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Ana Carolina Chieregati et al.

Mineração
Mining

Validação de novo amostrador


de furos de desmonte para fins
de reconciliação
Validation of a new blasthole sampler
for reconciliation purposes

Ana Carolina Chieregati Resumo


Profa. Dra., Departamento de Engenharia de
Minas e de Petróleo, Escola Politécnica da USP As operações mineiras, em todo o mundo, fazem uso extensivo da amostra-
ana.chieregati@gmail.com gem de furos de desmonte para o planejamento de curto prazo, o que apresenta
duas vantagens indiscutíveis: (1) o espaçamento entre os furos é pequeno, forne-
Bruno Brunetti Frontini cendo uma alta densidade de amostragem por tonelada de minério e (2) não há
Estudante de Engenharia de Minas, custos adicionais, já que os furos devem ser perfurados de qualquer maneira. En-
Escola Politécnica da USP tretanto a precisão da amostragem de furos de desmonte é, normalmente, baixa
bruno.frontini@gmail.com e o enviesamento causado pela segregação de densidade e tamanho de partículas
é um problema ainda mais sério, que prejudica a representatividade das amostras
Daniel Bortowski Carvalho geradas. Uma das principais causas desse enviesamento é a perda de finos, que
Geólogo, pode levar a uma sub ou superestimativa do teor do minério, dependendo do
Yamana Gold tipo de minério e da ganga. O presente trabalho valida um novo equipamento de
daniel.bortowski@yamana.com amostragem, projetado para reduzir a perda de finos e, assim, aumentar a acu-
rácia da amostragem de furos de desmonte de pequeno diâmetro. Os resultados
Francis F. Pitard iniciais mostram uma melhoria significativa na estimativa do teor de ouro e a
Consultor, minimização da perda de finos.
Francis Pitard Sampling Consultants
fpsc@aol.com Palavras-chave: Amostragem, reconciliação, ouro, amostrador setorial estacionário,
amostragem de furos de desmonte.
Kim H. Esbensen
Prof. Dr., Geólogo, GEUS, Abstract
ACABS Research Group,
Aalborg University Mining operations around the world make extensive use of blasthole sampling
ke@geus.dk for short-term planning, which has two undisputed advantages: (1) blastholes are
closely spaced providing relatively high sampling density per ton, and (2) there is
no additional cost since the blastholes must be drilled anyway. However, blasthole
sampling usually presents poor sampling precision, and the inconstant sampling bias
caused by particle size and density segregation is an even more serious problem, gen-
erally precluding representativeness. One of the main causes of this bias is a highly
varying loss of fines, which can lead to both under- and over-estimation of grade de-
pending on the ore type and the gangue. This study validates a new, modified sectorial
sampler, designed to reduce the loss of fines and thereby increase sampling accuracy
for narrow-diameter blasthole sampling. First results show a significantly improved
estimation of gold grade as well as the minimization of the loss of fines.

Keywords: Sampling, reconciliation, gold, stationary sectorial sampler, blasthole


sampling.
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Validação de novo amostrador de furos de desmonte para fins de reconciliação

1. Introdução

A crescente complexidade das ope- de material. A metodologia de amos- que a heterogeneidade, por si só, e espe-
rações mineiras, que trabalham com te- tragem é considerada correta e impar- cialmente quando se trata de metais pre-
ores cada vez mais baixos, requer, mais cial somente se todas as partículas, na ciosos, pode gerar erros elevadíssimos,
do que nunca, amostras suficientemente unidade, têm, exatamente, a mesma mesmo quando o processo de amostra-
acuradas e precisas, visando a um me- probabilidade de seleção para compor gem é realizado de maneira correta.
lhor controle e a uma maior otimização a amostra aleatória. Estudos demons- Esse trabalho apresenta os re-
de seus processos. Os métodos de amos- tram que mesmo pequenas melhorias sultados dos testes de validação de
tragem - tais como sondagem, amostra- nos processos de amostragem resul- um novo amostrador, para furos de
gem de furos de desmonte (pequeno e tam em benefícios significativos para desmonte de pequeno diâmetro, em
grande diâmetro), amostragem de canal, as operações mineiras. Dessa maneira, termos de reconciliação entre mina
amostragem de materiais particulados, equipamentos de amostragem corretos, e usina. Visando a quantificar a per-
etc. - são diversos e devem ser seleciona- procedimentos operacionais corretos e da de finos, um problema comum da
dos de acordo com o tipo de depósito e, protocolos de amostragem otimizados amostragem de furos de desmonte e
ainda, de acordo com a finalidade das são de essencial importância para uma que pode comprometer as estimativas
informações. Cada método gera um erro amostragem bem-sucedida, garantin- de teores dos modelos de blocos (Chie-
total de amostragem, que deve ser quan- do-se a seleção de amostras represen- regati et al., 2008), o procedimento de
tificado, a fim de se avaliar a adequação tativas, de acordo com os princípios da amostragem, utilizando o novo amos-
do método, no que diz respeito aos ob- Teoria da Amostragem. trador foi, também, comparado com
jetivos e à qualidade desejada (precisão, A heterogeneidade constitucional outros dois procedimentos de amostra-
acurácia, esforço de trabalho). também é um fator importante a ser con- gem de furos de desmonte: (i) amostra-
Sabe-se que uma amostra deve re- siderado, quando do planejamento de gem utilizando um tambor e (ii) amos-
presentar uma unidade ou um volume uma campanha de amostragem, uma vez tragem utilizando uma lona.

2. Materiais e métodos

Amostras, para controle de teor, Uma amostra é considerada corre- nunca é aceitável, deve-se rejeitar qual-
ou para o planejamento de curto prazo, ta, somente quando todos os fragmentos quer procedimento ou equipamento de
muitas vezes resultam de campanhas do lote a ser amostrado têm a mesma amostragem que não cumprir esses re-
de amostragem de furos de desmonte. probabilidade de seleção. Uma amostra quisitos, devido à falta de garantia da re-
Tais amostras, geralmente, apresentam pode ser qualificada como representati- presentatividade da amostra gerada.
uma baixa recuperação, devido à segre- va, somente quando for correta (acurada) O presente estudo foi realizado na
gação de partículas e, em consequência, e suficientemente reproduzível (precisa), Mineração Serra Grande, uma mina de
não são consideradas representativas da ou seja, uma amostra representativa ouro da Kinross e AngloGold Ashanti,
amostra total (Schofield, 2001; Pitard, deve, incondicionalmente, ser imparcial em Crixás, e constou de duas campanhas
2008, 2009). Uma das principais causas e apresentar uma variância suficiente- de amostragem, na mina a céu aberto, vi-
desse enviesamento é a perda de finos, mente baixa. Na prática, procedimentos sando a verificar a representatividade das
que pode levar a uma sub ou a uma supe- corretos de amostragem não são necessa- amostras geradas pelo novo amostrador
restimativa do teor, dependendo do tipo riamente simples de se realizar, especial- de furos de desmonte, bem como a quan-
de minério e da composição da ganga mente para materiais heterogêneos. No tificar a perda de finos por três diferentes
(Snowden, 1993). entanto, como o risco de enviesamento procedimentos de amostragem.

Amostrador setorial estacionário com cúpula

Com o objetivo de minimizar os dos da armação. Os lados dos recipientes pela perda de finos. O amostrador seto-
erros de amostragem associados à amos- devem ser radiais, com relação ao centro rial é encaixado na lança da perfuratriz e
tragem de furos de desmonte, especial- do furo, de modo a estarem de acordo gera dois incrementos ou duas amostras,
mente os erros de delimitação do incre- com os princípios da Teoria da Amos- pesando entre 2 kg e 3 kg cada. Con-
mento (IDE) e de extração do incremento tragem. Os recipientes devem, também, forme mostra a Figura 2, os recipientes
(IEE), Chieregati (2007) propôs um novo ser fundos o suficiente para não trans- setoriais são posicionados em dois qua-
equipamento de amostragem chamado bordar antes do final da perfuração (Pi- drantes do amostrador, cada um coletan-
“amostrador setorial estacionário com tard, 1993). A nova cúpula semi-esférica do um incremento representado por um
cúpula”, uma adaptação do amostrador é feita de material acrílico e respeita as setor da amostra total. Portanto o amos-
setorial estacionário proposto por Pitard condições de seleção de amostras corre- trador setorial funciona, também, como
(1993). A Figura 1 ilustra o amostrador tas. Essa modificação minimiza o risco um quarteador.
modificado, o qual deve ser posicionado de contaminação e, também, os erros Para verificar a adequação do novo
ao redor do furo de desmonte a ser per- introduzidos por amostragem manual. amostrador à estimativa do teor médio
furado. Na parte superior da cúpula, foi inseri- do minério, uma campanha de amostra-
Os recipientes setoriais têm a forma da uma borracha de vedação (Figura 3), gem foi realizada no bloco I5A da Mi-
de pizza e devem ser facilmente removi- de forma a minimizar os erros causados neração Serra Grande. Para isso, 48 fu-
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Vista Frontal Vista Superior


cúpula
recipiente armação
setorial

incremento

Figura 1
Projeto básico do amostrador
setorial estacionário com rejeitos
cúpula (Chieregati, 2007).

Figura 2
Amostrador setorial acoplado
à perfuratriz e detalhe dos
recipientes e da armação.

ros, entre 1 m e 3,5 m de profundidade, cálculo do fator MCF (mine call factor), usina, gerando o teor de referência para
foram amostrados com o novo equipa- que expressa a diferença, uma proporção o cálculo do MCF. Assim, 25 amostras,
mento, usando-se uma perfuratriz Pró- ou percentagem, entre o teor previsto pesando, aproximadamente, 20 kg cada,
Eletro, modelo PWH-5000, com broca pelo modelo de curto prazo com base foram coletadas na descarga do transpor-
de 3” (76,2 mm) de diâmetro e uma na amostragem de furos de desmonte e tador de correia, que alimenta a britagem
única descarga de material em sua par- o teor reportado pela usina (“teor de re- secundária, com um intervalo entre cor-
te frontal. Nesse estudo, cada recipiente ferência”). Este é o segundo passo da re- tes de 10 minutos. Todas as 25 amostras
gerou uma amostra. As amostras então conciliação, também chamado de mine- foram preparadas no mesmo laboratório.
geradas foram denominadas de Amostra to-mill. Também foram seguidos, para as referi-
A e Amostra B e foram analisadas sepa- Após as etapas de lavra e de brita- das amostras, os mesmos procedimentos
radamente. gem, o material referente ao bloco I5A foi de secagem, quarteamento, britagem,
A validação do método consistiu no isolado e amostrado na alimentação da pulverização e análise química.

Comparação de diferentes procedimentos de amostragem de furos de desmonte

Uma campanha de amostragem paração entre os métodos baseou-se na gem com o tambor, o qual foi envolvi-
concomitante foi conduzida na Minera- distribuição média de tamanhos de par- do com a lona para minimizar a perda
ção Serra Grande. O objetivo foi o de tícula das amostras obtidas. de finos; (iii) duas pessoas realizaram
quantificar a recuperação de finos do Visando a minimizar a perda de a amostragem com o amostrador seto-
amostrador setorial, em relação aos dois finos e a evitar a contaminação da rial, sendo a cúpula coberta por uma
procedimentos de amostragem de furos amostra, as seguintes medidas foram borracha de vedação, também para
de desmonte empregados anteriormente tomadas: (i) quatro pessoas realizaram minimizar a perda de finos. Cada ciclo
na mina - amostragem usando uma lona a amostragem com a lona, cujas extre- de amostragem com a lona durou, em
e usando um tambor (Figura 3). midades foram mantidas elevadas, de média, sete minutos, com o tambor,
Foram realizados seis furos, dois modo a minimizar o efeito do vento; oito minutos e com o amostrador seto-
por método de amostragem, e a com- (ii) três pessoas realizaram a amostra- rial quatro minutos.

3. Resultados

De acordo com Pitard (2008, 2009), uma péssima reputação, nos últimos 50 e à consequente dificuldade de se docu-
a amostragem de furos de desmonte, anos, devido às diversas fontes de envie- mentar uma amostragem representativa.
para controle de qualidade, adquiriu samento introduzidas por essa operação Além disto, alega-se que a amostragem
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Figura 3
Diferentes procedimentos de
amostragem: lona, tambor e
amostrador setorial.

de furos de desmonte, quando realizada se usarmos amostradores projetados de ria para a operação como um todo.
adequadamente, reduz a produtividade acordo com a Teoria da Amostragem. Como apresentado nos itens a se-
da perfuração. Esse cenário pode ser me- Comprovada a capacidade de um proce- guir, os resultados do presente trabalho
lhorado se levarmos em consideração os dimento ou equipamento de amostragem mostram uma melhoria significativa na
erros de delimitação, extração e ponde- de gerar amostras representativas, a ava- representatividade da amostra, demons-
ração do incremento (IDE, IEE e IWE), liação final da empresa deveria basear-se trada por um excelente valor de reconcilia-
bem como o fenômeno da segregação, e nos benefícios que esse procedimento tra- ção e pela minimização da perda de finos.

Validação do amostrador setorial estacionário com cúpula

A Tabela 1 apresenta os valores de rial com cúpula. reprodutibilidade ou precisão é baixa (s =


teor de ouro, para as amostras A e B, Os resultados mostram que a acu- ±32,6% relativo), o que é um fenômeno
bem como os erros absolutos e relativos. rácia do processo de amostragem é boa comum, para minérios de ouro e ambien-
Deve-se observar que as amostras A e B (m = 0,067) e, portanto, que não há en- tes com efeito pepita elevado.
referem-se aos incrementos dos dois reci- viesamento significativo entre a Amostra Em se tratando de amostragem de
pientes em quadrantes opostos do amos- A e a Amostra B (média do erro relativo ouro, não é raro classificar, de forma in-
trador setorial estacionário e, portanto, = 2,45%). Isto sugere que os recipien- correta, minério e estéril, devido à baixa
os resultados desse procedimento visam tes do amostrador setorial geram duas precisão da amostragem. No entanto,
a validar a operação do amostrador seto- amostras equivalentes. Por outro lado, a existem métodos para analisar se as es-

Número Teor Teor Erro Número Teor Teor Erro


Erro Erro
do Amostra A Amostra B relativo do Amostra A Amostra B relativo
absoluto absoluto
furo (g/t) (g/t) (%) furo (g/t) (g/t) (%)
1 0,73 2,27 -1,54 -67,84% 25 5,03 5,10 -0,07 -1,37%
2 0,03 0,03 0,00 0,00% 26 2,33 2,50 -0,17 -6,80%
3 1,33 1,07 0,26 24,30% 27 1,17 1,33 -0,16 -12,03%
4 3,13 4,77 -1,64 -34,38% 28 5,43 3,83 1,60 41,78%
5 1,10 2,37 -1,27 -53,59% 29 7,20 6,60 0,60 9,09%
6 3,83 2,17 1,66 76,50% 30 1,13 1,23 -0,10 -8,13%
7 7,80 7,97 -0,17 -2,13% 31 1,10 8,83 -7,73 -87,54%
8 1,43 2,57 -1,14 -44,36% 32 3,87 4,40 -0,53 -12,05%
9 14,67 14,03 0,64 4,56% 33 13,90 16,67 -2,77 -16,62%
10 6,90 5,17 1,73 33,46% 34 7,60 7,87 -0,27 -3,43%
11 5,80 6,00 -0,20 -3,33% 35 8,43 8,30 0,13 1,57%
12 1,50 1,57 -0,07 -4,46% 36 8,07 7,00 1,07 15,29%
13 3,33 2,93 0,40 13,65% 37 5,37 5,60 -0,23 -4,11%
14 5,33 4,43 0,90 20,32% 38 11,77 7,07 4,70 66,48%
15 9,47 8,30 1,17 14,10% 39 5,07 5,93 -0,86 -14,50%
16 9,77 11,90 -2,13 -17,90% 40 3,57 2,77 0,80 28,88%
17 0,67 1,27 -0,60 -47,24% 41 0,93 0,83 0,10 12,05%
18* *amostra perdida 42 12,30 7,27 5,03 69,19%
19 6,50 5,80 0,70 12,07% 43 4,20 3,23 0,97 30,03%
20 7,67 9,17 -1,50 -16,36% 44 1,53 1,27 0,26 20,47%
21 9,50 5,93 3,57 60,20% 45 2,67 2,40 0,27 11,25%
22 5,90 6,37 -0,47 -7,38% 46 7,50 6,47 1,03 15,92%
23 8,83 9,50 -0,67 -7,05% 47 5,00 3,97 1,03 25,94%
24 6,17 7,03 -0,86 -12,23% 48 3,83 4,13 -0,30 -7,26% Tabela 1
Média 5,327 5,260 0,067 2,45% Resultados da campanha de amostragem
Desvio padrão 3,677 3,500 1,878 32,6% com o novo amostrador setorial.
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timativas estão dentro de limites aceitá- 25 amostras de cortes a cada 10 minu- O MCF mostra um erro de esti-
veis, como, por exemplo, a “elipse de pre- tos, seguindo os princípios da Teoria da mativa de apenas 2,3%, validando o
cisão”. Não será incluída, nesse trabalho, Amostragem. O teor médio resultante da amostrador setorial estacionário com
uma discussão sobre o efeito pepita e a amostragem, na usina, é, aqui, conside- cúpula como um equipamento de amos-
elipse de precisão (para mais informa- rado como o “teor de referência”, para o tragem adequado para a estimativa de
ções ver Pitard, 2009), mas as questões cálculo do MCF, pois é o valor mais con- curto prazo.
referentes à heterogeneidade do depósito fiável obtido para o teor médio do bloco. Os autores recomendam a realiza-
devem ser levadas em consideração, ao se O MCF é calculado, dividindo-se o teor ção de novos trabalhos, tanto nesta como
analisar a precisão de qualquer campa- médio de ouro na alimentação da usina em outras operações mineiras, com o
nha de amostragem. (5,172 g/t) pelo teor médio de ouro objetivo de estudar a eficiência do novo
O procedimento de amostragem, gerado pelo amostrador setorial amostrador setorial, para um campo
para o cálculo de reconciliação, foi rea- (médiaAmostraA/AmostraB  =  5,294 g/t). Nesse mais amplo de tipos de mineralização e
lizado na alimentação da usina e gerou caso, MCF = 97,7%, o que é excelente. de processos minerais.

Estimativa de recuperação de finos por diferentes procedimentos de amostragem

A Figura 4 mostra a distribuição deu-se pela amostragem com tambor Os resultados sugerem que, en-
média de tamanhos de partícula, para os (22,8%). Finalmente, a menor recupera- tre os três procedimentos de amos-
três procedimentos de amostragem inves- ção de material fino deu-se pela amostra- tragem analisados, o amostrador se-
tigados. gem com a lona (16,6%). A fração granu- torial com cúpula é o que apresenta a
A Figura 4 mostra uma maior recu- lométrica maior apresentou uma tendência menor perda de finos e, consequente-
peração de material fino pelo amostrador oposta e as frações intermediárias apresen- mente, pode ser considerado o proce-
setorial com cúpula (31,3%). A segun- taram percentagens semelhantes de mate- dimento mais confiável para este tipo
da maior recuperação de material fino rial retido. de amostragem.

% Retida por fração granulométrica


35% Abertura % Retida simples
Cúpula mm Cúpula Tambor Lona
30%
Tambor 4,760 1,4% 3,9% 7,0%
% Retida s imples

25% 3,360 5,7% 5,3% 7,8%


Lona
20% 2,000 16,0% 16,1% 18,7%
0,841 11,7% 13,6% 13,9%
15%
0,595 3,9% 5,3% 5,1%
10% 0,297 6,5% 9,2% 9,0%

5% 0,149 6,1% 9,3% 9,9%

Figura 4 0,105 3,7% 13,5% 11,5%


0%
Média das distribuições -0,105 31,3% 22,8% 16,6%
0,00 0,11 0,15 0,30 0,60 0,84 2,00 3,36 4,76
de tamanho, para os três
procedimentos de amostragem. Abertura nominal (mm)

4. Discussão

Problemas de reconciliação, devido amostrador setorial é acurada, mas assay minimiza a influência do efeito
a erros de amostragem, não são raros na não precisa. A baixa precisão é um pepita na quantificação dos teores, vis-
indústria do ouro, principalmente devido fenômeno comum em ambientes com to que, por meio de peneiramento e de
à heterogeneidade elevada da minera- efeito pepita elevado e com elevada he- análise individual das frações grossa e
lização e aos valores elevados de efeito terogeneidade. Em se tratando de uma fina, evita que a presença de fragmen-
pepita, que são características comuns a mineralização com presença de ouro tos de ouro grosso na amostra analí-
esses ambientes. Portanto a minimização grosso, o elevado efeito pepita associa- tica mascare o teor real da amostra
dos erros de amostragem é imprescindí- do à jazida estudada exige cuidado no original. Portanto esse resultado deve
vel, quando a empresa faz uso das ferra- tratamento dos dados e na definição ser fundamentado por meio de estudos
mentas de reconciliação, para controlar do número mínimo de amostras neces- paralelos, abrangendo outros tipos de
e otimizar seus processos. Os resultados sário para a estimativa do teor de um mineralizações de ouro, antes que ge-
do presente trabalho permitem fazer as bloco ou polígono de lavra. Uma re- neralizações possam ser feitas.
seguintes considerações: comendação seria combinar ambas as • O alto valor do MCF sugere uma boa
• O baixo valor da média do erro de sele- amostras A e B, formando uma única previsibilidade do modelo de curto
ção da amostra (0,067) mostra que os amostra a ser enviada ao laboratório. prazo com base nos resultados do novo
setores opostos do amostrador setorial Recomenda-se, também, usar a técnica amostrador setorial.
são imparciais. Entretanto a reprodu- de screen fire assay, em vez da técnica • A recuperação, significativamente
tibilidade associada é baixa (±32,6%). padrão de fire assay, para a análise do maior de material fino, pelo novo
Isto sugere que a amostra gerada pelo teor de ouro. A técnica de screen fire amostrador setorial, confirma a mini-
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Validação de novo amostrador de furos de desmonte para fins de reconciliação

mização do erro de amostragem devi- • O novo amostrador setorial não re- dade das perfuratrizes em relação à
do à perda de finos. duz, significativamente, a produtivi- rotina-padrão de trabalho.

5. Conclusões
Mesmo com baixa precisão, me- O procedimento de amostragem, ser vistos como uma recomendação ge-
lhorias nos resultados de reconciliação com o novo amostrador, foi validado nérica, para qualquer tipo de amostra-
foram demonstradas na Mineração Ser- em um contexto de mineração realista gem de furos de desmonte. Há, ainda,
ra Grande, sugerindo que o novo amos- e pode ser visto como uma ferramenta questões não resolvidas, que podem ge-
trador setorial estacionário com cúpula útil para auxiliar no planejamento de rar erros de delimitação e extração sig-
pode trazer benefícios expressivos para curto prazo, uma vez que gera estima- nificativos, cuja magnitude pode facil-
a indústria mineira. O método de amos- tivas mais confiáveis de teor. É possível mente compensar as alegadas vantagens
tragem, utilizando o amostrador setorial, que esses resultados tenham sido obti- da amostragem de furos de desmonte.
apresenta resultados muito satisfatórios, dos, devido a uma combinação mine- Perfuratrizes de dupla descarga com co-
para fins de reconciliação. Também ralização/operação específica, portanto letor de pó e furos de grandes diâmetros
apresenta custos operacionais mais bai- estudos adicionais são necessários, antes representam um cenário completamente
xos, mínima redução de produtividade e que generalizações significativas possam diferente. Tais perfuratrizes não devem
maior acurácia das estimativas, se com- ser feitas. ser diretamente comparadas com as per-
parado aos métodos tradicionais usados Vale salientar que os resultados furatrizes de descarga única e de furos de
em minas a céu aberto. apresentados, nesse trabalho, não devem pequeno diâmetro.

6. Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado e Tecnológico, Brasil. e AAUE, Dinamarca, bem como o
com apoio do CNPq, Conselho Na- A primeira autora agradece o apoio da Mineração Serra Grande,
cional de Desenvolvimento Científico trabalho de pós-doutorado no GEUS Brasil.

7. Referências bibliográficas

CHIEREGATI, A.C. Amostrador setorial estacionário com cúpula. Patente brasileira,


n. PI0706010-6A2, São Paulo: INPI, 5 out. 2007.
CHIEREGATI, A.C., DELBONI JR., H., COSTA, J.F.C.L., CARNEIRO, F.B.
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Minas, v. 61, p. 297-302, 2008.
PITARD, F. F. Pierre Gy’s sampling theory and sampling practice: heterogeneity,
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1993. p. 42-45.

Artigo recebido em 14 de junho de 2011 . Aprovado em 07 de novembro de 2011.

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