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Orientador:
Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.
Rio de Janeiro
Março/ 2011
ii
Aprovada por:
________________________________________________________________________
Presidente, Prof. Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.(orientador)
________________________________________________________________________
Prof. Leydervan de Souza Xavier, D.C.
________________________________________________________________________
Prof.ª Debora Omena Futuro, D.Sc. (UFF)
________________________________________________________________________
Prof.ª Sabrina Calil-Elias, D.Sc. (UFF)
Rio de Janeiro
Março/ 2011
iii
CDD 620.8
iv
Agradecimentos
- Aos meus pais Alfredo e Isa, ao meu noivo Alberto, a minha irmã Aline e meu pequeno Pietro,
a minha querida tia Lânia e a todos os demais familiares pela paciência e apoio em todos os
momentos.
- A minha avó Iracema, in memorian, pela força e carinho de sempre, e pelos ensinamentos
que me proporcionou enquanto estivemos juntas.
- Ao meu orientador professor Jose Antonio Assunção Peixoto que de forma muito competente,
respeitosa e inteligente compartilhou seus conhecimentos, e se tornou uma pessoa muito
especial na minha vida acadêmica, profissional e pessoal.
- Aos meus queridos colegas do curso que entenderam como ninguém minhas angústias e as
fizeram parecer menor, em especial aos alunos: Márcia, Fabiana, André, Ilana, Lilian e Sidnei.
- A direção do Cecal, na figura do senhor diretor Joel Majerowicz, por autorizar e apoiar a
realização da pesquisa.
RESUMO
Orientador:
Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.
ABSTRACT
Advisor:
Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.
Man's evolution was driven by advances in technology, leading to an excessive increase for
products and services demands. For a long time, there wasn’t concern about the environmental
liabilities generated. With population growth, there was consequently an increase in necessity
and generation of waste, which brought serious environmental impacts. Given the potential risk
of the waste, the political community and regulatory agencies have established laws and
guidelines to promote the reduction of waste generated and the establishment of proper
management. The dissertation was developed in animal house, situated in the Rio de Janeiro
city and responsible for production of laboratory animals, animal blood products, quality control
service and animal biotechnology. The waste produced in this Unit are classified as waste of
health service and have specific regulations regarding the procedures that guide management
and final disposition. The aim of this study was identify and represent the key processes that
generate waste in an animal house keeping, to generate information that can lead to
improvements in work processes. The methodology of the work consists of mapping the
processes involved in the production of rodents and lagomorphs for identification and
classification of waste generated as RDC 306 ANVISA. Then, is held to a representation of the
processes according to the technique of Life Cycle Analysis (LCA) with the support of Umberto
software and are inserted information for inventory life cycle. The process chosen for this
representation was lagomorphs production (rabbits). Among the types waste of health service
identified by the mapping, the animal production had to generate biological wasrw (class A4),
chemical (B), Common (D) and Sharp (E). The analysis of the inventory lifecycle of the rabbits
production process as result a consumption increases in input power and water, especially in
the processes of Environmental Climate and Cleaning Materials. The waste genetated in rabbit
production are represented by emissions in 52,54%, by effluents in 45,92%, by biological waste
in 1,45% and common waste in 0,009%. Emissions are high due to the release of water vapor
in the environment cooling system, corresponding to 99,99% of the value. The application of
techniques mapping and LCA allowed the representation of the animal house as a production
system and measurement of discharges the process, and specially stressed the importance of
the environmental variable in the management of the organization.
Keywords: Waste management; Mapping processes; Life Cycle Analysis; Animal house
Rio de Janeiro
Março/ 2011
viii
Sumário
Introdução 1
I A Experimentação Animal 10
I.1 A Evolução 10
I.3 Regulamentação 16
II Biotérios 20
II.4 Instalações 26
III Biossegurança 31
IV A Questão Ambiental 37
V Resíduos 42
V.1 Histórico 42
V.2.1 Classificação 44
V.3.1 Classificação 46
51
V.4.2 Segregação 51
V.4.3 Acondicionamento 52
V.4.4 Identificação 52
V.4.7 Tratamento 54
V.5 Regulamentação 57
VI.1 Processos 58
VI.1.1 Classificação 59
VI.1.2 Hierarquia 59
x
VI.3.1.1 Fluxograma 64
VII.1 Conceito 66
VII.3 Limitações 69
VIII.1.1 Histórico 73
VIII.1.2 Infraestrutura 74
VIII.1.3 Produtos 75
VIII.1.4.3 Gestão 81
VIII.2.1 Fornecedores 81
84
XI Discussão 144
Conclusão 151
Anexo 1 168
Anexo 2 170
Anexo 3 171
Anexo 4 172
Anexo 5 173
Anexo 6 184
xiv
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Quadros
Lista de Abreviaturas
Sigla Significado
AALAS American Association for Laboratory Animal Science
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
AICV Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida
AMOP Análise e Modelagem de Processos
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BPEL Business Process Execution Language
BPMN Business Process Modeling Notation
CAL Ciência de Animais de Laboratório
CECAL Centro de Criação de Animais de Laboratório
CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais
CFMV Conselho Federal de Medicina Veterinária
CGEE Centro de Gestão de Estudos Estratégicos
CIBio Comissão Interna de Biossegurança
CNBS Conselho Nacional de Biossegurança
CNEM Comissão Nacional de Energia Nuclear
COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
COC Casa de Oswaldo Cruz
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONCEA Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal
CPqAM Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
CPqGM Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
CPqRR Centro de Pesquisas René Rachou
CQB Certificado de Qualidade em Biossegurança
CTNBio Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
DIRAC Diretoria de Administração do Campus
EDTA Ethylenediamine tetraacetic acid
ENSP Escola Nacional de Saúde Pública
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
FELASA Federation of European Laboratory Animal Science Association
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
xix
Introdução
Objetivo
Este trabalho tem como objetivo geral contribuir com a gestão de resíduos em um
biotério de criação, a fim gerar informações capazes de permitir melhorias nos processos de
trabalho empregados.
Com relação aos objetivos específicos, fazem parte:
1) Identificar e representar os processos geradores de resíduos no biotério de criação
estudado;
2) Distinguir os resíduos de serviços de saúde (RSS) gerados no biotério de criação,
segundo a classificação apresentada na RDC Nº 306 da Anvisa;
3) Análisar um dos processos representados por meio da técnica de Avaliação do Ciclo
de Vida (ACV), gerando dados quantitativos referentes aos inputs e outputs do
processo.
Justificativa
2. Uma justificativa bastante relevante para o estudo deste tema decorre da própria razão
de existir do Cecal e da Fiocruz, isto porque seria contraditória uma instituição que atua
de forma a gerar conhecimento e promover a saúde pública, deixar de conhecer os
resíduos gerados e sua destinação, gerando danos a população por falta de gestão.
Portanto, o gerenciamento adequado dos resíduos é condição imperativa e iniciativas
de desenvolvimento de pesquisas são bem vindas.
Metodologia
Etapas de Realização
Organização do Trabalho
I – A Experimentação Animal
I.1 – A Evolução
alegação de crueldade nas pesquisas científicas (RIVERA, 2002). De acordo com o filósofo
francês René Descartes (1596 – 1650), em seu livro “Discurso do Método”, os animais seriam
seres autômatos, com organismo semelhante a máquinas, e comparáveis a um sistema de
relógio, onde todas as funções se explicam mecanicamente. Acreditava que os processos de
pensamento e sensibilidade faziam parte da alma, e somente os homens possuíam alma
racional (MEZADRI et al., 2004; DESCARTE, 2007).
É provável que essas idéias sobre as diferenças entre homens e animais tenham
influenciado os cientistas do século XVII a realizarem experimentos cruéis com os animais
(MEZADRI et al., 2004; FIN & RIGATTO, 2007). Ao contrário de Descarte, Voltaire (1694-1778)
apresenta a humanidade outra visão, considerando os animais seres sencientes (FIN &
RIGATTO, 2007). É uma proposta bastante polêmica naquele período, já que contradizia
conceitos amplamente aceitos.
Outros pesquisadores que defenderam a benevolência humana para com os animais
foram Kant e Bentham. Kant (1724-1804) acreditava que não se deveriam praticar crueldades
aos animais por uma questão de autodefesa moral, pois aquele que tivesse coragem para
maltratar ou agredir um animal, o mesmo poderia fazer a uma pessoa (PAIXÃO & SCHRAMM,
2007). Para Bentham (1748-1832), não bastava “não ser cruel”, seria preciso reduzir o
sofrimento e aumentar o bem estar destas criaturas, incluindo-as no grupo de seres com
sentimentos (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
Em 1859, a teoria evolutiva de Charles Darwin vem a fortalecer as argumentações de
Voltaire e Bentham, ao afirmar a descendência animal dos homens. Isto estabelecia
semelhanças e eliminava diferenças radicais em suas capacidades mentais (PAIXÃO &
SCHRAMM, 2007). Por outro lado, a prova de que a similaridade entre o homem e os animais
está baseada na homologia, proporcionou uma base racional para o emprego de animais como
modelo para o homem (ZUTPHEN et al., 1999a).
O processo de conscientização continua com a apresentação, em 1959, do princípio
dos 3 R’s por William Russel e Rex Burch (CRISSIUMA & ALMEIDA, 2006). Este princípio tinha
o objetivo ousado de reduzir os abusos na utilização de animais em experimentação, e
implicava na adoção de três conceitos: Reduction (redução), Refinement (refinamento) e
Replacement (substituição) (CRISSIUMA & ALMEIDA, 2006; NAVARRO, 2007).
Em 1975, Peter Singer, especialista em Bioética¸ analisa as considerações sobre o que
deve ser considerado moralmente aceito no tratamento de animais. Segundo ele, se os animais
são capazes de experimentar sensações de sofrimento, logo eles possuem o interesse em não
sofrer. O homem, ao não levar em consideração os interesses animais em nossos padrões
morais, fere o que ele defende como “Princípio da Igual Consideração de Interesses”, portanto,
o sofrimento de qualquer espécie deve ser considerado em grau de igualdade em relação a
qualquer outra espécie (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
12
Na década de 80, influenciado pelos ideais de direitos, Tom Regan destacou-se como
principal defensor da idéia dos “direitos dos animais” (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007). Segundo
ele, ao considerar que animais são seres responsáveis por suas vidas, lhes atribuímos status
moral e, portanto, devemos lhes assegurar o direito de serem tratados com respeito.
À medida que a relação do homem com o meio se altera, novas técnicas são
necessariamente exigidas. Procedimentos quase que rudimentares utilizados até então no
desenvolvimento de testes biomédicos, precisam adquirir maior refinamento, visando à redução
do sofrimento animal (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
Segundo Majerowicz (2008a), a pesquisa científica e atividades relacionadas ao
desenvolvimento tecnológico e controle de qualidade de imunobiológicos e fármacos requerem
animais de laboratório para prosseguir realizando avanços na compreensão da vida, na
prevenção e no tratamento de doenças. A experimentação animal é fundamental para a
continuidade do progresso dessas áreas, beneficiando a saúde humana e animal, uma vez que
ainda não há disponíveis, sistemas alternativos que permitam a substituição completa dos
animais (MAJEROWICZ, 2005).
Moreno e colaboradores (1983) reforçam a importância da experimentação animal ao
relacionar seu impacto direto na saúde pública, seja na utilização dos animais como fonte de
zoonoses; no diagnóstico de enfermidades humanas e animais; em ensaios toxicológicos e em
práticas preventivas de contaminação ambiental; na utilização em contaminação toxicológica;
na elaboração de modelos representativos de enfermidades humanas; na prática de ensino; e
na utilização como reagentes biológicos para obter e padronizar antígenos e soros destinados
a diagnósticos imunológicos.
I.3 Regulamentação
No Código Civil Brasileiro de 1916, os animais eram considerados como bens móveis
suscetíveis de movimento próprio (semoventes) ou simplesmente renegados à condição de res
nullius, ou seja, coisas sem dono, sem utilidade, passíveis de apropriação (MACHADO et al.,
2004). Ainda em 1924, foi elaborado durante a República Velha, o Decreto nº 16.590, que
embora regulamentasse o funcionamento das casas de diversões públicas, constava neste a
proibição à prática de maus tratos que violassem a dignidade animal (MACHADO et al., 2004;
BRASIL, 1924).
A primeira legislação criada no Brasil que cita a prática com uso de animais para fins
didáticos e científicos é o Decreto nº 24.645 de 1934, que estabelece medidas de proteção aos
animais (CARDOSO, 2010). Em seu Art 1º reconhece todos os animais existentes no País
como tutelados do Estado e, em seu Art 2º condena a multa e prisão, de 2 a 15 dias, aquele
que aplicar ou fizer maus tratos animais. Dentre as condutas consideradas maus tratos, temos:
praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; manter animais em lugares anti-
higiênicos, impedidos de respirar, movimentar-se, descansar ou privá-los de ar e luz; golpear,
ferir ou mutilar os animais, voluntariamente, excetuando-se operações praticadas em seu
próprio benefício, em defesa do homem ou no interesse da ciência; não dar morte rápida, livre
de sofrimento prolongado, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não,
dentre outros cuidados (BRASIL, 1934).
Em 1941, surge o Decreto-Lei nº 3.688, popularmente conhecido como Lei das
Contravenções Penais, e veio a reforçar as medidas do Decreto Lei nº 24.645, ao tratar da
omissão de cautela na guarda ou condução de animais (Artigo 31) e prever pena para a prática
de crueldade, estendendo-a para aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza,
em lugar público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo (Artigo
64, § 1º.) (BRASIL, 1941).
Em 1968 surge a Lei nº 5.517 que dispõe sobre o exercício da profissão de médico
veterinário e cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, tornando de
competência privativa do médico veterinário a prática da clínica em todas as suas modalidades
e a assistência técnica e sanitária dos animais sob qualquer forma, dentre outras funções
(BRASIL, 1968). Em 1969, a Lei nº. 64.704, em seu Capítulo II, Artigo 2º., itens c e d, estipula
17
II- Biotérios
Segundo Cardoso (2002), de acordo com a finalidade destinada aos animais que
abrigam, os biotérios podem ser classificados como biotérios de criação, manutenção e
experimentação. Biotérios de criação abrigam as matrizes reprodutoras das espécies e são
responsáveis pela produção dos animais, destinados à experimentação. Biotérios de
Manutenção abrigam animais silvestres para adaptação em cativeiro e também, para produção
e fornecimento de sangue e órgãos animais. Biotérios de experimentação abrigam os animais
fornecidos pelo biotério de criação, e que serão submetidos à investigações biológicas.
Segundo Passos (2008), os biotérios podem ser divididos em três fases, de acordo com
suas técnicas de trabalho. A primeira, na sua constituição, quando se destinavam a abrigar os
animais que eram capturados de seu habitat natural enquanto aguardavam sua utilização para
pesquisas ou quando estavam em processo de observação.
Em uma segunda fase, os biotérios ganham características arquitetônicas mais
específicas, de forma a garantir características ambientais confortáveis e segurança sanitária,
minimizando variações fisiológicas e comportamentais (PASSOS, 2008). O ambiente ganha
características próximas a do ambiente natural, passando a controlar parâmetros como
iluminação, temperatura e umidade. A grande mudança nesta fase decorre do estabelecimento
de modelos ideais identificados após avaliação de pesquisadores.
Esses “modelos ideais” serão aquelas espécies e cepas de animais que demonstrarão
as características desejáveis para cada estudo de caso. A partir destas escolhas serão
estabelecidas colônias através de acasalamentos direcionados, o que produzirá um grupo de
qualidade genética e sanitária definida. A organização e profissionalização desta atividade
apresentam para a sociedade uma nova ciência, a Ciência de Animais de Laboratório
(PASSOS, 2008).
A implantação desta estrutura de biotério, juntamente com a aplicação de metodologias
de pesquisa menos cruéis, vem a contemplar dois princípios dos 3R’s, Reduce e Refinement.
Ou seja, a redução do uso de animais quando a maior qualidade destes possibilita a utilização
de amostras menores e de confiabilidades superiores; e o refinamento das técnicas (PASSOS,
2008).
A terceira fase identificada, para alguns biotérios é uma realidade, enquanto para
outros, ainda encontra-se em fases de projeto ou implantação. Caracteriza-se pela observação
e desenvolvimento pelo homem das técnicas de biotecnologia animal, como mutação
espontânea, transgênese, clonagens reprodutivas e terapêuticas, utilização de células-tronco
em terapias celulares e criopreservação. Os biotérios passam a buscar o status de centros de
investigação e produção científica (PASSOS, 2008).
22
Segundo Godard (2001), existe três condições essenciais para que se tenha um modelo
animal bem sucedido do ser humano. A primeira é a conservação evolutiva, onde o modelo
23
barreiras absolutas (MOLINARO et al., 2009 ; COUTO, 2002b). Tanto animais germ free como
os que apresentam um ou mais microorganismos conhecidos são considerados gnotobióticos
(BOOT, 1993).
Os animais livres de germes patogênicos específicos (specific pathogen free – SPF) são
aqueles que têm demonstrado estar livres de certos microorganismos potencialmente
patogênicos, que causariam doenças clínicas ou subclínicas ou seriam potencialmente
patogênicos a uma determinada espécie animal (BOOT, 1993; MAJEROWICZ, 2005). Animais
SPF não podem ser considerados padronizados, pois sua microbiota é desconhecida,
entretanto, os microorganismos patogênicos indesejáveis não devem ser detectados nos
exames realizados em amostras da colônia (BOOT, 1993). Devem ser mantidos em biotérios
com barreiras sanitárias ou equipamentos que lhes garantam o padrão microbiológico
(MAJEROWICZ, 2005).
Os animais convencionais são aqueles que possuem microbiota indefinida por serem
mantidos em ambiente desprovido de barreiras sanitárias rigorosas (COUTO, 2002b).
II.4 Instalações
7%
8%
11%
46%
14%
14%
Umidade Relativa (U.R): Grande parte dos animais de laboratório compensa o excesso
de calor através do aumento de ritmo respiratório, devido à incapacidade de sudação. Contudo,
se a umidade do ar atingir alto índice, prejudicará essa capacidade de compensação
(MAJEROWICZ, 2005). Além disso, a alta umidade relativa implicará em produção e aumento
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da taxa de amônia, o que não é desejável. Segundo Santos (2002b), recomenda-se a U.R em
níveis entre 30 e 70%.
Ruído: O ruído é um fator de grande influência sobre o bem estar dos animais de
biotério, principalmente considerando-se que os ouvidos dos roedores possuem capacidade de
escutar freqüências mais altas, inaudíveis pelos ouvidos humanos (CAPELETTO, 2008). Em
salas de criação se recomenda nível de ruído entre 50 e 60 dB, e consciente de que valores
acima de 85 dB são prejudiciais a saúde animal (SANTOS, 2002b). Recomenda-se ainda a
separação de áreas de pessoas das de animais e, a de animais barulhentos (cães, caprinos e
primatas) de animais silenciosos (roedores, coelhos, gatos), além de orientar os profissionais a
evitar a produção de ruído desnecessário, principalmente os de alta intensidade e súbitos
(MORENO et al, 1983).
Barreiras sanitárias podem ser definidas como sendo os sistemas que combinam
aspectos construtivos, equipamentos e métodos operacionais (CARDOSO, 2008). Atuam de
forma a impedir que agentes indesejáveis, presentes no meio ambiente, tenham acesso às
áreas de criação ou de experimentação animal, bem como agentes patógenos em teste
venham a se dispersar para o exterior do prédio (COUTO, 2002a). Visam a redução ou a
eliminação da possibilidade de exposição da equipe de trabalhadores, de outras pessoas, dos
próprios animais, além do meio ambiente em geral, aos agentes de risco (CARDOSO, 2008).
30
III- Biossegurança
Existem quatro Níveis de Biossegurança (NB): NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, relacionados
aos requisitos crescentes de segurança para o manuseio dos agentes biológicos, terminando
no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção (BRASIL, 2006b).
O nível de biossegurança de um experimento é determinado segundo o microorganismo
de maior risco e para trabalhos em grande escala, o NB deve ser superior ao recomendado
para sua manipulação (BRASIL, 2006b).
Assim como os laboratórios, os biotérios podem classificar-se em quatro níveis de
biossegurança, de acordo com a evolução do risco e o grupo de risco ao qual pertencem os
33
Em março de 2005, foi promulgada a Lei Nº 11.105, mais conhecida como a Lei de
Biossegurança. A aprovação desta lei pôs fim aos entraves em pesquisas científicas no país,
principalmente àquelas relacionadas a organismos geneticamente modificados (OGM’s) e
células-tronco embrionárias. A polêmica em torno do assunto permeava por questões
econômicas, sociais, ambientais e até mesmo religiosas.
Apesar da aprovação, profissionais da área indicam que a lei apresenta limitações,
considerando que o assunto biossegurança, apresentado em diversos artigos publicados,
possui ampla abrangência, não se limitando a questão de OGM e células-tronco (MÜLLER,
2008).
Em seu Art. 3º, prevê que todos os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei
deverão requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Cria
ainda o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, órgão de assessoramento superior do
Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de
Biossegurança – PNB. O CNBS fica responsável por fixar princípios e diretrizes para a ação
administrativa dos órgãos e entidades federais relacionados à biossegurança; analisar, a
pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e
do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados; e
avocar e decidir sobre qualquer processo de liberação comercial de OGM e derivado (BRASIL,
2005).
34
seu dia-a-dia (SILVA, 2007). A tabelas III.3 apresenta alguns dos principais EPC’s encontrados
em biotérios.
Tabela III.3: Principais EPC’s para Biotérios
Adaptado de Silva (2007)
EPC Descrição
Cabine de segurança biológica O princípio fundamental é a proteção do operador, ambiente
e do experimento através de fluxo laminar de ar, filtrado por
filtro absoluto ou HEPA. Tipos: Classe I, II ou III.
Autoclave Promovem a esterilização de equipamentos, materiais e
insumos.
Isolador Flexível Equipamento com ar filtrado por filtro absoluto. Possui
luvas e air lock acoplados.
Capela Química Equipamento para manipulação de agentes químicos,
reduzindo perigo de inalação e contaminação do operador
e do ambiente.
Cabine de Troca de Animais É um modelo de CSB com área de acesso e trabalho
maiores adequados a dinâmica do trabalho.
Rack isolador Equipamentos que promovem o isolamento de animais,
onde cada compartimento do rack possui sistema de
ventilação e exaustão independente. Pode adotar pressão
positiva ou negativa.
Gaiolas de Animais Promovem a contenção parcial ou total de aerossóis.
Algumas possuem sistema de fechamento com filtros que
formam um microambiente no interior da caixa, protegendo
o animal, o laboratorista e o ambiente.
Chuveiro e Lava-olhos Equipamento para ser utilizado em caso de acidente para
lavagem de olhos e banho.
Porto de passagem Para transferência de materiais termo-sensíveis através de
esterilização química.
Sistemas de exaustão e ventilação Promovem a renovação do ar na sala de criação, reduzindo
a exposição a aerossóis.
Descontaminador por peróxido de Equipamento para a esterilização de equipamentos e
hidrogênio ambientes, sem a produção de resíduo tóxico.
37
a política ambiental aproximou as relações entre os países que se voltaram para a mitigação
dos impactos ambientais e a economia mundial (SANTOS e SCHMIDT, 2007).
O “problema ambiental” é uma conseqüência de como a sociedade está estruturada.
Como múltiplas organizações perseguem seus interesses próprios, os pequenos espaços, os
interstícios da sociedade tornam-se um residual cada vez mais degradado (EGRI & PINFIELD,
1998). A evolução do tratamento das questões ambientais trouxe para as organizações o
desafio da sustentabilidade, o que apresenta uma mudança de paradigma nas relações das
empresas e da sociedade com a natureza.
De acordo com Barbieri (2006), as preocupações com o impacto ambiental ocorrem em
forma de ondas. A primeira ocorreu no início do século XX até 1972, prevalecendo um
tratamento pontual das questões ambientais e desvinculado de qualquer preocupação com os
processos de desenvolvimento. A segunda fase ocorre até 1992 e se caracteriza pela busca de
uma nova relação entre ambiente e desenvolvimento. A terceira fase iniciou a partir de 1992 e
é a responsável pelo estímulo à consciência ambiental.
Na década de 1960, com a publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson
em 1962 e com a fundação do Clube de Roma em 1968, os movimentos sociais pela
preservação do meio ambiente ganharam força, causando grande impacto sobre a opinião
pública (SILVA, 2009). Esta fundação divulgou um relatório denominado ‘Os Limites do
Crescimento’ onde demonstravam, através de estudos matemáticos, projeções de crescimento
populacional, poluição e esgotamento de recursos naturais da Terra. Este relatório serviu de
alerta para a necessidade de uma mudança de comportamento, além de ter contribuído para
atividades de regulamentação e controle ambiental.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em
Estocolmo no ano de 1972, colocou em pauta a relação entre meio ambiente e formas de
desenvolvimento. Através do Relatório Brundtland surge oficialmente a expressão
desenvolvimento sustentável, acompanhada do slogan ‘pensar globalmente e agir localmente’.
A década de 70 é considerada a fase da regulamentação do controle ambiental (VALLE, 1995
apud BRANDALISE, 2001).
Na terceira fase houve um grande impulso com relação à consciência ambiental na
maioria dos países durante a década de 90 (ROSSATO et al., 2008). Um evento marcante
nesta fase foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
em 1992, no Rio de Janeiro. Nesta foram produzidos importantes documentos, que
representam instrumentos de comprometimento internacional voltados para o desenvolvimento
sustentável, considerados marcos institucionais para o esforço conjunto de governos de todo o
mundo para ações que aliem desenvolvimento e meio ambiente (MALHEIROS et al., 2008).
A partir de então, as empresas buscaram integrar a função de controle ambiental as
suas funções gerenciais para que todo processo produtivo pudesse ser acompanhado,
39
abertura para novos deságios; melhores relações com autoridades públicas, comunidade e
grupos ambientalistas; acesso aos mercados externos; e maior facilidade de cumprir padrões
ambientais mais rígidos (NORTH, 1997 apud SOUSA, 2006).
Todavia, o processo de absorção das questões ecológicas pela cultura de uma empresa
não é uma tarefa rotineira, pois se faz normalmente pela mudança de valores e crenças que
constituem a identidade de uma organização. Sousa (2006) acredita que o envolvimento das
empresas com as questões ambientais tende a aumentar na medida em que aumenta o
interesse da opinião pública sobre os problemas ambientais, bem como de grupos interessados
nesse tema: trabalhadores consumidores, investidores e ambientalistas.
Diante deste contexto, as organizações brasileiras têm buscado adotar a gestão
ambiental a fim de conquistar mercado, criar uma boa imagem na sociedade, cumprir normas
ambientais regulatórias, e também por uma questão de sobrevivência (SANTOS, 2007). O
modo mais adequado de demonstrar a capacidade da organização no cumprimento das
normas é com a implementação de um Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA).
Em um contexto onde o mercado consumidor exige cada vez mais que os produtos e
serviços sejam sustentáveis, o SGA adquire caráter estratégico dentro das organizações
(SILVA, 2009). Estes sistemas passaram a ser universalmente conhecidos com as séries das
normas da ISO 14000, as quais são uma forma de auto-regulamentação que disciplinam a
implantação e manutenção do SGA, com padronização e aceitação internacional (WIEMES,
1999).
De acordo com Ribeiro e colaboradores (2007), ao longo dos anos, o termo foi
evoluindo com diversos focos e conceituações; no entanto, ainda se considera o
desenvolvimento sustentável uma idéia em formação e não um conceito plenamente
elaborado. Isto ocorre devido ao caráter dinâmico do conceito, já que a sociedade e o meio
ambiente sofrem mudanças contínuas, as tecnologias, culturas, valores e aspirações se
modificam constantemente.
A conscientização da sociedade sobre as questões ambientais trouxe para as empresas
a necessidade de desenvolver negócios sustentáveis. A sustentabilidade, portanto, passa a ser
fator fundamental da gestão inteligente, sendo algo fácil de ignorar ou assumir como inevitável,
num mundo em que o resultado financeiro é visto como a única medida de sucesso (CAPRA,
2005 apud ROSSATO, 2008).
Para as atividades econômicas serem consideradas sustentáveis elas devem: ser
baseadas em recursos naturais renováveis com otimização do uso; não gerarem resíduos
acima da capacidade do ambiente em “renaturalizá-los”; e promover melhor distribuição de
recursos, reduzindo a exploração ambiental de “ricos” para garantir o mínimo necessário aos
“pobres” (MANZINI & VEZZOLI, 2002 apud OMETTO, 2005).
42
V- Resíduos
V.1 Histórico
Resíduo pode ser considerado como toda matéria ou energia criada pelo homem e que
após utilizada não é absorvida pelo meio ambiente. É o resultado da atividade diária do homem
em sociedade, do aumento populacional que implica na expansão automática da
industrialização, e do consumismo que caracteriza as sociedades atuais, gerando
inevitavelmente consideráveis volumes de resíduos (SILVA, 2003).
A história do lixo pertence à própria história da civilização humana, pois o homem é o
único ser vivo que não consegue ter seus dejetos inteiramente reciclados pela natureza (SOTO
& ARICA, 2005). Na medida em que foi "civilizando-se", passou a produzir técnicas e artefatos
de forma a atender as suas necessidades e promover seu conforto. Com isso, a produção de
lixo conseqüentemente foi aumentando, mas ainda não havia se constituído em um problema
mundial.
Ao longo do tempo, a população humana também foi aumentando e a revolução
industrial possibilitou um salto na produção em série de bens de consumo, com isso a geração
e descarte de resíduos cresce expressivamente. Contudo, os frutos do progresso ofuscavam
qualquer preocupação com o Meio Ambiente. Somente a partir da segunda metade do século
XX este quadro começa a se alterar, quando o homem prova das conseqüências provocadas
pelos danos ambientais, como o aquecimento global da Terra.
Os resíduos sólidos são, atualmente, um dos maiores problemas de poluição ambiental,
provocando discussões e polêmicas sobre o método sanitário correto para sua disposição final
(BARROS et al., 2006). Segundo Fornaciari (2008), o meio ambiente deve estar entre as
preocupações das políticas governamentais, visto a ameaça que a degradação ambiental
representa à saúde e ao bem estar social.
V.2.1 Classificação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da RDC Nº306, define
como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana
ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios
analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem
atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina
legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e
pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços
de tatuagem, dentre outros similares (ANVISA, 2004).
Os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos sólidos
urbanos, não necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo
potencial de risco que representam à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2006c).
Além disto, o volume de resíduos dos serviços de saúde tem crescido 3% ao ano, num
fenômeno alimentado pelo crescimento do uso de descartáveis que sofreu ampliação de 5%
para 8% ao ano (PETRANOVICH, 1991 APUD NAIME et al., 2004).
Os estabelecimentos de resíduos de serviços de saúde são os responsáveis pelo
correto gerenciamento de todos os RSS por ele gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro
de suas competências, a gestão, regulamentação e fiscalização (BRASIL, 2006c).
V.3.1 Classificação
infecção. Este grupo se subdivide em A1, A2, A3, A4 e A5, conforme apresentado no Quadro
V.2
Quadro V.2: Classes de Resíduos do Grupo A
Fonte: ANVISA, 2004
Classe Resíduos
A avaliação dos riscos associados aos resíduos de serviço de saúde tem gerado
grandes debates no meio científico. Enquanto alguns autores argumentam que estes não
constituem risco infeccioso para a comunidade e o meio ambiente (ZANON, 1990 e RUTALA &
MAYHALL, 1992 apud GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004; DOUCET & MAINKA, 1988 e
ZANON, 1991 apud ZAMONER, 2008), outros autores são favoráveis ao tratamento
diferenciado por discordarem da ausência de risco (SAITO, 1983, WHO, 1985, BERTUSSI,
1988, MOTTA, 1988, CLARK, 1989, MCKELVEY, 1991, MOREL, 1992 apud ZAMONER,
2008).
De acordo com o primeiro grupo, não há evidências científicas que comprovem a
existência de nexo causal entre o contato com resíduo e a aquisição de doenças (GARCIA &
ZANETTI-RAMOS, 2004). Ainda segundo estes, os resíduos domiciliares teriam mais
microrganismos com potencial patogênico para humanos do que os resíduos de serviços de
saúde (GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004).
Cussiol (2000) menciona a existência de publicações nacionais e internacionais, em que
pesquisadores demonstraram não haver comprovação de que os RSS apresentem maior
periculosidade, ou que sejam mais contaminados que resíduos domiciliares, não justificando a
49
MINIMIZAÇÃO
REDUÇÃO NA RECICLAGEM
FONTE
SUBSTITUIÇÃO DE MUDANÇA DE
INSUMOS MATERIAIS
RECUPERAÇÃO REUSO
MUDANÇA DE MUDANÇA DE
PROCEDIMENTOS TECNOLOGIA
V.4.2 Segregação
tratamento mais adequados aos riscos oferecidos por um determinado tipo de resíduo
(RIBEIRO FILHO, 2000 apud FORNACIARI, 2008).
V.4.3 Acondicionamento
V.4.4 Identificação
Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao
armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para
a coleta. Deve ser realizado com roteiro e horários definidos, evitando horários de distribuição
de materiais e insumos ou maior circulação de pessoas. A coleta deve ser feita
54
V.4.7 Tratamento
fácil higienização, com aberturas para ventilação cobertas por tela de proteção contra vetores,
provido de pontos de iluminação, água, tomada elétrica, escoamento para esgoto vedado por
ralos sifonados e local para higienização dos contenedores. É importante que o abrigo possua
identificação na porta com o símbolo conforme o tipo de resíduo armazenado (ANVISA, 2004).
O abrigo de resíduos químicos, além das características descritas acima, deve prever a
blindagem dos pontos internos de energia elétrica, quando houver armazenamento de
inflamáveis; e ter dispositivo para evitar a incidência direta de luz solar. Como medida de
segurança, deve ainda possuir extintores de CO2 e PQS (pó químico seco); ter kit de
emergência para o caso de derramamento ou vazamento; armazenar produtos corrosivos e
inflamáveis próximos ao piso; organizar o armazenamento de acordo com critérios de
compatibilidade, não armazenar resíduos sem identificação; manter o registro dos recebidos e
permitir o acesso somente de pessoas autorizadas (ANVISA, 2004).
V.5 Regulamentação
VI.1 Processos
Definições sobre processo são encontradas em diversos ramos da ciência e sempre
com significados semelhantes, embora sejam tratados em assuntos diferentes (KINTSCHNER
& FILHO, 2005). Processo é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe
valor e gera uma saída (output) para um cliente interno ou externo (Harrington 1991 apud OKI
et al., 2009). Na definição da NBR ISO 9000/2000, “Processo é um conjunto de atividades
inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos em produtos”.
Segundo Oliveira (2006), processo é o conjunto de ações ordenadas e integradas para
um fim produtivo específico, ao final do qual serão gerados produtos e/ou serviços e/ou
informações. De forma semelhante, processo é definido como um grupo de tarefas interligadas
e regidas por uma lógica, que utiliza recursos para gerar resultados pré-definidos de forma a
sustentar os objetivos da organização (HARRINGTON, 1993 apud TOSTA et al., 2009).
Os processos organizacionais são atividades coordenadas que envolvem: pessoas,
procedimentos, recursos e tecnologia (OLIVEIRA, 2006). Dispõe de inputs, outputs, tempo,
espaço, ordenação, objetivos e valores que, interligados logicamente, irão resultar em uma
estrutura para fornecer produtos ou serviços ao cliente (ALMEIDA & NETO, 2008). O
gerenciamento destes processos, com a finalidade de melhorá-los, requer uma avaliação
crítica das práticas da organização produtiva como um todo (TOSTA et al., 2009).
Toda organização desenvolve, no seu cotidiano, inúmeras atividades rotineiras, que
levam à produção dos mais variados resultados na forma de produtos e serviços. Tais
atividades, devido à sua natureza e à dos resultados gerados, podem ser enquadradas na
forma de processos organizacionais que, de forma integrada, trabalham no sentido de
promover a consecução dos objetivos principais da organização, diretamente relacionados à
sua missão (GESPÚBLICA, 2010).
VI.1.1 Classificação
VI.1.2 Hierarquia
NÍVEL DESCRIÇÃO
ao longo dos processos, e registrá-los de forma que possam ser entendidos por outras pessoas
interessadas em seu conhecimento.
A Modelagem de Processos é um conjunto de atividades que deve ser seguido para a
criação de modelos com o objetivo de representação, comunicação, análise, projeto, tomada
de decisão, ou controle (VERNADAT, 1996 apud COSTA & POLITANO, 2008).
Os principais benefícios da modelagem são (VERNADAT, 1996 apud SANTOS, 2007):
• A capacidade de construir uma cultura e o compartilhamento de uma visão comum para
ser comunicada através da organização, por meio de uma mesma linguagem dos
modelos utilizados;
• A capacidade para usar e explicitar o conhecimento e experiência sobre a organização
para construir uma memória da organização, o que reforça a noção da relação tarefa
com o aprendizado organizacional, em especial com o registro de informações sobre os
processos, que se transforma em um ativo da organização;
• E a capacidade de suportar a tomada de decisão considerando a melhoria e controle
organizacional, ou seja, a modelagem é entendida como instrumento de apoio à gestão
da organização.
Ferramentas de
Modelagem
VI.3.1.1 Fluxograma
inglês), foram introduzidas no final de 1940 e no início de 1950 e se tornaram populares nos
anos 70, utilizadas para modelagem de negócio (AMBER, 2004 apud OLIVEIRA, 2006). Sendo
usados naquela época para o desenho da lógica da programação (OLIVEIRA, 2006).
São vantagens Fluxograma (CURY, 2000 apud OLIVEIRA, 2006):
• Facilita a organização do raciocínio e das atividades e tarefas;
• Possibilita identificar pendências, relacionamentos, ponto de estrangulamento,
atividades que não agregam valor;
• Possibilita localizar elos e elementos desconexos ou perdidos;
• Possibilita controlar o processo;
• Possibilita pontos de verificação, decisão, revisão, registro, arquivamento, etc.
Processo pré-definido
Armazenamento on-line
Armazenamento de dados
VII.1 Conceito
e análise de inventário do ciclo de vida; ISO 14042 relativa à etapa de avaliação de impactos
ambientais; ISO 14043, voltada para a interpretação do ciclo de vida (SARAIVA 2007).
A partir de 2006, as normas de ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042 e ISO 14043 foram
compiladas nas normas ISO 14040 (2006): Avaliação do Ciclo de Vida. Princípios e Estrutura e
14044 (2006): Avaliação do Ciclo de Vida. Requisitos e Orientações (NBR ISO 14040:2009).
Em 2009 a ABNT publica as versões destas normas em português.
A técnica de ACV possui diversas finalidades como o desenvolvimento de produtos e
seus processos de fabricação; no planejamento estratégico das organizações auxiliando na
tomada de decisões sobre os melhores insumos a serem utilizados; no desenvolvimento e
aplicação de políticas públicas; e como marketing, criando vantagens para a imagem da
empresa (RODRIGUES, 2009).
Os benefícios da ACV são muitos, como quantificar as descargas para o ar, água e solo
relativo a cada estágio do processo, avaliar os efeitos humanos e ecológicos do consumo de
materiais e liberação de resíduos nos níveis local, regional e mundial, além de verificar os
impactos na saúde humana, entre muitos outros (FERREIRA, 2004 apud SARAIVA, 2007).
Segundo Nunes e colaboradores (2009), a ACV trata de forma clara as questões ambientais,
auxiliando na redução dos resíduos poluentes e dos desperdícios de materiais e energia,
conservando os recursos naturais, além de aperfeiçoar a produção e torná-la mais limpa.
Em alguns casos, o objetivo de uma ACV pode ser alcançado através da realização
apenas de uma análise de inventário e de uma interpretação. A norma 14044:2009 abrange
68
dois tipos de estudos: estudos de avaliação do ciclo de vida (ACV) e estudos de inventário do
ciclo de vida (ICV). Estudos de ICV são semelhantes aos estudos de ACV, mas excluem a fase
de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) (ABNT NBR ISO 14044:2009).
A etapa de definição de objetivo e escopo é a fase inicial do planejamento para
aplicação da ACV e que irá conduzir o estudo. Dentre os objetivos devem ser apresentados a
aplicação pretendida, as razões pelas quais o estudo está sendo conduzido, o público-alvo e a
intenção de se utilizar os resultados em afirmações comparativas a serem divulgadas
publicamente (ABNT NBR ISO 14044:2009). A definição do escopo compreende a descrição
de alguns fatores como o produto ou processo a ser estudado; a unidade funcional a ser
adotada para relacionar os dados de entrada e saída; as fronteiras do sistema; os tipos de
impacto e metodologia de avaliação de impacto; suposições e limitações do trabalho; área
geográfica e período de tempo cobertos; nível de detalhamento das informações necessárias e
metodologia de coleta de dados, dentre outros (ABNT NBR ISO 14044:2009).
A análise de inventário envolve a coleta de dados e procedimentos de cálculo para
quantificar as entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto, além de procedimentos
de alocação (ABNT NBR ISO 14040: 2009). Segundo Surgelas (2010), o propósito da fase de
análise do inventário é fazer o levantamento completo de todos os fluxos do processo, ou seja,
mapear todas as entradas e saídas do sistema, de forma a produzir uma visão geral dos
recursos utilizados.
As entradas, ou inputs, são as matérias-primas e energias usadas pela empresa em seu
processo de manufatura. As saídas, ou outputs, são as emissões, a saída de produtos semi-
acabados e de energia (SURGELAS, 2010). A figura VII.2 apresenta o fluxograma da análise
de inventário.
VII.3 Limitações
Segundo ABNT NBR ISO 14040:2009, a técnica de ACV apresenta como limitações:
- a natureza das escolhas e suposições feitas na ACV (por exemplo, estabelecimento das
fronteiras do sistema, seleção das fontes de dados e categorias de impacto) pode ser subjetiva;
- os modelos usados para análise de inventário ou para avaliar impactos ambientais são
limitados pelas suas suposições e podem não estar disponíveis para todos os impactos
potenciais ou aplicações;
70
- os resultados de estudos de ACV enfocando questões globais ou regionais podem não ser
apropriados para aplicações locais, isto é, as condições locais podem não ser adequadamente
representadas pelas condições globais ou regionais;
- a exatidão dos estudos de ACV pode ser limitada pela acessibilidade ou disponibilidade de
dados pertinentes, ou pela qualidade dos dados, por exemplo, falhas, tipos de dados,
agregação, média, especificidades locais;
- a falta de dimensões espaciais e temporais dos dados do inventário usados para avaliar o
impacto introduz incerteza nos resultados dos impactos. Esta incerteza varia de acordo com as
características espaciais e temporais de cada categoria de impacto.
VIII.1.1 Histórico
VIII.1.2 Infraestrutura
hemoderivados. Possui uma área edificada de 250m2 e uma área livre de 800m2,
aproximadamente. Na área edificada são realizados os procedimentos de produção de
hemoderivados, além de atividades administrativas. Na área livre estão os piquetes dos
animais, com áreas de manutenção e boxes de alimentação.
A área externa possui cerca de 20.000m2 onde são mantidas as criações de primatas
não-humanos. As colônias de macacos Rhesus e Cynomolgus são alojadas em gaiolas
dispostas em ambiente aberto cercado por área verde. As colônias de micos-de-cheiro ocupam
um pavilhão e uma área anexa aberta em gaiolas modernas. A estes animais são adotados
procedimentos de bem-estar animal, a fim de reduzir o stress.
Prédio Principal
Pavilhão
Área Externa Anexo
Primatologia
VIII.1.3 Produtos
Este fenômeno pode ser explicado devido à utilização de animais transgênicos, que
apesar de ter provocado o crescimento do número de linhagens de camundongos, foi um dos
fatores que contribuiu para esta redução. Isto porque os animais transgênicos são modelos
ideais, refinados e de melhor qualidade genética para determinados estudos, exigindo menor
repetibilidade dos experimentos e, portanto, um menor número de animais. Além disto, a
reforma e adequação em suas instalações permitiram ao Cecal a melhoria da qualidade
sanitária dos animais mantidos na Unidade.
O aumento no número de linhagens de camundongos é observado na figura VIII.4. Em
2003, o Cecal possuía 22 linhagens de camundongos, e dentre estas apenas 6 linhagens
geneticamente modificadas. Em 2009, alcançou a marca de 31 linhagens de camundongo
geneticamente modificadas, num total de 61 linhagens de camundongo.
Os hemocomponentes e derivados são outro tipo de produto fornecido por este biotério
de criação. Neste caso, podem ser obtidos de alguns animais que são mantidos na unidade
para fornecimento de sangue, como os ovinos, caprinos e eqüinos; ou ainda de alguns animais
da criação, como coelhos e cobaias (CECAL, 2010). O quadro VIII.1 apresenta os
hemocomponentes e derivados animais produzidos.
Ovino Plasma
Direção
Qualidade e
Gestão Criação Animal Desenvolvimento
Tecnológico
VIII.1.4.3 Gestão
VIII.2.1 Fornecedores
fornecimento animal no ano de 2010. Menos de 7% dos animais são fornecidos por sistema de
venda ou doação e apenas 0,4% são destinados aos serviços internos do Cecal.
Da figura VIII.10, que representa a demanda Fiocruz por hemoderivados entre os anos
de 2008 e 2010, podemos concluir que as principais unidades consumidoras são IOC,
BIOMANGUINHOS e IPEC. A unidade de BIOMANGUINHOS vem apresentando redução no
volume de hemoderivados solicitados, enquanto as demais vêm apresentando variação na
solicitação.
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca mantém quatro áreas de referência
especializadas na análise e discussão dos agravos à saúde da população brasileira: o Centro
Colaborador na Área de Políticas Farmacêuticas, Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador
e Ecologia Humana, o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria e o Centro de Vigilância
e Monitoramento de Endemias (ENSP, 2010).
Os Serviços de Referência devem atuar de forma integrada e propositiva junto ao
Ministério da Saúde, nas esferas estadual e municipal, no âmbito da vigilância epidemiológica,
prevenção e controle de doenças de interesse para a saúde pública (ENSP, 2010). Para a
realização de suas atividades de pesquisa, a ENSP solicita animais e hemoderivados, tendo
consumido em 2010, novecentos e trinta animais e menos de um litro em hemoderivados
(SICOPA, 2010).
O IPEC foi o primeiro e único hospital do país concebido com o objetivo de desenvolver
pesquisa. O projeto de Oswaldo Cruz era ter um hospital onde os pacientes pudessem ser
estudados e tratados à luz das mais recentes descobertas científicas. A missão do IPEC é
estudar as doenças infecciosas através de projetos de pesquisa e ensino interprofissionais,
integrados a programas de atendimento (FIOCRUZ, 2010c).
89
Sangue e
Terceirização de Animal
ENSP Pesquisas
Mão-de-Obra
Sangue e Medicamento e
Animal produto natural Ministério da População
Distribuidores de Farmanguinhos Saúde Brasileira
Produtos
Fonte: Autora
Pesquisas
Químicos
Sangue e
Animal
IFF Pesquisas
Distribuidores de Produção de
Insumos gerais Controle da novos insumos
Sangue e qualidade de saúde Ministério da
Animal
INCQS Saúde
Pesquisas Produção
Serviço de
Científica em
Climatização de Sangue e Saúde Pública
Ambientes Animal Diagnósticos
IOC Pesquisadores
Pesquisas Publicações
Distribuidores de
Fabricante de Sangue e
equipamentos e Animal Diagnósticos
Equipamentos e materiais IPEC
Materiais de Pesquisas
Biotério
Sangue e
Serviço de Animal
VENDA
Transporte Pesquisas
A Fiocruz ainda não possui uma política institucionalizada para a gestão dos resíduos
gerados em todos seus Campus, distribuídos em diversos estados do país. No campus
Manguinhos, as ações de gestão ambiental são desenvolvidas pelo Departamento de Meio
Ambiente, parte integrante da estrutura organizacional da Dirac (Diretoria de administração do
campus). Este Departamento gerencia ações de cunho ambiental, articulando com as demais
Unidades do Campus através de fiscais indicados pela direção de cada Unidade.
O Cecal está inserido nesse contexto, participando ativamente de todos os projetos
propostos pelo Departamento de Meio Ambiente. Assim como algumas unidades, o Cecal
ainda não possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS),
contudo, adota os procedimentos orientados pela RDC Nº306 ANVISA e CONAMA Nº358 no
que diz respeito à segregação, acondicionamento e destinação final dos resíduos gerados na
Unidade.
Os resíduos biológicos, inclusive da cama dos animais, são acondicionados em saco
branco com símbolo de infectante e destinados a célula especial em aterro sanitário. Alguns
resíduos biológicos, como filtros de sistemas de ar condicionado das salas dos animais são
designados a incineração. Os resíduos químicos perfeitamente identificados são encaminhados
ao Departamento de Meio Ambiente-Dirac que os destina a incineração. Os resíduos comuns
não recicláveis são acondicionados em sacos azuis ou pretos e encaminhados para aterro
sanitário.
Os resíduos são transportados em containers e armazenados em abrigo de resíduos
enquanto aguardam a coleta e descarte externos. Os contratos referentes ao transporte,
descarte e à incineração dos resíduos são gerenciados pelo Departamento de Meio Ambiente-
Dirac, onde é exigido das empresas contratadas o licenciamento ambiental.
Em 2009, O Cecal implantou em parceria com o Departamento de Meio Ambiente, o
sistema de coleta seletiva, tendo destinado mais de 1300 Kg de papel e papelão para
reciclagem somente neste ano e mais de 1500 Kg no ano seguinte. Em março de 2010, enviou
a primeira carga de plástico (polipropileno, policarbonato e polissulfona) e aço proveniente de
gaiolas e acessórios de animais danificados para reciclagem, evitando o depósito
desnecessário de 1053Kg de plástico e 27Kg de aço em aterros. Este trabalho é desenvolvido
de forma contínua e de acordo com o fim da vida útil desses materiais nas colônias.
A gestão de resíduos na Unidade é coordenada por fiscal cadastrada junto a Dirac e
credenciada no Inea, e conta com o auxílio de uma suplente. Estas pessoas possuem projetos
futuros para programas de treinamento e conscientização de funcionários, estagiários e
profissionais de limpeza ligados à geração e ao manejo dos resíduos, bem como para
elaboração do PGRSS.
92
FUNDAÇÃO DE ROEDORES
PRODUÇÃO DE ROEDORES
CRIAÇÃO DE COELHOS
APOIO: DEPÓSITOS E
HIGIENIZAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
VESTIÁRIOS, BANHEIROS E
COPAS
CIRCULAÇÃO E ÁREA COMUM
1- GNOTOBIOLOGIA
2- FUNDAÇÃO CAMUNDONGOS E RATOS
3- FUNDAÇÃO CAMUNDONGOS E RATOS
4- CIRCULAÇÃO
5- ACESSO HIGIENIZAÇÃO/ DEPÓSITO
6- ANTI-CÂMARA
7- HIGIENIZAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
8- DEPÓSITO QUÍMICO
9- DEPÓSITOS
10- AIR LOCK
11- VESTIÁRIOS
12- CRIAÇÃO CAMUNDONGO
13- CRIAÇÃO COBAIA
14- CRIAÇÃO HAMSTER
15- CRIAÇÃO CAMUNDONGO
16- CRIAÇÃO COELHOS
17- ALMOXARIFADO
18- COPA
19- ESCRITÓRIO
20- ÁREA EXTERNA
Escrever projeto
de pesquisa
Emitido nº de
Submeter projeto
Protocolo
a CEUA
Não
CEUA Revisão de projeto
aprovou?
Sim
Recebimento de
Nº de Licença
Realizar previsão
animal (semestral)
Realizar pedido de
animal
O processo de aquisição de animais de laboratório tem início bem antes de sua entrega.
Uma instituição de ensino ou pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz que desejar utilizar animais
em seus experimentos, testes ou práticas de ensino, deve elaborar um projeto de pesquisa e
submetê-lo a Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) existente na Fundação, que emite
um nº de protocolo para controle do processo. Em caso de aprovação, é emitido um número de
licença que o credencia a realizar a previsão de um número definido de animais. Esta previsão
atualmente ocorre duas vezes ao ano, uma a cada semestre. Na previsão, o cliente deve
programar a retirada desses animais conforme a semana desejada. A confirmação desta
previsão é realizada através do pedido animal, realizado na semana do fornecimento, quando o
cliente solicita o animal anteriormente programado.
98
Recebe a previsão
Analisa pedido e
responde a
pesquisador
Montagem de
colônia
Recebe o pedido
na data prevista
Atende ao pedido
Embala
Identifica
Entrega ao
solicitante
A produção animal em biotérios tem início no processo de acasalamento, onde por meio
da reprodução sexuada de um casal previamente selecionado como reprodutor pretende-se
obter novos animais de uma determinada espécie e linhagem. O resultado esperado do
acasalamento é a gravidez da fêmea reprodutora, e caso isto não se conclua durante
determinado período, pode ocorrer a substituição antecipada dos reprodutores.
Durante a gestação, a fêmea grávida e o macho reprodutor permanecem alojados em
mesma gaiola, com exceção dos coelhos em que os casais são mantidos em gaiolas
separadas. Ao final da gestação, os neonatos lactentes e as fêmeas lactantes entram na etapa
de lactação, onde os animais são alimentados por leite materno e passam por adaptação para
aceitação da ração, além de se desenvolverem e se tornarem independentes. Quando isto
ocorre, os animais desmamados são sexados e alojados separadamente machos e fêmeas.
100
Fêmea
Reprodutora
Fêmea
Fêmea Lactante e
ACASALAMENTO Grávida GESTAÇÃO LACTAÇÃO
Neonatos
Lactentes
Macho
Reprodutor
Filhotes e
Fêmea Fêmea
Produção Reprodutora
PESQUISA, Grávida
Hemoderivados
TESTE E
ENSINO
Jovem Filhote
REPRODUÇÃO Fêmea Fêmea
CRESCIMENTO SEXAGEM
Jovem Filhote
MONITORAMENTO Macho Macho
SANITÁRIO
DESCARTE
ZOOTÉCNICO
IX.3.1.1 Acasalamento
IX.3.1.2 Gestação
IX.3.1.3 Lactação
O período de lactação é de até 18 dias para cobaias, até 21 dias para camundongos,
ratos e hamsters e, 40 dias para coelhos. Em função do sistema de alojamento dos casais em
mesma gaiola, como no caso de camundongos, cobaias, hamsters, ratos, pode ocorrer um
novo acasalamento antes mesmo do desmame dos filhotes. Fato que não ocorre com os
coelhos, onde o acasalamento é programado.
Caso ocorra a perda de alguma fêmea lactante, recomenda-se a transferência dos
filhotes para uma ama-de-leite, outra fêmea de mesmo grupo e com filhotes de período
próximo. Outro cuidado durante a lactação é referente a troca de gaiolas com ninhos, onde
somente parte do ninho é substituído, de forma a evitar a rejeição da fêmea aos filhotes.
IX.3.1.4 Sexagem
IX.3.1.5 Crescimento
acasalamento, formando de gaiolas com um macho para mais de uma fêmea, alcançando
maior taxa de produção.
A colônia de fundação ou piloto tem a missão de se autoperpetuar e de fornecer
animais para a colônia de produção. A colônia de produção é formada para produzir animais
suficientes para atender a demanda.
A manutenção das colônias de animais contempla a troca dos materiais da criação para
higienização, o fornecimento de insumos e a higienização de rotina do ambiente, além da
verificação do. Os materiais utilizados no alojamento dos animais são estantes comuns e
microisoladoras; racks e trollers; gaiolas e bandejas; comedouros, frascos bebedouros e seus
suportes. Dentre os insumos fornecidos estão ração peletizada, água, maravalha para forração
das gaiolas e bandejas. Além destes, são disponibilizados outros insumos somente para
algumas espécies, como o feno como enriquecimento ambiental para cobaias, a semente de
girassol como alimento para algumas linhagens de camundongos, o algodão hidrófobo para
formação ninho em coelhos e camundongos.
A água fornecida aos animais é filtrada e, no caso de animais com certificação sanitária
(camundongos e ratos), é também esterilizada em autoclave. Em alguns casos pode ser
adicionado a ela medicamento para controle e tratamento de parasitas ou ainda no caso das
cobaias, pode ser enriquecida com solução de ácido ascórbico para suprir a deficiência de
vitamina C característica deste animal.
O acesso as colônias é realizado mediante a higienização corporal dos técnicos e a
paramentação com uniforme, touca, máscara e sapatilhas descartáveis, sapato de segurança e
luvas cirúrgicas, todos previamente esterilizados. Nas colônias de cobaias e hamsters não é
exigido o banho para acesso, mas os profissionais são orientados a realizar a higienização
corporal ao término do trabalho.
O processo de manutenção ocorre de forma contínua, onde o serviço de cada sala é
dividido ao longo da semana. Cada conjunto de gaiola completo (gaiola e acessórios) deve ser
substituído ao menos uma vez. Durante a troca das gaiolas, os animais são transferidos um a
um para a nova gaiola e caso seja verificada a presença de animais em óbito, estes devem ser
devidamente acondicionados para o descarte. Neste período, faz-se necessário também a
reposição de ração e água para os animais.
Ao final do expediente, todo o material sujo é separado, organizado e transferido para o
setor de higienização e é realizada a higienização do ambiente com a varrição da sala. Em
algumas colônias como coelhos e cobaias, são realizadas também lavagens de rotina do piso
com solução desinfetante.
Na Figura IX.5 estão representadas as etapas inerentes a Manutenção das Colônias.
104
MANUTENÇÃO PRODUÇÃO
DA COLÔNIA ANIMAL
ACASALAMENTO
GESTAÇÃO
LACTAÇÃO
FORNECER ALIMENTO E
ÁGUA
SEXAGEM
FORNECER NINHO
CRESCIMENTO
FORNECER SUPLEMENTO
OU MEDICAÇÃO
FORNECER ITENS DE
ENRIQUECIMENTO
AMBIENTAL
HIGIENIZAÇÃO DA SALA
criação destes animais. A Tabela IX.1 lista estes resíduos e sua classificação segundo RDC
306 ANVISA e CONAMA 358.
aparência saudável ficarão em quarentena. Aqueles que forem aprovados são acasalados
após 48 horas para expansão e formação de colônia que será chamada de doadora. Ao
mesmo tempo é expandida uma colônia com animais de mesma espécie, mas de linhagem já
estabelecida, que será chamada de receptora. Quando forem formados cinco casais em
reprodução para cada colônia, é agendada a histerectomia.
É importante que conciliar o parto da fêmea receptora com o procedimento, a fim de
garantir a aceitação dos filhotes da fêmea doadora pela fêmea receptora. A histerectomia da
fêmea doadora deve ser agendada após 24 horas do parto da fêmea receptora. É importante o
amadurecimento da ninhada da fêmea doadora.
A histerectomia ou cesárea asséptica é realizada para obtenção de filhotes com status
sanitário de qualidade e conseqüente formação de colônias “limpas”. Após o procedimento,
uma amostra da placenta é enviada para monitoramento sanitário e os filhotes da fêmea
doadora são alojados com a fêmea receptora, onde permanecem por 21 dias, até o desmame.
Após o desmame, a fêmea receptora é enviada para monitoramento sanitário e 50 dias
após o parto, um dos filhotes também. Caso ocorra a presença de microorganismo patogênico,
a ninhada é descartada. Caso contrário, os animais podem ser enviados ao setor de fundação
para formação da nova colônia.
A figura IX.6 representa o processo de histerectomia ou cesárea asséptica.
107
Recebe matrizes
Não
Triagem Conforme? Quarentena
Sim
Acasalamento
Expansão de
Colônias
Parto de fêmea
receptora
Seleção de fêmea
doadora
Histerctomia
Asséptica
Desmame de Monitoramento
fiilhotes sanitário doadora
Não
Expansão e
Descarte
produção
Separação e
deslocamento de
produtos da
sanitização
Sim Recebimento
Esterilização de produtos da
sanitização
Não
Preparação de
soluções
Recebimento de
material sujo
Acondicionamento
Separação e
e Descarte de
organização
resíduos
Sim Autoclavação ou
Higienização Esterilização Esterilização
Química
Não
Fornecimento de Fornecimento de
material limpo material estéril
X.1.1 Objetivo
X.1.2 Escopo
O objeto deste estudo é o coelho produzido em biotério, e que tem como função a
utilização em pesquisas biomédicas, na produção, controle da qualidade e ensino em saúde.
São utilizados em testes, principalmente para uso tópico, devido à sua sensibilidade.
especificamente na sala C2, uma sala de produção animal. Contudo, o estudo de todas as
atividades relacionadas à produção deste animal inclui ainda o setor de higienização e
esterilização, que atende a esta colônia fornecendo insumos e higienizando materiais, e o setor
de manutenção responsável em manter as condições do ambiente adequadas, controlando a
temperatura, as trocas de ar do ambiente e o fotoperíodo nas salas. Na figura X.1 é
apresentado o layout da colônia de produção de coelhos.
Sala de Estoque e
Preparo de Materiais
Guichê de
Passagem Tanque de Imersão Autoclave
Setor de Higienização -
Preparação e Envio de
Materiais
Sala de
Registro
Sala C3
Corredor de Distribuição
Air
Lock
C3
Sala C2
Air
Lock
C2
Air
Lock
C1
Sala C1
Vestiário Box de
Vestiário
Sujo Lavagem com
Limpo Banho Hidrolavadora
Hidrolavadora
Máquina Lavadora
Setor de Higienização -
Higienização de Materiais
O ciclo de vida para produção destes animais contempla diversos estágios, desde a
extração de matérias-primas até a disposição final do resíduo em aterros sanitários com célula
especial para resíduo biológico. A figura X.2 apresenta os estágios do ciclo de vida em questão
e o recorte que será abordado, está destacado com tracejado em vermelho.
Esta pesquisa está restrita a etapa de produção animal no biotério, com início no
recebimento das matérias-primas e término na conclusão das atividades semanais da colônia.
Não serão analisados, portanto, etapas anteriores de extração, produção e transporte de
matérias-primas, bem como a distribuição, uso e disposição final.
Os processos elementares que compõem o sistema “Criação de Coelhos” são a
higienização de acesso dos técnicos; a sanitização do ambiente, a manutenção de rotina da
colônia; a troca de materiais para higienização; a limpeza de rotina do piso da área de criação;
a higienização de materiais e descarte de resíduos, a descontaminação de itens higienizados,
a esterilização de insumos, a higienização de saída dos técnicos de criação e de higienização;
além da climatização de todo ambiente em condições favoráveis à criação desses animais.
A figura X.3 apresenta um fluxograma do macro-processo de criação de coelhos.
Os dados foram coletados em sua grande maioria de fontes primárias, com amostra
direta do processo analisado, ou seja, na área de produção. Contudo, alguns itens foram
obtidos de fonte secundária, com auxílio de revisão bibliográfica e considerações realizadas
por especialista com alto grau de experiência e conhecimento do setor avaliado.
A origem dos dados primários é relativa à coleta de dados durante uma semana de
2010 e duas semanas de 2011, com a pesagem in loco dos insumos e resíduos gerados
116
durante pesquisa de campo. A base principal da avaliação do sistema é o fluxo de massa das
entradas e saídas, além do consumo de energia elétrica.
A pesagem dos itens foi realizada em duas balanças, uma de precisão situada na
colônia e utilizada para pesagem de itens fornecidos e consumidos pelos animais, e outra
balança de maior porte instalada na área de higienização e utilizada para pesagem dos
resíduos e materiais da colônia, como gaiolas e racks.
Os dados de fonte secundária foram obtidos de manuais, artigos científicos e consulta
técnica a fabricantes de equipamentos e órgão de conhecimento reconhecido (Sabesp), além
de consulta técnica a profissional de experiência comprovada, como no caso de informações
relacionadas ao sistema de refrigeração.
No caso da utilização de artigo científico, foram adotados os dados divulgados em artigo
“Airborne contaminants in conventional laboratory rabbit rooms” publicado no periódico
Laboratory Animals em 2002, devido a inexistência de registros relacionados à emissão de
gases gerados na produção de animais no ambiente estudado.
X.1.2.5 Limitações
A coleta dos dados foi realizada a cada dia das três semanas de acompanhamento,
inclusive aos finais de semana. Durante este período, foi necessário acessar a colônia de
animais para registrar as informações referentes aos insumos consumidos e resíduos gerados
na sala C2 para todos os processos elementares incluídos na fronteira de trabalho. O envio de
materiais provenientes desta sala para o setor de higienização foi controlado, separando os
itens dos materiais das outras duas salas.
A pesagem dos materiais tanto na colônia quanto na higienização só poderia ser
realizada na presença da pesquisadora e após conferência de sua origem, no caso, somente
itens da sala C2. O registro dessas informações foi realizado em planilhas semanais com
alimentação diária dos dados de entrada e saída de insumos e resíduos, conforme figura X.5,
apresentada a seguir.
folha de dados utilizado foi baseado no Anexo A4 contido na norma ISO 14044:2009, conforme
figura X.6.
Ao longo da semana, trabalham em toda criação três funcionários em dias úteis e dois
plantonistas aos finais de semana, totalizando um número de dezenove acessos de
funcionários ao longo de uma semana de trabalho.
Os valores finais apresentados a cada insumo ou resíduo são resultado da média dos
valores obtidos nas três semanas de avaliação, com exceção ao processo de sanitização que,
como é realizado apenas uma vez ao mês, só obteve registro de uma avaliação.
(Equação 1)
X.2.2.2 Sanitização
01 1016 06 1013,7
02 1005,3 07 1014,0
03 1019,5 08 1006,0
04 1028 09 1023,6
05 1006,9 10 1016,0
Massa média por
1014,9 gramas/frasco
frasco
Os insumos consumidos na troca dos materiais da colônia são água filtrada, algodão
hidrófobo, maravalha, ração e materiais higienizados, além do epi utilizado pelos profissionais
na execução das atividades. O processo recebe como entrada também o coeficiente geratriz
de coelho e resíduo, um material intermediário proveniente da Manutenção da colônia, tendo
em vista que muitos dos materiais fornecidos durante a manutenção só serão descartados
após a troca dos materiais.
As saídas do processo são ração residual, água residual dos bebedouros, maravalha
suja, carcaça/cadáver animal, resíduo da gaiola, resíduo de varrição, poeiras/partículas,
amônia e materiais sujos. Além disto, apresenta a saída de materiais intermediários: epi de
125
troca e o coeficiente geratriz de coelho. Como no processo de troca, todos os resíduos são
descartados, inclusive aqueles provenientes do fornecimento de insumos da Manutenção da
Colônia, a diferença entre o volume de input e output será atribuída a um coeficiente que
representa o ganho de peso dos coelhos durante este período. Ou seja, o sistema atribui a
diferença no balanço de massa, provocada por uma entrada superior a um valor de saída, a
geração de massa de coelho.
Consumo de água filtrada: foi adotado o peso médio obtido por meio de amostras
utilizado na Manutenção dos animais, ou seja, 1014,9 gramas por frasco de bebedouro
fornecido aos animais a cada dia. Ao final foi calculada a média semanal.
Consumo de algodão hidrófobo: procedimento idêntico ao realizado na Manutenção
da Colônia, com pesagem ao início e fim da atividade e cálculo da média de consumo das três
semanas de avaliação.
Consumo de ração: a quantidade de ração administrada na colônia foi pesada e
registrada a cada dia de manutenção, por fim foi realizada a média de consumo das três
semanas de avaliação.
Consumo de maravalha: é disposta nas bandejas de forma manual com auxílio de
recipiente medidor, não havendo padronização de peso e sim de volume. Foi realizada a
pesagem de dez amostras consecutivas e calculada a média de maravalha (em Kg) fornecida a
cada bandeja para encontrar um valor de referência. Este valor médio foi utilizado para os
cálculos em função da quantidade das bandejas trocadas a cada semana e por fim foi realizada
a média semanal. Segue abaixo quadro com valores obtidos em amostras e média em Kg por
frasco.
Quadro X.2 Amostra de Maravalha
Amostra Massa (g) Amostra Massa (g)
01 127,8 06 162,6
02 256,0 07 128,0
03 278,9 08 198,4
04 164,0 09 284,0
05 278,0 10 234,0
Massa média por
211,17 gramas/frasco
frasco
um período amostral, em seguida estes tempos foram adotados como referência para cálculo
dos materiais processados e calculada a média entre as semanas de avaliação.
No caso das bandejas foi encontrado o tempo médio de 30 segundos por unidade e
para as gaiolas 23 segundos. Os acessórios das gaiolas são higienizados na máquina dentro
das próprias gaiolas de coelho, sendo utilizado regularmente 2 gaiolas para comedouros e 1
gaiola para suportes de bebedouros, que também terão seus tempos contabilizados. O Quadro
X.6 apresenta estes dados.
2º) Consumo de energia elétrica da hidrolavadora: O cálculo foi realizado com uso da
Equação 1, multiplicando a potência do equipamento pelo tempo médio de uso semanal da
máquina. Conforme já apresentado anteriormente, o tempo de utilização da máquina é
referente a 4293,333333 segundos para gaiolas, 516,666667 segundos para racks, 500
segundos para acessórios da gaiola e 900 segundos para higienização do setor de trabalho, ou
seja, um total de 6210 segundos ou 1,725 horas.
Consumo de energia da hidrolavadora = 18269,790192 kJ
3º) Consumo de energia elétrica da iluminação: O cálculo foi realizado com uso da
Equação 1, multiplicando a potência das lâmpadas pela quantidade e pelo tempo de utilização.
Consumo de energia da iluminação = 34560 kJ
Ou seja,
Consumo energia elétrica na Higienização= energia máquina lavadora + energia hidrolavadora +
energia iluminação = 220670,466192 kJ
Consumo de epi TNT: Em função da utilização do mesmo kit de epi em TNT, foi
adotado nos cálculos o mesmo peso padrão do processo Higienização de Acesso, 10,5g.
Sabendo que dois funcionários em um dia de trabalho concluem a higienização dos itens da
sala C2.
Consumo de luva de proteção: Cada funcionário consome um par de luvas por
semana, onde o peso de cada par é de 8 gramas.
Entrada de materiais sujos da colônia: possui mesmo valor atribuído ao final do
processo Troca de Materiais.
Descarte de resíduo retido na máquina: na higienização, em máquina lavadora, parte
da sujeira que estava sobre os materiais sujos e que é removida, acaba retida em filtro da
máquina para descarte ao final da operação. O valor adotado é referente à média das
pesagens encontrada no período de avaliação.
Descarte de água suja: é a soma das massas da água potável, do detergente, do
vapor que condensa e da sujeira sobre os materiais, menos o valor referente ao resíduo retido
na máquina.
Saída de materiais da colônia higienizados: Todos os materiais foram pesados após
a higienização em balança de grande porte na área de higienização, tendo sido inserido os
valores médios.
Saída de material intermediário - epi de troca: o técnico ao concluir a Higienização de
Materiais deve seguir para o processo de Higienização de Saída. O valor de saída é igual a
massa do epi em TNT e luva de proteção.
X.2.2.7 Desinfecção
X.2.2.8 Estoque
X.2.2.9 Esterilização
O processo apresenta ainda a entrada e saída dos epi’s utilizados na Sanitização, Troca
de Materiais e Manutenção da Colônia, de forma a promover a chegada destes até o processo
de Higienização de Saída da Criação, quando serão descartados.
O levantamento de informações referentes ao sistema de ar condicionado do Cecal,
assim como os cálculos técnicos de refrigeração foram auxiliados por profissional
especializado, lotado no setor de engenharia e arquitetura da Dirac, Unidade da Fiocruz
responsável pela área de construção civil e manutenção. As memórias de cálculo e dados
estão disponíveis no Anexo 6.1.
Na figura X.10 são apresentadas imagens do sistema de ar condicionado localizado no
piso técnico.
X.2.3 O Inventário
Em seguida, foi realizada a montagem das redes de fluxo com a inserção dos inputs e
outputs e seus respectivos valores, calculados para cada processo ou Transição, conforme
representação do software Umberto®. O fluxo de materiais entre as transições do modelo
desenvolvido pode ser observado no Anexo 6.3.
Após a montagem das redes de fluxo, foi realizado o inventário do macro-processo
Criação de Coelhos e obtidas as Tabelas de Inventário. Nestas é possível verificar a dimensão
do consumo de cada insumo e da geração de resíduos, além de permitir a avaliação de
desempenho de cada processo e sua relação com sistema de produção.
A figura X.12 apresenta a relação geral de inputs e outputs para a criação de coelhos no
Cecal. Nas figuras X.13, X.14 e X.15 é possível ver os as entradas e saídas ordenadas por
processo/ transição. Já as figuras X.16, X.17 e X.18 apresentam todos os materiais que entram
e saem, distribuídos entre as transições.
138
XI – Discussão
XI.1 O Mapeamento
A água nos processos é utilizada nas formas potável e filtrada, a primeira nos
procedimentos diversos e a segunda no fornecimento aos animais. As figuras XI.2 e XI.3
apresentam a proporção de consumo de cada uma e a distribuição do consumo de água
potável por processos. Nesta última verifica-se que a Climatização Ambiental também é o
maior consumidor de água potável com 6500 kg, seguido pela Higienização de Materiais com
pouco mais de 3540 kg. A Esterilização também apresenta consumo relevante de 600 kg
Com relação aos insumos animais fornecidos aos coelhos, o que representa maior
consumo é a ração, seguida da maravalha e do algodão hidrófobo. Conforme demonstrado na
figura XI.5.
148
Verificou-se que a água suja é o efluente de maior volume gerado, foi realizado então o
levantamento dos processos geradores de onde se pode concluir que o maior gerador é a
Higienização de Materiais, representando mais de 78% do total. A distribuição do descarte por
processo é apresentado no gráfico da Figura XI.7.
dentro das gaiolas. A figura XI.8 indica a distribuição percentual deste grupo de resíduo
conforme transição.
Conclusão
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Anexo 1
Documento Oficial de Autorização da Pesquisa
169
170
Anexo 2
Principais Associações de Bioterismo
Fonte: adaptado de COBEA, 2008
Anexo 3
Espécies e Linhagens de Animais Produzidos no Cecal
Fonte: SICOPA, 2010
ESPÉCIES LINHAGENS
1. A 32. BALB/cCrSlc–TgN(TNPIgE)1602Rin
2. 129S2/SvPas 33. BALB/Cj
3. 129S2/Sv Pas-Alox5 34. BALB/c-TgN(APRIL) 2919Mh
4. B6.129 35.BP-2
5. B6.129S6-Pfp 36. C.129S4(B6)-Mif
6. B6.129P2-Ccr2 37. C3H/He
7. B6.129S5-Ccr4 38. C3H/HeJ
nu
8. B6.129P2-Ccr 5 39. C.Cg - Foxn1
9. B6.129-Tnfrs1a 40. C.Cg-Gata 1
10. B6.129S2-Cd 28 41. C57 BL6/J
11. B6.129P2-Ccl 3 42. C57BL/6
12. B6.129P2-Nos2 43. C57BL/6-TgN(APRIL)3919Mh
tm1Cgn
13. B6.129P2-Il10 44. C57BL/6-TgN(CAG-EGFP)C14-Y01-
14. B6.129S1-Il12b FM131Osb
CAMUNDONGO 15. B6.129S2-Cd8a 45. C57BL/10
Mus musculus mdx
16. B6.129S2-Lgals 3 46. C57BL/10ScSn-Dmd /J
Scid
17. B6.129S7-Ifng 47. C.B-17-Prkdc
18. B6.129S7-Prnp 48. CBA
19. B6.129S7-Prnp-TgN(Prnp)a20Cwe 49. CWE
20. B6.129 S7–Rag 1 50. DBA/1
21. B6.129P2- Tlr6 51. DBA/2
22. B6.129S6-Cd11d 52. NIH
23. B6.129S6-Cd1 53. NOD.129S7(B6)-Rag1
24. B6.129S2-Ncf1 54. NOD
a
25. B6.SJL-Ptprc 55. NZB
26. B6D2F1 56. NZW
27. BALB/c Na 57. C.129P2(B6)-Ptafr
w wv
28. BALB/c Anx1 58. WBB6F1/J Kit Kit
Sl Sl-d
29 .BALB/c-BM 59. WCB6F1/J-Kitl- Kitl
30. BALB/c-Lgals 3 60. SJL/JcrNTac
31. BALB/c-Il4 61. Swiss Webster
RATO 1. WISTAR
Rattus norvegicus
HAMSTER 1. GOLDEN
Mesocricetus auratus
COBAIA 1. SHORT HAIR
Cavia porcellus
COELHO 1. NOVA ZELÂNDIA
Oryctolagus cuniculus Variedade albina
PRIMATAS NÃO 1. CYNOMOLGUS: 2. SAIMIRI SP: Saimiri 3. RHESUS: Macaca
HUMANOS Macaca fascicularis sciureus e Saimiri ustus mulatta
OVINOS
1. SRD
Ovis Aires
CAPRINO
1. SAANEN 1. BOER
Capra hircus
EQUINO
1. SRD
Equus caballus
172
Anexo 4
Questionário de Entrevista Aplicado
Fonte: Autora
DATA: HORÁRIO:
IDENTIFICAÇÃO DO SETOR:
CARACTERIZAÇÃO DE ENTREVISTADOS
CARGO: NOME:
CARGO: NOME:
CARGO: NOME:
QUANDO É FEITO?
ONDE É FEITO?
QUEM FAZ?
COMO FAZ?
173
Anexo 5
Reprodutores
Novos
Substituídos
Reprodutores
Acasalamento
Não
Técnica Fêmea
Apalpação Engravidou?
Sim
Gestação
Parto
Lactação
Fêmea
Desmame e reprodutora
Sexagem
Filhotes
Crescimento
Hemoderivados
175
Acesso de
Pessoal
Não
Troca de Substituição de Fornecimento de
gaiola? bebedouros ração
Sim
Troca de bandejas
Troca de Gaiolas
Reposição de
acessórios e
bebedouros
Fornecimento de
ração
Higienização da
sala
176
Reprodutores
Substituídos
Acasalamento
Gestação
Lactação
casal reprodutor
reprodutores
Novos
Desmame
Sexagem
Formação da
Pesquisa,Teste e Monitoramento Descarte colônia de
Ensino Sanitário zootécnico fundação
Hemoderivados
177
Acesso de
pessoal
Não Troca de
gaiola?
Sim
Retirada de
comedouros e
suporte
bebedouro
Envia material
sujo para
Troca de gaiola e higienização
reposição de
acessórios
Fornecimento de
ração ou feno
Higienização da
sala
Fornecimento de
bebedouros
178
Reprodutores
Substituídos
Acasalamento
casal reprodutor
Gestação
reprodutores
Novos
Lactação
Desmame e
Sexagem
Crescimento
Acesso de
Pessoal
Retirada de gaiola
da prateleira
Retirada de
bebedouro e
tampa metálica
Envia material
sujo para
higienização
Troca de gaiola
Fornecimento de
água e ração
Reposição de
gaiola na
parteleira
Reprodutores Substituídos
Acasalamento
casal reprodutor
Gestação
reprodutores
Novos
Lactação
Desmame e
Sexagem
Crescimento de Monitoramento
animais Sanitário
reservados
Pesquisa, Teste e
Ensino
181
Acesso de
Pessoal
Retirada de gaiola
da prateleira
Retirada de
bebedouro e
tampa metálica
Separa e organiza
material sujo
Troca de gaiola
Fornecimento de
água e ração
Devolução de
gaiola na
parteleira
Reprodutores
Substituídos
Reprodutores
Transferência Substituídos
Acasalamento para área de
Novos produção
Reprodutores
casal reprodutor
Casal
Reprodutor
Gestação Acasalamento
Lactação Gestação
Pesquisa, Teste e
Ensino
Desmame e
Lactação
Sexagem
Não
Crescimento Monitoramento
Crescimento de
Reservados e Sanitário
Reservados
Produção
Pesquisa, Teste e
Necessita
Sim Ensino
colônia de
produção
Não
Acesso de
Pessoal
Retirada de gaiola
da prateleira
Retirada de
bebedouro e
tampa metálica
Separa e organiza
material sujo
Troca de gaiola
Fornecimento de
água e ração
Reposição de
gaiola na
parteleira
Anexo 6
Inventário do Ciclo de Vida
185
Anexo 6.1
Memória de Cálculo da Climatização Ambiental
Informações:
Vazão de Ar Total: 3.060 m³/h;
Volume da Sala: 288,6 m³;
Número de Trocas Horárias: 10 ACH;
Condições Externas do ar consideradas em projeto (TBS/TBU): 35º / 26ºC;
Condições do ar à entrada da serpentina (TBS/ TBU): 26,7º / 20,5ºC;
Percentual do ar exterior envolvido: 55%;
Vazão de ar exterior envolvida: 1683 m³/h;
Condições do ar à saída da serpentina- projeto (TBS / TBU): 12,5º / 11,9ºC;
Consumo Elétrico Semanal Médio dos sistemas de Reaquecimento da Sala = 44.249 kWh / 52
= 851 kWh;
Vazão Média de reposição de água do sistema do Ar-Condicionado da Sala (*): (273 m³/h) x
0,01 x (5,6 TR/ 400 TR) = 0,04 m³/h;
(*) Considerando-se 1% de perdas em função da vazão recirculante – ASHRAE;
Anexo 6.2
Fluxo de Materiais Umberto® – Criação de Coelhos