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MAPEAMENTO DE PROCESSOS GERADORES DE RESÍDUOS EM UM BIOTÉRIO

NA PERSPECTIVA DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA

Ingrid Daré Viana

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Tecnologia, Centro Federal de
Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Tecnologia.

Orientador:
Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.

Rio de Janeiro
Março/ 2011
ii

MAPEAMENTO DE PROCESSOS GERADORES DE RESÍDUOS EM UM BIOTÉRIO


NA PERSPECTIVA DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA

Dissção Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET/RJ, como parte dos


requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Tecnologia.

Ingrid Daré Viana

Aprovada por:

________________________________________________________________________
Presidente, Prof. Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.(orientador)

________________________________________________________________________
Prof. Leydervan de Souza Xavier, D.C.

________________________________________________________________________
Prof.ª Debora Omena Futuro, D.Sc. (UFF)

________________________________________________________________________
Prof.ª Sabrina Calil-Elias, D.Sc. (UFF)

Rio de Janeiro
Março/ 2011
iii

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do CEFET/RJ


V614 Viana , Ingrid Daré
Mapeamento de processos geradores de resíduos em um biotério
na perspectiva de avaliação de ciclo de vida / Ingrid Daré Viana.—2011.
xix, 167f. + Anexos : il. col. , grafs. , enc.

Dissertação (Mestrado) Centro Federal de Educação Tecnológica


Celso Suckow da Fonseca, 2011.
Bibliografia : f.153 – 167
Orientador : Jose Antonio Assunção Peixoto

1.Engenharia ambiental 2.Resíduos de serviço de saúde – Administração


3.Biotecnologia 4.Biotérios 5.Avaliação do ciclo de vida (ACV)
I.Peixoto, Jose Antonio Assunção (orient.) II.Título.

CDD 620.8
iv

Aos meus queridos pais Alfredo e Isa,


por todo amor e incentivo que me
fizeram acreditar nesta conquista.
v

Agradecimentos

- A Deus, pela força até nos momentos mais difíceis.

- Aos meus pais Alfredo e Isa, ao meu noivo Alberto, a minha irmã Aline e meu pequeno Pietro,
a minha querida tia Lânia e a todos os demais familiares pela paciência e apoio em todos os
momentos.

- A minha avó Iracema, in memorian, pela força e carinho de sempre, e pelos ensinamentos
que me proporcionou enquanto estivemos juntas.

- Ao meu orientador professor Jose Antonio Assunção Peixoto que de forma muito competente,
respeitosa e inteligente compartilhou seus conhecimentos, e se tornou uma pessoa muito
especial na minha vida acadêmica, profissional e pessoal.

- A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia que me


proporcionaram novos conhecimentos e experiências durante o curso. Agradeço especialmente
ao professor Leydervan de Souza Xavier pelos grandes ensinamentos.

- Aos meus queridos colegas do curso que entenderam como ninguém minhas angústias e as
fizeram parecer menor, em especial aos alunos: Márcia, Fabiana, André, Ilana, Lilian e Sidnei.

- Aos profissionais do Cecal pela prontidão em colaborar no levantamento de dados da


pesquisa, seja no acesso de dados institucionais, nas entrevistas do mapeamento de
processos e no inventário de dados da ACV, em especial aos funcionários: Ademar, André,
André Luis, Carlos Henrique, Ednéia, Fábio Júnior, Josilene, Júlio, Luciana, Margarida, Marcus,
Mauro, Neimar, Vilma, Zenildo e Wilson.

- Ao responsável pelo Serviço de Roedores e Lagomorfos, Sebastião Enes, pelas orientações


valiosas de um profissional dedicado e experiente.

- A direção do Cecal, na figura do senhor diretor Joel Majerowicz, por autorizar e apoiar a
realização da pesquisa.

- Aos profissionais da Dirac, das equipes de Meio Ambiente e de Engenharia e Arquitetura,


pela disponibilização de relatórios referentes aos resíduos e de informações técnicas
relacionadas às instalações do Cecal. Agradeço em especial ao engenheiro Bruno Perazzo
pelo auxílio nos cálculos de refrigeração do sistema de ar condicionado utilizado na ACV e
acesso aos dados de equipamentos.

- A todos que colaboraram para realização desse trabalho, de alguma forma.


vi

RESUMO

MAPEAMENTO DE PROCESSOS GERADORES DE RESÍDUOS EM UM BIOTÉRIO


NA PERSPECTIVA DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA

Ingrid Daré Viana

Orientador:
Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia


do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Tecnologia.

A evolução do homem foi conduzida pelo avanço da tecnologia, o que provocou na


sociedade um aumento desmedido por produtos e serviços. Durante muito tempo, não havia a
preocupação com os passivos ambientais. Com o crescimento populacional, houve
conseqüentemente o aumento na demanda de necessidades e na geração de resíduos, o que
trouxe sérios impactos ao meio ambiente. Diante do potencial de risco dos resíduos,
representantes da comunidade política e de órgãos regulamentadores vêm estabelecendo leis
e diretrizes de forma a promover a sua redução e o estabelecimento de um gerenciamento
adequado. Esta dissertação foi desenvolvida em um biotério de criação, situado na cidade do
Rio de Janeiro e responsável pela produção de animais de laboratório, hemocomponentes e
derivados animais, serviços de controle da qualidade animal e biotecnologia. Os resíduos
produzidos nesta Unidade são classificados como resíduos de serviço de saúde (RSS) e
possuem regulamentação específica que orientam quanto aos procedimentos de manejo e
disposição final. A pesquisa tem como objetivo identificar e representar os principais processos
geradores de resíduo, de forma a gerar informações capazes de provocar melhorias nos
processos de trabalho. A metodologia do trabalho consiste no mapeamento dos processos
inerentes a criação de roedores e coelhos com identificação e classificação dos resíduos
gerados conforme RDC Nº306 da ANVISA. Em seguida, é realizada a representação de um
dos processos segundo a técnica de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) com apoio do software
Umberto® e são inseridos os dados para inventário do ciclo de vida. O processo escolhido para
esta representação é a criação de coelhos. Dentre os tipos de resíduos de serviço de saúde
identificados pelo mapeamento, o setor de criação apresentou a geração de resíduo biológico
(classe A4), químico (B), comum (D) e perfurocortante (E). A análise do inventário do ciclo de
vida do processo de criação de coelhos apresentou como resultado um consumo maior nos
inputs energia elétrica e água, principalmente nos processos de Climatização Ambiental e
Higienização de Materiais. Os resíduos gerados na Criação de Coelhos são representados por
emissões em 52,54%, efluentes em 45,92%, resíduos biológicos em 1,45% e resíduos comuns
em 0,09%. As emissões são altas em função da liberação de vapor d’água no sistema de
refrigeração do ambiente, que correspondem a 99,99% do valor. A aplicação das técnicas de
mapeamento e ACV permitiu a representação do biotério como um sistema produtivo e a
mensuração das descargas do processo e reforçou a importância da variável ambiental na
gestão da organização.

Palavras-chave: Gestão de resíduos; Mapeamento de processos; Análise do Ciclo de


Vida; Biotérios.
Rio de Janeiro
Março, 2011
vii

ABSTRACT

MAPPING THE PROCESSES WASTE GENERATORS IN AN ANIMAL HOUSE IN THE


PERSPECTIVE OF THE LIFE CYCLE ASSESSMENT

Ingrid Daré Viana

Advisor:
Jose Antonio Assunção Peixoto, D.Sc.

Abstract of dissertation submitted to Programa de Pós-graduação em Tecnologia - Centro


Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ as partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Technology (M.T.).

Man's evolution was driven by advances in technology, leading to an excessive increase for
products and services demands. For a long time, there wasn’t concern about the environmental
liabilities generated. With population growth, there was consequently an increase in necessity
and generation of waste, which brought serious environmental impacts. Given the potential risk
of the waste, the political community and regulatory agencies have established laws and
guidelines to promote the reduction of waste generated and the establishment of proper
management. The dissertation was developed in animal house, situated in the Rio de Janeiro
city and responsible for production of laboratory animals, animal blood products, quality control
service and animal biotechnology. The waste produced in this Unit are classified as waste of
health service and have specific regulations regarding the procedures that guide management
and final disposition. The aim of this study was identify and represent the key processes that
generate waste in an animal house keeping, to generate information that can lead to
improvements in work processes. The methodology of the work consists of mapping the
processes involved in the production of rodents and lagomorphs for identification and
classification of waste generated as RDC 306 ANVISA. Then, is held to a representation of the
processes according to the technique of Life Cycle Analysis (LCA) with the support of Umberto
software and are inserted information for inventory life cycle. The process chosen for this
representation was lagomorphs production (rabbits). Among the types waste of health service
identified by the mapping, the animal production had to generate biological wasrw (class A4),
chemical (B), Common (D) and Sharp (E). The analysis of the inventory lifecycle of the rabbits
production process as result a consumption increases in input power and water, especially in
the processes of Environmental Climate and Cleaning Materials. The waste genetated in rabbit
production are represented by emissions in 52,54%, by effluents in 45,92%, by biological waste
in 1,45% and common waste in 0,009%. Emissions are high due to the release of water vapor
in the environment cooling system, corresponding to 99,99% of the value. The application of
techniques mapping and LCA allowed the representation of the animal house as a production
system and measurement of discharges the process, and specially stressed the importance of
the environmental variable in the management of the organization.

Keywords: Waste management; Mapping processes; Life Cycle Analysis; Animal house

Rio de Janeiro
Março/ 2011
viii

Sumário

Introdução 1

I A Experimentação Animal 10

I.1 A Evolução 10

I.2 A Ciência de Animais de Laboratório (CAL) 12

I.2.1 Ética e Bem-Estar Animal 13

I.2.2 Métodos Alternativos 15

I.3 Regulamentação 16

II Biotérios 20

II.1- Classificação Quanto a Finalidade 21

II.2 - Classificação Quanto as Técnicas de Trabalho 21

II.3 Modelo Animal 22

II.3.1 Classificação Sanitária 24

II.3.2 Classificação Genética 25

II.4 Instalações 26

II.4.1 Macro e Microambiente 28

II.4.2 Barreiras Sanitárias ou de Contenção 29

III Biossegurança 31

III.1 Classificação de Risco Biológico 31

III.2 Níveis de Biossegurança 32

III.3 Legislação Nacional de Biossegurança 33

III.4 Biossegurança em Biotérios 34

III.4.1 Equipamentos de Proteção 35

IV A Questão Ambiental 37

IV.1 A Evolução da Preocupação Ambiental 37


ix

IV.2 Gestão Ambiental 39

IV.3 O Desenvolvimento Sustentável 40

V Resíduos 42

V.1 Histórico 42

V.2 Resíduos Sólidos 42

V.2.1 Classificação 44

V.3 Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) 46

V.3.1 Classificação 46

V.3.2 Riscos Associados aos RSS 48

V.4 Gerenciamento de Resíduos 50

V.4.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)

51

V.4.2 Segregação 51

V.4.3 Acondicionamento 52

V.4.4 Identificação 52

V.4.5 Transporte Interno 53

V.4.6 Armazenamento Temporário 54

V.4.7 Tratamento 54

V.4.8 Armazenamento Externo 54

V.4.9 Coleta e Transporte Externo 55

V.4.10 Destinação Final 55

V.5 Regulamentação 57

VI Mapeamento e Modelagem de Processos 58

VI.1 Processos 58

VI.1.1 Classificação 59

VI.1.2 Hierarquia 59
x

VI.2 Gestão por Processos 60

VI.3 Mapeamento e Modelagem 61

VI.3.1 Elementos da Modelagem 62

VI.3.1.1 Fluxograma 64

VII Avaliação de Ciclo de Vida 66

VII.1 Conceito 66

VII.2 Etapas de uma ACV 67

VII.3 Limitações 69

VII.4 Ferramentas Computacionais de Apoio a ACV 70

VII.4.1 O Software Umberto® 71

VIII Centro de Criação de Animais de Laboratório 72

VIII.1 Apresentação da Unidade 73

VIII.1.1 Histórico 73

VIII.1.2 Infraestrutura 74

VIII.1.3 Produtos 75

VIII.1.4 A Estrutura Organizacional 78

VIII.1.4.1 Criação Animal 79

VIII.1.4.2 Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico 80

VIII.1.4.3 Gestão 81

VIII.2 Cadeia de Suprimento do Cecal 81

VIII.2.1 Fornecedores 81

VIII.2.2 Clientes CECAL 82

VIII.2.2.1 Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BIOMANGUINHOS)

84

VIII.2.2.2 Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CpqAM) 85

VIII.2.2.3 Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM) 85


xi

VIII.2.2.4 Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR) 86

VIII.2.2.5 Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) 86

VIII.2.2.6 Instituto de Tecnologia em Fármacos (FARMANGUINHOS) 86

VIII.2.2.7 Instituto Fernandes Figueira (IFF) 87

VIII.2.2.8 Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS) 87

VIII.2.2.9 Instituto Oswaldo Cruz (IOC) 88

VIII.2.2.10 Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC) 88

VIII.2.3 Representação da Cadeia de Suprimentos 89

VIII.3 A Gestão de Resíduos na Unidade 91

IX O Mapeamento dos Processos 92

IX.1 A Metodologia de Mapeamento 92

IX.2 A Seção de Criação de Roedores e Lagomorfos 93

IX.2.1 A Estrutura Física 93

IX.2.1.1 Criação de Roedores 95

IX.2.1.2 Criação de Lagomorfos 95

IX.2.1.3 Seção de Higienização e Esterilização 96

IX.2.2 Barreiras Sanitárias 96

IX.2.3 Fornecimento de Animais 97

IX.3 Mapeamento: Criação Animal 99

IX.3.1 Produção Animal 99

IX.3.1.1 Acasalamento 101

IX.3.1.2 Gestação 101

IX.3.1.3 Lactação 102

IX.3.1.4 Sexagem 102

IX.3.1.5 Crescimento 102

IX.3.2 Manutenção da Colônia 103


xii

IX.3.3 Resíduos Identificados 104

IX.4 Mapeamento: Gnotobiologia 105

IX.4.1 Histerectomia Asséptica 105

IX.4.2 Resíduos Identificados 107

IX.5 Mapeamento: Sanitização Ambiental 108

IX.5.1 Resíduos Identificados 109

IX.6 Mapeamento: Higienização e Esterilização 109

IX.6.1 Resíduos Identificados 110

X ACV : Criação de Coelhos 112

X.1 Definição de Objetivo e Escopo 112

X.1.1 Objetivo 112

X.1.2 Escopo 112

X.1.2.1 Função do Sistema 112

X.1.2.2 Unidade Funcional 112

X.1.2.3 Fronteiras do Sistema 112

X.1.2.4 Requisitos dos Dados 115

X.1.2.5 Limitações 116

X.2 Análise de Inventário do ciclo de vida 116

X.2.1 A Coleta dos Dados 118

X.2.2 Procedimentos de Cálculos 118

X.2.2.1 Higienização de Acesso 119

X.2.2.2 Sanitização 121

X.2.2.3 Manutenção da Colônia 122

X.2.2.4 Troca de Materiais 124

X.2.2.5 Limpeza de Rotina 127

X.2.2.6 Higienização de Materiais 127


xiii

X.2.2.7 Desinfecção 131

X.2.2.8 Estoque 132

X.2.2.9 Esterilização 132

X.2.2.10 Higienização de Saída – técnicos de higienização 134

X.2.2.11 Climatização Ambiental 134

X.2.2.12 Higienização de Saída – técnicos da criação animal 135

X.2.3 O Inventário 136

XI Discussão 144

XI.1 O Mapeamento 144

XI.2 ACV – Criação de Coelhos 145

Conclusão 151

Referências Bibliográficas 153

Anexo 1 168

Anexo 2 170

Anexo 3 171

Anexo 4 172

Anexo 5 173

Anexo 6 184
xiv

Lista de Figuras

FIG. 1 Balanças Utilizadas no ACV................................................................................ 08


FIG. II.1 Distribuição Física para Dimensionamento de Biotérios ..................................... 27
FIG. IV.1 Evolução da Questão Ambiental nas Empresas ................................................. 39
FIG. IV.2 Pilares do Desenvolvimento Sustentável ............................................................ 41
FIG. V.1 Fluxos de Ações para Minimização de Resíduos ................................................ 50
FIG. VI.1 Os Processos Organizacionais ........................................................................... 58
FIG. VI.2 Níveis de Processos ........................................................................................... 59
FIG. VI.3 Tipologia de Ferramentas de Informática para Auxílio a Modelagem.................. 63
FIG. VII.1 Etapas de uma ACV............................................................................................ 67
FIG. VII.2 Análise do Inventário Adaptado........................................................................... 68
FIG. VII.3 Representação Gráfica do Umberto® .................................................................. 71
FIG. VIII.1 Organograma da Fiocruz .................................................................................... 72
FIG. VIII.2 Cecal................................................................................................................... 75
FIG. VIII.3 Fornecimento de Animais – Cecal ...................................................................... 76
FIG. VIII.4 Evolução de Linhagens de Camundongo............................................................ 76
FIG. VIII.5 Produção de Hemoderivados (litros por ano) ...................................................... 78
FIG. VIII.6 Produção de Hemoderivados (litro) por Animal................................................... 78
FIG. VIII.7 Organograma Simplificado do Cecal................................................................... 79
FIG. VIII.8 Distribuição do Fornecimento Animal 2010 ......................................................... 83
FIG. VIII.9 Demanda Interna de Animais (quantidade por ano) - Fiocruz ............................. 83
FIG. VIII.10 Demanda Interna de Hemoderivados (litro por ano) - Fiocruz ........................... 84
FIG. VIII.11Representação da Cadeia de Suprimentos do Cecal.......................................... 90
FIG. IX.1 Layout da Seção de Criação de Roedores e Lagomorfos ................................... 94
FIG. IX.2 Fluxograma de Solicitação de Roedores e Lagomorfos ...................................... 97
FIG. IX.3 Fornecimento de Roedores e Lagomorfos .......................................................... 98
FIG. IX.4 Processo de Produção Animal de Roedores e Lagomorfos ................................ 100
FIG. IX.5 Relação do Processo de Manutenção das Colônias e Produção Animal ............ 104
FIG. IX.6 Fluxograma de Histerectomia Asséptica ............................................................. 107
FIG. IX.7 Fluxograma de Sanitização Ambiental ................................................................ 109
FIG. IX.8 Fluxograma de Higienização e Esterilização de Materiais................................... 110
FIG. X.1 Layout da Colônia de Coelhos ............................................................................ 113
FIG. X.2 Fronteiras do Sistema ......................................................................................... 114
FIG. X.3 Fluxograma de Macro-Processo Criação de Coelhos ......................................... 114
FIG. X.4 Representação de Fluxo Umberto para o Macro-Processo Criação de Coelho .. 117
FIG. X.5 Planilha Semanal de Coleta de Dados ................................................................ 118
FIG. X.6 Modelo de Folha de Dados Utilizados ................................................................. 119
FIG. X.7 Sala de Criação de Coelhos................................................................................ 124
FIG. X.8 Máquina Lavadora e Hidrolavadora .................................................................... 128
FIG. X.9 Autoclave Horizontal 4500 litros .......................................................................... 133
FIG. X.10 Equipamentos de Climatização Ambiental .......................................................... 135
FIG. X.11 Grupos de Materiais Incluídos no Modelo Criação de Coelhos ........................... 136
FIG. X.12 Tabela de Inventário do Fluxo de Materiais na Criação de Coelhos.................... 137
FIG. X.13 Tabela de Inventário Organizada por Transição / Processo – parte 1 ................. 138
FIG. X.14 Tabela de Inventário Organizada por Transição / Processo – parte 2 ................. 139
FIG. X.15 Tabela de Inventário Organizada por Transição / Processo – parte 3 ................. 140
FIG. X.16 Tabela de Inventário Organizada por Material – parte 1...................................... 141
FIG. X.17 Tabela de Inventário Organizada por Material – parte 2...................................... 142
FIG. X.18 Tabela de Inventário Organizada por Material – parte 3...................................... 143
FIG. XI.1 Consumo de Energia Elétrica por Processo (kJ)................................................. 146
FIG. XI.2 Distribuição Percentual de Consumo de Água Filtrada e Potável....................... 146
FIG. XI.3 Consumo de Água Potável por Processo (kg)..................................................... 147
FIG. XI.4 Distribuição Percentual de Consumo de Vapor Saturado por Processo.............. 147
xv

FIG. XI.5 Distribuição Percentual de Consumo de Insumos Animais ................................. 148


FIG. XI.6 Distribuição Percentual de Geração de Efluente ................................................. 149
FIG. XI.7 Descarte de Água Suja por Processo (kg) .......................................................... 149
FIG. XI.8 Distribuição Percentual de Geração de Resíduo Biológico.................................. 150
FIG. XI.9 Distribuição Percentual de Geração de Resíduo Comum ................................... 150
xvi

Lista de Tabelas

TAB II.1 Animais de Experimentação: período e objetivo de utilização............................. 24


TAB III.1 Procedimentos e Equipamentos de Segurança por Nível de Biossegurança ...... 33
TAB III.2 Principais EPI’s para Biotérios ............................................................................ 35
TAB III.3 Principais EPC’s para Biotérios........................................................................... 36
TAB VI.1 Resumo da Terminologia .................................................................................... 64
TAB VIII.1 Distribuição Percentual de Fornecimento Animal ................................................ 77
TAB IX.1 Resíduos Gerados na Criação de Roedores e Lagomorfos ................................ 105
TAB IX.2 Resíduos Gerados na Gnotobiologia................................................................... 108
TAB IX.3 Resíduos Gerados na Sanitização ...................................................................... 109
TAB IX.4 Resíduos Gerados no Setor de Higienização e Esterilização.............................. 111
xvii

Lista de Quadros

QUADRO 1 Desenho Metodológico da Pesquisa .......................................................... 05


QUADRO V.1 Grupo de Resíduos e suas Características................................................ 46
QUADRO V.2 Classes de Resíduos do Grupo A .............................................................. 47
QUADRO V.3 Acondicionamento de Resíduos por Grupo................................................ 52
QUADRO V.4 Símbolos de Identificação .......................................................................... 53
QUADRO V.5 Tratamento e Destinação Adequados por Classe de Resíduos ................. 56
QUADRO VI.1 Níveis de Processos .................................................................................. 60
QUADRO VI.2 Simbologia de Fluxogramas....................................................................... 65
QUADRO VII.1 Softwares de ACV...................................................................................... 70
QUADRO VIII.1 Relação de Hemoderivados Produzidos .................................................... 77
QUADRO X.1 Amostra de Água Filtrada .......................................................................... 123
QUADRO X.2 Amostra de Maravalha ............................................................................... 125
QUADRO X.3 Volume dos Tanques da Máquina Lavadora .............................................. 128
QUADRO X.4 Consumo de Água da Hidrolavadora: Higienização de Gaiolas ................. 129
QUADRO X.5 Consumo da Hidrolavadora: Higienização de Racks.................................. 129
QUADRO X.6 Tempo de Uso da Máquina Lavadora ........................................................ 130
xviii

Lista de Abreviaturas

Sigla Significado
AALAS American Association for Laboratory Animal Science
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
AICV Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida
AMOP Análise e Modelagem de Processos
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BPEL Business Process Execution Language
BPMN Business Process Modeling Notation
CAL Ciência de Animais de Laboratório
CECAL Centro de Criação de Animais de Laboratório
CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais
CFMV Conselho Federal de Medicina Veterinária
CGEE Centro de Gestão de Estudos Estratégicos
CIBio Comissão Interna de Biossegurança
CNBS Conselho Nacional de Biossegurança
CNEM Comissão Nacional de Energia Nuclear
COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
COC Casa de Oswaldo Cruz
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONCEA Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal
CPqAM Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
CPqGM Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
CPqRR Centro de Pesquisas René Rachou
CQB Certificado de Qualidade em Biossegurança
CTNBio Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
DIRAC Diretoria de Administração do Campus
EDTA Ethylenediamine tetraacetic acid
ENSP Escola Nacional de Saúde Pública
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
FELASA Federation of European Laboratory Animal Science Association
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
xix

FIOTEC Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde


ICLAS International Council for Laboratory Animal Science
ICV Inventário do Ciclo de Vida
IDEF Integrated Computer-Aided Manufacturing
IFF Instituto Fernandes Figueira
INCQS Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde
INEA Instituto Estadual do Ambiente
IOC Instituto Oswaldo Cruz
IPEC Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas
NB Nível de Biossegurança
OGM Organismo Geneticamente Modificado
OMS Organização Mundial de Saúde
PDTIS Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde
PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde
PNB Política Nacional de Biossegurança
PNI Programa Nacional de Imunizações
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PQS Pó Químico Seco
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RSS Resíduo de Serviço de Saúde
SADT Structured Analysis and Design Technic
SBCAL Sociedade Brasileira de Ciências de Animais de Laboratório
SGA Sistema de Gestão Ambiental
SICOPA Sistema Informatizado de Controle de Produção Animal
SIGC Sistema Integrado de Gestão do Cecal
SUS Sistema Único de Saúde
UML Unified Modeling Language
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
U.R Umidade Relativa
1

Introdução

A produção de conhecimento na investigação biológica, biomédica e biotecnológica tem


sido responsável por novas descobertas para prevenção e cura de doenças, controle de
medicamentos e imunobiológicos, e outros produtos afins; através de uma maior compreensão
dos processos ou fenômenos biológicos.
O estudo e validação dos resultados são realizados por meio de emprego de modelos
ideais, capazes de reproduzir ou representar uma determinada situação ou característica
desejada. Estes modelos são os ditos “animais de laboratório”, e atuam como reagente
biológico do processo.
A utilização de animais na investigação é prática comum na comunidade científica. A
justificativa para esta prática tem sido fundamentada pela perspectiva do avanço científico
como condição necessária para a melhoria da qualidade de vida. Os animais de laboratório têm
sistemas de órgãos e organismos semelhantes aos seres humanos e outros animais, sendo
sensíveis em muitos casos às mesmas doenças (AALAS, 2010). Então, os resultados da
investigação podem ser aplicados na população e também em outros animais, beneficiando a
saúde destes.
Milhões de milhões de pessoas ao redor do mundo são hoje adultos saudáveis, muitos
pacientes doentes foram curados e outros tantos, portadores de doenças crônicas, levam uma
vida normal. Isto, devido à imunização por vacinas, ao uso de medicamentos e ao
desenvolvimento de técnicas cirúrgicas tornados possíveis através da investigação animal.
O aumento da expectativa de vida da população mundial e a redução da mortalidade
infantil, em diversos países, são provas da eficiência de resultados da experimentação animal.
Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro aumentou, alcançando a marca de 73,17
anos. Além disto, a taxa de óbitos, para cada mil nascimentos vivos, recuou de 23,30 para
22,47, o que teve a contribuição dos programas de vacinação em massa, dentre outros fatores
(GAIER, 2011).
Apesar do grande progresso da medicina no último século, muito ainda se tem a
desenvolver, muitas doenças ainda não são totalmente compreendidas, bem como o
conhecimento de sua cura. Além disso, com a tendência ao envelhecimento da população
mundial, espera-se uma incidência maior de doenças que afetam idosos.
A busca pelo avanço na qualidade de vida de homens e animais é contínua e sempre
se renova, o que demonstra a importância e a necessidade de animais de laboratório. Isto
porque, embora algumas tecnologias e métodos alternativos venham sendo estudados e
desenvolvidos, ainda não existem resultados que comprovem, com segurança, que os efeitos
apresentados em ensaios representam a realidade do que se propõe estudar. Assim sendo, a
necessidade de produção desses animais ainda continuará sendo uma realidade, pelo menos
até que alternativas em desenvolvimento sejam validadas.
2

Desta forma, os biotérios, instalações destinadas a produzir e manter animais de


laboratório, continuam com seus papéis no fornecimento e desenvolvimento de modelos
animais para pesquisas orientadas a saúde pública. Cabe a eles a disponibilização de animais
dentro de padrões genéticos e sanitários, de forma a evitar variações de resultados que
comprometam as investigações. Ocorre que, para se alcançar esses padrões são exigidos
controles específicos das instalações e gestão adequada dos processos de trabalho
envolvidos.
A organização apresentada como objeto de estudo é um biotério de criação sob
domínio de administração pública federal, o Centro de Criação de Animais de Laboratório
(Cecal), que atua como Unidade de Apoio da Fundação Oswaldo Cruz, uma importante
instituição de pesquisa em saúde, situada na cidade do Rio de Janeiro. O biotério é
responsável por fornecer animais de laboratório e hemoderivados para atendimento a diversos
programas de pesquisa, além da prestação de serviço de análises clínicas para este segmento.
A Unidade é formada por cinco serviços finalísticos, com responsabilidade direta nos
produtos fornecidos. São eles: Serviço de Criação de Roedores e Lagomorfos, Serviço de
Primatologia, Serviço de Hemocomponentes e Derivados Animais, Serviço de Controle da
Qualidade Animal e Serviço de Biotecnologia e Desenvolvimento Animal.
Seguindo o avanço da tecnologia em ciências de animais de laboratório, este biotério
tem investido no aprimoramento de técnicas de engenharia genética e biologia molecular, que
surgem como um novo caminho para as pesquisas científicas (CASTRO, 2008). Esta iniciativa
vem de encontro aos preceitos da Lei 11.794/08, que estabelece procedimentos para o uso
científico dos animais, colaborando na redução do uso tradicional destes animais. Por outro
lado, no que diz respeito à gestão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos impõe novos
desafios e responsabilidades para o gerenciamento de seus resíduos. No caso dos resíduos de
biotérios, ganham destaque os Resíduos de Serviços de Saúde, regulamentados pela RDC Nº
306 da Anvisa, uma vez que esses oferecem maior potencial de risco à saúde.
A Ciência em Animais de Laboratório é uma área em considerável progresso e é grande
a expectativa em relação a investimentos para implantação de novas unidades, capacitação de
profissionais e melhoria de processos para atendimento de demandas. Estes projetos estão
compulsoriamente vinculados a uma gestão adequada de resíduos.
Dada a dimensão de alcance dos produtos fornecidos por biotérios, tornam-se bastante
previsíveis as preocupações da comunidade científica e até mesmo da população em geral, no
que diz respeito à gestão dos processos de trabalho, de forma a conferir segurança
principalmente no consumo de produtos de origem biomédica e na gestão dos resíduos nos
biotérios. Desta forma, este trabalho se propõe a analisar e representar alguns dos processos
desenvolvidos no Cecal, com foco na geração de resíduos dos processos mapeados.
3

Objetivo

Este trabalho tem como objetivo geral contribuir com a gestão de resíduos em um
biotério de criação, a fim gerar informações capazes de permitir melhorias nos processos de
trabalho empregados.
Com relação aos objetivos específicos, fazem parte:
1) Identificar e representar os processos geradores de resíduos no biotério de criação
estudado;
2) Distinguir os resíduos de serviços de saúde (RSS) gerados no biotério de criação,
segundo a classificação apresentada na RDC Nº 306 da Anvisa;
3) Análisar um dos processos representados por meio da técnica de Avaliação do Ciclo
de Vida (ACV), gerando dados quantitativos referentes aos inputs e outputs do
processo.

Justificativa

Este trabalho é parte integrante de pesquisa desenvolvida no Mestrado em Tecnologia,


na Linha de Pesquisa: Organização e Gestão da Produção, sob o Projeto: Estudos sobre o
Desempenho nos Processos de Trabalho.
A realização desta pesquisa apresenta diversos fatores relevantes e representativos
para justificar a exploração dos assuntos centrais, o mapeamento de procesos, a gestão de
resíduos e a avaliação de ciclo de vida, aplicados em um biotério. As justificativas são
apresentadas a seguir:

1. Os biotérios representam um papel estratégico na saúde pública, oferecendo uma


matéria-prima primordial no avanço da ciência, o animal de laboratório. Apesar disto,
ainda é pequena a exploração da gestão de resíduos neste ambiente. Os processos
pertinentes à produção de animais de laboratório e a utilização destes em
procedimentos de experimentação, trazem para a sociedade um resultado ainda pouco
explorado em termos quantitativo e qualitativo.

2. Uma justificativa bastante relevante para o estudo deste tema decorre da própria razão
de existir do Cecal e da Fiocruz, isto porque seria contraditória uma instituição que atua
de forma a gerar conhecimento e promover a saúde pública, deixar de conhecer os
resíduos gerados e sua destinação, gerando danos a população por falta de gestão.
Portanto, o gerenciamento adequado dos resíduos é condição imperativa e iniciativas
de desenvolvimento de pesquisas são bem vindas.

3. Os resíduos de biotérios são classificados como resíduos de serviços de saúde e,


apesar de constituírem uma porcentagem pequena frente aos demais resíduos gerados
pela sociedade, representam riscos potencialmente maiores, com a apresentação de
4

germes patogênicos e organismos geneticamente modificados (OGM’s). Isto acarreta


em uma maior responsabilidade na gestão dos mesmos.

4. A pesquisa possui caráter inovador ao propor a representação dos processos de


trabalho, caracterizando definitivamente o biotério como um sistema produtivo. A
representação destes processos permite a identificação dos processos de produção,
bem como seus insumos e resíduos. Além disto, pode-se afirmar que a modelagem de
um processo por meio da técnica de ACV, algo até então não apresentado no ambiente
de estudo escolhido, traz para a sociedade dados quantitativos relacionados à produção
animal, o que é extremamente relevante mesmo que o recorte tenha sido realizado em
apenas um dos processos.

5. A representação dos processos de produção animal permite uma melhor compreensão


sobre o sistema de produção de biotérios, podendo ser utilizado para consulta técnica
de profissionais do segmento. A representação por fluxogramas favorece o
entendimento do processo e facilita a reprodução em biotérios semellhantes.

6. Num momento em que as organizações buscam por processos sustentáveis, visando à


redução de impactos ambientais e o fortalecimento da imagem institucional, esta
pesquisa é bastante oportuna. Isto porque a partir dos resultados, com a identificação
dos processos e a caracterização dos resíduos, a organização poderá analisar e
interferir de forma a melhorar seu desempenho ambiental, seja reduzindo a produção de
resíduos ou até mesmo com a substituição por materiais menos agressivos ao meio
ambiente.
5

Metodologia

O desenho metodológico do trabalho é representado no Quadro Introdução.1.

Quadro Introdução.1 - Desenho Metodológico da Pesquisa

CLASSIFICAÇÃO TIPO DESCRIÇÃO


Porque objetiva gerar conhecimentos para
NATUREZA APLICADA aplicação prática dirigidos à solução de
problemas específicos.
Porque foi desenvolvida pela interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados e
QUALITATIVA dados por indução. Foi desenvolvida por meio
de entrevistas com os envolvidos e da
ABORDAGEM observação do pesquisador.

Porque a pesquisa foi aplicada em parte


QUANTITATIVA desenvolvida por meio de estudos estatísticos
voltados a quantificação do objeto de estudo.
Porque visa maior familiaridade com o
problema. Envolve levantamento bibliográfico e
OBJETIVO EXPLORATÓRIA
entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o assunto abordado.
Porque foi elaborada a partir de material já
publicado, constituído praticamente de livros,
BIBLIOGRÁFICA
artigos de periódicos e de material
disponibilizado na internet.
PROCEDIMENTOS
TÉCNICOS Porque envolve o estudo profundo e exaustivo
de um ou poucos objetos de maneira que se
ESTUDO DE CASO permita seu amplo e detalhado conhecimento.
O objetivo é descrever o fenômeno ou
processo.

A fundamentação teórica foi realizada com pesquisa bibliográfica referente aos


seguintes assuntos:
1. Experimentação animal, sua evolução e regulamentação;
2. Biotérios, com apresentação de classificações e exigências quanto ao modelo animal e
às instalações.
3. Biossegurança, abordando a classificação de risco biológico, a regulamentação para
manipulação e descarte de organismos geneticamente modificados, além de relacionar
o tema a biotérios;
4. A questão ambiental, com a evolução da preocupação ambiental e o surgimento do
conceito de Desenvolvimento Sustentável;
5. A problemática dos resíduos no Brasil, com ênfase para os resíduos de serviços de
saúde, identificando as exigências legais nos âmbitos federal, estadual e municipal;
6

6. Mapeamento de processos, com apresentação do conceito de gestão por processos e


apresentação de técnicas e softwares disponíveis;
7. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): conceito, etapas de desenvolvimento da técnica e
apresentação do software Umberto®.

Etapas de Realização

1ª Etapa: Contato com a Direção


O primeiro procedimento adotado foi a apresentação da proposta de trabalho e consulta
à Direção da Instituição sobre o interesse em seu desenvolvimento. Após sua permissão, os
setores envolvidos foram comunicados sobre a execução da pesquisa. O documento oficial de
autorização consta no Anexo1, permitindo a divulgação e publicação dos resultados.

2ª Etapa: Caracterização da Unidade


A caracterização do Cecal foi realizada com apreciação de sua estrutura organizacional,
instalações, missão, bem como seus produtos e macro-processos envolvidos. Além disto,
desenvolveu-se a representação de sua cadeia de suprimentos e a descrição da gestão dos
resíduos na Unidade.

3ª Etapa: Mapeamento de Processos


A partir do melhor entendimento da organização, verificou-se que os processos
finalísticos da Unidade possuíam caráter bastante distintos, e optou-se pela seleção o setor de
Criação de Roedores e Lagomorfos para realização de mapeamento dos macro-processos
geradores de resíduos, não sendo representados os processos dos demais setores.
O mapeamento dos processos geradores de resíduos é realizado através abordagem
qualitativa e os processos modelados são inerentes a produção das espécies mantidas no
setor em questão. O detalhamento do processo de mapeamento é apresentado no capítulo IX
– Mapeamento dos Processos.

4ª Etapa: Avaliação do Ciclo de Vida


Após a conclusão do mapeamento dos processos produtores de resíduos, selecionou-
se o processo “Criação de Coelhos” para que fosse realizado o inventário do ciclo de vida. A
técnica de ACV é utilizada para representação quantitativa do processo. A avaliação é
desenvolvida apenas para este macro-processo, e optou-se pelo estudo de Inventário de Ciclo
de Vida (ICV). Esse trabalho não contempla a etapa de Avaliação do Impacto de Ciclo de Vida
(AICV).
7

A metodologia adotada nesta etapa seguiu as orientações apresentadas na ISO 14044:


2009, onde foram estabelecidos o objetivo e escopo do trabalho, com a definição do sistema,
fronteiras e unidade funcional, dentre outros.
Em seguida foi desenvolvido o modelo de representação com auxílio do software
Umberto® versão 5.5 educ e optou-se pela utilização do modelo de folhas de dados baseadas
no Anexo A4 da ISO 14044:2009.
O detalhamento do processo de inventário do ciclo de vida é apresentado no capítulo X
– ACV: Criação de Coelhos.

Materiais Necessários à Pesquisa


A realização das etapas de mapeamento dos processos e avaliação do ciclo de vida
exigiu a adoção de alguns materiais em função das técnicas aplicadas. Estes materiais são
descritos a seguir, segundo a etapa de trabalho.

Etapa: Mapeamento de Processos


• Gravador;
• Questionário de Entrevista;
• Uniforme, equipamentos de proteção individual e itens de higiene pessoal para
acesso às colônias de animais;
• Equipamentos de esterilização para envio de fichas às áreas bioprotegidas;
• Software livre Visio 2007®.

Etapa: Avaliação do Ciclo de Vida


• Balança de precisão Urano modelo UDI-10.000-2, capacidade de 10 kg, carga
mínima 50 gramas, divisão de 2 gramas;
• Balança de piso móvel Filizola referência 300/5, capacidade de 300 kg, divisão
de 100 gramas;
• Folha de Coleta de dados e acessórios de escritório;
• Três técnicos do Setor de Higienização e Esterilização, três técnicos do Setor de
Criação de Coelhos e três técnicos plantonistas para auxiliar na pesagem e
registro de informações, necessários ao inventário do ciclo de vida.
• Recipientes para auxílio à pesagem de insumos e resíduos da colônia;
• Site da Sabesp como referência a dados de consumo de água;
• Artigo científico como referência a dados de emissão de amônia e particulados
em sala de criação de coelhos;
• Manuais técnicos de autoclave e máquina lavadora de gaiolas;
8

• Software Umberto® versão 5.5 educ para representação e cálculos de inventário


do ciclo de vida.

Figura 1 – Balanças utilizadas na ACV

Organização do Trabalho

Este trabalho está estruturado em onze capítulos, além da introdução e conclusão.


Inicialmente apresenta a introdução, com o objetivo geral e os objetivos específicos, a
relevância do tema e a metodologia utilizada.
Do primeiro ao sétimo capítulo se desenvolve a fundamentação teórica. O primeiro
capítulo aborda a Experimentação Animal, uma atividade com origem desde a antiguidade e
em processo evolutivo paralelo à humanidade. Neste capítulo é apresentado um breve histórico
sobre a experimentação, seu fortalecimento com a criação da Ciência de Animais de
Laboratório e sua regulamentação no Brasil.
O segundo capítulo se refere especificamente a Biotérios, apresentando suas
classificações e o sistema complexo que se caracteriza a manutenção de suas instalações e
modelos animais.
O terceiro capítulo é dedicado ao tema Biossegurança, com abordagem da classificação
de risco biológico, níveis de biossegurança, além da apresentação da legislação nacional de
biossegurança. O conceito de Biossegurança é relacionado ainda a biotérios para identificação
dos riscos associados à criação e manejo de animais.
O quarto capítulo apresenta a Questão Ambiental, com a evolução da preocupação
ambiental a partir da percepção do desgaste do ambiente natural, o que tem provocado
mudanças na relação homem-natureza. Esta mudança impactou nas organizações que, para
se manter competitivas no mercado, necessitaram implantar programas de gestão ambiental. O
capítulo apresenta ainda o conceito de desenvolvimento sustentável e sua importância na
gestão de negócios.
O quinto capítulo é destinado ao tema Resíduo, que tem se caracterizado como um dos
grandes problemas da humanidade. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), a classificação dos resíduos e o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde são assuntos apresentados no capítulo.
9

O sexto capítulo se refere a Mapeamento e Modelagem de Processos, apresentando os


conceitos de processos, gestão por processos, e mapeamento e modelagem. Além disto, são
listadas algumas técnicas e ferramentas utilizadas, como o fluxograma e a Rede de Petri, que
serão aplicados mais adiante, neste trabalho.
O sétimo capítulo é dedicado a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), seu conceito, etapas
e limitações. São apresentadas ainda ferramentas computacionais de apoio ao ACV, com
destaque para o software Umberto®, utilizado na pesquisa.
O oitavo capítulo é destinado à caracterização do Cecal, com apresentação de sua
história, da infra-estrutura disponível para produção, dos produtos disponibilizados para os
clientes e da estrutura organizacional. Além disto, o capítulo traz a representação da cadeia de
suprimentos da organização e uma breve abordagem da gestão de resíduos na unidade.
O nono capítulo exibe o mapeamento dos processos geradores de resíduos na Seção
de Roedores e Lagomorfos, com a identificação e classificação de seus resíduos segundo RDC
Nº306 da Anvisa.
O décimo capítulo apresenta a Avaliação de Ciclo de Vida do processo de criação de
coelhos, com a apresentação das etapas de definição de objetivo e escopo e análise de
inventário de ciclo de vida.
O décimo primeiro capítulo é destinado à discussão dos resultados encontrados tanto
para o Mapeamento de Processos quanto para o Inventário do Ciclo de Vida. Por fim,
apresenta-se a conclusão sobre o trabalho, incluindo de forma concisa o ponto de vista da
autora quanto aos resultados alcançados e sua importância.
10

I – A Experimentação Animal

I.1 – A Evolução

A utilização de animais como modelos no processo de investigação biológica possui


origem desde a Antiguidade (SANTOS, 2002a). Ao longo da história, conforme a sociedade
acumulava maior conhecimento, maiores também eram as dúvidas a respeito do mundo e,
principalmente, do sistema complexo que se constituía o corpo humano. A solução encontrada
para saciar a curiosidade humana a respeito dos fenômenos biológicos foi a utilização de
animais, seres considerados inferiores (SANTOS, 2002a; PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
Desde os tempos imemoriais, o homem utilizou, e de certa forma explorou, os outros
animais para diversos fins (NAVARRO, 2007). O modo de agir e o pensamento do homem a
respeito do uso de animais em experimentação evoluiu sob a influência das idéias, dos mitos e
dos valores que tiveram vigência histórica (RIVERA, 2002).
A experimentação animal aumentou de forma paralela ao desenvolvimento da ciência
médica (ZUTPHEN et al., 1999a). A base da medicina ocidental teve origem na Grécia, onde
os filósofos foram os primeiros a praticar vivissecações com objetivos científicos. No primeiro
livro médico, Corpus Hippocraticum (aproximadamente 400 a.C), são descritos experimentos
com emprego de animais (ZUTPHEN et al., 1999a).
Ainda no século V a.C, atribui-se a Hipócrates os primeiros estudos do mundo civilizado
na área de saúde, que relacionavam, para fins didáticos, as semelhanças entre órgãos
humanos doentes com o de animais, procedimento repetido mais tarde por Aristóteles
(RAYMUNDO & GOLDIM, 2002 apud MACHADO et al., 2004).
Galeno (130 – 201 d.C) destacou-se como precursor das atividades de vivissecação
com animais (MACHADO et al., 2004). Seus experimentos proporcionaram uma base para as
práticas médicas não só durante aquele período, mas também durante muitos séculos depois
(ZUTPHEN et al., 1999a). Ele chocou a sociedade da época ao propor o mesmo procedimento
em seres humanos com o intuito de adquirir conhecimento (NAVARRO, 2007). Seus
experimentos foram interrompidos, contudo, o impedimento era apenas uma limitação religiosa
e sem relação alguma à percepção de dor ou sofrimento animal.
Segundo Zutphen e colaboradores (1999), Galeno finalizou a primeira etapa da
investigação médica, pois a cultura romana e a aparição do cristianismo paralisaram a ciência
experimental quase por completo. Os estudos empíricos foram proibidos por mais de um
milênio, alterando este quadro somente no século XV, período inicial do Renascimento. O
ressurgimento do estudo da medicina experimental e da biologia foi responsável pelo
desenvolvimento do restante das ciências da época (ZUTPHEN et al., 1999a).
Em meio ao movimento renascentista no século XVII, surge a linha de pensamento
cartesiana, que impacta fortemente na questão da experimentação, oferecendo um cenário
favorável a esta prática (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007) e conveniente para contestar qualquer
11

alegação de crueldade nas pesquisas científicas (RIVERA, 2002). De acordo com o filósofo
francês René Descartes (1596 – 1650), em seu livro “Discurso do Método”, os animais seriam
seres autômatos, com organismo semelhante a máquinas, e comparáveis a um sistema de
relógio, onde todas as funções se explicam mecanicamente. Acreditava que os processos de
pensamento e sensibilidade faziam parte da alma, e somente os homens possuíam alma
racional (MEZADRI et al., 2004; DESCARTE, 2007).
É provável que essas idéias sobre as diferenças entre homens e animais tenham
influenciado os cientistas do século XVII a realizarem experimentos cruéis com os animais
(MEZADRI et al., 2004; FIN & RIGATTO, 2007). Ao contrário de Descarte, Voltaire (1694-1778)
apresenta a humanidade outra visão, considerando os animais seres sencientes (FIN &
RIGATTO, 2007). É uma proposta bastante polêmica naquele período, já que contradizia
conceitos amplamente aceitos.
Outros pesquisadores que defenderam a benevolência humana para com os animais
foram Kant e Bentham. Kant (1724-1804) acreditava que não se deveriam praticar crueldades
aos animais por uma questão de autodefesa moral, pois aquele que tivesse coragem para
maltratar ou agredir um animal, o mesmo poderia fazer a uma pessoa (PAIXÃO & SCHRAMM,
2007). Para Bentham (1748-1832), não bastava “não ser cruel”, seria preciso reduzir o
sofrimento e aumentar o bem estar destas criaturas, incluindo-as no grupo de seres com
sentimentos (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
Em 1859, a teoria evolutiva de Charles Darwin vem a fortalecer as argumentações de
Voltaire e Bentham, ao afirmar a descendência animal dos homens. Isto estabelecia
semelhanças e eliminava diferenças radicais em suas capacidades mentais (PAIXÃO &
SCHRAMM, 2007). Por outro lado, a prova de que a similaridade entre o homem e os animais
está baseada na homologia, proporcionou uma base racional para o emprego de animais como
modelo para o homem (ZUTPHEN et al., 1999a).
O processo de conscientização continua com a apresentação, em 1959, do princípio
dos 3 R’s por William Russel e Rex Burch (CRISSIUMA & ALMEIDA, 2006). Este princípio tinha
o objetivo ousado de reduzir os abusos na utilização de animais em experimentação, e
implicava na adoção de três conceitos: Reduction (redução), Refinement (refinamento) e
Replacement (substituição) (CRISSIUMA & ALMEIDA, 2006; NAVARRO, 2007).
Em 1975, Peter Singer, especialista em Bioética¸ analisa as considerações sobre o que
deve ser considerado moralmente aceito no tratamento de animais. Segundo ele, se os animais
são capazes de experimentar sensações de sofrimento, logo eles possuem o interesse em não
sofrer. O homem, ao não levar em consideração os interesses animais em nossos padrões
morais, fere o que ele defende como “Princípio da Igual Consideração de Interesses”, portanto,
o sofrimento de qualquer espécie deve ser considerado em grau de igualdade em relação a
qualquer outra espécie (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
12

Na década de 80, influenciado pelos ideais de direitos, Tom Regan destacou-se como
principal defensor da idéia dos “direitos dos animais” (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007). Segundo
ele, ao considerar que animais são seres responsáveis por suas vidas, lhes atribuímos status
moral e, portanto, devemos lhes assegurar o direito de serem tratados com respeito.
À medida que a relação do homem com o meio se altera, novas técnicas são
necessariamente exigidas. Procedimentos quase que rudimentares utilizados até então no
desenvolvimento de testes biomédicos, precisam adquirir maior refinamento, visando à redução
do sofrimento animal (PAIXÃO & SCHRAMM, 2007).
Segundo Majerowicz (2008a), a pesquisa científica e atividades relacionadas ao
desenvolvimento tecnológico e controle de qualidade de imunobiológicos e fármacos requerem
animais de laboratório para prosseguir realizando avanços na compreensão da vida, na
prevenção e no tratamento de doenças. A experimentação animal é fundamental para a
continuidade do progresso dessas áreas, beneficiando a saúde humana e animal, uma vez que
ainda não há disponíveis, sistemas alternativos que permitam a substituição completa dos
animais (MAJEROWICZ, 2005).
Moreno e colaboradores (1983) reforçam a importância da experimentação animal ao
relacionar seu impacto direto na saúde pública, seja na utilização dos animais como fonte de
zoonoses; no diagnóstico de enfermidades humanas e animais; em ensaios toxicológicos e em
práticas preventivas de contaminação ambiental; na utilização em contaminação toxicológica;
na elaboração de modelos representativos de enfermidades humanas; na prática de ensino; e
na utilização como reagentes biológicos para obter e padronizar antígenos e soros destinados
a diagnósticos imunológicos.

I.2 A Ciência de Animais de Laboratório (CAL)

A ciência de animais de laboratório (CAL) pode ser definida como um ramo


multidisciplinar da ciência que contribui para o emprego humanitário dos animais na
investigação biomédica e a obtenção de dados reprodutíveis, imparciais e informativos
(ZUTPHEN et al., 1999a).
A utilização de animais em investigação biológica tem origem muito antiga, mas não
existia a preocupação com a qualidade genética ou sanitária destes animais, e muito menos
adoção de práticas de bem estar. Segundo Moreno e colaboradores (1983), a partir de 1940,
quando se começou a estudar a sério as questões relacionadas com estes animais, é que
houve a criação de uma verdadeira especialidade, a Ciência de Animais de Laboratório.
Contudo, esta só vinha a adquirir status internacional com a criação em 1957 do ICLA,
atualmente conhecido como ICLAS (International Council for Laboratory Animal Science). Na
segunda metade do século XX, representantes da OMS/ FAO demonstraram as primeiras
preocupações a respeito da normalização dos reagentes biológicos, os animais (MORENO et
al., 1983).
13

O ICLAS é responsável por promover a colaboração internacional na área de Ciência de


Animais de Laboratório e apoiar países em desenvolvimento, para obterem o padrão
necessário às investigações científicas de alta qualidade e com emprego humanitário dos
animais, possui membros em quarenta países diferentes (ZUTPHEN et al., 1999a), inclusive no
Brasil.
O objetivo principal da Ciência de Animais de Laboratório é contribuir para a qualidade
da experimentação animal e do bem estar dos animais (ZUTPHEN et al., 1999a). A Sociedade
Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório (SBCAL), antigo Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal (COBEA), apresenta como áreas de conhecimento desta ciência,
Educação, Bioética, Legislação e Biossegurança em Animais de Laboratório; Bem-estar e
Comportamento Animal; Produção de Animais de Laboratório; Manipulação e Experimentação
em Animais de Laboratório e; Edificação e Gerenciamento de Biotérios (COBEA, 2008).
O estabelecimento da ciência e tecnologia em animais de laboratório possibilitou a
padronização dos modelos, tanto do ponto de vista de seus aspectos biológicos e de saúde
quanto das condições de ambiente, nas quais os mesmos devem ser mantidos (PASSOS et al.,
2002).
Atualmente existem diversas associações ou organizações na área de Ciência de
Animais de Laboratório, no Anexo 2 estão listadas as principais (COBEA, 2008). Segundo
Moreno et al. (1983), assim como ocorre com o conhecimento histórico, a evolução associativa
de especialistas em uma atividade científica contribui poderosamente, não só no conhecimento
de sua evolução, mas também para fomentar a admiração de pessoas e entidades que fizeram
possível o desenvolvimento desta ciência.

I.2.1 Ética e Bem-Estar Animal

A questão ética no que diz respeito à utilização de animais de laboratório, os direitos


dos animais e o bem-estar animal são assuntos de preocupação crescente na comunidade
científica (PAIXÃO & SCHRAMM, 1999). As preocupações expressas pela sociedade não se
limitam apenas a presença ou ausência de dor, o grau de bem-estar está ligado à situação em
que em que se encontra o animal (COBEA, 2008). A definição de bem-estar animal relaciona-
se a conceitos como os de necessidade, liberdade, felicidade, competição, controle,
sensações, sofrimento, dor, ansiedade, medo, estresse, saúde e tédio (BROOM, 1996 apud
CRISSIUMA & ALMEIDA, 2006).
Os problemas éticos de experimentação animal surgem do conflito entre as justificativas
para o uso de animais em benefício de si próprios e do homem e o ato de não causar dor e
sofrimento aos animais (CRISSIUMA & ALMEIDA, 2006). Determinar os limites do homem para
os procedimentos de investigação biológica é o grande desafio, que vem sendo estudado e
debatido através de preceitos éticos. A bioética surge como um desafio da ética
14

contemporânea no sentido de providenciar um estudo sistemático da conduta humana na área


das ciências da vida e cuidados com a saúde (CLOTET, 1993).
Potter, criador do termo bioética, a define como uma nova ciência ética que seria uma
ponte entre as ciências biológicas e os valores morais, democratizando o conhecimento
científico e trabalhando em prol da sobrevivência ecológica do planeta (AZEVÊDO, 2009).
Hellengers definiu bioética como uma nova área de atuação interdisciplinar da filosofia moral,
promovendo a união do conceito ético-filosófico e a prática médica, portanto mais voltado para
os dilemas médicos (AZEVÊDO, 2009).
Na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, aprovada em 2005, foram
incluídas questões de ordem sanitária, social e ambiental. Com isto, passam a ser discutidos
em Bioética, assuntos como aborto, eutanásia, clonagem, pesquisas com/em humanos e
animais, alimentos transgênicos, fertilização in vitro, uso de células-tronco embrionárias,
aquecimento global, tratamento e disposição de resíduos, dentre outros (BORBA et al., 2009).
Na década de 1970, influenciados pela Bioética, movimentos de proteção animal
promovem debates sobre a utilização de animais em experimentação. Estes debates trouxeram
como conseqüências a criação ou revisão de leis regulamentadoras para uso de animais em
pesquisas em muitos países, o surgimento de comitês institucionais de ética para utilização de
animais e o controle por parte das agências de fomento e de políticas editoriais (AZEVÊDO,
2009).
As Comissões de Ética para Uso em Animais (CEUA) surgiram para fazer respeitar as
leis e princípios éticos e são geralmente estabelecidas em instituições científicas. O primeiro
país a criar estas comissões foi a Suécia em 1970, enquanto os Estados Unidos da América
adotaram esta prática em 1984 (BRITT apud SCHNAIDER & SOUZA, 2003). No Brasil, as
CEUA’s surgiram a partir da década de 1990 (SCHNAIDER & SOUZA, 2003).
Um instrumento de controle da experimentação animal com reflexo em diversos países
é a política editorial, onde a intenção é fazer com que pesquisadores se preocupem com
critérios humanitários, caso contrário, encontrarão dificuldades para publicação (AZEVÊDO,
2009). Esta preocupação também tem sido demonstrada pelas agências de fomento, onde
projetos que não contemplem o bem-estar animal dificilmente são financiados.
Segundo a Sociedade Brasileira em Ciência de Animais de Laboratório (SBCAL), foram
elaborados nove princípios éticos da experimentação animal a fim de colaborar com a evolução
dos procedimentos adotados para experimentação no Brasil (COBEA, 2008):

ARTIGO I – Todas as pessoas que pratiquem a experimentação biológica devem tomar


consciência de que o animal é dotado de sensibilidade, de memória e que sofre sem poder
escapar a dor;
ARTIGO II – O experimentador é, moralmente responsável por suas escolhas e por seus atos
na experimentação animal;
15

ARTIGO III – Procedimentos que envolvam animais devem prever e se desenvolver


considerando-se sua relevância para a saúde humana e animal, a aquisição de conhecimentos
ou o bem da sociedade;
ARTIGO IV – Os animais selecionados para um experimento devem ser de espécie e
qualidade apropriadas a apresentar boas condições de saúde, utilizando-se o número mínimo
necessário para se obter resultados válidos. Ter em mente a utilização de métodos alternativos
tais como modelos matemáticos, simulação por computador e sistemas biológicos “in vitro”.
ARTIGO V – É imperativo que se utilizem os animais de maneira adequada, incluindo aí evitar
o desconforto, angústia e dor. Os investigadores devem considerar que os processos
determinantes de dor ou angústia em seres humanos causam o mesmo em outras espécies, a
não ser que o contrário tenha se demonstrado;
ARTIGO VI – Todos os procedimentos com animais, que possam causar dor ou angústia,
precisam se desenvolver com sedação, analgesia ou anestesia adequadas. Atos cirúrgicos ou
outros atos dolorosos não podem ser realizados em animais não anestesiados e que estejam
apenas paralisados por agentes químicos e/ou físicos;
ARTIGO VII – Os animais que sofram dor ou angústia intensa ou crônica, que não possam se
aliviar e os que não serão utilizados devem ser sacrificados por método indolor e que não
cause estresse;
ARTIGO VIII – O uso de animais em procedimentos didáticos experimentais pressupõe a
disponibilidade de alojamento que proporcione condições de vida adequada às espécies,
contribuindo para sua saúde e conforto. O transporte, a acomodação, a alimentação e os
cuidados com os animais criados ou usados para fins biomédicos devem ser dispensados por
técnico qualificado;
ARTIGO IX – Os investigadores e funcionários devem ter qualificação e experiência adequadas
para exercer procedimentos em animais vivos. Devem-se criar condições para seu treinamento
no trabalho, incluindo aspectos de trato e uso humanitário dos animais de laboratório.

I.2.2 Métodos Alternativos

Os métodos alternativos em investigação biológica tratam-se de todo método ou


procedimento que permita a substituição de um experimento com animais, a redução do
número de animais requeridos, o refinamento dos procedimentos com o objetivo de reduzir o
sofrimento animal (NAB et al.,1999).
Segundo Presgrave (2002), são alguns exemplos de substituição no uso de animais: o
uso de informação obtida no passado (coleta de dados históricos); o uso de técnicas físico-
químicas para teste em algumas substâncias; o uso de modelos matemáticos ou
computacionais; o uso de organismos inferiores não classificados como animais protegidos
(bactérias, leveduras, insetos); o uso de estágios iniciais do desenvolvimento de espécies
16

animais protegidas; o uso de sistemas in vitro, vigilância pós-mercado e estudos


epidemiológicos; e o uso de voluntários humanos.
A busca de métodos alternativos será cada vez mais importante na comunidade
científica quanto a redução no emprego de animais a um mínimo absoluto e substituição
sempre que possível (NAB et al.,1999). Entretanto, é preciso ter cautela, pois a substituição
dos animais por métodos alternativos deve ocorrer desde que estas alternativas estejam bem
definidas e validadas (PRESGRAVE, 2002).

I.3 Regulamentação

No Código Civil Brasileiro de 1916, os animais eram considerados como bens móveis
suscetíveis de movimento próprio (semoventes) ou simplesmente renegados à condição de res
nullius, ou seja, coisas sem dono, sem utilidade, passíveis de apropriação (MACHADO et al.,
2004). Ainda em 1924, foi elaborado durante a República Velha, o Decreto nº 16.590, que
embora regulamentasse o funcionamento das casas de diversões públicas, constava neste a
proibição à prática de maus tratos que violassem a dignidade animal (MACHADO et al., 2004;
BRASIL, 1924).
A primeira legislação criada no Brasil que cita a prática com uso de animais para fins
didáticos e científicos é o Decreto nº 24.645 de 1934, que estabelece medidas de proteção aos
animais (CARDOSO, 2010). Em seu Art 1º reconhece todos os animais existentes no País
como tutelados do Estado e, em seu Art 2º condena a multa e prisão, de 2 a 15 dias, aquele
que aplicar ou fizer maus tratos animais. Dentre as condutas consideradas maus tratos, temos:
praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; manter animais em lugares anti-
higiênicos, impedidos de respirar, movimentar-se, descansar ou privá-los de ar e luz; golpear,
ferir ou mutilar os animais, voluntariamente, excetuando-se operações praticadas em seu
próprio benefício, em defesa do homem ou no interesse da ciência; não dar morte rápida, livre
de sofrimento prolongado, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não,
dentre outros cuidados (BRASIL, 1934).
Em 1941, surge o Decreto-Lei nº 3.688, popularmente conhecido como Lei das
Contravenções Penais, e veio a reforçar as medidas do Decreto Lei nº 24.645, ao tratar da
omissão de cautela na guarda ou condução de animais (Artigo 31) e prever pena para a prática
de crueldade, estendendo-a para aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza,
em lugar público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo (Artigo
64, § 1º.) (BRASIL, 1941).
Em 1968 surge a Lei nº 5.517 que dispõe sobre o exercício da profissão de médico
veterinário e cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, tornando de
competência privativa do médico veterinário a prática da clínica em todas as suas modalidades
e a assistência técnica e sanitária dos animais sob qualquer forma, dentre outras funções
(BRASIL, 1968). Em 1969, a Lei nº. 64.704, em seu Capítulo II, Artigo 2º., itens c e d, estipula
17

ser o exercício da medicina de animais de laboratório uma atividade profissional privativa do


médico-veterinário, o que significa, na prática, que todo Biotério deve ter um médico-veterinário
especializado em animais de laboratório (AZEVÊDO, 2009; BRASIL, 1969).
A proclamação da Declaração Universal dos Direitos dos Animais pela UNESCO em
1978 trouxe um novo pensamento sobre o direito dos animais, reconhecendo o valor da vida de
todos os seres vivos e propondo um estilo de conduta humana condizente com a dignidade dos
e o respeito aos animais (MEZADRI et al., 2004; FIN & RIGATTO, 2007).
Diante deste cenário, surge a Lei 6.638 em maio de 1979, conhecida como Lei da
Vivissecção, que estabelece as normas para a prática didática e científica da vivissecção de
animais no Brasil, tornando-se a primeira lei voltada para o uso dos animais em pesquisa e
ensino (MACHADO et al., 2004; CARDOSO, 2007). Em seu Art. 2º prevê que biotérios e
centros de experiências e demonstrações com animais vivos deverão ser registrados em órgão
competente e por ele autorizados a funcionar, o que traria uma visão real da quantidade e
distribuição destes centros pelo país (BRASIL, 1979). Esta Lei representou um avanço no
setor, apesar de não contemplar aspectos relacionados aos 3R’s, e nem se referir a Comissões
de Ética no Uso de Animais. Contudo, a sua não regulamentação implicou na falta de
penalidades (FIN & RIGATTO, 2007).
Em 1988, a promulgação da Constituição Federal do Brasil, representou um grande
avanço para o legislativo nacional. Em seu Capítulo VI art 225, referente ao Meio Ambiente,
incumbe ao Poder Público “proteger a fauna e flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, pratiquem a extinção de espécies ou submetam
animais à crueldade” (FIN & RIGATTO, 2007; BRASIL, 1988).
Em 1992, o Conselho Federal de Medicina Veterinária edita a Resolução nº 592, que
estabelece em seu Art. 1º que zoológicos e biotérios estão obrigados a registro no Conselho
Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV)
respectivo (CFMV, 1992). Isto estimulou o controle e a fiscalização dos biotérios nacionais.
A Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de Crimes
Ambientais, regulamentada pelo Decreto Lei nº 3.179/99, no seu art. 32 determina pena de
detenção de três meses a um ano e multa, para aqueles que praticarem ato de abuso,
maus-tratos, ferirem ou mutilarem animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos
ou exóticos. Incorrendo nesta mesma pena quem realizar experiência dolorosa ou
crueldade em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos (FIN & RIGATTO, 2007; BRASIL, 1998). Em decorrência das ameaças
de punição nela inseridas, a grande maioria das instituições de ensino e de pesquisa no Brasil
criaram voluntariamente suas próprias CEUA’s, visando prevenir o uso inadequado de animais
(CARDOSO, 2007).
18

Em âmbito estadual, o Decreto Municipal (RJ) 19.432, de 1º de janeiro de 2001, proibiu


a prática de vivissecção e de práticas cirúrgicas experimentais com animais em instituições
veterinárias públicas municipais, na existência de tecnologia alternativa para a experimentação
(RIO DE JANEIRO, 2001). Essa norma, que adota parcialmente os 3R’s, equiparou a conduta
de quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou
científicos, quando existirem recursos alternativos, àquela de quem pratica ato de abuso ou de
maus-tratos, ou que fere ou mutila animais, o que deve ser punido com pena de detenção de
três meses a um ano e multa (AZEVÊDO, 2009).
Em julho de 2002 é criada a Lei nº 3900 que institui o código estadual de proteção aos
animais, no estado do Rio de Janeiro, onde reserva um capítulo especial para os animais de
laboratório (RIO DE JANEIRO, 2002). Apesar de normatizar questões importantes como
instituição das comissões de éticas em centros de pesquisa e utilização de anestésicos em
vivissecção, não foi regulamentada (CARDOSO, 2007).
Em agosto de 2002, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) apresenta a
Resolução nº 722 que aprova o código de ética do médico veterinário (CFMV, 2002). Em
fevereiro de 2008, apresenta a Resolução nº 879 que dispõe sobre o uso de animais no ensino
e na pesquisa e regulamenta as Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs) no âmbito da
Medicina Veterinária e da Zootecnia brasileiras e dá outras providências (CFMV, 2008).
Finalmente, para atendimento aos anseios de pesquisadores e da sociedade
preocupados com a adoção de princípios éticos na experimentação animal, em outubro de
2008, surge a Lei nº 11.794 que estabelece procedimentos para o uso científico de animais em
todo território nacional (BRASIL, 2008). Foi regulamentada em 16 de julho de 2009, após 13
anos tramitando no Congresso Nacional, e teve como embrião o Projeto de Lei 1153 de 1995,
de autoria do então Deputado Sérgio Arouca, daí esta lei ser conhecida como a “Lei Arouca”
(JORGE et al., 2009). Sua aplicação restringe-se aos animais das espécies classificadas como
filo Chordata, subfilo Vertebrata (BRASIL, 2008).
Apresenta como medida inovadora, a criação do Conselho Nacional de Controle de
Experimentação Animal (CONCEA), que dentre suas atribuições está credenciar instituições
para criação ou utilização de animais em ensino e pesquisa científica; estabelecer e rever
normas para uso e cuidados com animais e normas técnicas para instalação e funcionamento
de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal; dentre outras
atividades. Vai além, ao condicionar o credenciamento das instituições à constituição prévia de
Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUA’s), o que reforça a necessidade de
cumprimento dos procedimentos em consonância com a legislação vigente e estabelece o
controle de pesquisadores e procedimentos de ensino e pesquisa realizados nas instituições
através da manutenção de cadastros atualizados (BRASIL, 2008).
19

No que diz respeito às condições de criação e uso de animais, a Lei nº 11.794


estabelece orientações baseadas em condutas éticas como a adoção da eutanásia quando
este procedimento seja recomendado ou quando ocorrer intenso sofrimento; a determinação do
número de animais e do tempo de duração de cada experimento será o mínimo indispensável
para produzir o resultado conclusivo, poupando o animal de sofrimento; a adoção de sedação,
analgesia ou anestesia para procedimentos que envolvam dor ou angústia; podendo inclusive
restringir ou proibir experimentos que importem elevado grau de agressão (BRASIL, 2008).
Por fim, estabelece penalidades administrativas para instituições e pesquisadores que
transgredirem as disposições e ao regulamento da Lei. Dentre estas penalidades estão a
advertência, multas, interdição ou suspensão temporária, suspensão de financiamentos
provenientes de fontes oficiais de crédito e fomento científico, além da interdição definitiva
(BRASIL, 2008).
20

II- Biotérios

Biotérios são instalações capazes de produzir e manter espécies animais destinadas a


servir como reagentes biológicos em diversos tipos de ensaios controlados, para atender as
necessidades dos programas de pesquisa, ensino, produção e controle de qualidade nas áreas
biomédicas, ciências humanas e tecnológicas segundo a finalidade da instituição (CARDOSO,
1998). Estas instalações possuem características próprias, de forma a atender as exigências
dos animais, proporcionando-lhes bem estar e saúde para que possam se desenvolver,
reproduzir e responder satisfatoriamente aos testes neles realizados (ANDRADE, 2002).
Investimentos neste setor têm ocorrido, visando o desenvolvimento da ciência e
tecnologia em saúde. Os investimentos são basicamente em modernização das instalações
nacionais e controle de qualidade (FINEP, 2007). Esta iniciativa vem se concretizando com a
construção ou adequação de instalações por diversas universidades e instituições de pesquisa.
Em 2007, o projeto TIB Biotério da FINEP disponibilizou através de uma seleção pública R$
2milhões voltados para a capacitação de biotérios para certificação de animais para
experimentação. O objetivo foi implantar em escala piloto, procedimentos de rastreabilidade,
padronização, normalização e avaliação de conformidade, com base em critérios
internacionalmente aceitos, e que, portanto pudessem ser disseminados para outros biotérios
(FINEP, 2007).
Infelizmente, no Brasil não existe um cadastro nacional de biotérios, o que impede o
conhecimento real da quantidade de biotérios existentes e a compreensão de sua distribuição
territorial. Em 2003, durante seminário “Programa de Ação para Biotérios”, realizado pelo
Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE) em Ciência e Tecnologia, foi realizado um
cadastramento nacional de biotérios, mediante inscrição on line. Neste primeiro levantamento,
foi registrada a participação de 64 biotérios de produção e 61 biotérios de experimentação,
entretanto, a entidade organizadora apontava para a existência de quantidade superior (CGEE,
2003).
Atualmente, os critérios na pesquisa científica exigem animais com padrão sanitário
conhecido, o que tem contribuído para que instituições nacionais invistam na melhoria de seus
biotérios (FELASA, 1999 apud MAJEROWICZ, 2005). A padronização microbiológica tem
diminuído o número de animais usados pela redução das variações dentro e entre os grupos
de testes, contribuindo, portanto, para o bem-estar e a saúde dos animais de laboratório,
reduzindo os riscos para a saúde humana devido a zoonoses (FELASA, 1999 apud
MAJEROWICZ, 2005).
21

II.1- Classificação Quanto a Finalidade

Segundo Cardoso (2002), de acordo com a finalidade destinada aos animais que
abrigam, os biotérios podem ser classificados como biotérios de criação, manutenção e
experimentação. Biotérios de criação abrigam as matrizes reprodutoras das espécies e são
responsáveis pela produção dos animais, destinados à experimentação. Biotérios de
Manutenção abrigam animais silvestres para adaptação em cativeiro e também, para produção
e fornecimento de sangue e órgãos animais. Biotérios de experimentação abrigam os animais
fornecidos pelo biotério de criação, e que serão submetidos à investigações biológicas.

II.2 - Classificação Quanto as Técnicas de Trabalho

Segundo Passos (2008), os biotérios podem ser divididos em três fases, de acordo com
suas técnicas de trabalho. A primeira, na sua constituição, quando se destinavam a abrigar os
animais que eram capturados de seu habitat natural enquanto aguardavam sua utilização para
pesquisas ou quando estavam em processo de observação.
Em uma segunda fase, os biotérios ganham características arquitetônicas mais
específicas, de forma a garantir características ambientais confortáveis e segurança sanitária,
minimizando variações fisiológicas e comportamentais (PASSOS, 2008). O ambiente ganha
características próximas a do ambiente natural, passando a controlar parâmetros como
iluminação, temperatura e umidade. A grande mudança nesta fase decorre do estabelecimento
de modelos ideais identificados após avaliação de pesquisadores.
Esses “modelos ideais” serão aquelas espécies e cepas de animais que demonstrarão
as características desejáveis para cada estudo de caso. A partir destas escolhas serão
estabelecidas colônias através de acasalamentos direcionados, o que produzirá um grupo de
qualidade genética e sanitária definida. A organização e profissionalização desta atividade
apresentam para a sociedade uma nova ciência, a Ciência de Animais de Laboratório
(PASSOS, 2008).
A implantação desta estrutura de biotério, juntamente com a aplicação de metodologias
de pesquisa menos cruéis, vem a contemplar dois princípios dos 3R’s, Reduce e Refinement.
Ou seja, a redução do uso de animais quando a maior qualidade destes possibilita a utilização
de amostras menores e de confiabilidades superiores; e o refinamento das técnicas (PASSOS,
2008).
A terceira fase identificada, para alguns biotérios é uma realidade, enquanto para
outros, ainda encontra-se em fases de projeto ou implantação. Caracteriza-se pela observação
e desenvolvimento pelo homem das técnicas de biotecnologia animal, como mutação
espontânea, transgênese, clonagens reprodutivas e terapêuticas, utilização de células-tronco
em terapias celulares e criopreservação. Os biotérios passam a buscar o status de centros de
investigação e produção científica (PASSOS, 2008).
22

A criopreservação é obtida com a indução hormonal de matrizes de alto padrão


genético, que ao cruzarem naturalmente geram diversos embriões que são posteriormente
coletados e congelados até que ocorra demanda deste determinado animal. Esta técnica
possibilita importantes vantagens como o banco de embriões (preservação do patrimônio
genético e sanitário originais dos animais), a descontaminação para agentes de transmissão
vertical (no caso de alguns vírus), além de ser essencial nas etapas de produção de animais
geneticamente modificados (PASSOS et al., 2002).
Acredita-se que muito em breve, as instituições migrarão do modelo convencional de
biotério, com a formação de colônias, para o desenvolvimento de matrizes criopreservadas.
Com isto, não será mais necessária a manutenção contínua de todas as colônias, somente
uma produção planejada e ajustada à demanda (PASSOS, 2008).

II.3 Modelo Animal

Animais de Laboratório ou modelos biológicos são aqueles utilizados com o intuito de


alcançar analogia dos resultados experimentais que seriam transferidos para os homens e
outros animais (MOLINARO et al., 2009). Eles possuem sistemas de órgãos e organismos
semelhantes aos seres humanos e outros animais. Devido a isto, os dados resultantes da
investigação sobre estes animais podem ser aplicados diretamente para o homem e para
outros animais também (AALAS, 2009).
Majerowicz (2008a) apresenta as vantagens mais importantes de modelos animais que
possuem enfermidades similares ou idênticas às do homem, como:
• Conhecer a história natural da enfermidade, cuja etiologia, patogenia, sintomatologia
e evolução possam manter-se em condições experimentais, sem a influência de
fatores estranhos que a modifiquem.
• Reproduzir uma enfermidade, inúmeras vezes, em forma experimental, permitindo
dispor de casuística suficiente.
• Desenvolver estudos fisiopatológicos e patológicos, que são difíceis ou inacessíveis
em pessoa enferma.
• Utilizar meios terapêuticos, cuja aplicação na espécie humana se considere
perigosa ou ainda não legalizada.
• Estudar fatores ambientes e genéticos que incidem na evolução da enfermidade.
• Estudar algumas enfermidades em raças e/ou linhagens de animais criadas para
esse fim, abrindo-se um imenso campo de investigação em imunologia, oncologia
e, sobretudo, em enfermidades hereditárias.

Segundo Godard (2001), existe três condições essenciais para que se tenha um modelo
animal bem sucedido do ser humano. A primeira é a conservação evolutiva, onde o modelo
23

deve ter sistemas genéticos e fisiológicos e um metabolismo que verdadeiramente se pareçam


com as condições humanas. A segunda deve ter um sistema tecnicamente conhecido e bem
entendido, permitindo facilmente experimentos poderosos e diversificados. E, finalmente, ele
deve ser praticamente exeqüível, barato e de fácil transporte. Andrade (2002) acrescenta ainda
as características desejáveis, fácil manejo; prolificidade; docilidade; pequeno porte; baixo
consumo alimentar; e ciclo reprodutivo curto.
No Brasil, dificilmente são divulgadas estatísticas referentes à quantidade de animais, a
variedade das espécies ou sobre os fins para os quais se utilizam os animais, o que foi
constatado durante a pesquisa bibliográfica realizada neste trabalho. Talvez isto ocorra em
conseqüência da inexistência de um cadastro nacional de biotérios, o que tende a mudar com a
aprovação da Lei Nº 11.794, que estabelece procedimentos para o uso científico de animais.
De todos os animais de laboratório, os roedores são os mais utilizados, representando
cerca de 80% do total de vertebrados que se destinam a experimentação (HAVENAAR et al.,
1999). Dentre os roedores utilizados estão camundongos, ratos, hamsters e cobaias. Outros
animais empregados são os coelhos, da Ordem dos Lagomorfos; Mamíferos como cães, gatos,
cerdos, suínos, ovelhas, cabras, primatas não humanos, além de aves, peixes, sapos, rãs e
animais de fazenda (MOLINARO et al., 2009).
Embora nem todas as pesquisas biomédicas envolvam a utilização de animais, estes
são essenciais em muitas áreas. A breve vida de animais de investigação permite aos
cientistas estudá-los durante todo o ciclo de vida, e mesmo através de várias gerações, dentro
de um curto período de tempo (AALAS, 2009). A cura de muitas doenças deve-se a
experimentação animal, bem como o aprimoramento de muitas técnicas de
diagnóstico(CHORILLI et al, 2007). A tabela II.1 relaciona a diversos períodos da história, as
espécies animais e o estudo desenvolvido com as mesmas.
A eleição da espécie animal e da cepa concreta depende em grande parte de suas
características anatômicas, fisiológicas e de conduta se ajustem as demandas da investigação.
O alojamento, a alimentação e o cuidado da espécie animal selecionada devem ser
apropriados para satisfazer suas necessidades (HAVENAAR et al., 1999).
Em função do delineamento dos experimentos, os investigadores, além de escolherem
uma determinada espécie e cepa animal, devem optar por modelos biológicos de classificação
genética e sanitária mais adequada para o experimento, a fim de otimizar os resultados com a
utilização da menor quantidade possível de animais.
24

Tabela II.1: Animais de Experimentação: período e objetivo de utilização


Fonte: Cardoso, 1998 apud Chorilli et al., 2007.

Período Espécies Animais Principais Usos


Antes de 1900 Cachorro Tratamento de raiva
Coelho
Galinha Tratamento da deficiência de vitamina
do complexo B
1900-1920 Vaca Tratamento da varíola
Estudos sobre a patogenia da
tuberculose
Cachorro Tratamento do raquitismo
Mecanismos de anafilaxia
1920-1930 Cachorro Desenvolvimento da técnica de
Coelho cateterismo cardíaco
Descoberta da insulina e do
mecanismo da diabetes
1930-1940 Cachorro Mecanismo do eletrocardiograma
Gato Desenvolvimento de anticoagulantes
Função dos neurônios
1940-1950 Macaco Tratamento da artrite reumatóide
Coelho
Rato Efeito terapêutico da penicilina em
infecções bacterianas
1950-1960 Macaco Descoberta do fator RH do sangue
Macaco Vacina da febre amarela
Rato Cultivo do vírus da poliomielite, o que
levou ao desenvolvimento da vacina
Coelho Desenvolvimento da quimioterapia
Macaco para o tratamento do câncer
Rato
Rato Descoberta do DNA
Camundongo
1960-1970 Rato Desenvolvimento de fármacos
Camundongo antidepressivos
Camundongo Interpretação do código genético e seu
papel na síntese de proteínas
1970-1980 Macaco Tratamento da lepra
Porco Desenvolvimento da tomografia
compuradorizada
1980-1990 Rato Desenvolvimento de anticorpos
Coelho monoclonais
Rato Desenvolvimento da terapia genética
Camundongo

II.3.1 Classificação Sanitária

O padrão sanitário dos animais se classifica basicamente em três grupos distintos:


animais gnotobióticos, animais livres de germes patogênicos específicos e animais
convencionais (MOLINARO et al., 2009).
Os gnotobióticos são animais com microbiota associada definida ou conhecida. São
padronizados do ponto de vista microbiológico e devem ser criados em ambientes com
25

barreiras absolutas (MOLINARO et al., 2009 ; COUTO, 2002b). Tanto animais germ free como
os que apresentam um ou mais microorganismos conhecidos são considerados gnotobióticos
(BOOT, 1993).
Os animais livres de germes patogênicos específicos (specific pathogen free – SPF) são
aqueles que têm demonstrado estar livres de certos microorganismos potencialmente
patogênicos, que causariam doenças clínicas ou subclínicas ou seriam potencialmente
patogênicos a uma determinada espécie animal (BOOT, 1993; MAJEROWICZ, 2005). Animais
SPF não podem ser considerados padronizados, pois sua microbiota é desconhecida,
entretanto, os microorganismos patogênicos indesejáveis não devem ser detectados nos
exames realizados em amostras da colônia (BOOT, 1993). Devem ser mantidos em biotérios
com barreiras sanitárias ou equipamentos que lhes garantam o padrão microbiológico
(MAJEROWICZ, 2005).
Os animais convencionais são aqueles que possuem microbiota indefinida por serem
mantidos em ambiente desprovido de barreiras sanitárias rigorosas (COUTO, 2002b).

II.3.2 Classificação Genética

Quanto ao padrão genético, os animais de laboratório podem classificar-se em dois


grupos, os não-consangüíneos e os consangüíneos (SANTOS, 2002a).
Animais não consangüíneos, heterozigotos ou outbred são aqueles que apresentam
constituição genética variada em estado de heterozigoze, o que deve ser conhecido e mantido
(MOLINARO et al., 2009). É empregado o acasalamento rotacional, desenvolvido através da
formação de vários grupos de igual tamanho e distribuição entre machos e fêmeas
(MOLINARO et al., 2009). Estes animais representam uma grande diversidade genética numa
mesma colônia, possibilitando a reprodução de populações naturais (SANTOS, 2002a).
Animais consangüíneos, homozigotos ou inbred são obtidos através do acasalamento
entre irmãos e/ou pais e filhos durante pelo menos vinte gerações consecutivas, obtendo um
índice de homozigose de 99% (MOLINARO et al., 2009). As cepas consangüíneas são
utilizadas com freqüência na investigação biomédica, não só pela uniformidade, mas também
porque certas cepas apresentam características ou transtornos genéticos específicos também
desenvolvidos no homem (ZUTPHEN et al., 1999b).
Com o avanço da biotecnologia surgiram os animais transgênicos. Estes são
produzidos através da introdução de um gen estranho em uma cepa consangüínea,
estabelecida a fim de produzir modelos animais específicos que expressem doenças ou
anomalias humanas como diabetes, obesidade, nanismo, anemia, desordens metabólicas,
neuromusculares ou imunológicas, dentre outros (GODARD & GUÉNET, 1999). Estes animais
exigem procedimentos mais controlados para manipulação e descarte por serem classificados
como organismos geneticamente modificados (OGM).
26

Ao combinarmos as diferentes técnicas que estão disponíveis hoje em dia para a


modificação do genoma dos animais de laboratório, os geneticistas poderão em breve obter
modelos que sejam mais fiéis às doenças humanas (GODARD, 2001).

II.4 Instalações

A implantação de um biotério seja ele de criação, manutenção ou experimentação,


implica na existência de instalações adequadas para abrigo dos animais, isto é, que possam
reproduzir um ambiente muito próximo aquele encontrado em seu habitat natural. Os cuidados
devem ser adotados desde a escolha do local para construção e o layout do projeto, até a
escolha dos materiais de construção. Além disto, devem-se observar as normas de construção
estaduais e locais pertinentes (NRC, 2003).
Na escolha do local para a construção de um biotério, deve-se levar em consideração a
existência de fontes poluidoras nas proximidades (aerossóis, ruídos, etc.) e se a área permite a
ampliação das instalações e modernização dos equipamentos (COUTO, 2002a). Outra
característica importante é que o local escolhido possua fácil deslocamento até os clientes
regionais e esteja próximo a estradas e aeroportos, para o atendimento aos clientes externos
(NRC, 2003).
Os quesitos relativos ao projeto e ao tamanho de um biotério dizem respeito à
abrangência das atividades de pesquisas institucionais, aos animais que serão alojados, à
relação física com o resto da instituição e à localização geográfica (NRC, 2003). O ideal é que
as instalações para animais de laboratório sejam fisicamente separadas de outros laboratórios.
Essas instalações devem ser construídas, visando à facilidade de limpeza, desinfecção e
manutenção. O fluxo de pessoal, materiais, animais, descartes, etc., deve ser de modo a
minimizar a contaminação cruzada (MAJEROWICZ, 2008a).
Um biotério possui basicamente áreas como salas de animais e quarentena; circulação;
depósitos para alimentos, materiais e insumos; higienização e esterilização; laboratórios e
administração (COUTO, 2002a). A Figura II.1 apresenta a distribuição recomendada para
dimensionamento destas áreas.
27

7%
8%

11%
46%

14%

14%

Salas de animais e Quarentena Circulação


Depósitos Higienização e Esterilização
Laboratórios Administração

Figura II.1: Distribuição Física para Dimensionamento de Biotérios


Fonte: Couto, 2002a.

O tipo de alojamento dos animais varia em função do comportamento, status sanitário e


microbiológico do animal a ser utilizado na pesquisa. Quanto mais refinado o modelo animal,
maior será a exigência referente a instalações, equipamentos e procedimentos de trabalho.
Para a seleção de sistemas de alojamentos de animais, são necessários conhecimento e
avaliação profissionais e depende da natureza dos perigos em questão, dos tipos de animais
usados e do delineamento dos experimentos (NRC, 2003). Além disso, o emprego de práticas
e procedimentos de biossegurança, destinados a evitar a contaminação dos animais, pessoas,
ambientes interno e meio ambiente também devem ser considerados (MAJEROWICZ, 2005).
O animal de laboratório deve ser visto como um reagente biológico. Tudo que o
circunda, de uma ou de outra forma, pode exercer influências nas características deste
reagente (LUCA et al., 1996). Esta interferência reflete-se principalmente na resposta do animal
a determinados experimentos. A manutenção de condições ambientais estáveis, portanto, irá
assegurar a reprodução dos resultados experimentais, uma vez que resultados diferentes
poderão ser obtidos para idênticos parâmetros experimentais com animais em diferentes
condições ambientais (LUCA et al., 1996).
As recomendações nacionais e internacionais para instalações destinadas à criação,
manutenção e experimentação animal visam, entre outros aspectos, a operacionalização, a
biossegurança, ao bem-estar animal e a repetibilidade dos resultados (MAJEROWICZ, 2008a).
O relacionamento dos vários fatores que compõem a atmosfera do biotério, tais como
temperatura, umidade relativa, ventilação, luminosidade e ruído, é tão interdependente que se
torna praticamente impossível estudá-los separadamente, além do fato de que são os
principais fatores limitantes para criação e manutenção de animais de laboratório (COUTO,
2002a).
28

II.4.1 Macro e Microambiente

A qualidade da pesquisa é conseqüência de uma cadeia de procedimentos iniciada no


biotério de criação. As condições ambientais de criação e manutenção são de extrema
importância (MICHALICK, 2008). Segundo Couto (2002a), as condições ambientais devem ser
adequadas a cada espécie e mantidas de forma estável, a fim de assegurar o padrão sanitário
dos animais.
O microambiente diz respeito ao espaço físico imediatamente próximo ao animal: o
recinto primário, com sua temperatura própria, umidade e composição de gases e partículas do
ar. O macroambiente refere-se ao ambiente físico secundário – como, por exemplo, a sala, o
estábulo ou habitat externo (NRC, 2003). Embora ambos os recintos (macro e
microambientais) sejam ligados pela ventilação entre os recintos primário e secundário, o
ambiente do recinto primário pode ser bem diferente do secundário, e sofre a influência pelo
desenho dos dois recintos (NRC, 2003).
Um passo crucial no cuidado e tratamento de animais de laboratório é oferecer
acomodações confortáveis nas áreas pertinentes, no que foi chamado de microambiente. Com
este conceito, destina-se a necessidade de uma estadia que permita que os animais cresçam,
atinjam a maturidade sexual, reproduzam, comportando-se normalmente e mantendo uma boa
saúde (MORENO et al., 1983).
A temperatura, umidade relativa, ventilação, taxa de troca de ar, luminosidade e ruído
são alguns dos fatores que podem afetar a saúde, o comportamento e o bem-estar dos
animais, influenciando nos resultados de pesquisas ou ensaios experimentais (MAJEROWICZ,
2005). Além destes, outros fatores como a hidratação, a dieta, o comportamento do bioterista,
a presença de vetores e microorganismos patogênicos, as características da gaiola, a presença
de odores e o tipo de “cama” (material colocado ao fundo da gaiola para absorção de excretas
e forração para conforto do animal) também podem interferir na qualidade animal
(MAJEROWICZ, 2008).

Temperatura: A maioria dos animais de laboratório é homeotérmico, ou seja, mantém a


temperatura corporal constante (MAJEROWICZ, 2005). As variações ambientais de
temperatura fazem com que os animais busquem adaptar-se a nova condição, o que gera
alterações comportamentais, metabólicas e fisiológicas (CAPELETTO, 2008). Para evitar esta
reação, a temperatura deve ser estabelecida dentro da zona de conforto térmico para cada
espécie (CAPELETTO, 2008).

Umidade Relativa (U.R): Grande parte dos animais de laboratório compensa o excesso
de calor através do aumento de ritmo respiratório, devido à incapacidade de sudação. Contudo,
se a umidade do ar atingir alto índice, prejudicará essa capacidade de compensação
(MAJEROWICZ, 2005). Além disso, a alta umidade relativa implicará em produção e aumento
29

da taxa de amônia, o que não é desejável. Segundo Santos (2002b), recomenda-se a U.R em
níveis entre 30 e 70%.

Ventilação: A ventilação tem como objetivo fornecer suprimentos de oxigênio adequado;


remover as massas de ar quente, produzidas pela respiração animal, por luzes e
equipamentos; diluir contaminantes gasosos e particulados; ajustar o conteúdo de umidade do
ar da sala; e, quando necessário, criar diferenciais de pressão estática entre espaços
adjacentes (NRC, 2003).
A amônia é a substância tóxica comum em salas de animais e que merece atenção no
controle, pois se origina na degradação dos excretas nitrogenados e afeta o sistema
respiratório dos animais (CAPELETTO, 2008), além de gerar desconforto aos profissionais
devido ao seu forte odor.

Luminosidade: A intensidade luminosa e o fotoperíodo influenciam o metabolismo e o


ciclo estral de animais, com alterações nas respostas biológicas (CAPELETTO, 2008). É
importante promover períodos alternados e regulares de luz e escuridão, levando em
consideração hábitos e limitações dos animais (SANTOS, 2002b). Períodos de luz de 12 a 14
horas por dia parecem ser os mais adequados à manutenção dos animais (SANTOS, 2002b).
Além disto, é recomendada a adoção de luz fria ao invés da incandescente, descartando ainda
a iluminação natural (SANTOS, 2002b).

Ruído: O ruído é um fator de grande influência sobre o bem estar dos animais de
biotério, principalmente considerando-se que os ouvidos dos roedores possuem capacidade de
escutar freqüências mais altas, inaudíveis pelos ouvidos humanos (CAPELETTO, 2008). Em
salas de criação se recomenda nível de ruído entre 50 e 60 dB, e consciente de que valores
acima de 85 dB são prejudiciais a saúde animal (SANTOS, 2002b). Recomenda-se ainda a
separação de áreas de pessoas das de animais e, a de animais barulhentos (cães, caprinos e
primatas) de animais silenciosos (roedores, coelhos, gatos), além de orientar os profissionais a
evitar a produção de ruído desnecessário, principalmente os de alta intensidade e súbitos
(MORENO et al, 1983).

II.4.2 Barreiras Sanitárias ou de Contenção

Barreiras sanitárias podem ser definidas como sendo os sistemas que combinam
aspectos construtivos, equipamentos e métodos operacionais (CARDOSO, 2008). Atuam de
forma a impedir que agentes indesejáveis, presentes no meio ambiente, tenham acesso às
áreas de criação ou de experimentação animal, bem como agentes patógenos em teste
venham a se dispersar para o exterior do prédio (COUTO, 2002a). Visam a redução ou a
eliminação da possibilidade de exposição da equipe de trabalhadores, de outras pessoas, dos
próprios animais, além do meio ambiente em geral, aos agentes de risco (CARDOSO, 2008).
30

Essas barreiras são determinadas em função das espécies e da quantidade de animais,


tipos de materiais, fluxos de processos, manejo animal, etc. Serão mais complexas quanto
maior forem a exigência microbiológica e/ou riscos biológicos associados (MOLINARO et al.,
2009).
Dentre as barreiras sanitárias referentes a aspectos construtivos podemos citar o
sistema de ventilação com filtração de ar para evitar o deslocamento de microorganismos
indesejáveis; a implantação de sistema de gradiente de pressão em ambientes; adoção de
sistemas para impedir refluxo de água, gases e entrada de animais e insetos invasores; a
utilização de tanques de imersão; dentre outras (COUTO, 2002a; MOLINARO et al., 2009).
Dentre as barreiras sanitárias referentes a equipamentos podemos citar a instalação e
utilização de autoclaves dupla porta, estufas de óxido de etileno, descontaminadores por
peróxido de hidrogênio, cabines de troca e cabines de segurança biológica, porto ou guichê de
passagem, microisoladores e módulos para microisoladores (COUTO, 2002a; MOLINARO et
al., 2009).
Dentre as barreiras sanitárias referentes aos procedimentos operacionais podemos citar
a higienização ambiental regular; a esterilização de materiais, equipamentos e insumos; a
adoção de programa de controle de vetores; a disponibilização e utilização de equipamentos de
proteção individual e coletiva (MOLINARO et al., 2009).
31

III- Biossegurança

Biossegurança é o conjunto de estudos e ações destinados a prevenir, controlar, reduzir


ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal,
vegetal e o meio ambiente (BRASIL, 2006a).
Segundo Rocha (1998), estas ações podem ser:
• Técnicas, como por exemplo, plano de emergência, plano de gerenciamento de
resíduos e programas de vigilância médica;
• Educacionais, necessárias na implementação de qualquer ação técnica;
• Administrativas, onde a organização institucional contribui para o planejamento e
desenvolvimento das atividades; e
• Médicas, com a prática de programas de medicina ocupacional, realizando exames
periódicos, imunização, etc.
O conceito de biossegurança pode ser estendido aos diversos setores, no sentido da
prevenção de riscos gerados pelos agentes químicos, físicos, ergonômicos e psicossociais
envolvidos em processos em que o risco biológico se faz presente ou não (COSTA et al.,
2008). Apesar do amplo entendimento da palavra biossegurança, no contexto da Lei de
Biossegurança vigente no Brasil, ela só se aplica aos organismos geneticamente modificados
(OGM’s), não regulamentando as atividades que envolvam outros riscos biológicos
(MAJEROWICZ, 2005).

III.1 Classificação de Risco Biológico

O conceito de risco está associado à probabilidade que um dano, um ferimento ou que


uma doença ocorra. Nas atividades laboratoriais que envolvam materiais infecciosos ou
potencialmente infecciosos, a avaliação de risco é um parâmetro de essencial importância para
a definição de todos os procedimentos de biossegurança, sejam eles de natureza construtiva,
de procedimentos operacionais ou informacionais (CARDOSO & SILVA, 2007).
A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento ou a identificação
dos agentes biológicos e da probabilidade de danos provenientes destes (BRASIL, 2006a).
Esta análise não diz respeito apenas ao agente biológico manipulado, mas também a outros
fatores pertinentes ao tipo de ensaio e ao trabalhador.
Em função da complexidade no processo de avaliação, os principais critérios analisados
são a virulência, modo de transmissão, estabilidade, concentração e volume, disponibilidade de
medidas profiláticas e tratamento eficazes, dose infectante e origem do agente biológico
potencialmente patogênico, o tipo de ensaio adotado, além de fatores referentes ao
trabalhador, como idade, sexo, fatores genéticos, susceptibilidade individual, estado
imunológico, uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) (BRASIL, 2006a).
32

Segundo o livro “Classificação de Risco dos Agentes Biológicos”, do Ministério da


Saúde, os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos
em classes de risco assim definidas:
• Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes
biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos
sadios.
• Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade):
inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais,
cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente
é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
• Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui
os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória
e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais
existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco
se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de
pessoa a pessoa.
• Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes
biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de
transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou
terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças
humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na
comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus.
• Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de
disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença animal não
existentes no País e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de
importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na
produção de alimentos.

III.2 Níveis de Biossegurança

Existem quatro Níveis de Biossegurança (NB): NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, relacionados
aos requisitos crescentes de segurança para o manuseio dos agentes biológicos, terminando
no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção (BRASIL, 2006b).
O nível de biossegurança de um experimento é determinado segundo o microorganismo
de maior risco e para trabalhos em grande escala, o NB deve ser superior ao recomendado
para sua manipulação (BRASIL, 2006b).
Assim como os laboratórios, os biotérios podem classificar-se em quatro níveis de
biossegurança, de acordo com a evolução do risco e o grupo de risco ao qual pertencem os
33

microorganismos investigados (OMS, 2005). A tabela III.1 apresenta a relação de grupo de


risco, nível de contenção e procedimentos e equipamentos de segurança necessários em
biotérios.

Tabela III.1: Procedimentos e Equipamentos de Segurança por Nível de Biossegurança


Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS), 2005.
Grupo de Nível de Procedimentos e Equipamentos de Segurança
Risco Contenção
1 NB-1 Acesso restringido, roupa e luvas protetoras
2 NB-2 Procedimentos de NB-1, mais sinais de advertência do risco.
Cabine de segurança biológica de classe I ou II para as
atividades que produzem aerossóis. Descontaminação de
resíduos e gaiolas antes da higienização.
3 NB-3 Procedimentos de NB-2, mais acesso controlado, Cabine de
segurança biológica e roupa protetora especial para todas as
atividades
4 NB-4 Procedimentos de NB-3, mais acesso estritamente
restringido. Troca de roupa antes de entrar. Cabine de
segurança biológica da classe III ou trajes de pressão
positiva. Ducha na saída. Descontaminação de todos os
resíduos antes de sua saída das instalações.

III.3 Legislação Nacional de Biossegurança

Em março de 2005, foi promulgada a Lei Nº 11.105, mais conhecida como a Lei de
Biossegurança. A aprovação desta lei pôs fim aos entraves em pesquisas científicas no país,
principalmente àquelas relacionadas a organismos geneticamente modificados (OGM’s) e
células-tronco embrionárias. A polêmica em torno do assunto permeava por questões
econômicas, sociais, ambientais e até mesmo religiosas.
Apesar da aprovação, profissionais da área indicam que a lei apresenta limitações,
considerando que o assunto biossegurança, apresentado em diversos artigos publicados,
possui ampla abrangência, não se limitando a questão de OGM e células-tronco (MÜLLER,
2008).
Em seu Art. 3º, prevê que todos os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei
deverão requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Cria
ainda o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, órgão de assessoramento superior do
Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de
Biossegurança – PNB. O CNBS fica responsável por fixar princípios e diretrizes para a ação
administrativa dos órgãos e entidades federais relacionados à biossegurança; analisar, a
pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e
do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados; e
avocar e decidir sobre qualquer processo de liberação comercial de OGM e derivado (BRASIL,
2005).
34

A CTNBio deve prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na


formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no
estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à
autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados,
com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente
(BRASIL, 2005). O Certificado de Qualidade em Biossegurança – CQB é um documento
emitido pela CTNBio para autorização de desenvolvimento de atividades com OGM e seus
derivados em laboratório, instituição ou empresa, cabendo a estes o envio de cópia do
processo aos órgãos de registro e fiscalização (BRASIL, 2005).
Segundo Art. 17, toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética
ou realizar pesquisas com OGM e seus derivados deverá criar uma Comissão Interna de
Biossegurança - CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto
específico. Esta comissão, dentre outras competências, inclui-se informar trabalhadores e
demais membros da coletividade sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança,
bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes (BRASIL, 2005).
Atribui responsabilidade civil e administrativa aos responsáveis pelos danos ao meio
ambiente e a terceiros que, sem prejuízo da aplicação das penas previstas, responderão,
solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência
de culpa. Dentre os crimes previstos incluem-se, por exemplo, praticar engenharia genética em
célula germinal humana, zigoto humano ou embrião humano e liberar ou descartar OGM no
meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e
entidades de registro e fiscalização (BRASIL, 2005).

III.4 Biossegurança em Biotérios

A biossegurança em biotérios possui características particulares, inerentes as


atividades desenvolvidas neste tipo de organização, principalmente pelo contato direto com
animais de laboratório (MOLINARO et al., 2009; MAJEROWICZ, 2005). Os animais são
reservatórios naturais de várias zoonoses e podem abrigar ou serem suscetíveis a agentes
infecciosos capazes de causar doenças também nos seres humanos (riscos biológicos). Além
deste, outros riscos associados aos biotérios são os riscos químicos, físicos e ergonômicos
(MOLINARO et al., 2009).
Os riscos químicos estão relacionados ao uso rotineiro de produtos químicos para
higienização, desinfecção e esterilização de materiais e ambientes, e de substâncias tóxicas e
perigosas utilizadas na experimentação animal (MOLINARO et al., 2009).
Os riscos físicos envolvem arranhaduras e mordeduras para ambientes de criação, e
exposição ao ruído e ao calor para seções de higienização e esterilização (MOLINARO et al.,
2009).
35

Os riscos ergonômicos estão associados ao levantamento de materiais e cargas de


peso considerável e aos movimentos repetitivos na troca de gaiolas e de outras práticas no
manejo animal (MOLINARO et al., 2009).
Segundo a OMS (2005), os fatores que devem ser levados em conta durante a
utilização dos animais são: características do animal, como agressividade e tendência a morder
ou arranhar; seus endoparasitos e ectoparasitos naturais; as zoonoses a que estão suscetíveis;
e a possível disseminação de alérgenos.
Segundo Mezadri e colaboradores (2004), devido aos riscos a que estão sujeitas as
pessoas que trabalham com animais em função da diversidade dos ambientes de trabalho, das
espécies animais envolvidas e da gama de agentes físicos, químicos e biológicos com que têm
contato, não pode ser negligenciado o uso adequado de proteção individual e/ou coletiva.

III.4.1 Equipamentos de Proteção

Em função dos riscos oferecidos nas atividades desenvolvidas em biotérios, faz-se


necessária a aquisição e instalação de equipamentos de proteção individual (EPI) e
equipamentos de proteção coletiva (EPC).
Os equipamentos de proteção individual destinam-se a proteção de trabalhadores em
caso de exposição à agente de risco. Fazem-se indispensáveis até mesmo em biotério com
classe de risco 1 (SILVA, 2007). A tabela III.2 apresenta os principais EPI’s utilizados em
biotérios.
Tabela III.2: Principais EPI’s para Biotérios
Adaptado de Silva (2007)
Proteção EPI’S
Olhos e face Óculos de proteção e protetor contra respingos, gotículas e
aerossol de agente de risco químico e biológico, além de
proteger de partículas sólidas das camas dos animais.
Mãos Luvas, seleção de acordo com agente de risco envolvido.
Aparelho Respiratório Máscaras e respiradores em diversos tipos: tecido, fibra
sintética descartável, filtro. Os respiradores são providos de
diversos tipos de filtros para gases, partículas, pó e
aerossóis.
Corpo Uniformes de acordo com o NB, adequados a função
desempenhada no biotério, como uniformes da área de
higienização e uniformes da área de criação.
Outros Touca descartável, sapatilha descartável, avental
emborrachado ou cirúrgico, botas em PVC, protetor
auricular, dentre outros.

Os equipamentos de proteção coletiva são adquiridos para proteção de pessoas e


ambiente. A correta seleção, uso e manutenção do equipamento de segurança garantem ao
trabalhador a possibilidade de defesa contra os inúmeros riscos aos quais está envolvido no
36

seu dia-a-dia (SILVA, 2007). A tabelas III.3 apresenta alguns dos principais EPC’s encontrados
em biotérios.
Tabela III.3: Principais EPC’s para Biotérios
Adaptado de Silva (2007)
EPC Descrição
Cabine de segurança biológica O princípio fundamental é a proteção do operador, ambiente
e do experimento através de fluxo laminar de ar, filtrado por
filtro absoluto ou HEPA. Tipos: Classe I, II ou III.
Autoclave Promovem a esterilização de equipamentos, materiais e
insumos.
Isolador Flexível Equipamento com ar filtrado por filtro absoluto. Possui
luvas e air lock acoplados.
Capela Química Equipamento para manipulação de agentes químicos,
reduzindo perigo de inalação e contaminação do operador
e do ambiente.
Cabine de Troca de Animais É um modelo de CSB com área de acesso e trabalho
maiores adequados a dinâmica do trabalho.
Rack isolador Equipamentos que promovem o isolamento de animais,
onde cada compartimento do rack possui sistema de
ventilação e exaustão independente. Pode adotar pressão
positiva ou negativa.
Gaiolas de Animais Promovem a contenção parcial ou total de aerossóis.
Algumas possuem sistema de fechamento com filtros que
formam um microambiente no interior da caixa, protegendo
o animal, o laboratorista e o ambiente.
Chuveiro e Lava-olhos Equipamento para ser utilizado em caso de acidente para
lavagem de olhos e banho.
Porto de passagem Para transferência de materiais termo-sensíveis através de
esterilização química.
Sistemas de exaustão e ventilação Promovem a renovação do ar na sala de criação, reduzindo
a exposição a aerossóis.
Descontaminador por peróxido de Equipamento para a esterilização de equipamentos e
hidrogênio ambientes, sem a produção de resíduo tóxico.
37

IV- A Questão Ambiental

IV.1 A Evolução da Preocupação Ambiental

A relação homem-natureza, desde os tempos em que se tem conhecimento da espécie


humana, era de perfeita integração e equilíbrio, complementando-se e interagindo através da
cadeia trófica, onde cada componente dependia do ciclo de vida dos demais (BRANDALISE,
2001). Esta condição começou a ser alterada principalmente a partir da Revolução Industrial,
quando para o atendimento as necessidades humanas, era realizada a exploração dos
recursos naturais sem nenhum controle, acreditando que estes seriam inesgotáveis.
Segundo Pinto (2005), a natureza foi o primeiro objeto de admiração do homem devido
a curiosidade que gerava em torno de seus fenômenos. Contudo, conforme foram
compreendidos os processos naturais e com a utilização destes para benefício próprio, o
homem transfere sua admiração para a natureza humana. A partir de então, o homem
acreditava que poderia controlar e até criar a natureza.
O pensamento errôneo de que a natureza existe para servir o homem, e que este é
parte separada do meio ambiente, contribuiu para o estado de degradação do ambiente que
hoje conhecemos (SANTOS & SCHMIDT, 2007). Ao tratar o meio ambiente como uma fonte
inesgotável de recursos e um sorvedouro com capacidade infinita para recebimento de rejeitos
provocamos o desequilíbrio natural com conseqüências diretas no ambiente.
A percepção da sociedade com relação às questões ambientais tem passado por um
processo evolutivo. Para Egri & Pinfield (1998), a sociedade contemporânea tem apresentado
uma crescente inquietação com a qualidade, atual e emergente, do ambiente natural. Essa
inquietação teria surgido devido a fatores como o crescimento populacional e suas
conseqüências; o tipo de industrialização com altos níveis de desperdício, poluição e
esgotamento de recursos não renováveis; o número crescente de cidadãos de nações menos
desenvolvidas, por um estilo de vida mais urbano e materialista; além da perda da
biodiversidade e a transformação de biorregiões e ambientes naturais em locais hostis à
habitação humana.
O homem começa a entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e
a importância da reformulação de suas práticas ambientais (LAVORATO, 2003). Ante a
impossibilidade de deter o progresso, resta a alternativa de domá-lo, controlá-lo e adequá-lo à
sua inerente finalidade, que é o bem estar do ser humano. Preservar o meio ambiente passa a
ser uma necessidade universal para a preservação de nossa espécie (VALLE, 1995 apud
BRANDALISE, 2001).
Uma nova postura se fez necessária, e uma relação mais estreita foi estabelecida
imposta pelos limites dos sistemas (natural e econômico), começando aí o entendimento da
importância do meio ambiente nas questões empresariais (LAVORATO, 2003). Nesse cenário,
38

a política ambiental aproximou as relações entre os países que se voltaram para a mitigação
dos impactos ambientais e a economia mundial (SANTOS e SCHMIDT, 2007).
O “problema ambiental” é uma conseqüência de como a sociedade está estruturada.
Como múltiplas organizações perseguem seus interesses próprios, os pequenos espaços, os
interstícios da sociedade tornam-se um residual cada vez mais degradado (EGRI & PINFIELD,
1998). A evolução do tratamento das questões ambientais trouxe para as organizações o
desafio da sustentabilidade, o que apresenta uma mudança de paradigma nas relações das
empresas e da sociedade com a natureza.
De acordo com Barbieri (2006), as preocupações com o impacto ambiental ocorrem em
forma de ondas. A primeira ocorreu no início do século XX até 1972, prevalecendo um
tratamento pontual das questões ambientais e desvinculado de qualquer preocupação com os
processos de desenvolvimento. A segunda fase ocorre até 1992 e se caracteriza pela busca de
uma nova relação entre ambiente e desenvolvimento. A terceira fase iniciou a partir de 1992 e
é a responsável pelo estímulo à consciência ambiental.
Na década de 1960, com a publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson
em 1962 e com a fundação do Clube de Roma em 1968, os movimentos sociais pela
preservação do meio ambiente ganharam força, causando grande impacto sobre a opinião
pública (SILVA, 2009). Esta fundação divulgou um relatório denominado ‘Os Limites do
Crescimento’ onde demonstravam, através de estudos matemáticos, projeções de crescimento
populacional, poluição e esgotamento de recursos naturais da Terra. Este relatório serviu de
alerta para a necessidade de uma mudança de comportamento, além de ter contribuído para
atividades de regulamentação e controle ambiental.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em
Estocolmo no ano de 1972, colocou em pauta a relação entre meio ambiente e formas de
desenvolvimento. Através do Relatório Brundtland surge oficialmente a expressão
desenvolvimento sustentável, acompanhada do slogan ‘pensar globalmente e agir localmente’.
A década de 70 é considerada a fase da regulamentação do controle ambiental (VALLE, 1995
apud BRANDALISE, 2001).
Na terceira fase houve um grande impulso com relação à consciência ambiental na
maioria dos países durante a década de 90 (ROSSATO et al., 2008). Um evento marcante
nesta fase foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
em 1992, no Rio de Janeiro. Nesta foram produzidos importantes documentos, que
representam instrumentos de comprometimento internacional voltados para o desenvolvimento
sustentável, considerados marcos institucionais para o esforço conjunto de governos de todo o
mundo para ações que aliem desenvolvimento e meio ambiente (MALHEIROS et al., 2008).
A partir de então, as empresas buscaram integrar a função de controle ambiental as
suas funções gerenciais para que todo processo produtivo pudesse ser acompanhado,
39

buscando a prevenção de práticas poluidoras e impactantes ao meio ambiente (LA ROVERE


apud SOUSA, 2006). Segundo Corazza (2003), esta fase é caracterizada pela integração da
gestão ambiental em organizações industriais, onde se destacariam a introdução progressiva
de uma perspectiva de sustentabilidade; a proliferação dos engajamentos coletivos – como os
códigos de conduta, os convênios e os acordos voluntários; a maior interação entre as esferas
pública e privada – com a participação dessas organizações na formulação de objetivos e na
escolha de instrumentos de política ambiental; e o maior envolvimento da sociedade civil
organizada – como, por exemplo, por meio das Organizações Não-Governamentais. A Figura
IV.1 representa a evolução da questão ambiental nas empresas.

Figura IV.1 : Evolução da Questão Ambiental nas Empresas.


Fonte: La Rovere (2001) apud Sousa (2006)

O desafio das organizações de manter e aumentar a competitividade e ao mesmo


tempo atender as pressões dos stakeholders ficou bem mais complexo com a inclusão da
variável ambiental (LAVORATO, 2003). Organizações de todos os tipos estão cada vez mais
preocupadas com o atingimento e demonstração de um desempenho ambiental correto (ABNT
NBR ISO 14000: 1996). Assim, muitas empresas interessadas em atuar de forma
ambientalmente correta e conquistar o mercado ou uma boa imagem perante seus clientes e
sociedade, têm buscado a implementação de programas de gestão ambiental.

IV.2 Gestão Ambiental

A Gestão Ambiental pode ser entendida como diretrizes e atividades administrativas e


operacionais com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, reduzindo ou
eliminando os danos ou problemas causados pela ação do homem, ou ainda evitando que eles
surjam (BARBIERI, 2006). Ainda segundo a ABNT NBR ISO 14.001 (2004), a Gestão
Ambiental é parte de um sistema global de administração que provê ordenamento e
consistência para que as organizações abordem suas preocupações ambientais, através da
alocação de recursos, definição de responsabilidades e avaliação contínua de práticas,
procedimentos e processos, voltados para planejamento, implementação, verificação e analise
crítica pela alta administração para manter a política ambiental estabelecida pela empresa.
A gestão ambiental pode proporcionar diversos benefícios para a empresa, como a
melhoria da imagem institucional; renovação do mix de produtos; aumento da produtividade;
maior comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho; criatividade e
40

abertura para novos deságios; melhores relações com autoridades públicas, comunidade e
grupos ambientalistas; acesso aos mercados externos; e maior facilidade de cumprir padrões
ambientais mais rígidos (NORTH, 1997 apud SOUSA, 2006).
Todavia, o processo de absorção das questões ecológicas pela cultura de uma empresa
não é uma tarefa rotineira, pois se faz normalmente pela mudança de valores e crenças que
constituem a identidade de uma organização. Sousa (2006) acredita que o envolvimento das
empresas com as questões ambientais tende a aumentar na medida em que aumenta o
interesse da opinião pública sobre os problemas ambientais, bem como de grupos interessados
nesse tema: trabalhadores consumidores, investidores e ambientalistas.
Diante deste contexto, as organizações brasileiras têm buscado adotar a gestão
ambiental a fim de conquistar mercado, criar uma boa imagem na sociedade, cumprir normas
ambientais regulatórias, e também por uma questão de sobrevivência (SANTOS, 2007). O
modo mais adequado de demonstrar a capacidade da organização no cumprimento das
normas é com a implementação de um Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA).
Em um contexto onde o mercado consumidor exige cada vez mais que os produtos e
serviços sejam sustentáveis, o SGA adquire caráter estratégico dentro das organizações
(SILVA, 2009). Estes sistemas passaram a ser universalmente conhecidos com as séries das
normas da ISO 14000, as quais são uma forma de auto-regulamentação que disciplinam a
implantação e manutenção do SGA, com padronização e aceitação internacional (WIEMES,
1999).

IV.3 O Desenvolvimento Sustentável

No relatório “Nosso Futuro Comum”, desenvolvimento sustentável é definido como


“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988 apud SOUSA, 2006), contrariando a idéia de
desenvolvimento como sinônimo apenas de crescimento econômico.
O conceito de desenvolvimento sustentável apresenta cinco dimensões ou pilares
básicos (SACHS 1997, apud RIBEIRO et al., 2007):
a. Sustentabilidade Social: desenvolve um padrão estável de crescimento com
distribuição equitativa de renda, proporcionando melhoria nos direitos das grandes massas e
redução da diferença de padrão de vida entre ricos e pobres.
b. Sustentabilidade Econômica: Ocorre através da alocação e do manejo eficientes dos
recursos naturais.
c. Sustentabilidade Ambiental: Implica na expansão da capacidade do planeta mediante
a adoção de um nível mínimo de deterioração, sugerindo a redução de consumo de recursos
naturais e da produção de resíduos.
41

d. Sustentabilidade Geográfica ou Territorial: Relacionada à distribuição espacial dos


recursos, das populações e das atividades.
e. Sustentabilidade Política: a governança democrática é um valor fundador e um
instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferença
(RIBEIRO, 2007).

Figura IV.2 : Pilares do Desenvolvimento Sustentável


Fonte: Sousa (2006)

De acordo com Ribeiro e colaboradores (2007), ao longo dos anos, o termo foi
evoluindo com diversos focos e conceituações; no entanto, ainda se considera o
desenvolvimento sustentável uma idéia em formação e não um conceito plenamente
elaborado. Isto ocorre devido ao caráter dinâmico do conceito, já que a sociedade e o meio
ambiente sofrem mudanças contínuas, as tecnologias, culturas, valores e aspirações se
modificam constantemente.
A conscientização da sociedade sobre as questões ambientais trouxe para as empresas
a necessidade de desenvolver negócios sustentáveis. A sustentabilidade, portanto, passa a ser
fator fundamental da gestão inteligente, sendo algo fácil de ignorar ou assumir como inevitável,
num mundo em que o resultado financeiro é visto como a única medida de sucesso (CAPRA,
2005 apud ROSSATO, 2008).
Para as atividades econômicas serem consideradas sustentáveis elas devem: ser
baseadas em recursos naturais renováveis com otimização do uso; não gerarem resíduos
acima da capacidade do ambiente em “renaturalizá-los”; e promover melhor distribuição de
recursos, reduzindo a exploração ambiental de “ricos” para garantir o mínimo necessário aos
“pobres” (MANZINI & VEZZOLI, 2002 apud OMETTO, 2005).
42

V- Resíduos

V.1 Histórico

Resíduo pode ser considerado como toda matéria ou energia criada pelo homem e que
após utilizada não é absorvida pelo meio ambiente. É o resultado da atividade diária do homem
em sociedade, do aumento populacional que implica na expansão automática da
industrialização, e do consumismo que caracteriza as sociedades atuais, gerando
inevitavelmente consideráveis volumes de resíduos (SILVA, 2003).
A história do lixo pertence à própria história da civilização humana, pois o homem é o
único ser vivo que não consegue ter seus dejetos inteiramente reciclados pela natureza (SOTO
& ARICA, 2005). Na medida em que foi "civilizando-se", passou a produzir técnicas e artefatos
de forma a atender as suas necessidades e promover seu conforto. Com isso, a produção de
lixo conseqüentemente foi aumentando, mas ainda não havia se constituído em um problema
mundial.
Ao longo do tempo, a população humana também foi aumentando e a revolução
industrial possibilitou um salto na produção em série de bens de consumo, com isso a geração
e descarte de resíduos cresce expressivamente. Contudo, os frutos do progresso ofuscavam
qualquer preocupação com o Meio Ambiente. Somente a partir da segunda metade do século
XX este quadro começa a se alterar, quando o homem prova das conseqüências provocadas
pelos danos ambientais, como o aquecimento global da Terra.
Os resíduos sólidos são, atualmente, um dos maiores problemas de poluição ambiental,
provocando discussões e polêmicas sobre o método sanitário correto para sua disposição final
(BARROS et al., 2006). Segundo Fornaciari (2008), o meio ambiente deve estar entre as
preocupações das políticas governamentais, visto a ameaça que a degradação ambiental
representa à saúde e ao bem estar social.

V.2 Resíduos Sólidos

Depois de pouco mais de 20 anos tramitando no Congresso Nacional, foi instituída a


Política Nacional de Resíduos (PNRS) pela Lei Federal nº 12.305 de 2 de agosto de 2010,
regulamentada pelo Decreto Federal 7.404 de 23 de dezembro de 2010 (JUCON & FAVERIN,
2010). É resultado de um processo de grande discussão entre órgãos de governo, instituições
privadas, organizações não governamentais e sociedade civil (ECODESENVOLVIMENTO,
2010).
A partir de sua regulamentação, o país passa a ter um marco regulatório no que diz
respeito a questão dos resíduos sólidos. Segundo Pedro (2010), a PNRS faz mais do que
suprir a lacuna legislativa do assunto, ela altera o modelo de gerenciamento existente,
introduzindo conceitos como a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos
43

e a logística reversa, e impondo novas obrigações e formas de cooperação entre o poder


público e o setor privado.
A PNRS apresenta de início a distinção entre resíduo e rejeito, de forma a orientar e
diferenciar os procedimentos a serem adotados a cada um. São caracterizados como resíduos
sólidos:
“Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível.”(BRASIL, 2010a).

Rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de


tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis,
não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada
(BRASIL, 2010a).
A PNRS foi elaboradora à luz de princípios, como: a prevenção e precaução; poluidor-
pagador e protetor-recebedor; desenvolvimento sustentável; ecoeficiência; a visão sistêmica,
na gestão dos resíduos sólidos, considerando as variáveis ambiental, social, cultural,
econômica, tecnológica e de saúde pública; além da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos, dentre outros (BRASIL, 2010a).
São objetivos principais desta lei a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
o incentivo a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, respectivamente nesta ordem; o
estímulo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial sustentáveis; a
gestão integrada de resíduos sólidos; implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;
a intensificação de ações de educação ambiental; a conscientização quanto ao consumo
sustentável e; a inclusão social através de geração de emprego e renda para catadores
(BRASIL, 2010a).
Caracteriza como geradores de resíduos sólidos, pessoas físicas ou jurídicas, de direito
público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, inclusive
consumo, atribuindo responsabilidade também a cada cidadão. Isto demonstra a coerência na
questão da responsabilidade compartilhada dos produtos desde fabricantes, passando por
importadores, distribuidores, comerciantes, até o consumidor final (BRASIL, 2010a).
Os consumidores ficam obrigados, sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva
municipal ou quando instituídos sistemas de logística reversa, a acondicionar adequadamente
44

e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados e a disponibilizar adequadamente os


resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução (BRASIL, 2010a).
A logística reversa é apontada como um dos pontos chave desta Lei, possibilitando o
retorno dos resíduos aos seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados em novos
produtos. Segundo Rodrigues (2009), o retorno desses materiais além de poder minimizar os
custos com matérias-primas proporciona um acréscimo de valor no que tange à preservação
ambiental, pois reduz a extração de materiais naturais, geralmente esgotáveis, e permite a
redução do impacto causado pelo descarte inadequado de rejeitos.
A PNRS estabelece a obrigação da logística reversa para os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de determinados bens de consumo, como pilhas e baterias;
pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de
sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; agrotóxicos,
seus resíduos e embalagens e, produtos que após consumo sua embalagem constitua resíduo
perigoso (BRASIL, 2010a). Contudo, a lei não descarta a possibilidade de inclusão de novos
grupos. Inclusive, o Decreto 7.404/10 que a regulamenta, acrescenta à lista os produtos
comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e
embalagens, conforme o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente
(BRASIL, 2010b).

V.2.1 Classificação

Devido à abrangência da definição, os resíduos sólidos possuem algumas


classificações necessárias à destinação correta. Entretanto, as normas e resoluções existentes
os classificam em função dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde, e em função da
natureza e origem (BRASIL, 2006c).
A NBR 10004/2004 classifica os resíduos em função dos riscos potenciais ao meio
ambiente e a saúde pública conforme duas classes, perigosos e não perigosos. Este último é
subdividido em não inerte e inerte. A classificação baseia-se nas características dos resíduos,
se reconhecidos como perigosos, ou quanto à concentração de poluentes em suas matrizes
(FIRJAN, 2006).
Os resíduos perigosos são aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou infecto-
contagiosas podem acarretar em riscos à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente, quando
o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Dentre as características consideradas
perigosas estão: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade (ABNT
NBR ISO 10004: 2004; FIRJAN, 2006).
Os resíduos não perigosos inertes são qualquer resíduo que, quando amostrados de
uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico
e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR
45

10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores


aos padrões de potabilidade de água (ABNT NBR ISO 10004: 2004).
Os resíduos não perigosos e não inertes são aqueles que não se caracterizam como
perigosos, mas podem apresentar propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou
solubilidade em água (ABNT NBR ISO 10004: 2004; BRASIL, 2006c; FIRJAN, 2006).
A Política Nacional de Resíduos (PNRS) segue os mesmos grupos de classificação, ou
seja, quanto à periculosidade e origem. Quanto à periculosidade são classificados somente em
perigosos e não perigosos (BRASIL, 2010a). Onde se entendem como perigosos aqueles que,
em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,
patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou
norma técnica; e não perigosos àqueles não enquadrados na situação anterior (BRASIL,
2010a).
Com relação à origem e natureza, os resíduos sólidos são classificados em (BRASIL,
2010a):
• Domiciliar: originado de atividades domésticas em residências urbanas;
• Limpeza Urbana: originado da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e
outros serviços de limpeza urbana;
• Sólidos Urbanos: englobado em domiciliar e sólido urbano;
• Estabelecimentos Comerciais e Prestadores de Serviços: originado em
estabelecimentos comerciais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas,
bares, restaurantes, etc.
• Serviços Públicos de Saneamento Básico: os resíduos gerados nessa atividade,
exceto os resíduos sólidos urbanos.
• Industriais: gerados nos processos produtivos e instalações industriais
• Serviços de Saúde: originado nos serviços de saúde humana e animal.
• Construção Civil: gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de
obras de construção civil, incluídos o restante da preparação e escavação de terrenos
para obras civis.
• Agrossilvopastoris: gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos
os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; nas construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da
preparação e escavação de terrenos para obras civis;
• Serviços de Transporte: originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários,
rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.
• Mineração: gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de
minérios.
46

V.3 Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da RDC Nº306, define
como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana
ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios
analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem
atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina
legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e
pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços
de tatuagem, dentre outros similares (ANVISA, 2004).
Os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos sólidos
urbanos, não necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo
potencial de risco que representam à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2006c).
Além disto, o volume de resíduos dos serviços de saúde tem crescido 3% ao ano, num
fenômeno alimentado pelo crescimento do uso de descartáveis que sofreu ampliação de 5%
para 8% ao ano (PETRANOVICH, 1991 APUD NAIME et al., 2004).
Os estabelecimentos de resíduos de serviços de saúde são os responsáveis pelo
correto gerenciamento de todos os RSS por ele gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro
de suas competências, a gestão, regulamentação e fiscalização (BRASIL, 2006c).

V.3.1 Classificação

A RDC Nº 306 ANVISA e a Resolução Nº358 CONAMA (Conselho Nacional do Meio


Ambiente) classificam os RSS em cinco grupos, A, B, C, D e E. O quadro V.1 apresenta os
grupos de resíduos e suas características. A classificação dos resíduos facilita uma
segregação apropriada, reduz os riscos sanitários e gastos com seu manuseio gerando, com
isso, frações que exigirão medidas mais seguras e menos dispendiosas para o seu tratamento
(PILGER &SCHENATO, 2008).
Quadro V.1 – Grupos de Resíduos e suas Características
Fonte: ANVISA, 2004; CONAMA, 2005
Grupo Característica
A Biológico
B Químico
C Radioativo
D Comum (semelhante a domiciliares e recicláveis)
E Perfuro-cortantes e abrasivos

O grupo A é composto por resíduos com a possível presença de agentes biológicos


que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de
47

infecção. Este grupo se subdivide em A1, A2, A3, A4 e A5, conforme apresentado no Quadro
V.2
Quadro V.2: Classes de Resíduos do Grupo A
Fonte: ANVISA, 2004
Classe Resíduos

Culturas e estoques de microrganismos resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os


hemoderivados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou
mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
Resíduos resultantes de atividades de vacinação com microorganismos vivos ou atenuados,
incluindo frascos de vacinas com expiração do prazo de validade, com conteúdo inutilizado,
vazios ou com restos do produto, agulhas e seringas.
Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de
A1 contaminação biológica por agentes Classe de Risco 4, microrganismos com relevância
epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne
epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.
Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou
por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta
incompleta; sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,
recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou
líquidos corpóreos na forma livre.
Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a
processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e
A2 os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância
epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-
patológico ou confirmação diagnóstica.
Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com
peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor
A3
que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo
paciente ou seus familiares.
Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados de área
contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros
similares; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e
secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter
agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de
disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne
epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com
suspeita de contaminação com príons; tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura
A4
ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo; recipientes e materiais
resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos
corpóreos na forma livre; peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de
procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica;
carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como
suas forrações; cadáveres de animais provenientes de serviços de assistência; Bolsas
transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais
A5 materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons.
48

O grupo B é composto por resíduos contendo substâncias químicas que podem


apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, conforme suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Como exemplo, temos resíduos de
saneantes, desinfetantes, efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises
clínicas, produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos;
imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados ou
apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados (ANVISA,
2004).
Os resíduos do Grupo C são materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados
nas Normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEM (ANVISA, 2004).
Os resíduos do Grupo D são aqueles que não apresentam risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
Como por exemplo: papel de uso sanitário, sobras de alimentos, resíduos provenientes das
áreas administrativas, - resíduos de varrição (ANVISA, 2004).
Os resíduos do Grupo E são os materiais perfurocortantes ou escarificantes, como
agulhas, escalpes, lâminas de bisturi, lâminas de barbear, ampolas de vidro, tubos capilares,
micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no
laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares (ANVISA,
2004).

V.3.2 Riscos Associados aos RSS

A avaliação dos riscos associados aos resíduos de serviço de saúde tem gerado
grandes debates no meio científico. Enquanto alguns autores argumentam que estes não
constituem risco infeccioso para a comunidade e o meio ambiente (ZANON, 1990 e RUTALA &
MAYHALL, 1992 apud GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004; DOUCET & MAINKA, 1988 e
ZANON, 1991 apud ZAMONER, 2008), outros autores são favoráveis ao tratamento
diferenciado por discordarem da ausência de risco (SAITO, 1983, WHO, 1985, BERTUSSI,
1988, MOTTA, 1988, CLARK, 1989, MCKELVEY, 1991, MOREL, 1992 apud ZAMONER,
2008).
De acordo com o primeiro grupo, não há evidências científicas que comprovem a
existência de nexo causal entre o contato com resíduo e a aquisição de doenças (GARCIA &
ZANETTI-RAMOS, 2004). Ainda segundo estes, os resíduos domiciliares teriam mais
microrganismos com potencial patogênico para humanos do que os resíduos de serviços de
saúde (GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004).
Cussiol (2000) menciona a existência de publicações nacionais e internacionais, em que
pesquisadores demonstraram não haver comprovação de que os RSS apresentem maior
periculosidade, ou que sejam mais contaminados que resíduos domiciliares, não justificando a
49

exigência e nem necessidade de coleta segregada ou disposição final em aterro de forma


especial, exceto para perfurocortantes (ZANON, 1990; ZANON, 1991; ZANON & EIGENHEER,
1991; RUTALA & MAYHALL, 1992; FERREIRA, 1997; ANDRADE, 1999).
A exploração da visão de periculosidade infecciosa dos RSS buscaria prevenção a um
risco inexistente, beneficiando o que chamam de “indústria do lixo” e trazendo despesas
desnecessárias às instituições de saúde (ZANON, 1990 apud GARCIA & ZANETTI-RAMOS,
2004). A probabilidade do risco de transmissão ambiental pelos resíduos infectantes é
considerada remota na maioria dos casos, desde que sejam tomadas precauções básicas e
cumpridas as normas de segurança de cada processo (RIBEIRO, 1998 apud CUSSIOL, 2000).
De outro lado encontramos autores favoráveis ao tratamento diferenciado dos RSS por
considerarem que esses resíduos apresentam risco para a saúde do trabalhador, para a saúde
pública e para o meio ambiente (GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004). Segundo ANVISA, o
manejo inadequado dos RSS pode levar a situações de risco ambiental que ultrapassam os
limites do estabelecimento de saúde, podendo gerar doenças e perdas da qualidade de vida à
população que, direta ou indiretamente, venha a entrar em contato com os mesmos (BRASIL,
2006c).
O resultado de dois anos de pesquisa feito pelo Environmental Protection Agency (EPA)
dos Estados Unidos, através do Medical Waste Tracking Act, revelou que o potencial destes
resíduos causarem danos é maior no local de sua geração, perdendo sua força após esse
ponto (FORNACIARI, 2008), daí a importância da segregação no momento de geração do
resíduo. Diferentes microrganismos patogênicos estariam presentes nestes resíduos com
capacidade de persistência ambiental, indicando o potencial de risco dos mesmos (ZAMONER,
2008; MACHADO et al., 1993 apud NAIME et al., 2004).
Diferentemente dos resíduos domiciliares comuns, os de serviços de saúde podem
apresentar grande quantidade de substâncias químicas como desinfetantes, antibióticos e
outros medicamentos decorrendo daí também o risco químico além do biológico. Além disso, a
disposição conjunta dos resíduos contendo microrganismos e substâncias químicas podem
provocar um aumento das populações bacterianas resistentes a certos antibióticos, detectadas
no esgoto de hospitais (KÜMMERER, 2003 apud GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004).
Tendo em vista a precariedade do tratamento e disposição final dos RSS em nosso
país, onde apenas pequena parte é depositada em aterros sanitários controlados, não se pode
desprezar a contaminação ambiental provocada por esses resíduos (GARCIA & ZANETTI-
RAMOS, 2004). Além disto, o tratamento de resíduos contendo material biológico de pacientes
acometidos por doenças novas ou emergentes é de fundamental importância para a contenção
da propagação dessas doenças (LUNA, 2002 apud GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004).
São questões primordiais para o equacionamento dos resíduos, o reconhecimento da
responsabilidade por parte dos atores envolvidos em cada etapa do processo, a redação de
50

procedimentos adequados para cada tipo de resíduo e a formulação do Plano de


Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) (ALMEIDA, 2003 apud
FORNACIARI, 2008).
A questão do gerenciamento destes resíduos permeia por outras questões além da
transmissão de doenças infecciosas. A RDC Nº306 ANVISA, que regulamenta esta atividade,
apresenta como intenção a preservação da saúde pública e da qualidade do meio ambiente e a
redução do volume de resíduos perigosos e a incidência de acidentes ocupacionais dentre
outros benefícios à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2010a).

V.4 Gerenciamento de Resíduos

O gerenciamento de RSS é formado por procedimentos de gestão, os quais devem ser


planejados e implementados com bases cientificas e técnicas, normativas e legais, objetivando
de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um
encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a
preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2004).
O gerenciamento correto dos resíduos sólidos significa não só controlar e diminuir os
riscos, mas também alcançar a minimização de resíduos desde o ponto de origem, que se
elevaria também a quantidade e eficiência dos serviços que proporciona o estabelecimento de
saúde (IPT/CEMPRE, 2000 apud Almeida, 2003). A Figura V.1 apresenta o fluxograma de
ações de minimização de resíduos.

MINIMIZAÇÃO

REDUÇÃO NA RECICLAGEM
FONTE

SUBSTITUIÇÃO DE MUDANÇA DE
INSUMOS MATERIAIS
RECUPERAÇÃO REUSO

MUDANÇA DE MUDANÇA DE
PROCEDIMENTOS TECNOLOGIA

Figura V.1: Fluxo de ações para minimização de resíduos


Fonte: NAIME et al., 2004

Para o estabelecimento de um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos é


necessário identificar corretamente os resíduos gerados e seus efeitos potenciais no meio
ambiente, assegurando que todos os resíduos serão gerenciados de forma apropriada e
segura, desde a sua geração até a destinação final. A partir da classificação serão definidas as
51

etapas de coleta, armazenagem, transporte, manipulação e destinação final, de acordo com


cada tipo de resíduo gerado (FIRJAN, 2006).

V.4.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)

O PGRSS é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos


resíduos sólidos, observadas suas características, no âmbito dos estabelecimentos,
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e destinação final, bem como as ações de proteção à
saúde pública e ao meio ambiente (ANVISA, 2004).
A unidade geradora deve contemplar, além da responsabilidade já definida pela
implantação do PGRSS, outras medidas que envolvam todo o pessoal de modo a estabelecer
o envolvimento coletivo. O planejamento do Programa deve ser feito em conjunto com todos os
setores definindo-se as responsabilidades e obrigações de cada um. Devem ainda fazer parte
do Plano, ações para emergências e acidentes, de controle integrado de pragas e de controle
químico, compreendendo medidas preventivas e corretivas assim como de prevenção de
saúde ocupacional. Além disto, as operações de venda ou de doação dos resíduos destinados
à reciclagem ou compostagem devem ser registradas (ANVISA, 2004).
A elaboração de PGRSS deve ser realizada com base em critérios técnicos e
exigências legais referente ao meio ambiente, à saúde e à limpeza urbana, e às exigências de
órgãos regulamentadores. O gerenciamento destes resíduos inclui as seguintes etapas de
manejo: segregação; acondicionamento; identificação; transporte interno; armazenamento
temporário; tratamento, armazenamento externo; coleta e transporte externo; e destinação final
(ANVISA, 2004).

V.4.2 Segregação

Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo


com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos
(BRASIL, 2006c). A segregação em várias categorias é recomendada como meio de
assegurar que cada um receba apropriado e seguro manejo, tratamento e disposição final
(NAIME et al., 2004). A classificação adotada deve seguir as Resoluções RDC Nº306 ANVISA
e CONAMA Nº358, conforme apresentado no item V.3.1.
A implantação de uma prática adequada de separação dos resíduos na origem permite
destinar boa parte dos resíduos como lixo comum, reservando os manejos especiais somente
para aquela porção que realmente oferece risco (CUSSIOL, 2000). Com isto, permite reduzir o
volume de resíduos que necessitam de manejo diferenciado e conseqüentemente o custo de
descarte, além de garantir a proteção à saúde e ao meio ambiente.
O principal objetivo da segregação é criar uma cultura organizacional de segurança e
não desperdício, além de permitir que se adote o manuseio, embalagens, transporte e
52

tratamento mais adequados aos riscos oferecidos por um determinado tipo de resíduo
(RIBEIRO FILHO, 2000 apud FORNACIARI, 2008).

V.4.3 Acondicionamento

O acondicionamento consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou


recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura (ANVISA, 2004).
Tem a função de isolar os resíduos, de acordo com características, reduzindo os riscos de
contaminação. Com isso, mantém os resíduos agrupados, facilitando a identificação, o
armazenamento, o transporte e o tratamento (FORNACIARI, 2008).
A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração
diária de cada tipo de resíduo. A escolha do recipiente adequado irá depender basicamente
das características do resíduo, quantidades geradas, tipo de transporte a ser utilizado,
necessidade ou não de tratamento e forma de disposição a ser adotada (CUSSIOL, 2000).
Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de material
resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR 9191/2000 da ABNT,
respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou
reaproveitamento. Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos
de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa
rosqueada e vedante (ANVISA, 2004). Em geral, os RSS devem estar acondicionados
conforme Quadro V.3.
Quadro V.3 Acondicionamento de Resíduos por Grupo
Fonte: ANVISA, 2004; CONAMA, 2005
Tipo de Resíduo Acondicionamento
Biológico ou Infectante Lixeira com tampa e pedal, sinalizado com o símbolo internacional
de risco biológico (NBR 7500), forrado com saco plástico tipo II
regulamentado para resíduo infectante, conforme NBR 9190.
Saco branco leitoso para os grupos A1, A2 e A4 e saco vermelho
para os grupos A3 e A5.
Químico Recipiente estanque, devidamente rotulado quanto ao seu
conteúdo, estocado em local seguro para tratamento ou
destinação final posterior.
Rejeito Radioativo Recipiente de material rígido, forrado internamente com saco
plástico resistente e identificados, conforme estabelecido no Plano
de radioproteção aprovado pela CNEN.
Comum Recipiente forrado com saco plástico tipo I, regulamentado para
resíduo comum, conforme NBR 9190.
Perfurocortantes Recipiente rígido, inquebrável, reforçado, estanque e sinalizado
com o símbolo internacional de risco biológico.

V.4.4 Identificação

A identificação consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos


resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS
(ANVISA, 2004). Deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta
53

interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo, e nos locais de


armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos,
cores e frases, atendendo aos parâmetros referenciados na norma ABNT NBR 7.500 da ABNT,
além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e ao risco específico de
cada grupo de resíduos (ANVISA, 2004).
O Quadro V.4 apresenta os símbolos de identificação dos grupos de resíduos.

Quadro V.4: Símbolos de Identificação


Fonte: ANVISA, 2004
Grupo Símbolo

A: São identificados pelo


símbolo de substância
infectante.

B: São identificados através


do símbolo de risco
associado e com a
discriminação de substância
química e frase de risco.

C: São representados pelo


símbolo internacional de
presença de radiação
ionizante, acrescido da
expressão REJEITO
RADIOATIVO
D: Podem ser destinados a
reciclagem ou ao reuso. Em
caso de reciclagem, deve ser
adotada identificação
utilizando o código de cores
e suas correspondentes
nomeações
E: São identificados pelo
símbolo de substância
infectante, acrescidos da
inscrição RESÍDUO
PERFUROCORTANTE.
RESÍDUO PERFUROCORTANTE

V.4.5 Transporte Interno

Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao
armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para
a coleta. Deve ser realizado com roteiro e horários definidos, evitando horários de distribuição
de materiais e insumos ou maior circulação de pessoas. A coleta deve ser feita
54

separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes específicos a cada grupo


de resíduos (ANVISA, 2004).
Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável,
impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas
arredondados, e serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles
contidos, de acordo com este Regulamento Técnico (ANVISA, 2004).

V.4.6 Armazenamento Temporário

Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados,


em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e
otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para
coleta externa. Poderá ser dispensado nos casos em que a distância entre o ponto de geração
e o armazenamento externo justifiquem (ANVISA, 2004).
Deve ter superfícies lisas e laváveis, piso resistente ao tráfego dos recipientes coletores,
ponto de iluminação artificial e área suficiente para armazenar, no mínimo, dois recipientes
coletores. Quando for exclusiva para este fim deve possuir a identificação “SALA DE
RESÍDUOS”, caso contrário, pode ser compartilhada com sala de utilidades de 2m 2, pelo
menos (ANVISA, 2004).
Após a disposição dos sacos de resíduos dentro dos recipientes coletores ali
estacionados, não será permitida sua retirada. Além disto, o armazenamento de resíduos
químicos deve atender à NBR 12235 da ABNT (ANVISA, 2004).

V.4.7 Tratamento

Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características


dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de
acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente (ANVISA, 2004). Existem diversas
técnicas de tratamento de resíduos por meio de desinfecção química ou térmica, dentre as
principais destacam-se a incineração e a autoclavação.
O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro
estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de segurança para o transporte entre
o estabelecimento gerador e o local do tratamento (ANVISA, 2004).

V.4.8 Armazenamento Externo

Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta


externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores (ANVISA,
2004).
O local do armazenamento externo é denominado abrigo de resíduos. Este deve ser
dimensionado de acordo com o volume de resíduos gerados; estar disposto em ambiente
exclusivo; ser construído em alvenaria revestida de material liso, impermeável, lavável e de
55

fácil higienização, com aberturas para ventilação cobertas por tela de proteção contra vetores,
provido de pontos de iluminação, água, tomada elétrica, escoamento para esgoto vedado por
ralos sifonados e local para higienização dos contenedores. É importante que o abrigo possua
identificação na porta com o símbolo conforme o tipo de resíduo armazenado (ANVISA, 2004).
O abrigo de resíduos químicos, além das características descritas acima, deve prever a
blindagem dos pontos internos de energia elétrica, quando houver armazenamento de
inflamáveis; e ter dispositivo para evitar a incidência direta de luz solar. Como medida de
segurança, deve ainda possuir extintores de CO2 e PQS (pó químico seco); ter kit de
emergência para o caso de derramamento ou vazamento; armazenar produtos corrosivos e
inflamáveis próximos ao piso; organizar o armazenamento de acordo com critérios de
compatibilidade, não armazenar resíduos sem identificação; manter o registro dos recebidos e
permitir o acesso somente de pessoas autorizadas (ANVISA, 2004).

V.4.9 Coleta e Transporte Externo

Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a


unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação
das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do
meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana
(ANVISA, 2004). Devem ser realizados de acordo com as normas NBR 12.810 e NBR 14652
da ABNT.
O transporte externo dos RSS pode ser realizado em diferentes tipos de veículos, em
sistema de baixa ou nenhuma compactação, conforme classificação do resíduo, a fim de evitar
que os sacos se rompam. Este transporte deve ser realizado por empresa devidamente
licenciada (ANVISA, 2004).

V.4.10 Destinação Final

Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los,


obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de
acordo com a Resolução CONAMA nº 237/97 (ANVISA, 2004). As formas de disposição final
dos RSS atualmente utilizadas são: aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos classe I
(resíduos perigosos), aterro controlado, lixão ou vazadouros e valas (BRASIL, 2006c).
Aterro sanitário é um processo utilizado para disposição de resíduos sólidos no solo de
forma segura e controlada, sem causar danos à saúde pública, minimizando os impactos
ambientais através de princípios de engenharia (CUSSIOL, 2000 e BRASIL, 2006c). Consiste
na compactação dos resíduos em camada sobre o solo devidamente impermeabilizado e no
controle dos efluentes líquidos e emissões gasosas (BRASIL, 2006c). Diariamente é feita a
cobertura com camada de solo para evitar o surgimento e proliferação de vetores.
56

No aterro de resíduos perigosos classe I, é utilizado uma técnica de confinamento para


disposição final de resíduos químicos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública,
minimizando impactos ambientais através de procedimentos de engenharia (BRASIL, 2006c).
Lixão ou vazadouro é um método inadequado de disposição de resíduos sólidos, onde é
realizada a simples descarga diretamente sobre o solo, sem adoção de medidas de proteção
ao meio ambiente e a saúde pública. O aterro controlado é muito semelhante ao lixão, exceto
pela adoção do recobrimento diário de camada com material inerte (CUNHA, 2010).
O Quadro V.5 apresenta o tratamento e destinação final adequados a cada grupo de
resíduo.
Quadro V.5 Tratamento e Destinação Adequados por Classe de Resíduo
Fonte: ANVISA, 2004; CONAMA, 2005
Classe Tratamento e Destinação
Devem ser submetidos a processos de tratamento em equipamento que promova redução
A1 de carga microbiana compatível com nível III de inativação microbiana e devem ser
encaminhados para aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para
disposição final de resíduos dos serviços de saúde.
Devem ser submetidos a processos de tratamento em equipamento que promova redução
de carga microbiana compatível com nível III de inativação microbiana e devem ser
A2 encaminhados para aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para
disposição final de resíduos dos serviços de saúde, ou sepultamento em cemitério de
animais.
Quando não houver requisição pelo paciente ou familiares e/ou não tenham mais valor
científico ou legal, devem ser encaminhados para sepultamento em cemitério, desde que
A3 haja autorização do órgão competente do Município, do Estado ou do Distrito Federal; ou
tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado
para esse fim.
A4 Podem ser encaminhados sem tratamento prévio para local devidamente licenciado para a
disposição final de resíduos dos serviços de saúde.
São acondicionados em saco vermelho, sendo utilizados dois sacos como barreira de
A5 proteção e que devem ser substituídos após cada procedimento e identificados. Devem
sempre ser encaminhados a sistema de incineração, de acordo com o definido na RDC
ANVISA nº305/2002.
Aqueles sem características de periculosidade, não necessitam de tratamento prévio.
Aqueles com características de periculosidade, quando não forem submetidos a processo
B de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e
disposição final específi cos. Os resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser
dispostos em aterro de resíduos perigosos - Classe I. Os resíduos no estado líquido não
devem ser encaminhados para disposição final em aterros.
Aqueles que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção
especificados na norma CNEN-NE-6.02 são considerados rejeitos radioativos (Grupo C) e
devem obedecer às exigências definidas pela CNEN.
C Os rejeitos radioativos não podem ser considerados resíduos até que seja decorrido o
tempo de decaimento necessário ao atingimento do limite de eliminação. Quando atingido o
limite de eliminação, passam a ser considerados resíduos das categorias biológica, química
ou de resíduo comum, devendo seguir suas respectivas determinações.
Quando não forem passíveis de processo de reutilização, recuperação ou reciclagem
D devem ser encaminhados para aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos, devidamente
licenciado pelo órgão ambiental competente.
Devem ter tratamento específico de acordo com a contaminação química, biológica ou
radiológica. Devem ser apresentados para coleta acondicionados adequadamente.
E Aqueles que contenham contaminação radiológica seguem o procedimento de resíduos de
classe C. Aqueles que contenham medicamentos citostáticos ou antineoplásicos devem ser
tratados conforme resíduos de classe B. Aqueles com contaminação biológica devem ser
tratados conforme resíduos de classe A.
57

V.5 Regulamentação

Atualmente, dois instrumentos normativos principais são adotados como referência na


gestão de resíduos, a RDC nº 306 Anvisa de 07 de dezembro de 2004 que dispõe sobre o
Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, e a Resolução
nº 358 CONAMA, de 29 de abril de 2005, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final
dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.
Instituições de serviço de saúde com manipulação de organismos geneticamente
modificados e seus derivados deverão ainda submeter-se às exigências legais da Lei 11.105
de 24 de março de 2005, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização
sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a
liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e
seus derivados (BRASIL, 2005).
58

VI- Mapeamento e Modelagem de Processos

VI.1 Processos
Definições sobre processo são encontradas em diversos ramos da ciência e sempre
com significados semelhantes, embora sejam tratados em assuntos diferentes (KINTSCHNER
& FILHO, 2005). Processo é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe
valor e gera uma saída (output) para um cliente interno ou externo (Harrington 1991 apud OKI
et al., 2009). Na definição da NBR ISO 9000/2000, “Processo é um conjunto de atividades
inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos em produtos”.
Segundo Oliveira (2006), processo é o conjunto de ações ordenadas e integradas para
um fim produtivo específico, ao final do qual serão gerados produtos e/ou serviços e/ou
informações. De forma semelhante, processo é definido como um grupo de tarefas interligadas
e regidas por uma lógica, que utiliza recursos para gerar resultados pré-definidos de forma a
sustentar os objetivos da organização (HARRINGTON, 1993 apud TOSTA et al., 2009).
Os processos organizacionais são atividades coordenadas que envolvem: pessoas,
procedimentos, recursos e tecnologia (OLIVEIRA, 2006). Dispõe de inputs, outputs, tempo,
espaço, ordenação, objetivos e valores que, interligados logicamente, irão resultar em uma
estrutura para fornecer produtos ou serviços ao cliente (ALMEIDA & NETO, 2008). O
gerenciamento destes processos, com a finalidade de melhorá-los, requer uma avaliação
crítica das práticas da organização produtiva como um todo (TOSTA et al., 2009).
Toda organização desenvolve, no seu cotidiano, inúmeras atividades rotineiras, que
levam à produção dos mais variados resultados na forma de produtos e serviços. Tais
atividades, devido à sua natureza e à dos resultados gerados, podem ser enquadradas na
forma de processos organizacionais que, de forma integrada, trabalham no sentido de
promover a consecução dos objetivos principais da organização, diretamente relacionados à
sua missão (GESPÚBLICA, 2010).

Figura VI.1: Os Processos Organizacionais


Fonte: GesPública, 2010.
59

VI.1.1 Classificação

Os processos podem ser classificados em duas categorias: Finalísticos e de Apoio


(GESPÚBLICA, 2010).
Os procedimentos finalísticos são aqueles ligados à essência do funcionamento da
organização que caracterizam a atuação da organização e recebem apoio de outros processos
internos, gerando o produto/serviço para o cliente interno ou usuário (GESPÚBLICA, 2010).
Os processos de apoio estão diretamente relacionados à gestão dos recursos
necessários ao desenvolvimento de todos os processos da instituição. Geralmente, produzem
resultados imperceptíveis ao usuário, mas são essenciais para a gestão efetiva da
organização, garantindo o suporte adequado aos processos finalísticos (GESPÚBLICA, 2010).
Processos podem ser ainda classificados por família, categoria e formas de visão
(GONÇALVES, 2000 apud OLIVEIRA, 2006). Na classificação de processos por família
identificamos na organização as seguintes famílias: administração geral, manufatura,
marketing, educacionais, desenvolvimento de tecnologia, financeiros, organizacionais, legais,
de aliança, comerciais, gerenciamento de linha de produto, e de suporte ao cliente
(GONÇALVES, 2000 apud OLIVEIRA, 2006).
Na classificação de processos como categorias são identificadas as seguintes
categorias: de negócios ou de clientes; organizacionais ou de integração; e gerenciais.
(GONÇALVES, 2000 apud OLIVEIRA, 2006). Outras classificações para processos referem-se
à forma como são vistos, como fluxos de material, fluxo de trabalho, série de etapas, atividades
coordenadas, ou mudanças de estada (GONÇALVES, 2000 apud OLIVEIRA, 2006).

VI.1.2 Hierarquia

Os processos apresentam estrutura organizacional através de hierarquia e nível de


detalhamento. A figura VI.2 apresenta os níveis de hierarquia.

Figura VI.2: Níveis de Processos


Fonte: Candido et al., 2008.
60

O entendimento sobre como os processos podem ser logicamente organizados e


fisicamente estruturados (hierarquia) contribui para a sua melhor compreensão facilitando,
conseqüentemente, a gestão da organização com foco nos processos (OLIVEIRA, 2006). A
tabela VI.1 classifica e organiza os níveis de processo.

Quadro VI.1 : Níveis de Processos


Fonte: Rados, 2000 apud Faria et al., 2006; Almeida, 2002 apud Faria et al., 2006; Candido et
al., 2008

NÍVEL DESCRIÇÃO

Macroprocesso Envolve normalmente mais de uma função na


organização, possuindo impacto significativo nas
demais atividades.
Processo Agrupamento dos subprocessos de assuntos comuns
dentro de um macroprocesso.
Subprocesso Os subprocessos recebem entradas e geram saídas
em um único departamento e podem ser divididos nas
diversas atividades que os compõem.
Atividades Procedimentos que ocorrem dentro do processo ou
subprocesso, geralmente desempenhadas por uma
pessoa ou departamento, para produzir um resultado
particular. Constituem seqüências operacionais
representadas em forma de fluxogramas. (ALMEIDA &
NETO, 2008)
Tarefa Parte específica do trabalho, ou melhor, o menor
microenfoque do processo, podendo ser um único
elemento e/ou um subconjunto de uma atividade.

VI.2 Gestão por Processos

Nas últimas décadas, as organizações têm mudado a forma de administração,


principalmente devido às mudanças no mercado globalizado e aos avanços tecnológicos nas
áreas de informação e comunicação (COSTA & POLITANO, 2008). A principal estratégia
tornou-se a busca pela evolução contínua do empreendimento, com ganhos obtidos através do
aumento de competitividade (FARIA et al., 2006).
Com exigências de mercado mais rigorosas, os administradores precisavam adaptar-se
rapidamente a estas mudanças, para isso fez-se necessário o desenvolvimento e aplicação de
novos métodos de administração. Uma nova maneira de associar o processo de qualidade com
o gerenciamento, denominada “Gestão por Processos”, demonstra a importância do foco nos
processos da cadeia de valor das organizações e na melhoria do desempenho, segundo
exigências do atual contexto empresarial (FARIA et al., 2006).
A Gestão por Processos é um “Modelo de Gestão Organizacional” orientado para gerir a
Organização com foco nos processos. A organização, como sistema que é, interage com as
diferentes partes interessadas nos processos de negócio (OLIVEIRA, 2006).
61

A compreensão dos processos de negócios é extremamente importante para os


resultados da empresa. A tarefa central na gestão de processos de negócios é criar um
alinhamento entre Entradas (informação e recursos), Saídas, Estrutura e Objetivos, o que pode
melhorar o desempenho total de todos os processos em termos qualitativos e quantitativos
(MUEHLEN, 2005 apud COSTA & POLITANO, 2008).
Segundo OLIVEIRA (2006), são motivos para adotar a Gestão por Processo:
a) É um instrumento eficaz na busca da satisfação dos clientes e do aperfeiçoamento
contínuo do Sistema de Gestão da Qualidade;
b) Ajuda e facilita o planejamento, a organização, a liderança e o controle de tudo o que é
na organização;
c) Facilita a comunicação e o trabalho em todos os setores da organização.

Formas inovadoras de melhorias nos processos de negócios são agora reconhecidas


como o caminho para se conseguir agilidade e vantagem competitiva (SMITH & FINGAR, 2003
apud COSTA & POLITANO, 2008). Identificar e mapear os processos internos é uma atitude
que permite que a empresa se torne mais competitiva, otimizando o tempo e alcançando
melhores resultados (SANTOS, 2007).

VI.3 Mapeamento e Modelagem

Os conceitos de mapeamento e modelagem de processos apresentam algumas


interpretações, sendo para alguns, atividades distintas e complementares e, ainda para outros,
a mesma atividade.
Para Almeida & Neto (2008), mapeamento e modelagem de processos são etapas
diferentes do trabalho, onde o mapeamento refere-se à observação da sucessão de atividades
executadas e inter-relacionadas, e a modelagem consiste no redesenho dos processos, com a
finalidade de colocar o processo mapeado em um molde ideal, atingindo dessa forma os
resultados esperados.
De acordo com Costa & Politano (2008), a principal distinção entre mapeamento e
modelagem é que, enquanto o mapeamento refere-se a processos já existentes e não
documentados, a modelagem serve ainda para o projeto de processos. Ainda segundo estes,
os dois conceitos tratam-se de abstrações da realidade ou representações, podendo ambos ser
citados na literatura como modelos.
O mapeamento de processos é um mecanismo que retrata a situação real da cadeia de
atividades, permitindo descrever uma visão futura dos processos de negócios a partir de uma
análise detalhada do esquema atual de produção, possibilitando melhorias (ERNEST &
YOUNG, 1997 apud TOSTA et al., 2009). Para Costa & Politano (2008), entretanto, o
mapeamento consiste basicamente na captura dos fluxos de informações, materiais e trabalho
62

ao longo dos processos, e registrá-los de forma que possam ser entendidos por outras pessoas
interessadas em seu conhecimento.
A Modelagem de Processos é um conjunto de atividades que deve ser seguido para a
criação de modelos com o objetivo de representação, comunicação, análise, projeto, tomada
de decisão, ou controle (VERNADAT, 1996 apud COSTA & POLITANO, 2008).
Os principais benefícios da modelagem são (VERNADAT, 1996 apud SANTOS, 2007):
• A capacidade de construir uma cultura e o compartilhamento de uma visão comum para
ser comunicada através da organização, por meio de uma mesma linguagem dos
modelos utilizados;
• A capacidade para usar e explicitar o conhecimento e experiência sobre a organização
para construir uma memória da organização, o que reforça a noção da relação tarefa
com o aprendizado organizacional, em especial com o registro de informações sobre os
processos, que se transforma em um ativo da organização;
• E a capacidade de suportar a tomada de decisão considerando a melhoria e controle
organizacional, ou seja, a modelagem é entendida como instrumento de apoio à gestão
da organização.

VI.3.1 Elementos da Modelagem

São elementos da modelagem: ferramentas tecnológicas; técnicas; métodos; modelos;


e metodologias (OLIVEIRA, 2006).
As ferramentas metodológicas referem-se aos softwares de apoio da gestão por
processos disponíveis no mercado de tecnologia da informação (OLIVEIRA, 2006). Estas são
usadas para mapear processos de negócio criando modelos que retratam a atividade produtiva
da empresa ou órgão estudado. Em versões mais sofisticadas, conseguem reproduzir o
comportamento do negócio, seus processos e suas atividades, propiciando ações de análise e
simulação (NETO, 2006).
Servem para automatizar as ações da gestão de processos compreendendo
modelagem, análise, simulação, manutenção e disseminação da estrutura do negócio (NETO,
2006). Estão disponíveis no mercado mais de 300 softwares, começando com os softwares
livres até os mais caros, podendo ser descritos: MS Visio, Smart Draw, Process Maker e
Bonaparte (BPMG, 2005 apud OLIVEIRA, 2006). Neto (2006) acrescenta ainda Diagram
Designer; Diagram-Studio; RFFlow; Workdraw; QVIS e IGrafx.
As ferramentas podem ser classificadas em (NETO, 2006):
• Modelagem (diagramação);
• BPM (gestão de processos) – em todos os seus níveis, com modelagem,
documentação, análise, simulação e demais recursos de gestão de processos.
63

As ferramentas de modelagem permitem o mapeamento (construção de modelos), mas


não disponibilizam meios de registro de informações de forma estruturada visando à sua
caracterização (NETO, 2006).
As ferramentas de BPMN dão suporte à gestão dos processos, em qualquer nível com
modelagem dos processos de negócios; detalhamento formal dos processos com base em
suas características essenciais (custos, entradas, recursos, saídas); análise dos processos;
simulações e outros recursos adicionais (NETO, 2006).
A figura VI.3 apresenta uma tipologia de ferramentas informáticas de modelagem de
processos (CAULLIRAUX & CAMEIRA, 2000 apud SANTOS, 2007). Segundo os autores, o
primeiro grupo tem como objetivo o auxílio somente gráfico e não tem referenciais
metodológicos nem são suportadas por banco de dados. Cumprem o objetivo de representação
da realidade, mas não contribuem para sua análise.

Ferramentas de
Modelagem

Gráficas Base de Dados


(Power Point, Visio, etc) (Aris, Designer, etc)

Com Referenciais Sem Referenciais


Metodológicos Metodológicos

Figura VI.3 : Tipologia de Ferramentas de Informática para Auxílio a Modelagem


Fonte: CAULLIRAUX & CAMEIRA, 2000 apud SANTOS, 2007

As técnicas de modelagem referem-se ao conhecimento prático, às práticas ou ao


conjunto de métodos de Análise e Modelagem de Processos (AMOP) oferecidos pelas
ferramentas tecnológicas comercializadas pelos fornecedores destas ferramentas (OLIVEIRA,
2006). Existe também uma boa variedade de técnicas de análise e modelagem de processos.
São cerca de 20 técnicas, como por exemplo, IDEF0, SWIMLANE, UML, BPMN e ABC (BPMG,
2005 apud OLIVEIRA, 2006).
As técnicas são elementos fundamentais para a análise e compreensão dos processos
de uma organização. Segundo Santos (2007), são importantes também para criar agilidade e
promover na organização a capacidade de mudança rápida. O autor lembra ainda que a busca
na redução do tempo entre as deliberações estratégicas e a implantação efetiva de sistemas
de informação aos processos da organização tem sido uma constante.
64

Os métodos referem-se aos procedimentos ou à maneira escolhida para realizar as


atividades de AMOP (OLIVEIRA, 2006). Os principais métodos disponíveis de modelagem de
processos utilizados na década de 90 foram (PAIM, 2002 apud SANTOS, 2007):
• ARIS – Arquitetura de sistemas de informação integrados;
• IDEF – Métodos Integrados de Definição
• Petri Nets (Rede de Petri)

Os modelos são formas de representação da realidade, ou de fatos reais (figuras,


gráficos, desenhos e protótipos). No ambiente de processos, modelos são diagramas
representativos do funcionamento da organização como um todo, envolvendo seus processos
produtivos e outros (OLIVEIRA, 2006). Os modelos gerados podem ser de vários tipos, como:
organogramas, scripts de processos, UML, mapa de processos (modelo SIPOC, diagrama de
bloco, fluxogramas, planilhas e formulários), além de outros (OLIVEIRA, 2006).
As metodologias referem-se aos passos ou às etapas e aos critérios (conjunto de
procedimentos) a serem seguidos, bem como à escolha das ferramentas, das técnicas e dos
modelos para a realização das atividades de AMOP, visando à perseguição de um padrão de
coerência na realização destas atividades (OLIVEIRA, 2006).

Tabela VI.1 : Resumo da Terminologia


Fonte: OLIVEIRA, 2006
Conceitos Referencia a
Ferramentas tecnológicas Softwares
Técnicas Práticas ou conjunto de métodos
Métodos Procedimentos
Modelos Formas de representação
Metodologias Passos ou etapas e os critérios
(conjunto de procedimentos)

Existem quatro enfoques principais que as técnicas de modelagem devem contemplar


para o desenvolvimento de possíveis melhorias (Barnes, 1982 apud SANTOS, 2007). São eles:
a eliminação do trabalho desnecessário, a combinação de operações ou elementos, a
modificação das seqüências das operações e a simplificação das operações essenciais.

VI.3.1.1 Fluxograma

O fluxograma é um gráfico que demonstra a seqüência operacional do desenvolvimento


de um processo, que caracteriza: o trabalho que está sendo realizado, o tempo necessário
para sua realização, a distância percorrida pelos documentos, quem está realizando o trabalho
e como ele flui entre os participantes deste processo (ALMEIDA & NETO, 2008).
Representam, graficamente e de forma detalhada, a seqüência lógica dos processos,
permitindo a representação de ações e desvios. São também conhecidos como flowcharts (em
65

inglês), foram introduzidas no final de 1940 e no início de 1950 e se tornaram populares nos
anos 70, utilizadas para modelagem de negócio (AMBER, 2004 apud OLIVEIRA, 2006). Sendo
usados naquela época para o desenho da lógica da programação (OLIVEIRA, 2006).
São vantagens Fluxograma (CURY, 2000 apud OLIVEIRA, 2006):
• Facilita a organização do raciocínio e das atividades e tarefas;
• Possibilita identificar pendências, relacionamentos, ponto de estrangulamento,
atividades que não agregam valor;
• Possibilita localizar elos e elementos desconexos ou perdidos;
• Possibilita controlar o processo;
• Possibilita pontos de verificação, decisão, revisão, registro, arquivamento, etc.

O Quadro VI.2 apresenta os principais símbolos utilizados pelos profissionais de


Processamento de Dados na elaboração de fluxogramas de processo.

Quadro VI.2 : Simbologia de Fluxogramas


Fonte: OLIVEIRA; 2006
Símbolo Usado para representar

Início e/ou fim de diagramas

ou Atividade, ação ou procedimento

ou Decisão, escolha, filtragem

Conectar blocos na mesma página


(usam-se números)

Conectar blocos em páginas diferentes


(usam-se letras)

ou Arquivamento ou armazenamento de material, registro


ou documento

Registro ou documento gerado ou usado na ação ou


no processo

Idem para um lote

Processo pré-definido

Armazenamento on-line

Armazenamento de dados

O fluxograma vertical é um modelo desenvolvido pelo Instituto Americano de


Padronização. Por isto, é também conhecido como fluxograma Padrão ANSI. O fluxograma
horizontal é também conhecido como Funcional ou Modelo Swimlane, um dos mais utilizados
atualmente (OLIVEIRA, 2006).
66

VII- Avaliação de Ciclo de Vida

VII.1 Conceito

A crescente conscientização quanto à importância da proteção ambiental e os possíveis


impactos associados aos produtos, tanto na sua fabricação quanto no consumo, têm
aumentado o interesse no desenvolvimento de métodos para melhor compreender e lidar com
aqueles impactos (ISO 14044:2009).
As organizações passaram a ter como objetivos estratégicos a preocupação em
oferecer produtos com o menor impacto ambiental possível e a melhoria contínua do
desempenho ambiental de seus processos (NUNES et al., 2010). Para tanto, buscam
ferramentas adequadas para avaliar seu desempenho ambiental, sendo a Avaliação de Ciclo
de Vida (ACV) uma das técnicas de gestão ambiental e pode não ser apropriada para todas as
situações (NBR ISO 14044:2009; OMETTO, 2005; NUNES et al., 2010).
Segundo NBR ISO 14040, a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para
avaliar aspectos ambientais e impactos potenciais ao longo da vida de um produto, desde a
aquisição da matéria-prima, passando por produção, uso e disposição. Consiste em uma
avaliação sistemática que permite quantificar os fluxos de energia e de materiais no ciclo de
vida do produto (SARAIVA, 2007).
Tem por meta estabelecer uma imagem estruturada dos sistemas de produção, o que
permite a visualização concreta e mensurável dos potenciais impactos resultantes de todos os
estágios do ciclo de vida do produto, processo ou sistema sobre as atividades humanas, do
meio ambiente e das reservas de recursos naturais (GUINÉ et al., 2002 apud SURGELAS,
2010).
A aplicação da ACV facilita a visualização da entrada de matérias-primas; do
processamento ou preparo das mesmas para o uso no processo; do próprio processo de
produção; da embalagem; da logística; e da gestão dos resíduos e subprodutos (BARRETO et
al., 2007).
Segundo Rodrigues e colaboradores (2009), o conceito de cadeia de suprimentos
acompanha a análise do ciclo de vida, já que esta deve considerar os aspectos de balanço de
massa e energia dos materiais constituintes de um produto desde a sua retirada da natureza
até seu destino final após a vida útil a que foi projetado. Com isto, faz-se necessária a
compreensão de como esses materiais percorrem os fluxos de suprimento.
A importância adquirida pela ACV nos contextos da Gestão Ambiental e da Prevenção
da Poluição fez com que a estrutura metodológica que a constitui acabasse por ser
padronizada pela ISO, respectivamente na família 14040 da série ISO 14000 (Rodrigues et al.,
2008).
A técnica de ACV era normatizada pelas normas ISO 14040, que tratava dos princípios
gerais e das diretrizes; ISO 14041, direcionada para as fases de definição do objetivo e escopo
67

e análise de inventário do ciclo de vida; ISO 14042 relativa à etapa de avaliação de impactos
ambientais; ISO 14043, voltada para a interpretação do ciclo de vida (SARAIVA 2007).
A partir de 2006, as normas de ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042 e ISO 14043 foram
compiladas nas normas ISO 14040 (2006): Avaliação do Ciclo de Vida. Princípios e Estrutura e
14044 (2006): Avaliação do Ciclo de Vida. Requisitos e Orientações (NBR ISO 14040:2009).
Em 2009 a ABNT publica as versões destas normas em português.
A técnica de ACV possui diversas finalidades como o desenvolvimento de produtos e
seus processos de fabricação; no planejamento estratégico das organizações auxiliando na
tomada de decisões sobre os melhores insumos a serem utilizados; no desenvolvimento e
aplicação de políticas públicas; e como marketing, criando vantagens para a imagem da
empresa (RODRIGUES, 2009).
Os benefícios da ACV são muitos, como quantificar as descargas para o ar, água e solo
relativo a cada estágio do processo, avaliar os efeitos humanos e ecológicos do consumo de
materiais e liberação de resíduos nos níveis local, regional e mundial, além de verificar os
impactos na saúde humana, entre muitos outros (FERREIRA, 2004 apud SARAIVA, 2007).
Segundo Nunes e colaboradores (2009), a ACV trata de forma clara as questões ambientais,
auxiliando na redução dos resíduos poluentes e dos desperdícios de materiais e energia,
conservando os recursos naturais, além de aperfeiçoar a produção e torná-la mais limpa.

VII.2 Etapas de uma ACV

A avaliação de ciclo de vida apresenta quatro etapas de trabalho, como apresentado na


figura VII.1. São elas: Definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de
impacto e interpretação.

Figura VII.1– Etapas de uma ACV


Fonte: ISO 14040: 2009

Em alguns casos, o objetivo de uma ACV pode ser alcançado através da realização
apenas de uma análise de inventário e de uma interpretação. A norma 14044:2009 abrange
68

dois tipos de estudos: estudos de avaliação do ciclo de vida (ACV) e estudos de inventário do
ciclo de vida (ICV). Estudos de ICV são semelhantes aos estudos de ACV, mas excluem a fase
de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) (ABNT NBR ISO 14044:2009).
A etapa de definição de objetivo e escopo é a fase inicial do planejamento para
aplicação da ACV e que irá conduzir o estudo. Dentre os objetivos devem ser apresentados a
aplicação pretendida, as razões pelas quais o estudo está sendo conduzido, o público-alvo e a
intenção de se utilizar os resultados em afirmações comparativas a serem divulgadas
publicamente (ABNT NBR ISO 14044:2009). A definição do escopo compreende a descrição
de alguns fatores como o produto ou processo a ser estudado; a unidade funcional a ser
adotada para relacionar os dados de entrada e saída; as fronteiras do sistema; os tipos de
impacto e metodologia de avaliação de impacto; suposições e limitações do trabalho; área
geográfica e período de tempo cobertos; nível de detalhamento das informações necessárias e
metodologia de coleta de dados, dentre outros (ABNT NBR ISO 14044:2009).
A análise de inventário envolve a coleta de dados e procedimentos de cálculo para
quantificar as entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto, além de procedimentos
de alocação (ABNT NBR ISO 14040: 2009). Segundo Surgelas (2010), o propósito da fase de
análise do inventário é fazer o levantamento completo de todos os fluxos do processo, ou seja,
mapear todas as entradas e saídas do sistema, de forma a produzir uma visão geral dos
recursos utilizados.
As entradas, ou inputs, são as matérias-primas e energias usadas pela empresa em seu
processo de manufatura. As saídas, ou outputs, são as emissões, a saída de produtos semi-
acabados e de energia (SURGELAS, 2010). A figura VII.2 apresenta o fluxograma da análise
de inventário.

Figura VII.2 – Análise do Inventário Adaptado


Fonte: Lippiatt, 1998 apud Surgelas, 2010
69

A avaliação dos impactos ambientais é o momento de identificar os efeitos humanos e


ecológicos da utilização da água, energia, e materiais, classificando os dados do inventário de
acordo com os impactos ambientais já conhecidos (SARAIVA, 2007). O nível de detalhe, a
escolha dos impactos avaliados e as metodologias usadas dependem do objetivo e do escopo
do estudo.
Esta avaliação tem o objetivo de correlacionar os resultados do Inventário do Ciclo de
Vida com as categorias de impacto. Para cada categoria de impacto deve-se definir um
indicador de categoria, e realizar o cálculo desse indicador (SARAIVA, 2007). São exemplos de
categorias de impacto, a acidificação, eutrofização, ecotoxicidade, aquecimento global, dentre
outras.
O conjunto das categorias de impacto deve permitir uma avaliação abrangente dos
impactos relevantes, com um mínimo de sobreposição, e devem ser internacionalmente
aceitas, além de não apresentar número de categorias muito elevado (FERREIRA, 2004 apud
SARAIVA, 2007).
Por fim, a fase de interpretação do ciclo de vida de um estudo de ACV ou ICV inclui
elementos como: a identificação das questões significativas com base nos resultados das fases
de ICV e AICV; uma avaliação do estudo, considerando verificações de completeza,
sensibilidade e consistência; e conclusões, limitações e recomendações (ABNT NBR ISO
14044:2009). Na interpretação dos dados são levantados os resultados da análise de
inventário e da avaliação de impacto, relacionando o objetivo e escopo para chegar às
conclusões e recomendações (RODRIGUES et al., 2008).
Segundo Coltro (2007), o estudo de ACV é iterativo e, portanto, informações obtidas na
última fase podem afetar as fases anteriores que devem ser re-trabalhadas. Com isso, torna-se
comum o trabalho das várias fases paralelamente.
Em função da dificuldade de manipulação dos dados da ACV, vários métodos de
análise de impacto do ciclo de vida foram desenvolvidos, um destes é o Eco-indicador 99. O
método é muito usado por especialistas nesta área (SCHISCHKE, 2005 apud RODRIGUES et
al., 2008) e está relacionado com as condições ambientais européias, assim como os danos de
muitas categorias de impacto, salvo os que possuem características mundiais, como redução
da camada de ozônio, efeito estufa, entre outros (XAVIER, 2003 apud SARAIVA, 2007).

VII.3 Limitações

Segundo ABNT NBR ISO 14040:2009, a técnica de ACV apresenta como limitações:
- a natureza das escolhas e suposições feitas na ACV (por exemplo, estabelecimento das
fronteiras do sistema, seleção das fontes de dados e categorias de impacto) pode ser subjetiva;
- os modelos usados para análise de inventário ou para avaliar impactos ambientais são
limitados pelas suas suposições e podem não estar disponíveis para todos os impactos
potenciais ou aplicações;
70

- os resultados de estudos de ACV enfocando questões globais ou regionais podem não ser
apropriados para aplicações locais, isto é, as condições locais podem não ser adequadamente
representadas pelas condições globais ou regionais;
- a exatidão dos estudos de ACV pode ser limitada pela acessibilidade ou disponibilidade de
dados pertinentes, ou pela qualidade dos dados, por exemplo, falhas, tipos de dados,
agregação, média, especificidades locais;
- a falta de dimensões espaciais e temporais dos dados do inventário usados para avaliar o
impacto introduz incerteza nos resultados dos impactos. Esta incerteza varia de acordo com as
características espaciais e temporais de cada categoria de impacto.

VII.4 Ferramentas Computacionais de Apoio a ACV

Alguns softwares foram desenvolvidos para realizar a técnica de ACV devido a


complexidade envolvida na execução do estudo. Estes facilitam o gerenciamento dos dados
envolvidos no estudo, pois disponibilizam bancos de dados, o que minimiza o tempo com
relação à coleta dos mesmos, além de realizarem a avaliação de impacto e interpretação
(RODRIGUES et al., 2008).
Surgelas (2010) apresenta trinta e quatro softwares que foram desenvolvidos e
aplicados para a ACV, representados no Quadro VII.1.

Quadro VII.1 : Softwares de ACV


Fonte: Surgelas, 2010

Origem Software Origem Software


USA Advantage Canadá Athena
USA Bees Europa Boustead
USA Eco Sys Europa TEMIS
USA LCAD Alemanha Umberto
USA LIMS Alemanha Built-it
USA REPAQ Alemanha CUMPAN
Finlândia KCL-ECO Alemanha GABi
Holanda ECO-it Suíça ECONTROL
Holanda LCASys Suíça EcoPro
Holanda PIA Suíça EMIS
Holanda SimaPro Suíça Oeko-Base II
Holanda Sima Tool Suíça REGIS
Dinamarca EDIP Reino Unido Envest
Inglaterra Eco-Assessor Reino Unido PEMS
Suécia EPS Áustria LMS Eco-Inv. Tool
Suécia LCAit França TEAM TM
Suécia SPINE Japão JEMAI
71

VII.4.1 O Software Umberto®

O software Umberto® é um programa de administração ambiental que modela, calcula o


fluxo líquido de materiais e energia, e visualiza por meio de gráficos e ou tabelas, os estudos
de Avaliação do Ciclo de Vida (SURGELAS, 2010). É desenvolvido pelo IfU (Instituto de
Informática Ambiental) da Universidade de Hamburgo em cooperação com o IfEU (Instituto de
Pesquisa Ambiental e Enérgica) da Universidade de Heidelberg (NUNES et al., 2010).
O software permite uma análise de fluxo de materiais e energia, através de suas redes
de fluxo, tornando possível uma análise tanto de aspectos ambientais como de aspectos
financeiros de todas as atividades componentes do sistema (SARAIVA, 2007).
A modelagem dos processos é realizada por redes de Petri para as redes de fluxo de
materiais, que são formadas por lugares (places), transições (transitions) e setas (arrows)
(SARAIVA, 2007). Onde as transições são onde ocorre o processo; os lugares são os locais de
entrada e saída de materiais, armazenamento, e para conectar duas transições; e as setas são
responsáveis pela conexão entre lugares e transições.
A representação gráfica do software é apresentada na Figura VII.3

Figura VII.3 – Representação Gráfica do Umberto®

O processo de modelagem começa com o levantamento de todos os materiais e suas


quantidades, que devem ser cadastrados para utilização no sistema. Em seguida, é realizada a
modelagem de todos os fluxos dos processos produtivos do estudo e incluídos os materiais na
entrada e saída de cada transição.
Após o lançamento e configuração de todas as transições e seus materiais, dos fluxos
da rede, gera-se um balanço geral, apresentado em forma de planilha, para a realização de
comparações e análises (SARAIVA, 2007). Além disto, o software pode gerar gráficos à partir
dos resultados, e também analisar os resultados por produto, por material, levando-se em
consideração a distribuição de recursos e a análise de custos relacionada com esses produtos.
Um dos principais recursos do Umberto® é a habilidade para criar e comparar cenários
diferentes para investigar processos e alternativas de produtos, o que possibilita, por exemplo,
a identificação de processos de economia de recursos e energia (SURGELAS, 2010).
72

VIII- Centro de Criação de Animais de Laboratório

O estudo de caso foi realizado no Centro de Criação de Animais de Laboratório –


CECAL, Unidade Técnica de Apoio da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, uma importante
instituição brasileira de pesquisa vinculada ao Ministério da Saúde que tem por finalidade
desenvolver atividades no campo da saúde, da educação e do desenvolvimento científico e
tecnológico (BRASIL, 2003). Sua missão é definida por:
“Gerar, absorver e difundir conhecimentos científicos e
tecnológicos em saúde pelo desenvolvimento integrado em
atividade de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, ensino,
produção de bens e insumos, de prestação de serviços de
referência e assistência, informação e comunicação em C&T em
Saúde, com a finalidade de atender as demandas do Ministério da
Saúde, através do apoio estratégico ao Sistema Único de Saúde
(SUS) e a melhoria da qualidade de vida da sociedade como um
todo.” (3º CONGRESSO INTERNO, 1993 apud FIOCRUZ, 2010a).

Em 2004, sua missão foi ampliada, sendo autorizado também a disponibilizar


medicamentos, atendendo ao Programa “Farmácia Popular do Brasil” (FIOCRUZ, 2010a). A
figura VIII.1 apresenta a organograma da FIOCRUZ, com destaque para o CECAL, a unidade
objeto deste estudo.

Figura VIII.1 Organograma da FIOCRUZ


Fonte: FIOCRUZ, 2010b
73

VIII.1 Apresentação da Unidade

O Centro de Criação de Animais de Laboratório – Cecal está localizado na Cidade do


Rio de Janeiro, no Campus da Fiocruz no bairro de Manguinhos. Tem como missão criar e
manter animais de laboratório para atender aos programas de pesquisa na Fiocruz,
prioritariamente, e de outras instituições (FIOCRUZ, 2009). É responsável por planejar,
coordenar, supervisionar e executar atividades relativas à criação, produção e controle de
qualidade de animais de laboratório em apoio às atividades finalísticas da FIOCRUZ;
capacitação de recursos humanos em suas áreas de competência para o sistema de saúde e
de ciência e tecnologia do País; desenvolvimento de pesquisas no campo da biotecnologia
aplicada a animais de laboratório; e assessoria técnica às instituições com atuação na área do
bioterismo (BRASIL, 2003).
A grande capacidade de produção de diversas espécies / linhagens animais e de sub-
produtos, tornam o Cecal um importante centro de produção e de prestação de serviços para
biotérios no país (CECAL, 2010). Esta Unidade desenvolve seu trabalho em consonância com
a Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) composta por pesquisadores da Fiocruz e
consultores externos. A Ceua garante a manipulação adequada desse reagente biológico
através do licenciamento de projetos baseados em protocolos compatíveis com o uso e o bem-
estar animal (FIOCRUZ, 2009). Além disto, a Unidade tem centrado esforços no aprimoramento
de técnicas de engenharia genética e biologia molecular para não só criar animais adequados
às finalidades de pesquisa como também colaborar na redução do uso tradicional dos mesmos
(FIOCRUZ, 2009).
Atualmente o Cecal dispõe de um sistema de controle de produção e fornecimento,
denominado Sicopa (Sistema Informatizado de Controle de Produção Animal). Esta é uma
ferramenta restrita aos usuários da Fundação, e que permite o gerenciamento de todos os
processos que envolvem a criação de animais e o fornecimento de derivados e insumos, além
de ser utilizada pelos clientes Fiocruz na solicitação de animais, derivados e insumos ao Cecal
(CECAL, 2010). Com isto, é possível o controle dos pedidos de animais em consonância com
as determinações da Ceua.

VIII.1.1 Histórico

O primeiro biotério da Fiocruz surgiu em 1904, quando Oswaldo Cruz idealizou o


primeiro biotério da Fundação Oswaldo Cruz devido à demanda da instituição para pesquisas
(CASTRO, 2008; CECAL, 2010). Em seguida, um segundo biotério foi construído para
alojamento somente de coelhos e cobaias. Em 1930, para desenvolvimento da vacina da febre
amarela, foi estabelecida a colônia de primatas (Macaca Mulatta) na Ilha do Pinheiro, na época
uma lha próxima à instituição (CASTRO, 2008). Estes animais eram criados em sistema
seminatural, com vida livre.
74

Com o crescimento das pesquisas, foram importadas matrizes de camundongos e ratos


para desenvolvimento de novas vacinas e estabelecimento de matrizes. Em 1936, foi instituído
o Biotério Central para abrigar todas as colônias de animais que se dispunha até o momento
(CASTRO, 2008). Contudo, foi necessária a construção de outra sede para atendimento à
demanda da Instituição, que só foi inaugurada em 1967. Neste prédio funcionava o então
Departamento de Biotérios, ocupando uma área superior a 4.000 m², onde passaram a serem
criados e mantidos camundongos, ratos, cobaias, coelhos, hamsters, ovinos e eqüinos
(CECAL, 2010).
Durante a década de 80, foram realizados estudos para a modernização das
instalações do então Departamento de Biotérios, de forma a atender às exigências de
qualidade para produção de animais no momento (CASTRO, 2008). A intenção era capacitar a
unidade a produzir animais convencionais controlados, que atenderiam à demanda dos
diversos programas e projetos da Fiocruz e de outras instituições científicas, além da expansão
das colônias de primatas não-humanos (CECAL, 2010).
A colônia de primatas foi então transferida para o campus Manguinhos, com alteração
do sistema de criação de seminatural para grupos haréns, em cativeiro (CECAL, 2010). Em
1986 foi estabelecida a colônia da linhagem Macaca Fasciculares através de projeto de
cooperação entre Brasil e Canadá. Em 1987, a unidade recebe animais do Centro Nacional de
Primatas em Belém para formação da colônia de Saimiri Sciureus e Saimiri Ustus (CASTRO,
2008).
Em 1998, o então Departamento de Biotérios torna-se uma Unidade Técnica de Apoio
da Fiocruz, passando a se chamar Centro de Criação de Animais de Laboratório – Cecal
(CECAL, 2010). Em 2000, esta unidade dá início a produção de animais SPF e em 2002, a
produção dos primeiros animais transgênicos (CASTRO, 2008).

VIII.1.2 Infraestrutura

A infra-estrutura do Cecal é representada por suas instalações, equipamentos,


funcionários e procedimentos padronizados, que são os responsáveis pelo cumprimento da
missão da Unidade. O quadro de funcionários é composto por cerca de 200 profissionais, com
formação em diversas áreas de conhecimento e distribuídos em cargos e setores distintos, em
áreas de gestão, produção animal, controle da qualidade e biotecnologia.
Possui como instalações um prédio principal, um pavilhão anexo e uma área externa,
conforme observado na figura VIII.2. O prédio principal possui cerca de 4200m 2 e abriga todos
os serviços administrativos, o laboratório de controle da qualidade, o laboratório de
biotecnologia, todo setor de produção de roedores e lagomorfos e equipe administrativa, além
de um alojamento de animais da primatologia e sua equipe administrativa.
No pavilhão anexo são criados e mantidos animais de médio e grande porte (ovinos,
caprinos e eqüinos), de status sanitário convencional, para o fornecimento de sangue e
75

hemoderivados. Possui uma área edificada de 250m2 e uma área livre de 800m2,
aproximadamente. Na área edificada são realizados os procedimentos de produção de
hemoderivados, além de atividades administrativas. Na área livre estão os piquetes dos
animais, com áreas de manutenção e boxes de alimentação.
A área externa possui cerca de 20.000m2 onde são mantidas as criações de primatas
não-humanos. As colônias de macacos Rhesus e Cynomolgus são alojadas em gaiolas
dispostas em ambiente aberto cercado por área verde. As colônias de micos-de-cheiro ocupam
um pavilhão e uma área anexa aberta em gaiolas modernas. A estes animais são adotados
procedimentos de bem-estar animal, a fim de reduzir o stress.

Prédio Principal

Pavilhão
Área Externa Anexo
Primatologia

Figura VIII.2 – Cecal


Fonte: Google Maps, 2011

Alguns materiais e equipamentos são indispensáveis para as atividades executadas em


um biotério, sendo responsáveis também pela qualidade dos produtos. Dentre alguns,
podemos destacar: gaiolas de animais, racks microisoladores, isoladores, cabines de
segurança biológica, capelas de exaustão, equipamentos de esterilização, máquinas lavadoras,
freezers e refrigeradores, equipamentos para análises clínicas, ração, maravalha, feno,
hortifrutigranjeiros, dentre outros.

VIII.1.3 Produtos

Os principais produtos disponibilizados para os clientes da Unidade são animais para


experimentação e hemoderivados animais. Além disto, são oferecidos os serviços de análises
clínicas de animais de laboratório e criopreservação e transgenia associados à ciência de
animais de laboratório, o que confere ao centro um papel estratégico na área do bioterismo a
nível nacional (CECAL, 2010).
O plantel de animais produzidos/mantidos é composto por camundongos, ratos,
hamsters, coelhos, cobaias, primatas não humanos, ovinos, caprinos e eqüinos. Destes,
somente ovinos, caprinos e eqüinos não estão disponíveis para fornecimento, somente seus
76

hemoderivados (CASTRO, 2008). No Anexo 3 encontram-se listadas todas as espécies e


linhagens de animais mantidos no Cecal.
Segundo dados do Sicopa, o Cecal forneceu quase trezentos e cinqüenta mil animais
somente nos anos de 2008 a 2010. A figura VIII.3 apresenta a evolução do fornecimento,
demonstrando a tendência em redução no número total de animais utilizados para
experimentação.

Figura VIII.3 – Fornecimento de Animais - Cecal


Fonte: Sicopa

Este fenômeno pode ser explicado devido à utilização de animais transgênicos, que
apesar de ter provocado o crescimento do número de linhagens de camundongos, foi um dos
fatores que contribuiu para esta redução. Isto porque os animais transgênicos são modelos
ideais, refinados e de melhor qualidade genética para determinados estudos, exigindo menor
repetibilidade dos experimentos e, portanto, um menor número de animais. Além disto, a
reforma e adequação em suas instalações permitiram ao Cecal a melhoria da qualidade
sanitária dos animais mantidos na Unidade.
O aumento no número de linhagens de camundongos é observado na figura VIII.4. Em
2003, o Cecal possuía 22 linhagens de camundongos, e dentre estas apenas 6 linhagens
geneticamente modificadas. Em 2009, alcançou a marca de 31 linhagens de camundongo
geneticamente modificadas, num total de 61 linhagens de camundongo.

Figura VIII.4 – Evolução de Linhagens de Camundongo


Fonte: Sicopa
77

Dentre os animais disponíveis para fornecimento, os camundongos representam em


torno de 90% dos pedidos, seguidos por cobaias, ratos, coelhos, hamsters, primatas e ovinos
(excepcionalmente). A tabela VIII.1 apresenta a percentagem da distribuição de pedidos de
animais ao longo dos anos de 2008, 2009 e 2010.

Tabela VIII.1 – Distribuição Percentual de Fornecimento Animal


Fonte: Sicopa
Espécie 2008 2009 2010
(%) (%) (%)
Camundongos 90,83 88,85 89,76
Cobaias 3,88 4,33 4,35
Ratos 2,34 3,69 2,58
Coelhos 2,31 2,32 2,46
Hamsters 0,59 0,75 0,82
Primatas 0,04 0,03 0,02
Ovinos 0,00 0,01 0,00

Os hemocomponentes e derivados são outro tipo de produto fornecido por este biotério
de criação. Neste caso, podem ser obtidos de alguns animais que são mantidos na unidade
para fornecimento de sangue, como os ovinos, caprinos e eqüinos; ou ainda de alguns animais
da criação, como coelhos e cobaias (CECAL, 2010). O quadro VIII.1 apresenta os
hemocomponentes e derivados animais produzidos.

Quadro VIII.1 – Relação de Hemoderivados Produzidos


Fonte: Sicopa
Animais Hemoderivados
Fornecedores Com anticoagulante Sem anticoagulante

Camundongo Sangue total citratado


Sangue total em EDTA
Sangue total em heparina Soro normal

Sangue total em Alsever


Plasma

Caprino Sangue total citratado

Cobaia Sangue total em EDTA Sangue desfibrinado

Coelho Sangue total em heparina Soro hiperimune

Eqüino Sangue total em Alsever Soro normal

Ovino Plasma

A produção anual de hemoderivados é superior a duzentos litros por ano, conforme


apresentado na figura VIII.5, que se refere ao volume de produção para os anos de 2008, 2009
e 2010. O hemoderivado fornecido em maior volume é proveniente dos ovinos, seguido de
hemoderivados de coelhos, caprinos, eqüinos e cobaias. O Cecal ainda possui capacidade de
78

produção de hemoderivados de animais de pequeno porte como camundongos, hamsters e


ratos, contudo, ainda não existe demanda institucional constante.

Figura VIII.5 - Produção de Hemoderivados (litros por ano)


Fonte: Sicopa

Na figura VIII.6 é possível perceber o aumento no consumo de hemoderivado de


coelho, aproximando-o a cada ano do volume consumido de hemoderivados de ovinos, que por
sua vez vem apresentando uma redução no fornecimento. O hemoderivado, dentre os
solicitados, com menor taxa de consumo durante este período é proveniente de cobaias, que
apesar disto apresentou tímido crescimento.

Figura VIII.6 - Produção de Hemoderivados (litro) por Animal


Fonte: Sicopa

VIII.1.4 A Estrutura Organizacional

A Figura VIII.7 apresenta uma representação simplificada da estrutura organizacional do


Cecal por meio de organograma.
79

Direção

Qualidade e
Gestão Criação Animal Desenvolvimento
Tecnológico

Gestão Criação de Roedores Biotecnologia


do Trabalho e Lagomorfos

Manutenção Hemocomponentes e Controle da


Derivados Animais Qualidade Animal

Administração Criação de Primatas Qualidade


Não-Humanos

Figura VIII.7 Organograma simplificado do Cecal


Fonte: Autora

A Diretoria é responsável pelo cumprimento da missão da Unidade. Imediatamente


subordinadas a Diretoria estão as áreas de Gestão, Criação Animal e Qualidade e
Desenvolvimento Tecnológico. Atualmente, o Cecal possui cinco serviços finalísticos: Criação
de Roedores e Lagomorfos, Hemocomponentes e Derivados Animais, Criação de Primatas
Não-Humanos, Biotecnologia e Desenvolvimento Animal, e Controle da Qualidade Animal
(CECAL, 2010).

VIII.1.4.1 Criação Animal

A área de Criação Animal tem por finalidade coordenar as atividades relacionadas a


produção de Roedores e Lagomorfos, de Primatas não Humanos e de Hemocomponentes e
Derivados Animal, com o objetivo de garantir a criação e o fornecimento de animais e
hemoderivados necessários aos projetos de pesquisa (CECAL, 2009).

Criação de Roedores e Lagomorfos


A criação de roedores e lagomorfos é responsável por criar, manter e fornecer animais
genética e sanitariamente definidos (CECAL, 2009). Neste setor é produzida grande parte das
espécies animais disponíveis pelo biotério. São elas: camundongos, hamsters, ratos, cobaias e
coelhos.
A produção de animais é realizada de forma programada, para atendimento da
demanda dentro da previsão. Estes animais são mantidos em sistema fechado, sob barreiras
sanitárias e em condições ambientais controladas (CASTRO, 2008).
80

Hemocomponentes e Derivados Animais


Tem como missão criar e manter animais de médio e grande porte, além de coletar e
fornecer hemocomponentes e derivados animais de todas as espécies mantidas na Unidade
(CECAL, 2009). Ovinos, caprinos e eqüinos são mantidos sob condições controladas, a fim de
garantir a saúde e bem estar animal e conseqüentemente assegurem a qualidade do
hemoderivado.

Criação de Primatas Não Humanos


A Criação de Primatas Não Humanos é responsável por criar, manter e fornecer
primatas não humanos (CECAL, 2009). Estes animais são alojados em gaiolas em sistema de
grupos e sob condições sanitárias convencionais. A rotina de manutenção inclui a higienização
de ambientes, equipamentos e materiais; preparo e fornecimento de alimentos; além de
vistorias clínicas (CASTRO, 2008).
As linhagens de primatas mantidas na Unidade são apresentadas no Anexo 3.

VIII.1.4.2 Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico

É responsável por coordenar as atividades relacionadas a Qualidade e Tecnologias,


Biotecnologia e Desenvolvimento Animal e de Controle da Qualidade Animal, com o objetivo de
garantir a qualidade dos animais, insumos e serviços da Unidade (CECAL, 2009).
O setor de qualidade deve promover a interação das demais subunidades
organizacionais, visando a Qualidade Total, o Meio Ambiente e a Segurança e Saúde do
Trabalhador (CECAL, 2009).

Biotecnologia e Desenvolvimento Animal


Tem como missão desenvolver tecnologias referentes à biotecnologia de embriões e à
citogenética animal. Um dos objetivos principais a ser alcançado é a criação e manutenção do
banco de embriões das linhagens existentes na Unidade, o que reduzirá o número de animais
nas colônias e os custos de produção (CECAL, 2009).

Controle da Qualidade Animal


Realiza o monitoramento sanitário dos animais, seus derivados e ambientes
bioprotegidos, bem como o controle genético dos animais (CECAL, 2009). Dentre os exames
realizados estão análises virológicas, bacteriológicas, parasitológicas, hematológicas,
bioquímicas, anatomia patológica, controle genético, esterilidade do sangue e controle
ambiental da área bioprotegida (CASTRO, 2008).
Os exames realizados neste setor são baseados nas Boas Práticas de Laboratório e
seguem a orientações da Felasa para a realização de exames em animais de laboratório
(CASTRO, 2008).
81

VIII.1.4.3 Gestão

Coordena as atividades relacionadas à administração, gestão do trabalho e manutenção


(CECAL, 2009). O setor administrativo é responsável pelas atividades de compras,
suprimentos, patrimônio e planejamento, basicamente. O setor de gestão do trabalho coordena
as atividades relacionadas a Recursos Humanos. O setor de manutenção executa serviços de
manutenção de equipamentos e instalações (CECAL, 2009).

VIII.2 Cadeia de Suprimento do Cecal

O conceito de cadeia de suprimentos é um modelo, adotado como forma de descrever e


explicar a realidade complexa em que existem e atuam os agentes sociais, particularmente,
empresas responsáveis pela produção de determinado conjunto de bens e serviços (PONTES,
2010).
Nenhuma operação produtiva ou parte dela existe isoladamente. Todas as operações
fazem parte de uma rede maior, interconectada com outras operações, incluindo os
fornecedores, os clientes, os fornecedores dos fornecedores, os clientes dos clientes e assim
por diante (SLACK et al., 2002 apud SILVA et al., 2006). A cadeia de suprimentos é uma rede
que engloba todas as empresas que participam das etapas de formação e comercialização de
determinado produto ou serviço, que será entregue a um cliente final (SCAVARDA &
HAMACHER, 2001).

VIII.2.1 Fornecedores

O biotério estudado é uma empresa pública federal, em que a aquisição de materiais,


equipamentos e serviços é realizada por meio de processos públicos de licitação, cotação
eletrônica e inexigebilidade. Com isto, a mudança de fornecedores pode ocorrer a cada novo
processo de aquisição. A Unidade atualmente gerencia seus processos de compra por meio de
um programa interno denominado SIGC, Sistema Integrado de Gestão do Cecal. Este permite
a visualização e o controle de todas as etapas inerentes aos processos de compra por todos os
setores envolvidos, agilizando a operacionalização.
Em geral, este biotério de criação adquire produtos como insumos animais, insumos
laboratoriais, produtos químicos, insumos gerais, equipamentos e materiais para biotérios, e
conforme demanda da instituição pode adquirir novos animais; além de serviços de
terceirização de mão-de-obra, transporte de insumos e produtos, manutenção e controle da
climatização de instalações e serviço auxiliar de fornecimento e higienização de uniformes
(SIGC, 2010). O Cecal ainda adquire outros serviços auxiliares através da Dirac (Diretoria de
Administração do Campus – Fiocruz Manguinhos), como a terceirização dos serviços de
limpeza das instalações, de portaria, recepção e telefonia e de descarte de resíduos.
Dentre os insumos animais encontram-se produtos como maravalha de pinus, feno,
sabugo de milho, feno, leite, hortifrutigranjeiros, algodão hidrófobo, ração, dentre outros (SIGC,
82

2010). Os principais materiais e equipamentos de biotérios são aqueles relacionados


diretamente a manutenção de animais, como frascos bebedouros, racks microisoladores,
gaiolas e acessórios (SIGC, 2010).
A maioria dos insumos, equipamentos e materiais é adquirida por representantes
comerciais, salvo alguns poucos insumos animais e equipamentos para biotérios (SIGC, 2010).
Os serviços são adquiridos diretamente das empresas vencedoras dos processos de licitação,
exceto os serviços adquiridos via Dirac, onde esta se faz responsável pelo processo de
contratação.
A aquisição de novos modelos animais ocorre somente quando há um interesse
institucional para uma determinada pesquisa ou para estabelecimento de nova linha de
pesquisa. Quando isto ocorre, o fornecimento das matrizes que formarão as novas colônias é
realizado pela aquisição junto a outros biotérios nacionais ou internacionais. Com o advento da
técnica de transgenia, a aquisição de modelos geneticamente modificados tem ocorrido com
maior freqüência.
Os fornecedores de primeira camada, ou seja, aqueles que fornecem produtos e
serviços diretamente ao Cecal são representados principalmente por representantes
comerciais ou fabricantes e empresas prestadoras de serviço que participam dos processos
administrativos de compra. Os fornecedores de segunda camada, ou seja, os fornecedores dos
fornecedores são representados por fabricantes de equipamentos e insumos animais, além de
produtores de insumos animais in natura como produtos hortifrutigranjeiros.

VIII.2.2 Clientes CECAL

Os clientes do Cecal são representados por unidades da Fiocruz, instituições nacionais


de pesquisa e ensino com ou sem convênio com a Fiocruz, além dos serviços internos de
biotecnologia animal, controle da qualidade e produção de hemoderivados (SICOPA, 2010).
As instituições de pesquisa e ensino externas podem adquirir os produtos do Cecal
através de sistema de compra junto a Fiotec (Fundação para o Desenvolvimento Científico e
Tecnológico em Saúde) ou ainda em alguns casos são realizadas doações. Aquelas que
possuírem convênio junto a Fiocruz podem adquirir os serviços de criopreservação, transgenia
e análises clínicas em animais de laboratório através da Rede de Plataforma Tecnológica
PDTIS (Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde).
Esta rede está estruturada para servir como base tecnológica para os projetos de
desenvolvimento de vacinas, medicamentos, bioinseticidas e insumos para diagnóstico, além
de apoiar a execução de projetos acadêmicos. A rede é constituída por doze plataformas
tecnológicas, onde o Cecal se apresenta na Plataforma Animais de Laboratório (PDTIS, 2010).
O Cecal fornece seus produtos de forma prioritária para unidades de pesquisa sob
domínio da Fiocruz, conforme demonstrado na figura VIII.8, referente a distribuição do
83

fornecimento animal no ano de 2010. Menos de 7% dos animais são fornecidos por sistema de
venda ou doação e apenas 0,4% são destinados aos serviços internos do Cecal.

Figura VIII.8 Distribuição do Fornecimento Animal 2010


Fonte: Sicopa

As unidades da Fiocruz que recebem os produtos do Cecal são responsáveis por


pesquisas biológicas, biomédicas e biotecnológicas; pelo controle da qualidade de
imunobiológicos e medicamentos; e pelo desenvolvimento de ensino em saúde. Dentre as
unidades atendidas estão: Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BIOMANGUINHOS),
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
(CPqGM), Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR), Escola Nacional de Saúde Pública
(ENSP), Instituto de Tecnologia em Fármacos (FARMANGUINHOS), Instituto Fernandes
Figueira (IFF), Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS), Instituto
Oswaldo Cruz (IOC), Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC). O fornecimento a
estas Unidades é condicionado à avaliação e licenciamento junto a Ceua Fiocruz.
Da figura VIII.9, que representa a demanda Fiocruz por animais entre anos de 2008 e
2010, podemos concluir que as principais unidades consumidoras são IOC, INCQS e
BIOMANGUINHOS. Além disto, percebe-se a redução no consumo de animais em cada uma
dessas unidades ao longo desses três anos.

Figura VIII.9 – Demanda Interna de Animais (quantidade por ano) – Fiocruz


Fonte: Sicopa, 2010
84

Da figura VIII.10, que representa a demanda Fiocruz por hemoderivados entre os anos
de 2008 e 2010, podemos concluir que as principais unidades consumidoras são IOC,
BIOMANGUINHOS e IPEC. A unidade de BIOMANGUINHOS vem apresentando redução no
volume de hemoderivados solicitados, enquanto as demais vêm apresentando variação na
solicitação.

Figura VIII.10 – Demanda Interna de Hemoderivado (litro por ano) - Fiocruz


Fonte: Sicopa, 2010

VIII.2.2.1 Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BIOMANGUINHOS)

Biomanguinhos é o maior centro produtor de vacinas e kits para diagnóstico de doenças


infecto-parasitárias da América Latina, além da produção de biofármacos. Dentre as vacinas
produzidas estão, as vacinas contra a febre amarela, sarampo, poliomielite, meningites
meningocócicas A/C e por Haemophillus influenzae tipo B, difteria, tétano, coqueluche e tríplice
viral (contra caxumba, rubéola e sarampo) (BIOMANGUINHOS, 2010). Para tal, necessita de
animais e hemoderivados em seus processos de pesquisa, produção e controle da qualidade
de produtos. Tendo utilizado no ano de 2010 pouco mais de onze mil animais e 12 litros de
hemoderivados (SICOPA, 2010).
O principal consumidor destas vacinas é o Ministério da Saúde para atendimento ao
Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em decorrência da pré-qualificação da vacina contra
febre amarela pela Organização Mundial da Saúde em 2001, Bio-Manguinhos detém o direito
de fornecer este imunobiológico para as Agências das Nações Unidas, atingindo a exportação
deste produto para mais de 70 países. Além disso, o excedente de produção desta vacina pode
ser exportado também para governos e instituições públicas internacionais
(BIOMANGUINHOS, 2010).
Os kits de reativos para diagnóstico são produzidos para suprir as demandas dos
programas de controle de endemias e agravos da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e
do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, ambos do Ministério da Saúde. Através de
convênios, este produto é distribuído aos laboratórios da rede pública, além de atender aos
pedidos de doações feitos por instituições públicas (BIOMANGUINHOS, 2010).
85

Biomanguinhos produz ainda biofármacos para o Programa de Medicamentos


Excepcionais do Ministério da Saúde, através de uma parceria com a Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos. A distribuição destes medicamentos permite à população
acesso gratuito e garantido a produtos de elevada tecnologia (BIOMANGUINHOS, 2010).

VIII.2.2.2 Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CpqAM)

O CPqAM desenvolve trabalho sistemático de pesquisa e de ensino em diversos


campos da saúde pública, doenças infecto-contagiosas e no combate a endemias (FIOCRUZ,
2010c). Apesar de possuir um biotério, a Unidade solicita animais ao Cecal, matrizes e
reprodutores para uso em pesquisa, no caso daqueles que não possuem colônia estabelecida.
Além de animais, o CPqAM consome hemoderivados, utilizados principalmente como fonte de
alimento para insetos e produção de meios de cultura. No ano de 2010, utilizou
aproximadamente dois mil e cem animais e onze litros de hemoderivados (SICOPA, 2010)
Os animais e hemoderivados são utilizados como insumos em grande parte dos
Serviços de Referência prestados pelo CPqAM que envolvem basicamente atividades de
pesquisa e diagnóstico de doenças como Doença de Chagas, Esquistossomose, Leishmaniose
e Peste, e também na avaliação da eficiência de larvicidas biológicos e inseticidas químicos
contra Culex quinquefasciatus (transmissor da filariose) e Aedes aegypti (vetor da dengue)
(CPqAM, 2010).
A Unidade possui ainda um Laboratório de Nível de Biossegurança 3, onde desenvolve
atividades científicas nas áreas de peste, hantavírus e tuberculose, além de Laboratório de
Virologia e Terapia Experimental, que dá suporte a estudos pré-clínicos de validação a
produtos biológicos e para atuar, também, como uma plataforma de desenvolvimento de
vacinas e produtos de diagnóstico para doenças de caráter prioritário para o Ministério da
Saúde (FIOCRUZ, 2010c).

VIII.2.2.3 Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM)

Pesquisa, ensino, informação e prestação de serviços assistenciais de referência em


saúde são as atividades desenvolvidas pelo CPqGM. A Unidade tem participado ativamente
dos programas de estudo da Fiocruz para ampliação de conhecimento sobre os retrovírus HIV,
HTLV-I e HTLV-II. No campo da pesquisa, o CPqGM se destaca nas áreas de patologia,
imunopatologia, biologia molecular, parasitologia, ecologia e controle de doenças infecto-
parasitárias – tais como a AIDS, a anemia falciforme, a doença de Chagas, a esquistossomose,
a hanseníase, as hepatites, a leishmaniose, a leptospirose, as meningites bacterianas e a
tuberculose (FIOCRUZ, 2010c).
Através dos seus programas institucionais, o CPqGM atua principalmente no estudo de
doenças infecciosas e parasitárias, na realização de exames anatomopatológicos. Os serviços
assistenciais de referência em saúde englobam, entre outros, o diagnóstico de patologias
86

hepáticas e gastrintestinais, hanseníase e tuberculose para o SUS, e a tipagem de vírus de


hepatites (CPqGM, 2010).
O CPqGM consumiu, no ano de 2010, aproximadamente mil e quinhentos animais e
trinta e sete litros de hemoderivados para utilização em suas linhas de pesquisa e serviços de
diagnóstico (SICOPA, 2010).

VIII.2.2.4 Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR)

O CPqRR é composto por 19 grupos de pesquisa, que desenvolvem projetos em várias


áreas da biomedicina – principalmente relacionados às doenças negligenciadas – como
Chagas, helmintoses intestinais, esquistossomose, leishmanioses, malária, virologia, além de
antropologia da saúde (FIOCRUZ, 2010c).
Funcionam no Centro de Pesquisas René Rachou seis Serviços de Referência: Serviço
de referência em Doença de Chagas, Serviços de Referência em Esquistossomose, Serviços
de Referência em Leishmaniose Tegumentar, Centro de Referência Nacional e Internacional
para Flebotomíneos, Centro de Referência em Capacitação de Flebotomíneos e Competência
Vetorial e Centro de Referência em Leishmanioses (CPqRR, 2010).
A Unidade possui um biotério de experimentação e requisita animais e hemoderivados
ao Cecal para atendimento a seus projetos de pesquisa. Em 2010, o Cecal forneceu a esta
Unidade aproximadamente três mil e duzentos animais, além de doze litros de hemoderivados
(SICOPA, 2010).

VIII.2.2.5 Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca mantém quatro áreas de referência
especializadas na análise e discussão dos agravos à saúde da população brasileira: o Centro
Colaborador na Área de Políticas Farmacêuticas, Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador
e Ecologia Humana, o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria e o Centro de Vigilância
e Monitoramento de Endemias (ENSP, 2010).
Os Serviços de Referência devem atuar de forma integrada e propositiva junto ao
Ministério da Saúde, nas esferas estadual e municipal, no âmbito da vigilância epidemiológica,
prevenção e controle de doenças de interesse para a saúde pública (ENSP, 2010). Para a
realização de suas atividades de pesquisa, a ENSP solicita animais e hemoderivados, tendo
consumido em 2010, novecentos e trinta animais e menos de um litro em hemoderivados
(SICOPA, 2010).

VIII.2.2.6 Instituto de Tecnologia em Fármacos (FARMANGUINHOS)

É o único laboratório produtor de medicamentos ligado diretamente ao Ministério da


Saúde. Tem exercido papel de destaque na pesquisa e no desenvolvimento tecnológico de
produtos essenciais distribuídos gratuitamente à população pelo Sistema Único de Saúde
87

(SUS). Produz anualmente mais de dois bilhões de comprimidos, cápsulas e frascos de


pomadas. São medicamentos para doenças como a AIDS, a tuberculose, a malária, a
hanseníase, a hipertensão e vários tipos de câncer, entre outras. Mais recentemente, a
unidade tem ampliado a pesquisa e produção na área de produtos naturais, como as velas de
andiroba, de eficácia comprovada como repelente de mosquitos transmissores de malária,
dengue e filariose (FIOCRUZ, 2010c).
Além da produção de medicamentos, a Unidade conta com um corpo de pesquisadores
que trabalha em busca de soluções para doenças de grande relevância para a população
brasileira. Dentre as principais linhas de pesquisa da unidade estão: Doenças negligenciadas,
como Chagas, Tripanossomíase, Leishmaniose, Malária, Tuberculose e Hanseníase; Doenças
de Alto Custo, como Aids; Câncer e Diabetes; e Doenças de alta incidência, como problemas
cardiovasculares e infecções respiratórias (Farmanguinhos, 2010).
Farmanguinhos utiliza animais de laboratório e hemoderivados para o desenvolvimento
de suas pesquisas e na produção e controle de qualidade de seus medicamentos. Consome
uma média sete mil animais e apenas um litro de hemoderivado, segundo dados do Sicopa
referentes ao ano de 2010.

VIII.2.2.7 Instituto Fernandes Figueira (IFF)

O Instituto Fernandes Figueira reúne as atribuições de um hospital materno-infantil e de


um centro científico, realizando atividades de pesquisa, ensino e assistência à saúde da
mulher, da criança e do adolescente. É um pólo gerador e difusor de tecnologias, além de
centro de referência para o município e para o estado do Rio de Janeiro em diversas áreas,
entre elas: genética médica, neonatologia de alto risco, patologia perinatal e doenças
infecciosas e parasitárias pediátricas (FIOCRUZ, 2010c).
A utilização de animais e hemoderivados por esta unidade é específica a atividades de
pesquisa. O consumo, em 2010, foi de pouco mais de dois mil animais e sete litros de
hemoderivados (SICOPA, 2010).

VIII.2.2.8 Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS)

O INCQS é integrante do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária como Laboratório de


Referência Nacional para as questões técnico-científicas no que se refere à qualidade de
alimentos; medicamentos; produtos biológicos (soros e vacinas, entre outros); saneantes
domissanitários; conjuntos, reagentes e insumos diagnósticos; cosméticos; artigos e insumos
para a saúde e diálise; sangue e hemoderivados; ambientes; e serviços relativos à saúde da
população. Como parte da sua missão institucional, trabalha em parceria com diversos órgãos
governamentais, organizando e executando programas de análise e monitoramento, capacita
recursos humanos na área de vigilância sanitária, elabora laudos e pareceres técnicos,
participa de inspeções para avaliação de indústrias e laboratórios do setor regulado, além de
88

promover discussões técnicas para auxiliar na elaboração da legislação sanitária (FIOCRUZ,


2010c).
A solicitação de animais e hemoderivados é realizada para atender principalmente
controle da qualidade de medicamentos, imunobiológicos, reagentes e insumos diagnósticos,
cosméticos, artigos e insumos para a saúde. Além disto, a Unidade desenvolve pesquisas
vinculadas à Vigilância Sanitária, como por exemplo, a pesquisa referente ao desenvolvimento
de métodos alternativos para substituição ao uso de animais de laboratório (ABIHPEC, 2011).
O consumo, em 2010, foi de mais de dezoito mil animais e dez litros de hemoderivados
(SICOPA, 2010).

VIII.2.2.9 Instituto Oswaldo Cruz (IOC)

O IOC é a pioneira e principal unidade de pesquisa biomédica da instituição. Da


descoberta da doença de Chagas, em 1909, até conquistas recentes – como a identificação do
picobirnavírus, vírus causador de um tipo de diarréia, em 1988 -, o IOC vem legando ao país e
à medicina contribuições científicas significativas (FIOCRUZ, 2010c).
Atua nas áreas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação e na prestação de
serviços de referência para diagnóstico de doenças infecciosas e genéticas e controle de
vetores. O IOC também mantém coleções biológicas de importância nacional e internacional e
forma cientistas e técnicos através da atuação na educação profissional e de pós-graduação
(IOC, 2010a). Dentre as áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação do IOC estão: Doença
de Chagas; Dengue, Febre amarela e outras arboviroses; Doenças bacterianas e fúngicas;
Doenças Crônicas, degenerativas e genéticas; Doenças virais e riquetsioses; DST/AIDS e
hepatites virais; Educação e promoção da saúde; Epidemiologia, vigilância e diagnóstico em
saúde; farmacologia, fisiopatologia, inovações terapêuticas e bioprodutos; Genômica funcional;
Helmintoses; Mecanismos imunológicos e estratégias de imunoproteção; Leishmanioses;
Malária, toxoplasmose e outras protozooses; e Taxonomia e biodiversidade (IOC, 2010b).
O IOC é uma unidade essencialmente voltada à pesquisa, e em função das suas
diversas linhas de atuação é a principal unidade fornecedora do Cecal, no que diz respeito ao
volume de animais e hemoderivados, segundo registros de fornecimento do Sicopa. No ano de
2010 foram utilizados pouco mais de quarenta e nove mil animais e oitenta litros de
hemoderivados (SICOPA, 2010).

VIII.2.2.10 Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC)

O IPEC foi o primeiro e único hospital do país concebido com o objetivo de desenvolver
pesquisa. O projeto de Oswaldo Cruz era ter um hospital onde os pacientes pudessem ser
estudados e tratados à luz das mais recentes descobertas científicas. A missão do IPEC é
estudar as doenças infecciosas através de projetos de pesquisa e ensino interprofissionais,
integrados a programas de atendimento (FIOCRUZ, 2010c).
89

Dentre as linhas de pesquisa desta Unidade estão: Doenças Bacterianas, como


Micobacterioses; Doenças Fúngicas, como Paracoccidiodomiccose, Histoplasmose,
Criptococose, Esporotricose, Eco-epidemiologia; Doenças Parasitárias, como Doença de
Chagas e Leishmaniose; Doenças Virais, como HIV, HTLV-I/II e dengue; e Ensaios Clínicos em
AIDS e Tuberculose (IPEC, 2010).
O IPEC solicita ao Cecal regularmente animais e hemoderivados para utilização em
experimentos de suas diversas linhas de pesquisa, tendo consumido em 2010
aproximadamente trezentos e sessenta animais e vinte litros de hemoderivados (SICOPA,
2010).

VIII.2.3 Representação da Cadeia de Suprimentos

Na figura VIII.11 é apresentada uma representação da cadeia de suprimentos do


biotério estudado, de acordo com modelo de representação de Slack e colaboradores (2008).
Nesta é possível constatar o quanto o Cecal está atrelado à missão da Fiocruz. Afinal, o
fornecimento dos produtos da unidade é co-responsável pela geração de conhecimento
científico e tecnológico em saúde.
90

Fornecedores de Fornecedores Consumidores de Consumidores de Consumidores de


2ª Camada de 1ª Camada 1ª Camada 2ª Camada 3ª Camada
Vacina febre
amarela
Sangue e
Animal
Biomanguinhos Vacinas, kits de Agência das População de
Biotério Nacional Modelos Animais diagnóstico e Nações Unidas mais de 70 países
e Estrangeiro biofármacos
Sangue e
Fabricante de Animal Pesquisas
Governos e
Insumos Animais CPqAM
Vacinas , Instituições
Distribuidores de Sangue e
diagnóstico e Públicas
Insumos Animais produto diagn .
Animal Internacionais
CPqGM Pesquisas

Figura VIII.11 Representação da Cadeia de Suprimentos do Cecal


Produtores Diagnósticos
agrícolas Distribuidores de Sangue e
insumos Animal
CPqRR Pesquisas
laboratoriais

Sangue e
Terceirização de Animal
ENSP Pesquisas
Mão-de-Obra

Sangue e Medicamento e
Animal produto natural Ministério da População
Distribuidores de Farmanguinhos Saúde Brasileira
Produtos

Fonte: Autora
Pesquisas
Químicos
Sangue e
Animal
IFF Pesquisas
Distribuidores de Produção de
Insumos gerais Controle da novos insumos
Sangue e qualidade de saúde Ministério da
Animal
INCQS Saúde
Pesquisas Produção
Serviço de
Científica em
Climatização de Sangue e Saúde Pública
Ambientes Animal Diagnósticos
IOC Pesquisadores
Pesquisas Publicações
Distribuidores de
Fabricante de Sangue e
equipamentos e Animal Diagnósticos
Equipamentos e materiais IPEC
Materiais de Pesquisas
Biotério
Sangue e
Serviço de Animal
VENDA
Transporte Pesquisas

Animal DOAÇÃO Pesquisas


Serviço Auxiliares
Dirac
Departamento de Pesquisas
Meio Ambiente Serviço de PDTIS
Análises Clínicas ,
Descarte de Criopreservação
Insumos para
área de Saúde
Resíduos e Transgenia
91

VIII.3 A Gestão de Resíduos na Unidade

A Fiocruz ainda não possui uma política institucionalizada para a gestão dos resíduos
gerados em todos seus Campus, distribuídos em diversos estados do país. No campus
Manguinhos, as ações de gestão ambiental são desenvolvidas pelo Departamento de Meio
Ambiente, parte integrante da estrutura organizacional da Dirac (Diretoria de administração do
campus). Este Departamento gerencia ações de cunho ambiental, articulando com as demais
Unidades do Campus através de fiscais indicados pela direção de cada Unidade.
O Cecal está inserido nesse contexto, participando ativamente de todos os projetos
propostos pelo Departamento de Meio Ambiente. Assim como algumas unidades, o Cecal
ainda não possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS),
contudo, adota os procedimentos orientados pela RDC Nº306 ANVISA e CONAMA Nº358 no
que diz respeito à segregação, acondicionamento e destinação final dos resíduos gerados na
Unidade.
Os resíduos biológicos, inclusive da cama dos animais, são acondicionados em saco
branco com símbolo de infectante e destinados a célula especial em aterro sanitário. Alguns
resíduos biológicos, como filtros de sistemas de ar condicionado das salas dos animais são
designados a incineração. Os resíduos químicos perfeitamente identificados são encaminhados
ao Departamento de Meio Ambiente-Dirac que os destina a incineração. Os resíduos comuns
não recicláveis são acondicionados em sacos azuis ou pretos e encaminhados para aterro
sanitário.
Os resíduos são transportados em containers e armazenados em abrigo de resíduos
enquanto aguardam a coleta e descarte externos. Os contratos referentes ao transporte,
descarte e à incineração dos resíduos são gerenciados pelo Departamento de Meio Ambiente-
Dirac, onde é exigido das empresas contratadas o licenciamento ambiental.
Em 2009, O Cecal implantou em parceria com o Departamento de Meio Ambiente, o
sistema de coleta seletiva, tendo destinado mais de 1300 Kg de papel e papelão para
reciclagem somente neste ano e mais de 1500 Kg no ano seguinte. Em março de 2010, enviou
a primeira carga de plástico (polipropileno, policarbonato e polissulfona) e aço proveniente de
gaiolas e acessórios de animais danificados para reciclagem, evitando o depósito
desnecessário de 1053Kg de plástico e 27Kg de aço em aterros. Este trabalho é desenvolvido
de forma contínua e de acordo com o fim da vida útil desses materiais nas colônias.
A gestão de resíduos na Unidade é coordenada por fiscal cadastrada junto a Dirac e
credenciada no Inea, e conta com o auxílio de uma suplente. Estas pessoas possuem projetos
futuros para programas de treinamento e conscientização de funcionários, estagiários e
profissionais de limpeza ligados à geração e ao manejo dos resíduos, bem como para
elaboração do PGRSS.
92

IX- O Mapeamento dos Processos

IX.1 A Metodologia de Mapeamento

A pesquisa propõe a identificação dos resíduos a partir do mapeamento dos principais


processos produtivos. Neste estudo de caso foi selecionado o Serviço de Criação de Roedores
e Lagomorfos. A escolha foi realizada mediante os seguintes critérios:
1. O Serviço gera resíduos classificados como resíduos de serviços de saúde, que
oferecem maior risco a saúde pública e ao meio ambiente;
2. O Serviço apresenta processos críticos para a organização, onde sua produção
corresponde à grande maioria dos produtos ofertados por este Biotério, tornando-o uma
das maiores unidades geradoras de resíduo na Unidade. Portanto, seus processos
geram grande impacto sobre a organização e sobre os clientes.

Após a seleção do Serviço de Criação de Roedores, é realizado o detalhamento de sua


estrutura física, com apresentação e distribuição de todos os seus setores. Em seguida, são
identificados e eleitos os processos críticos a serem mapeados.
Os principais processos geradores de resíduos no Serviço são aqueles relacionados à
produção animal, devido ao volume e a diversidade de resíduos gerados. Neste caso, são os
processos de Criação de Animal (para todas as espécies mantidas no Serviço estudado),
Gnotobiologia e Sanitização Ambiental de Colônias. Acrescenta-se a estes, o processo de
Higienização e Esterilização, que apesar de não estar diretamente relacionado à criação, é
aquele que recebe os resíduos de todas as colônias de animais e realiza seu descarte.
Tendo ciência dos setores envolvidos no processo de mapeamento, foi realizada a
seleção de pessoal para desenvolvimento de entrevistas. Cada setor mapeado foi
representado por ao menos um técnico com experiência na atividade e sua chefia imediata.
No primeiro encontro destinado a etapa de mapeamento foi realizada uma breve
explicação sobre a importância desta técnica e como o trabalho seria conduzido. O
levantamento dos dados foi realizado através de entrevistas desenvolvidas com aplicação de
questionário. O modelo do questionário utilizado pode ser visualizado no Anexo 4.
O entrevistado era abordado sobre que atividades eram executadas, quem as fazia,
onde, quando, por que e como as fazia. Foram realizados tantos encontros quanto necessários
para compreensão do processo em questão. As entrevistas foram gravadas para evitar que
nenhuma informação fosse perdida.
Após ter coletado as informações junto a quem vive o processo, foram desenvolvidos
roteiros para serem utilizados posteriormente em etapa de inspeção. Nesta etapa foi utilizada a
técnica de observação para verificar se as informações relatadas correspondiam às ações
executadas. Para isto, foi preciso executar todos os procedimentos necessários para o acesso
93

às colônias, como higienização corporal e paramentação com uniforme e EPI, e em alguns


casos esterilização das folhas de roteiros.
Cada processo selecionado foi estudado e os dados mapeados foram representados
por fluxograma com auxílio do software Visio® 2007. Por fim, o entrevistado era procurado para
conhecer a representação do processo e fazer intervenções, se necessário. Esta etapa é a
validação do mapeamento junto ao ator envolvido.
A conclusão da etapa de mapeamento proporcionou o conhecimento dos processos,
seja por seus agentes e insumos, como também pela identificação de seus resíduos.

IX.2 A Seção de Criação de Roedores e Lagomorfos

A Seção de Criação de Roedores e Lagomorfos é responsável pela produção e


manutenção de lagomorfos (coelhos), cobaias, hamsters, ratos e camundongos. Para isto,
além das áreas de criação, o serviço dispõe de outros setores para auxiliam nas atividades.
Estes setores realizam processos que dão suporte aos processos de criação, como a
expedição animal e a higienização e esterilização de insumos, materiais, equipamentos e
ambientes.
O setor de expedição animal é responsável principalmente por coordenar as ações das
atividades relativas ao recebimento de solicitação de animais e expedição dos mesmos
(CECAL, 2009). O setor de higienização e esterilização é responsável pela higienização de
materiais e pelo fornecimento de insumos.

IX.2.1 A Estrutura Física

A estrutura física do biotério é constituída basicamente pelas áreas de Criação de


Roedores, Criação de Lagomorfos e Seção de Higienização e Esterilização. Além destas três
áreas principais, o Serviço de Criação de Roedores e Lagomorfos conta ainda com áreas de
suporte como vestiários e depósitos de materiais e insumos.
A Figura IX.1 é parte do Layout do prédio principal do Cecal, onde está localizado o
biotério da área selecionada para este estudo. As áreas podem ser facilmente encontradas
devido ao sistema de identificação por cores e numeração, apresentados em legenda.
94

FUNDAÇÃO DE ROEDORES
PRODUÇÃO DE ROEDORES

CRIAÇÃO DE COELHOS
APOIO: DEPÓSITOS E
HIGIENIZAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
VESTIÁRIOS, BANHEIROS E
COPAS
CIRCULAÇÃO E ÁREA COMUM

1- GNOTOBIOLOGIA
2- FUNDAÇÃO CAMUNDONGOS E RATOS
3- FUNDAÇÃO CAMUNDONGOS E RATOS
4- CIRCULAÇÃO
5- ACESSO HIGIENIZAÇÃO/ DEPÓSITO
6- ANTI-CÂMARA
7- HIGIENIZAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
8- DEPÓSITO QUÍMICO
9- DEPÓSITOS
10- AIR LOCK
11- VESTIÁRIOS
12- CRIAÇÃO CAMUNDONGO
13- CRIAÇÃO COBAIA
14- CRIAÇÃO HAMSTER
15- CRIAÇÃO CAMUNDONGO
16- CRIAÇÃO COELHOS
17- ALMOXARIFADO
18- COPA
19- ESCRITÓRIO
20- ÁREA EXTERNA

Figura IX.1 Layout da Seção de Criação de Roedores e Lagomorfos


95

IX.2.1.1 Criação de Roedores

A criação de roedores (cobaias, hamsters, ratos e camundongos) é distribuída


fisicamente em três seções distintas dispostas de barreiras sanitárias, responsáveis pela
produção de roedores com padrão sanitário e genético definido.
A primeira seção é a gnotobiologia, destinada a realização de histerectomias ou
cesáreas assépticas, procedimento adotado para obtenção de animais com status sanitário
conhecido, geralmente em camundongos que darão origem às colônias de fundação. Esta
seção compreende uma sala provida de isoladores e microisoladores para manutenção dos
animais, além de cabines de segurança biológica para manipulação dos animais.
A segunda seção abriga as colônias de fundação de camundongos e ratos, que são as
responsáveis pela produção de matrizes e reprodutores com padrão genético definido. Este
setor abriga ainda a colônia de produção de ratos, onde são dispostos animais em crescimento
para atender a demanda institucional. Das sete salas existentes no setor, uma é destinada a
fundação de rato, uma a produção de rato e cinco a fundação de camundongos. Algumas
linhagens de camundongo, em função da pequena demanda de fornecimento, não necessitam
de constituição de colônia de produção. Neste caso, a própria colônia de fundação é capaz de
atender as solicitações.
Na terceira seção são mantidas as colônias de expansão e produção de roedores,
destinadas ao fornecimento aos pesquisadores. O setor foi recentemente dividido, de forma
que oito salas continuam isoladas em área bioprotegida, e outras seis salas funcionam em
sistema convencional dotado de barreiras sanitárias. A área bioprotegida é destinada a
produção de camundongos e a parte convencional é dividida entre uma sala de hamster e
cinco salas de cobaias.
Das cinco salas de cobaias, três abrigam animais para produção (reprodutores), uma
sala é destinada a animais selecionados para reprodução em crescimento e a última, animais
reservados ao fornecimento. As colônias de cobaias e hamsters compartilham um corredor de
recebimento e distribuição de materiais e o acesso a estas colônias é realizado após a
paramentação do técnico com uniforme, máscara e touca descartável, sapato de segurança e
luvas. Não é exigido o banho para acesso, mas os profissionais são orientados a realizar a
higienização corporal ao término do trabalho.

IX.2.1.2 Criação de Lagomorfos

A área de produção de lagomorfos (coelhos) é formada de três salas de criação, onde


são mantidos os animais da colônia; três air locks, ambientes pressurizados para acesso de
materiais em colônias convencionais; uma sala de apoio, para pesagem e registro de animais;
uma área de estoque e preparo de materiais, para recebimento de materiais esterilizados por
autoclave e preparação de materiais; um corredor de distribuição para distribuição de insumos
96

e materiais; um Box de higienização pessoal, um vestiário sujo e um vestiário limpo, para


adoção de procedimentos de higiene e paramentação no acesso à colônia.
As três salas de animais são divididas de forma que em duas delas encontram-se as
matrizes reprodutoras e na terceira encontram-se os animais em crescimento, que são aqueles
destinados ao fornecimento aos pesquisadores. A colônia de lagomorfos ou coelhos é mantida
sob barreiras sanitárias e assim como as demais, as condições ambientais são padronizadas,
de forma a contribuir para a saúde e bem estar dos animais. Contudo, estes ainda não são
certificados sanitariamente.

IX.2.1.3 Seção de Higienização e Esterilização

A seção de Higienização e esterilização de materiais e insumos está localizada em três


pontos adjacentes às áreas de criação. Uma delas atende às áreas gnotobiologia e fundação
de roedores, outra atende à área de produção de camundongos e hamsters e, por fim, a última
área de higienização atende a criação de coelhos e cobaias.
Estes setores são providos de autoclaves, máquinas lavadoras para gaiolas e
acessórios, hidrolavadoras, máquinas lavadoras de frascos bebedouros, banho-maria, além de
guichês para esterilização química. É responsável pela higienização e esterilização de
materiais da colônia e distribuição e fornecimento de insumos animais.

IX.2.2 Barreiras Sanitárias

As áreas de criação são dispostas de sistema central de ar condicionado para oferecer


a climatização ideal a cada ambiente, de acordo com a espécie animal. Os níveis de
ventilação, temperatura, umidade relativa e pressão atmosférica são monitorados
permanentemente por um sistema computadorizado, de forma a manter as condições
adequadas. Além disto, possui um timer no sistema de iluminação, propiciando o ciclo de 12
horas dia- 12 horas noite.
A seção de fundação e a área bioprotegida da seção de produção são adotadas
barreiras sanitárias rigorosas, com esterilização de todos os materiais e equipamentos no
acesso à área e disposição de filtros absolutos para filtração do ar de insuflação.
Os profissionais responsáveis pela produção animal, além da rotina de procedimentos
de manejo e reprodução, são submetidos a higienização corporal para acessar as áreas
bioprotegidas. Este processo inclui a escovação de dentes e unhas, gargarejo com substância
anti-séptica, banho e paramentação esterilizada.
A produção de animais de laboratório é uma atividade extremamente técnica, que
necessita de profissionais com conhecimento e habilidade com as espécies alojadas, além de
instalações e equipamentos adequados.
97

IX.2.3 Fornecimento de Animais


Diante de tantos cuidados e custos envolvidos é previsível que a solicitação e aquisição
deste “reagente biológico” envolvam algumas exigências. A Figura IX.2 apresenta o fluxograma
para solicitação de animais pelos pesquisadores da Fiocruz.

Escrever projeto
de pesquisa

Emitido nº de
Submeter projeto
Protocolo
a CEUA

Não
CEUA Revisão de projeto
aprovou?

Sim

Recebimento de
Nº de Licença

Realizar previsão
animal (semestral)

Realizar pedido de
animal

Figura IX.2 Fluxograma de Solicitação de Roedores e Lagomorfos


Fonte: Autora

O processo de aquisição de animais de laboratório tem início bem antes de sua entrega.
Uma instituição de ensino ou pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz que desejar utilizar animais
em seus experimentos, testes ou práticas de ensino, deve elaborar um projeto de pesquisa e
submetê-lo a Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) existente na Fundação, que emite
um nº de protocolo para controle do processo. Em caso de aprovação, é emitido um número de
licença que o credencia a realizar a previsão de um número definido de animais. Esta previsão
atualmente ocorre duas vezes ao ano, uma a cada semestre. Na previsão, o cliente deve
programar a retirada desses animais conforme a semana desejada. A confirmação desta
previsão é realizada através do pedido animal, realizado na semana do fornecimento, quando o
cliente solicita o animal anteriormente programado.
98

O biotério quando recebe as previsões de seus clientes, analisa os dados e realiza o


planejamento de produção para o período, bem como a previsão de mão-de-obra, insumos e
materiais que serão necessários. O planejamento de produção é realizado a partir dos dados
de previsão e com base na fisiologia animal referente à sua reprodutividade, de modo a
atender às solicitações dos pesquisadores. O processo de fornecimento de animais está
representado na Figura IX.3

Recebe a previsão

Analisa pedido e
responde a
pesquisador

Montagem de
colônia

Recebe o pedido
na data prevista

Envia pedido à Seleciona animais


colônia na colônia

Atende ao pedido

Embala

Identifica

Entrega ao
solicitante

Figura IX.3 Fornecimento de Roedores e Lagomorfos


Fonte: Autora
99

O responsável pela criação, ao receber a previsão do animal, analisa e informa ao


pesquisador quanto às condições de atendimento do animal. A montagem da colônia é
realizada para atendimento à necessidade do pesquisador, observando sempre especificações
como sexo, idade e peso. Com o recebimento do pedido de animal na semana programada,
este é confrontado com a previsão, e caso esteja correto é enviado para a criação. Caso
contrário, o pesquisador é orientado a corrigir ou cancelar o pedido. Depois desta etapa, o
bioterista então verifica a disponibilidade de animais dentro das especificações. Depois de
selecionados, os animais são pesados e aqueles conformes com o pedido são reservados.
Tendo disponível a quantidade total dos pedidos, é realizada a embalagem, identificação e
entrega ao setor de expedição. Esta verificação é necessária mesmo após a execução de
planejamento de produção. Isto ocorre porque o produto oferecido é um ser vivo e que pode
sofrer diversas interferências. Alterações fisiológicas podem interferir no peso animal, fatores
comportamentais nas taxas de produtividade, enfim, são diversos os fatores que podem alterar
uma colônia de produção.

IX.3 Mapeamento: Criação Animal

O macroprocesso Criação Animal é realizado mediante a execução de dois processos,


a Produção Animal e a Manutenção da Colônia. Onde o primeiro refere-se aos processos
necessários a reprodução dos animais e o segundo aos processos de rotina para manutenção
das colônias dentro de padrões sanitários estabelecidos.
Durante a etapa de mapeamento foram levantados os dados referentes a cada espécie
separadamente. Contudo, em função da similaridade entre as representações, foi desenvolvida
uma representação universal para os processos de produção e manutenção de animais.
As representações referentes a cada espécie são apresentadas no Anexo 5.

IX.3.1 Produção Animal

A produção animal em biotérios tem início no processo de acasalamento, onde por meio
da reprodução sexuada de um casal previamente selecionado como reprodutor pretende-se
obter novos animais de uma determinada espécie e linhagem. O resultado esperado do
acasalamento é a gravidez da fêmea reprodutora, e caso isto não se conclua durante
determinado período, pode ocorrer a substituição antecipada dos reprodutores.
Durante a gestação, a fêmea grávida e o macho reprodutor permanecem alojados em
mesma gaiola, com exceção dos coelhos em que os casais são mantidos em gaiolas
separadas. Ao final da gestação, os neonatos lactentes e as fêmeas lactantes entram na etapa
de lactação, onde os animais são alimentados por leite materno e passam por adaptação para
aceitação da ração, além de se desenvolverem e se tornarem independentes. Quando isto
ocorre, os animais desmamados são sexados e alojados separadamente machos e fêmeas.
100

Os animais recém-desmamados são mantidos nas colônias em processo de


crescimento, reservados até alcançarem a idade e peso para fornecimento. A destinação
destes animais pode encontrar quatro caminhos: reprodução; pesquisa, teste e ensino;
monitoramento sanitário; e descarte zootécnico.
Os animais selecionados como reprodutores são necessários para renovação das
matrizes e formarão a nova colônia reprodutora. Os reprodutores substituídos são destinados
ao monitoramento sanitário, à produção de hemoderivados e, em última opção, ao descarte
zootécnico.
Os animais destinados a pesquisa, teste e ensino são fornecidos aos clientes dentro
das características informadas pelos pesquisadores (peso ou idade) ou ainda fornecidos para
produção de hemoderivados.
Os animais destinados ao monitoramento sanitário são enviados ao Serviço de Controle
da Qualidade e utilizados para avaliação do padrão sanitário da colônia. A orientação quanto à
freqüência deste procedimento é que seja realizado a cada quatro meses. Aqueles animais não
utilizados em nenhuma das três primeiras alternativas são destinados ao descarte zootécnico.
A figura IX.4 apresenta a representação geral da produção animal para os roedores e
lagomorfos mantidos no Cecal.

Fêmea
Reprodutora
Fêmea
Fêmea Lactante e
ACASALAMENTO Grávida GESTAÇÃO LACTAÇÃO
Neonatos
Lactentes
Macho
Reprodutor

Filhotes e
Fêmea Fêmea
Produção Reprodutora
PESQUISA, Grávida
Hemoderivados
TESTE E
ENSINO

Jovem Filhote
REPRODUÇÃO Fêmea Fêmea

CRESCIMENTO SEXAGEM

Jovem Filhote
MONITORAMENTO Macho Macho
SANITÁRIO

DESCARTE
ZOOTÉCNICO

Figura IX.4 Processo de Produção Animal de Roedores e Lagomorfos


Fonte: Autora
101

IX.3.1.1 Acasalamento

Alguns fatores podem influenciar diretamente no sistema de acasalamento adotado,


como a forma de alojamento, as características comportamentais do animal e o tamanho da
colônia influenciam.
O acasalamento pode ser realizado de forma programada como no caso dos coelhos,
onde fêmea e macho, alojados em gaiolas distintas são dispostos juntos para reprodução
somente no acasalamento e em seguida separados.
O acasalamento não programado ocorre quando os animais vivem juntos em gaiolas de
forma monogâmica ou poligâmica formando casais, não estabelecendo período ou
programação para o acasalamento. Em geral, esses casais são permanentes, ou seja,
permanecem unidos ao longo de toda existência. Neste caso, macho e fêmea permanecem
junto aos filhotes até seu desmame.
A escolha dos casais pode ocorrer ao acaso ou pela formação de grupos. Neste último,
o sistema de acasalamento adotado prevê a formação de grupos de animais e estabelecido o
acasalamento rotacional, com o objetivo de evitar consangüinidade entre os animais.
No caso dos camundongos, de acordo com as características genéticas necessárias, o
acasalamento pode ser inbred (quando ocorre entre irmãos de uma mesma ninhada) ou
outbred (acasalamento rotacional com formação de grupos).
Nos sistemas poligâmicos, logo após o acasalamento, o macho reprodutor estará
disponível para acasalar com outra fêmea da gaiola.
O acasalamento em uma colônia é realizado levando em consideração a maturidade
sexual dos animais, que varia entre espécies e inclusive entre linhagens. No caso de
camundongos o acasalamento ocorre a partir de 50 dias de vida, para ratos e hamsters a partir
de 60 dias, para cobaias a partir de 70 dias e para coelhos a partir 150 dias.

IX.3.1.2 Gestação

O período de gestação é de 16 a 17 dias para hamsters, 18 a 21 dias para


camundongos, 19 a 21 dias para ratos, 28 a 32 dias para coelhos e, 59 a 72 dias para cobaias.
Algumas espécies como os coelhos e camundongos, antes do final da gestação, recebem
alguns cuidados para o recebimento dos neonatos, como o fornecimento de ninhos. Além disto,
recomenda-se muito cuidado durante as trocas de gaiolas e no manejo animal, se forma a
evitar seu stress, trazendo por conseqüência a interrupção da gestação.
No caso dos camundongos, diferentemente dos demais animais, algumas fêmeas
grávidas em período próximo ao parto ou ainda fêmeas com lactentes podem ser fornecidas a
pesquisa, segundo demanda institucional.
102

IX.3.1.3 Lactação

O período de lactação é de até 18 dias para cobaias, até 21 dias para camundongos,
ratos e hamsters e, 40 dias para coelhos. Em função do sistema de alojamento dos casais em
mesma gaiola, como no caso de camundongos, cobaias, hamsters, ratos, pode ocorrer um
novo acasalamento antes mesmo do desmame dos filhotes. Fato que não ocorre com os
coelhos, onde o acasalamento é programado.
Caso ocorra a perda de alguma fêmea lactante, recomenda-se a transferência dos
filhotes para uma ama-de-leite, outra fêmea de mesmo grupo e com filhotes de período
próximo. Outro cuidado durante a lactação é referente a troca de gaiolas com ninhos, onde
somente parte do ninho é substituído, de forma a evitar a rejeição da fêmea aos filhotes.

IX.3.1.4 Sexagem

Com o término do período de lactação, os filhotes são desmamados e sexados para


alojamento em gaiolas separadas de machos e fêmeas, conforme grupo, sem a mistura de
ninhadas mesmo que do mesmo grupo. Esses animais são reservados na colônia e
permanecerão em processo de crescimento. No caso dos hamsters, os casais para
reprodutores são formados logo após o desmame e antes mesmo da maturidade sexual para
evitar rejeição do macho pela fêmea.
A sexagem e separação dos animais devem ser realizadas imediatamente após o
desmame, respeitando-se o tempo de cada espécie, evitando-se assim a ocorrência
indesejada de acasalamento entre irmãos ou até mesmo entre o macho reprodutor e suas
descendentes fêmeas.

IX.3.1.5 Crescimento

O período de crescimento dos animais varia em função das características informadas


pelos clientes, que podem variar de acordo com a idade, peso e até sexo dos animais
solicitados. Isto porque, em geral, os machos podem atingir o peso mais rápido do que as
fêmeas. Quando alcançadas as características desejadas, os animais são destinados ao
fornecimento, conforme já mencionado.
Em algumas colônias, como camundongos, cobaias e ratos, são selecionados animais
para renovação da colônia que crescem separados dos animais em crescimento reservados ao
fornecimento. A renovação completa das colônias ocorre paulatinamente ao longo de 12 meses
para camundongos, hamsters e ratos; ao longo de 24 meses para cobaias e fêmeas de
coelhos; e ao longo de 36 meses para machos de coelhos.
Alguns dos animais em crescimento podem ainda ser deslocados das colônias de
fundação para formação de colônias de produção, quando a primeira não produzir a
quantidade de animais necessária ao atendimento da demanda. Isto ocorre em colônias de
camundongos e ratos quando animais em crescimento são transferidos antes do
103

acasalamento, formando de gaiolas com um macho para mais de uma fêmea, alcançando
maior taxa de produção.
A colônia de fundação ou piloto tem a missão de se autoperpetuar e de fornecer
animais para a colônia de produção. A colônia de produção é formada para produzir animais
suficientes para atender a demanda.

IX.3.2 Manutenção da Colônia

A manutenção das colônias de animais contempla a troca dos materiais da criação para
higienização, o fornecimento de insumos e a higienização de rotina do ambiente, além da
verificação do. Os materiais utilizados no alojamento dos animais são estantes comuns e
microisoladoras; racks e trollers; gaiolas e bandejas; comedouros, frascos bebedouros e seus
suportes. Dentre os insumos fornecidos estão ração peletizada, água, maravalha para forração
das gaiolas e bandejas. Além destes, são disponibilizados outros insumos somente para
algumas espécies, como o feno como enriquecimento ambiental para cobaias, a semente de
girassol como alimento para algumas linhagens de camundongos, o algodão hidrófobo para
formação ninho em coelhos e camundongos.
A água fornecida aos animais é filtrada e, no caso de animais com certificação sanitária
(camundongos e ratos), é também esterilizada em autoclave. Em alguns casos pode ser
adicionado a ela medicamento para controle e tratamento de parasitas ou ainda no caso das
cobaias, pode ser enriquecida com solução de ácido ascórbico para suprir a deficiência de
vitamina C característica deste animal.
O acesso as colônias é realizado mediante a higienização corporal dos técnicos e a
paramentação com uniforme, touca, máscara e sapatilhas descartáveis, sapato de segurança e
luvas cirúrgicas, todos previamente esterilizados. Nas colônias de cobaias e hamsters não é
exigido o banho para acesso, mas os profissionais são orientados a realizar a higienização
corporal ao término do trabalho.
O processo de manutenção ocorre de forma contínua, onde o serviço de cada sala é
dividido ao longo da semana. Cada conjunto de gaiola completo (gaiola e acessórios) deve ser
substituído ao menos uma vez. Durante a troca das gaiolas, os animais são transferidos um a
um para a nova gaiola e caso seja verificada a presença de animais em óbito, estes devem ser
devidamente acondicionados para o descarte. Neste período, faz-se necessário também a
reposição de ração e água para os animais.
Ao final do expediente, todo o material sujo é separado, organizado e transferido para o
setor de higienização e é realizada a higienização do ambiente com a varrição da sala. Em
algumas colônias como coelhos e cobaias, são realizadas também lavagens de rotina do piso
com solução desinfetante.
Na Figura IX.5 estão representadas as etapas inerentes a Manutenção das Colônias.
104

MANUTENÇÃO PRODUÇÃO
DA COLÔNIA ANIMAL

ACASALAMENTO

INSPEÇÃO DOS ANIMAIS

GESTAÇÃO

TROCA DE MATERIAIS PARA


HIGIENIZAÇÃO

LACTAÇÃO

FORNECER ALIMENTO E
ÁGUA

SEXAGEM

FORNECER NINHO
CRESCIMENTO

FORNECER SUPLEMENTO
OU MEDICAÇÃO

FORNECER ITENS DE
ENRIQUECIMENTO
AMBIENTAL

HIGIENIZAÇÃO DA SALA

Figura IX.5 Relação do Processo de Manutenção das Colônias e Produção Animal


Fonte: Autora

IX.3.3 Resíduos Identificados

O mapeamento dos processos de produção e manutenção de roedores e lagomorfos


mantidos no Cecal possibilitou a identificação dos resíduos de serviço de saúde inerentes à
105

criação destes animais. A Tabela IX.1 lista estes resíduos e sua classificação segundo RDC
306 ANVISA e CONAMA 358.

Tabela IX.1 Resíduos Gerados na Criação de Roedores e Lagomorfos


Fonte: Autora
Resíduos Gerados Classificação
Algodão hidrófobo com resíduo de sangue e A4
excretas, utilizado como ninho.
Caixas de fornecimento animal (papelão) danificadas D
Carcaça e cadáver de animais A4
Frasco de medicamentos B
Frasco de produtos químicos e saneantes B
(embalagem plástica ou vidro âmbar)
Filtros dos sistemas de ar condicionado nas salas de A4
criação animal
Gaiolas e bebedouros danificados (policarbonato, D
polissulfona ou polipropileno)
Luvas cirúrgicas e embalagens (papel) D
Maravalha com excretas, sangue, feno e pêlo do A4
animal
Máscaras, toucas e sapatilhas descartáveis D
Material de higiene pessoal e embalagens D
Papel e papelão D
Ração: pó e embalagem D
Ração residual retirada da colônia A4
Resíduo de varrição da sala A4

IX.4 Mapeamento: Gnotobiologia

O setor de gnotobiologia é responsável pela obtenção de animais com status sanitário


definido por meio da técnica de histerectomia asséptica. Este procedimento é adotado no
recebimento de novas linhagens, no caso de contaminação de colônia ou quando for percebido
o risco de extinção. Atualmente é realizado somente em colônias de camundongos.
Durante o procedimento de histerectomia asséptica, o setor desenvolve ainda os
processos de produção e manutenção das colônias, da mesma forma como na criação. Como
os dois últimos processos já foram mapeados, nos atearemos apenas a histerectomia.

IX.4.1 Histerectomia Asséptica


O estabelecimento de uma nova colônia tem início com o recebimento de matrizes, em
geral um casal de cada linhagem. Ao receber estes animais, é realizada avaliação do estado
de saúde do animal e verificação de quantidade e sexo. Os animais que não possuírem
106

aparência saudável ficarão em quarentena. Aqueles que forem aprovados são acasalados
após 48 horas para expansão e formação de colônia que será chamada de doadora. Ao
mesmo tempo é expandida uma colônia com animais de mesma espécie, mas de linhagem já
estabelecida, que será chamada de receptora. Quando forem formados cinco casais em
reprodução para cada colônia, é agendada a histerectomia.
É importante que conciliar o parto da fêmea receptora com o procedimento, a fim de
garantir a aceitação dos filhotes da fêmea doadora pela fêmea receptora. A histerectomia da
fêmea doadora deve ser agendada após 24 horas do parto da fêmea receptora. É importante o
amadurecimento da ninhada da fêmea doadora.
A histerectomia ou cesárea asséptica é realizada para obtenção de filhotes com status
sanitário de qualidade e conseqüente formação de colônias “limpas”. Após o procedimento,
uma amostra da placenta é enviada para monitoramento sanitário e os filhotes da fêmea
doadora são alojados com a fêmea receptora, onde permanecem por 21 dias, até o desmame.
Após o desmame, a fêmea receptora é enviada para monitoramento sanitário e 50 dias
após o parto, um dos filhotes também. Caso ocorra a presença de microorganismo patogênico,
a ninhada é descartada. Caso contrário, os animais podem ser enviados ao setor de fundação
para formação da nova colônia.
A figura IX.6 representa o processo de histerectomia ou cesárea asséptica.
107

Recebe matrizes

Não
Triagem Conforme? Quarentena

Sim

Acasalamento

Expansão de
Colônias

Parto de fêmea
receptora

Seleção de fêmea
doadora

Histerctomia
Asséptica

Desmame de Monitoramento
fiilhotes sanitário doadora

Crescimento de Monitoramento Resultado Sim Envio para seção


ninhada sanitário filhote satisfatório? de fundação

Não

Expansão e
Descarte
produção

Figura IX.6 Fluxograma de Histerectomia Asséptica


Fonte: Autora

IX.4.2 Resíduos Identificados

Os resíduos de serviço de saúde verificados no setor de gnotobiologia estão


relacionados na Tabela IX.2, contemplando os resíduos resultantes das atividades de
manutenção e histerectomia.
108

Tabela IX.2 Resíduos Gerados na Gnotobiologia


Fonte: Autora
Resíduos Gerados Classificação
Ácido peracético residual B
Agulha hipodérmica A4
Bisturi E
Carcaça e cadáver de animais A4
Embalagem de produtos químicos (plástico ou vidro B
âmbar)
Gaiolas e bebedouros danificados (policarbonato, D
polisulfona ou polipropileno)
Gaze e luva com sangue A4
Luvas cirúrgicas (látex) e embalagens (papel) D
Máscaras, toucas e sapatilhas descartáveis D
Maravalha com excretas, sangue e pó de ração e A4
casca de semente de girassol.
Papel (fichas de descarte) A4
Ração: Pó de ração e embalagem (papelão) D
Vidrarias (Becker, proveta e pipeta) E
Vísceras A4

IX.5 Mapeamento: Sanitização Ambiental


A sanitização ambiental compreende o processo manual de higienização e desinfecção
de todas as superfícies nas salas de criação. De início, é feita a remoção das sujidades por
meio de varrição, e em seguida é aplicada solução aquosa de cloreto de benzalconeo. Por fim,
é aplicada solução aquosa de sanitizante veterinário a base de monopersulfato de potássio. Os
produtos utilizados são aplicados em todas as superfícies da sala e detalhes da construção
como visores, portas, e grades de exaustão e ventilação.
Em áreas bioprotegidas, como nas colônias de ratos e camundongos, os materiais
necessários para a sanitização são enviados por guichê de passagem ou autoclave. Nos
guichês são enviados produtos químicos, que sofrem processo de esterilização química por
ácido peracético ou formaldeído. Nas autoclaves são enviados recipientes com a água para
produção das soluções, que sofrem processo de esterilização física.
Nas áreas bioprotegidas faz-se ainda necessária a verificação dos resultados da
sanitização. A eficiência do processo é analisada mediante a coleta de amostras de swabs que
são enviados ao laboratório de controle da qualidade para avaliação microbiológica. A figura
IX.7 apresenta a representação do processo de sanitização.
109

Separação e
deslocamento de
produtos da
sanitização

Sim Recebimento
Esterilização de produtos da
sanitização

Não

Preparação de
soluções

Aplicação de 1ª Aplicação de 2ª Amostragem de


Varrição
solução solução Swab

Figura IX.7 Fluxograma de Sanitização Ambiental


Fonte: Autora

IX.5.1 Resíduos Identificados

Os resíduos gerados no processo de sanitização ambiental estão relacionados na


tabela IX.3.
Tabela IX.3 Resíduos Gerados na Sanitização Ambiental
Fonte: Autora

Resíduos Gerados Classificação


Ácido peracético residual B
Embalagem de produtos químicos (plástico ou vidro B
âmbar)
Formaldeído residual B
Luvas de segurança e embalagens (papel) D
Máscaras, toucas e sapatilhas descartáveis D
Resíduo de varrição da sala A4

IX.6 Mapeamento: Higienização e Esterilização


O setor de higienização e esterilização é responsável por fornecer insumos às colônias
e receber materiais para higienização e esterilização, bem como realizar o descarte dos
resíduos recebidos. A figura IX.8 apresenta a representação do processo de trabalho neste
setor.
110

Recebimento de
material sujo

Remoção matéria Recebimento


orgânica de insumos e
materiais

Acondicionamento
Separação e
e Descarte de
organização
resíduos

Sim Autoclavação ou
Higienização Esterilização Esterilização
Química

Não

Fornecimento de Fornecimento de
material limpo material estéril

Figura IX.8 Fluxograma de Higienização e Esterilização de Materiais


Fonte: Autora

Ao receber os materiais sujos da colônia, os técnicos do setor realizam a remoção da


matéria orgânica e posteriormente, os destinam a higienização. A higienização é realizada com
auxílio de máquinas lavadoras e consumo de detergentes neutro e desencrostante.
Os materiais destinados às áreas bioprotegidas necessitam ser esterilizados em
autoclaves a 121ºC por 20 minutos. Àqueles materiais que não suportarem a esta temperatura
poderão ser enviados por esterilização química. Atualmente são utilizados como esterilizantes
químicos os produtos formaldeído e ácido peracético.
Os insumos e novos materiais limpos destinados à área limpa seguem os mesmos
critérios de esterilização, sendo preferencialmente adotado o processo físico de esterilização,
utilizando-se de autoclaves.

IX.6.1 Resíduos Identificados

Os resíduos verificados no setor de higienização e esterilização estão relacionados na


tabela IX.4. Com abordagem apenas dos resíduos gerados pelo setor, tendo em vista que os
resíduos provenientes dos demais setores que enviam material para o setor de higienização já
foram representados.
111

Tabela IX.4 Resíduos Gerados no Setor de Higienização e Esterilização


Fonte: Autora

Resíduos Gerados Classificação


Álcool etílico 70% B
Ácido peracético B
Formaldeído B
Detergentes neutro e desencrostante B
Sanitizante a base de monopersulfato de potássio B
Gaiolas danificadas (policarbonato, polisulfona e D
polipropileno)
Bebedouros danificados (policarbonato e polisulfona) D

Touca, máscara e sapatilha descartável D


112

X- ACV : Criação de Coelhos

A pesquisa adotou a estrutura metodológica para Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)


proposta na NBR 14044:2009. Contudo, optou-se pela realização de um estudo de Inventário
de Ciclo de Vida (ICV), contemplando as etapas de definição de objetivo e escopo, análise de
inventário do ciclo de vida e interpretação de resultados, excluindo-se a etapa de avaliação de
impacto.

X.1 Definição de Objetivo e Escopo

X.1.1 Objetivo

O estudo tem o objetivo de avaliar o inventário do ciclo de vida (ICV) do processo de


criação em uma colônia de coelhos mantida em um biotério, de forma a representar os
processos envolvidos na produção animal e quantificar o consumo de insumos e as emissões
inerentes as atividades do ciclo.
São razões para a realização do estudo: a inexistência de estudos de ACV aplicados a
biotérios; a introdução de parâmetros ambientais na gestão da empresa, auxiliando os
processos de decisão; e como forma de apresentar aos clientes os processos desencadeados
pela solicitação deste tipo de produto e os inputs necessários, que possam dar uma dimensão
dos investimentos necessários a um biotério.
O público alvo deste estudo inclui profissionais que atuem na área de ciência de
animais de laboratório; profissionais de engenharia; estudantes e pesquisadores de instituições
relacionados à engenharia em geral, meio ambiente, resíduos, mudanças climáticas, e energia,
além de interessados na avaliação de ciclo de vida.

X.1.2 Escopo

X.1.2.1 Função do Sistema

O objeto deste estudo é o coelho produzido em biotério, e que tem como função a
utilização em pesquisas biomédicas, na produção, controle da qualidade e ensino em saúde.
São utilizados em testes, principalmente para uso tópico, devido à sua sensibilidade.

X.1.2.2 Unidade Funcional

A unidade funcional adotada para avaliação da criação de coelhos é de uma semana de


produção, para realização de todos os processos envolvidos no sistema. Os dados coletados
são referentes à necessidade de apenas uma das três salas de criação, a sala C2.

X.1.2.3 Fronteiras do Sistema

O estudo foi realizado no Cecal, um biotério de criação localizado na cidade do Rio de


Janeiro, no Campus Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz, uma instituição pública federal
vinculada ao Ministério da Saúde. A área selecionada é a colônia de coelhos,
113

especificamente na sala C2, uma sala de produção animal. Contudo, o estudo de todas as
atividades relacionadas à produção deste animal inclui ainda o setor de higienização e
esterilização, que atende a esta colônia fornecendo insumos e higienizando materiais, e o setor
de manutenção responsável em manter as condições do ambiente adequadas, controlando a
temperatura, as trocas de ar do ambiente e o fotoperíodo nas salas. Na figura X.1 é
apresentado o layout da colônia de produção de coelhos.

Sala de Estoque e
Preparo de Materiais

Guichê de
Passagem Tanque de Imersão Autoclave

Setor de Higienização -
Preparação e Envio de
Materiais

Sala de
Registro

Sala C3
Corredor de Distribuição

Air
Lock
C3

Sala C2

Air
Lock
C2

Air
Lock
C1
Sala C1

Vestiário Box de
Vestiário
Sujo Lavagem com
Limpo Banho Hidrolavadora
Hidrolavadora

Máquina Lavadora

Setor de Higienização -
Higienização de Materiais

Figura X.1 Layout da Colônia de Coelhos


Fonte: Autora
114

O ciclo de vida para produção destes animais contempla diversos estágios, desde a
extração de matérias-primas até a disposição final do resíduo em aterros sanitários com célula
especial para resíduo biológico. A figura X.2 apresenta os estágios do ciclo de vida em questão
e o recorte que será abordado, está destacado com tracejado em vermelho.

Figura X.2 Fronteiras do Sistema


Fonte: Autora

Esta pesquisa está restrita a etapa de produção animal no biotério, com início no
recebimento das matérias-primas e término na conclusão das atividades semanais da colônia.
Não serão analisados, portanto, etapas anteriores de extração, produção e transporte de
matérias-primas, bem como a distribuição, uso e disposição final.
Os processos elementares que compõem o sistema “Criação de Coelhos” são a
higienização de acesso dos técnicos; a sanitização do ambiente, a manutenção de rotina da
colônia; a troca de materiais para higienização; a limpeza de rotina do piso da área de criação;
a higienização de materiais e descarte de resíduos, a descontaminação de itens higienizados,
a esterilização de insumos, a higienização de saída dos técnicos de criação e de higienização;
além da climatização de todo ambiente em condições favoráveis à criação desses animais.
A figura X.3 apresenta um fluxograma do macro-processo de criação de coelhos.

Figura X.3 Fluxograma do Macro-Processo Criação de Coelhos


Fonte: Autora
115

O processo de trabalho na criação de coelhos tem início com o processo de


higienização corporal dos técnicos para acesso à colônia. Na colônia são desenvolvidas
atividades de rotina para manutenção da qualidade destes animais.
Ao longo de uma semana, inclusive finais de semana, é realizada a manutenção das
condições da colônia, com fornecimento principalmente de água e ração. Os materiais que
fazem parte do alojamento e manutenção dos animais devem ser trocados por outros
higienizados, a fim de fornecer um ambiente limpo ao animal e reduzir taxas de amônia
provenientes dos excretas. Este procedimento é concluído na sala C2 em apenas um dia da
semana, e ao seu término, é realizada a lavagem do piso do ambiente.
Os materiais sujos que foram recolhidos na criação são destinados ao setor de
higienização e esterilização. Neste, passam por processo de higienização em máquinas
hidrolavadoras e máquinas lavadoras de gaiolas e bandejas. Os materiais processados neste
setor são as bandejas, racks e gaiolas com acessórios.
Em geral, uma vez ao mês é desenvolvida a sanitização ambiental, um processo para
limpeza e desinfecção de todas as superfícies do ambiente de criação, a fim de evitar ou
reduzir a presença de microorganismos patogênicos.
Ao término de cada dia de trabalho, ocorre a higienização de saída dos técnicos da área
de criação e da área de higienização e disposição dos uniformes para lavagem por empresa
contratada.
Além dos processos desenvolvidos nos setores de criação de coelhos e higienização e
esterilização, o estudo de ICV irá abordar a climatização ambiental específica de biotério,
apresentando o consumo necessário para manter a refrigeração do ar e as dez trocas totais de
ar por hora, além de períodos alternados e regulares de luz e escuridão.
Os dados apresentados na climatização serão referentes ao sistema de equipamentos
específico da sala C2, estando exclusos os valores referentes ao consumo da central de água
gelada do sistema de refrigeração que atendem a todo sistema do biotério. Da mesma forma,
na higienização de materiais, será contabilizado o consumo de vapor necessário a algumas
máquinas que atendem somente a este setor, contudo não serão considerados os dados de
input e output referentes à produção deste valor em caldeira da Unidade.

X.1.2.4 Requisitos dos Dados

Os dados foram coletados em sua grande maioria de fontes primárias, com amostra
direta do processo analisado, ou seja, na área de produção. Contudo, alguns itens foram
obtidos de fonte secundária, com auxílio de revisão bibliográfica e considerações realizadas
por especialista com alto grau de experiência e conhecimento do setor avaliado.
A origem dos dados primários é relativa à coleta de dados durante uma semana de
2010 e duas semanas de 2011, com a pesagem in loco dos insumos e resíduos gerados
116

durante pesquisa de campo. A base principal da avaliação do sistema é o fluxo de massa das
entradas e saídas, além do consumo de energia elétrica.
A pesagem dos itens foi realizada em duas balanças, uma de precisão situada na
colônia e utilizada para pesagem de itens fornecidos e consumidos pelos animais, e outra
balança de maior porte instalada na área de higienização e utilizada para pesagem dos
resíduos e materiais da colônia, como gaiolas e racks.
Os dados de fonte secundária foram obtidos de manuais, artigos científicos e consulta
técnica a fabricantes de equipamentos e órgão de conhecimento reconhecido (Sabesp), além
de consulta técnica a profissional de experiência comprovada, como no caso de informações
relacionadas ao sistema de refrigeração.
No caso da utilização de artigo científico, foram adotados os dados divulgados em artigo
“Airborne contaminants in conventional laboratory rabbit rooms” publicado no periódico
Laboratory Animals em 2002, devido a inexistência de registros relacionados à emissão de
gases gerados na produção de animais no ambiente estudado.

X.1.2.5 Limitações

São consideradas limitações do sistema o curto período de coleta de amostras e os


limites definidos. Os dados foram coletados durante três semanas, tendo como amostra uma
das três salas destinadas a criação de coelhos.
A falta de registros de consumo e descarte de materiais da colônia representou também
uma limitação de dados para inserção no sistema, tendo em vista que o histórico destes dados
poderia ampliar o período da avaliação. Além disto, podemos incluir também a falta de relatório
de avaliação quanto à emissão de gases, que representaria o processo real e dispensaria a
consulta a periódicos.

X.2 Análise de Inventário do ciclo de vida

O inventário do ciclo de vida foi possível após o acompanhamento dos processos ao


longo de três de semanas, com o registro das quantidades de inputs e outputs dos processos
elementares. Em seguida, o macroprocesso de Criação de Coelhos é mapeado e lançado no
software Umberto®, formando uma rede de fluxos, que será alimentada por dados obtidos na
coleta. Por fim, após a inserção de todos os itens, é realizada a análise do inventário. A Figura
X.4 apresenta a representação gráfica padrão do Umberto® para o macro-processo estudado, a
criação de coelhos.
Figura X.4 Representação de Fluxo Umberto® para o Macro-Processo Criação de Coelho
Fonte: Autora
117
118

X.2.1 A Coleta dos Dados

A coleta dos dados foi realizada a cada dia das três semanas de acompanhamento,
inclusive aos finais de semana. Durante este período, foi necessário acessar a colônia de
animais para registrar as informações referentes aos insumos consumidos e resíduos gerados
na sala C2 para todos os processos elementares incluídos na fronteira de trabalho. O envio de
materiais provenientes desta sala para o setor de higienização foi controlado, separando os
itens dos materiais das outras duas salas.
A pesagem dos materiais tanto na colônia quanto na higienização só poderia ser
realizada na presença da pesquisadora e após conferência de sua origem, no caso, somente
itens da sala C2. O registro dessas informações foi realizado em planilhas semanais com
alimentação diária dos dados de entrada e saída de insumos e resíduos, conforme figura X.5,
apresentada a seguir.

Figura X.5 Planilha Semanal de Coleta de Dados


Fonte: Autora

X.2.2 Procedimentos de Cálculos

Ao final da etapa de coleta de dados, foram realizados os procedimentos de cálculo


relacionados a cada processo elementar para obtenção dos valores médios e, em seguida, a
validação dos dados por meio dos balanços de massa e energia com representação em folha
de dados para processo elementar. Esta representação foi realizada para, além de auxiliar no
balanço de massa, facilitar a posterior representação dos fluxos no Umberto®. O modelo de
119

folha de dados utilizado foi baseado no Anexo A4 contido na norma ISO 14044:2009, conforme
figura X.6.

Figura X.6 Modelo de Folha de Dados Utilizado


Fonte: ISO 14044:2009

Ao longo da semana, trabalham em toda criação três funcionários em dias úteis e dois
plantonistas aos finais de semana, totalizando um número de dezenove acessos de
funcionários ao longo de uma semana de trabalho.
Os valores finais apresentados a cada insumo ou resíduo são resultado da média dos
valores obtidos nas três semanas de avaliação, com exceção ao processo de sanitização que,
como é realizado apenas uma vez ao mês, só obteve registro de uma avaliação.

X.2.2.1 Higienização de Acesso

O processo de Higienização de Acesso consiste na higienização corporal a que devem


se submeter os técnicos da área de criação no acesso à colônia de coelhos. Contempla as
atividades de escovação de dentes, banho e paramentação. Para isto, consome os insumos:
água potável, shampoo, sabonete líquido e pasta de dente, além de um kit de equipamento de
proteção individual (EPI) em tecido não tecido (TNT) e luva cirúrgica estéril embalada.
Os funcionários dividem suas atividades todos os dias entre as três salas de criação,
por este motivo, os dados referentes apenas a sala C2 são equivalentes a 1/3 do consumo
total. Além disto, em função do chuveiro elétrico e da iluminação do setor serem utilizadas na
Higienização de Acesso e Higienização de Saída, o consumo de energia elétrica será dividido
entre estes dois processos.
120

As saídas do processo são os resíduos da embalagem da luva e da água suja de banho


e escovação, além do EPI utilizado pelo técnico como material intermediário e que segue para
processos seguintes. Este item será ponderado entre três processos: a Manutenção da
Colônia, a Troca de Materiais e a Sanitização. A seguir estão descritos os procedimentos de
medição e cálculo para insumos e resíduos do processo.
Consumo de água potável: é a soma da água consumida no banho e escovação.
Segundo dados obtidos em site institucional da Sabesp, considerando o registro como meio
aberto e que as torneiras não são fechadas durante o procedimento, o consumo por pessoa é
de 45 litros para um banho de 15 minutos em chuveiro elétrico, e 12 litros para uma escovação
de dentes por 5 minutos.
Consumo de shampoo: foi medido através da diferença entre o peso da embalagem
antes e depois do procedimento, ao longo de uma semana. A pesagem em balança de
precisão durante este período apontou para um consumo médio de 8 gramas por pessoa. Este
valor foi adotado como referência de consumo para as semanas seguintes.
Consumo de sabonete líquido: foi adotado procedimento semelhante ao realizado no
shampoo. A pesagem em balança de precisão apontou para um consumo médio de 15,4
gramas por pessoa.
Consumo de pasta de dente: foi adotado procedimento semelhante ao realizado no
shampoo e sabonete líquido. A pesagem em balança de precisão apontou para um consumo
de aproximadamente 1grama por pessoa.
Consumo de EPI em TNT: cada profissional deve usar um kit composto de uma
máscara, uma touca e um par de sapatilhas. Estes itens foram pesados em balança de
precisão, tendo sido obtido o valor de 10,5 gramas por pessoa.
Consumo de luva cirúrgica estéril embalada: a pesagem em balança de precisão da
luva embalada registrou o peso de 27,9 gramas por par de luvas. É adotado o consumo de um
par de luva por dia para cada profissional, desconsiderando-se as perdas.
Consumo de energia elétrica: é referente ao uso de chuveiro elétrico de potência de
3200 watts para banho de 15 minutos por funcionário e iluminação de vestiários e box para
banho ao longo de uma semana. A iluminação é proporcionada por 8 lâmpadas de 40 watts por
8 horas de expediente nos dias úteis e 6 horas nos finais de semana em regime de plantão.

(Equação 1)

= Consumo de energia elétrica (kJ)


= Potência total do equipamento ou instalação (W)
= Tempo de uso para uma semana (h)
= fator de conversão de unidade, neste caso é 3,6 para transformar W.h em kJ
121

Descarte de embalagem da luva: o material de embalagem da luva foi pesado em


balança de precisão e registrou o valor de 6,9 gramas para cada par de luvas. Este valor foi
adotado para as demais embalagens descartadas durante o período de avaliação.
Descarte de água suja: é considerada como a soma do peso da água potável,
shampoo, sabonete e pasta de dente gerada do banho de todos os profissionais ao longo de
uma semana, sendo desconsideradas perdas no processo.
Saída de Material Intermediário - EPI: ao acessar a colônia, o profissional realiza três
procedimentos principais, a manutenção da colônia, a troca de materiais ou ainda a
sanitização, cada um com uma periodicidade específica. Por conta disso, o EPI será
ponderado entre estes processos de forma proporcional a sua freqüência de execução.
São realizadas atividades na sala C2 em todos os trinta dias de cada mês, sendo que
basicamente um dia é dedicado principalmente à sanitização, quatro dias à troca de materiais e
vinte e cinco dias à manutenção dos animais. Então, em função desta freqüência, é atribuída a
ponderação de 1/30, 4/30 e 25/30 para distribuição da massa do EPI entre estes três
processos, respectivamente.

X.2.2.2 Sanitização

O processo de Sanitização do ambiente consiste na higienização e desinfecção manual


de todas as superfícies da sala de criação, de forma a evitar ou reduzir a presença de
microrganismos. É realizada uma vez ao mês, após a higienização corporal e a paramentação
do técnico, indispensável para o acesso a colônia. Por conta de sua freqüência mensal, todos
os itens medidos neste processo serão adotados para uma semana, a unidade funcional.
Os insumos necessários a este processo são água potável, desinfetante a base de
amônia quaternária (desinfetante 1), sanitizante veterinário a base de monoperssulfato de
potássio, além de luvas de proteção e o epi de sanitização vestido no acesso a criação. A
sanitização gera como resíduo a água suja resultante da aplicação das soluções desinfetantes
e a luva de proteção usada.
Consumo de água potável: é a soma da água consumida para produção de solução
desinfetante e sanitizante. O valor de massa foi obtido por meio de pesagem da água em
balança de precisão com auxílio de recipientes disponibilizados na colônia.
Consumo de desinfetante 1: A quantidade recomendada para produção da solução
em concentração determinada foi pesada em balança de precisão.
Consumo de sanitizante: A quantidade recomendada para produção da solução
sanitizante foi pesada em balança de precisão no momento de preparo.
Consumo de luva de proteção: A manipulação de produtos químicos necessita a
utilização de luva de segurança, além da luva cirúrgica vestida para o acesso a área. O
consumo é de um par de luvas por funcionário a cada mês, sabendo que são dois os
profissionais que executam a atividade.
122

Consumo de epi de sanitização: resultado da ponderação de epi, representando 1/30


da quantidade de epi consumido para o trabalho na sala C2
Descarte de água suja: é considerada como a soma da massa da água potável,
desinfetante 1 e sanitizante gerados na sanitização da sala C2, desconsiderando perdas no
processo.
Descarte da luva de proteção usada: ao final do procedimento, a luva é descartada.
Portanto, o valor de saída é igual ao valor de entrada das luvas de proteção.
Saída de material intermediário - epi de sanitização: o funcionário paramentado ao
concluir a Sanitização seguirá até a saída da colônia por processo de Higienização de Saída.

X.2.2.3 Manutenção da Colônia

A Manutenção da Colônia é um procedimento manual executado pelos técnicos da


criação e que envolve o fornecimento de insumos, a verificação da situação dos animais e o
descarte de pequena parte de resíduos da colônia. Os principais insumos administrados são
ração, água filtrada e algodão hidrófobo colocados nas gaiolas. A ração é disposta nos
comedouros para completar a quantidade que foi consumida, os bebedouros são trocados
quando a quantidade de água estiver abaixo da metade da capacidade do frasco e o algodão
hidrófobo é distribuído em gaiolas de fêmeas com filhotes para formação de ninho.
Os resíduos gerados são água residual do bebedouro, cadáver/carcaça animal e
resíduo de varrição. A água residual é proveniente de frascos trocados, mas que ainda
possuem uma parte da água que não foi consumida pelo animal. Caso seja verificada a
presença de animais em óbito, este é devidamente descartado. Ao final do procedimento de
fornecimento e verificação, o piso da sala é varrido e o resíduo também descartado.
Na maior parte dos dias é realizada apenas a manutenção da colônia, sendo oferecida
grande quantidade principalmente de ração e água, contudo os resíduos coletados são apenas
referentes à varrição do piso. A coleta dos resíduos gerados à partir do fornecimento destes
insumos só será realizada durante a troca de materiais, outro processo de trabalho desta
representação. Além disto, nem tudo que é consumido pelos animais é transformado em
excretas. Parte desta massa é absorvida pelo animal, que ganha peso. Com isto, a diferença
entre o volume de input e output será atribuída a um coeficiente que será convertido em
resíduo e animal, e que só poderá ser totalmente analisado no processo de Troca de Materiais.
O coeficiente gerador de resíduo e coelho e o epi utilizado pelo técnico na manutenção
são, portanto, os materiais intermediários deste processo que alimentam a entrada de outros
processos. O primeiro seguindo para a Troca de Materiais, e o segundo para a Climatização
ambiental.
Consumo de ração: a quantidade de ração administrada na colônia foi pesada e
registrada a cada dia de manutenção, por fim foi realizada a média de consumo das três
semanas de avaliação.
123

Consumo de água filtrada: a água filtrada é fornecida aos animais em frascos


bebedouros de aproximadamente 1 litro. Ao analisar os frascos observou-se pequenas
diferenças, então, para se encontrar um valor de referência, foi escolhida uma amostra
aleatória de 10 frascos cheios, realizada a pesagem total e calculada a média de água (em Kg)
por frasco. Este valor médio foi utilizado para os cálculos em função da quantidade de frascos
disponibilizados aos animais a cada dia durante as três semanas, e por fim foi realizada a
média semanal. Segue abaixo quadro com valores obtidos em amostra e média em Kg por
frasco.
Quadro X.1 Amostra de Água Filtrada
Amostra Massa (g) Amostra Massa (g)

01 1016 06 1013,7
02 1005,3 07 1014,0
03 1019,5 08 1006,0
04 1028 09 1023,6
05 1006,9 10 1016,0
Massa média por
1014,9 gramas/frasco
frasco

Consumo de algodão hidrófobo: o algodão fornecido no processo de manutenção foi


obtido após a pesagem de embalagem ao início do dia e após a atividade. Estes valores foram
registrados e por fim foi realizada a média de consumo das três semanas de avaliação.
Consumo de epi de manutenção: resultado da ponderação de epi, representando
25/30 da quantidade de epi consumido para o trabalho na sala C2.
Descarte da água residual do bebedouro: obtida por pesagem da água residual dos
bebedouros recolhidos durante os dias de manutenção, com auxílio de recipientes.
Descarte de carcaça/cadáver animal: durante a vistoria dos animais na colônia,
aqueles encontrados em óbito foram recolhidos e pesados.
Descarte de resíduo de varrição: parte da maravalha, fezes, urina e até poeira e pêlo
animal caem sobre o piso que ao final de cada dia, após a conclusão dos procedimentos, é
varrido e descartado adequadamente.
Saída de material intermediário - epi de manutenção: o funcionário paramentado ao
concluir a Manutenção da Colônia sairá da criação com o processo de Higienização de Saída,
que possui o mesmo valor de entrada.
Saída de material intermediário – coeficiente geratriz de resíduo e coelho: é
determinado pela diferença entre os valores de entrada e saída do processo. Segue para o
processo Troca de materiais, quando os materiais são substituídos e os resíduos totalmente
descartados, onde será realizado novo balanço.
124

X.2.2.4 Troca de Materiais

É um processo manual executado pelos técnicos da criação e que consiste na


substituição de racks, bandejas, gaiolas e acessórios sujos, utilizados pelos animais ao longo
de uma semana, por outros higienizados. Ao seu término, o piso é varrido e o resíduo sobre as
bandejas e gaiolas é removido para que os materiais sejam higienizados. A Troca de materiais
tem o objetivo de promover um ambiente adequado a animais e aos técnicos, minimizando a
liberação de gases produzidos pelos excretas, e garantir a qualidade sanitária dos animais,
reduzindo sua possibilidade de contaminação.
Os coelhos são alojados em um sistema de gaiola com bandeja, dispostos em racks
que são organizados lado a lado na sala de criação, conforme apresentado na figura X.7. Na
gaiola estão dispostos acessórios como comedouros e suportes de bebedouros, para dispor
ração e água aos animais. Dentro da gaiola somente é disposto algodão hidrófobo, quando na
necessidade de ninho para filhotes. A bandeja é recoberta com maravalha e tem a função de
absorver a umidade de urina e fezes que são liberados da gaiola, que possui furos no fundo.

Figura X.7 Sala de Criação de Coelhos


Fonte: Autora

Os insumos consumidos na troca dos materiais da colônia são água filtrada, algodão
hidrófobo, maravalha, ração e materiais higienizados, além do epi utilizado pelos profissionais
na execução das atividades. O processo recebe como entrada também o coeficiente geratriz
de coelho e resíduo, um material intermediário proveniente da Manutenção da colônia, tendo
em vista que muitos dos materiais fornecidos durante a manutenção só serão descartados
após a troca dos materiais.
As saídas do processo são ração residual, água residual dos bebedouros, maravalha
suja, carcaça/cadáver animal, resíduo da gaiola, resíduo de varrição, poeiras/partículas,
amônia e materiais sujos. Além disto, apresenta a saída de materiais intermediários: epi de
125

troca e o coeficiente geratriz de coelho. Como no processo de troca, todos os resíduos são
descartados, inclusive aqueles provenientes do fornecimento de insumos da Manutenção da
Colônia, a diferença entre o volume de input e output será atribuída a um coeficiente que
representa o ganho de peso dos coelhos durante este período. Ou seja, o sistema atribui a
diferença no balanço de massa, provocada por uma entrada superior a um valor de saída, a
geração de massa de coelho.
Consumo de água filtrada: foi adotado o peso médio obtido por meio de amostras
utilizado na Manutenção dos animais, ou seja, 1014,9 gramas por frasco de bebedouro
fornecido aos animais a cada dia. Ao final foi calculada a média semanal.
Consumo de algodão hidrófobo: procedimento idêntico ao realizado na Manutenção
da Colônia, com pesagem ao início e fim da atividade e cálculo da média de consumo das três
semanas de avaliação.
Consumo de ração: a quantidade de ração administrada na colônia foi pesada e
registrada a cada dia de manutenção, por fim foi realizada a média de consumo das três
semanas de avaliação.
Consumo de maravalha: é disposta nas bandejas de forma manual com auxílio de
recipiente medidor, não havendo padronização de peso e sim de volume. Foi realizada a
pesagem de dez amostras consecutivas e calculada a média de maravalha (em Kg) fornecida a
cada bandeja para encontrar um valor de referência. Este valor médio foi utilizado para os
cálculos em função da quantidade das bandejas trocadas a cada semana e por fim foi realizada
a média semanal. Segue abaixo quadro com valores obtidos em amostras e média em Kg por
frasco.
Quadro X.2 Amostra de Maravalha
Amostra Massa (g) Amostra Massa (g)

01 127,8 06 162,6
02 256,0 07 128,0
03 278,9 08 198,4
04 164,0 09 284,0
05 278,0 10 234,0
Massa média por
211,17 gramas/frasco
frasco

Consumo de epi de troca: resultado da ponderação de epi, representando 4/30 da


quantidade de epi consumido para o trabalho na sala C2.
Entrada de Materiais de Troca da colônia: As bandejas, gaiolas e acessórios limpos
foram todos pesados em balança de grande porte situada na área de higienização. Quanto aos
racks, em função do peso, foram pesados três aleatoriamente e não foi verificada variação.
Então este peso foi adotado como padrão para os demais.
126

Entrada de coeficiente geratriz de resíduo e coelho: este material vem do processo


Manutenção de Colônia, em mesmo valor, para balancear os materiais fornecidos e só
retirados no dia da troca.
Descarte da água residual do bebedouro: obtida por pesagem da água residual dos
bebedouros recolhidos durante os dias de troca com auxílio de recipientes, por fim é realizado
o cálculo da média entre as semanas.
Descarte da ração residual: obtida por pesagem da ração não consumida, pó e
sujidades restantes nos comedouros.
Descarte da maravalha suja: este material é descartado em containers, onde foi
realizada a diferença da pesagem antes e depois do descarte, nos dias de troca de cada
semana.
Descarte de carcaça/cadáver animal: durante a troca das gaiolas, os animais são
transferidos para gaiolas limpas e aqueles encontrados em óbito durante o processo foram
recolhidos e pesados.
Descarte de resíduo de varrição: Após a conclusão da troca, o piso é varrido e todo
resíduo presente neste é descartado.
Descarte de resíduo da gaiola: é o algodão hidrófobo utilizado como ninho e que
absorve sangue, urina e fezes dos filhotes. Foi pesado separadamente do resíduo das
bandejas (maravalha).
Descarte de amônia e partículas de poeira no ar: devido a falta de relatórios de
emissão de gases e contagem de partículas foi utilizado como referência o artigo “Airborne
contaminants in conventional laboratory rabbit rooms” publicado em 2002 no periódico
Laboratory Animals. Neste foi desenvolvido estudo com coelhos em condições ambientais
semelhantes à encontrada no Cecal, contudo a colônia amostral possuía quantidade inferior de
animais. Foram analisadas duas salas por dois dias, e as taxas de emissão selecionadas como
referência para esta pesquisa foram as mais altas encontradas tanto para amônia quanto para
partículas, sendo respectivamente 0,2mg/m 3 ao dia e 0,1mg/m3 ao dia. O volume encontrado
da sala C2 é de 288,6 m3.
Saída de bandejas, gaiolas e acessórios sujas: Estes itens foram pesados após a
retirada dos resíduos e antes de sua higienização, quando ainda apresentavam incrustações
de sujeira. Os acessórios da gaiola considerados foram os suportes de bebedouros e
comedouros.
Saída de racks sujos: a sujeira apresentada nos racks é representada apenas por
poeira e pêlo animal. Em função da sensibilidade da balança de grande porte, não foi verificada
diferença entre os pesos sujo e limpo.
127

Saída de material intermediário - epi de troca: o funcionário paramentado, ao concluir


a Troca da colônia, seguirá com o procedimento de Limpeza de Rotina da sala. O valor de
saída é igual a da entrada.
Saída de material intermediário – coeficiente geratriz de coelho: é determinado pela
média da diferença entre os valores de entrada e saída do processo durante as três semanas.

X.2.2.5 Limpeza de Rotina

Representa a higienização do piso da sala C2, em seguida da troca de materiais. É


realizada com uso de duas soluções, uma a base de amônia quaternária (desinfetante 1) e
outra a base de hipoclorito de sódio (desinfetante 2). Necessita de três insumos: água potável e
os dois desinfetantes, além do epi dos funcionários e que é o mesmo utilizado na Troca de
materiais. O processo gera resíduos líquidos que são descartados como efluentes.
Consumo de água potável: é a soma da água consumida para produção das duas
soluções empregadas. O valor de massa foi obtido por meio de pesagem da água em balança
de precisão com auxílio de recipientes disponibilizados na colônia.
Consumo de desinfetantes: obtido através da pesagem dos desinfetantes segundo
orientação de preparo das soluções.
Entrada e Saída de epi de troca: o técnico utiliza o mesmo epi empregado durante a
Troca, tendo em vista que estes processos são executados em seqüência. Por isto, o valor de
entrada é o mesmo do processo anterior, assim como o valor de saída deste epi do processo.
Descarte da água suja: consiste na soma de peso da água potável e dos
desinfetantes, desconsiderando perdas no processo.

X.2.2.6 Higienização de Materiais

Consiste na higienização dos materiais sujos, provenientes da sala C2 da colônia de


coelhos, além da limpeza do setor ao final do expediente. É um processo executado pelos
técnicos da higienização com auxílio de uma hidrolavadora e uma máquina lavadora específica
para biotério, apresentadas na figura X.8.
Os insumos consumidos neste processo são água potável, detergente, vapor saturado,
epi em TNT e luvas de proteção, além de necessitar do consumo de energia elética para
funcionamento dos equipamentos e iluminação da área. O processo recebe como entrada
também os materiais sujos da colônia e o coeficiente geratriz de coelho e resíduo, este último
um material intermediário proveniente da Manutenção da Colônia, já que muitos dos materiais
fornecidos durante a manutenção só serão descartados após a troca dos materiais.
Os resíduos gerados do processo de Higienização dos Materiais são a água suja da
lavagem dos materiais e o resíduo retido na máquina lavadora. O processo tem como saída
racks, bandejas, gaiolas e acessórios, além dos itens de paramentação que só serão
128

descartados ao final de todas atividades quando for realizada a higienização de saída do


técnico.

Figura X.8 Máquina Lavadora e Hidrolavadora


Fonte: Autora

Consumo de água potável: é a soma da água consumida na utilização de


hidrolavadora e máquina lavadora. A hidrolavadora possui vazão de 24litros por minuto e é
utilizada para pré-lavagem de gaiolas e acessórios e para higienização de racks e da área de
trabalho. O manual técnico da máquina lavadora não indica a taxa de consumo de água por
hora, por conta disto, o consumo adotado será correspondente a capacidade de volume de
seus tanques, não sendo considerada a taxa de renovação de água no equipamento. Para
melhor entendimento dos procedimentos de cálculo, estes serão detalhados a seguir.
1º) Consumo de água da máquina lavadora: é a soma das capacidades de volume dos
quatro tanques responsáveis pelo processo completo de higienização. Os volumes foram
calculados à partir do levantamento in loco das dimensões dos tanques, conforme apresentado
no Quadro X.3, alcançando um resultado de 1060,8 litros.

Quadro X.3 – Volume dos tanques da máquina lavadora


Tanque Dimensões (cm) Volume (l)
01 125 x 25 x 136 425,0
02 76 x 25 x 136 258,4
03 76 x 25 x 136 258,4
04 35 x 25 x 136 119,0

2º) Consumo de água da hidrolavadora: o cálculo é baseado na vazão do equipamento,


de 24 litros por minuto. Por conta disto, foi necessário o levantamento dos tempos médios
dispensados a cada material processado. Isto ocorreu com o acompanhamento das atividades
e marcação dos tempos por um período amostral, em seguida estes tempos foram adotados
como referência e calculada a média entre as semanas de avaliação.
129

O tempo médio de higienização observado de cada unidade é de 35 segundos por


gaiola e 50 segundos por rack.

Quadro X.4 – Consumo de água da hidrolavadora: higienização de gaiolas


Nº gaiolas Tempo (seg) Consumo Média
higienizadas H2O (l) semanal (l)
Semana1 119 4165 1666
Semana2 126 4410 1764
1717,333333
Semana3 123 4305 1722
Médias 122,666667 4293,333333 1717,333333

Quadro X.5 – Consumo de água da hidrolavadora: higienização de racks


Nº gaiolas Tempo Consumo Média
higienizadas (seg) H2O (l) semanal (l)
Semana1 10 500 200
Semana2 10 500 200
205
Semana3 11 550 220
Médias 10,333333 516,666667 206,666667

Os acessórios de gaiola, comedouros e suportes de bebedouros são dispostos em duas


gaiolas de cobaia que são completadas com aproximadamente 100 litros em cada, de forma a
deixar os materiais submersos e em repouso. Portanto, o consumo de água para lavagem
destes materiais é de 200 litros, que na vazão da máquina representam 8,33333 minutos ou
500segundos. Por fim, a máquina lavadora e o setor são lavados ao final do trabalho de
higienização dos materiais, que no caso da sala C2 é realizado em 1 dia da semana. O tempo
aproximado para conclusão desta limpeza é de 15 minutos, o que resulta num consumo de 360
litros de água.
Consumo de água potável = consumo máquina lavadora + consumo hidrolavadora
Consumo máquina lavadora = 1060,8 litros = 1060,8 kg
Consumo hidrolavadora = 1717,333333 + 205 + 200 + 360 = 2482,333333 litros =
2482,333333 kg.
Consumo de energia elétrica: é a soma do consumo de energia da hidrolavadora, da
máquina de lavar e da iluminação da área de higienização. Como dados técnicos das
máquinas, temos que a hidrolavadora possui potência de 4CV e a máquina lavadora uma taxa
de consumo de energia de 25,9 kW/h. Além disto, sabe-se que o setor de higienização é
iluminado por 24 lâmpadas de 40W acesas durante todo horário de expediente. Atualmente
cada um dos dois funcionários trabalha 8 horas por dia, contudo o setor opera por 10 horas
devido ao escalamento de horário.
1º) Consumo de energia elétrica da máquina lavadora: O cálculo foi realizado com uso
da Equação 1, multiplicando a potência do equipamento pelo tempo médio de uso semanal da
máquina. Durante o acompanhamento das atividades foi realizada a marcação dos tempos por
130

um período amostral, em seguida estes tempos foram adotados como referência para cálculo
dos materiais processados e calculada a média entre as semanas de avaliação.
No caso das bandejas foi encontrado o tempo médio de 30 segundos por unidade e
para as gaiolas 23 segundos. Os acessórios das gaiolas são higienizados na máquina dentro
das próprias gaiolas de coelho, sendo utilizado regularmente 2 gaiolas para comedouros e 1
gaiola para suportes de bebedouros, que também terão seus tempos contabilizados. O Quadro
X.6 apresenta estes dados.

Quadro X.6 – Tempo de Uso da Máquina Lavadora


Nº Tempo Nº Tempo gaiolas c/ Tempo
bandejas (30s/un) gaiolas (23s/un) acessórios (23s/un)
Semana1 115 3450 119 2737 03 69
Semana2 126 3780 126 2898 03 69
Semana3 118 3540 123 2829 03 69
Médias 119,667 3590 122,667 2821,333 03 69

Tempo médio total de uso = 6480,333 segundos = 1,800093 horas


Consumo de energia da máquina lavadora = 167840,676 kJ

2º) Consumo de energia elétrica da hidrolavadora: O cálculo foi realizado com uso da
Equação 1, multiplicando a potência do equipamento pelo tempo médio de uso semanal da
máquina. Conforme já apresentado anteriormente, o tempo de utilização da máquina é
referente a 4293,333333 segundos para gaiolas, 516,666667 segundos para racks, 500
segundos para acessórios da gaiola e 900 segundos para higienização do setor de trabalho, ou
seja, um total de 6210 segundos ou 1,725 horas.
Consumo de energia da hidrolavadora = 18269,790192 kJ

3º) Consumo de energia elétrica da iluminação: O cálculo foi realizado com uso da
Equação 1, multiplicando a potência das lâmpadas pela quantidade e pelo tempo de utilização.
Consumo de energia da iluminação = 34560 kJ
Ou seja,
Consumo energia elétrica na Higienização= energia máquina lavadora + energia hidrolavadora +
energia iluminação = 220670,466192 kJ

Consumo de detergente: Média semanal do consumo de detergente utilizado na


máquina lavadora ao longo das três semanas de avaliação. Os valores foram obtidos em
pesagem em balança de precisão.
Consumo de vapor saturado: Segundo informações obtidas no manual da máquina
lavadora, o equipamento possui uma taxa de consumo de vapor de 26 kg/h por hora. Foi
utilizado o tempo médio de uso da máquina calculado anteriormente para consumo de energia
elétrica (1,800093 horas).
131

Consumo de epi TNT: Em função da utilização do mesmo kit de epi em TNT, foi
adotado nos cálculos o mesmo peso padrão do processo Higienização de Acesso, 10,5g.
Sabendo que dois funcionários em um dia de trabalho concluem a higienização dos itens da
sala C2.
Consumo de luva de proteção: Cada funcionário consome um par de luvas por
semana, onde o peso de cada par é de 8 gramas.
Entrada de materiais sujos da colônia: possui mesmo valor atribuído ao final do
processo Troca de Materiais.
Descarte de resíduo retido na máquina: na higienização, em máquina lavadora, parte
da sujeira que estava sobre os materiais sujos e que é removida, acaba retida em filtro da
máquina para descarte ao final da operação. O valor adotado é referente à média das
pesagens encontrada no período de avaliação.
Descarte de água suja: é a soma das massas da água potável, do detergente, do
vapor que condensa e da sujeira sobre os materiais, menos o valor referente ao resíduo retido
na máquina.
Saída de materiais da colônia higienizados: Todos os materiais foram pesados após
a higienização em balança de grande porte na área de higienização, tendo sido inserido os
valores médios.
Saída de material intermediário - epi de troca: o técnico ao concluir a Higienização de
Materiais deve seguir para o processo de Higienização de Saída. O valor de saída é igual a
massa do epi em TNT e luva de proteção.

X.2.2.7 Desinfecção

A desinfecção é um procedimento manual realizado ainda no air lock, em gaiolas e


bandejas higienizadas que retornam a colônia, com a aplicação direta de solução aquosa de
hipoclorito de sódio sobre as superfícies. Neste processo, são consumidos hipoclorito de sódio
e água potável. Além disto, foi atribuído a este processo o consumo de energia referente à
iluminação do air lock.
Consumo de água potável: é a água consumida para produção da solução aquosa de
hipoclorito de sódio. O valor de massa foi obtido por meio de pesagem da água em balança de
precisão com auxílio de recipientes disponibilizados na colônia.
Consumo de desinfetante 2: obtido através da pesagem do desinfetante segundo
orientação de preparo da solução.
Consumo de energia elétrica: Como a desinfecção é feita no air lock, o consumo total
de energia elétrica para iluminação desta área foi incluído no balanço de massa deste
procedimento, apesar do mesmo não ser realizado por 8 horas, contudo a área fica iluminada
por este período. O valor foi calculado por meio da Equação 1, para utilização de 4 lâmpadas
de 40W.
132

Entrada e Saída de materiais higienizados: os materiais que retornam da


higienização são aqueles que passarão pela desinfecção. O peso atribuído é igual ao de saída
da área de higienização, assim como o mesmo valor é considerado para os materiais após a
desinfecção.
Descarte da água suja: consiste na soma de peso da água potável e do desinfetante,
considerando que toda água aplicada será descartada.

X.2.2.8 Estoque

Os materiais após higienização e desinfecção, e insumos após esterilização, são


mantidos na sala de estoque e preparo de materiais e na área de circulação interna, onde
permanecem até sua utilização. Estes materiais estão prontos, exceto as bandejas que ainda
necessitam ser forradas com maravalha esterilizada antes do uso. Apresenta o consumo de
energia elétrica do setor, além de receberem a entrada dos materiais e insumos. A saída do
processo é representada por materiais em estoque, e não produz resíduo.
Consumo de energia elétrica: O consumo total de energia é referente a iluminação do
setor e é obtido com uso da Equação. A potência total da instalação é definida por 8 lâmpadas
de 40W na sala de estoque e 20 lâmpadas de 40W no corredor, e o tempo de operação é de 8
horas de expediente. Como a área de estoque é comum as três salas de criação, a energia
será dividida entre estas.
Entrada de materiais e insumos: O peso de entrada dos materiais e insumos é igual
aos pesos de saída nos processos de Desinfecção e Esterilização, respectivamente.
Saída de materiais em estoque: É a soma da massa dos materiais higienizados e
desinfetados e dos insumos esterilizados.

X.2.2.9 Esterilização

Consiste na esterilização de insumos como maravalha e algodão hidrófobo em


autoclave 4500 litros, assegurando sua qualidade sanitária. Atualmente é realizado um ciclo de
esterilização por semana para a maravalha, e um ciclo a cada 15 dias para o algodão, gerando
uma média de 1,5 ciclos por semana para atendimento a sala C2. Cada ciclo consome o tempo
total de pelo menos 80 minutos nas etapas de pré-vácuo, esterilização, secagem e
resfriamento, sendo destinados 20 minutos para cada etapa. O funcionamento do
equipamento necessita do consumo de água potável, energia elétrica e vapor saturado. Os
dados técnicos referentes ao consumo do equipamento foram obtidos por meio de consulta
técnica junto ao fabricante. A figura X.9 apresenta a foto da autoclave utilizada no processo.
Consumo de água potável: o consumo de água do equipamento é de 3 a 5 litros por
minuto, tendo sido adotado o maior valor de referência, 5 l/min para o tempo total de uso da
máquina.
133

Consumo de energia elétrica: O consumo total de energia é referente a autoclave e a


iluminação do setor e é obtido com uso da Equação 1. A potência do equipamento é de 6kW
para 80 minutos de ciclo, para 1,5 ciclos semanais. A potência total da instalação é definida por
8 lâmpadas de 40W na área adjacente ao equipamento, por igual período dispensado a
Higienização de Materiais, ou seja, 10 horas.
Consumo de vapor saturado: a taxa de consumo de vapor é de 138,32 kg por hora,
sabendo que a média do número de ciclos é 1,5 com 80 minutos cada.
Entrada de insumos: Segundo registro de acompanhamento das três semanas de
avaliação para a sala C2, o consumo de maravalha é de 30 kg por semana e o de algodão
hidrófobo 15 kg por quinzena, ou ainda 7,5 kg por semana.
Descarte de condensado de esterilização: é a soma da água potável e do vapor
saturado, desconsiderando perdas no processo.
Saída de insumos esterilizados: o peso final dos insumos após a esterilização foi
considerado de igual valor aos insumos que entram no processo.

Figura X.9 – Autoclave horizontal 4500 litros


Fonte: Autora
134

X.2.2.10 Higienização de Saída – técnicos de higienização

Consiste na higienização corporal dos técnicos do setor de higienização, ao final do


trabalho. Para isto, consome água potável e sabonete líquido, além da energia elétrica
referente ao consumo do chuveiro elétrico e da iluminação do setor. Os resíduos gerados no
processo são a água suja proveniente do banho e os epi’s usados durante os procedimentos
de higienização. Os dados são referentes à um dia de trabalho de dois técnicos, quando é
realizada a troca de materiais na colônia e sua posterior higienização.
Consumo de água potável: é a água consumida no banho e calculada com base em
dados da Sabesp, assim como realizado na higienização de acesso para colônia de criação.
Segundo esta instituição, considerando o registro meio aberto e que as torneiras não são
fechadas durante o procedimento, o consumo por pessoa é de 45 litros para um banho de 15
minutos em chuveiro elétrico.
Consumo de sabonete líquido: utilizado valor de referência obtido em avaliação de
higienização dos técnicos da criação de 15,4 gramas de sabonete por pessoa.
Consumo de energia elétrica: é referente ao uso de chuveiro elétrico de potência de
3200 watts para banho de 15 minutos por funcionário e iluminação de vestiário ao longo de
uma semana. A iluminação é proporcionada por 8 lâmpadas de 40 watts por 10 horas de
expediente, isto porque os funcionários deste setor possuem horários de entrada e saída
diferentes. O consumo foi calculado através da Equação 1, apresentada anteriormente.
Entrada de epi em TNT e luva de proteção: é o valor referente ao consumo de epi no
processo Higienização de Materiais, onde o epi TNT apresenta 10,5g por funcionário e a luva
de proteção em látex 0,004g por funcionário.
Descarte de água suja: é a soma da massa da água potável e sabonete consumida
para o banho, desconsiderando perdas no processo.
Descarte de epi usado: a massa dos epi’s ao final do trabalho é considerada igual a de
início de trabalho.

X.2.2.11 Climatização Ambiental

A climatização ambiental é responsável por promover condições ambientais adequadas


às exigências dos animais, mantendo o controle de temperatura e umidade, promovendo a
renovação total do ar e formando gradiente de pressão entre áreas, para prevenir
contaminações. Funciona devido a um grande sistema de refrigeração, onde cada sala possui
uma máquina independente.
Dentre os insumos necessários para o funcionamento deste sistema de refrigeração
estão a água potável, para reposição dos sistemas de resfriamento e desumidificação do ar
condicionado da sala, e a energia elétrica consumida pelos equipamentos. O resíduo produzido
neste processo é o vapor d’água devido justamente à perda de água do sistema de ar
condicionado.
135

O processo apresenta ainda a entrada e saída dos epi’s utilizados na Sanitização, Troca
de Materiais e Manutenção da Colônia, de forma a promover a chegada destes até o processo
de Higienização de Saída da Criação, quando serão descartados.
O levantamento de informações referentes ao sistema de ar condicionado do Cecal,
assim como os cálculos técnicos de refrigeração foram auxiliados por profissional
especializado, lotado no setor de engenharia e arquitetura da Dirac, Unidade da Fiocruz
responsável pela área de construção civil e manutenção. As memórias de cálculo e dados
estão disponíveis no Anexo 6.1.
Na figura X.10 são apresentadas imagens do sistema de ar condicionado localizado no
piso técnico.

Figura X.10 – Equipamentos de Climatização Ambiental


Fonte: Autora

X.2.2.12 Higienização de Saída – técnicos da criação animal


Consiste na higienização corporal dos técnicos do setor de criação animal ao final da
execução do trabalho. Para isto, consome água potável, shampoo e sabonete líquido, além da
energia elétrica referente ao consumo do chuveiro elétrico e da iluminação do setor.
Os resíduos gerados no processo são a água suja proveniente do banho e os epi’s
usados durante os procedimentos de Sanitização, Manutenção da Colônia e Troca de
Materiais. Assim como a Higienização de Acesso, o consumo de insumos e energia elétrica da
Higienização de Saída referentes apenas a sala C2 são equivalentes a 1/3 do consumo total.
Consumo de água potável: mesmo procedimento adotado na Higienização de Acesso
para colônia de criação e na Higienização de Saída dos técnicos da higienização. É a água
consumida no banho e calculada com base em dados da Sabesp.
Consumo de shampoo: utilizado valor de consumo adotado como referência, obtido
em avaliação de higienização dos técnicos da criação que é de 8 gramas de shampoo por
pessoa.
Consumo de sabonete líquido: utilizado valor de referência obtido em avaliação de
higienização dos técnicos da criação de 15,4 gramas de sabonete por pessoa.
136

Consumo de energia elétrica: é referente ao uso de chuveiro elétrico de potência de


3200 watts para banho de 15 minutos por funcionário e a metade do consumo da iluminação de
vestiários e box para banho. O consumo foi calculado através da Equação 1, apresentada
anteriormente. A iluminação é proporcionada por 8 lâmpadas de 40 watts por 8 horas de
expediente nos dias úteis e 6 horas nos finais de semana em regime de plantão. O valor final
de iluminação foi dividido com outro processo, o de Higienização de Acesso dos técnicos que
compartilha deste ambiente. Além disto, como os funcionários dividem seu dia de trabalho
entre as três salas de criação, o consumo de energia proporcional a sala C2 é referente a 1/3
do resultado encontrado.
Entrada de epi’s: é o valor referente à soma do consumo de epi nos processos de
Sanitização, Manutenção da Colônia e Troca de Materiais.
Descarte de água suja: é a soma da massa de água potável, shampoo e sabonete
líquido consumida para o banho, desconsiderando perdas no processo.
Descarte de epi usado: o valor adotado ao final do trabalho é igual a massa dos epi’s
no início de trabalho.

X.2.3 O Inventário

De posse das folhas de dados já analisadas, os dados foram alimentados no software


Umberto® e é então formada a rede de fluxo. O primeiro passo adotado foi a inserção de todos
os materiais envolvidos no processo, ordenados pelos grupos: Água, Coeficiente, Energia,
Esterilização, Higiene Pessoal, Higienização de Materiais e Ambiente, Insumo Animal, Material
da Colônia, Paramentação e Resíduo. Este último ainda dividido em Efluente, Emissão,
Resíduo Biológico e Resíduo Comum. A figura X.11 apresenta a janela Materials, em que
podemos visualizar os materiais água filtrada e água potável pertencentes ao grupo Água.

Figura X.11 Grupos de Materiais Incluídos no Modelo Criação de Coelhos


Fonte: Umberto®
137

Em seguida, foi realizada a montagem das redes de fluxo com a inserção dos inputs e
outputs e seus respectivos valores, calculados para cada processo ou Transição, conforme
representação do software Umberto®. O fluxo de materiais entre as transições do modelo
desenvolvido pode ser observado no Anexo 6.3.
Após a montagem das redes de fluxo, foi realizado o inventário do macro-processo
Criação de Coelhos e obtidas as Tabelas de Inventário. Nestas é possível verificar a dimensão
do consumo de cada insumo e da geração de resíduos, além de permitir a avaliação de
desempenho de cada processo e sua relação com sistema de produção.

Figura X.12 Tabela de Inventário do Fluxo de Materiais na Criação de Coelhos


Fonte: Umberto®

A figura X.12 apresenta a relação geral de inputs e outputs para a criação de coelhos no
Cecal. Nas figuras X.13, X.14 e X.15 é possível ver os as entradas e saídas ordenadas por
processo/ transição. Já as figuras X.16, X.17 e X.18 apresentam todos os materiais que entram
e saem, distribuídos entre as transições.
138

Figura X.13 –Tabela de Inventário Organizada por Transição / Processo – Parte 1


Fonte: Umberto®
139

Figura X.14 –Tabela de Inventário Organizada por Transição / Processo – Parte 2


Fonte: Umberto®
140

Figura X.15 –Tabela de Inventário Organizada por Transição / Processo – Parte 3


Fonte: Umberto®
141

Figura X.16 – Tabela de Inventário Organizada por Material – parte 1


Fonte: Umberto®
142

Figura X.17 – Tabela de Inventário Organizada por Material – parte 2


Fonte: Umberto®
143

Figura X.18 – Tabela de Inventário Organizada por Material – parte 3


Fonte: Umberto®
144

XI – Discussão

XI.1 O Mapeamento

O desenvolvimento do mapeamento para representação dos processos desenvolvidos


no biotério estudado permitiu o conhecimento deste sistema de produção animal e também
colaborou para a identificação e classificação dos resíduos gerados. A técnica empregada para
o mapeamento envolveu os atores relacionados a cada processo, de níveis gerencial e
técnicos, conferindo credibilidade ao resultado do trabalho.
Não foram identificados trabalhos com a abordagem da gestão por processos para
biotérios, impossibilitando a comparação com sistemas de produção de outras instituições. Nos
processos de criação mapeados, observou-se que as etapas de produção dos animais são
semelhantes, contudo o desenvolvimento destas etapas apresenta diferenças que existem
principalmente devido à biologia e ao comportamento de cada espécie.
É a realização das atividades de produção e manutenção de colônias que garante a
perpetuação dos animais ao longo do tempo e a preservação de seus padrões genético e
sanitário. Além dos processos diretamente relacionados a criação animal, o biotério depende
de processos auxiliares mas de igual importância, como a histerectomia asséptica, a
sanitização dos ambientes e a higienização e esterilização de materiais.
Após a conclusão do mapeamento, verificou-se que dentre os grupos de resíduos de
serviço de saúde existentes, o setor de criação de roedores e lagomorfos apresentou a
geração dos grupos A (representado pelo resíduo de classe A4), B, D e E, com exceção
apenas dos resíduos do grupo C (rejeito radioativo).
Os resíduos químicos (grupo B), utilizados na higienização e esterilização de materiais
e ambientes, apesar de utilizados em pequena quantidade, oferecem riscos à saúde dos
trabalhadores, como no caso do formaldeído e do ácido peracético. Além disto, é necessário o
gerenciamento do descarte deste tipo de resíduo, já que caso sejam descartados em rede de
esgoto, dependendo do produto químico, podem ainda gerar sérias conseqüências para o meio
ambiente.
Alguns produtos químicos como detergentes e desinfetantes utilizados na higienização
geral no biotério, apesar de serem descartados durante o processo de trabalho em rede de
esgoto, são em grande maioria biodegradáveis e são direcionados a uma central de tratamento
de esgotos interna da Fundação Oswaldo Cruz.
Dos resíduos classificados como comuns (D), destacam-se os recicláveis,
principalmente aqueles provenientes materiais do desgaste natural de materiais da colônia
como gaiolas e bebedouros, pois são submetidos a constantes processos de higienização e
esterilização em autoclaves a 121ºC.
Os resíduos perfurocortantes, que em geral são considerados de maior risco de
acidente, são resultantes do procedimento de histerectomia asséptica. Eventualmente, no caso
145

de quebra de embalagens de produtos em vidro, estes também serão descartados como


perfurocortantes.
Os resíduos biológicos de classe A4 representam grande parte dos resíduos sólidos do
biotério e apresentam menor potencial de risco de que outras classes de resíduos biológicos.
Apesar de serem classificados pela RDC 306 Anvisa como resíduo biológico, a polêmica em
torno deste assunto ainda persiste. Isto porque os resíduos provenientes da cama dos animais
caracterizados principalmente pelos excretas destes animais, que não são inoculados e ainda
são mantidos sob barreiras sanitárias. Segundo alguns pesquisadores, estes resíduos
poderiam ser comparados a resíduos de sanitários ou ainda a resíduos de animais mantidos
em fazendas, que são classificados atualmente como resíduos comuns.
O Cecal realiza o descarte de resíduos A4 seguindo procedimentos orientados pela
Anvisa, com acondicionamento em sacos de resíduo infectante e descarte final em aterro
sanitário em célula específica para este resíduo. O transporte dos resíduos é realizado por
empresa licenciada em veículos sem compactação de lixo. Outro fator importante é a
obrigatoriedade da paramentação de todos os funcionários envolvidos na manipulação destes
resíduos.

XI.2 ACV – Criação de Coelhos

O inventário obtido com auxílio do software representa uma fotografia do


Macroprocesso Criação de Coelho, sendo possível a avaliação dos principais insumos e
resíduos, além de sua distribuição entre os processos da rede.
Dentre os insumos necessários à criação que apresentam maior taxa de consumo
estão: a energia elétrica, a água, o vapor saturado, a ração e a maravalha. A energia elétrica
consumida para atender a sala C2 por uma semana é de 8502494,466 kJ, em grande maioria
para manutenção das condições climáticas da sala, suas trocas de ar e iluminação. A figura
XI.1 ilustra esta afirmação.
146

Figura XI.1 Consumo de Energia Elétrica por Processo (kJ)


Fonte: Umberto®

A água nos processos é utilizada nas formas potável e filtrada, a primeira nos
procedimentos diversos e a segunda no fornecimento aos animais. As figuras XI.2 e XI.3
apresentam a proporção de consumo de cada uma e a distribuição do consumo de água
potável por processos. Nesta última verifica-se que a Climatização Ambiental também é o
maior consumidor de água potável com 6500 kg, seguido pela Higienização de Materiais com
pouco mais de 3540 kg. A Esterilização também apresenta consumo relevante de 600 kg

Figura XI.2 Distribuição Percentual de Consumo de Água Filtrada e Potável


Fonte: Umberto®
147

Figura XI.3 Consumo de Água Potável por Processo (kg)


Fonte: Umberto®

O vapor saturado que abastece a máquina lavadora de gaiolas e a autoclave de


esterilização possui um consumo semanal de 323,442418 kg por semana, não esquecendo
que estes dados são referentes somente a sala C2.

Figura XI.4 Distribuição Percentual de Consumo de Vapor Saturado por Processo


Fonte: Umberto®

Com relação aos insumos animais fornecidos aos coelhos, o que representa maior
consumo é a ração, seguida da maravalha e do algodão hidrófobo. Conforme demonstrado na
figura XI.5.
148

Figura XI.5 Distribuição Percentual de Consumo de Insumos Animais


Fonte: Umberto®

Os materiais de menor volume representativo, como itens de Higiene Pessoal e itens de


Higienização de materiais foram também avaliados a partir dos dados de inventário. No caso
de itens de Higiene Pessoal, o maior consumo é referente a sabonete líquido (67,72%),
seguido de shampoo (30,38%) e pasta de dente (1,90%). Já os itens consumidos nos
processos de Higienização destacam-se: o desinfetante hipoclorito de sódio com 77,12%,
seguido pelo desinfetante a base de amônia quaternária (14,25%), do detergente
desencrostante (7,64%) e por fim, do sanitizante veterinário (0,98%).
Os resíduos do Macro processo foram divididos entre quatro classes: Efluentes,
Emissões, Resíduos Biológicos e Resíduos Comuns. As emissões e os efluentes representam
a grande maioria dos resíduos com pouco mais 6500 kg e 5681 kg, respectivamente. Em
seguida encontram-se os resíduos biológicos e comuns, com aproximadamente 180 kg e 250
g, respectivamente.
Das emissões, 99,99% correspondem ao vapor d’água perdido no processo de
Climatização, seguidos de valores irrelevantes de amônia e partículas de poeira.
Os efluentes são formados pela soma de água suja de higienização de técnicos,
materiais e ambientes, condensado do processo de esterilização e água residual dos
bebedouros de animais. A figura XI.6 apresenta a distribuição percentual entre estes resíduos.
149

Figura XI.6 Distribuição Percentual de Geração de Efluente


Fonte: Umberto®

Verificou-se que a água suja é o efluente de maior volume gerado, foi realizado então o
levantamento dos processos geradores de onde se pode concluir que o maior gerador é a
Higienização de Materiais, representando mais de 78% do total. A distribuição do descarte por
processo é apresentado no gráfico da Figura XI.7.

Figura XI.7 Descarte de Água Suja por Processo (kg)


Fonte: Umberto®

Os resíduos biológicos resultantes ao final de uma semana de trabalho são resultantes,


principalmente da maravalha suja disposta para absorção de fezes e urina do animal, seguido
do resíduo de varrição retirado do piso da sala e do algodão hidrófobo disposto como ninho
150

dentro das gaiolas. A figura XI.8 indica a distribuição percentual deste grupo de resíduo
conforme transição.

Figura XI.8 Distribuição Percentual de Geração de Resíduo Biológico


Fonte: Umberto®

Os resíduos comuns levantados durante o processo de avaliação foram somente


àqueles relacionados diretamente ao consumo de insumos. Não foi possível verificar os dados
referentes aos materiais destinados a reciclagem ao final de sua vida útil, como ocorre com as
gaiolas, isto porque são descartados com menor freqüência. Por conta disso, o volume de
resíduo comum é pouco representativo em volume. É representado por epi’s utilizados e suas
embalagens, num total de pouco mais de 250 gramas por semana. Na figura XI.9 é possível
verificar a distribuição deste grupo por tipo de resíduo.

Figura XI.9 Distribuição Percentual de Geração de Resíduo Comum


Fonte: Umberto®
151

Conclusão

O gerenciamento adequado de resíduos de serviço de saúde é extremamente


necessário para redução de riscos a saúde e ao meio ambiente. Não há como reduzir riscos
sem o conhecimento dos tipos de resíduos gerados, bem como dos procedimentos de manejo
adequados. De encontro a esta questão segue a proposta desta pesquisa que tem como
objetivo a representação dos principais processos geradores de resíduos, para sua
identificação e classificação, a fim de contribuir para a gestão adequada.
O mapeamento dos processos foi desenvolvido no Setor de Criação de Roedores e
Lagomorfos, basicamente nas áreas que envolviam a criação de animais e a higienização e
esterilização de materiais e insumos. A pesquisa possuiu caráter inovador ao realizar a
representação do biotério como um sistema produtivo.
Este trabalho de mapeamento trouxe a gestão de processos para o universo do biotério
e também apresentou a sociedade uma amostra da técnica, investimento e esforços envolvidos
nas atividades destes profissionais. Isto é muito importante para a valorização e fortalecimento
da imagem da organização e até do segmento, reforçando a missão científica destes centros
de produção.
A partir do melhor conhecimento dos processos de produção animal, é possível
reconhecer os animais de laboratório como um produto diferenciado. Eles não se comportam
como um produto comum. Sofrem interferências biológicas, ambientais e inclusive temporais.
Uma mesma espécie e linhagem animal pode representar vários produtos finais, dependendo
do sexo, idade ou peso.
Outro benefício da representação dos processos foi a identificação dos resíduos
pertinentes a cada processo analisado, o que permitiu a sua classificação segundo RDC 306
ANVISA. Foram identificados quatro dos cinco grupos de resíduos de serviço de saúde
existentes (A, B, D e E), o que demonstra a diversidade dos processos e sinaliza para a
necessidade de acompanhamento e análise das etapas de manejo e descarte dos resíduos, e
principalmente para a capacitação de funcionários.
A técnica de avaliação de ciclo de vida (ACV) aplicada ao processo de criação de
coelhos acrescentou ao trabalho outra visão de processo, possibilitando sua análise sob a
perspectiva ambiental por meio de indicadores como consumo de matéria-prima, água e
energia. Esta representação oferece ao gestor a possibilidade de análise crítica para inferir e
melhorar o processo, quando for o caso. A representação do fluxo de massa e energia
evidencia a eficiência ambiental de cada processo.
Do inventário obtido por meio de sua representação no software Umberto® do macro-
processo Criação de Coelhos verificou-se que dos insumos consumidos, grande parte é
referente principalmente à energia elétrica e à água. Além disto, os processos com maior
152

consumo tanto de água quanto de energia são a Climatização Ambiental e a Higienização de


Materiais.
Os resíduos gerados na Criação de Coelhos são representados por emissões em
52,54%, efluentes em 45,92%, resíduos biológicos em 1,45% e resíduos comuns em 0,09%. As
emissões são altas em função da liberação de vapor d’água no sistema de refrigeração do
ambiente, que correspondem a 99,99% do valor. Os efluentes são resultado do alto consumo
de água, que em grande parte é descartada após sua utilização, exceto para aquela consumida
pelos animais. Dentre os resíduos biológicos, o de maior representatividade é a maravalha suja
proveniente da forração das bandejas que compõem o sistema de alojamento dos coelhos.
O inventário do ciclo de vida do macro processo de Criação de Coelhos é o primeiro
trabalho envolvendo a técnica de ACV aplicada a um processo de produção animal em biotério.
Ao final do inventário foram conhecidos os inputs e outputs do processo, resultando no
conhecimento do desempenho ambiental dos processos.
O objetivo do trabalho foi alcançado tendo em vista a apresentação dos resultados tanto
para o mapeamento de processos quanto para a avaliação do ciclo de vida. A divulgação dos
dados do inventário de ciclo de vida permitiu a organização uma visão diferenciada de seu
negócio, podendo realizar a inclusão de parâmetros ambientais em decisões gerenciais.
153

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144-158.
168

Anexo 1
Documento Oficial de Autorização da Pesquisa
169
170

Anexo 2
Principais Associações de Bioterismo
Fonte: adaptado de COBEA, 2008

Sigla Nome da Associação


AAALAC International Association for Assessment and Accreditation of Laboratory Animal Care
AACyTAL Asociación Argentina para la Ciências y Tecnologia de Animales de Laboratório
AALAS American Association for Laboratory Animal Science
ACLAD American College of Laboratory Animal Diseases
ACLAM American College of Laboratory Animal Medicine
AFSTAL Association Française des Sciences et Techniques de l’Animal de Laboratoire
AMCAL Asociación Mexicana para la Ciência de los Animales de Laboratório
AMP Americans for Medical Progress
Australian and New Zealand Council for the Care of Animals in Research and
ANZCCART Teaching
ARENA Applied Research Ethics National Association (PRIM&Rs Web site)
ASLAP American Society of Laboratory Animal Pratitioners
ASM American Society of Mammologists
AVECAL Asociación Venezolana para las Ciências de Laboratório
AWI American Welfare Institute
BCLAS Belgian Council for Laboratory Animal Science
CAAT Center for Alternatives to Animal Testing, The Johns Hopkins University
CALAS Canadian Association for Laboratory Animal Science
CALAS-ACSAL Canadian Association for Laboratory Animal Science
CCAC Canadian Council on Animal Care
FBR Foundation for Biomedical Research
FELASA Federation of European Laboratory Animal Science Association
FinLAS Finland Laboratory Animal Science
FRAME Fund for the Replacement of Animals in Medical Experiments
ICLAS International Council for Laboratory Animal Science
ILAR Institute for Laboratory Animal Research
LAMA Laboratory Animal Management Association
LASA Laboratory Animal Science Association (UK)
LAWTE Laboratory Animal Welfare Training Exchange
NABR National Association for Biomedical Research
PRIM&R Public Responsibility in Medicine and Research
SBCAL Sociedade Brasileira de Ciências de Animal de Laboratório
Scand-LAS Scandinavian Society for Laboratory Animal Science
SCAW Scientists Center for Animal Welfare
SECAL Sociedad Española para las Ciencias del Animal de Laboratorio
UFAW Universities Federation for Animal Welfare
171

Anexo 3
Espécies e Linhagens de Animais Produzidos no Cecal
Fonte: SICOPA, 2010

ESPÉCIES LINHAGENS
1. A 32. BALB/cCrSlc–TgN(TNPIgE)1602Rin
2. 129S2/SvPas 33. BALB/Cj
3. 129S2/Sv Pas-Alox5 34. BALB/c-TgN(APRIL) 2919Mh
4. B6.129 35.BP-2
5. B6.129S6-Pfp 36. C.129S4(B6)-Mif
6. B6.129P2-Ccr2 37. C3H/He
7. B6.129S5-Ccr4 38. C3H/HeJ
nu
8. B6.129P2-Ccr 5 39. C.Cg - Foxn1
9. B6.129-Tnfrs1a 40. C.Cg-Gata 1
10. B6.129S2-Cd 28 41. C57 BL6/J
11. B6.129P2-Ccl 3 42. C57BL/6
12. B6.129P2-Nos2 43. C57BL/6-TgN(APRIL)3919Mh
tm1Cgn
13. B6.129P2-Il10 44. C57BL/6-TgN(CAG-EGFP)C14-Y01-
14. B6.129S1-Il12b FM131Osb
CAMUNDONGO 15. B6.129S2-Cd8a 45. C57BL/10
Mus musculus mdx
16. B6.129S2-Lgals 3 46. C57BL/10ScSn-Dmd /J
Scid
17. B6.129S7-Ifng 47. C.B-17-Prkdc
18. B6.129S7-Prnp 48. CBA
19. B6.129S7-Prnp-TgN(Prnp)a20Cwe 49. CWE
20. B6.129 S7–Rag 1 50. DBA/1
21. B6.129P2- Tlr6 51. DBA/2
22. B6.129S6-Cd11d 52. NIH
23. B6.129S6-Cd1 53. NOD.129S7(B6)-Rag1
24. B6.129S2-Ncf1 54. NOD
a
25. B6.SJL-Ptprc 55. NZB
26. B6D2F1 56. NZW
27. BALB/c Na 57. C.129P2(B6)-Ptafr
w wv
28. BALB/c Anx1 58. WBB6F1/J Kit Kit
Sl Sl-d
29 .BALB/c-BM 59. WCB6F1/J-Kitl- Kitl
30. BALB/c-Lgals 3 60. SJL/JcrNTac
31. BALB/c-Il4 61. Swiss Webster
RATO 1. WISTAR
Rattus norvegicus
HAMSTER 1. GOLDEN
Mesocricetus auratus
COBAIA 1. SHORT HAIR
Cavia porcellus
COELHO 1. NOVA ZELÂNDIA
Oryctolagus cuniculus Variedade albina
PRIMATAS NÃO 1. CYNOMOLGUS: 2. SAIMIRI SP: Saimiri 3. RHESUS: Macaca
HUMANOS Macaca fascicularis sciureus e Saimiri ustus mulatta
OVINOS
1. SRD
Ovis Aires
CAPRINO
1. SAANEN 1. BOER
Capra hircus
EQUINO
1. SRD
Equus caballus
172

Anexo 4
Questionário de Entrevista Aplicado
Fonte: Autora

DATA: HORÁRIO:

IDENTIFICAÇÃO DO SETOR:

CARACTERIZAÇÃO DE ENTREVISTADOS

CARGO: NOME:

CARGO: NOME:

CARGO: NOME:

RESPONSÁVEL PELO SETOR:

O QUE É FEITO? QUAIS SÃO


AS ATIVIDADES?

QUANDO É FEITO?

ONDE É FEITO?

POR QUE É FEITO?

QUEM FAZ?

COMO FAZ?
173

Anexo 5

Mapeamento de Processos: Criação de Roedores e Lagomorfos


174

Figura Anexo 5.1- Fluxograma de Produção da Colônia de Coelhos

Reprodutores
Novos
Substituídos
Reprodutores
Acasalamento

Não

Técnica Fêmea
Apalpação Engravidou?

Sim

Gestação

Parto

Lactação

Fêmea
Desmame e reprodutora
Sexagem

Filhotes

Crescimento

Pesquisa, Teste e Monitoramento Descarte


Reprodução
Ensino Sanitário Zootécnico

Hemoderivados
175

Figura Anexo 5.2- Fluxograma de Manutenção da Colônia de Coelhos

Acesso de
Pessoal

Não
Troca de Substituição de Fornecimento de
gaiola? bebedouros ração

Sim

Retirada de Envia vazios ou


bebedouros e sujos para
suportes higienização

Troca de bandejas

Retirada de Envia material


Descarte de pó de comedouros e sujo para
ração e sujidades ração higienização

Troca de Gaiolas

Reposição de
acessórios e
bebedouros

Fornecimento de
ração

Higienização da
sala
176

Figura Anexo 5.3 - Fluxograma de Produção da Colônia de Cobaias

Reprodutores
Substituídos
Acasalamento

Gestação

Lactação
casal reprodutor

reprodutores
Novos
Desmame

Sexagem

Não Animal foi Sim Crescimento de


Crescimento de
selecionado para animais
para pesquisa
reprodutor? reprodutores

Formação da
Pesquisa,Teste e Monitoramento Descarte colônia de
Ensino Sanitário zootécnico fundação

Hemoderivados
177

Figura Anexo 5.4 - Fluxograma de Manutenção da Colônia de Cobaias

Acesso de
pessoal

Retira bebedouros Envia para setor Recebimento de Aplicação de


de animais de Higienização bebedouros ácido ascórbico

Não Troca de
gaiola?

Sim

Retirada de
comedouros e
suporte
bebedouro

Envia material
sujo para
Troca de gaiola e higienização
reposição de
acessórios

Fornecimento de
ração ou feno

Higienização da
sala

Fornecimento de
bebedouros
178

Figura Anexo 5.5 - Fluxograma de Produção da Colônia de Hamster

Reprodutores
Substituídos
Acasalamento

casal reprodutor
Gestação
reprodutores
Novos

Lactação

Desmame e
Sexagem

Crescimento

Pesquisa, Teste e Monitoramento Descarte


Reprodução
Ensino Sanitário Zootécnico
179

Figura Anexo 5.6- Fluxograma de Manutenção da Colônia de Hamster

Acesso de
Pessoal

Retirada de gaiola
da prateleira

Retirada de
bebedouro e
tampa metálica
Envia material
sujo para
higienização

Troca de gaiola

Fornecimento de
água e ração

Reposição de
gaiola na
parteleira

Sim Gaiolas para Não Higienização da


trocar? Sala
180

Figura Anexo 5.7- Fluxograma de Produção da Colônia de Rato

Reprodutores Substituídos

Acasalamento

casal reprodutor
Gestação
reprodutores
Novos

Lactação

Desmame e
Sexagem

Crescimento de Sim Animal


animais separado p/
Descarte
reprodutores matriz?
Zootécnico
Não

Crescimento de Monitoramento
animais Sanitário
reservados

Pesquisa, Teste e
Ensino
181

Figura Anexo 5.8 - Fluxograma de Manutenção da Colônia de Rato

Acesso de
Pessoal

Retirada de gaiola
da prateleira

Retirada de
bebedouro e
tampa metálica

Separa e organiza
material sujo

Troca de gaiola

Fornecimento de
água e ração

Devolução de
gaiola na
parteleira

Sim Gaiolas para Não Higienização da


trocar? Sala
182

Figura Anexo 5.9- Fluxograma de Produção da Colônia de Camundongo

Reprodutores
Substituídos
Reprodutores
Transferência Substituídos
Acasalamento para área de
Novos produção
Reprodutores

casal reprodutor
Casal
Reprodutor
Gestação Acasalamento

Lactação Gestação

Pesquisa, Teste e
Ensino

Desmame e
Lactação
Sexagem

Crescimento - Sim Animal


separado p/ Desmame e
Colônia de Descarte
matriz? Sexagem
Fundação Zootécnico

Não

Crescimento Monitoramento
Crescimento de
Reservados e Sanitário
Reservados
Produção

Pesquisa, Teste e
Necessita
Sim Ensino
colônia de
produção

Não

Descarte Monitoramento Pesquisa, Teste e


Zootécnico Sanitário Ensino
183

Figura Anexo 5.10- Fluxograma de Manutenção da Colônia de Camundongo

Acesso de
Pessoal

Retirada de gaiola
da prateleira

Retirada de
bebedouro e
tampa metálica

Separa e organiza
material sujo

Troca de gaiola

Fornecimento de
água e ração

Reposição de
gaiola na
parteleira

Sim Gaiolas para Não Higienização da


trocar? Sala
184

Anexo 6
Inventário do Ciclo de Vida
185

Anexo 6.1
Memória de Cálculo da Climatização Ambiental

Informações:
Vazão de Ar Total: 3.060 m³/h;
Volume da Sala: 288,6 m³;
Número de Trocas Horárias: 10 ACH;
Condições Externas do ar consideradas em projeto (TBS/TBU): 35º / 26ºC;
Condições do ar à entrada da serpentina (TBS/ TBU): 26,7º / 20,5ºC;
Percentual do ar exterior envolvido: 55%;
Vazão de ar exterior envolvida: 1683 m³/h;
Condições do ar à saída da serpentina- projeto (TBS / TBU): 12,5º / 11,9ºC;

ESTIMATIVA DO DESEMPENHO MÉDIO EM CARGA PARCIAL – ANUAL


Condições Externas médias do ar consideradas para a cidade do Rio de Janeiro (TBS/TBU):
23,6º / 21,3ºC;
Condições do ar à entrada da serpentina-média (TBS/ TBU): 22,0º / 18,7ºC;
Entalpia do ar úmido associada à esta condição de entrada média: 53,1 kJ/kg;
Entalpia do ar úmido associada à saída de projeto: 33,8 kJ/kg;
Potência Frigorífica média necessária = 3.060x(1,2/3.600)x (53,1 – 33,8) = 19,7 kW (5,60 TR);
Eficiência média anual ponderada do chiller envolvido, mod. YRXBXCT3-46C (FAB. Jonhson
Controls): NPLV = 6,586 kW/kW
Potência elétrica do chiller envolvida na climatização da sala : 3,0 kW
Potência elétrica das bombas de água gelada primária e secundária: (22,5 kW + 56,3 kW) x 5,6
TR/400 TR = 1,10 kW
Potência elétrica da bomba de água de condensação: (37,5 kW ) x 5,6 TR/400 TR = 0,53 kW
Potência elétrica da Torre de Resfriamento: (22,50 kW) x 5,6 TR / 400 TR = 0,32 kW
Potência elétrica da movimentação do ar – ventilação: (2,25 kW + 1,13 kW)=3,38 kW
Potência Elétrica Total Envolvida no Resfriamento e Desumidificação do Ar-Condicionado da
Sala: 3,0 + 1,1 + 0,53 + 0,32 + 3,38 = 8,33 kW
Consumo Elétrico Anual Médio dos sistemas de Resfriamento e Desumidificação do Ar-
Condicionado da Sala: 8,33 kW*8760 h = 72.971 kWh;

Consumo Elétrico Semanal Médio dos sistemas de Resfriamento e Desumidificação do Ar-


Condicionado da Sala = 72.971 kWh / 52 = 1.403 kWh;
Potência Média de Reaquecimento: (2,2 m³/h / 40m³/h)* 85 kW = 4,68 kW
Potência elétrica das bombas de água quente: (3,0 kW +3,75 kW ) x 2,2/40 = 0,37 kW
Consumo Elétrico Anual Médio dos sistemas de Reaquecimento do Ar-Condicionado da Sala:
(4,68 kW + 0,37 kW)*8760 h = 44.249 kWh;
186

Consumo Elétrico Semanal Médio dos sistemas de Reaquecimento da Sala = 44.249 kWh / 52
= 851 kWh;
Vazão Média de reposição de água do sistema do Ar-Condicionado da Sala (*): (273 m³/h) x
0,01 x (5,6 TR/ 400 TR) = 0,04 m³/h;
(*) Considerando-se 1% de perdas em função da vazão recirculante – ASHRAE;

Consumo Semanal Médio de água de reposição dos sistemas de Resfriamento e


Desumidificação do Ar-Condicionado da Sala = 0,04 m³/h x 24 h x 7 dias = 6,5 m³;
187

Anexo 6.2
Fluxo de Materiais Umberto® – Criação de Coelhos

Transição T1: Processo Higienização de Acesso

Transição T2: Processo Sanitização


188

Transição T3: Processo Manutenção da Colônia

Transição T4: Processo Troca de Materiais


189

Transição T5: Processo Limpeza de Rotina

Transição T6: Processo Higienização de Materiais


190

Transição T7: Processo Climatização Ambiental

Transição T8: Processo Higienização de Saída – técnicos da criação


191

Transição T9: Processo Desinfecção

Transição T10: Processo Esterilização


192

Transição T11: Processo Estoque

Transição T12: Processo Higienização de Saída – técnicos da higienização

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