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BELO HORIZONTE – MG
2018
Eliza Cristiane de Rezende Marques
BELO HORIZONTE – MG
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
REFERENCIAS ......................................................................................................... 22
3
1 INTRODUÇÃO
Para compreender o que se quer dizer com a expressão direito natural, será
preciso começar com o conceito de natureza. O direito natural provém da
natureza e se fundamenta na natureza (...). Trata-se de uma das primeiras
manifestações da contraposição entre natureza e arte -ou técnica. Mas,
quando percebemos que entre os produtos do fazer humano estão também
os costumes, as regras sociais, as leis da conduta -distintas das leis
naturais -, ou seja, as normas, eis que um novo contraste se apresenta
diante de nós, entre natureza e convenção, no qual a natureza guarda
sempre o seu sentido primitivo de universo das coisas, diante do qual o
homem é impotente (...)Todo o conjunto dos produtos da vida em sociedade
constitui a civilidade, ou a cultura. E, portanto, a razão da existência das
dicotomias que, com origem na filosofia iluminista, alcança as chamadas
“filosofia da cultura” dos nossos tempos: natureza e cultura (BOOBIO, 1997,
p 27.)
irradiação política que a Revolução Americana. Foram um modelo ideal para todos
combaterem pela própria emancipação (BOBBIO, 1909, p. XIII).
Lopes (1981, p. 15) afirma que
Tais medidas visavam a uma maior unidade nacional que, se por um lado era
favorecida pelo desenvolvimento das comunicações, das relações econômicas, pela
atração do capital, por outro era impedida pela diversidade de costumes, pela
diversidade do sistema fiscal, dos pesos e das medidas e pelos privilégios das
províncias e cidades.
De acordo com Condorcet (2008, p. 42) “[...] essa igualdade absoluta na
educação só pode existir entre os povos nos quais os trabalhos da sociedade são
exercidos por escravos”. Assim, tais princípios, comparado ao que vinha se
constituindo no cenário mundial, para a época proposta, exigiam que a igualdade a
ser estabelecida pelos cidadãos
Entre esses princípios não poderiam mais servir para as sociedades
modernas, pois para Condocert (2008, p. 42) “a igualdade que queriam estabelecer
entre os cidadãos tinha constantemente por base a desigualdade monstruosa entre
o escravo e o senhor, todos os seus princípios de liberdade e de justiça eram
fundados sobre a iniquidade [sic] e a servidão” (2008, p. 42).
Lopes sobre as origens da educação, ressalta que “[...] no afã de consolidar
seu projeto hegemônico, a burguesia se apropria da ideia de escola pública,
redefinindo-a e convertendo-a em um dos instrumentos disseminadores de sua visão
de mundo” (LOPES, 1981, p. 15).
A autora refere-se à escola como um trajeto que deveria ser percorrido pelos
indivíduos, dentro de princípios que formariam o homem moderno. Assim, a projeção
da escola deveria responder aos interesses populares, desde que se fossem
reconhecidos como direito, que todos os cidadãos tivessem acesso ao
conhecimento que era difundido pelas escolas.
O século XIX marcou a expansão da escola pública, universal e gratuita nos
países desenvolvidos, onde a partir da eliminação do analfabetismo seria inevitável
a qualificação para o trabalho nas industrias, havendo, portanto, sólidas políticas que
organizavam redes nacionais de instrução pública.
2
Fonte: Dado referente à 1872 a 1900, extraído de Lopes, Juarez R. Brandão. Desenvolvimento e mudança
social, Brasília, MEC/Companhia Editora Nacional, 1938, p.171.
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3
A instrução pública foi reorganizada na província de Minas em 1859. A diretoria geral de instrução
pública foi substituída pela agência geral de instrução pública. Já no ano de 1860, a agência geral de
instrução pública foi suprimida, e suas atribuições foram transferidas para a secretaria de governo.
Em 1867, a diretoria geral de instrução pública foi recriada e passou a subordinar-se diretamente ao
presidente da província. O regulamento n° 60, de 26 de abril de 1871, estabeleceu a estrutura
funcional da inspetoria geral da instrução pública bem como suas respectivas competências. A
referida organização prevaleceu até 1891, quando a instrução pública no estado passou a ser
competência da secretaria do interior.
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Com atribuições variadas, a Secretaria do Interior cuidava desde os negócios de justiça, segurança,
magistratura, eleições e leis até os serviços de saúde e instrução pública. Criação, reforma e
manutenção das escolas, lotação de professores, inspeção dos serviços educacionais estavam entre
as atribuições desta secretaria.
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5 No dia da inauguração do Colégio Pedro II, o ministro do Império, na época Bernardo Pereira de
Vasconcelos afirmava que não queria impedir a iniciativa privada, mas, contribuir de modo a elevar o
modelo de instrução pública a ser seguido no país. “[...] Dali o aluno sairia com título de bacharel em
Letras e poderia ingressar em qualquer curso superior oferecido pelas instituições públicas brasileiras
(MOISES; MURASSE, p.3). Porém, os alunos que não pertencessem ao Colégio Pedro II, deveriam,
se submeter a exames parcelados, que eram fomentados pela Comissão de Instrução do Colégio
Pedro II.
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Uma ligeira pesquisa dos dados referentes ao ensino público entre os anos
de 1865 e 1878 nas principais regiões do Império aponta para o progressivo
crescimento numérico dos estabelecimentos escolares - sem contar os
registros relativos às escolas, aulas e cursos particulares. Na Província de
Minas Gerais, em 1865, havia um total de 232 escolas públicas de primeiras
letras. Na década seguinte, o número de escolas na região mineira elevou-
se para 768. A Bahia, em 1865, possuía 200 escolas. Em 1878, registraram-
se 468 estabelecimentos públicos. No Rio de Janeiro, no início do período
considerado, havia 177 escolas primárias, sendo 42 situadas na Corte
imperial. Com uma média de crescimento inferior a 50 escolas, estavam as
Províncias do Pará, Ceará, Maranhão e Santa Catarina. Como podemos
perceber, as províncias com o maior número de estabelecimentos escolares
públicos eram também as principais regiões econômicas do país 6.
6
Ao afirmar a ineficácia da ação do governo no desenvolvimento da instrução popular, o Conselheiro
Liberato Barroso, ainda em 1865, chamava a atenção dos deputados para a importância da educação
e as vantagens do seu crescimento para o Estado. Em primeiro lugar, o Ministro propugnava a
relação definitiva e fundamental entre a construção da nação e o estabelecimento de um ensino
primário único e comum, centralizado a partir da Corte e difundido por todas as Províncias. Para ele,
a constituição da unidade do território, como condição básica da formação de uma nacionalidade
sólida, só seria viabilizada através do "elemento poderoso da educação popular".
7 A respeito das pesquisas integrantes do grupo de estudos e pesquisa em História da Educação
8Os dados extraídos dos relatórios permite deduzir as dificuldades enfrentadas e a própria fragilidade
dos relatórios do desenvolvimento da instrução pública mineira. Há algumas divergências
encontradas no relatório apresentado com os dados presentes nos mapas da instrução. Será
necessário retomar os dados das SI para verificação de tais discrepâncias. (Em processo)
15
Elaborado pela autora a partir de dados extraídos nas SI- 831 à Si- 836; SI-2829; SI-875 e SI-
Locali Nº de MASCU FEMIN
dades munic LINO INO
ípios
ANO 1º 2º 1º 2º
Seme Semes Semes Semestr
stre tre tre e
Matricul Frequen Matric Frequen Matric Freque Matricul Frequn
ados tes ulados tes ulados ntes ados tes
1900 124 18.489 7.537 14.225 8.472 12.383 5.691 12.479 8.163
1901 125 23.598 10.807 17.599 10.460 17.101 8.462 13.895 8.889
1902 136 18.752 9.614 17.776 10.818 14.376 8.044 14.949 9.777
1903 146 27.440 14.316 24.329 14.846 20.204 11.609 18.611 12.387
1904 136 28.611 14.818 28.649 17.930 20.831 11.962 22.890 15.012
1905 136 30.866 17.910 30.685 18.803 23.801 15.778 23.381 16.575
1906 137 30.975 17.381 692 396 23.925 14.428 87.797
877 do Arquivo Público Mineiro (APM, 2017).
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Municípios que compoem as circunscrições: 1ª- Sabará, Santa Luzia, Villa Nova de Lima, Caethé/
2ª- Curvello, Sete Lagôas / 3ª- Conceição, São Miguel Guanhães, Ferros/ 4ª- Alvinopolis, Santa
Bárbara, São Domingos do Prata, Itabira de Matto Dentro /5ª- Juiz de Fora/6ª- Peçanha, Serro/ 7ª-
Diamantina, São João Baptista/ 8ª- Marianna, Pyranga/ 9ª Entre Rios, Queluz, Bomfim/ 10ª- Alto Rio
Doce, Barbacena, Palmyra/ 11ª- Lima Duarte, Rio Preto, Turvo/12ª- Prados, São João D´El Rey,
Tiradentes/13ª- Ouro Preto/14ª- Mar de Hespanha, Rio Novo, São João Nepomuceno, Guarará/ 15ª-
Rio Branco, Pomba, Ubá, Viçosa/ 16ª Alem Parahyba, Cataguazes, Leopoldina, Palma/ 17ª
Carangola, Muriahé, São Manoel/ 18ª- Abre Campo, Ponte Nova/ 19ª- Caratinga, Mnhuassú/ 20ª-
Baependy, Christina, Pouso Alto, Sylvestre Ferraz, Caxambú, Passa Quatro, Ayuruoca, Pedra
Branca/ 21ª- Aguas Virtuosas, São Gonçalo do Sapucahy, Três Corações, Varginha, Campanha/ 22ª-
Alfenas, Carmo do Rio Claro, Campos Geraes, Dores da Bôa Esperança, Machado, Três Pontas/ 23ª-
Passos, São Sebastião do Paraiso, São João Baptista da Gloria/ 24ª- Cabo Verde, Jacuhy,
Guaranesia, Monte Santo, Muzambinho, Villa Nova de Rezende/ 25ª- Caldas, Caracol, Jacutinga,
Ouro Fino, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucahy/ 26ª- Itajubá, Jaguary, São José
do Paraizo, São Caetano da Vargem Grande, Santa Rita daExtrema, Cambuhy/ 27ª- Araxá, Carmo do
Paranahyba, Patrocínio, Sacramento/ 28ª- Fructal, Monte Alegre, Prata, Villa Platina/ 29ª- Araguary,
Estrella do Sul, Monte Carmello, Uberabinha/ 30ª- Paracatú, Patos/31ª- Bom Successo, Campo Bello,
Lavras, Oliveira/ 32ª- Abaeté, Dores do Indayá, Santo Antonio de Monte/ 33ª- Pitanguy, Itaúna, Pará,
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Com o advento da República, o sistema escolar que antes era mantido pela
monarquia passou a ser, profundamente, criticado pelos republicanos, pois, era visto
como bastante arcaico e com condições precárias de ensino, já que o método era
baseado na repetição e na memorização do que se ensinava e daquilo que se
aprendia (MACHADO; BERLOFFA, 2012).
Os republicanos preocupados com a educação pretendiam realizar uma
grande transformação no ensino, porque tinham intenção de superar os problemas
da sociedade brasileira na época e também tornar sólido o próprio movimento
republicano que se iniciava.
Schelbauer (1998, p. 64) considera que “[...] é neste período que a escola
passa a ser vista como a instituição responsável pela formação do sentimento de
cidadania necessário para colocar o país rumo ao progresso e à consolidação da
democracia, nos moldes dos países civilizados”.
Os grupos escolares, criados com o objetivo de renovação do ensino primário,
foram escolas públicas graduadas10, diferentes das escolas isoladas e precárias do
Brasil do período imperial. Inspirados e estruturados como um modelo utilizado no
final do século XIX, em diversos países da Europa e dos Estados Unidos, para
possibilitar a implantação da denominada “educação popular”.
Em resumo, o período que vai dos primeiros ideais para a Proclamação da
República à Reforma Caetano Campos deve ser encarado como um período no qual
intensos conflitos se intensificaram nas esferas federal e estadual, o que culminou,
em alguma medida, para que as mudanças progressivas no campo da educação em
São Paulo fossem realizadas.
O perfil da Reforma Caetano Campos partia do princípio básico democrático e
liberal que contribuiu, em grande medida, para que o modelo educacional do Brasil
Colônia implementado no país, até então, fosse rompido a partir dos ideais
positivistas.
Santa Quiteria/ 34ª- Uberaba/35ª- Bambuhy, Formiga, Piumhy/ 36ª- Minas Novas, Theophilo Ottoni/
37ª- Salinas/ 38ª- Grão Mogol, Rio Pardo, Tremedal, Arassuahy/ 39ª- Bocayuva, Montes Claros, Villa
Brazillia/ 40ª- Januaria, São Francisco.
10
O modelo da escola graduada (...) pressupunha um edifício com várias salas de aula e vários
professores, uma classificação mais homogênea dos grupos de alunos por níveis de adiantamento, a
divisão do trabalho docente, atribuindo a cada professor uma classe de alunos e adotando a
correspondência entre classe, séria e sala de aula (SOUZA, 2008, p.41).
18
escolha dos que vão governar, uma questão para a cidadania em qualquer
sociedade moderna.
11
João Pinheiro da Silva nasceu na cidade de Serro (MG) em 16 de dezembro de 1860. Fora adepto
dos ideais republicanos durante a primeira República. Foi nomeado em 15 de novembro de 1889 por
marechal Deodoro da Fonseca, secretário de estado e vice-governador do estado de Minas Gerais
junto com Cesário Alvim. Em 1906, foi eleito presidente de Minas Gerais onde investiu seriamente na
educação primária e técnica profissionalizante, assinou um decreto que trazia mudanças nas
metodologias de ensino, na estruturação da organização do sistema escolar e nas formas de
fiscalização pública da educação (Decreto nº 1.960, de 16 de dezembro de 1906.
12
As pesquisas sobre Grupos Escolares e sobre o ensino primário é um campo em processo de
crescimento que são consolidados a partir de três perspectivas teóricas de análise. Por um lado,
temos uma pesquisa voltada para a construção de uma historiografia regional que contribui para a
consolidação de estudos marcados pela reconstrução de história de instituições situadas em
diferentes cenários e configurações. Por outro, podemos sinalizar uma vasta bibliografia de autores
que procuram ressaltar os principais eventos científicos que transformaram os contornos e o modo de
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
se fazer educação. E, por último, e não menos importante, os estudos relacionados à História
Cultural.
13
Jorge Naigle, na tese Educação e Sociedade na Primeira República, defendida em 1966 e
publicada em 1974, já questionava a pertinência de uma classificação que tendia a enfatizar mais
supostas rupturas, ao invés de problematizar os processos históricos de mudança social.
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REFERENCIAS