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INTRODUÇÃO
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11urrnmto sáo as relações econômicas e culturais O homem contemporâneo vive profundas di-
1111tro n humanidade e a natureza e entre os ho- cotomias. Dificilmente se considera um elemento
rnon::>. da natureza, mas como 'um ser à parte, observa-
Dessa forma, o componente "reflexivo" da dor e/ou explorador da mesma. Esse distancia-
oducação ambiental é tão importante quanto o mento fundamenta as suas ações tidas como ra-
''. 1tlvo" ou o "comportamental". cionais, mas cujas conseqüências graves exigem
dos homens, nesse final de século, respostas fi-
Em relação ao primeiro trata-se de fundamen-
lt>sóficas e práticas para acabar com o antropo-
tnr uma "nova aliança" que não só possibilite às
centrismo e o etnocentrismo.
uspécies naturais a sua sobrevivência, mas tam - Nas relações sociais, a ética está muito pouco,
bóm à humanidade. ou quase nunca, presente. A possibilidade de le-
Assim, a /educação ambiental déve ser enten- var vantagem em qualquer situação é o clichê
cllda como educação política, no sentido de que básico predominante.
ola reivindica e prepara os cidadãos para exigir A educação ambiental crítica está, dessa for-
justiça social, cidadania nacional e planetária, au- ma, impregnada da utopia de mudar radicalmente
togestão e ética nas relações sociais e com a na- as relações que conhecemos hoje, sejam elas en-
hiroza. tre a humanidade, sejam entre esta e a natureza.
A educação ambiental como educação política Voltemos um pouco aos aspectos políticos da
nnfnti7a antes a questão "por que" fazer do que educação ambiental. Desde o seu início, ficou
claro que é absolutamente vital que os cidadãos
"corno" fazer. Considerando que a educação am-
do mundo insistam para que se tomem medidas
l>luntnl surge e se consolida num momento histó- de apoio a um tipo de crescimento econômico
rico do grandes mudanças no mundo ela tende a que não tenha repercussões nocivas sobre a po-
q11m.tlonar as opções políticas atuais e o próprio pulação, que não deteriore de nenhum modo seu
c:onc:ollo de educação vigente, exigindo -a, por meio nem as suas condições de vida.
prh1cfplo, criativa, inovadora e crítica. Observe que aí já se fala em "cidadão e cida-
A tlca ocupa um papel de importância funda- dã do mundo" e na importância de sua participa-
m nini 11a educação ambiental. ção na definição de um projeto econômico, por-
MARCOS REIGOTA
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t mto político. A educação ambiental deve orien-
tar 80 para a comunidade. Deve procurar incenti-
vnr o indivíduo a participar ativamente da resolu-
çno dos problemas no seu contexto de realida-
des específicas.
Os cidadãos do mundo, atuando nas suas co- HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO
munidades, é a proposta traduzida na frase mui- AMBIENTAL
to usada nos meios ambientalistas: "Pensamento
global e ação local, ação global e pensamento
local".
Claro que a educação ambiental por si só não
resolverá os complexos problemas ambientais pla- Em 1968 foi realizada em Roma uma reunião
11etários. No entanto ela pode influir decisivamente de cientistas dos países desenvolvidos para se
para isso, quando forma cidadãos conscientes dos discutir o consumo e as reservas de recursos na-
sous direitos e deveres. Tendo consciência e co- turais não renováveis e o crescimento da popula-
nhecimento da problemática global e atuando na ção mundial até meados do século XXI .
!1 UCl comunidade, haverá uma mudança no siste- As conclusões do "Clube de Roma" deixam
ma, que se não é de resultados imediatos, visí- clara a necessidade urgente de se buscar meios
vols, também não será sem efeitos concretos. para a conservação dos recursos naturais e con-
Os problemas ambientais foram criados por trolar o crescimento da população, além de se in-
llornens e mulheres e deles virão as soluções. vestir numa mudança radical na mentalidade de
1 :,tns não serão obras de gênios, de políticos ou consumo e procriação.
tucnocratas, mas sim de cidadãos e cidadãs. Seus participantes observam que: "o homem
deve examinar a si próprio, seus objetivos e valo-
res . O ponto essencial da questão não é somente
11 sobrevivência da espécie humana, porém, ain-
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11 MARCOS REIGOTA O QUE IÔ EDUCAÇÃO AMBIENTAL 15
dn mais, a sua possibilidade de sobreviver sem de continuarem operando nas mesmas condi-
culr em um estado inútil de existência". ções que operavam em seus respectivos países.
Dessa reunião foi publicado o livro Limites do Essa atitude não será sem conseqüências gra-
Crescimento (Ed. Perspectiva, São Paulo, 1978), ves e os resultados se farão sentir nos anos que
que foi durante muitos anos uma referência inter- virão . No Brasil, o "exemplo" clássico é Cubatão,
nacional às políticas e projetos a longo termo e onde, devido à grande concentração de poluição
foi também alvo de muitas críticas, principalmen- química, crianças nascem acéfalas; na Índia, o
te de intelectuais latino-americanos, que liam nas acidente de Bophal, ocorrido numa indústria quí-
entrelinhas a indicação de que para se conservar mica multinacional que operava sem as medidas
o padrão de consumo dos países industrializa- de segurança exigidas em seu país de origem,
dos era necessário controlar o crescimento da provocou a morte de milhares de pessoas. Esse
população nos países pobres. acidente junto ao da usina nuclear de Tchernobyl
Um dos méritos dos debates e das conclusões são considerados os maiores acidentes ecológi-
do Clube de Roma foi colocar o problema ambien- cos contemporâneos .
tal em nível planetário, e como conseqüência dis- Uma resolução importante da conferência de
so, a Organização das Nações Unidas realizou Estocolmo foi a de que se deve educar o cidadão
om 1972, em Estocolmo, na Suécia, a Primeira para a solução dos problemas ambientais. Pode-
Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano. mos então considerar que aí surge o que se con-
O grande tema em discussão na conferência vencionou chamar de educação ambiental.
do Estocolmo foi a poluição ocasionada principal- A UNESCO é o organismo da ONU responsá-
mente pelas indústrias. O Brasil e a Índia, que vel pela divulgação e realização dessa nova pers-
viviam na época "milagres econômicos", defende- pectiva educativa e realiza seminários regionais
rnrn a idéia de que "a poluição é o preço que se em todos os continentes, procurando estabelecer
pngn pelo progresso". os seus fundamentos filosóficos _e pedagógicos.
Com essa posição oficial, esses países abriram A partir desses seminários, um grande núme-
ne pc.>rtus para a instalação de indústrias multina- ro de textos, artigos e livros foram publicados
l'lormla poluidoras, impedidas ou com dificuldades pela UNESCO em diversas línguas.
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Os principais seminários realizados por essa Nesse mesmo período, a primeira ministra no-
ln~,tiluição estão inseridos na história da educa- rueguesa, Gro-Brundtland, patrocina reuniões em
çuo ambiental e precisam ser destacados. várias cidades do mundo, inclusive São Paulo, para
Em Belgrado, na então Iugoslávia, em 1975, se discutir os problemas ambientais e as soluções
foi realizada a reunião de especialistas em edu- encontradas após a conferência de Estocolmo.
cação, biologia, geografia e história, entre outros, As conclusões foram publicadas em várias lín-
o se definiu os objetivos da educação ambiental, guas. O livro O Nosso Futuro Comum, também
publicados no que se convencionou chamar "A conhecido como relatório Brundtland, fornece os
Carta de Belgrado". subsídios temáticos para a EC0-92. É a partir
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Em Tibilissi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977, desse livro que o conceito de desenvolvimento
realizou-se o Primeiro Congresso Mundial de sustentável se torna mais conhecido. Aí também
Educação Ambiental, onde foram apresentados se enfatiza a importância da educação ambiental
os primeiros trabalhos que estavam sendo de- para a solução dos problemas.
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senvolvidos em vários países. Dez anos depois, Nos vinte anos que separam as conferências
ocorreu em Moscou o Segundo Congresso de mundiais de Estocolmo e Rio de Janeiro houve
Educação Ambiental. uma considerável mudança na concepção de
Nessa época, a então União Soviética vivia o meio ambiente. Na primeira se pensava basica-
início da perestroika e da glasnost, e temas como 1 mente na relação homem e natureza; na segunda
desarmamento, acordos de paz entre a URSS e o enfoque é pautado pela idéia de desenvolvi-
os EUA, democracia e liberdade de opinião per- mento econômic9.
meavam as discussões dos presentes. Essa mudança se fará sentir nos discursos,
Muitos especialistas consideravam inútil falar projetos e práticas diversas de educação ambien-
0 111 oducação ambiental e formação e cidadãos tal que surgiram desde então.
unq1mnto vários países (inclusive o anfitrião) conti- Se por um lado temos uma grande variedade
111111vnm a produzir armas nucleares, impedindo a de práticas que se autodefinem como sendo
prntlclpnção dos cidadãos nas decisões políticas. "educação ambiental", mostrando a sua criativida-
MARCOS REIGOTA
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do o importância, por outro lado temos práticas
multo simplistas que refletem ingenuidade, opor-
tunismo e confusão teórica, conceituai e política.
DEFININDO CONCEITOS
uco.logia e da educação ambiental, entre o pro- meio cósmico, geográfico, físico e o meio social
r1ss1onal da ecologia (ecólogo) e o militante político com as suas instituições, sua cultura, seus valores".
(ecologista), mas também em relação ao termo Esses três exemplos de definição de meio am-
rneio ambiente. biente, que estão longe de terminarem aqui, mos-
Este último está constantemente presente nos tram a variedade de compreensão do mesmo. E
meios de comunicação de massa, no discurso você, leitor, com certeza deve ter a sua própria
dos políticos e dos militantes verdes, nos livros definição, cujas características dependem dos
didáticos, nas artes plásticas, na música, no cine- seus interesses científicos, artísticos, políticos, fi -
ma, no teatro etc. losóficos, religiosos , profissionais etc.
Mas o que se entende por meio ambiente? Para que possamos realizar a ed ucação am-
As definições podem ser as mais variadas pos- biental, é necessário, antes de mais nada, co nhe-
síveis, dependendo das nossas fontes de consulta. ce rmos as concepções de meio ambiente das
Assim, o geógrafo francês Pierre Jorge define pessoas envolvidas na atividade. Ass im, para po-
que "ao mesmo tempo o meio é um sistema de der expor com mais clareza a minha proposta
relações onde a existência e a conservação de de educação ambiental, considero inevitável
uma espécie são subordinadas aos equilíbrios apresentar a definição de meio ambiente que a
entre os processos destrutores e regeneradores e sustenta, e que é diferente das apresentadas
seu meio - o meio ambiente é o conjunto de da- anteriormente.
dos fixos e de equilíbrios de forças concorrentes Defino meio ambiente como: um lugar determi-
nado e/ou percebido onde estão em relações di-
que condicionam a vida de um Grupo biológico".
nâmicas e em constante interação os aspectos
Para o ecólogo belga Duvign eaud, "é evidente naturais e sociais. Essas relações acarretam pro-
quo o meio ambiente é composto por dois aspec- cessos de criação cultural e tecnológica e proces-
tos: 1) o meio ambiente abiótico físico e químico sos históricos e políticos de transformação da na-
o 2) o meio ambiente biótico". tureza e da sociedade.
Para o psicólogo Silliany, meio ambiente "é o Podemos comparar essa definição de meio
quo cerca um indivíduo ou um grupo, englobando o ambiente com as anteriores e poderemos obser-
MARCOS AEIGOTA ••
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vnr que ele não é visto apenas como sinônimo
cio meio natural. Razão pela qual parto do princí-
pio de que a educação ambiental não é sinônimo
do ensino de ecologia, embora não prescinda da 1
mesma.
dos de solução. Nos sindicatos, as condições de Em meados da década de 80, houve um im-
tra?alho, ~anuseio de produtos tóxicos, segurança portante debate nos meios educacionais. Discu-
o riscos sa~ tem~s básicos dados. As universida- tia-se se a educação ambiental deveria ser ou
des se dedicam a ~armação de profissionais que não uma disciplina a mais no currículo escolar.
possam atuar nas ~rversas áreas do conhecimento O -Conselho Federal de Educação optou pela
v?ltada~ para o mero ambiente; entre elas as ciên- negativa, assumindo as posições dos principais
cia~ mais t~cnicas, como a engenharia, e as ciências educadores ambientalistas brasileiros da época,
mais refle~1vas, como a antropologia. que consideram a educação ambiental como uma
Os ~eros de comun icação, por meio de de- pers pectiva de educação que deve permear todas
bate.s, frl~es, artigos enfocando os problemas as disciplinas.
amb1enta1s, contribuem para a conscientização Atualmente, ouvimos com freqüência, princi -
da população. palmente dos políticos apressados, que o ensino
~ es~ola é um dos locais privilegiados para a de ecologia deve ser disciplina obrigatória nos
realrzaç_ao da educação ambiental, desde que dê currículos.
oportunidade à criatividade. Já observei que ensino de ecologia e educa-
- Um o~tro aspecto consensual sobre a educa- ção ambiental são diferentes, no entanto é muito
çao ambiental e que não há limite de idade para comum serem vistos como sinônimos.
o~ seus estudantes, tendo um caráter de educa- Embora a ecologia, como ciência, tenha uma
çao p_ermanente, dinâmica, variando apenas no importante contribuição a dar à educação ambien-
q~e drz respeito ao seu conteúdo e à metodolo- tal, ela não está mais autorizada que a história,
gia, procurando adequá-los às faixas etárias a o português, a química, a geografia, a física etc.~
que se destina. A educação ambiental, como perspectiva edu-
Procurarei enfatizar aqui a educação ambiental cativa, pode estar presente em todas as discipli- ,
nas, quando analisa temas que permitem enfocar(
~as e~colas de primeiro e segundo graus, embo-
as relações entre a humanidade e o meio natural, \
a murtos dos seus aspectos possam ser utiliza-
e as relações sociais, sem deixar de lado as suas
dos e adaptados em outros contextos educativos. especificidades.
MARCOS AEIGOTA
O QUE~ EDUCl\ÇÃO AMBIENTAL 27
Como exe~plo, vejamos o relato de uma pro- no, procurando levantar os principais ~:ob~emas
fessora de Sao Paulo. "Nas minhas aulas visita- da comunidade, as contribuições da c1enc1a, os
mos uma pedreira perto da escola. Ali os' alunos co nhecimentos necessários e as possibilidades
podem observar o mal que a poeira faz à saúde concretas para a solução deles. . .
dos operári?s_ e analisar uma das principais fon- O fato de a educação ambiental escolar priori-
tes de polu1çao do ar no bairro. Realizamos um zar o meio onde vive o aluno não significa, de
leva~t~~ento histórico desses problemas e as forma alguma, que as questões (aparentemente)
poss1b1l1dades de solucioná-los".
distantes do seu cotidiano não devam ser abor-
_A introdução dessa perspectiva na escola su- dadas, pois não devemos esquecer que esta~os
poe um~ modificação fundamental na própria procurando desenvolver n~o s~ a sua. c?nsc1en-
concepçao de educação, provoca mesmo uma cia e participação como c1dadao brasileiro, mas
"revolução" pedagógica. Na reunião da Sociedade também como cidadão planetário.
Brasileira para o Progresso da Ciência, de 1992, Para muitos professores, pais, alunos · etc., a
alguns professores comentaram que a educação educação ambiental só pode ser feita quando s.e
ambiental provocou nos alunos um grande inte- sai da sala de aula e se estuda a natureza m
re~~e pelos temas abordados e participação nas foco. Esta é uma atividade pedagógi~a muito ~ica
at1v1dades propostas, elevando consideravelmen- de possibilidades, mas corre-se o risco de te-la
te o nível de aprendizagem. Outros comentaram como única atividade possível, quando na verda-
o envolvimento ocorrido entre os professores de de é apenas mais uma.
várias disciplinas e entre eles e os alunos, não só É sempre muito agradável poder passar algu-
na escola, mas também na comunidade. mas horas estudando ou fazendo atividades em
A tradicional separação entre as disciplinas, hu- parques ou reservas ecológicos, jardins botâni-
manas, exatas, e naturais, J?erde sentido, já que o cos, ou em qualquer lugar rico nos seus aspectos
que se busca e o c~nhecimento integrado de todas naturais.
elas para a solução dos problemas ambientais. . No entanto a natureza conservada não deve
. Na educação ambiental escolar deve-se enfa- ser apresentada corno modelo, já que o que exis~
tizar o estudo do meio ambiente onde vive o alu- te no cotidiano entre o homem e a natureza e
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O QUE !Ô EDUCAÇÃO AMBIEN TAL
211 MARCOS AEIGOTA
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MARCOS REIGOTA ••
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mando que o professor pode educar ambiental-
mente em qualquer lugar.
Para melhor explicitar o que é, então, educa-
ção ambiental, na escola ou fora dela, creio ser
neces~ário ab?rdar os seus objetivos específicos,
conteudos, metodo e processo de avaliação dos OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO
alunos, o que será feito nos próximos itens.
AMBIENTAL
1. Conscientização
Levar os indivíduos e os grupos associados a
tomarem consciência do meio ambiente global e
de problemas conexos e de se mostrarem sensí-
veis aos mesmos.
Isto significa que a educação ambiental deve
procurar chamar a atenção para os problemas
planetários que afetam a todos, pois a camada
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO
6. Participação
AMBIENTAL
Levar º .s. indivíduos e grupos a perceber suas
r~sponsab1lldades e necessidades de ação ime-
diata para a solução dos problemas ambientais.
Procurar _nas pessoas o desejo de participar
na construçao de sua cidadania. Fazer com que A educação ambiental não deve estar basea-
a~ pessoas entendam a responsabilidade, os di- da na transmissão de conteúdos específicos, já
reitos e ?s deveres que todos têm com uma me- que não existe um conteúdo único, mas sim vári-
lhor qualidade de vida. os, dependendo das faixas etárias a que se des-
tinam e dos contextos educativos em que se pro-
cessam as atividades.
O conteúdo_ mais indicado deve ser originado
do levantamento da problemática ambiental vivida
cotidianamente pelos alunos e que se queira re-
solver. Esse levantamento pode e deve ser feito
conjuntamente pelos alunos e professores.
Temos encontrado nas atividades de educação
ambiental conteúdos bem diversos, tais como:
saneamento básico, extinção de espécies, polui-
çãQ em geral, efeito estufa, biodiversidade, reci-
:iu MARCOS REIGOTA
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clagem do lixo doméstico e industrial energia
nuclear, produção armamentista etc. '
A e?u~ação ambiental não deve priorizar a
transm1ssao de conceitos específicos da biologia
ef?~ da geografia. No entanto, alguns conceitos
METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO
basices, tais como ecossistema, hábitat nicho
ecológico, fotossíntese, cadeia alimentar 'cadeia AMBIENTAL
de energia :te., devem ser compreendid~s pelos
alunos, e nao decorados e repetidos automatica-
mente por eles.
Os conceitos científicos acima citados entre Muitos são os métodos possíveis para a reali-
o~Atro~, têm como função fazer a ligação ~ntre a Lação da educação ambiental. O mais adequado
c1enc1a e os problemas ambientais cotidianos . é que cada professor e prqfessora estabeleça o
Dessa forma, cada disciplina tem a sua contribui- seu, e que o mesmo vá ao encontro das caracte-
ção a dar nas atividades de educação ambiental,
envolvendo os professores de biologia, português rlsticas de seus alunos.
Na metodologia utilizada reside um dos aspec-
educação artística, história, entre outros. '
tos que caracteriza a criatividade ?~ professor
diante dos desafios que encontra cot1d1ana~ent:.
. O conteúdo da educação especial deve possibi-
litar ao aluno fazer as ligações entre a ciência as As aulas expositivas do professor nao sao
questões imedi,at.as e as questões mais ge;ais, muito recomendadas na educação ambiental;
nem sempre prox1mas geográfica e culturalmente. mas elas podem ser muito importantes quando
Tendo sido escolhido o conteúdo a ser estuda-
bem preparadas e quando deixam espaço para
do, é nece~~ário definir os métodos pedagógicos
os questionamentos dos alunos. .
a serem utilizados; no próximo item abordarei al- Uma aula expositiva bem dada, mesmo consi-
guns deles.
derada tradicional, ainda é muito melhor do que
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MARCOS AEIGOTA O QUE i:: EDUCAÇÃO AMBIENTAL 39
;w uulas modernosas, em que o professor se o método ativo pressupõe que o processo pe-
lantasia de aluno procurando conquistar a sua dngógico seja aberto, democrático e dialógico en-
:.;lmpatia, impedindo assim que ele (o aluno) en- tro os alunos, entre eles e os professores e a
tro e~ contato com idéias, conhecimentos, expe- •tdministração da escola, com a comunidade em
nêncra e comportamento de uma geração que que vivem e com a sociedade civil em geral.
não é a sua. Vejamos um exemplo relatado por uma prof~s
Para a realização da educação ambiental po- !-!Ora de biologia: "Para a semana da Ecologia,
damos empregar os métodos passivo (em que só rneus alunos realizaram entrevistas com .ºs vel~o~
o professor fala), ativo (em que os alunos fazem rnoradores do bairro, que conhecem a mdustnall-
experiências sobre o tema). descritivo (em que 1ação ali ocorrida. Eles nos contaram como era
os alunos aprendem definição de conceitos e nntes e depois que as indústrias chegaram. Os
descrevem o que eles puderam observar, por nlunos mantiveram também contatos com a ~sso
exemplo, numa excursão) e\....analítico (em que os ciação de moradores e com gru~os ecolog~st~s.
alunos completam sua descrição com dados e Criaram um clube ecológico e um Jornal que e dis-
Informações e respondem a uma série de ques- tribuído na escola. Além disso fizemos (inclusive
toos sobre o tema). os professores e funcionários) uma limpeza g~ral
A educação ambiental que visa a participação na escola e plantamos muitas árvores no bairro.
elo cidadão na solução dos problemas deve em- Fizemos um levantamento dos principais proble-
pro gar metodologias que permitam ao aluno mas do bairro e as possibilidades de solução".
q11ostionar dados e idéias sobre um tema, propor A educação ambiental está também , muito li-
tmh1ções e apresentá-las. Esse é o método ativo gada ao método inter~iscipfina~. Esse metod?, n?
nrnplindo em relação à definição dada acima. ' entanto, é compreendido e aplicado das mais di-
Corn o método ativo, o aluno participa das ati- versas formas.
vldrtduB, desenvolve progressivamente o seu co- Normalmente, ele é empregado quando P~~
nhor. lm onto e comportamento em relação ao fessores de diferentes disciplinas realizam . at1v1-
t mn, do ncordo com sua idade e capacidade. dades comuns, sobre um mesmo tema. Assim te-
111
MARCOS AEIGÇ)TA
O QUE ~ EDUCAÇÃO AMBIENTAL 4t
portugues, e um exemplo· "R 1· g de 11111 casa, na escola. Nós analisamos esses pro-
entre 1 . • · ea rzamos debates l1lomas, comparando-os e procurando observar
exposi~:o ªo~n~s, at1v1da~es de sensibilização e 111-1 causas comuns e os efeitos particu lares, pro-
ão d . a ' encenaçoes teatrais e a realiza-
l
Porém' algumas entidad
ssns atividades period·
.
es culturais realizam ••
icamente a preços acessí-
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•••• O QUE~ EDUCAÇÃO AMBIENTAL 51
. _
••
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e fora dela ª superexposiçao na mídia
m . " E pode ser verrf1cado nos vários "Pr'
erro ncontro Nacional de Ed - . ,_
realizados após 1988 . ucaçao Ambiental
Diante desse predomínio d .
práticas em det ·
,
ªquantidade de
rrmento da qualidade é com
~~~~~a~t~~~f~=~od~~::~t~~b:~~:~~ica e m~~~~ PERSPECTIVAS FUTURAS
Assim, atividades que fazem parte da ecologia, São realizados eventos científicos por todo o
da geografia, ou ainda do lazer, são rebatizadas País; são firmados acordos de cooperaçno técni-
de educação ambiental. O mais grave é o surgi- ca e intercâmbio entre diferentes países.
mento de escolas de educação ambiental e/ou Nas universidades, iniciam-se cursos novos, do
escolas ecológicas de primeiro e segundo graus reciclagem dos profissionais e de especlallznçno.
dentro das concepções conservacionistas na bio- ( Os movimentos ambientalistas e sociais ocu
logia, conservadora na política, e equivocada na \ pam espaços importantes, fortalecendo a soclo
educação, como expus no início. Essa perspecti- dade civil e a frágil democracia brasileira.
va é' a que tem ocupado com mais freqüência os - Seria muito ingênuo pensar que todo esse mo
meios de comunicação de massa, os órgãos go- vimento não passa de um modismo e oportunl s
vernamentais voltados para as questões ambien- mo passageiros. Após a EC0-92, no Brasil, nadn
tais e até mesmo algumas universidades. será como antes. As propostas educativas e ambl
A segunda é a que me interessa abordar, e entalistas que têm condições morais, éticas, tócnl
traduz todo o movimento educativo na sociedade cas, econômicas e políticas de se firmaram per
brasileira provocado pela EC0-92. Nesse movi- manecerão entre nós, mesmo que minoritárias.
mento, a educação ambiental que estava sendo A EC0-92 deve ser vista como um grando en
praticada antes do boom teve o espaço necessá- talisador educativo, não só na sociedodo brasllul
rio para se consolidar como opção pedagógica ra, mas também na sociedade planetárlu.
crítica aos modelos vigentes . Nesse contexto, surgiram no Brnsll 1·11r10 1 dl
Por outro lado, ainda devido à EC0-92, muitos especialização em educação ambiental Algun
livros, revistas especializadas, artigos críticos têm deles têm propostas sérias , mosmo quando V Ili
sido publicados. A mídia realiza debates (às vezes dos para a formação de técnlco1 para 11 1dml
sérios) com especialistas, políticos e cidadãos; a nistrações governamentais o ornpr•••• prlvld
publicidade tem destacado aspectos ecológicos; Até o momento, poucos ClJrROI d• llPI 1111 • ao
film es, peças de teatro e exposições de artes estão voltados para os proh111or11 do prlmcilro o
plásticas com temas ambientais se multiplicam. segundo graus.
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