra indicação e o misoprostol pode ser utilizado para sua indução. Diante de uma doente
com HELLP completa ou um caso indicado para cesariana, a anestesia via bloqueio peridural
ou raquidiana só está indicada quando a contagem de plaquetas da gestante se encontra
>50.000/ mm3, sendo assim uma reafirmação de Vasconcellos em 2002. No caso da HELLP
incompleta, sua conduta deve ser individualizada e decidida pela equipa de obstetrícia.
Continuando, a utilização de sangue e hemoderivados devem ocorrer de maneira criteirosa.
Nas grávidas com Síndorme HELLP que apresentam trombocitopenia acentuada com uma
contagem de 50.000/μl ou menos e que serão submetidas a uma cesariana, é permitida a
administração de seis bolsas de plaquetas antecedendo de imediato a incisão.
TRATAMENTO

O tratamento do HELLP deve ser realizado da mesma forma que uma eclâmpsia, ou
pré-eclampsia grave, com intuito de prevenir a sua evolução e convulsões, realizado assim
num hospital que possua uma estrutura laboratorial completa, banco de sangue e equipa de
saúde multidisciplinar (SILVA, 2009). Ainda segundo o autor é “…importante uma avaliação
das condições do feto com um teste de repouso; perfil biofísico; biometria fetal. Caso o feto
esteja maduro deve-se interromper a gravidez, se feto for imaturo, deve-se administrar
glicorticoides e em seguida interromper a gravidez; quando os quadros clínicos que não
sejam de extrema gravidade deve-se tentar reverter a síndrome [...].
No estudo feito por Nunes (2005), executado com grávidas submetidas a
corticoterapia em altas doses, foram encontradas melhorias na disfunção hepática
apresentada no síndrome e uma propensão à normalização dos valores trombocitários, como
também ocorreu de forma significativa a diminuição da epigastralgia. Foi ainda observado
um adiantamento da gestação, pois os corticoides atuam estabilizando a condição clínica da
mãe, permitindo assim a maturação fetal. O alongamento do período gestacional ou mesmo,
o tempo de internamento da mãe no puerpério, estão relacionadas com a dose de corticoides
que é administrada (O´Brien, 2000).
Estas pesquisas demonstram visivelmente que a administração de corticoides é
benéfica tanto para a grávida como para o feto, na progresso clínico e laboratorial do
síndrome HELLP.
Ao longo dos anos foram sugeridos diferentes experimentos clínicos com a intenção
de tratar ou reverter a fisiopatologia do síndrome, no entanto, poucos ensaios clínicos foram
realizados para comprovar a sua eficácia pelo que, não são encontradas evidências que
assegurem a recomendação dos mesmos. Até hoje, a resolução definitiva do Síndrome HELLP
só pode ser alcançada exclusivamente através da realização do parto e a remoção dos vilos
coriónicos.
Após a realização do parto, dá-se continuidade à atenção e estabilização do quadro
clínico da puérpera, como também, ao tratamento de suporte da coagulopatia, picos
hipertensivos e administração de corticoides. Estudos atuais demonstram que não há
diferença nos resultados com administração de corticoide quando os valores plaquetários se
encontram >50.000/mm³. Portanto indica-se sua terapêutica a valores <50.000/mm³
(FEITOSA; SAMPAIO, 2010).
Vasconcellos (2002),diz que quando já constatada a crise convulsiva, deve-se
continuar a seguir o mesmo regime terapêutico (demonstrado a seguir), respeitando a ordem

13
dos procedimentos. Ainda conforme o autor e reafirmado por Mion (2003), recomenda-se a
administração de sulfato de magnésio, para controle e/ou prevenção das crises convulsivas
em dose igual à usada na situação de eclâmpsia, proposta pelos autores a ser administrado
em um dos seguintes esquemas sugeridos:

Esquema de Pritchard

Inicialmente é realizado uma dose de: 20ml de sulfato a 20% injetando lentamente
IV (8ml de sulfato a 50% + 12ml de água destilada) + 10ml de sulfato a 50% em cada glúteo;
Depois serão administradas doses de manutenção: 10ml de sulfato a 50% (IM) a
cada 4 horas.

Esquema de Sibai

São administrados 4ml de sulfato de magnésio a 50% mais 56ml de soro glucosado a
60ml/hora (2 gramas/hora).

Seguindo ambos os esquemas, é necessário que se mantenha a diurese da cliente


acima de 25ml/hora, a preservação dos seus reflexos patelares e que a mesma mantenha
uma frequência respiratória adequada. Deve-se manter o esquema por 24 horas após o parto
ou da última convulsão. É importante ainda, que se faça uma recolha de amostra de sangue
para avaliação e reavaliação.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento das suas


necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência através da educação; de
recuperar, manter e promover a sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros
grupos profissionais.
É imprescindível que os profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros que
mantêm um contato mais próximo com o doente, estejam atentos à prevenção, desde
rastrear as gestantes no centro primário de saúde para realização do acompanhamento das
mesmas, preenchendo de forma completa e correta o boletim da grávida, como também na
prevenção e tratamento dentro do próprio hospital, através de uma assistência de
enfermagem digna, dando toda informação necessária e rastrear alterações tanto na
grávida/puérpera como no feto/recém-nascido.
Para o cuidar qualquer cliente e, neste caso as gestante no meio hospitalar, temos
de ter como alicerce as teorias de enfermagem que servirão de referência para a análise da
prática de enfermagem pois estas trazem uma explicação, cada uma em sua singularidade
sobre a prática ou o cuidar pela parte da equipa de enfermagem, pois exprimem o
desenvolvimento das ações mostrando as suas conspecções do mundo profissional.
Assim, para que haja uma assistência de enfermagem que cubra todas as
necessidades da cliente com síndrome HELLP, o enfermeiro pode basear-se na teoria da
“Abordagem da enfermagem centrada no doente”, que é a teoria adotada neste estudo, pois
é a teoria utilizada pelo HTVC.
Criada por Faye Glenn Abdellah nos anos 60, esta detém o propósito de prestar um
cuidado de enfermagem ao indivíduo como um todo, ou seja, o enfermeiro deve abordar o
cliente holisticamente, pois o a pessoa que recebe os cuidados não está apenas a padecer
nas necessidades físicas, mas também emocionais e sociológicas. Abdellah agrupou “21
problemas de enfermagem”, girando estes em torno das necessidades de segurança,
repouso, higiene, promoção da saúde física e emocional, conforto, nutrição, oxigénio,
atividade, hidratação e eliminação (Current Nursing, 2004). Também criou uma relação de
10 medidas que possibilitam identificar os problemas enfrentados pelos clientes, traçando
11 aptidões de atuação da enfermagem, para serem utilizadas na criação de uma tipologia
de tratamento, indicados a seguir.
As medidas que possibilitam identificar os problemas do cliente:

Aprender a conhecer o doente;


Classificar os dados relevantes e significativos;
Generalizar os dados disponíveis em relação aos problemas de enfermagem
semelhantes apresentados por outros clientes;
Identificar o plano terapêutico;
Generalizar o teste com o cliente;
Validar as conclusões do utente sobre os seus problemas de enfermagem;
Permanecer a avaliar o utente durante um período de tempo para identificar as
atitudes e as pistas que afetam o seu comportamento;
Observar a reação do cliente e dos seus familiares sobre o plano terapêutico e
envolvê-los neste;
Investigar como os restantes enfermeiros se sentem diante dos problemas do doente;

15
Debater e criar um plano de atenção integral de enfermagem.

Habilidades de atuação da enfermagem:

Avaliar do estado de saúde;


Utilizar as habilidades de comunicação;
Aplicar o conhecimento;
Ensinar e esclarecer doentes e familiares;
Planear e organizar o trabalho;
Uso de recursos materiais;
Utilizar os recursos de pessoal;
Atuar na resolução de problemas;
Direcionar o trabalho de outros;
Fazer uso da autoterapia;
Executar os procedimentos de enfermagem.

A doente com síndrome HELLP necessitará de cuidados especiais, pois trata-se de


uma gravidez de alto risco, portanto deve ser considerada na sua singularidade e requer
internamento imediato. A partir deste momento o enfermeiro entrará em ação, seguindo a
teoria de enfermagem de Abdellah, acompanhando a proposta no qual:

Deve verificar o repouso da mesma;


Observar repetidamente os seus níveis de pressão sanguínea;
Garantir o máximo de silêncio e tranquilidade que for possível no ambiente;
Garantir que a sua dieta será adequada à sua patologia (hipossódica, hiperproteica,
manter hidratação);
Realizar o plano terapêutico prescrito (adm, por exemplo, Adalat, hidralazina, Sulfato de
Magnésio);
Trazer esclarecimento a família e a gestante sobre a doença e procurar acalmá-los;
Realizar balanço hídrico;
Preparar a paciente para exames e análises clínicas;
Detectar quaisquer sinais de eclâmpsia;
Caso haja indicação, preparar a paciente emocionalmente e fisicamente para cirurgia;
Proporcionar o máximo de conforto e privacidade possível;
Concretizar o método de escuta ativa e fornecer apoio emocional, dando atenção às
queixas e temores da cliente;
Após o parto incentivar a amamentação caso a puérpera se encontre em condições e
não haja contraindicação.

O profissional de enfermagem ainda pode traçar um plano de cuidados baseando-se na


taxonomia da North American Nursing Diagnoses Association/NANDA. Estes diagnósticos
auxiliarão a prestação da assistência específica, delineando conforme as necessidades e
riscos apresentados pela paciente, as suas ações de cuidar.
O conhecimento acerca do Síndrome HELLP pode proporcionar inúmeras contribuições
para a ampliação da visão do profissional e estudante, mediante a identificação do problema
frente ao cliente, para tanto fez-se um aprofundamento teórico para melhorar a assistência
à mulher e a análise da incidência desta síndrome na população, para consequente avaliação
dos serviços de saúde oferecidos na região do Deltebre.

17
METODOLOGIA

TIPO DE PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter descritiva retrospetiva, com


abordagem quantitativa. A abordagem quantitativa consiste na investigação da pesquisa
empírica, onde a principal finalidade é delinear e/ou analisar as características de factos ou
fenómenos, avaliar programas ou isolamentos variáveis e tem como objetivo, a colheita de
dados sistemática sobre a amostra da população e do programa (MARCONI, 2006).

LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Hospital de Tortosa de Verge de la Cinta, localizada cidade


de Tortosa, na Comunidade Autónoma da Catalunha, escolhida por ser uma unidade de
acompanhamento e tratamento para gravidezes de alto risco, o que inclui o tratamento para
gestantes portadoras de Distúrbios Hipertensivos Específicos da Gravidez e as suas
consequências.

UNIVERSO E AMOSTRA

O universo foi formado por registo clínicos. A amostra é formada por 136 registos
clínicos de grávidas e puérperas que estiveram internadas no HTVC entre Janeiro de 2017 a
Janeiro de 2018, perfazendo um total de 100% da amostra num ano de pesquisa. Como
critério de inclusão foram utilizados todos os registos clínicos de clientes que apresentaram
o diagnóstico de Síndrome Hipertensiva Especifica da Gravidez (SHEG), como também,
aquelas a que foi diagnosticado o Síndrome de HELLP desde sua admissão no HTVC.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi realizado através de levantamento de dados dos registos clínicos de
grávidas e puérperas, onde foram avaliadas todas as mulheres que foram diagnosticadas com
SHEG com o intuito de verificar a incidência da síndrome HELLP, no período compreendido
entre Janeiro de 2017 e Janeiro de 2018. A colheita de dados aconteceu no mês de Fevereiro
de 2018, no serviço de Medicina Preventiva. Os dados quantitativos têm origem dos registos
clínicos do hospital. Foram analisados nos registos pontos como a idade, raça, procedência,
motivo de internamento, situação de gravidez, diagnóstico e a evolução situacional destas
mulheres. A colheita dos dados foi realizada após aprovação do projeto pela Comissão de
Ética e Pesquisa do HTVC. Foram registrados os números dos registos que se encaixavam no
perfil selecionado para o estudo, e logo após, através desta identificação foi possível obter
acesso no servidor ao registos médicos e de enfermagem.

ANÁLISES DE DADOS

Antes de serem analisados, os dados foram distribuídos numa grelha para ser
possível uma melhor visualização das características colhidas e em seguida os dados
quantitativos foram analisados com índices e frequências absolutos e relativos, sendo
posteriormente relatados em gráficos executados através do Microsoft Office Excel.

ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

A pesquisa no desenvolvimento deste estudo observou as recomendações éticas no


que se refere a pesquisa envolvendo seres humanos, referenciada no documento
“RECOMENDACIONES DEL COMITÉ DE BIOÉTICA DE ESPAÑA CON RELACIÓN AL IMPULSO E
IMPLANTACIÓN DE BUENAS PRÁCTICAS CIENTÍFICAS EN ESPAÑA”. No projeto não consta o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido visto que se trata de uma pesquisa puramente
documental.

19
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo será apresentada a análise dos dados que foram colhidos e tratados
durante a investigação, onde foram avaliados de maneira quantitativa e discutidos ao mesmo
tempo os resultados da pesquisa.
Visto que cada grávida que manifestava complicações no diagnóstico de SHEG grave
apresentava dois ou mais sinais e sintomas que se encaixavam no perfil fisiopatológico da
Síndrome de HELLP, demonstra-se no gráfico a seguir a relação destes enquanto as clientes
estavam internadas no HTVC:

GRÁFICO 1: Distribuição dos dados referentes aos sinais e sintomas da Síndrome de HELLP
apresentados nas grávidas internadas (N=136)

Hipertensão
45%
Cefaléia
40%
Não identificado
35%
Epigastralgia
30%
Dor no baixo ventre
25%
Proteinúria
20%
Dor no hipocôndrio direito
15%
Edema
10%
Convulsão
5%
Alterações visuais
0%
Amniorrexe prematura

Fonte: Dados da investigação 2017/2018 (HTVC).

De acordo com o gráfico 1, observou-se que dentro das ingressadas com síndrome
HELLP os principais sinais e sintomas identificados foram hipertensão (44,44%), que muitas
ocasiões o seu controlo era difícil; cefaleia (11,11%); epigastralgia (7,40%); dor no baixo
ventre (5,55%); proteinúria (5,55%); dor no hipocondrio direito (3,75%); edema (3,70%);
convulsão (3,70%), alterações visuais (1,85%); amniorrexe prematura (1,85%) e metrorragia
(1,85%). Ainda houve uma parcela de 9,25% de registos em que não foi possível identificar
quanto a seus sinais e sintomas, pois estes estão incompletos ou não tinham sido
preenchidos/relatados.
Estes dados vão de encontro à literatura, pois existe consonância no que diz respeito
aos sinais e sintomas serem imprecisos, o que leva muitas vezes ao diagnóstico incorreto da
HELLP por outras patologias. No diagnóstico inicial são identificadas muitas vezes a dor
epigástrica ou dor no quadrante superior direito, cefaleias persistentes, hipertensão grave,
mal estar geral e ainda os outros dados apresentados no gráfico acima num estado mais
avançado da síndrome, como alterações visuais, hemorragias e possibilidade de eclâmpsia
(IPERBA,2006). Entretanto por traz disto não deve ser desconsiderado que seu diagnóstico
concreto só se dá por meio de exames laboratoriais.

O próximo gráfico mostra a incidência da Síndrome HELLP, que é o centro da


construção desta investigação.

GRÁFICO 2: Distribuição de dados sobre a incidência da Síndrome de HELLP (N=136)

HELLP parcial HELLP total SHEG grave


82,36%

11,80%

5,84%

Fonte: Dados da pesquisa 2017/2018 (HTVC).

O gráfico 2 demonstra que dentro do universo investigado de 136 registos, 112 deles
(82,36%) permaneceram no mesmo estado em que se encontravam (apenas diagnóstico de
SHEG grave); os restantes, correspondem a 24 registos (17,64%), observando-se que destas
24, 16 mulheres (11,80%) evolucionaram para a SH total, ou seja, apresentavam a tríade
completa da síndrome e, 8 mulheres (5,84%), apresentaram manifestações incompletas
desta tríade, logo, demonstraram HELLP parcial.
A porção do número de mulheres que evoluíram de SHEG grave para a Síndrome de
HELLP está em concordância com outras investigações, como a de Burrow e Ferris em 1996,
que demonstraram uma incidência de 18,74% através de um estudo realizado e ao mesmo

21
tempo foi demonstrada com valores acima do esperado de acordo com os estudos mais
atuais como é o caso de Santos (2004), que demonstra uma incidência de 2 a 12% e para o
IPERBA (2006), que relata uma taxa de ocorrência entre os 0,2 a 12%. Sobre a Síndrome
HELLP total, não foram encontradas nesta investigação nem nos estudos procurados, valores
que informassem a sua incidência. No gráfico acima onde se encontra descrito a Síndrome
de HELLP total fazendo separação entre sua incidência e da parcial, de forma a ser mais fácil
a compreensão dos valores detalhadamente entre as gestantes com a síndrome, durante um
ano. Os valores descobertos da Síndrome de HELLP parcial ficaram um pouco abaixo do
mencionado comparados com outros estudos sobre sua incidência. Mas existem poucos
dados literários sobre sua frequência, sendo relatadas percentagens de 6,6% e 24,1% por
Peraçoli em 2005.
Como já foi referido nos parágrafos acima, a HELLP por ser uma complicação, é
passível de sofrer influência de alguns fatores, ainda mais sendo a sua etiologia
desconhecida. Inclusive isto é notável diante da relação socioeconómica de regiões e países,
havendo diferenças significativas na taxa de incidência, o que traz margem para
questionamentos.

GRÁFICO 3: Distribuição de dados sobre a regionalização de clientes que foram


diagnosticadas com Síndrome HELLP ( N=136)
80% 75% 75%
70%
60%
50%
40%
30% 25%
18,75%
20%
10% 6,25%

0%
HELLP parcial HELLP total
Tortosa Região Deltebre Outras regiões

Fonte: Dados da investigação 2017/2018 (HTVC).

O gráfico acima expõe a relação da ocorrência da síndrome de HELLP diante da


localização regional em que cada mulher vive e que lhe foi diagnosticada síndrome HELLP.
Sendo assim foram encontrados dados de mulheres com HELLP total onde: da própria cidade
de Tortosa, que inclui Tortosa, Roquetes e Jesùs, existe uma a mais pequena fração (18,75%);
nas áreas mais rurais da região estão o maior número de casos identificados (75%); houve
também uma porção dos registos que identificavam a HELLP, mas que não foi identificada a
procedência destas gestantes (6,25%). Diante das mulheres que apresentaram HELLP parcial,
trazendo confirmação ao achado de cima, houve uma parcela menor (25%) que eram de
Tortosa; as restantes mulheres vindas da zona de Deltebre representam um maior número
(75%) com o diagnóstico existente.
A literatura diz a cerca desta variável, que como fator tendencioso a Síndrome de
HELLP sofre influência de todo um “universo” a sua volta. A área geográfica é um desses
fatores bem marcantes para esta descoberta, que vem sendo confirmada em outras
investigações como a do IPERBA (2006), que demonstra valores altos e significativos da sua
incidência em países em desenvolvimento (onde a assistência a saúde e escolaridade, ainda
se encontram precárias) e índices bastante inferiores em regiões mais desenvolvidas, como
nos EUA.
A forte incidência encontrada nos achados de HELLP no Instituto Cândida Vargas
(ICV) onde foi realizada a pesquisa, deve-se ao fato de que por este ser a única maternidade
de referência para gestação de alto risco do estado, em todo tempo se encontra uma grande
população que vem afluindo para ela de diversos municípios de todo o estado e não somente
da capital.
Em todo território Espanhol, a saúde se constitui um direito constitucional, sendo
dever do Estado oferecer a toda população, um sistema que proporcione serviços de
qualidade e que disponibilize o melhor atendimento possível (desde a assistência básica à
mais avançada) independente de raça, condição social e ou etnia. Apesar disto cada
Autonomia de Espanha tem as suas regras e os seus programas e neles, neste caso, não estão
incluídos programas de preparação/seguimento para o parto como também recuperação
pós-parto, o que leva muitas vezes a não serem feitos diagnósticos corretos em tempo
devido, devido ao não seguimento das gestações no sector público, a não ser que haja uma
emergência.

23
GRÁFICO 4: Distribuição de dados quanto a relação entre idade, paridade e a Síndrome de
HELLP (N=136)
75% 75%
62,50% 62,50%

37,50%
31,25%
25% 25%

6,25%

> 25 anos < 25 anos Multíparas Nulípara Não identificada


paridade

HELLP parcial HELLP total

Fonte: Dados da investigação 2017/2018 (HTVC).

A relação encontrada entre a idade e paridade das mulheres submetidas nesta


investigação e que evoluíram para a Síndrome de HELLP, demonstra que: aquelas que
desenvolveram a tríade da HELLP, existia uma incidência de 62,50% em maiores de 25 anos
de idade e as outras 37,50% tinham idade inferior a 25 anos. De seguida observa-se que
62,50% eram multíparas e 31,25% eram nulíparas, havendo ainda, uma percentagem de
6,25% onde foi impossível verificar a sua paridade por não estarem preenchidos os campos
relativos a esse dado. A que apresentaram síndrome parcial, mulheres com idades superiores
a 25 anos constituem um total de 75%, sendo as restantes 25% menores de 25 anos, onde
destas 75% são multíparas e 25% nulíparas.
Todas as literaturas estudadas e referenciadas na elaboração deste trabalho
evidenciam maior probabilidade da síndrome de HELLP em mulheres multíparas. Mas
relacionando este fator com a idade das mulheres, existe divergências encontradas. Jakobi
(2005) relata que ao fator idade, as mulheres acima de 25 anos se enquadram ao perfil
fisiopatológico que incide a esta complicação. Angonesi e Polato (2007) levam a questão mais
a fundo e relatam que, embora esta síndrome possa ocorrer em qualquer mulher, alguns
fatores são destacados por indicarem maior risco, fazendo parte destes as primigestas
jovens/adolescentes e também mulheres com idade superior a 35 e 40 anos.
A idade das mulheres neste estudo varia entre os 14 e os 40 anos. É possível observar
a partir do gráfico 4 que a maior incidência tanto da HELLP parcial quanto total, se manifesta
em clientes com idade superior a 25 anos e que eram multíparas, estando estes achados em
consonância com as referências dos autores citados anteriormente.

GRÁFICO 5: Distribuição de dados quanto a relação da incidência de óbitos (N=136)

10%

30%

60%

Óbitos de RN por S. HELLP Óbitos de RN por Pré-eclâmpsia grave Óbitos maternos (eclâmpsia)

Fonte: Dados da pesquisa 2017/2018 .

O gráfico demonstra a ocorrência de óbitos encontrados na amostragem submetida


a estudo. As mulheres que apresentaram apenas pré-eclâmpsia grave sendo a população que
já se encontrava em maior número como já referido acima no gráfico 2, apresenta um maior
número de óbitos encontrados (60%), sendo estes apenas em recém-nascidos (RN). As
gestantes/puérperas com diagnóstico HELLP refletem 30% dos óbitos em RN. O óbito
materno apenas aconteceu perante o quadro de eclâmpsia perfazendo os restantes 10% dos
casos de óbito.
Pelo gráfico acima representado, observando apenas o tema desta investigação, não
houve nenhum óbito materno nas doentes que cursaram HELLP, apenas exclusivamente
existindo mortes de recém-nascidos. Seguindo esta observação e prestando atenção às
literaturas mais atuais, Angonesi e Polato (2007) relatam que a incidência da taxa de
mortalidade varia entre os 8% e os 60%, e Katz (2008) evidencia uma incidência entre 1 e
24%.
É necessário relembrar a asserção de Neme (2000), que declara que a morbidade e
mortalidade materna são dependentes do fator gravidade da doença, ao passo que a
morbimortalidade perinatal será refletida diante da idade gestacional que se encontra.
Assim, o fato de não ter ocorrido nenhum óbito materno reflete a assistência que é oferecida

25
as grávidas/puérperas desde sua chegada ao hospital e o tratamento rápido, evitando
possíveis complicações e riscos materno-fetais.
GRÁFICO 6: Distribuição de dados quanto a identificação de hipertensão arterial antecedente
à gravidez. (N=136)

Mulheres com Síndrome de HELLP

20,83%
Sim

37,50% Não
Não identificados

41,67%

Fonte: Dados da investigação 2017/2018 (HTVC).

O gráfico exposto exibe as percentagens dos registos clínicos estudados quanto a


hipertensão, como papré-gestacional. É possível observar que apenas 20,83% das mulheres
com Síndrome de HELLP apresenta este tipo de hipertensão; em 41,67% das clientes só foi
encontrada hipertensão arterial sistémica como condição da má adaptação gestacional
(SHEG) e ainda 37,50% dos restantes registos não foram identificados quanto a este dado
porque se encontravam incompletos.
Segundo Jakobi (2005), um dos riscos para o desenvolvimento da síndrome é possuir
HA. Porém, como houve neste gráfico uma grande parcela que não foi possível ser
identificada quanto a possuir HÁ ou não, dificulta a análise, tornando impossível a
fundamentação deste achado.
Desta forma, estes dados expostos servem para mais um conhecimento dos achados
encontrados, deixando aqui a interrogação: se os registos clínicos médicos e de enfermagem
servem para acompanhar a gestação, não somente na gestação atual, mas também como
informação necessária para futuras gestações visto que, quaisquer problemas como a
Síndrome de HELLP ou outras patologias relacionadas são inclináveis a recidivas, por que os
próprios profissionais de saúde que as avaliam não os preenchem corretamente e ignoram
seus dados? E também, porque tantas gestantes não se encontram com seus boletins, deve-
se ao motivo de não realizarem o acompanhamento do pré-natal?
Na elaboração desta investigação ainda foi realizado o estudo quanto à raça e
recidiva da patologia, visto que, os autores utilizados para construção desta investigação,
evidenciam que a maioria das mulheres que são diagnosticadas com HELLP são caucasianas
e, que uma vez diagnosticada uma vez, existe a tendência de recidiva nas próximas
gravidezes. Mas, não houve nenhum caso de recidiva que fosse explicito no preenchimento
dos dados das grávidas na sua admissão no hospital e quanto à questão racial, foi verificada
apenas uma mulher mongoloide meridional que apresentou o diagnóstico de síndrome de
HELLP e todos outros 135 registos eram assinalados como árabe, não fazendo distinção
verídica sobre a seleção racial das mesmas.

27
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a pesquisa feita para a construção desta investigação, foi bastante notável as
divergências encontradas entre autores sobre alguns fatores como a relação que a patologia
apresenta sobre a idade e principalmente a sua incidência, demonstrando ainda mais a
necessidade de novas investigações.
Através da análise dos dados foi encontrada a incidência da Síndrome de HELLP, que
era o foco principal deste estudo. Decorreu na cidade de Tortosa, na Comunidade Autónoma
da Catalunha, em Espanha, um país desenvolvido, que apesar disto, as evidências
encontradas no Hospital de Tortosa Verge de la Cinta, durante um ano, revelam uma
incidência de 17,64% das internadas com SHEG grave.
Ainda, foi possível traçar um perfil fisiopatológico local da síndrome onde, a maior
parte das mulheres afetadas têm idade superior a 25 anos, multíparas, os principais sinais e
sintomas principalmente com hipertensão arterial grave, cefaleia, epigastralgia, proteinúria,
dor no baixo ventre e ainda eram provenientes da região do Deltebre.
De acordo com o histórico das clientes observado nos registos foi possível reconhecer
a angústia vivenciada pelas grávidas, inclusive pela consciência do fator “risco de vida”
materno e neonatal. Esta situação foi confirmada pelos diários de evolução contidos nos
registos feitos pelos psicólogos que prestavam assistência às doentes.
Também observada a relação que o ambiente e a interação com a equipa de saúde
tinham sobre as grávidas/puérperas, visto que, quando as mesmas se encontravam na UCI
apresentavam dificuldades no sono, não era colaborantes, estavam temerosas e bastante
chorosas, inclusive, quando estavam cientes que o neonato também se encontrava internado
na UCIN.
Mais uma vez este estudo demonstra uma das grandes responsabilidades que o
enfermeiro possui que é proporcionar o maior conforto e tranquilidade aos clientes,
utilizando para isso o método da escuta ativa e qualquer outra ferramenta que ele possa
utilizar, para prestar um cuidado de enfermagem holístico.
Como dificuldade encontrada na realização deste estudo, destacam-se as letras
ilegíveis nos registos de urgências e registos informáticos bastante incompletos em algumas
ocasiões.
Todas estas falhas ressaltadas não interferem apenas numa investigação, como neste
caso, mas interfere principalmente no que diz respeito à saúde dos clientes. A partir do
momento em que não se realiza de forma correta o dever de enfermagem e médico e não é
facilitada a passagem de informações do doente assistido para a restante equipa de saúde,
que igualmente auxiliará na assistência ao doente, apenas este sofrerá as consequências dos
erros cometidos.
Investigações realizadas anteriormente sobre a incidência da síndrome de HELLP são
escassas, evidenciando a importância da realização deste estudo. Destaca-se então este novo
estudo como de grande valia por proporcionar aporte para o ensino e serviço, possibilitando
a ampliação do conhecimento e visão do estudante e profissional de saúde, incluindo ainda
com ampla estima, por se tornar uma nova e importante fonte de dados recente, sendo um
marco que contribuirá para novas pesquisas.
Esta investigação serviu ainda, para a possibilidade de abertura de programas de
preparação para o parto e recuperação pós-parto, como também um programa obrigatório
de visitas de acompanhamento a cada mês.

29
REFERÊNCIAS

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