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EDIFICIO AMBIENTAL Joana Carla Soares Goncalves Klaus Bode organizadores Introdugao Desde 0s anos 1990, a discussio sobre o impacto ambiental de edificios vem ganhando peso na agenda de uma série de cida- dese paises ao redor do mundo, alcangando dimensoes globais em The Green Economy Report (Unep. 20112, 2011b), do Pro- sgrama das Nagdes Unidas para 0 Meio Ambiente (PNUMA). relatério foi elaborado para informar politics pablicas e iniciativas privadas sobre o potencial de transformacio socio- econdmica associado a investimentos em prol de um melhor desempenho ambiental do setor de edificagbes. Aproximadamente 25% do consumo da energia priméria pro- duzida no mundo esté atrelado a0 uso e & ocupacdo de edificios, sendo os paises desenvolvidos (ou industrializados) os responsiveis pela maior parcela desse consumo (Levine et al, 2007). Como con- sequeéncia, 0 setor de edificagaes foi identificado como lider mundial em emissdes de COz, no quarto relatério produzido pelo Painel In- ternacional de Mudangas Climaticas (International Panel of Climate Change, IPCC). No entanto, 0 mesmo relatério também identifica 6 setor como aquele com o maior potencial de redugio das suas cemissées de CO,, em funcao das oportunidades de projeto, avangos tecnol6gicos e comportamento do ustdtio. Estudos realizados pelo IPCC (2007) em 36 patses apontam para a possibilidade de 29% de redugdo das emissGes do setor das edificagées até 2020, a custo zero. As estimativas do IPCC sao ainda ‘mais animadoras quando sugerem que cerca de 90% de redugio do consumo de energia em edificios pode ser alcangado com um inves- timento inferior a US 20,00 por tonelada de CO, (Fig. 11). Segundo projegSes apresentadas em The Green Economy Re- port, com o investimento de um décimo do percentual do PIB mun- dial estimado para acionar a transicéo da economia em direcio a uma condigio mais verde, as emissOes mundiais de CO, causadas pelo setor de edificagdes caem para valores menores do que 0s calcu- lados para 1990. Esse é 0 desempenho equivalente a 43% de redugao das emissdes estimadas para o cenério conhecido como business as usual, ou seja, de um crescimento futuro do setor sem investimentos para a melhoria da sua eficiéncia energética (Unep, 201a) (Figs. 1.2 13). Vale ressaltar que, como todos esses niimeros se referem a0 contexto global, projegdes e metas devem ser recalculadas para as diferentes realidades regionais e locais. JOANA CARLA Soares GONgALves 7 Gt: €Ope9/an0 Pass em desenvolvimento Economia emergentes [Eh sinters Beinn L ; SARA ees 1.1 Comparagio do potencial de veducio de cemissbes de CO, como consequencia de diferentes niveis de investimento financeiro (< US$ 2000; < USS 50,00; e< US$ 100,00), em uma série de stores da economia mundial, incluindo o setor de edifiagies Fonte: Unep (2011). Simultaneamente & redugdo do impacto ambiental, acredita-se que os inves timentos para as redugdes das emissdes dos edificios conduzam a um crescimento mundial do setor € do PIB, incluindo um aumento da demanda energética, que écontrabalanceado pelo aumento da eficiéncia nos processos de consumo (Unep, 20a). Apesar de os paises desenvolvicis (também chamados de industrializados) ainda ocuparem uma posicao predominante nas emissdes de CO do contexto glo- bal, as projegées de um modesto crescimento econdmico e populacional apontam para um aumento pouco expressivo do consumo de energia em edificios nesses pai- ses nas préximas décadas. Olhando para o caso da Europa, em particular, aproxima- damente 75% do estoque para o residencial necessério para 2050 ja esta construido (Ravetz, 2008). Diante dessa realidade, no que se refere ao desempenho ambiental do setor, a requalificacao de edificios ganha importancia sobre a construcao de novos empreendimentos. Em contrapartida, o crescimento populacional, acompanhado pelo rapido processo de urbanizacdo em determinadas partes do mundo em desenvolvimento, anuncia uma mudanga de foco. O setor da construgo de edificios residenciais e comerciais tem um cresci: ‘mento atual, em média, de 7% na China e de 5% na India eno sudeste da Asia, contra 2% nos paises desen- volvidos como um todo (Baumert; Herzog; Pershing, 2005). Paralelamente, a projecio de crescimento popu- lacional no conjunto dos paises em desenvolvimento é de 2,3 bilhdes para as préximas quarto décadas (UN: Desa, 2009). Além da crescente demanda habitacio- nal, estudos publicados pela organizacio World Busi- ness Council for Sustainable Development (WBCSD, ig. 1.2. Comparagao das emisdes de CO: do setor de edifcios de 1970 até 2050 entre tts cendvos busines as usual (BAU) eaqueles references aosimvestimentossugerdosem The Green conor Reprt Fonte: Unep (2012) tem como consequéncia Na China, prevé-se até 20 16 Eoiricio Ameienrat 2007), mostram que o proceso acelerado de urbaniza- sao e crescimento de cidades do Brasil, China e India (para citar 0s casos de maior peso no cendrio mundial) uma demanda expressiva por novos edificios comercizs. 20 um aumento de 70% do estoque da area comercial exis- tente em 2007 (aproximadamente 3,5 bilhdes de metros quadrados construidos) (Zhou et al, 2007). Junto as perspectivas de crescimento do niimero de edificios comerciais a0 redor do mundo e do consequente impacto ambiental associado ao desempenho energético, como apontado em The Green Economy Report (Unep, 2011a, 2011b), 0 deficit habitacional nas grandes cidades dos pafses em desenvolvimento e de econo- rmias emergentes também demanda respostas de projeto visando ao desempenho ¢ 8 qualidade ambiental Além da construcéo do novo, é importante considerar que, em pafses e cida- des onde o déficit habitacional é um dos maiores desafios para o desenvolvimento socioecondmico, como no Brasil, a reabilitacao de edificios existentes em centros urbanos consolidados tem o potencial de contribuir para programas habitacionais, com respostas econdmicas, criativas e eficazes, tornando-se mais um nicho de mercado a ser explorado. E sabido que a energia consumida no setor 428 gugun edificagoes varia consideravelmente entre regiOes € amo | == & paises, de acordo com as condigées climaticas,o poder nam | == econdmico, tecnologia disponivel e padres culturais. _vamam ‘A demanda para o aquecimento dos ambientes na Zs b= China, por exemplo, equivale a 35% do total, seguida © ssa pelo aquecimento da agua, com 30%. Jé na India, de 60% a 70% do consumo energético no setor residen- cial se destina exclusivamente & preparagao de comida (WBCSD, 2007). No Brasil, a distribuigao do consumo “ne a a eo Be de energia elétrica por uso final no setor residencial mostra uma realidade diferente das anteriores, com a predominancia dos eletrodomésticos somada 8 erenesaosinveimentos suptios em The Geen Economy iluminagao artifical totalizando 60%, seguidos pelo py ye aquecimento de 4gua, com mais 30%. A geladeira © gente Unep (20m) 6 freezer somados equivalem a 40% do total (Ghisis Gosch; Lamberts, 2007). No setor residencial dos paises desenvolvidos, em que a grande maioria esta localizada em regides de clima temperado e frio, o aqueci- mento de ambientes internos representa em média 60% do consumo energético total, seguido pelo aquecimento de égua, com 18% (WBCSD, 2007), | mos paises em desenvolvimento, cuja maioria se encontra em regides mais quentes do globo, grande parcela da energia consumida no setor residencial é de tinada a eletrodomésticos e 20 aquecimento da 4gua, como no Brasil. Nesses casos, 6 foco inicial para a redugao da demanda de energia deve ser na inttodugao de tecnologia mais eficiente e, obviamente, na adocdo de condutas comportamentais em prol de um consumo mais consciente. Sobre os edificios comerciais de uma forma geral, hé a predominancia da demanda pelo resfriamento artificial e © consequente consumo de energia elétrica, independente do contexto climético, sendo essa dependéncia dos sistemas ativos de climatizagao uma das caracteristicas mais marcantes da cultura internacional do ambiente de trabalho ao redor do mundo. Como resultado, uma pesquisa realizada pelo IPCC indica que 60% da ener- gia elétrica consumida no planeta vem do uso e operacdo de edificios residenciais 1.3. Comparagio da demanda energitica do setor de edificios de 2010 até 2050 entre ers cenaios business 0 usual (BAU) e aque. Introdugio ” 8 Eoiricio AMBIENTAL (Levine et al. 2007). No Brasil, 0 condicionamento de ar em edi is € referente a aproximadamente 47% do total da energia elétrica a no pais, seguido pela iluminagao artificial, com 22% do total (Eletro- bras, 2007). Em um futuro de aquecimento do clima do planeta, em particular do ambiente urbano, o crescimento estimado para o setor de edificios nos paises em desenvolvimento traz pressdes econémicas ¢ ambientais atreladas ao aumento da demanda pela climatizacao artificial e, consequentemente, pela energiaelétrica. ‘A Agencia Internacional de Energia (IEA, International Energy Agency) de- fine o edificio de menor impacto ambiental, denominado edificio verde, como sendo aquele de maior eficiéncia energética e menor consumo de 4gua e materiais, além de promover a qualidade do ambiente interno (IEA, 2008). Essa definicao da IBA foi adotada no contexto do The Green Economy Report, da Unep (201ia), para ‘o modelo de edificio cujo investimento contribui para a transformagio do impacto ambiental do setor de edificagoes. © consumo de energia por metro quadrado ¢ certamente o principal indica dor de desempenho energético de um edificio. Passando para o contexto global, 0 principal indicador € a emissio de CO. como jé comentado anteriormente. Com esses dois indicadores, tem-se uma boa compreensio do impacto ambiental de um. cedificio em termos locais e globais. E sabido que, além da influéncia do clima, a demanda energética derivada da climatizagéo e da iluminacao artificial esté intrinsecamente relacionada com © projeto de arquitetura, as caracteristicas termofisicas da construgdo, as particu- laridades do uso e ocupagdo e, também, a eficiéncia dos sistemas. Mudangas no estilo de vida e nas formas de trabalho das sociedades contemporaneas sao fatores que afetam o uso de equipamentos eletrénicos e eletrodomésticos e a consequente geragio de calor, com implicagdes diretas sobre as condigées térmicas dos espacos internos. Como proposto pela teoria e comprovado em muitos exemplos da pratica, antes de serem um mero resultado da eficiéncia de sistemas tecnologicos, questies fundamentais de projeto ¢ ocupagio guardam um grande potencial de minimiza- ‘sao do consumo de energia em edificios. O MOMENTO DE UMA REVISAO CRITICA Apesar de instituigdes de porte internacional, como IPCC, Unep (United Na- tions Environment Programme) e outras, discutirem amplamente os porqués dos investimentos na realizagio do edificio verde, como & popularmente co- nnhecido, a falta de esclarecimento sobre 0 que é 0 edificio de menor im- acto ambiental, em diferentes contextos ambientais e socioeconémicos, raz. © risco da criacao de falsos paradigmas. A verdade ¢ que décadas de euforia com as possibilidades da tecnologia dos, sistemas prediais (que no Brasil, em particular, teve inicio na década de 1960, coma influéncia da prética norte-americana sobre os escritérios brasileiros responsaveis pela producao da arquitetura comercial) resultou no esquecimento da nogio de ‘como se projetar com o clima, criando mitos e ideias falsas como a impossibilidade dda ventilacao natural em edificios de escrit6rio, principalmente, nos edificios altos. Indo mais além, a falta de um entendimento conceitual e técnico sobreo tema, com base em valores ¢ possibilidades contemporaneos, direciona os interessados em uma linha reta em diregdo aos sistemas de certificagio de edificios verdes, que so apenas uma parte da histéria e nem sempre a melhor ferramenta para medir 1 grau de desempenho ambiental de um edificio. A popularidade das certificagoes sem uma abordagem critica dos seus conteiidos acaba fazendo da sua real contri- buigdo para a avaliagdo do desempenho ambiental de um edificio uma questio secundaria & obtengio do selo. Assim, enquanto as vantagens econdmicas ¢ ambientais de investimentos no setor das edificagoes em prol de um menor impacto ambiental sio claramente demonstradas pelas projecses apresentadas no The Green Economy Report (Uiep, 20112), voltando a discussao para o significado e as possibilidades do edificio ambi- ental, a reformulagio de referéncias teéricas de conforto ambiental e desempenho energético abre um leque de oportunidades para novas exploragdes no campo do projeto, Simultaneamente, conquistas da pritica alcangadas nas iltimas duas décadas sio exemplos de verdadeira inovagdo tecnologica e arquitetOnica, na medida em que questées fundamentais sobre o desempenho ambiental de edificios vém pas- sando por um processo de profunda revisao critica. Entre elas, pode-se mencionar: © conceito de conforto ambiental, métodos e ferramentas para o processo de pro- jeto, a integracdo entre solugdes arquiteténicas e da engenharia de sistemas prediais, €, até mesmo, 0 conceito de valor econdmico dos edificios e de suas qualidades ambientais. No ambito do conforto ambiental, di-se uma énfase maior sobre aspectos de qualidade do que em condigdes restritas e fixas de varidveis climaticas, incluindo temperatura, umidade e velocidade do ar, assim como niveis de luminosidade. A revisio dos principios de conforto tem um efeito significativo sobre 0 controle das condigées ambientais internas, com a valorizagao das possibilidades de adaptacio do usuirio, Quanto aos processos de projeto, procedimentos analiticos e ferramentas de avaliagio tiveram seu papel de correcdo e aperfeigoamento do desempenho am- pliado, tornando-se recursos quase indispensaveis para a criagéo de solugdes ar- quitet6nicas e tecnolégicas inovadoras. Por um lado, equivoca-se quem espera das simulagSes computacionais o meio para o encontro das solugdes dtimas do ponto de vista do desempenho ambiental e energético da arquitetura. Sabe-se que é da compreensio dos fendmenos da fisica aplicada & arquitetura, em conjunto com todos os demais fatores determinantes do projeto, que vio surgir as melhores respostas projetuais. Por outro lado, com a complexidade crescente dos projetos arquiteténicos € 0 consequente interesse por solugées como fachadas duplas, novos materiais formas inusitadas, ¢ inegével a importancia dos proce- dimentos avangados de simulacio computacional para a formulagio de respostas sobre o desempenho ambiental do edificio, Do lado dos investimenios financeitos, entre as jusificativas que se somam as vantagens da economia de energia, estao os beneficios econdmicos atrelados produtividade e a imagem do edificio de melhor qualidade e desempenho ambien- tal e também o valor agregado de empreendimentos que primam por um melhor desempenho ambiental. Retomando a questio de metas ¢ objetivos, sem contradizer a indiscutivel necessidade de reducao do consumo de energia em edificios na dimensio global, a interpretagao arquitetOnica de fundamentos ambientais significa muito mais do Introdugio 19 que a redugdo de kWh/m? exclusivamente, ou mesmo o alcance de uma determi~ nada temperatura do ar, ou niveis preestabelecidos de iluminagao. Com colocado por Dean Hawkes (2008), em The environmental imagination, © processo de criagao do edificio ambiental, quando baseado em consideracoes arquiteténicas, tem como alcangar qualidade além do desempenho mensuravel desafiando o alto grau de dependéncia dos sistemas ativos corrente na abordagem generalizada da arquitetura, que passou para os sistemas tecnolégicos a responsa- bilidade de prover condigSes ambientais confortéveis. Em vez de se isolar'do clima externo, 0 edificio ambiental se beneficia da relacdo com o meio exterior por meio de espacos de transigao, nos mais diferen- tese dificeis contextos climsticos. Dessa forma, acesso a0 sol, aproveitamento da luz natural, comunicagio visual entre interior e exterior € ar fresco sio alguns dos parametros ambientais com 0 potencial de trans- cender os limites quantitativos do desempenho e dar qualidade e autenticidade & arquitetura, No entanto, referenciando novamente Dean Hawkes, desta vez em The environmental tradition (1996), & interessante observar que nenhuma dessas consideragées é completamente nova. Pelo contratio, evenness setocsenssiel -muitas dessas qualidades esto presentes em exemplos 4 Espaco de crculacio externa do edifiio doParlamento da arquitetura de todos os tempos, lugares e culturas ‘em Chandigarh, na India, projetado por Le Corbusier A fachada (Figs. L4 e L , Acesso em: 14 jun. 201. UNEP - UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAMME, Cites: investing in energy and resource efficiency. The Green Economy Report. 20116. Disponivel em: -cwwwunep.org/greeneconomy>. Acesso em: If jun. 201. WBCSD - WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT. Energy efficiency in buildings: business realities and opportunities. FACTS Summary Report. Oct. 2007, ZHOU,N. etal. Energy use in China: sectoral trends and future outlook, Lawrence Berkeley ational Laboratory, Envionmental Energy Technologies Division, 2007. Disponivel em: . ‘Acesso em: dez. 2010. Arquitetura da adaptagao 1.1 CONFORTO AMBIENTAL E AS POSSIBILIDADES DO MODELO ADAPTATIVO ‘As pessoas passam a maior parte de suas vidas em suas casas, locais de traba~ Tho € em outros edificios. Essa atitude, profundamente enraizada em nossa sociedade, influencia o estabelecimento de padrées de conforto ea eficié energética dos edificios. A relagao entre pessoas, clima e edificios, complexa ¢€ interdependente, gera um grande impacto sobre 0 consumo de energia nestes iltimos. A consideraco mais importante sobre qualidade ambiental de um edificio é 0 conforto térmico (Cena; Clark, 1981), que € definido pela ASHRAE (2009), American Society of Heating, Refrigerating and Air Condi- tioning Engineers, como o estado de espirito que expressa satisfagao com 0 ambiente térmico, © conforto térmico contribui para o bem-estar em razao de sua ligagdo com. © equilibrio termofisiologico do corpo humano. Especificamente, ele representa a interacdo de variaveis ambientais (temperatura do ar, temperatura radiante média, umidadee velocidade do ar) com variéveis pessoais do ocupante (taxa metabélica e vestuério). Além disso, fisiologia humana, aspectos climéticos e culturais também tém influéncia sobre o conforto térmico e, assim, condigdes confortaveis irdo variar de pessoa para pessoa, conforme suas experiéncias e preferéncias ambientais, e de acordo com a hora do dia. Avaliar 0 nivel de conforto térmico ¢ fundamental para o estabelecimento de padres de desempenho ambiental e energético de edificios. Essa avaliagio nio requer apenas compreender o que 0 corpo humano pode suportar, mas também até que ponto as pessoas esto dispostas a fazer mudangas comportamentais na forma de experienciar 0 conforto em seu ambiente, Isso afeta a maneira como 0 usuario interage com seu ambiente, por exemplo, a escolha de fechar persianas e limitar a penetragdo de raios solares em determinados momentos do dia, em vez, de ligar 0 ar-condicionado; colocar um agasalho quando a temperatura externa diminui, em ver de ligar uma fonte de aquecimento; ou ainda preferir se deslocar, na busca de melhores condigdes de conforto no ambiente. Em suma, edificios de ‘menor impacto ambiental exigem um envolvimento mais proativo entre ocupante, edificio e ambiente, 0 que reflete 0 niimero de técnicas com solugdes passivas e, se realmente necessérias, também ativas possfveis de serem empregadas. Leowanpo MaRques MonTeiRo (segho 1.1) Leowanoo Brrrencourr (segio 12) Simos Yanwas (e640 13) Nesse contexto, tem-se o conceito de conforto adaptativo, que se aplica tanto 2 edificios passivos, ou seja, sem sistemas ativos de condicionamento do ambiente térmico, como aqueles que possuem esse condicionamento. Conforme ser argu- ‘mentado, grandes economias de energia, além de uma melhor qualidade ambien- tal, podem ser alcancadas com as priticas de adaptagao. Contudo, é importante reconhecer que seré necesséria uma mudanga de consciéncia e de comportamento nas atitudes e priticas diras, tanto dos consumidores e ocupantes de edificacies quanto dos decisores politicos investidores, a fim de implementar uma mudanca real de paradigma que proporcione conforto ambiental, em niveis superiores aos encontrados hoje em ambientes condicionados, e maior eficiéncia energética. 1.1.1 A evolugao do conceito de conforto Quatro trabalhos de pesquisa sto as principais referencias na érea de conforto térmico. Os dois primeiros datam das primeiras décadas do século XX: 0 tra- balho de Houghten e Yaglou (1923), sobre a temperatura efetiva (TE), ea obra de Winslow, Herrington e Gagge (1937), propondo a temperatura operativa (TO), o que influenciou todas as demais pesquisas nesse campo. A pesquisa ‘macro restante remonta ao final dos anos 1960 e inicio de 1970, quando 0 trabalho de Fanger (1972), sobre o voto médio previsto (PMY, predicted mean vote), eo de Humphreys (1976), em um modelo adaptativo, levou a discussdes contemporineas sobre conforto térmico, especialmente no que diz respeito a0 ambiente de trabalho. A temperatura efetiva (TE) continua sendo um dos indices ambientais mais comumente usados, com a mais ampla gama de aplicagdes. Ela combina tempe- ratura e umidade em um tinico indice. Consequentemente, dois ambientes com a mesma TE devem proporcionar resposta térmica idéntica, mesmo que apresentem diferentes temperaturas do ar e valores de umidade, contanto que eles tenham velocidades do ar iguais. A temperatura operativa (TO), pelo contrério, no é usada com frequéncia como um indice em si, mas como parte da avaliagdo do desempenho térmico dos edificios, visando a consideragao das trocas radiantes € convectivas. Na sequéncia da proposta do indice de conforto de Houghten ¢ Yaglou (1923) easua medicéo TE inicial, Gage, Stolwijk e Nishi (1971) definiram uma TE* (nova temperatura efetiva) usando uma abordagem menos empirica, em que a TE* é a temperatura de um ambiente com 50% de umidade relativa, 0 que resulta na perda total de calor pela pele, tal como no ambiente real. Esta nova TE ¢ definida em termos da TO, de modo que combina os efeitos de trés parimetros (a tempe- ratura do ar, a temperatura radiante média ¢ a umidade relativa) em um Gnico indice. Porque TE* depende do vestuario e da atividade, nao é possivel gerar um grifico universal desse indice. Em vez disso, um conjunto padrio de condigoes representativas das aplicacbes tipicas de ambientes internos é usado para definir ‘uma temperatura efetiva padrio (TEP*). Ela é definida como a temperatura de um ambiente térmico equivalente a 50% de umidade relativa, em que uma pessoa que ‘este uma roupa padronizada para a atividade em questio tem o mesmo estresse térmico em termos de temperatura da pele, tensio de termorregulacdo da pele € sudagao como no ambiente real. ‘Ao mesmo tempo, na década de 1970, 0 conceito de conforto térmico foi redefinido por Fanger (1972), utilizando 0 de PMV. O indice PMV prevé a resposta média de um grande grupo de pessoas de acordo com a escala de sensagao térmica da norma ASHRAE norte-americana, a saber: -3, 2, 1, 0,1, 2, 3, que representam muito frio, frio, pouco frio, neutro, pouco quente, quente ¢ muito quente, respect vamente. A abordagem de Fanger é reivindicada para dar melhores previsdes em comparacio com o método de TE de 1923. 0 PMV relaciona o desequilibrio entre 6 fluxo de calor real do corpo em um determinado ambiente ¢ 0 fluxo de calor necessério para o conforto durante uma atividade especifica. Depois de calcular 0 PMV, a porcentagem pre~ vista de insatisfeitos (PPD, predicted percentage dissa- tisfied) também pode ser estimada. A PPD de 10% cor responde a faixa de 4 0,5 PMY, logo, mesmo com PMV, igual a0, cerca de 5% das pessoas estarao insatisfeitas & *) (Fig.11).0 modelo PMV-PPD éamplamente utilizado "yy € aceito para avaliacéo da concepgao ¢ dominio das condigdes de conforto em ambientes condicionados ar- tificialmente, como a maioria dos edificios de escritd- rios ao redor do mundo. Norma Europeia ISO 7730 (2005) inclui uma curta listagem de computador que ig. 11 Relacio entre PPO e PMV facilita o célculo de PMV e PPD para uma vasta gama Fonte:adaptado de ASHRAE (2013) de parametros. ‘A norma ASHRAE 55 usou 0 indice TE* como modelo até sua versio de 1992. Ja na versio de 2004, ¢ na atual de 2013, recomenda-se 0 modelo de PMV. para ambientes condicionados artificialmente, permitindo também a utilizagio do indice de temperatura neutra para edificios naturalmente ventilados (Fig. 1.2). Atualmente, a ASHRAE (2013) reconhece o valor da ventilagao natural em edifi- ios de escritérios como forma de criar ambientes térmicos aceitaveis. Esse foi um. momento importante para a evolugdo do projeto com preocupagdes ambientais, ‘uma mudanga paradigmatic, para a arquitetura comercial em particular. Tradicionalmente, as normas de conforto térmico existentes e 0 métodos para alcanga-lo referem-se principalmente 4s condiges de conforto térmico em. estado estacionério. Estudos sobre esse conceito foram realizados em laboratérios com base em avaliagdes da transferéncia de calor entre as pes- soas ¢ seu meio ambiente e das condigies fisio- logicas necessérias para o conforto térmico. En- tretanto, dada a interagio térmica entre o clima local e 0 envelope do edificio, os ocupantes e os sistemas de aquecimento refrigeragio, é muito raro encontrar condigdes de estado estacionério em edificios com controle ambiental artifical, ¢ 6 evidente que as temperaturas em edificios natu- ralmente ventilados so muito menos propensas “Temperatura operativn do ar interno (C) a condigoes constantes. Humphreys (1976), investigando 0 conforto térmico, concluiu que ha uma discrepancia signifi- cativa entre os modelos de estado estacionsrio de ar condicionado e aqueles em que nenhum condi- cionamento mecanico é aplicado. Essa diferenga _Méeia mensal da cemperatura doar eterno (°C) Fig. 1.2 Modelo adaptativo de conforto térmico para ambientes de edificios de escrtérios naturalmence ventlados, Fonte:adaptado de ASHRAE (2013) 1 Arquiterura da adapiagio| 99 NENTAL corre em razao da variaao temporal e espacial dos parametros fisicos do edificio, uma vez. que, em um edificio ventilado naturalmente, o ambiente é muito mais heterogéneo no espago e no tempo. Assim, o conhecimento do conforto térmico ‘em condigdes transientes & necessério, Além disso, a referente pesquisa sobre o tema também concluiu que existem diferencas significativas entre as sensagbes de conforto térmico em condigdes reais de ocupacio e em laboratério. Como mencionado por Nicol e Humphreys (1973), essa discrepncia poderia ter sido resultante da retroalimentacio entre a sensagao térmica dos usuérios e seus comportamentos, que, cohsequentemente, adaptaram- se &s condigdes climiticas em que o estudo foi realizado. Ocupantes que vivem permanentemente em edificios com ar condicionado desenvolvem grandes expectativas com relagao ao controle e a homogeneidade da temperatura, o que é fundamental quando as condicdes internas desviam-se da zona de conforto que eles estdo acostumados. Por outro lado, os ocupantes que vivem em edificios nao climatizados sdo geralmente mais capazes de controlar sew ambiente ¢ habituam-se a variabilidade climstica e a diversidade térmica. Assim, suas preferéncias térmicas estendem-se a uma ampla gama de temperaturas e velo- cidades do ar. ‘O conceito do voto médio previsto (PMV) (Fanger, 1972), adotado pela ASH- RAE (2009), traz.condigdes estreitase rigorosas para o conforto térmico nos edifi- ios, sendo amplamente utilizado para a concepgao de edificios com ar condicio- nado, cujas condigées térmicas tendem a ser constantes durante todo o periodo de ‘ocupacao, com pequenas variagdes ao longo das estagées. Por outro lado, edificios {que nio sio artificialmente aquecidos ou arrefecidos, isto é, naturalmente ventila- dos, tém flutuagées de temperatura internas relacionadas com a temperatura ex- tera. Nessas construgdes, verificou-se que a variagdo da temperatura confortavel para as pessoas é diferente das condigdes térmicas estreitas previstas por Fanger (1972), introduzindo-se 0 conceito de adaptagao térmica e modelo adaptativo para zona de conforto (Humphreys, 1978; Caro; Brager, 1998). 1.12 Vantagens da adaptacao climatica pressuposto fundamental da zona de conforto do modelo adaptativo ¢ que ‘08 ocupantes do edificio tém o potencial de se ajustar e encontrar as suas condigées de conforto por meio de mudangas individuais de roupas,ativida- des, posturas, localizagao, entre outros. Além disso, os ajustes de condigoes térmicas podem também ser obtidos por controles, tais como a abertura de janelas, os ajustes de diferentes tipos de persianas, de abertura de portas e, inclusive, meios alternativos de aquecimento localizado ou estratégias de ar- refecimento, Proporcionando aos ocupantes dos edificios a possibilidade de interferir no clima interno de acordo com sua preferéncia pessoal, maiores niveis de satisfacdo podem ser alcancados, ao lado de economias de energia significativas. Normalmente, os ocupantes que vivem e/ou trabalham em edificios com ar condicionado desenvolvem altas expectativas sobre as condigdes térmicas internas, 4que se tornam criticas quando saem de sua estreita zona de conforto tipico. Em ‘oposigdo a isso, os ocupantes de edificios com ar condicionado nao sio mais ca- pazes de controlar seus ambientes ¢ de se acostumar com as variagdes climéticas. Além da relago com os ajustes fisioldgicos e comportamentais, a nocéo do modelo adaptativo, ou oportunidades de adaptagao, est ligada a uma grande mudanga cultural na forma como os ambientes internos sio usados e controlados, nos quais variagdes climaticas sao nao somente esperadas como desejaveis. ‘Aoalterar as expectativas convencionais com relagao as condigdes ambientais Internas, uma grande quantidade de energia consumida na operagio de edificios em diferentes zonas climéticas do mundo pode ser economizada, sem comptome- tera qualidade ambiental dos edificios e, na verdade, melhorando-a em intimeros casos. A exemplo disso, estudos analiticos de desempenho térmico realizados em ambientes de trabalho, no clima da cidade do Rio de Janeiro, mostraram ama redugio de 22% na demanda energética de resfriamento anual do ambiente, alte- rando 0 parametros de conforto de 24 °C ¢ 50% de umidade relativa para 26 °C € 65% de umidade relativa (Marcondes et al., 2010), Para conseguir implementar esse tipo de modificacao, a alteracdo de comportamento e padrées de conforto precisa ser acompanhada por uma mudanga na concepcio convencional de edifi ios (principalmente em arquitetura comercial dedicada & producio de edificios de escritérios),a fim de responder melhor ao clima local (se a solugao para 0 edificio € adotar ar condicionado, ventilagao natural ou ambos, ou seja, modo misto). De forma positiva, 0 modelo adaptativo ea ligeira maior zona de conforto po- dem atender tanto ambientes com at-condicionado como aqueles livres da exigén- cia de seu funcionamento, aumentando as possibilidades de maior qualidade am- biental, ventilagao natural e, consequentemente, gerando economia de energia 20 longo do ano, uma ver que sao permitidas variagdes de temperatura mais amplas. © principal objetivo dos edificios condicionados, artificialmente ou por ‘meios naturais, é proporcionar um ambiente confortavel para a pessoas viverem ¢ trabalharem. Para isso, uma grande quantidade de pesquisas vem sendo desenvol- vvida desde o inicio do século XX, a fim de encontrar maneiras de medir 0 conforto ambiental. Desde a década de 1970, a ameaca da escassez de fontes de energia con vencionais eo aumento da escala do impacto ambiental em virtude da utilizagao de combustiveis a base de carbono, concomitante ao aumento da demanda energética decorrente do desenvolvimento econdmico e urbano nas regides mais populosas do mundo, tornaram-se fatores fundamentais para estimular uma revisio critica dos modelos urbanos ¢ culturais atuais (Unep, 2011). Promover a utilizagdo de ‘menos energia possivel, ou até mesmo deixar de consumir energia, tornou-se uma consideracao importante no projeto de edificios em todo o mundo. Solugdes de projeto cujos efeitos das diferentes varidveis ambientais sobre © conforto humano sto manipulados individualmente sao capazes de otimizar edificio ao méximo de conforto, usando pouca energia para funcionar, Essas so- lugdes podem ser obtidas por meio de sistemas de aquecimento, ventilagao e ar condicionado bem projetados, Embora muitos aspectos de aceitabilidade, conforto e produtividade possam ser aplicados para medir a qualidade dos ambientes inte riores, 0 conforto térmico é, sem duivida, uma dimensio essencial, dado o impacto dessa érea especifica do projeto ambiental no consumo de energia. 1.1.3 O modelo adaptativo No inicio do século XXI, 0 conceito de conforto térmico em edificios alcan- ou outro marco, De acordo com Nicol ¢ Humphreys (2002), os dados de pesquisas de campo recentes mostram que os métodos de estado estacionério, como 0 PMV, nao preveer com exatidao os reais votos expressos na escala de 1 Arquitetura da adaptagio | 31 Epiricio AMBIENTAL ASHRAE, superestimando o desconforto por uma margem inaceitével, espe- cialmente em condigdes variéveis. Apesar do modelo de conforto sofisticado e detalhado desenvolvido por Fanger (1972), e apds décadas de sua aplica¢ao, os especialistase inclusive instituigdes comoa ASHRAE reconheceram quea percepcio de conforto térmico nao ¢ determinada apenas por uma resposta fisiolégica do corpo humano. Ela também é influenciada pelo fundo cultural as condigées psicoldgicas associadas com as oportunidades de adaptagao as, condigbes ambientais locais. O modelo adaptativo de conforto proposto pela ASHRAE RP-884 (Dear; Bra- ‘ger; Cooper, 1997), compilado por Dear e Brager (2002), mostra que os ocupantes de edificios naturalmente ventilados preferem uma ampla gama de condigdes que refletem mais de perto 0 clima ao ar livre, enquanto PMY proporciona previsdes, que se encaixam bem dentro das preferéncias dos ocupantes de edificios com ar condicionado. Como mencionado acima, ASHRAESS (2013) recomenda o modelo de PMY para edificios com ventilagao mecinica e sistemas artificiais de aqueci- mento e arrefecimento de ar, indicando 0 modelo adaptativo apenas para edificios naturalmente ventilados (Fig. 1.3). ‘Na mesma época em que Dear, Brager e Cooper (1997) propdem 0 referido modelo de conforto adaptativo, com base em dados coletados em um amplo estudo de campo, Humphreys e Nicol (1998) propdem outro novo modelo de conforto adaptativo (Fig. 14), Enquanto a zona de conforto criada para o clima de Santi- ‘ago do Chile, estabelecida com base no modelo de Dear, Brager e Cooper (1997), indica a necessidade de aquecimento, principalmente no inverno, para o alcance do conforto térmico, no caso de Recife (com valores mais altos de temperatura média mensal), observa-se que a curva representativa das temperaturas externas fica dentro da zona de conforto criada de acordo com 0 modelo de Humphreys e Nicol (1998). Dessa forma, mostra-se a adequagdo de cada um dos dois modelos para cada um dos climas 0 pressuposto fundamental dessa abordagem é expresso pelo seguinte prin- cipio, que codifica o comportamento dos ocupantes do edificio e que tem duas formas basicas: (a) ajuste para a temperatura ideal de conforto por mudangas nas roupas, atvidade, postura etc., para que os ocupantes se sintam confortiveis em condigdes prevalecentess (b) ajuste das condigdes internas pelo uso de controles, tais como janelas, persianas, ventiladores e em determinadas condigdes de aqueci- mento ou de reftigeragao mecanica (Figs. 15 e 1.6). Os ocupantes também podem migrar ao redor do ambiente para encontrar melhores condigées microclimaticas, conceito esse aplicado em muitos casos da arquitetura contemporanea, alinhada com os prineipios fundamentais do desempe- nnho ambiental, como no caso do edificio escolar Mossborne Community Academy, em Londres (Fig. 7). Tais comportamentos adaptativos provam que a temperatura de conforto esté relacionada com a temperatura média do ar externo, Humphreys (1976) sugeriu que esse efeito pode ser visto como o resultado de retroalimentagdo entre a sensagio térmica dos ocupantes e seu comportamento, como parte do processo pelo qual a termostase, a manutengao da temperatura do corpo, é preservada, Eles demonstraram que, para um grupo de pessoas, o conforto écondicionado pela temperatura prévia média do ar externo a qual esse grupo esté exposto, Comparando os modelos de Dear, Brager e Cooper (197) com o de Humph: reys e Nicol (1998), 0 primeiro € mais adequado a situages ambientais em clima frio e temperado, como visto no exemplo de Santiago, enquanto o segundo é mais apropriado em situagoes ambientais em climas quente-seco e quente-timido, como ec) sme enh en == — sone —_—_ SF — emnrcaprmanenn Bey ne S temic para ira » a ee temperado da cidade de i ‘Santiago do Chile, estabelecida yp combase no modo de , ae confor de De ragere Tt RAR bb A BO Be Cooper (1957 co 3. erp net sec! cS tot deca er oo —— 0 ener fer) yg {_— 0m eacecatoo) ig. 14 Zona de contort i eesti térmico para o cima quente e \imido da cidade de Recife, 3 estabelecida com base no § modelo de conforto de Tan Fev Mac Ab” Mal Jan,” Age” Set” Ove” Non” Dee Humphreys Nico (1998) 1.5. Ambientes de crabalho do escrito de arquitetura Richard Stirk Harbour and Partners, em Londres lementos externos de sombreamento ea abertura deanelas sio acionados na busca de condigbes de conforto térmico Fotos Jodo Cotta 1 Arquitetura da adaptagio 2 Fig. 1.6 Ambientes de trabalho em edificios na cidade de Mumbai, na India, de cima quente-mido,em que o conforto térmico dos usurios & boeneficiado pelo incremento do ‘movimento doa, alcangada ‘com 0 emprego de ventiladores Foto: Swastika Mukherjee. 4 Eoiricio Amaienrat no caso de Recife, Esse fato se deve as situagdes climaticas nas quais as respectivas bases empiricas foram estabelecidas. Convém, no entanto, reconhecer que, quando 0s padroes de conforto térmico com base na teoria adaptativa sao usados em edificios com ar condicionado, tam- bbém pode ocorrer economia de energia. No entanto, vale destacar que, em edificios sem 0 condicionamento de ar, nos quais 0 ambiente interno tem maior contato com o ambiente externo, 0 feito das estratégias de adaptacio é maior. Em paralelo, quando os padrdes de conforto do modelo adaptativo séo utili- zados, 0 uso de ventilagao natural em edificios torna-se muito mais ficil, porque as bandas estreitas de temperatura para o suposto conforto térmico ¢ os sistemas antificiais de ar condicionado nao sio necessérios, desde que os ocupantes tenham possibilidade de controle de dispositivos para se adaptarem &s condigdes micro- climaticas ambientais. Assim, 0 consumo de energia para aquecimento e arrefe~ cimento é reduzido. Ao mesmo tempo, é evidente que as temperatures internas em edificios naturalmente ventilados, mudando constantemente a fim de que um padrao de temperatura interna variével auxiliena economia de energia, incentivard a utilizagdo da ventilagao natural nos edificios. Enquanto o conceito de conforto térmico foi anunciado por décadas como sendo um “produto” a ser comprado, com base na teoria de Fanger (1972), 0 mesmo conceito promovido pelos modelos adaptativos é um objetivo a ser alcancado, @ um custo financeiro e ambiental mais baixo e resultados finais com maiorés graus de satisfacao dos usuarios. 1.14 Da adaptagéo humana a adaptacao urbana Deve-se considerar que o conforto térmico & um tema, por natureza, mul- tidisciplinar. Trata-se de aspectos de projeto, engenharia, biometeorologia, fisiologia humana e psicologia. Como o corpo humano tem sua prépria tem- peratura e regula as respostas a0 meio ambiente (por exemplo, sudorese e -vasodilataao em ambientes quentes, constrigdo e tiritar em ambientes frios), a resposta de um ocupante é fortemente dependente de sua condigio fisica, de sua aclimatagio e de sua capacidade de adaptagao. Por exemplo, um corpo jovem, saudével eaclimatado recupera-se mais rapidamente e, portanto, pode responder a mudangas no estresse térmico mais facilmente do que um corpo mais idoso, nao saudavel ou nao aclimatado. No entanto, o objetivo habitual em edificagdes ¢ prever as necessidades de conforto da média da populagao que vai ocupar os ambientes, em outras palavras, a pessoa média, que, na realidade, nao existe. Em geral, os projetistas supdem que o conhecimento da resposta média da populagio € suficiente. Contudo, variéveis fisiolégicas e psicolégicas nao podem ser omitidas das equagoes e, em consequéncia, as pesquisas refe- rentes a modelos adaptativos revelaram a importancia de se consi- derar 0s processos de adaptacao relativamente & avaliag3o do con- forto térmico, o que leva a ventilagio natural, ou a favorece, na maioria dos casos. Se forem consideradas outras questdes além das previstas nas normas, embora os resultados possam ser di ferentes dos normativos, deve-se corrigir as previsdes de acordo com 0s novos modelos e seus resultados. Por exemplo, os habitan- tes de climas quentes se adaptam naturalmente a temperaturas ‘mais elevadas, em torno de 30 °C, considerando-se que a tem- peratura média em aproximadamente metade do ano ser mais baixa, uma vez que o ambiente foi protegido do Sol e ventilado adequadamente. ( futuro da ventilagao natural e do modo misto (estratégia, que alterna a ventilacao natural e 0 condicionamento de ar), que . Acesso em: 9 maio 2014 MOGALL P. Optimising building form and wind towers in Dubai, 2012. Dissertation (M.Areh) ~ SED, AA School, London, 2012 SWETT, T, Passive strategies for office buildings in Santiago de Chile, 2013. Dissertation (M.Arch.) ~ SED, AA School, London, 2013. TEDKAJORN, A. Selfsuficient social housing in Bangkok, 2013. 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