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César Figueiredo

O Desenho e a Ilustração na Arqueologia


Descodificação de Desenho e Ilustração Arqueológica

Artigo publicado na Revista Portugal Romano - Edição nº1 (Abril/Maio) 2012 (V-1.0)
CÉSAR FIGUEIREDO_____________________________________________________O DESENHO E A ILUSTRAÇÃO NA ARQUEOLOGIA.

O Desenho e a Ilustração na Arqueologia.

Descodificação de Desenho e Ilustração Arqueológica


Desde sempre que a prática do desenho fez parte da essência humana. É comum pensar-se no desenho
como algo inteligível, de forma acabada e em suporte próprio. Não é de todo comum julgar o desenho como
forma de pensamento e de produção de conhecimento. A prática do desenho está intimamente ligada ao
desenvolvimento do conceito de Ideia (MARQUES, 2006, p.62), de um conceito, de uma “visão mental”, de
um desejo que se torna na necessidade inata de transformar um pensamento em algo visível, “palpável” e
visual. “Através do desenho é possível observar melhor, entender, registar e comunicar factos e conceitos
da ciência” (SALGADO, 2008/2009, p.78). O desenho arqueológico, bem como em outras áreas da
ilustração científica, continua a ser preferido em relação à fotografia porque, na maioria dos casos, permite
um registo visual superior e capaz de se adequar à necessidades de representação. A prática do desenho

Desenho de Tyche. Tinta da


China sobre polyester.

de materiais arqueológicos, tal como em outras áreas do desenho científico, obedece a inúmeros critérios
práticos e de ordem morfológica. Dentro do desenho científico existem, de facto, muitíssimas variantes. No
entanto, o desenho de materiais arqueológicos distancia-se da maior parte delas, pelo facto de não
representar tipos nem géneros. O desenho na arqueologia é descritivo, evidenciando as formas e os traços
marcados pela acção humana. Ao contrário das ciências naturais que pretendem representar tipos através
das características mais comuns de cada espécie, na arqueologia não existem dois artefactos iguais. Torna-

Visualização 3D de cerâmicas
romanas do Museu Arqueológico
D. Diogo de Sousa.

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se, por isso, impossível “caricaturar” qualquer ruína ou qualquer elemento de espólio. A este propósito, Luís
Fortunato Lima refere sobre o desenho na biologia o seguinte: “Por exemplo: na Zoologia, os desenhos de
animais representam apenas as espécies: significa, como na representação de um peixe, apenas figurarem
as características particulares da sua espécie, excluindo para isso todos os traços desviantes do indivíduo
particular, transformando- o em indivíduo emblemático” (LIMA, 2008/2009, p.90). Por isso mesmo, no
desenho arqueológico não se podem representar espécies, não será possível dividir em categorias “modelo”
cada género de artefacto.

Desenho de pata de cavalo; fragmento de uma estátua equestre e integração do fragmento na estátua. Aguarela sobre papel.

O desenho e a ilustração arqueológica são vistas muitas vezes como áreas de apoio para o estudo ou
suporte de transmissão de informação para a arqueologia. Na verdade, existem diferenças bastante
significativas entre o conceito de desenho arqueológico e ilustração arqueológica. Ambas são desenho
científico mas enquanto que o desenho se reporta à representação técnica de materiais arqueológicos, tais
como cerâmicas, líticos, vidros, metais entre outros, a ilustração pode conter a representação de materiais
mas privilegia a visualização destes materiais no seu contexto em que foram usados. Deste modo, a

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ilustração passa a ser um campo de acção muito mais alargado que contempla não só a representação de
materiais como se expande à visualização do meio destes objectos na antiguidade. Refiro-me mais
concretamente à recriação dos ambientes históricos e arqueológicos como forma de possibilitar um
entendimento acerca de uma determinada civilização histórica. Digamos que a ilustração arqueológica
privilegia a representação da interacção entre pessoas, materiais, animais, meio geográfico, etnografia,
paisagem e arquitectura na sua vivência activa do passado.

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