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ACR 11472/CE
(V-85)
DISPOSITIVO
É como voto.
PODER JUDICIáRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO
EMENTA
ACR 11472/CE
(acórdão)_2
ACR 11472/CE
(acórdão)_3
(c) cruzando os dados obtidos pela quebra dos sigilos bancários e fiscais,
constatou-se que a situação econômica, patrimonial e a movimentação financeira
dos sócios, aqui acusados, são incompatíveis com os rendimentos declarados ao
Fisco (informação técnica no 147/2007-SR/DPF/CE); e (d) foi apreendida a
quantia de R$ 5.081.248,48 (cinco milhões oitenta e um mil, duzentos e quarenta
e oito reais e quarenta e oito centavos) na sede da organização no centro de
Fortaleza.
- O ânimo definitivo restou demonstrado pela estreita ligação entre os membros
do grupo, reunidos com o objetivo de explorar a atividade ilegal de jogo do bicho.
A estabilidade e permanência da associação criminosa também foram provadas
diante da dinâmica dos acontecimentos, caracterizados por uma predisposição
comum de meios para a prática de uma série indeterminada de crimes, com
condutas que convergiam para os mesmos fins.
- O col. STJ tem reconhecido, na exploração de jogos de azar, a presença de
quadrilhas organizadas, ou de organizações criminosas, sendo tal infração
abarcada pela Lei n° 9.034/95. Portanto, a abertura de casas de bingo, a
colocação de máquinas caça-níqueis em estabelecimentos comerciais e o jogo do
bicho, todos são enquadrados, inclusive, no rol dos crimes organizados.
- A Lei n° 9.034/95, que dispôs sobre a utilização de meios operacionais para a
prevenção e a repressão das ações praticadas por organizações criminosas,
deixou de conceituar a própria organização criminosa, podendo-se utilizar por
analogia a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado, em
decorrência da adesão da Convenção de Palermo.
- Por seu turno, o Conselho Nacional de Justiça, na Recomendação n°. 3, de
30.05.2006, admitindo expressamente o conceito de crime organizado
estabelecido na convenção.
- No caso perfilado, pela análise da sentença, existe uma relação intrínseca
estabelecida entre os crimes de quadrilha e a lavagem de capitais: a lavagem de
dinheiro se apresenta como um dos objetivos da quadrilha (ou organização
criminosa), sendo que esta mesma organização consubstancia antecedente lógico
à lavagem de dinheiro.
- Segundo restou apurado nos autos, o grupo cuidava de ocultar a origem dos
valores obtidos com a jogatina, por meio da aquisição de imóveis, veículos, jóias
e aplicações financeiras.
- Verifica-se que, no tocante às penas, a r. sentença apresenta, em sua
fundamentação, incerteza denotativa ou vagueza, carecendo, na fixação da
resposta penal, de fundamentação objetiva imprescindível. No caso, é de se
ressaltar que, muito embora haja circunstâncias judiciais desfavoráveis
(culpabilidade e circunstâncias do crime), não são elas suficientes para majorar a
pena-base em seu máximo legal. Vale dizer, não existem argumentos suficientes a
justificar, no caso, a fixação da pena-base em 3 (três) anos para o crime de
quadrilha e 10 (dez) anos de reclusão para o crime de lavagem de capitais, sendo,
portanto, manifestamente desproporcional à fundamentação apresentada.
- A sentença decretou, com base nos arts. 7º da Lei 9.613, de 1998, e 91 do
Código Penal, o perdimento, em favor da União Federal, de todos os bens,
direitos e valores pertencentes a todos aos acusados que foram “ arrecadados,
apreendidos, sequestrados, ou colocados em indisponibilidade no presente
processo que não tiveram tais medidas revogadas” . Não se preocupou, no entanto,
em discriminar quais os bens que são produtos do crime ou que foram adquiridos
com recursos dele provenientes.
PODER JUDICIáRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO
ACR 11472/CE
(acórdão)_4
ACÓRDÃO
Vistos, etc.