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Estudo

“Memórias Póstumas…” Análise da obra de Machado de Assis


Saiba porque esse romance é um dos mais celebrados da história da literatura brasileira
Por Redação
 13 nov 2017, 15h26 - Publicado em 3 set 2012, 21h33

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Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além
de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.

– Leia o resumo de Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis

Narrador
A narração é feita em primeira pessoa e postumamente, ou seja, o narrador se autointitula um defunto-autor – um morto que resolveu escrever
suas memórias. Assim, temos toda uma vida contada por alguém que não pertence mais ao mundo terrestre. Com esse procedimento, o narrador
consegue car além de nosso julgamento terreno e, desse modo, pode contar as memórias da forma como melhor lhe convém.

Foco Narrativo
Com a narração em primeira pessoa, a história é contada partindo de um relato do narrador-observador e protagonista, que conduz o leitor tendo
em vista sua visão de mundo, seus sentimentos e o que pensa da vida. Dessa maneira, as memórias de Brás Cubas nos permitirão ter acesso aos
bastidores da sociedade carioca do século XIX.

Tempo
A obra é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo, que, desse modo, pode contar sua vida de maneira arbitrária,
com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do nascimento e
dos fatos da vida.

No tempo cronológico, os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte. A
estranheza da obra começa pelo título, que sugere as memórias narradas por um defunto. O próprio narrador, no início do livro, ressalta sua
condição: trata-se de um defunto-autor, e não de um autor defunto. Isso consiste em a rmar seus méritos não como os de um grande escritor que
morreu, mas de um morto que é capaz de escrever.
O pacto de verossimilhança sofre um choque aqui, pois os leitores da época, acostumados com a linearidade das obras (início, meio e m), veem-
se obrigados a situar-se nessa incomum situação.  Assine
Não-realizações
Publicado em 1881, o livro aborda as experiências de um lho abastado da elite brasileira do século XIX, Brás Cubas. Começa pela sua morte,
descreve a cena do enterro, dos delírios antes de morrer, até retornar a sua infância, quando a narrativa segue de forma mais ou menos linear –
interrompida apenas por comentários digressivos do narrador.

O romance não apresenta grandes feitos, não há um acontecimento signi cativo que se realize por completo. A obra termina, nas palavras do
narrador, com um capítulo só de negativas. Brás Cubas não se casa; não consegue concluir o emplasto, medicamento que imaginara criar para
conquistar a glória na sociedade; acaba se tornando deputado, mas seu desempenho é medíocre; e não tem lhos.

A força da obra está justamente nessas não-realizações, nesses detalhes. Os leitores cam sempre à espera do desenlace que a narrativa parece
prometer. Ao m, o que permanece é o vazio da existência do protagonista. É preciso car atento para a maneira como os fatos são narrados.
Tudo está mediado pela posição de classe do narrador, por sua ideologia. Assim, esse romance poderia ser conceituado como a história dos
caprichos da elite brasileira do século XIX e seus desdobramentos, contexto do qual Brás Cubas é, metonimicamente, um representante.

O que está em jogo é se esses caprichos vão ou não ser realizados. Alguns exemplos: a hesitação ao começar a obra pelo m ou pelo começo;
comparar suas memórias às sagradas escrituras; desquali car o leitor: dar-lhe um piparote, chamá-lo de ébrio; e o próprio fato de escrever após a
morte. Se Brás Cubas teve uma vida repleta de caprichos, em virtude de sua posição de classe, é natural que, ao escrever suas memórias, o livro se
componha desse mesmo jeito.

O mais importante não é a realização ou não dessas veleidades, mas o direito de tê-las, que está reservado apenas a uns poucos da sociedade da
época. Veja-se o exemplo de Dona Plácida e do negro Prudêncio. Ambos são personagens secundários e trabalham para os grandes. A primeira
nasceu para uma vida de sofrimentos: “Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de
um lado pro outro, na faina, adoecendo e sarando…”, descreve Brás. Além da vida de trabalhos e doenças e sem nenhum sabor, Dona Plácida serve
ainda de álibi para que Brás e Virgília possam concretizar o amor adúltero numa casa alugada para isso.

Com Prudêncio, vê-se como a estrutura social se incorpora ao indivíduo. Ele fora escravo de Brás na infância e sofrera os espancamentos do
senhor. Um dia, Brás Cubas o encontra, depois de alforriado, e o vê batendo num negro fugitivo. Depois de breve espanto, Brás pede para que pare
com aquilo, no que é prontamente atendido por Prudêncio. O ex-escravo tinha passado a ser dono de escravo e, nessa condição, tratava outro ser
humano como um animal. Sua única referência de como lidar com a situação era essa, a nal era o modo como ele próprio havia sido tratado
anteriormente. Prudêncio não hesita, porém, em atender ao pedido do ex-dono, com o qual não tinha mais nenhum tipo de dívida nem obrigação a
cumprir.

Os personagens da obra são basicamente representantes da elite brasileira do século XIX. Há, no entanto, guras de menor expressão social,
pertencentes à escravidão ou à classe média, que têm signi cado relevante nas relações sociais entre as classes. Assim, “Memórias Póstumas de
Brás Cubas”, além de seu enorme valor literário, funciona como instrumento de entendimento desse aspecto social de nossas classes, como se
verá adiante nas caracterizações de Dona Plácida e do negro Prudêncio.

A sociedade da época se estruturava a partir de uma divisão nítida. Havia, de um lado, os donos de escravos, urbanos e rurais, que constituíam a
classe mandante do país. Estão representados invariavelmente como políticos: ministros, senadores e deputados. De outro, a escravidão é a
responsável direta pelo trabalho e pelo sustento da nação e, por assim dizer, das elites. No meio, há uma classe média formada por pequenos
comerciantes, funcionários públicos e outros servidores, que são dependentes e agregados dos favores dos grandes privilegiados.

Comentário do professor
O prof. Roberto Juliano, do Cursinho da Poli, ressalta que “Memórias Póstumas de Brás Cubas” é uma obra que revolucionou o romance brasileiro.
De cunho realista, mas sem ter as características da crítica agressiva de outros escritores do Realismo (como Eça de Queirós em Portugal), a força
da obra de Machado de Assis está na crítica sutil e na grande inteligência do autor. Ao contrário do já citado escritor português Eça de Queirós, que
batia de frente com a burguesia, em Memórias Póstumas a crítica é feita focando a burguesia por dentro, ou seja, o escritor parte de um ponto de
vista mais psicológico. Através disso, consegue-se fazer um combate ao Romantismo em sua essência através de personagens verossímeis que
cabe ao leitor julgar e colocando-se em re exão, por exemplo, a questão da ociosidade burguesa.

Além disso, o prof. Roberto chama a atenção para o fato de que com esta obra Machado de Assis revolucionou o formato do romance através da
subversão de padrões do Romantismo. Se no romance é de praxe escrever uma dedicatória, por exemplo, ele o faz a um verme; ao verme que o
corroeu. Outro ponto que pode ser citado como exemplo é a quantidade de capítulos do livro. Se era comum ter cerca de trinta capítulos em um
romance, Machado de Assis faz um livro que ultrapassa cem capítulos. Porém, alguns deles são extremamente curtos ou são vazios. O aluno deve,
então, car atento a estes aspectos formais e em como se faz uma crítica social na obra, naliza o prof. Roberto.

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