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DA EDUCAÇÃO
APRESENTAÇÃO
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
1.INTRODUÇÃO
Numa disciplina como a Didática, não se pode compreender o seu todo sem estudar seus
fundamentos sociais, psicológicos, biológicos e filosóficos.
“Todo conceito num dado sistema é determinado por todos os outros conceitos do
mesmo sistema, e nada significa por si próprio”.
(Joseph Hrabák, citado por Matoso Câmara, no artigo Estruturalismo, na Revista Tempo Brasileiro, ns.
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2. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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2.1. FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS
No Brasil, convivem lado a lado, uma Sociologia de Educação cética com relação à
ordem existente, baseada em modelo marxista, uma outra baseada em metodologia de
pesquisa empiricista e, ainda outra que, rejeitando ambas as abordagens, adota
perspectivas de inspiração interacionista, fenomenológica ou etnometodológica. As
diferenças entre os referenciais teóricos, os temas tratados e a orientação política são tão
grandes que talvez fosse mais correto falar em Sociólogas da Educação.
Nos últimos vinte anos pertencem a Althusser (1970), Bowles e Gintis (1976),
Bourdieu e Passeron (1970) e Michael Yong (1971), os estudos que marcaram e
delimitaram o campo da Sociologia Educacional.
Estes estudos postulam que a produção e reprodução das classes reside na
capacidade de manipulação e moldagem das consciências, na preparação de tipos
diferenciados de subjetividade de acordo com as diferentes classes sociais. A escola
participa na consolidação desta ordem social pela transmissão e incubação diferenciada
de certas idéias, valores, modos de percepção, estilos de vida, em geral sintetizados na
noção de ideologia. Os estudos centram-se nos mecanismos amplos de reprodução social
via escola. Num outro eixo, encontramos os ensaios da Nova Sociologia da Educação
preocupados em descrever as minúcias do funcionamento do currículo escolar e seu
papel na estruturação das desigualdades sociais. A Nova Sociologia da Educação coloca
a problematização dos currículos escolares no centro da análise sociológica de Educação.
A Sociologia da Educação, hoje, aborda como tema central de discussão: o papel da
educação na produção e reprodução da sociedade de classes.
Segundo Demo, Educação facilmente descobre que um dos lugares eminentes de
sua teoria e de sua prática está no interior dos movimentos sociais. Cabe pois a escola o
papel de preparar técnica e subjetivamente as diferentes classes sociais para ocuparem
seus devidos lugares na divisão social. Bourdien e Passeron percebem como essa divisão
é mediada por um processo de reprodução cultural.
Sabemos que as forças culturais que atuam sobre o comportamento precisam ser
conhecidas para um melhor planejamento e, conseqüentemente, melhor ensino. De
particular interesse para o processo educativo são os fatores familiares, o grupo de
adolescentes a que se filia (“a turma”) e a escola.
As condições do ambiente forjam a sua resposta ou reticência, aos estímulos,
formando padrões de hábitos que encorajam ou desencorajam as atividades que motivam
ou desmotivam a aprendizagem.
O comportamento em classe está estritamente relacionado com o ambiente familiar
e a sua posição sócio-econômica. Fatores estes ocasionadores de procedimentos anti-
sociais ou de extrema instabilidade e falta de amadurecimento.
A “turma” é de vital importância para o adolescente que, ao “enturmar-se”, prefere os
padrões de seu grupo aos dos adultos, algumas vezes diminuindo até o seu rendimento
escolar para satisfazer o seu grupo.
O aluno, ser temporal e espacial, vivendo dentro de uma comunidade, pertencendo
a um grupo social, participando de instituições várias, possuindo um “status” sócio-
econômico, para integrar-se aos padrões de comportamento social necessita de um
atendimento dentro da sua realidade individual. A organização de currículos, programas e
planejamentos de ensino alienados da realidade social não é de natureza prática e não
conduz a motivação. No entanto, como os grandes educadores e pedagogos, deveríamos
ir muito além, formando “conceitos humanísticos” que superam dialeticamente o individual
e o social para fazer surgir o ser humano integral , dando ao educando condições de
adaptação em qualquer tipo de sociedade no tempo e no espaço.
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BIBLIOGRAFIA
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PEREIRA, L. e FARACCHI, M. A. Educação e Sociedade. São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1970.
INTRODUÇÃO
EDUCAÇÃO
PEDAGOGIA
DIDÁTICA
PRODUTOS DE APRENDIZAGEM
BIBLIOGRAFIA
EPISTEMOLOGIA E EDUCAÇÃO
Seja qual for a importância das teorias do conhecimento para a instrução concreta
na sala de aula, a necessidade de uma sólida teoria social e ética é facilmente aceita
como fundamental para a prática educativa. De fato, muitos consideram a educação do
caráter mais importante para a juventude do que o ensino de matérias cognitivas. Estão
mais preocupados com a maneira como as escolas podem eficazmente transmitir os
valores morais e espirituais que façam do mundo um melhor lugar para se viver do que
com as questões de conteúdo da matéria dos programas. Os inúmeros escritos sobre a
relação entre Filosofia e a educação revelam que a maioria dos que consideram a
metafísica e outras categorias filosóficas sem importância especial para a prática
educativa está impressionada com a necessidade de um estudo dos valores em
educação. A pergunta parece ser sempre: “Quais os valores e tipos de valor que são,
justamente, os mais pertinentes ?“ A razão para tal é que a educação está sempre
formulando avaliações. Não hesita em articular juízos, em suas estimativas da prática
escolar. Os professores avaliam os estudantes e são por estes avaliados. A sociedade
avalia os cursos estudados, os programas escolares, a competência do ensino; a própria
sociedade está sendo constantemente avaliada pelos educadores. Um estudo de
axiologia é, portanto, uma necessidade para o professor do divertimento.”
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O valor especifico que um professor atribui aos problemas escolares derivará do seu
próprio sistema de valores. Uma posição professoral, por exemplo, considerada
principalmente como um degrau para fins e intuitos pessoais, poderá refletir perfeitamente
valores subjetivos. A posição não terá um valor próprio. O professor que considera a sua
classe um meio para alcançar um fim, em vez de um fim em si mesma, poderá refletir
uma preferência por valores instrumentais. Ensinará de um modo tal que os estudantes
apreciarão o processo de ensino, em vez de dominarem o conhecimento que o professor
propicia.
A Filosofia da educação guia a teoria e a prática de três maneiras: 1) ordena as
descobertas e conclusões das disciplinas relevantes para a educação, incluindo as
descobertas da própria educação, dentro de uma concepção compreensiva do homem e
da educação que se lhe ajuste; 2) examina e recomenda os fins e os meios gerais do
processo educacional; e 3) esclarece e coordena os conceitos educativos básicos.
Quando a reflexão filosófica se volta deliberada, metódica e sistematicamente para a
questão educacional, explicitando os seus fundamentos e elaborando as suas diversas
dimensões num todo articulado, a concepção de mundo se manifesta, aí, na forma de
uma concepção filosófica de educação. Considerando que as diversas concepções de
filosofia da educação constituem diferentes maneiras de articular os pressupostos
filosóficos com a teoria da educação e a prática pedagógica, o estudo crítico dessas
concepções constitui um componente essencial da formação do educador.
Com efeito, através desse estudo o educador irá compreender com maior clareza a
razão da existência de teorias da educação contrastantes e de práticas pedagógicas que
se contrapõem. E contrariamente, à opinião corrente que tende a autonomizar a prática
da teoria e vice-versa, entenderá que a prática pedagógica é sempre tributária de
determinada teoria que, por sua vez, pressupõe determinada concepção filosófica ainda
que em grande parte dos casos essa relação não esteja explicitada.
Ora, quando os pressupostos teóricos e os fundamentos filosóficos da prática ficam
implícitos, isto significa que o educador, via de regra, está se guiando por uma concepção
que se situa ao nível do senso comum. Entende-se por senso comum uma concepção
não elaborada, constituída por aspectos heterogêneos de diferentes concepções
filosóficas e por elementos sedimentados pela tradição e acolhidos sem critica. Em
conseqüência, a prática orientada pelo senso comum tende a se caracterizar pela
inconsistência e incoerência.
Para imprimir maior coerência e consistência à sua ação, é mister que o educador se
eleve do senso comum ao nível da consciência filosófica da sua própria prática, o que
implica detectar e elaborar o bom senso que é o núcleo válido de sua atividade. E tal
elaboração passa pelo confronto entre as experiências pedagógicas significativas vividas
pelo educador e as concepções sistematizadas da filosofia da educação. Com isso será
possível explicitar os fundamentos de sua prática e superar suas inconsistências, de
modo a torná-la coerente e eficaz.
Atingindo uma compreensão mais profunda, mais rigorosa e mais ampla de seu
objeto, o educador irá depurando seu pensamento e sua linguagem de eventuais
ambigüidades e imprecisões.
Essa função da filosofia tem sido especialmente enfatizada pela concepção
analítica, a qual entende que o papel próprio da filosofia é a análise lógica da linguagem.
Em conseqüência, o papel da filosofia da educação passa a se efetuar a análise lógica da
linguagem educacional de modo a libertá-la de suas imprecisões e incongruências.
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Entretanto, independentemente da concepção que o inspira ou na qual desemboca, o
aprofundamento filosófico implica necessariamente o rigor lógico-conceitual, o qual só
pode se manifestar através de uma linguagem precisa, clara e inteligível.
Essa é uma outra contribuição da filosofia para a educação. Possibilitando uma
maior clareza conceitual e de linguagem, melhora-se a comunicação entre os educadores
e destes com os que cultivam as demais áreas do conhecimento, situando a pedagogia
no rumo da maturidade epistemológica que lhe garanta condições de igualdade em face
dos demais ramos do saber científico.
I - Importância da Filosofia
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
O ADOLESCENTE E A LIBERDADE
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