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3 Faltas Desbalanceadas
3.1 Introdução
Neste capítulo são estudados os curtos-circuitos do tipo monofásico, bifásico e bifase-terra.
Durante o estudo será utilizado o método das componentes simétricas. Assim, o problema poderá
ser resolvido por fase.
Eq. 3.1
sendo o operador de rotação a = 1∟120º
Eq. 3.2
fica claro que
Eq. 3.3
A ordem dos fasores é abc, sequencia de fase positiva. Quando a rodem for acb, tem-se a
sequencia de fase negativa (Figura 3.1(b)).
Os fasores de sequencia negativa podem ser representados por,
Eq. 3.4
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Dependendo do tipo de falta, um terceiro conjunto de fasores balanceados deve ser
considerado. Esse é chamado de sequencia zero, e as três fases estão em fase. Os fasores de
sequencia zero podem ser representados por,
Eq. 3.5
O método das componentes simétricas foi introduzido por Dr. C. L. Fortescue em 1918.
Baseando-se na sua teoria, fasores trifásicos desbalanceados de sistemas trifásicos podem ser
resolvidos por meio de três sistemas de fasores balanceados, denominados sequencia +, - e 0.
Considere as correntes trifásicas desbalanceadas Ia, Ib e Ic mostradas na Figura 3.2. As
componentes simétricas para tais correntes são encontradas a seguir.
Eq. 3.6
De acordo com a definição de componentes simétricas, a eq. 3.6 pode ser rescrita como,
Eq. 3.7
ou
Eq. 3.8
Eq. 3.9
Onde A é conhecida como Matriz de Transformação
Eq. 3.10
Resolvendo a eq. 3.9 para encontrar as componentes simétricas,
Eq. 3.11
A inversa de A é,
Eq. 3.12
Por meio das eq. 3.10 e 3.12, conclui-se que,
Eq. 3.13
Substituindo a eq. 3.13 em 3.11,
Eq. 3.14
ou, na forma de componentes simétricas
Eq. 3.15
A eq.3.15 permite concluir que a componente de sequencia zero da corrente é igual a um
terço da soma das correntes de cada fase. Portanto, a sequencia zero não existe quando a soma das
três correntes de fase for zero (por ex. sistema trifásico ligado em Y não aterrado). Se o neutro do
sistema for aterrado, a corrente de sequencia zero flui entre o neutro e o terra. Expressões similares
existem para a tensão. Logo, tensões desbalanceados em termos de componentes simétricas são,
Eq. 3.16
na forma matricial,
Eq. 3.17
As componentes simétricas em termos das tensões desbalanceadas são,
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Eq. 3.18
Na forma matricial
Eq. 3.19
A potencia aparente complexa em termos das componentes simétricas é,
Eq. 3.20
Substituindo a eq. 3.9 e 3.17 em 3.20, tem-se
Eq. 3.21
Como AT = A, da eq. 3.13, ATA* = 3, e a potencia complexa fica
Eq. 3.22
A eq. 3.22 mostra que a potencia complexa total desbalanceada pode ser obtida a partir da
soma das potências complexas.
Nas deduções acima, I0, I1 e I2 são referentes a fase a.
Exemplo 3.1
Obtenha as componentes simétricas para as correntes Ia = 1,6∟25º, Ib = 1,0∟180º, Ic =
0,9∟132º. As componentes simétricas e os fasores são mostrados na Figura 3.2
Assim, ver CHP10EX1.M
Exemplo 3.2
As componentes simétricas da tensão são Va0 = 0,6∟90º, Va1 = 1,0∟30º, Va2 = 0,8∟-30º.
Determine os fasores desbalanceados. As componentes simétricas e os fasores são mostrados na
Figura 3.3.
Assim, ver CHP10EX2.M
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Eq. 3.23
Da lei de Kirchhoff tem-se,
Eq. 3.24
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Substituindo a eq. 3.24 em 3.23 e reescrevendo a eq.3.23 na forma matricial, tem-se
Eq. 3.25
ou, na forma compacta
Eq. 3.26
onde
Eq. 3.27
Escrevendo Vabc e Iabc em termos de suas componentes simétricas, tem-se
Eq. 3.28
Multiplicando a eq. 10.28 por A-1, tem-se
Eq. 3.29
onde
Eq. 3.30
Substituindo Zabc (eq.3.27), A-1(eq. 3.10), A (eq. 3.12) tem-se
Eq. 3.31
Realizando a multiplicação, tem-se
Eq. 3.32
Se não houver acoplamento mútuo, Zm = 0, e a matriz de impedância fica
Eq. 3.33
A matriz de impedância tem elementos não zeros somente na diagonal principal. Portanto,
para cargas balanceadas, as três sequências são independentes. Isto é, as correntes relativas a cada
sequencia produzirão quedas de tensão somente na mesma sequência de fase. Esta é uma
propriedade importante, já que permite analisar cada rede de sequencia para uma única fase.
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3.3.2 Impedância de sequência de linhas de transmissão
Para dispositivos estáticos, tais como as LTs, as impedânicas Z1=Z2, pois as correntes e
tensões se deparam com a mesma geometria da LT. Os condutor de aterramento está no caminho da
sequência zero. Logo, Z0, que inclui o efeito do caminho de retorno pela terra, geralmete é diferente
de Z1 e Z2. Para ter idéia da ordem da Z0, considere a seguinte configuração. Considere uma LT
de 1m de comprimento com condutores equilateralmente espaçados, de acordo com a Figura 3.5.
Eq. 3.34
Como Ia0 = Ib0 = Ic0, tem-se
Eq. 3.35
O fluxo concatenado da fase a é
Eq. 3.36
Substituindo Ib0, Ic0 e In em termos de Ia0, tem-se
Eq. 3.37
Como L0 = λa0/Ia0, a indutância por fase em mH/km é
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Eq. 3.38
O primeiro termo é a indutância de seq. positiva. Logo, a reatância de seq. zero é
Eq. 3.39
onde
Eq. 3.40
A Z0 de uma LT é maior que 3x Z1.
Eq. 3.41
X0 é aproximadamente igual a X de dispersão.
Eq. 3.42
Eq. 3.43
Nos transformadores Y-∆ ou ∆-Y, a o lado de AT está adiantando em relação ao de BT em
30º, para a sequência positiva. Na sequência negativa o deslocamento angular é de -30º. A mostra
algumas configurações de transformadores e o circuito de sequência zero.
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Exemplo 3.3
Uma tensão de fase de 100 V é aplicada a uma carga trifásica balanceada conectada em Y,
conforme mostra a Figura 3.7.
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onde
da eq. 3.32,
Sendo Zs = 8 + j24 e Zm = j4, e sabendo que o neutro da fonte e carga são solidamente
aterrados, determine:
a) A matriz de impedância de sequencia Z012
b) As componentes de sequencia da tensão
c) As componentes de sequencia da corrente
d) As correntes de fase da carga
e) A potência complexa fornecida para a carga em termos de componentes simétricas
f) A potência complexa fornecida para a carga.
Ver CHP10EX4.M
Eq. 3.44
Aplicando a LTK em cada fase, tem-se:
Eq. 3.45
Substituindo In = Ia + Ib +Ic , e escrevendo a eq. 3.45 na forma matricial, tem-se:
Eq. 3.46
ou, na forma compacta
Eq. 3.47
Transformando para as componentes simétricas
Eq. 3.48
-1
Multiplicando 4.48 por A , tem-se
Eq. 3.49
onde
Eq. 3.50
Realizando as multiplicações, tem-se
Eq. 3.51
Como a emf gerada é balanceada, só existe tensão de sequência positiva
Eq. 3.52
012 012
Substituindo Ea eZ em 3.49, tem-se
Eq. 3.53
reescrevendo a equação na forma de componente
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Eq. 3.54
Estas três equações podem ser representadas pelos três diagramas de sequência mostrados na Figura
3.9.
Figura 3.9 – Diagramas de sequência: (a) positiva; (b) negativa; (c) zero.
Observações:
• as três sequencias são independentes.
• o diagrama de sequencia positiva é igual ao diagrama unifilar utilizado em estudos
balanceados.
• somente a sequência positiva tem fonte de tensão. Portanto, a corrente de seq. positiva
causa queda de tensão de sequência positiva.
• correntes de seq. negativa e zero causam quedas de tensão de seq. negativa e zero, somente.
• o neutro do sistema é referência para a seq. positiva e negativa, enquanto que o terra é
referência para a seq. zero.
• a impedância de aterramento é refletida na seq. zero em 3Zn.
• sistemas trifásicos podem ser resolvidos separadamente para uma única fase.
Eq. 3.55
Eq. 3.56
Substituindo Ib = Ic = 0, as componentes simétricas das correntes (eq. 3.14) são
Eq. 3.57
Da eq. acima tem-se
Eq. 3.58
A tensão na fase a em termos das componentes simétricas é
Eq. 3.59
Substituindo a eq.3.54 na eq. 3.59, tem-se:
Eq. 3.60
onde Z0 = Zs + 3Zn. Substituindo por Va da eq. 3.55, e sabendo que Ia = 3Ia0, tem-se
Eq. 3.61
ou
Eq. 3.62
A corrente de falta é
Eq. 3.63
Substituindo Ia na eq. 3.54, as componentes simétricas da tensão de fase no ponto de falta
são obtidas.
As eq. 3.58 e 3.62 podem ser representadas por meio da conexão do diagrama de sequência
em série, conforme a Figura 3.11.
Nas faltas monofásicas, as impedâncias equivalentes de Thévenin no ponto de falta são
obtidos para cada sequência.
Se o gerador for solidamente aterrado, Zn = 0 e se a falta for do tipo franca, Zf = 0.
Eq. 3.67
Da eq. acima encontra-se
Eq. 3.68
Eq. 3.69
Eq. 3.70
Da eq. 3.69 e 3.60, tem-se
Eq. 3.71
Da Eq. 3.16, tem-se
Eq. 3.72
Substituindo por Va1 e Va2 da eq. 3.54 e sabendo que Ia2 = - Ia1, tem-se
Eq. 3.73
Substituindo Ib da eq. 3.69, tem-se
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Eq. 3.74
Como (a - a2)(a2 - a) = 3, e resolvendo para Ia1 tem-se
Eq. 3.75
As correntes de fase são
Eq. 3.76
A corrente de falta é
Eq. 3.77
ou
Eq. 3.78
Substituindo Ia na eq. 3.54, as componentes simétricas da tensão de fase no ponto de falta
são obtidas.
As eq. 3.71 e 3.75 podem ser representadas por meio da conexão do diagrama de sequência
em paralelo, conforme a Figura 3.11.
Se a falta for do tipo franca, Zf = 0.
Eq. 3.80
Da eq. 3.16, as tensões de fase Vb e Vc são
Eq. 3.81
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Eq. 3.82
Como, no ponto de falta Vb = Vc, tem-se
Eq. 3.83
Em termos das componentes simétricas, a eq. 3.79 fica
Eq. 3.84
Substituindo 3.84 e 3.83 em 3.81, tem-se
Eq. 3.85
Substituindo as componentes simétricas da tensão (eq. 3.54) em 3.85 e resolvendo para Ia0,
tem-se
Eq. 3.86
Do mesmo modo, considerando a eq. 3.83, tem-se
Eq. 3.87
substituindo Ia0 e Ia2 em 3.80 e resolvendo para Ia1, tem-se
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Eq. 3.88
As eq. 3.86 e 3.88 podem ser representadas pela conexão da seq. positiva em série com a
combinação em paralelo da seq. negativa e zero, conforme mostra a Figura 3.15. O valor de Ia1
encontrado na eq. 3.88 pode ser substituído nas eq. 3.86 e 3.87 de modo a encontrar o valor de Ia0 e
Ia2. As correntes nas fases pode ser encontradas por meio da eq. 3.8.
Finalmente, a corrente de falta é
Eq. 3.89