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VERGE DE LA CINTA
Inês Damasceno
Porto, 2018
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO
Verge de la Cinta
Porto, 2018
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família: à minha irmã, pela compreensão, à minha mãe e ao meu
pai por me terem incentivado, abarcando com paciência e esforço os meus estudos; e a toda
a minha família, que sempre torceu torceram por mim.
Ao meu amigo Tiago pela compreensão, auxílio nas horas difíceis, ao incentivo a não
desistir do que realmente gostava e pelos momentos que compartilhamos, horas de estudo
no comboio, embora estivéssemos em cursos diferenciados. Não teve oportunidade de
acabar o curso dele, mas farei isto também por ele.
À Universidad Rovira i Virgil por me conceder o auxílio necessário para realização
deste período ERASMUS, inclusive pela Profª Marisa Mateo, que me acolheu como se fosse
da sua família.
A todos os professores que me instruíram ao saber, em destaque a minha
orientadora, Prof.ª Ilda Fernandes pela ajuda, incentivo, paciência e dedicação com meu
trabalho.
A todas e todos os enfermeiros, auxiliares, médicos, zeladores tanto no Porto como
aqui em Tortosa, que fizeram o meu caminho nestes estágios mais fáceis e duros ao mesmo
tempo, de forma a sair deles como “a melhor estudante que por aqui passou”, tanto a nível
de saber, de prática, de relação.
A todos os meus colegas, em especial à Irlene, Maria João, Márcia, Daniela, Miguel,
Diogo, e GAEP por todos os momentos vividos juntos, nos estágios, nos trabalhos, pelos
sorrisos e por toda ajuda.
"Look up at the stars and not down at your feet. Try
to make sense of what you see, and wonder about
what makes the universe exist. Be curious.”
Stephen Hawking
RESUMO
Gráfico 1 - Distribuição dos dados referentes aos sinais e sintomas da Síndrome de HELLP
apresentados nas gestantes internas
20
1
por conter dados que podem ser utilizados no processo educativo; para o serviço, pois
possibilitará a ampliação da visão do profissional e dos estudantes, mediante identificação
do problema frente ao cliente e para a pesquisa, pois a análise de sua incidência servirá como
uma nova fonte de dados local e recente, contribuindo para novas pesquisas na área.
Como estudante de enfermagem, através da literatura investigada foi possível
construir conhecimentos teóricos sobre a síndrome. O aprofundamento acerca de sua
incidência no Hospital de Tortosa Verge de la Cinta, referência para o tratamento da mesma,
foi um marco estimulador para a construção desta pesquisa. Portanto, tal preocupação
constitui a abrangência desse projeto, cuja questão segue: “Qual foi a incidência da Síndrome
de HELLP no HTVC em um ano?”.
Este estudo aborda o tema saúde da mulher, com foco na gestação de alto risco
diante da Síndrome HELLP. Tem como objetivo verificar sua incidência entre janeiro do ano
de 2017 a Janeiro de 2018, no HTVC. Pretende-se também, organizar as informações das
gestantes e puérperas internadas através da fonte de dados do hospital; separar os registos
clínicos das clientes que apresentaram a síndrome em questão, inclusive as que tiveram
diagnóstico de SHEG grave e estudá-los, correlacionando os dados colhidos e os seus
achados.
MARCO TEÓRICO
3
órgãos. As manifestações clínicas, embora sejam similares, podem surgir decorrentes de
causas diferentes (SIBAI, 2010).
O National High Blood Pressure Education Program –NHBPEP (2000), identificar as
diferentes formas de manifestação da hipertensão arterial na gravidez é essencial para que
se diferencie a hipertensão que precede a gravidez daquela que é de espécie explicita da
mesma. Na primeira, a elevação da pressão arterial é o aspecto fisiopatológico básico da
doença, a segunda é resultante da má adaptação do organismo materno à gravidez, onde se
observará a hipertensão apenas como um dos seus achados. O impacto dessas duas
condições sobre grávida e o feto é bem diferente, assim como o controle das mesmas.
A gestação pode agravar a hipertensão existente antes da gravidez, bem como
induzi-la em mulheres normotensas. Nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento,
apesar de que já devia ter mudado, ainda constitui a primeira causa de morte materna,
principalmente quando o problema evolui para suas formas mais graves, de pré-eclâmpsia à
eclâmpsia e Síndrome de HELLP (SIBAI, 1999).
Classifica-se a SHEG em duas variantes básicas: pré-eclâmpsia (forma não convulsiva)
e eclâmpsia, que se distingue diante de episódios convulsivos decorrentes de efeitos
cerebrais profundos da pré-eclâmpsia (ANGONESI & POLATO, 2007).
Angonesi e Polato (2007) relatam que “as complicações da SHEG afetam múltiplos
sistemas, como o sistema cardiovascular, renal, hematológico, neurológico, hepático e
uteroplacentário; tais como: descolamento da placenta, prematuridade, retardo do
crescimento intrauterino, morte materno-fetal, oligúria (volume urinário inferior a 400 ml em
24h), crise hipertensiva, edema pulmonar, edema cerebral, trombocitopenia (défice de
plaquetas no sangue), hemorragia, acidente vascular cerebral, cegueira, intolerância fetal ao
trabalho de parto [...].”.
Contudo, as repercussões que estão mais presentes para o feto diante desta
patologia são a restrição do crescimento intrauterino, baixo peso à nascença e
prematuridade (CHAIM et al, 2008).
Quando diagnosticada a doença, devem ser tomadas medidas de para que não cause
nenhum dano quer à gestante, quer ao feto. Muitas vezes o tratamento quando não alcança
a eficácia esperada, é recomendável a interrupção da gravidez através da realização do parto
com a tentativa de reverter o quadro, evitando sua evolução para as formas mais graves,
entre elas, a eclâmpsia e a síndrome HELLP.
Neste momento a atuação da equipa de enfermagem torna-se cada vez mais
importante, pois serão realizados os diagnósticos de enfermagem e traçados os cuidados de
maneira específica para a cliente, ou seja, o processo de entrará em vigor em meio a
singularidade de um ser, proporcionando prevenção, promoção e reabilitação do seu estado
de saúde.
SÍNDROME DE HELLP
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A pré-eclâmpsia ou a eclâmpsia, já apresentam riscos significativos tanto para a mãe
como para o feto e, quando se tem conjuntamente hemólise, aumento das enzimas hepáticas
e trombocitopenia, ou seja, a Síndrome HELLP, ao diagnóstico já existente delas, há um
aumento de sua morbimortalidade. As mortes que apresentam relação com esta condição
clínica são constantemente relatadas, com uma variação encontrada de 1 a 24% de sua
frequência. Esta taxa de mortalidade alcança níveis ainda mais elevados quando a assistência
a estas gestantes é realizada fora de centros de cuidados e a mortalidade perinatal alcança
os 40% (KATZ, 2008).
Segundo Santos (2004), a incidência da mortalidade materna chega a ser de cerca de 11%,
enquanto a mortalidade perinatal chega aos 40% -60% das ocorrências. Contudo, a
morbilidade e mortalidade materna são dependentes da gravidade da doença, ao passo que
a morbimortalidade perinatais dependem mais da idade gestacional (NEME, 2000).
O fator socioeconómico contribui para o aparecimento/desenvolvimento do
síndrome e a sua taxa de incidência. Isso demonstra que locais com recursos materiais de
qualidade e humanos atuantes, proporcionando uma melhor assistência, garantirão um bom
prognóstico da gestante, inclusive diminuirá a incidência da SH. Assim, esses fatores tão
essenciais que muitas vezes passam despercebidos ou são ignorados, atuam diminuindo a
morbimortalidade.
Sibai (2000), expôs uma investigação realizada com 304 pacientes que adquiriram o
síndrome, onde compreendeu que 95 (31%) apresentaram manifestações do síndrome de
HELLP unicamente no puerpério imediato, com demonstrações variadas, atingindo desde
poucas horas até mesmo seis dias após o parto, onde o maior pico de sua frequência foi
observado nas primeiras 48 horas.
Caucasianas;
Idade >25anos;
Multigestas;
Padeçam de SHEG, hipertensão crónica, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
Antecedentes de síndrome HELLP, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestações
anteriores.
7
Mais tarde, é reafirmado por Katz (2008), que o síndrome HELLP é observada
frequentemente as mulheres que possuem idade mais avançada principalmente que sejam
multíparas, caucasianas e que apresentam antecedentes obstétricos. No entanto, observa-
se os quadros de pré-eclâmpsia e eclâmpsia são mais frequentes em nulíparas e jovens.
Entende-se que a maior parte de suas manifestações dá-se em cima deste perfil, mas
isto não significa dizer que seja exclusivamente deste modo, pois se a etiologia da Síndrome
de HELLP ainda é desconhecida e se toda DHEG grave pode evoluir para esta complicação,
qualquer mulher pode adquiri-la em qualquer fase de sua vida durante uma gestação.
Os seus sinais e sintomas não são precisos, sendo comuns queixas como dor
epigástrica ou no quadrante superior direito, malestar geral, náuseas, vómitos ou até
sintomas semelhantes a uma síndrome viral inespecífica (MION, 2003).
COMPLICAÇÕES
Edema Pulmonar;
Esteatose Aguda;
Descolamento da Placenta;
Diabetes Insípidus Nefrogénicos Transitório;
Coagulação Intravascular Disseminada;
Insuficiência Renal Aguda;
Rutura Hepática Espontânea.
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO
A avaliação materna pode ser realizada de diversas maneiras, embora todas incluam
um estudo de hemograma, coagulação, e bioquímica que abarquem a transaminase, LDH,
fosfatase alcalina, bilirrubina, glicemia, função renal (ureia, creatinina e ácido úrico),
ecografia abdominal para identificar a presença de um hematoma subcapsular hepático,
tomografia computadorizada e uma ressonância magnética. (SANTOS et al, 2004).
9
Dado que a maioria dos sintomas ocorre na pré-eclâmpsia grave, em situações de
gestações normais e ainda se parece com os sintomas de outras doenças, o síndrome HELLP
na sua forma leve pode passar despercebido sendo difícil de diagnosticar (MION, 2003).
Cunha e Patta (1993) citado por Silva (2009), fazem também referência ao Síndrome de HELLP
afirmando que é confundido em diversas ocasiões com outras patologias, sendo
diagnosticado de forma errônea. Entre os diversos diagnósticos incorretos é possível
encontrar comumente a hepatite viral, gastroenterite, doença da vesícula biliar,
encefalopatia, apendicite, esteatose hepática aguda da gravidez, lúpus eritematoso.
Desta maneira, constata-se que apenas o conhecimento dos parâmetros
laboratoriais corretos diante do decorrer da doença permite realizar o seu diagnóstico e
monitorização, incluindo identificar seu progresso.
A variedade de sinais e sintomas apresentados por cada gestante com o síndrome,
chegam a ser similares com outras patologias, o que dificulta o tratamento rápido e também
o seu diagnóstico. É neste momento que se faz necessário um bom conhecimento sobre o
assunto, conhecimento este que deve ser procurado por cada profissional de saúde de
maneira ininterrupta. Após este momento da avaliação da grávida é imprescindível fazer o
exame laboratorial para que se comprove a hipótese de diagnóstico do síndrome HELLP.
Diante disto, o diagnóstico do HELLP é facilitado quando a cliente apresenta um
quadro que vem acompanhado de sua tríade laboratorial completa nas suas irregularidades,
sendo estas a trombocitopenia, o aumento das enzimas hepáticas, indicando possível lesão
e disfunção hepática e hemólise (SILVA, 2009).
Essa tríade laboratorial pode ser observada quando, o esfregaço periférico do sangue
se apresenta anormal (esquistocitose, anisocitose, equinocitose), uma bilirrubina total
superior a 1,2 mg%, LDH superior a 600 U/l, indicando hemólise; TGO/AST também superior
a70 U/l, (juntamente com LDH superior a 600 U/l), indicando aumento das enzimas
hepáticas; Plaquetas < 150.000/mm³, indicando trombocitopenia. O fator que desencadeia a
trombocitopenia ainda não está definido, mas alguns processos imunológicos ou mesmo
simplesmente a deposição de plaquetas nm região de lesão endotelial podem ser os
causadores (FEITOSA, 2010).
Em 1990, Martin indicou uma forma de categorização para o síndrome HELLP, que se
baseia nos seus níveis plaquetários. Esta subdivisão teve o intuito de facilitar a análise da
atividade de recuperação e a sua velocidade diante da puérpera, possibilitando também
prever a necessidade de uma possível plasmaférese. Desta maneira classifica-se em:
CONDUTA
Santos (2014) defende que a conduta a ser adotada diante do Síndrome HELLP,
independente da gravidade do quadro, é a ativa. Esta conduta é apropriada para avaliar e
estabilizar as condições clínicas obstétricas, proporcionar medidas de suporte, avaliar a idade
gestacional, vitalidade e viabilidade fetal, interrupção da gravidez, atuar tratando as
complicações que podem ocorrer e ainda acelerar a recuperação da mulher no puerpério. É
importante salientar que quando há a interrupção da gravidez antes do aparecimento de
sintomas como icterícia, sintomatologia hemorrágica e epigastralgia, o risco de morbidade e
mortalidade da gestante reduz significativamente.
Para que se consiga atingir estes objetivos e diminuir qualquer risco de
morbimortalidade, toda a equipa multidisciplinar de saúde deve agir em conjunto,
proporcionando suporte, uma avaliação completa e profunda sobre a gestante e seu estado,
para que de maneira rápida e objetiva se intervenha sobre o seu caso com sucesso.
Defronte a todas as grávidas com suspeita de HELLP, deve ser realizada uma
avaliação hepática através de uma TAC ou ecografia, com intuito de eliminar qualquer
presença de hematoma hepático. Quando constatado o hematoma, não é mais indicado o
parto eutócico e a cesariana só deve ser realizada num hospital onde seja possível a
realização de uma transfusão sanguínea e de hemoderivados caso seja necessário, inclusive
cirurgia ao fígado, referido pelo Generalitat em 2014.
Continuando pelo guia da Generalitat, após a identificação do diagnóstico, a grávida
com HELLP deve ser tratada como uma gravida com pré-eclampsia grave e necessitará de:
Internamento obrigatório;
Corrigir o quadro de emergência hipertensiva;
Avaliação e monitorização laboratorial a cada 48 horas;
Monitorização fetal a cada 12 horas;
11
Administração de corticoterapia antes do parto entre 24 e 34 semanas de gravidez,
quando possível;
Administração de sulfato de magnésio como precaução da eclâmpsia.
Ainda de acordo com a Generalitat, acredita-se que diante deste quadro é necessário
que alguns aspetos sejam tomados em consideração:
O tratamento do HELLP deve ser realizado da mesma forma que uma eclâmpsia, ou
pré-eclampsia grave, com intuito de prevenir a sua evolução e convulsões, realizado assim
num hospital que possua uma estrutura laboratorial completa, banco de sangue e equipa de
saúde multidisciplinar (SILVA, 2009). Ainda segundo o autor é “…importante uma avaliação
das condições do feto com um teste de repouso; perfil biofísico; biometria fetal. Caso o feto
esteja maduro deve-se interromper a gravidez, se feto for imaturo, deve-se administrar
glicorticoides e em seguida interromper a gravidez; quando os quadros clínicos que não
sejam de extrema gravidade deve-se tentar reverter a síndrome [...].
No estudo feito por Nunes (2005), executado com grávidas submetidas a
corticoterapia em altas doses, foram encontradas melhorias na disfunção hepática
apresentada no síndrome e uma propensão à normalização dos valores trombocitários, como
também ocorreu de forma significativa a diminuição da epigastralgia. Foi ainda observado
um adiantamento da gestação, pois os corticoides atuam estabilizando a condição clínica da
mãe, permitindo assim a maturação fetal. O alongamento do período gestacional ou mesmo,
o tempo de internamento da mãe no puerpério, estão relacionadas com a dose de corticoides
que é administrada (O´Brien, 2000).
Estas pesquisas demonstram visivelmente que a administração de corticoides é
benéfica tanto para a grávida como para o feto, na progresso clínico e laboratorial do
síndrome HELLP.
Ao longo dos anos foram sugeridos diferentes experimentos clínicos com a intenção
de tratar ou reverter a fisiopatologia do síndrome, no entanto, poucos ensaios clínicos foram
realizados para comprovar a sua eficácia pelo que, não são encontradas evidências que
assegurem a recomendação dos mesmos. Até hoje, a resolução definitiva do Síndrome HELLP
só pode ser alcançada exclusivamente através da realização do parto e a remoção dos vilos
coriónicos.
Após a realização do parto, dá-se continuidade à atenção e estabilização do quadro
clínico da puérpera, como também, ao tratamento de suporte da coagulopatia, picos
hipertensivos e administração de corticoides. Estudos atuais demonstram que não há
diferença nos resultados com administração de corticoide quando os valores plaquetários se
encontram >50.000/mm³. Portanto indica-se sua terapêutica a valores <50.000/mm³
(FEITOSA; SAMPAIO, 2010).
Vasconcellos (2002),diz que quando já constatada a crise convulsiva, deve-se
continuar a seguir o mesmo regime terapêutico (demonstrado a seguir), respeitando a ordem
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dos procedimentos. Ainda conforme o autor e reafirmado por Mion (2003), recomenda-se a
administração de sulfato de magnésio, para controle e/ou prevenção das crises convulsivas
em dose igual à usada na situação de eclâmpsia, proposta pelos autores a ser administrado
em um dos seguintes esquemas sugeridos:
Esquema de Pritchard
Inicialmente é realizado uma dose de: 20ml de sulfato a 20% injetando lentamente
IV (8ml de sulfato a 50% + 12ml de água destilada) + 10ml de sulfato a 50% em cada glúteo;
Depois serão administradas doses de manutenção: 10ml de sulfato a 50% (IM) a
cada 4 horas.
Esquema de Sibai
São administrados 4ml de sulfato de magnésio a 50% mais 56ml de soro glucosado a
60ml/hora (2 gramas/hora).
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
15
Debater e criar um plano de atenção integral de enfermagem.
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METODOLOGIA
TIPO DE PESQUISA
LOCAL DA PESQUISA
UNIVERSO E AMOSTRA
O universo foi formado por registo clínicos. A amostra é formada por 136 registos
clínicos de grávidas e puérperas que estiveram internadas no HTVC entre Janeiro de 2017 a
Janeiro de 2018, perfazendo um total de 100% da amostra num ano de pesquisa. Como
critério de inclusão foram utilizados todos os registos clínicos de clientes que apresentaram
o diagnóstico de Síndrome Hipertensiva Especifica da Gravidez (SHEG), como também,
aquelas a que foi diagnosticado o Síndrome de HELLP desde sua admissão no HTVC.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi realizado através de levantamento de dados dos registos clínicos de
grávidas e puérperas, onde foram avaliadas todas as mulheres que foram diagnosticadas com
SHEG com o intuito de verificar a incidência da síndrome HELLP, no período compreendido
entre Janeiro de 2017 e Janeiro de 2018. A colheita de dados aconteceu no mês de Fevereiro
de 2018, no serviço de Medicina Preventiva. Os dados quantitativos têm origem dos registos
clínicos do hospital. Foram analisados nos registos pontos como a idade, raça, procedência,
motivo de internamento, situação de gravidez, diagnóstico e a evolução situacional destas
mulheres. A colheita dos dados foi realizada após aprovação do projeto pela Comissão de
Ética e Pesquisa do HTVC. Foram registrados os números dos registos que se encaixavam no
perfil selecionado para o estudo, e logo após, através desta identificação foi possível obter
acesso no servidor ao registos médicos e de enfermagem.
ANÁLISES DE DADOS
Antes de serem analisados, os dados foram distribuídos numa grelha para ser
possível uma melhor visualização das características colhidas e em seguida os dados
quantitativos foram analisados com índices e frequências absolutos e relativos, sendo
posteriormente relatados em gráficos executados através do Microsoft Office Excel.
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ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo será apresentada a análise dos dados que foram colhidos e tratados
durante a investigação, onde foram avaliados de maneira quantitativa e discutidos ao mesmo
tempo os resultados da pesquisa.
Visto que cada grávida que manifestava complicações no diagnóstico de SHEG grave
apresentava dois ou mais sinais e sintomas que se encaixavam no perfil fisiopatológico da
Síndrome de HELLP, demonstra-se no gráfico a seguir a relação destes enquanto as clientes
estavam internadas no HTVC:
GRÁFICO 1: Distribuição dos dados referentes aos sinais e sintomas da Síndrome de HELLP
apresentados nas grávidas internadas (N=136)
Hipertensão
45%
Cefaléia
40%
Não identificado
35%
Epigastralgia
30%
Dor no baixo ventre
25%
Proteinúria
20%
Dor no hipocôndrio direito
15%
Edema
10%
Convulsão
5%
Alterações visuais
0%
Amniorrexe prematura
De acordo com o gráfico 1, observou-se que dentro das ingressadas com síndrome
HELLP os principais sinais e sintomas identificados foram hipertensão (44,44%), que muitas
ocasiões o seu controlo era difícil; cefaleia (11,11%); epigastralgia (7,40%); dor no baixo
ventre (5,55%); proteinúria (5,55%); dor no hipocondrio direito (3,75%); edema (3,70%);
convulsão (3,70%), alterações visuais (1,85%); amniorrexe prematura (1,85%) e metrorragia
(1,85%). Ainda houve uma parcela de 9,25% de registos em que não foi possível identificar
quanto a seus sinais e sintomas, pois estes estão incompletos ou não tinham sido
preenchidos/relatados.
Estes dados vão de encontro à literatura, pois existe consonância no que diz respeito
aos sinais e sintomas serem imprecisos, o que leva muitas vezes ao diagnóstico incorreto da
HELLP por outras patologias. No diagnóstico inicial são identificadas muitas vezes a dor
epigástrica ou dor no quadrante superior direito, cefaleias persistentes, hipertensão grave,
mal estar geral e ainda os outros dados apresentados no gráfico acima num estado mais
avançado da síndrome, como alterações visuais, hemorragias e possibilidade de eclâmpsia
(IPERBA,2006). Entretanto por traz disto não deve ser desconsiderado que seu diagnóstico
concreto só se dá por meio de exames laboratoriais.
11,80%
5,84%
O gráfico 2 demonstra que dentro do universo investigado de 136 registos, 112 deles
(82,36%) permaneceram no mesmo estado em que se encontravam (apenas diagnóstico de
SHEG grave); os restantes, correspondem a 24 registos (17,64%), observando-se que destas
24, 16 mulheres (11,80%) evolucionaram para a SH total, ou seja, apresentavam a tríade
completa da síndrome e, 8 mulheres (5,84%), apresentaram manifestações incompletas
desta tríade, logo, demonstraram HELLP parcial.
A porção do número de mulheres que evoluíram de SHEG grave para a Síndrome de
HELLP está em concordância com outras investigações, como a de Burrow e Ferris em 1996,
que demonstraram uma incidência de 18,74% através de um estudo realizado e ao mesmo
21
tempo foi demonstrada com valores acima do esperado de acordo com os estudos mais
atuais como é o caso de Santos (2004), que demonstra uma incidência de 2 a 12% e para o
IPERBA (2006), que relata uma taxa de ocorrência entre os 0,2 a 12%. Sobre a Síndrome
HELLP total, não foram encontradas nesta investigação nem nos estudos procurados, valores
que informassem a sua incidência. No gráfico acima onde se encontra descrito a Síndrome
de HELLP total fazendo separação entre sua incidência e da parcial, de forma a ser mais fácil
a compreensão dos valores detalhadamente entre as gestantes com a síndrome, durante um
ano. Os valores descobertos da Síndrome de HELLP parcial ficaram um pouco abaixo do
mencionado comparados com outros estudos sobre sua incidência. Mas existem poucos
dados literários sobre sua frequência, sendo relatadas percentagens de 6,6% e 24,1% por
Peraçoli em 2005.
Como já foi referido nos parágrafos acima, a HELLP por ser uma complicação, é
passível de sofrer influência de alguns fatores, ainda mais sendo a sua etiologia
desconhecida. Inclusive isto é notável diante da relação socioeconómica de regiões e países,
havendo diferenças significativas na taxa de incidência, o que traz margem para
questionamentos.
0%
HELLP parcial HELLP total
Tortosa Região Deltebre Outras regiões
23
GRÁFICO 4: Distribuição de dados quanto a relação entre idade, paridade e a Síndrome de
HELLP (N=136)
75% 75%
62,50% 62,50%
37,50%
31,25%
25% 25%
6,25%
10%
30%
60%
Óbitos de RN por S. HELLP Óbitos de RN por Pré-eclâmpsia grave Óbitos maternos (eclâmpsia)
25
as grávidas/puérperas desde sua chegada ao hospital e o tratamento rápido, evitando
possíveis complicações e riscos materno-fetais.
GRÁFICO 6: Distribuição de dados quanto a identificação de hipertensão arterial antecedente
à gravidez. (N=136)
20,83%
Sim
37,50% Não
Não identificados
41,67%
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a pesquisa feita para a construção desta investigação, foi bastante notável as
divergências encontradas entre autores sobre alguns fatores como a relação que a patologia
apresenta sobre a idade e principalmente a sua incidência, demonstrando ainda mais a
necessidade de novas investigações.
Através da análise dos dados foi encontrada a incidência da Síndrome de HELLP, que
era o foco principal deste estudo. Decorreu na cidade de Tortosa, na Comunidade Autónoma
da Catalunha, em Espanha, um país desenvolvido, que apesar disto, as evidências
encontradas no Hospital de Tortosa Verge de la Cinta, durante um ano, revelam uma
incidência de 17,64% das internadas com SHEG grave.
Ainda, foi possível traçar um perfil fisiopatológico local da síndrome onde, a maior
parte das mulheres afetadas têm idade superior a 25 anos, multíparas, os principais sinais e
sintomas principalmente com hipertensão arterial grave, cefaleia, epigastralgia, proteinúria,
dor no baixo ventre e ainda eram provenientes da região do Deltebre.
De acordo com o histórico das clientes observado nos registos foi possível reconhecer
a angústia vivenciada pelas grávidas, inclusive pela consciência do fator “risco de vida”
materno e neonatal. Esta situação foi confirmada pelos diários de evolução contidos nos
registos feitos pelos psicólogos que prestavam assistência às doentes.
Também observada a relação que o ambiente e a interação com a equipa de saúde
tinham sobre as grávidas/puérperas, visto que, quando as mesmas se encontravam na UCI
apresentavam dificuldades no sono, não era colaborantes, estavam temerosas e bastante
chorosas, inclusive, quando estavam cientes que o neonato também se encontrava internado
na UCIN.
Mais uma vez este estudo demonstra uma das grandes responsabilidades que o
enfermeiro possui que é proporcionar o maior conforto e tranquilidade aos clientes,
utilizando para isso o método da escuta ativa e qualquer outra ferramenta que ele possa
utilizar, para prestar um cuidado de enfermagem holístico.
Como dificuldade encontrada na realização deste estudo, destacam-se as letras
ilegíveis nos registos de urgências e registos informáticos bastante incompletos em algumas
ocasiões.
Todas estas falhas ressaltadas não interferem apenas numa investigação, como neste
caso, mas interfere principalmente no que diz respeito à saúde dos clientes. A partir do
momento em que não se realiza de forma correta o dever de enfermagem e médico e não é
facilitada a passagem de informações do doente assistido para a restante equipa de saúde,
que igualmente auxiliará na assistência ao doente, apenas este sofrerá as consequências dos
erros cometidos.
Investigações realizadas anteriormente sobre a incidência da síndrome de HELLP são
escassas, evidenciando a importância da realização deste estudo. Destaca-se então este novo
estudo como de grande valia por proporcionar aporte para o ensino e serviço, possibilitando
a ampliação do conhecimento e visão do estudante e profissional de saúde, incluindo ainda
com ampla estima, por se tornar uma nova e importante fonte de dados recente, sendo um
marco que contribuirá para novas pesquisas.
Esta investigação serviu ainda, para a possibilidade de abertura de programas de
preparação para o parto e recuperação pós-parto, como também um programa obrigatório
de visitas de acompanhamento a cada mês.
29
REFERÊNCIAS
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